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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL

DE CIDADE (PR).

STJ – Súmula 130:


130: A empresa responde, perante o cliente, pela
reparação de dano ou furto de veículo, ocorrido em seu
estabelecimento.
estabelecimento.

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 518 – Interposta a apelação, o juiz declarando os efeitos, em


que recebe, mandará dar vista ao apelado para responder.

§ 1º - O juiz não receberá o recurso de apelação quando a


sentença estiver em conformidade com súmula do Superior
Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal.
Federal.

JOAQUINA DE TAL, brasileira, solteira, maior, dentista,


residente e domiciliada na Rua da X, nº. 0000, CEP 44555-666, em Fortaleza(CE),
possuidora do CPF(MF) nº. 111.222.333-44, vem, com o devido respeito à 1
presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu patrono que abaixo assina –
instrumento procuratório acostado --, para ajuizar, com supedâneo no art. 186 do
Código Civil, a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO,
(“DANO MATERIAL”)

contra

(01) EMPREENDIMENTOS ZETA LTDA(”SHOPPING X”), pessoa jurídica de


direito privado, estabelecida na Av. Y, nº. 0000, em Fortaleza (CE) – CEP nº.
33444-555, inscrita no CNPJ(MF) sob o nº. 55.444.333/0001-22;

(02) SUPERMERCADO DÊ LTDA, pessoa jurídica de direito privado, estabelecida


na Av. Y, nº. 0000 – Loja 07, em Fortaleza (CE) – CEP nº. 33444-555, inscrita no
CNPJ(MF) sob o nº. 22.555.444/0001-33,

em decorrência das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas.

(1) – SÍNTESE DOS FATOS

A Autora é proprietária do veículo FIAT/UNO,


ano/modelo 2006/2007, placas HHH-0000, revavam 1122334455, Chassi,
9BD0011554466, cor verde, 4 portas, avaliado, nesta data, em R$ .x.x.x ( .x.x.x ),
conforme tabela Fipe ora acostada.(doc. 01).

1
No dia xx/yy/zzzz, por volta das 19:30h, como faz todas
semanas, direcionou-se ao Shopping Zeta(“ primeira ré”) e estacionou o seu veículo
no pátio de estacionamento desta. Logo em seguida, fizera suas compras
semanais no Supermercado Dê Ltda(“ segunda ré”), o que se comprova pela pelo
cupom fiscal de compra neste estabelecimento.( doc. 02)

Ao final de suas compras, aproximadamente às


20:30h., quando retornou ao local onde deixara o veículo estacionado, não mais o
encontrou, constatando que o mesmo havia sido furtado.

Surpresa com a situação, procurou o pessoal


encarregado da segurança do estacionamento, que nada souberam informar sobre
o furto do veículo. Diante disto, dirigiu-se a 00a. Delegacia de Policia Distrital de X,
onde fez o registro da ocorrência, conforme se depreende do incluso Boletim de
Ocorrência.(doc. 03)

Importa frisar que o veículo em espécie encontrava-se


em excelente estado de conservação, com rodas de liga leve, CD, e demais
acessórios que valorizam ainda mais o veículo.

Desta forma, devem as Promovidas solidariamente


responderem civilmente pelos danos causados à Autora, uma vez que não foram
diligente na guarda e vigilância do bem que encontrava-se em sua custódia
provisória.

(2) – DO LITISCONSÓRCIO PASSIVO

1
Não há dúvidas que o caso em tela devolve a
apreciação segundo os ditames da Legislação Consumerista, visto que houvera
relação de consumo na hipótese fática em estudo.

São, pois, em face disto, ambos as Rés solidariamente


responsáveis:

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Art. 18 - Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou


não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade
ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao
consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim
como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou
mensagem publicitária,
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de
sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das
partes viciadas.

Portanto, deve ser afastada qualquer pretensão de


ilegitimidade passiva de uma das partes que figuram no pólo passivo desta ação,
pois, nos termos do art. 18, do CDC, é solidária a responsabilidade de todos os
que tenham intervindo na cadeia de fornecimento do produto , pelos vícios que este
apresentar.

Comentando tal dispositivo, ensina Zelmo Denari:

1
"Preambularmente, importa esclarecer que no pó lo passivo desta
relaçã o de responsabilidade se encontram todas as espécies de
fornecedores, coobrigados e solidariamente responsá veis pelo
ressarcimento dos vícios de qualidade e quantidade eventualmente
apurados no fornecimento de bens ou serviços. Assim, o consumidor
poderá, à sua escolha, exercitar sua pretensão contra todos os
fornecedores ou contra alguns, se não quiser dirigi-la apenas
contra um.
um. Prevalecem, in casu,
casu, as regras da solidariedade passiva, e
por isso, a escolha nã o induz concentraçã o do débito: se o escolhido
nã o ressarcir integralmente os danos, o consumidor poderá voltar-se
contra os demais, conjunta ou isoladamente. Por um critério de
comodidade e conveniência o consumidor, certamente, dirigirá sua
pretensã o contra o fornecedor imediato, quer se trate de industrial,
produtor, comerciante ou simples prestador de serviços. Se o
comerciante , em primeira intençã o, responder pelos vícios de
qualidade ou quantidade - nos termos previstos no §1º do art. 18 -
poderá exercitar seus direitos regressivos contra o fabricante,
produtor ou importador, no â mbito da relaçã o interna que se instaura
apó s o pagamento, com vistas à recomposiçã o do status quo ante." (In:
GRINOVER, Ada Pellegrini e outros. Có digo Brasileiro de Defesa do
Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto,
anteprojeto, 2a ed. Rio de
Janeiro: Forense Universitá ria, p. 99-100).

De outro bordo, ainda sob a égide do Código de


Defesa do Consumidor, verifica-se que:

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR


1
Art. 34 – O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente
responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes
autônomos.

Se há solidariedade, cabe ao consumidor, ora Autora,


escolher a quem dirigir a ação. Qualquer preliminar eventualmente levantada, por
tais motivos, deve ser rejeitada.

(3) – NO MÉRITO

A questão relativa à responsabilidade de


estabelecimentos por furtos e avarias verificadas em estacionamento localizados
em suas dependências merece algumas reflexões.

Inquestionável, atento a uma realidade da vida, que


nos tempos de violência pelo qual passamos, é fator de atratividade e diferencial
na concorrência pela opção do cliente, a disponibilização de espaços de
estacionamento.

Não há que se negar que o consumidor, na dúvida


entre dois estacionamentos, com certeza fará opção por aquele que disponibiliza
local para estacionar veículo, sempre com a expectativa de que ali terá, ao
contrário do estacionamento da rua, algum tipo de segurança para si e para seu
patrimônio. E foi este um dos motivos(além do fator preço dos produtos vendidos)
que a Autora sempre comprou neste estabelecimento.

1
E esse diferencial, sem dúvida, importa em custo para
o estabelecimento, repassado, com certeza, ao preço final, resultado que o
consumidor acaba por pagar, de forma indireta, por este serviço.

Mas não é só isso que leva à responsabilização. Veja-


se que o comerciante, em face deste fator de atratividade, tem seu lucro
aumentado e na medida em que se mostra falho o serviço disponibilizado, o qual
ocorre diretamente para o resultado positivo de seu negócio, deve responder pelas
conseqüências daí advindas.

É inegável, outrossim, que entre as partes ocorreu um


contrato de depósito, mesmo não sendo este contrato expresso. Há que se
registrar, que, gratuito ou oneroso, o serviço de parqueamento encobre contrato de
depósito, o qual, dada sua natureza, impõe ao depositário o dever de guarda e
vigilância dos bens que lhe foram confiados .

CÓDIGO CIVIL

Art. 629 – O depositário é obrigado a ter na guarda e conservação da


coisa depositada o cuidado e diligência que costuma com o que lhe
pertence, bem como a restituí-lo, com todos os frutos e acrescidos,
quando o exija o depositante.

O festejado Rui Stoco, sobre o tema esclarece:

1
"Ao ingressar no local do estacionamento o estabelecimento assume a
sua guarda e passa a ser o guardiã o do veículo".

"Tanto isso é certo que esses estabelecimentos mantém vigilantes


internos nã o só para orientar o sentido e direçã o para estacionar,
como para efetivamente impedir furtos, roubos e outras prá ticas
danosas. Nos pá tios abertos sã o erigidas 'guaritas' onde os vigilantes
se postam com rá dios de intercomunicaçã o permanente".

"Nem vem a pêlo o argumento de que essa permissã o de estacionar é


gratuita, de mera cortesia e que o contrato de depó sito é oneroso".

(...)

"Evidentemente que a guarda do veículo nã o é gratuita. O preço está


embutido no custo das mercadorias adquiridas".

(...)

"Ademais, para a caracterizaçã o da transferência da guarda do bem e


caracterizaçã o do contrato de depó sito nã o se exige instrumento
escrito, nem fó rmulas sacramentais e formalizadas, posto que a
formalidade nã o é da sua essência".

(...)

"Mesmo que nã o se acolha esse entendimento, nã o se pode


deslembrar que, em havendo furto de veículo estacionado nesses
locais, onde existe policiamento interno ostensivo, feito por vigilantes
dos pró prios estabelecimentos, nã o se pode negar que o serviço
falhou. Ocorreu a chamada 'faute du service',
service', a culpa 'in vigilando' que
informa a responsabilidade aquiliana".
1
(...)

"Aliá s, em remate, o pró prio legislador vem reconhecendo a evoluçã o


do conceito de guarda e da obrigaçã o de indenizar em casos que tais,
admitindo mesmo a culpa presumida desses guardadores de veículos,
que auferem grandes lucros e proliferam cada vez mais nos nú cleos de
maior densidade demográ fica".

"Tanto é que nas grandes cidades vêm-se buscando meios para


conjurar o prejuízo suportado por freqü entadores desses
estabelecimentos, como, por exemplo, no município de Sã o Paulo, que
colocou em vigor a Lei municipal 10.297/91, que tornou obrigató ria a
contrataçã o de seguro contra furto ou roubo de veículos, por parte
dos shopping centers, lojas de departamentos, supermercados e de
empresas que operam ou disponham de á rea ou local destinado a
estacionamentos abertos ao pú blico em geral" (In,
(In, Responsabilidade
Civil e sua interpretaçã o jurisprudencial,
jurisprudencial, 4ª ed. Sã o Paulo: RT, 1999. p.
387).

Logo, há responsabilidade de indenizar, conforme


Súmula 130, do STJ, que dispõe:

"A EMPRESA RESPONDE, PERANTE O CLIENTE, PELA REPARAÇÃO


DE DANO OU FURTO DE VEÍCULO OCORRIDOS EM SEU
ESTABELECIMENTO".
ESTABELECIMENTO".

1
Mesmo que assim disponha a Súmula supra aludida,
os Tribunais também estabelecemos condução de julgados na mesma ordem de
entendimento.

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. FURTO DE VEÍCULO EM ESTACIONAMENTO DE


SUPERMERCADO. AGRAVO RETIDO
O Agravo Retido interposto pelo apelante não pode ser acolhido. A
impugnação diz respeito à fixação dos pontos controvertidos da
demanda, estabelecida em audiência, e se dirige especialmente ao valor
do bem. Sucede que naquela decisão não se decidiu sobre o valor da
indenização, tanto que o D. Magistrado atribuiu ao autor o ônus de fazer
a prova do prejuízo. Ademais, a sentença fixou o valor do dano que foi
objeto da apelação. O agravo, destarte, não comporta acolhimento. Os
elementos dos autos indicam a ocorrência do furto do automóvel do
consumidor dentro do estabelecimento do réu, o que gera o dever de
indenizar. A responsabilidade do réu decorre da obrigação de zelar pela
guarda e segurança dos veículos estacionados em seu estabelecimento. A
empresa que oferece ao cliente, ainda que gratuitamente,
estacionamento de veículos, responde pelo prejuízo sofrido pelo
proprietário do veículo em caso de furto, visto que manifesto o interesse
econômico desta em atrair clientela. Entendimento do Egrégio Superior
Tribunal de Justiça de que: "A empresa responde, perante o cliente, pela
reparação de dano ou furto de veículo ocorrido em seu estabelecimento"
(Súmula nº 130/STJ). Ação procedente. Negado provimento ao agravo
retido e à apelação. (TJSP
(TJSP - APL 0004816-76.2012.8.26.0625; Ac.
6645534; Taubaté; Décima Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Carlos
Alberto Garbi; Julg. 09/04/2013; DJESP 10/05/2013)

1
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANO. FURTO DE VEÍCULO
EM ESTACIONAMENTO PAGO.
Insurgência do proprietário do estabelecimento, que alega cerceamento
de defesa ante a dispensa da oitiva de sua única testemunha. Pretendida
desconstituição do decisum, com o retorno dos autos à origem para
retomada do iter instrutório. Requerido que deixou de comparecer à
audiência de instrução e julgamento. Entendimento, pelo togado
singular, de renúncia tácita à pretendida inquirição do testigo, mormente
porque este apresentar-se-ia ao ato processual independentemente de
intimação. Ausência de indicação de quais os fatos específicos que o réu
pretendia comprovar com a inquirição de sua única testemunha.
Magistrado que, como destinatário da instrução, pode obstar dilação
destinada a evidenciar circunstância já descortinada por outros meios de
convencimento. Preliminar rechaçada. Demandante que logrou êxito em
evidenciar ter deixado seu veículo sob os cuidados do demandando na
data do furto. Pagamento pelo uso de vaga no estacionamento particular.
Dever de guarda e vigilância por parte do estabelecimento comercial.
Inexistência de empecilhos para a atuação de larápios. Subtração do
automóvel que somente foi constatada quando do retorno do respectivo
proprietário ao local. Alegação de que o crime teria sido cometido por
culpa exclusiva da vítima. Argumento que não encontra respaldo nos
autos. Ausência de qualquer indício no sentido de que o veículo teria
sido, de fato, deixado aberto pelo seu dono possuidor. Fato do serviço.
Insofismável dever de indenizar o prejuízo material experimentado pelo
cliente. Responsabilidade estatuída no enunciado nº 130 da Súmula do
STJ, art. 14 do CDC e arts. 186 e 927 da Lei nº 10.406/02. Reclamo
conhecido e desprovido. (TJSC
(TJSC - AC 2010.087578-3; Porto Belo; Quarta
Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Luiz Fernando Boller; Julg. 09/05/2013;
DJSC 16/05/2013; Pág. 283) 1
RESPONSABILIDADE CIVIL. PRELIMINARES. NULIDADE. CITAÇÃO.
INEXISTÊNCIA. PRETENSÃO DO RÉU DE VER RECONHECIDA A NULIDADE
DE SUA CITAÇÃO.
Citação de pessoa jurídica, pela via postal, contudo, que é válida quando
recebido o aviso registrado por simples empregado da empresa,
presumidamente autorizado para tanto. Teoria da aparência.
Legitimidade ativa reconhecida. Furto de veiculo do estacionamento do
réu. Autora não proprietária. Posse em virtude de contrato de
arrendamento mercantil. Arrendatário que responsável pela conservação
e manutenção do bem, sendo também quem sofre os prejuízos pela sua
perda ou deterioração. Preliminares afastadas. Mérito. Dano material e
moral. Furto de veículo ocorrido no interior do estacionamento do
supermercado. Falha no serviço. Relação de consumo. Responsabilidade
pelos danos causados, em razão da aplicação da Teoria do Risco da
Atividade. Ausência de comprovação da ocorrência de caso fortuito ou
força maior. Dano material comprovado. Inteligência da Súmula nº 130
do STJ. Dano moral. Inocorrência. Controvérsia que abrange somente o
aspecto patrimonial. Recurso do réu parcialmente provido e negado
provimento ao recurso da autora. (TJSP
(TJSP - APL 0000964-
37.2010.8.26.0650; Ac. 6692030; Valinhos; Segunda Câmara de Direito
Privado; Rel. Des. José Joaquim dos Santos; Julg. 23/04/2013; DJESP
13/05/2013)

(4) DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

ou aplicação
1
DA “TEORIA
“TEORIA DA REDUÇÃO DO MÓDULO DA PROVA”
PROVA”

Questão tormentosa diz respeito à prova que deve


fazer o cliente tanto no que se refere à ocorrência do furto nas dependências do
comércio demandado, bem como dos bens que lhe foram subtraídos.

Nesta hipótese, mais do que aceitável aplicar-se a


teoria da redução do módulo da prova, quando então ao juiz, atendo a uma
realidade da vida e na expectativa do justo, deve fundamentar sua conclusão não
com base naquilo que restou cabalmente demonstrado, mas sim diante do
conjunto probatório e de indícios que estejam a sinalizar veracidade naquilo que é
alegado pelo consumidor. Ressalve-se, entretanto, que adiante abordaremos que a
hipótese é de inversão do ônus da prova, onde, por precaução, desenvolve-se
inicialmente a questão da redução do módulo da prova.

Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart tratando


sobre o distribuição do ônus da prova lecionam que:

“Quando é impossível ou muito difícil a demonstraçã o da alegaçã o,


nã o se deve exigir um grau de certeza incompatível com a situaçã o
concreta, devendo ocorrer a `redução
`redução do módulo da prova`
prova`
aceitando-se um grau de verossimilhança suficiente, ou a verdade
possível”. (In,
(In, Comentá rios ao có digo de processo civil,
civil, v. 5, Tomo 1,
Do processo de conhecimento arts. 332 a 336 - Sã o Paulo: Revista dos
Tribunais, 2000, p. 200).

1
E, nos casos de furto de bens em estacionamentos, de difícil
comprovação, os Tribunais tem entendido como perfeitamente pertinente a adoção
da teoria da redução do módulo da prova.

CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.


FURTO. OBJETOS NO INTERIOR DE VEÍCULO EM ESTACIONAMENTO
DISPONIBILIZADO AOS CLIENTES. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 130 DO
STJ. TEORIA DA REDUÇÃO DO MÓDULO DA PROVA.
PROVA. SENTENÇA
MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.
1. A academia possui estacionamento privativo e segurança pessoal para
seus clientes, conforme se depreende da propaganda da empresa (fls. 40)
e de seu site (http://www. Academiadombosco. Com. BR/academia.
Html-noticia4). Logo, ao afirmar que o furto ocorreu em estacionamento
público, era da empresa o ônus de comprovar que o estacionamento em
que ocorreu o furto não é o estacionamento que disponibiliza. Não há,
todavia, qualquer prova nesse sentido. Assim, como o fornecedor
informa a existência de estacionamento privativo, inviável alegar, em
processo judicial, que o estacionamento é público e por isso não teria
qualquer responsabilidade. Vedação do ""venire contra factum
proprium"".
2. A conduta do fornecedor, ao disponibilizar área de estacionamento,
tem por finalidade angariar ou oferecer comodidade à clientela, por isso,
responde objetivamente pelos danos decorrentes da inadequada guarda
do veículo, ainda que o serviço seja prestado a título gratuito. Assim, é do
fornecedor o ônus de manter a guarda e vigilância do local, bem como a
incolumidade dos veículos estacionados, e, em conseqüência, dos objetos
em seu interior.

1
3. Sobre o tema, a Súmula nº 130 do colendo Superior Tribunal de Justiça
dispõe. ""a empresa responde perante o cliente pela reparação de dano
ou furto de veículo, ocorridos em seu estacionamento"".
4. Restou comprovado que o furto ocorreu no interior do
estacionamento, pois a parte, no âmbito de suas possibilidades, forneceu
os elementos probatórios que estavam ao seu alcance e estes permitem
uma convicção de verossimilhança do evento. No caso, a análise do
conjunto probatório deve ser realizada conforme a teoria da redução do
módulo da prova.
5. Ademais, inviável determinar ao consumidor que comprove
cabalmente os produtos que foram furtados do interior de seu veículo,
bem como que o furto ocorreu no estacionamento da recorrente. A
recorrente, por sua vez, não trouxe qualquer prova a auxiliar no
julgamento da demanda, deixando, inclusive, de solicitar a oitiva de seus
empregados que estavam trabalhando nos dias dos fatos ou o
depoimento de prepostos que atenderam o consumidor. Outrossim,
afirmando fato modificativo, que o furto ocorreu em lugar diverso, era do
réu o ônus probatório (art. 333, II do CPC).
6. Extraindo-se do conjunto probatório a veracidade das alegações
constantes da inicial, o consumidor faz jus à reparação do dano
experimentado, que no caso, foi fixada conforme o valor dos produtos,
considerando a depreciação dos objetos.
7. Não há qualquer incongruência relacionada ao valor da condenação. A
simples leitura da sentença evidencia que o juízo monocrático, após
analisar as provas, somou os valores dos produtos, chegando ao
montante de R$ 3.885,56 (três mil, oitocentos e oitenta e cinco reais e
cinqüenta e seis centavos). Sobre tal valor, aplicou o redutor de 30 %,
que corresponde à depreciação dos objetos, chegando à quantia devida a
1
título de danos materiais, qual seja, R$ 2.719,91 (dois mil, setecentos e
dezenove reais e noventa e um centavos).
8. A decisão que analisou os embargos de declaração (fls. 103) esclarece,
apenas, que no valor dos objetos (antes de apurar a depreciação) foi
considerado o valor do saxofone. Portanto, inegável que a dúvida
levantada no segundo embargo de declaração não possuiu qualquer
pertinência, configurando seu caráter protelatório. Inviável, portanto,
excluir a multa imposta nos termos do art. 538, parágrafo único do CPC.
9. Recurso conhecido e não provido. Sentença mantida pelos próprios
fundamentos, com Súmula de julgamento servindo de acórdão, na forma
do artigo 46 da Lei nº 9.099/95. Condenado o recorrente vencido ao
pagamento das custas processuais. Sem condenação ao pagamento de
honorários advocatícios, diante da ausência de procurador constituído
pelo recorrido. (TJDF
(TJDF - Rec 2011.01.1.131259-9; Ac. 675.519; Segunda
Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal; Rel. Juiz José
Guilherme; DJDFTE 15/05/2013; Pág. 415)

RESPONSABILIDADE CIVIL. FURTO DE VEÍCULO EM ESTACIONAMENTO


DE SUPERMERCADO. ENCARTE PROBATÓRIO QUE CONVERGE PARA A
VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES DOS AUTORES. APLICAÇÃO DA
SÚMULA Nº 130 DO STJ. DEVOLUÇÃO RESTRITA AOS COMPROVANTES
EMITIDOS EM NOME DOS AUTORES.
A responsabilidade pelos danos verificados no veículo dos autores e
decorrentes de furto ocorrido no estacionamento do supermercado - É
do réu, conforme o disposto na Súmula nº 130 do stj: "a empresa
responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo
ocorridos em seu estacionamento". No caso dos autos, em nome da
prova, o encarte probatório 1
teoria da redução do módulo da prova,
colacionado aos autos - Consistente na nota fiscal de compra efetuada no
supermercado, bem como o cupom de estacionamento no local (fl. 15) e
o registro de ocorrência policial (fls. 35/36), agregam verossimilhança às
alegações dos autores, apontando que os mesmos encontravam-se no
local na data do fato, provas estas que estavam ao alcance do
consumidor, suficientes, na hipótese, sendo desnecessária a
comprovação presencial do dano. Análise da prova em favor do
consumidor. O quantum indenizatório a título de dano material, no
entanto, deverá ser restrito às notas fiscais emitidas em nome dos
autores - Fls. 31 (R$ 812,54), fl. 33 (R$ 594,91) e fl. 37 (R$ 2.200,17),
acrescidos dos valores correspondentes aos bens relacionados à fl. 32
(aparelho gps - R$ 227,00) e fl. 34 (extensor - R$ 79,00), totalizando o
montante de R$ 3.913,62. Inviável, igualmente, a devolução integral dos
valores correspondentes aos bens alegados como objeto de comércio por
parte da autora porquanto as notas fiscais de fls. 20/30 foram emitidas
em nome de terceiros, inexistindo comprovação de qualquer ligação
destes com os demandantes. A simples afirmação de que os objetos se
encontravam em poder dos requerentes, por si só, não constitui prova
suficiente a embasar a indenização pretendida. Havendo o juízo a quo
aberto à parte prazo para produção de provas adicionais (fl. 10)
abstiveram-se os mesmos de elementos de prova outros tendentes a
suprir a lacuna probatória evidenciada. Danos morais que não restaram
configurados, restando inexequível albergar-se a teoria da lesão
extrapatrimonial decorrente da falta de mercadorias a inviabilizar o
comércio exercido pela demandante, ante a ausência de comprovação da
propriedade das semi-jóias. Recurso parcialmente provido. (TJRS
(TJRS - RecCv
14720-59.2012.8.21.9000; São Leopoldo; Primeira Turma Recursal Cível;
Relª Desª Marta Borges Ortiz; Julg. 30/04/2013; DJERS 06/05/2013)
1
No caso em exame, é de se observar que a prova
coligida com a inaugural, de logo converge para a efetiva comprovação da
existência do furto.

Com efeito, consta do Boletim de Ocorrência inserto


nestes autos, que o furto ocorreu no pátio do estabelecimento da primeira ré, no
dia xx/zz/yyy, constando a hora da comunicação como sendo às 21:15h horas, do
mesmo dia xx/zz.

A veracidade das declarações feitas perante a


autoridade policial, restam corroboradas pelo cupom fiscal acostado também nesta
peça vestibular, comprovando que, efetivamente, a Autora esteve no
estabelecimento das Promovidas, fazendo compras que constam no referido
cupom.

Não bastasse isto, temos que o caso em vertente deve


ser examinado sob a ótica da inversão do ônus da prova, vez que a inversão é
“ope legis” e resulta do quanto contido no Código de Defesa do Consumidor.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente


da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.
[...]

1
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado
quando provar:
provar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.


terceiro.

Ademais, deve haver a inversão do ônus da prova, nos


termos do artigo 6º VIII do Código de Defesa do Consumidor, devido a
hipossuficiência da Autora frente a Requeridas em relação á consecução do meio
probatório e a verossimilhança de suas alegações relativas ao desequilíbrio na
produção de provas indispensáveis à solução do litígio .

Às Rés, portanto, caberá, face à inversão do ônus da


prova, evidenciar se a culpa pelo furto do veículo foi devido a algum procedimento
da Autoar, ou, de outro bordo, em face de terceiro(s), que é justamente a regra do
inc. II, do art. 14, do CDC, acima citado.

(5) – P E D I D O S e R E Q U E R I M E N T O S

POSTO ISSO,
como últimos requerimentos desta Ação de Indenização, a Autora pede e requer
que Vossa Excelência se digne de tomar as seguintes providências:

a) Determinar a citação das Requeridas, por carta, com AR,


instando-as, para, querendo, apresentarem defesa no prazo legal,
sob pena de revelia e confissão(CPC, art. 285); 1
b) pede, mais, seja JULGADO PROCEDENTE o pedido formulado
nesta ação, CONDENANDO as Rés, solidariamente, a pagaram a
quantia de R$ .x.x.x. ( .x.x.x ), correspondente ao valor venal do
veículo na data do furto, segundo a tabela FIPE;

c) que o valor acima pleiteado seja corrigido monetariamente,


conforme abaixo evidenciado:

Súmula 43 do STJ – Incide correção


monetária sobre dívida por ato ilícito a
partir da data do efetivo prejuízo.

Súmula 54 do STJ – Os juros moratórios


fluem a partir do evento danoso, em caso
de responsabilidade extracontratual.

d) sejam as Requeridas condenadas ao pagamento de honorários de


20%(vinte por cento) sobre o valor da condenação , mormente
levando-se em conta o trabalho profissional desenvolvido pelo
patrono da Autora, além do pagamento de custas e despesas, tudo
também devidamente corrigido.

Ainda que fundamentada na inversão do


ônus da prova como prioridade na adoção da condução processual na busca
da verdade, protesta-se provar o alegado por todos os meios admissíveis em
direito, assegurados pela Lei Fundamental(art. 5º, inciso LV, da C.Fed.),
notadamente pelos depoimentos dos réus, pena de tornarem-se confitentes fictos, 1
oitiva de testemunhas a serem arroladas oportuno tempore, junta posterior de
documentos como contraprova, perícia, tudo de logo requerido.

Atribui-se a presente Ação o valor de R$ .x.x.x


( .x.x.x. ).
Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade (PR), 00 de maio de 0000.

Beltrano de Tal
Advogado – OAB/CE 22222

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