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AO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA

DE LUZIÂNIA-GO.

GUILHERME QUEIROZ RORIZ SOLANO, brasileiro,


solteiro, advogado regularmente inscrito na OAB-DF nº 57.635, portador
da C.I./RG nº 3833019 expedida pela SSP/GO, e do CPF nº 037.961.721-
80, residente e domiciliado na Rua Osmar Leite Tormin, Quadra 36, Lote
03, Bairro Jofre Mozart Parada, CEP: 72811-390, Luziânia-GO, atuando
em causa própria, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, com
supedâneo na lei 9099/95, nos artigos 186 e 927 do Código Civil, art. 6º
14, 28 e 84 todos do CDC, propor a presente:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS E MATERIAIS

Em face de ANA PAULA FERREIRA DE CARVALHO-ME (GP MOTOS


LUZIÂNIA), pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n.º
23.715.681/0001-70, com sede na rua Dr. João Teixeira, Nº 322, Quadra
71-A, Lote 14 Luziânia-GO, CEP 72800-440, representada por sua sócia-
proprietária ANA PAULA FERREIRA DE CARVALHO, brasileira,
empresária, de qualificação desconhecida, residente e domiciliada na Rua
07, Quadra 05, Lote 11, Parque da Saudade, Luziânia-GO e sob gerência
de VALDINEI DA SILVA GONÇALVES, brasileiro, vendedor, portador da
CI/RG n.º 3767193 expedida pela DGPC/GO e do CPF nº 592.290.201-68,
podendo ser encontrado pela manhã no endereço rua Dr. João Teixeira,
Nº 322, Quadra 71-A, Lote 14 Luziânia-GO, CEP 72800-440; GRAN
PREMIUM CONSORCIOS EIRELI, pessoa jurídica de direito privado,
inscrita no CNPJ n.º 27.785.348/0001-98, com sede na rua Dr. João
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Teixeira, Nº 322, Quadra 71-A, Lote 14 Luziânia-GO, CEP 72800-440,
representada por sua sócia-proprietária ALANDA CARVALHO DA SILVA,
brasileira, empresária, de qualificação desconhecida; YAMAHA MOTOR
DO BRASIL LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n.º
62.934.252/0001-45, com sede na Rodovia Presidente Dutra, S/N, KM
214, Bairro Jardim Cumbica, Guarulhos-SP, CEP: 07.178-580 pelas razões
de fato e de direito a seguir aduzidas.

1- DA LEGITIMIDADE AD CAUSAM PASSIVA

De início, é necessário pontuar a legitimidade passiva dos


réus para figurarem no polo da presente demanda, conforme autorizado
pelo Código de Defesa do Consumidor e os princípios que circundam a
presente relação de consumo.

Conforme comprovante de transferência bancária anexo,


o pagamento do veículo objeto dos autos foi depositado na conta da
pessoa jurídica GRAM PREMIUM CONSÓRCIOS EIRELI, ao passo que
fora elaborado um recibo pelo vendedor da loja Yamaha em nome da
pessoa jurídica ANA PAULA FERREIRA-ME (GP MOTOS).

No sistema do Código de Defesa do Consumidor,


prevalece a solidariedade passiva de todos os que participam da cadeia
econômica de produção, circulação e distribuição dos produtos ou de
prestação de serviços. São todos fornecedores solidários.

Outrossim, segundo Antônio Herman V. Benjamin, Cláudia


Lima Marques e Leonardo Roscoe Bessa (2012, p. 111):

o art. 3.º do CDC bem especifica que o


sistema de proteção do consumidor considera
como fornecedores todos os que participam
da cadeia de fornecimento de produtos e
da cadeia de fornecimento de serviços (o
organizador da cadeia e os demais partícipes
do fornecimento direto e indireto,
mencionados genericamente como “toda
pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
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nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade
de (...) prestação de serviços”), não
importando sua relação direta ou
indireta, contratual ou extracontratual
com o consumidor.

(negritei)

Com relação à 3ª requerida, sua legitimidade passiva é


plenamente constatada pelo fato desta ser uma beneficiária direta dos
serviços da 1ª e 2ª requeridas, além do fato de haver uma grande
fachada no estabelecimento com os dizeres: YAMAHA. Financiamento,
Consórcio, Peças e Serviços. Conforme fotos em anexo.

De fato, o consumidor avalia a autoridade e segurança


que a marca pode lhe oferecer antes de escolher comprar no
estabelecimento credenciado de uma loja autorizada da YAMAHA e, sendo
uma gigante produtora de motocicletas, prevaleceu para o consumidor a
aparente legitimidade e sentimento de segurança que a compra naquele
estabelecimento comercial pôde oferecer, visto que, havendo vínculo
direto ou não com a Yamaha Motor do Brasil LTDA, o consumidor
acredita estar comprando dela.

Sabe-se que a teoria da aparência tem como pressuposto


uma situação de fato que, embora inverídica ou irreal, se apresenta como
verídica ou real. E nesse passo, em se tratando de relação de consumo, a
responsabilidade dos fornecedores é objetiva e solidária, conforme
jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás:

AÇÃO DECLARATÓRIA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS E MATERIAIS. COMPRA DE JET SKI EM
ESTABELECIMENTO COMERCIAL LOCAL. CONTRATO DE
COMPRA E VENDA FIRMADO COM O CONSUMIDOR.
NOTA FISCAL EMITIDA POR EMPRESA DISTINTA
(IMPORTADORA), DE OUTRO ESTADO.
DESCONHECIMENTO DO CONSUMIDOR, NO ATO DA
CONTRATAÇÃO, ACERCA DA NEGOCIAÇÃO ENTRE AS

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DUAS EMPRESAS. POSTERIOR AUTUAÇÃO TRIBUTÁRIA
DA IMPORTADORA E DO CONSUMIDOR (ESTE,
SUBSTITUTO TRIBUTÁRIO COOBRIGADO), PELO
ESTADO DE GOIÁS (PROTOCOLO ICMS 21/2011).
SENTENÇA QUE RECONHECE A ILEGITIMIDADE DAS
RÉS. CASSAÇÃO (A AÇÃO NÃO TEM POR OBJETO
DISCUTIR A CORREÇÃO DO AUTO DE INFRAÇÃO
LAVRADO PELO FISCO). DANOS MATERIAIS
COMPROVADOS. NECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE
DEFESA TÉCNICA NO PROCESSO ADMINISTRATIVO
TRIBUTÁRIO. DANOS MORAIS CARACTERIZADOS.
FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA DOS
FORNECEDORES. RECURSO PROVIDO. 1. À constatação
de que a ação não tem por objeto discutir a correção do
auto de infração lavrado em desproveito do
autor/apelante (situação em que, aí sim, deveria ele
acionar o Fisco Estadual), mas a reparação dos danos
decorrentes de relação contratual consumerista
estabelecida com os réus/apelados, é de ser cassada a
sentença que proclama a ilegitimidade passiva destes. 2.
No caso, o autor/apelante firmou contrato de
compra e venda em estabelecimento local,
diretamente com seu proprietário, para aquisição
de bem móvel (jet ski novo), e daquele contrato não
consta que o fornecedor atuaria como mero
intermediador entre o consumidor e a empresa
importadora, sediada em Pernambuco (o requerente só
tomou conhecimento desse fato quando do recebimento
da respectiva nota fiscal, emitida pela importadora).
Evidente, pois, a responsabilidade de todos os
requeridos/apelados ("cadeia de fornecedores") pela
reparação dos danos decorrentes da falha na prestação
do serviço. 3. Vindo o consumidor apelante,
posteriormente à compra do bem, a ser autuado pelo
Fisco Estadual na condição de substituto tributário
coobrigado da empresa importadora/1ª apelada (cuja
participação no negócio jurídico, até então, o recorrente
desconhecia), faz ele jus ao ressarcimento dos danos

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materiais (contratação de advogado para elaboração de
defesa técnica no processo administrativo) e à
reparação dos danos morais suportados (desrespeito à
boa-fé objetiva, quando da celebração da avença, e sua
autuação tributária). 4. Em se tratando de relação de
consumo, a responsabilidade dos fornecedores é
objetiva e solidária. Recurso provido.

(TJ-GO - Apelação (CPC):


01213334620148090051, Relator: ZACARIAS NEVES
COELHO, Data de Julgamento: 09/08/2019, 2ª Câmara
Cível, Data de Publicação: DJ de 09/08/2019)

Também nesse mesmo sentido, é o entendimento do


Ilustre Desembargador relator Paulo Roberto Lessa Franz, do Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Sul, AC: 70048301527, prolatado em
07/05/2012, a qual afastou a preliminar de ilegitimidade passiva suscitada
pela requerida:

APELAÇÕES CÍVEIS. RESPONSABILIDADE CIVIL.


REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS. PROTESTO DE
TÍTULOS QUITADOS.
PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM .
GRUPO ECONÔMICO. TEORIA DA APARÊNCIA. É de ser
afastada a tese de ilegitimidade da requerida para
figurar no pólo passivo da ação, pois plenamente
aplicável, no caso, a teoria da aparência. Hipótese em
que a empresa requerida pertence ao mesmo grupo
econômico daquela com a qual a autora celebrou
contrato, o que obsta o reconhecimento da ilegitimidade
passiva ad causam . Preliminar afastada.

(negritei)

Como exposto, é de suma importância para o alcance do


direito do autor que as referidas rés sejam declaradas legítimas para
figurar no polo passivo, por medida de inteira justiça, devendo cada uma
responder solidariamente, de modo que o consumidor não saia
amargando tamanho prejuízo como exposto na exordial.
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2. DOS FATOS

A parte autora compareu até a uma loja YAMAHA,


especializada em financiamento e consórcios, para pesquisar condições
para adquirir sua primeira moto e utilizá-la à trabalho.

Assim, após conversa com o vendedor Valdinei, foi oferecida


à parte autora a possibilidade de adquirir uma motocicleta usada de
propriedade da loja por um bom preço à vista, eis que a loja havia
negociado essa moto como forma de pagamento em outro negócio e
estava com essa moto disponível à venda.

Desta forma, a parte autora adquiriu da 1ª requerida em 19


de junho de 2019, por via do atendimento do vendedor Valdinei da
Silva (de apelido “Edinei"), uma moto HONDA/CB300R de placa JJL-
7449, ano 2011/2012 de cor Amarela, nº de Renavam 478553226, pelo
preço de R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais) pagos à vista,
conforme faz prova o recibo preenchido pela parte notificada.

O pagamento foi realizado da seguinte maneira:


transferência bancária no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para a
conta corrente da 2ª requerida, conforme comprovante em anexo, e R$
1.500,00 (mil e quinhentos reais) pagos em mãos para o
vendedor/gerente Valdinei da Silva, ocasião em que este providenciou o
recibo no valor de R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais) em nome
da 1ª requerida, conforme segue em anexo.

Feliz com sua nova aquisição, o autor prontamente


providenciou a inclusão da categoria A em sua Carteira Nacional de
Habilitação para que assim possa utilizar seu veículo dentro da lei, sem
receios de qualquer fiscalização nos percusos que necessitar percorrer.

Restou combinado que o veículo seria entregue sem


qualquer pendência de débitos relativos à multa ou impostos, de modo
que os gastos da parte autora seriam tão somente os gastos devidos a
qualquer comprador, como transferência, vistoria, emissão do DUT e
emplacamento.

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Após concretizado o negócio e efetuado o pagamento, a
parte autora começou a se deparar com as primeiras discrepâncias na
compra.

Foi dito que a motocicleta contava com 68.000 (sessenta


e oito mil) quilômetros rodados e era de propriedade da loja, mas
posteriormente foi entregue o CRV com firma reconhecida do antigo
proprietário vendendo diretamente à parte autora e no visor da
motocicleta constavam 105.000 (cento e cinco mil) quilômetros
rodados.

Conforme conversa anexa, gravada da tela do celular da


parte autora, a primeira requerida disse que se enganou quando foi
constatar a quilometragem da moto, mas que o negócio continuaria nos
mesmos termos ajustados.

Ante a impossibilidade de juntar arquivos de vídeo no


sistema Projudi, a parte autora pede vênia a Vossa Excelência para
colacionar um link de acesso ao pequeno vídeo que demonstra a conversa
do autor com o vendedor Valdinei, com suas alegações escritas e faladas:

https://drive.google.com/drive/folders/1reFxfmaUUiZW5xDfKG_BXpij7gBHPBj5?usp=sharing

Em virtude de um erro tão grave, a parte autora quis


desfazer o negócio, pois a motocicleta foi vendida com uma diferênça de
quase o dobro em sua quilometragem. Porém, a parte autora resolveu
manter o negócio porque foi oferecido um pequeno abatimento para
compensar o erro, qual seja, a primeira requerida arcaria com os custos
para a transferência para o nome da parte autora.

No dia 13 de agosto de 2019 a parte autora foi levada a


cartório, juntamente como a 1ª requerida e o antigo dono do veículo para
que pudesse assinar e reconhecer sua firma no CRV, data em que se
concretizou a aquisição do veículo e termo inicial de contagem dos 30 dias
previstos no art. 233 do CTB para efetuar a transferência para seu nome.

A parte autora pagou uma taxa de R$ 108,00 (cento e


oito reais) referente ao agendamento da vistoria efetuou a vistoria do

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veículo no dia 23/08/2019, sendo que o laudo teve validade até
22/09/2019, conforme comprovantes em anexo.

Ocorre que, no dia útil seguinte à realização da vistoria, a


parte autora se dirigiu até o Detran-GO e foi informada de que haveria os
seguintes débitos a serem sanados para liberar a transferência do veículo
para seu nome:

IPVA/2019: R$ 197,07 (cento e noventa e sete


reais e sete centavos)
Taxa de Licenciamento/2019: R$ 84,25
(oitenta e quatro reais e vinte e cinco centavos)
Seguro Obrigatório/2019: R$ 84,58 (oitenta
e quatro reais e cinquenta e oito centavos)
Infração de trânsito com data de
04/08/2016: R$ 957, 69 (novecentos e
cinquenta e sete reais e sessenta e nove
centavos)

Total: R$ 1.323,59 (mil trezentos e vinte e


tres reais e cinquenta e nove centavos)

Outrossim, foi informado à parte autora que a referida


multa somente poderia ser emitida caso o Sr. GISCARLO DA COSTA SILVA
(antigo proprietário da moto) comparecesse até o órgão autuador e
retirasse o boleto de pagamento, vide consulta no
http://getran.detran.df.gov.br/

Então, a parte autora adquiriu sua moto de uma loja que


não havia providenciado a transferência do veículo do antigo proprietário
para a pessoa jurídica da ré, de modo que esta quis fazer uma espécie de
intermediação, sempre jogando a responsabilidade dos débitos para um
terceiro que não possui vínculo algum com a parte autora, pois a
motocicleta foi adquirida da 1ª requerida.

Desta forma, além dos débitos que deveriam ser pagos pela
1ª requerida para entregar a motocicleta apta a realizar a transferência, a
parte autora amargou a perda do valor da vistoria em R$ 108,00 (cento
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e oito reais) que teve validade de 30 dias com termo final em
22/09/2019, foi enganada no tocante a quilometragem do veículo, e terá
que pagar uma multa e suportar pontos em sua carteira, que até o
momento não foi faturada por se tratar de uma “multa de balcão”, de
natureza grave, no valor de R$ 195,23 (cento e noventa e cinco reais
e vinte e três centavos) que será cobrada na ocasião em que o autor
procurar o órgão de transito para realizar a transferência da motocicleta
para seu nome.

Diante disso, a parte autora providenciou uma notificação


extrajudicial à 1ª requerida, mas nunca obteve qualquer contato para
resolver o impasse. Aliás, nas visitas à loja o autor foi informado que o
vendedor Valdinei “perdeu” seu celular, de modo que nunca mais atendeu
as ligações ou recebeu as mensagens no aplicativo whatsapp desde
agosto/2019, conforme é possivel constatar no vídeo acima indicado
gravado da tela do celular do autor.

Diante disso, sem qualquer possibilidade de resolver este


impasse consensualmente, não resta outra alternativa ao autor se não
recorrer ao Poder Judiciário.

3 - DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA 1ª E


2ª REQUERIDAS

Durante os meses em que o requerente estava tentando


contato para resolver o presente conflito, restaram infrutíferas todas as
tentativas de convencer os réus a saldar os débitos da motocicleta
comprada junto à 1ª e 2ª requeridas.

Após se dar conta de que infelizmente nunca iria receber os


valores pela via consensual, pesquisou os processos existentes em nome
da 1ª requerida e, assim, teve a plena certeza que nunca conseguiria
receber qualquer quantia, mesmo pela via judicial, caso esta pessoa
jurídica não seja desconsiderada, pois há condenações judiciais em que a
1ª requerida não honra com o pagamento.

Não obstante, é possível constatar que no Juízo deste


próprio Juizado Especial há o processo de nº 5015551.38.2016.8.09.0101
em que a 1ª requerida foi condenada em 15/02/2017 a pagar R$
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5.720,54 (cinco mil setecentos e vinte reais e cinquenta e quatro
centavos) e até o presente dia não honrou com sua obrigação e nada
foi possível penhorar, se esquivando de todas as formas possíveis de
honrar com suas obrigações, restando claro o caráter fraudulento desta
pessoa jurídica.

Inclusive, em sua defesa na audiência do processo supra, o


requerido Valdinei da Silva informa que adquiriu a pessoa jurídica e
procedeu com a alteração do contrato social, conforme ata de audiência a
seguir colacionada:

Ora, o sr. Valdinei alega que adquiriu a 1ª requerida para si,


mas não consta como sócio no quadro societário, e mesmo assim continua
figurando como sócio fictício promovendo a gerência da 1ª requerida e
tocando normalmente seus negócios como se dono fosse.

Também consta em fase de cumprimento de sentença neste


Juizado Especial o processo nº 5129346.51.2018.8.09.0101 em nome da
1ª requerida, onde o Sr.º Valdinei também figura como “protagonista” da
celeuma processual, fato que corrobora com a aquisição acima
mencionada e que demonstra sua ausência no quadro societário da 1ª
requerida, onde somente está presente Ana Paula Ferreira.

No que diz respeito à 2ª requerida, percebe-se que a conta


bancária para recebimento da quantia ajustada entre as partes foi a conta
bancária desta empresa de consórcio, notadamente caracterizando uma
confusão patrimonial entre as requeridas, de modo que é cabível a
desconsideração de sua pessoa jurídica com citação de seus sócios para
responder à presente demanda.

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Em suma, é fato público e notório nesta Comarca as
atitudes fraudulentas da 1ª requerida e que inclusive há informações de
que o vendedor Valdinei (de apelido Edinei) já tomou uma surra de um
cliente dentro da própria loja onde trabalha, tudo em virtude dos negócios
de charlatão que promove na praça, fato que também demonstra o abuso
da personalidade jurídica utilizada em detrimento do consumidor.

Assim, deve ser providenciada a desconsideração da pessoa


jurídica da 1ª requerida e 2ª requerida, expedindo mandado de citação
para a sócia ANA PAULA FERREIRA DE CARVALHO, para o VALDINEI DA
SILVA GONÇALVES e para ALANDA CARVALHO DA SILVA para que
respondam à presente demanda.

À luz do Código de Defesa do Consumidor, o legislador


possibilitou a desconsideração da pessoa jurídica para garantir a ausência
de qualquer obstáculo para o ressarcimento de prejuízos causados aos
consumidores, inclusive responsabilizando sociedades integrantes dos
grupos societários e sociedades controladas, nos termos do art. 28, caput,
§2º e §5º do mesmo códex:
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a
personalidade jurídica da sociedade quando, em
detrimento do consumidor, houver abuso de
direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou
ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato
social. A desconsideração também será efetivada
quando houver falência, estado de insolvência,
encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração.

§ 2° As sociedades integrantes dos grupos


societários e as sociedades controladas, são
subsidiariamente responsáveis pelas obrigações
decorrentes deste código.

§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa


jurídica sempre que sua personalidade for, de
alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados aos consumidores.

Nesse passo, para que seja devida a desconsideração da


personalidade jurídica, prevê o art. 50 do Código Civil o que segue:

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade


jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou

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pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público
quando lhe couber intervir no processo, que os
efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares
dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

Outrossim, com as inovações trazidas pelo novo Código de


Processo Civil, há a possibilidade de julgamento do incidente de
desconsideração da personalidade jurídica pelos Juizados Especiais,
inclusive em todas as fases do processo de conhecimento, cumprimento
de sentença e execução, além de não ser necessária a instauração do
incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na
petição inicial, hipótese em que os sócios serão citados, vide artigos 1.062
e 134, §2º, ambos do Código de Processo Civil, conforme abaixo
transcritos:

Art. 1.062. O incidente de desconsideração da


personalidade jurídica aplica-se ao processo de
competência dos juizados especiais.

Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível


em todas as fases do processo de conhecimento, no
cumprimento de sentença e na execução fundada em
título executivo extrajudicial.
§ 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a
desconsideração da personalidade jurídica for
requerida na petição inicial, hipótese em que será
citado o sócio ou a pessoa jurídica.

Ademais, a existência de confusão patrimonial, os


obstáculos ao ressarcimento do consumidor e o abuso da personalidade
jurídica são evidentes no presente caso, porque foi utilizada conta
bancária da 2ª requerida para receber parte do pagamento, com recibo
em nome da 1ª requerida e com o estabelecimento comercial com grande
letreiro da loja YAMAHA, além das diversas condutas evasivas nos
processos judiciais em curso, tudo para não pagar o que devem após
causar danos aos seus clientes.

Infelizmente, o requerido foi vítima das referidas práticas


pelos sócios da empresa requerida e, conforme exposto pelo professor

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Luiz Fernando do Vale de Almeida Guilherme 1 é perfeitamente cabível a
desconsideração da personalidade jurídica no caso dos autos, in verbis:

A despersonalização da pessoa jurídica,


também denominada de teoria da
desconsideração ou penetração, tem por
finalidade impedir que os sócios,
administradores, gerentes e/ou
representantes legais, acobertados pela
independência pessoal e patrimonial
entre pessoa jurídica e os entes que a
compunham, pratiquem abusos, atividades
escusas e fraudulentas. Assim, o
instituto está previsto nos arts. 50 do
CC e 28 da lei 8.078/90, facultando ao
juiz desconsiderar a autonomia jurídica
da sociedade para adentrar o patrimônio
dos sócios em casos comprovados de
fraude que causem prejuízos ou danos a
terceiros.

O que se extrai do decorrer dos fatos é que as pessoas


jurídicas da 1ª e 2ª requeridas tem justificada sua existência tão somente
para não honrar com os compromissos perante seus credores e se furtar
dos ilícitos praticados pelos seus vendedores, como no caso em voga.

No tocante à 3ª requerida, em que pese ser plenamente


responsável solidariamente pelos prejuízos causados pelas 1ª e 2ª
requeridas, conforme fundamentação supra, sabe-se que não será
necessário promover a desconsideração de sua pessoa jurídica, eis que é
notório ser apta a suportar eventual condenação proveniente da presente
demanda.

Portanto, caracterizado o abuso da personalidade jurídica, o


dano e prejuízo causado ao requerente, bem como demonstrado o
cabimento processual do presente pedido, requer a Vossa Excelência que
promova a citação dos sócios da 1ª e 2ª requeridas para responder aos
termos da presente ação, por ser medida de inteira JUSTIÇA

1
Guilherme, Luiz Fernando do Vale de Almeida. Código Civil Comentado. Série Descomplicada. São Paulo:
Rideel. 2013. p. 66.
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4. DO RECONHECIMENTO DA RELAÇÃO DE CONSUMO E INVERSÃO
DO ÔNUS DA PROVA

É inescusável que as requeridas promovem a


comercialização de produtos e prestação de serviços, de modo que é
plenamente aplicável os conceitos constantes no art. 3º do Código de
Defesa do Consumidor.

Por outro lado, o autor, na qualidade de destinatário dos


produtos e serviços oferecidos pelas rés, é tido como consumidor nos
termos do art. 2º do CDC.

À luz da legislação consumerista, segundo o art. 14 do CDC,


a responsabilidade civil do prestador do serviço é de natureza objetiva,
restando configurada independentemente de culpa do fornecedor.

Art. 14. O fornecedor de serviços


responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.

§ 1° O serviço é defeituoso quando não


fornece a segurança que o consumidor
dele pode esperar, levando-se em
consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que


razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi fornecido.

É inegável que os danos provenientes do exercício de


atividade empresarial, operada sob o controle e em prol de seu titular, por
este devem ser ressarcidos.

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Por evidente, se aquele se aproveita dos lucros advindos da
empresa, também há de arcar com os danos porventura gerados em
decorrência da atividade, sobretudo quando há falha na prestação de
serviços como relatado no presente caso.

Nesse passo, a inversão do ônus da prova se faz necessária


ante a verossimilhança das alegações e as provas que autor traz aos
autos, conforme disposto no artigo 6º do Código de Defesa do
Consumidor, in verbis:

Art. 6º São direitos básicos do


consumidor: VIII – a facilitação da
defesa de seus direitos, inclusive com
a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando a
critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele
hipossuficiente, seguindo as regras
ordinárias de expectativas.

Desse modo, cabe a requerida demonstrar provas em


contrário ao que foi exposto pela parte autora, vez que esta utilizou-se de
tudo que estava em seu alcance para amparar o seu direito, promovendo
a juntada de documentos, fotos e gravações audiovisuais.

Assim, a parte autora requer, desde já, o reconhecimento


da relação de consumo, com a consequente inversão do ônus da prova,
dada a hipossuficiência técnica e financeira, bem como a vulnerabilidade
do consumidor em face da requerida.

5. DA OBRIGAÇÃO DE FAZER E DA TUTELA LIMINAR.

Um dos objetos da presente demanda é a necessidade de


coerção dos réus para fazer sanar as pendências financeiras da
motocicleta que foi vendida ao autor, devendo adimplir a multa junto ao
DETRAN, emitir as taxas atualizadas de licenciamento, IPVA e seguro
obrigatório.

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Com efeito, os §§ 1º e 3º do art. 84 do CDC oferecem ao
autor a faculdade de optar pela conversão da obrigação de fazer por
perdas e danos, além de possibilitar ao Juízo a concessão da tutela
liminarmente ou após justificação prévia, sendo relevante o fundamento
da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final.
Verbis:

Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da


obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a
tutela específica da obrigação ou determinará
providências que assegurem o resultado prático
equivalente ao do adimplemento.

§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos


somente será admissível se por elas optar o autor ou se
impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado
prático correspondente.

§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem


prejuízo da multa (art. 287, do Código de Processo Civil).

§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e


havendo justificado receio de ineficácia do provimento
final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
após justificação prévia, citado o réu

§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença,


impor multa diária ao réu, independentemente de
pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a
obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento
do preceito.

§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do


resultado prático equivalente, poderá o juiz determinar
as medidas necessárias, tais como busca e apreensão,
remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra,
impedimento de atividade nociva, além de requisição de
força policial.

Diante do notório desinteresse dos réus em fazer tais


diligências e pagar os valores devidos, a parte autora requer a conversão
da obrigação de fazer em perdas e danos.
Acerca do relevante fundamento da demanda e o receio
de ineficácia do provimento final, cabe informar que a parte autora
está diariamente correndo o risco de ter seu bem retido pela autoridade
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policial, haja vista a medida administrativa de retenção do veículo para
regularização da falta de registro, nos termos do art. 123 do CTB:

Art. 233. Deixar de efetuar o registro de veículo no prazo


de trinta dias, junto ao órgão executivo de trânsito,
ocorridas as hipóteses previstas no art. 123:
Infração – grave;
Penalidade – multa;
Medida administrativa – retenção do veículo para
regularização.”

Frisa-se que a impossibilidade de registrar o veículo dentro


do prazo se dá, não somente pela quantidade de débitos anteriores, mas
pelo fato de somente ser possível emitir a multa com o comparecimento
pessoal do antigo proprietário no DETRAN-DF, conforme informação obtida
no sítio eletrônico da referida autarquia e na agência do “vapt vupt” desta
Comarca.

O autor atualmente está responsável por cuidar do escritório


de advocacia localizado no distrito do Jardim Ingá, recentemente
aberto em conjunto com seus sócios, conforme fotos da faixada em
anexo, e diariamente necessita se deslocar partindo do escritório
localizado no centro de Luziânia até o distrito do Jardim Ingá (Avenida
Lucena Roriz, quadra 83, Lotes 6 a 10, Posto Shell “kurujão”), devendo se
submeter a aproximadamente 40 km de ida e volta diariamente, com
longo trecho deste percurso na BR-040 com constante policiamento.

Portanto, não havendo ao autor outro meio de transporte


viável ao dinamismo de sua profissão, dentro de suas capacidades
financeiras, e ante a impossibilidade de sanar tamanhos débitos e
regularizar sua moto, não resta alternativa ao autor se não correr o risco
de ter seu veículo retido até o provimento jurisdicional desta demanda.

Dessa forma, a parte autora requer que seja deferido


liminarmente a tutela de obrigação de fazer, convertida em indenização
por perdas e danos no valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais),
com imposição de multa diária às requeridas por descumprimento da
decisão em valor a ser arbitrado por este nobre Juízo, com fulcro no art.
52, inciso V da Lei 9.099/95.

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6. DOS DANOS MORAIS E MATERIAIS.

No tocante aos danos morais e materiais, determinam os


art. 186 e 927, ambos do Código Civil e art. 6º, VI e art. 14, ambos do
Código de Defesa do Consumidor que:

Art. 186 – Aquele que, por ação ou


omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito, ou causar
prejuízo a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato
ilícito.

Art. 6º São direitos básicos do


consumidor:

omissis

VI - a efetiva prevenção e reparação de


danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos;

Art. 14. O fornecedor de serviços


responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.

No caso dos autos, a parte autora se deixou levar pelo


“papo de vendedor”, conferiu confiança à pessoa de Valdinei no ato da
compra, que lhe assegurou a entrega da motocicleta com 68.000
(sessenta e oito mil) quilômetros rodados, sem débitos, taxas e multas, e
apta a ser transferida para o nome do autor.

Contudo, a moto foi entregue com 105.000 (cento e cinco


mil) quilômetros rodados a um preço não condizente com o seu valor de
mercado, devendo haver um abate compensatório de valor não inferior a
R$ 1000,00 (mil reais) a título de danos materiais.

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Em seguida, o autor efetuou o pagamento da taxa de
vistoria em R$ 108,00 (cento e oito reais) sendo que o laudo teve
validade até 22/09/2019, conforme comprovantes em anexo. Além
disso, o autor terá que pagar uma multa e suportar pontos em sua
carteira, que até o momento não foi faturada por se tratar de uma “multa
de balcão”, de natureza grave, no valor de R$ 195,23 (cento e noventa
e cinco reais e vinte e três centavos) que será cobrada na ocasião em
que o autor procurar o órgão de transito para realizar a transferência da
motocicleta para seu nome.

Portanto, todos os requeridos deverão ser solidariamente


condenados a pagar o valor de R$ 1.303,23 (mil, trezentos e três
reais e vinte e três centavos) a título de indenização por danos
materiais, valor que deverá ser corrigido monetariamente.

Por outro lado, por se tratar de uma compra em


estabelecimento comercial e não de uma aquisição entre particulares, o
autor efetuou o pagamento com a plena confiança de que estava em boas
mãos, e de lá saiu empolgado, se dirigindo até a uma autoescola para
iniciar a inclusão da categoria A em sua Carteira Nacional de Habilitação.

Ocorre que mesmo devidamente habilitado, o autor se sente


preso às vielas da presente Comarca, com constante medo e angústia de
ser parado pela fiscalização da Polícia Militar e dos Agentes de Trânsito,
pois na ocorrência disto, certamente terá seu veículo de transporte retido
para a regularização, nos termos do art. 233 do CTB

Art. 233. Deixar de efetuar o registro de veículo no prazo de


trinta dias, junto ao órgão executivo de trânsito, ocorridas as
hipóteses previstas no art. 123:
Infração – grave;
Penalidade – multa;
Medida administrativa – retenção do veículo para
regularização.”

Lançado à sorte, em que pese o autor ainda não ser


encontrado por uma blitz ou fiscalização de rotina, a dor, angústia e o
medo são diários na utilização de seu transporte

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É de se ressaltar que o dano moral sofrido pelo autor não se
fundamenta unicamente no risco diário que tem de correr ao utilizar sua
motocicleta de forma irregular, com pendências de impostos e multas que
não são de sua responsabilidade, mas no fato de o autor estar de “mãos
atadas” quanto à regularização da documentação do veículo, eis que o
impedimento não é exclusivamente financeiro, mas dependente de
diligências que são de responsabilidade dos réus, como emitir E
PAGAR a multa de R$ R$ 957, 69 (novecentos e cinquenta e sete
reais e sessenta e nove centavos) com data de 04/08/2016, além dos
demais débitos em aberto para a presente motocicleta, conforme supra
indicados.

Outra lástima é a sobrevinda do período de chuva, onde o


autor sequer poderia dispor de seu bem para dar como valor de entrada
em um carro, tudo em virtude dos ilícitos praticados pelos réus que neste
momento tem causado um “casamento” entre o autor e o seu veículo,
dada a impossibilidade de transferência legal da moto.

O autor sofrerá uma desagradável aquisição de pontos em


sua habilitação e não se sabe até onde as consequências disso poderão
desaguar, porque sua habilitação de motocicleta (categoria A) é de
recente inclusão, e possivelmente tem caráter provisório, fato que poderá
levar o autor à necessidade de proceder com uma nova prova do DETRAN
e um novo processo de habilitação, penoso e desgastante.

No caso presente o autor foi enganado de várias as


maneiras, como a mentira sobre a quilometragem da moto, a mentira
sobre os débitos e as várias e falsas promessas de regularização, sofrendo
insegurança, angústia e risco de ter seu bem retido para uma
regularização que somente depende dos réus.

Portanto, caracterizado o ato ilícito, determina o art. 927, do


Código Civil que aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano
a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Neste caso, a frustração, a angústia e o medo causados


pela ação voluntária das requeridas caracterizam a ocorrência do dano
moral, senão vejamos posicionamento do doutrinador Carlos Roberto
Gonçalves, ao conceituar o dano moral assevera que:
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“Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não
lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra os
direitos da personalidade, como a honra, a dignidade,
intimidade, a imagem, o bom nome, etc., como se infere
dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal, e que
acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e
humilhação” (GONCALVES, 2009, p.359).

Em verdade, ainda que a parte autora não tenha sofrido


qualquer fiscalização de rotina, o medo, a angustia e a frustração
diariamente vivenciados extrapolam a esfera dos meros aborrecimentos,
uma vez que envolve sérios riscos à sua única fonte de renda e ao seu
nome como advogado, configurando verdadeira ofensa aos direitos da
personalidade do autor, mormente quando aliada a dor e ao
constrangimento sofridos em razão das reiteradas promessas de
pagamento as quais nunca foram cumpridas.

A compensação pelos danos morais deve se ater ao princípio


da proporcionalidade, pois o montante não pode ser excessivo, nem
representar enriquecimento indevido, bem como deve considerar o caráter
reparador, punitivo e pedagógico da responsabilidade civil, a gravidade e
extensão do dano, a culpabilidade do agente, a condição financeira das
partes envolvidas, o valor do negócio e as peculiaridades do caso
concreto.

Tais critérios, por evidente, revestem-se de inegável grau


de subjetividade na fixação da importância indenizatória justa, hábil a
desencorajar a reiteração do ato ilícito sem provocar o enriquecimento
indevido da vítima.

Neste diapasão entende-se que, atentando para condições


financeiras das partes, a reprovabilidade da conduta, o valor do bem, as
circunstâncias fáticas que causaram à parte autora abalo em sua honra
objetiva, sendo razoável que Vossa Excelência condene a parte requerida
ao pagamento da quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a título de
indenização por danos morais e R$ 1.303,23 (mil, trezentos e três
reais e vinte e três centavos) a título de indenização por danos
materiais.

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7. DOS PEDIDOS.

Por tudo que foi acima exposto a parte autora requer a


Vossa Excelência que:

a) Defira a desconsideração da personalidade jurídica da


1ª e 2ª requeridas e determine a citação de das
respectivas pessoas jurídicas e de seus sócios nos
próprios endereços dos estabelecimentos comerciais
mencionados na qualificação, para responder aos
termos da presente ação sob pena de revelia e
confissão;

b) Determine a citação da 3ª requerida para responder


aos termos da presente ação, sob pena de revelia e
confissão, por ser plenamente legítima a integrar o
polo passivo da presente ação, nos termos da
fundamentação.

c) Seja JULGADA PROCEDENTE A PRESENTE AÇÃO,


em todos os termos amoldados na inicial para:

c.1) que seja deferida liminarmente a tutela de


obrigação de fazer, convertida em indenização por
perdas e danos no valor de R$ 1.500,00 (mil e
quinhentos reais), com imposição de multa diária
às requeridas por descumprimento da decisão em
valor a ser arbitrado por este nobre Juízo, nos
termos do art. 52, inciso V da Lei 9.099/95;

c.2) Condenar a parte requerida ao pagamento de


indenização no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais) a título de danos morais e R$ 1.303,23 (mil,
trezentos e três reais e vinte e três centavos) a
título danos materiais, incidindo sobre estes juros
desde o evento e correção monetária após a data da
sentença.

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Assim, requer o autor seja aplicada a inversão do ônus da
prova no caso em tela, nos termos dos art. 6º, VIII, e 14, § 3º, do CDC.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidas documental, em especial pelo depoimento pessoal dos
requeridos, sob pena de confissão.

Dá-se a causa o valor de R$ 7.803,23 (sete mil,


oitocentos e vinte e três reais e vinte e três centavos).

Nestes termos, pede deferimento.

Luziânia-GO, 28 de novembro de 2019.

Guilherme Queiroz Roriz Solano


OAB-DF 57.635

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