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AO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE ________ .

________ , pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob


nº ________ , ________ , com sede na ________ , ________ ,
________ , na Cidade de ________ , ________ , ________ , vem
respeitosamente, por meio do seu Advogado, infra assinado, ajuizar

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MATERIAIS E MORAIS

em face de ________ , pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


CNPJ sob nº ________ , ________ , com sede na ________ ,
________ , ________ , na Cidade de ________ , ________ ,
________ , e;

________ , pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob


nº ________ , ________ , com sede na ________ , ________ ,
________ , na Cidade de ________ , ________ , ________ , pelos
motivos e fatos que passa a expor.

DOS FATOS

Em ________ , o Autor ________ ________ junto à Loja ________ empresa


Ré, com pagamento à vista no valor de ________ , o que se comprova pela Nota Fiscal em
anexo.

No entanto, contrariando qualquer expectativa depositada na compra, após

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________ dias da aquisição, o ________ apresentou vícios que impossibilitaram seu uso,
obrigando o Autor a buscar auxílio da empresa Ré imediatamente.

No entanto, ao chegar no estabelecimento comercial, o Autor obteve a


informação de ________ .

O Autor, por não poder contar com a reposição imediata do ________ , nem
dinheiro para buscar outro, teve que sofrer o desgaste de ter que procurar por conta os
contatos do fabricante, sem que tivesse igualmente qualquer êxito.

Ao sentir-se lesado, sem qualquer posicionamento das empresas Rés, o


Autor buscou ajuda no PROCON, porém, até o momento nada foi resolvido, razão pela
qual intenta a presente demanda.

DO ENQUADRAMENTO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

A norma que rege a proteção dos direitos do consumidor, define, de forma


cristalina, que o consumidor de produtos e serviços deve ser abrigado das condutas
abusivas de todo e qualquer fornecedor, nos termos do art 3º do referido Código.

No presente caso, tem-se de forma nítida a relação consumerista


caracterizada, conforme redação do Código de defesa do Consumidor:

Lei. 8.078/90 - Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,


pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

Lei. 8.078/90 - Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica


que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

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Assim, uma vez reconhecido o Autor como destinatário final dos
serviços contratados, e demonstrada sua hipossuficiência técnica, tem-se configurada
uma relação de consumo, conforme entendimento doutrinário sobre o tema:

"Sustentamos, todavia, que o conceito de consumidor deve ser


interpretado a partir de dois elementos: a) a aplicação do princípio
da vulnerabilidade e b) a destinação econômica não profissional
do produto ou do serviço. Ou seja, em linha de princípio e tendo em
vista a teleologia da legislação protetiva deve-se identificar o
consumidor como o destinatário final fático e econômico do
produto ou serviço." (MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do
Consumidor. 6 ed. Editora RT, 2016. Versão ebook. pg. 16)

Com esse postulado, o Réu não pode eximir-se das responsabilidades


inerentes à sua atividade, dentre as quais prestar a devida assistência técnica, visto que se
trata de um fornecedor de produtos que, independentemente de culpa, causou danos
efetivos a um de seus consumidores.

DO PRAZO DE GARANTIA

No presente caso, o vício foi detectado em ________ , conforme ________ .


Ou seja, dentro do prazo de garantia contratual do produto que era de ________ da data de
compra, ocorrida em ________ .

Tratando-se de garantia contratual, nos termos do Art. 50 do CDC, não há


qualquer motivo para a negativa do conserto, conforme precedentes sobre o tema:

Consumidor. Defeito do televisor. Responsabilidade da seguradora,


que concedeu garantia estendida. Obrigação de consertar o aparelho
no prazo de 30 dias ou restituir o valor do produto. Dano moral não
configurado. Recurso parcialmente provido. (TJSP; Apelação Cível
1000305-78.2019.8.26.0073; Relator (a): Pedro Baccarat; Órgão

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Julgador: 36ª Câmara de Direito Privado; Foro de Avaré - 1ª Vara
Cível; Data do Julgamento: 29/11/2019; Data de Registro:
29/11/2019, #77247136)

Afinal, ausente qualquer elemento que evidencie mau uso, não se pode
admitir que um produto de R$ ________ , pudesse durar apenas ________ , evidenciando
um vício redibitório.

No presente caso, o vício do produto caracteriza-se como vício oculto, uma


vez que foi constatado somente quando ________ , não podendo-se aplicar o prazo
decadencial contado da entrega.

Trata-se de vício do produto, que o tornou inadequado para o uso a que se


destinava, perceptível somente no momento do uso, sendo responsabilidade dos Réus a
devida reparação, conforme conceitua

"Vício oculto é aquele que já estava presente quando da aquisição


do produto ou do término do serviço, mas que somente se
manifestou algum tempo depois; ou seja, é aquele cuja
identificação não se dá com simples exame pelo
consumidor."(GARCIA, Leonardo. Código de defesa do
consumidor. Juspodvm. 2017. p.397)

Imputa-se ao fornecedor responsabilidade objetiva pela impropriedade


qualitativa ou quantitativa do produto, independente do prazo de garantia, conforme
precedentes sobre o tema:

RECURSOS INOMINADOS. OBRIGACIONAL.


CONSUMIDOR. VÍCIO DO PRODUTO. APARELHO
CELULAR. COMPLEXIDADE DA CAUSA E CONSEQUENTE
INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL QUE NÃO SE
RECONHECEM. LEGITIMIDADE DA ASSISTÊNCIA

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TÉCNICA, NO CASO CONCRETO. OBRIGAÇÃO DE
SUBSTITUIR O BEM. PERDA DE GARANTIA QUE NÃO
PREVALECE. ALEGAÇÃO DE MAU USO AFASTADA.
CRITÉRIO DA VIDA ÚTIL DO BEM. FACILITAÇÃO DA
DEFESA DO CONSUMIDOR. Trata-se de ação de consumo em
que se persegue a troca de aparelho de telefonia celular com cerca
de um ano de uso. Contra a sentença de procedência recorrem o
fabricante e a assistência técnica, afirmando a incompetência do
JEC e a ilegitimidade da segunda recorrente. Competente o JEC, já
que as provas permitem o julgamento e eventual perícia a ser
realizada na Justiça Comum não teria qualquer possibilidade de
determinar a origem do vício. Ora, noschatstrocados entre o
consumidor e a assistência técnica, o preposto desta afirmou: "já sei
o que aconteceu com o seu equipamento", referindo marcas de
corrosão em componentes internos (fl. 10). À fl. 11, porém, referiu:
"é muito difícil saber como a oxidação/exposição aos líquidos
ocorreu." À fl. 12, ratifica que "não temos como saber como a falha
ocorreu". Ora, de que eficácia, pois, seria a perícia, se não há como
afirmar a causa do vício? Além disso, tal afirmação desqualifica,
como é óbvio, a afirmação de mau uso. Portanto, uma vez que é o
consumidor vulnerável técnico, as provas produzidas permitem
o julgamento do mérito e o reconhecimento da obrigação de
repor outro aparelho, tendo em vista não afirmado o mau uso
do aparelho. Nesse aspecto, maneja-se com o designado
"critério da vida útil" do bem, equipamento caríssimo e que
não comporta, nas condições do caso concreto, que tenha vida
útil de cerca de um ano de uso. É legítima para a causa a
assistência técnica autorizada, pois manejou o aparelho, forneceu o
laudo e devolveu o bem com ranhuras e sem parafusos o que até
mesmo torna a defesa de fundo pouco verossímil. Sentença mantida
por seus próprios fundamentos. (TJRS, Recurso Inominado
71007875909, Relator(a): Fabio Vieira Heerdt, Terceira Turma

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Recursal Cível, Julgado em: 21/02/2019, Publicado em:
26/02/2019, #97247136)

APELAÇÃO - "AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE QUANTIA


CERTA POR VÍCIO DO PRODUTO C.C. INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS"- Compra e venda de veículo "zero quilômetro"-
Pleito de restituição da quantia paga, além de indenização pelos
danos morais - Ilegitimidade passiva da concessionária -
Inocorrência - Todos os fornecedores que compõem a cadeia de
produção e comercialização do produto respondem solidariamente
pelos vícios ocultos - Inteligência do art. 18 do CDC - Alegação de
vício do produto - Defeitos mecânicos, sendo necessária a
substituição de peça importada (corpo de borboleta) - Demora na
troca da peça - Responsabilidade das rés caracterizada - Dever
de indenizar evidenciado - Restituição integral e atualizada da
quantia paga pelo consumidor - Inteligência do art. 18, § 1º, II,
do CDC - Dano moral caracterizado - Condenação imposta em 1º
grau, no valor de R$5.000,00, que merece ser mantida - Honorários
advocatícios reduzidos - Sentença reformada neste ponto -
RECURSO DA CORRÉ FORD MOTOR PARCIALMENTE
PROVIDO, DESPROVIDO O RECURSO REMANESCENTE.
(TJ-SP 10146442320138260309 SP 1014644-23.2013.8.26.0309,
Relator: Ana Catarina Strauch, Data de Julgamento: 24/10/2017,
27ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 01/11/2017,
#67247136)

RESPONSABILIDADE CIVIL. ARREMATAÇÃO DE


VEÍCULO. VÍCIO OCULTO. ADULTERAÇÃO DE VEÍCULO.
Decadência do direito de obter redibição ou abatimento do preço.
Inadmissibilidade. Aplicação do § 1º, do art. 445, do CC. Vício
oculto em que o autor teve ciência apenas com a elaboração do
laudo do Instituto de Criminalística. Veículo que não poderia

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ser leiloado por existência de vício oculto (adulteração). Negócio
jurídico anulado. Restituição do valor recebido e despesas
realizadas. Abalo moral configurado. Montante fixado condizente
às circunstâncias do caso concreto e aos princípios da razoabilidade
e proporcionalidade. Juros e correção monetária nos termos do
decidido pelo C. STF no julgamento do RE nº 870947/SE (Tema
810). Recursos conhecidos e não providos, com observação. (TJ-SP
00017291920118260053 SP 0001729-19.2011.8.26.0053, Relator:
Vera Angrisani, Data de Julgamento: 30/11/2017, 2ª Câmara de
Direito Público, Data de Publicação: 30/11/2017, #07247136)

Razão pela qual, devida a indenização pelos danos materiais e morais


sofridos.

DAS PERDAS E DANOS

Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova testemunhal que que


será produzida no presente processo, o nexo causal entre o dano e a conduta da Ré fica
perfeitamente caracterizado pelo ________ , gerando o dever de indenizar, conforme
preconiza o Código Civil:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que,


ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu
fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Nesse mesmo sentido, é a redação do art. 402 do Código Civil que


determina: "salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas
ao credor abrangem, além do que efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de

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lucrar".

No presente caso, toda perda deve ser devidamente indenizada,


especialmente por que a negligência do Réu causou ________ , assim especificado:

________ - R$ ________

________ - R$ ________

A reparação é plenamente devida, em face da responsabilidade civil inerente


ao presente caso.

DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Toda e qualquer reparação civil esta intimamente ligada à responsabilidade


do causador do dano em face do nexo causal presente no caso concreto, o que ficou
perfeitamente demonstrado nos fatos narrados. Sendo devido, portanto, a recuperação do
patrimônio lesado por meio da indenização, conforme leciona a doutrina sobre o tema:

"Reparação de dano. A prática do ato ilícito coloca o que sofreu o


dano em posição de recuperar, da forma mais completa possível, a
satisfação de seu direito, recompondo o patrimônio perdido ou
avariado do titular prejudicado. Para esse fim, o devedor responde
com seu patrimônio, sujeitando-se, nos limites da lei, à penhora de
seus bens." (NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de
Andrade. Código Civil Comentado. 12 ed. Editora RT, 2017.
Versão ebook, Art. 1.196)

Trata-se do dever de reparação ao lesado, com o objetivo de viabilizar o


retorno ao status quo ante à lesão, como pacificamente doutrinado:

"A rigor, a reparação do dano deveria consistir na reconstituição


específica do bem jurídico lesado, ou seja, na recomposição in

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integrum, para que a vítima venha a encontrarse numa situação
tal como se o fato danoso não tivesse acontecido." (PEREIRA,
Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Vol II -
Contratos. 21ª ed. Editora Forense, 2017. Versão ebook, cap. 283)

Motivos pelos quais devem conduzir à indenização ao danos materiais


sofridos, bem como aos lucros cessantes.

DA RESTITUIÇÃO DA QUANTIA PAGA

Diante da demonstração inequívoca do vício e tentativa de sanar sem êxito


junto aos réus, o Código de Defesa do Consumidor assegura, em seu artigo 18, que:

"§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias,


pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em


perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente


atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço."

Portanto, demonstrado que findo o referido prazo, sem que o fornecedor


tenha efetuado qualquer reparação aos danos gerados, dever que foi negado, cabe ao
consumidor a escolha de qualquer das alternativas acima mencionadas.

A doutrina é uníssona nesse sentido:

"Não pode o fornecedor se opor à escolha pelo consumidor das


alternativas postas. É fato que ele, o fornecedor, tem 30 dias. E,
sendo longo ou não, dentro desse tempo, a única coisa que o

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consumidor pode fazer é sofrer e esperar. Porém, superado o prazo
sem que o vício tenha sido sanado, o consumidor adquire, no dia
seguinte, integralmente, as prerrogativas do § 1º ora em comento. E,
como diz a norma, cabe a escolha das alternativas ao consumidor.
este pode optar por qualquer delas, sem ter de apresentar qualquer
justificativa ou fundamento. Basta a manifestação de vontade,
apenas sua exteriorização objetiva. É um querer pelo simples querer
manifestado. (NUNES, Rizzatto. Curso de direito do Consumidor,
Ed. Saraiva. 2005, p. 186)"

Nesse mesmo sentido é o entendimento da jurisprudência sobre o tema:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MATERIAIS E MORAIS - VÍCIO DO PRODUTO - APLICAÇÃO
DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - VÍCIO
CONSTATADO - ALEGAÇÃO DE MAU USO - AUSÊNCIA DE
PROVA - SUBSTITUIÇÃO DO PRODUTO DEVIDA - DANOS
MORAIS - CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO - DESCASO COM O
CONSUMIDOR - REPARAÇÃO DEVIDA. I - Incontroverso o
defeito do produto e ausente prova de que o vício decorreu de mau
uso pela consumidora, mesmo após determinada a inversão do ônus
da prova, mostra-se acertada a condenação do fornecedor/vendedor
a substituir o bem por outro similar ou restituir os valores pagos,
devidamente corrigidos. II - Sem desconhecer do entendimento de
que o mero descumprimento contratual não gera obrigação de
reparar por danos morais, não se pode olvidar de que, uma vez
requerida indenização a esse título, devem ser considerados os
desdobramentos da inadimplência, a fim de se aferir a existência
(ou não) de lesão à honra de um dos contratantes. III - A inércia na
solução do vício do produto relatado pela consumidora, idosa de 85
anos, mesmo após diversas tentativas de solução da pendência junto
às fornecedoras, que incluem acionamento junto ao PROCON e

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Juizado Especial, enseja reparação por danos morais, vez que as
situações vivenciadas vão além de meros aborrecimentos
cotidianos. IV - Ausentes parâmetros legais para fixação do dano
moral, mas consignado no art. 944 do CC/02 que a indenização
mede-se pela extensão do dano, o valor fixado a este título deve
assegurar reparação suficiente e adequada para compensação da
ofensa suportada pela vítima e para desestimular-se a prática
reiterada da conduta lesiva pelo ofensor. (TJ-MG - AC:
10016160025710001 MG, Relator: João Cancio, Data de
Julgamento: 16/05/2017, Câmaras Cíveis / 18ª CÂMARA CÍVEL,
Data de Publicação: 05/06/2017, #97247136)

Desta forma, diante do desgaste ocasionado na relação de consumo com os


réus, tem-se por devida a restituição imediata da quantia despendida, corrigida e atualizada
monetariamente, com fulcro no disposto no inciso II do § 1º do artigo 18, do diploma
consumerista.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Demonstrada a relação de consumo, resta configurada a necessária inversão


do ônus da prova, conforme disposição expressa do Código de Defesa do Consumidor:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: (...) VIII - a facilitação


da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências

A inversão do ônus da prova é consubstanciada na impossibilidade ou


grande dificuldade na obtenção de prova indispensável por parte do Autor, sendo amparada
pelo princípio da distribuição dinâmica do ônus da prova implementada pelo Novo Código
de Processo Civil:

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Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da
causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade
de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade
de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o
ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se
desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

No presente caso a HIPOSSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA fica caracteriza


diante da ________ .

Trata-se da efetiva aplicação do Princípio da Isonomia, segundo o qual,


todos devem ser tratados de forma igual perante a lei, observados os limites de sua
desigualdade. Nesse sentido, a jurisprudência orienta a inversão do ônus da prova para
viabilizar o acesso à justiça:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ORDINÁRIA DE


REVISÃO. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. CONFISSÃO
DE DÍVIDA. INVERSÃO DO ÔNUS A PROVA.
POSSIBILIDADE. HIPOSSUFICIÊNCIA. PRESENTE O
REQUISITO DO ART. 6º, INCISO VIII, DO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR. PRECEDENTES DESTE
TRIBUNAL. RECURSO DESPROVIDO. (a) O Código de Defesa
do Consumidor adotou a teoria da distribuição dinâmica do
ônus da prova. Assim, a inversão do ônus nesse microssistema não
se aplica de forma automática a todas as relações de consumo, mas
depende da demonstração dos requisitos da verossimilhança da
alegação ou da hipossuficiência do 16ª Câmara Cível - TJPR 2

#7247136 Sun Feb 25 20:55:39 2024


consumidor, consoante dispõe o art. 6º, inciso VIII, do Código de
Defesa do Consumidor. Os elementos que constam dos autos são
suficientes para demonstrar que a autora encontrará
dificuldade técnica para comprovar suas alegações em juízo,
uma vez que pretendem a revisão de vários contratos, os quais
não estão em seu poder. (b) Insta salientar que os requisitos da
verossimilhança das alegações e da hipossuficiência não são
cumulativos, portanto, a presença de um deles autoriza a inversão
do ônus da prova. (TJPR - 16ª C.Cível - 0020861-
59.2018.8.16.0000 - Paranaguá - Rel.: Lauro Laertes de Oliveira - J.
08.08.2018, #87247136)

Assim, diante da inequívoca e presumida hipossuficiência, uma vez que


disputa a lide com uma empresa de grande porte, indisponível concessão do direito à
inversão do ônus da prova, que desde já requer.

DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELO DANO MORAL

Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova que junta no presente


processo, a empresa ré deixou de cumprir com sua obrigação primária de cautela e
prudência na atividade, causando constrangimentos indevidos ao Autor.

Não obstante ao constrangimento ilegítimo, as reiteradas tentativas de


resolver a necessidade do Autor ultrapassa a esfera dos aborrecimentos aceitáveis do
cotidiano, uma vez que foi obrigado a buscar informações e ferramentas para resolver
um problema causado pela empresa contratada para lhe dar uma solução.

Assim, no presente caso não se pode analisar isoladamente o


constrangimento sofrido, mas a conjuntura de fatores que obrigaram o Consumidor a buscar
a via judicial. Ou seja, deve-se considerar o grande desgaste do Autor nas reiteradas
tentativas de solucionar o ocorrido sem êxito, gerando o dever de indenizar, conforme
precedentes sobre o tema:

#7247136 Sun Feb 25 20:55:39 2024


Trata-se da necessária consideração dos danos causados pela perda do tempo
útil (desvio produtivo) do consumidor.

DOS DANOS PELO DESVIO PRODUTIVO

Conforme disposto nos fatos iniciais, o Consumidor teve que desperdiçar seu
tempo útil para solucionar problemas que foram causados pela empresa Ré que não
demonstrou qualquer intenção na solução do problema, obrigando o ingresso da
presente ação.

Este desgaste fica perfeitamente demonstrado por meio de ________ .

Este transtorno involuntário é o que a doutrina denomina de DANO PELA


PERDA DO TEMPO ÚTIL, pois afeta diretamente a rotina do consumidor gerando um
desvio produtivo involuntário, que obviamente causam angústia e stress.

Humberto Theodoro Júnior leciona de forma simples e didática sobre o


tema, aplicando-se perfeitamente ao presente caso:

"Entretanto, casos há em que a conduta desidiosa do fornecedor


provoca injusta perda de tempo do consumidor, para solucionar
problema de vício do produto ou serviço. (...) O fornecedor, desta
forma, desvia o consumidor de suas atividades para "resolver um
problema criado" exclusivamente por aquele. Essa circunstância,
por si só, configura dano indenizável no campo do dano moral, na
medida em que ofende a dignidade da pessoa humana e outros
princípios modernos da teoria contratual, tais como a boa-fé
objetiva e a função social: (...) É de se convir que o tempo
configura bem jurídico valioso, reconhecido e protegido pelo
ordenamento jurídico, razão pela qual, "a conduta que
irrazoavelmente o viole produzirá uma nova espécie de dano
existencial, qual seja, dano temporal" justificando a indenização.

#7247136 Sun Feb 25 20:55:39 2024


Esse tempo perdido, destarte, quando viole um "padrão de
razoabilidade suficientemente assentado na sociedade", não pode
ser enquadrado noção de mero aborrecimento ou dissabor."
(THEODORO JÚNIOR, Humberto. Direitos do Consumidor. 9ª ed.
Editora Forense, 2017. Versão ebook, pos. 4016)

Bruno Miragem, no mesmo sentido destaca:

"Por outro lado, vem se admitindo crescentemente, a partir de


provocação doutrinária, a concessão de indenização pelo dano
decorrente do sacrifício do tempo do consumidor em razão de
determinado descumprimento contratual, como ocorre em relação
à necessidade de sucessivos e infrutíferos contatos com o serviço de
atendimento do fornecedor, e outras providências necessárias à
reclamação de vícios no produto ou na prestação de serviços."
(MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor - Editora RT,
2016. versão e-book, 3.2.3.4.1)

Nesse sentido:

"Então, a perda injusta e intolerável do tempo útil do consumidor


provocada por desídia, despreparo, desatenção ou má-fé (abuso de
direito) do fornecedor de produtos ou serviços deve ser entendida
como dano temporal (modalidade de dano moral) e a conduta que o
provoca classificada como ato ilícito. Cumpre reiterar que o ato
ilícito deve ser colmatado pela usurpação do tempo livre,
enquanto violação a direito da personalidade, pelo afastamento do
dever de segurança que deve permear as relações de consumo,
pela inobservância da boa-fé objetiva e seus deveres anexos, pelo
abuso da função social do contrato (seja na fase pré-contratual,
contratual ou pós-contratual) e, em último grau, pelo desrespeito
ao princípio da dignidade da pessoa humana." (GASPAR, Alan

#7247136 Sun Feb 25 20:55:39 2024


Monteiro. Responsabilidade civil pela perda indevida do tempo útil
do consumidor. Revista Síntese: Direito Civil e Processual Civil, n.
104, nov-dez/2016, p. 62)

O STJ, nessa linha de entendimento já reconheceu o direito do consumidor à


indenização pelo desvio produtivo diante do desperdício do tempo do consumidor para
solucionar um problema gerado pelo fornecedor, afastando a idéia do mero aborrecimento,
in verbis:

"Adoção, no caso, da teoria do Desvio Produtivo do


Consumidor, tendo em vista que a autora foi privada de tempo
relevante para dedicar-se ao exercício de atividades que melhor
lhe aprouvesse, submetendo-se, em função do episódio em
cotejo, a intermináveis percalços para a solução de problemas
oriundos de má prestação do serviço bancário. Danos morais
indenizáveis configurados. (...) Com efeito, tem-se como
absolutamente injustificável a conduta da instituição financeira em
insistir na cobrança de encargos fundamentadamente impugnados
pela consumidora, notório, portanto, o dano moral por ela
suportado, cuja demonstração evidencia-se pelo fato de ter sido
submetida, por longo período [por mais de três anos, desde o início
da cobrança e até a prolação da sentença], a verdadeiro calvário
para obter o estorno alvitrado, cumprindo prestigiar no caso a teoria
do Desvio Produtivo do Consumidor, por meio da qual sustenta
Marcos Dessaune que todo tempo desperdiçado pelo consumidor
para a solução de problemas gerados por maus fornecedores
constitui dano indenizável, ao perfilhar o entendimento de que a
"missão subjacente dos fornecedores é - ou deveria ser - dar ao
consumidor, por intermédio de produtos e serviços de qualidade,
condições para que ele possa empregar seu tempo e suas
competências nas atividades de sua preferência. Especialmente no
Brasil é notório que incontáveis profissionais, empre sas e o próprio

#7247136 Sun Feb 25 20:55:39 2024


Estado, em vez de atender ao cidadão consumidor em observância à
sua missão, acabam fornecendo-lhe cotidianamente produtos e
serviços defeituosos, ou exercendo práticas abusivas no mercado,
contrariando a lei. Para evitar maiores prejuízos, o consumidor se
vê então compelido a desperdiçar o seu valioso tempo e a desviar as
suas custosas competências - de atividades como o trabalho, o
estudo, o descanso, o lazer - para tentar resolver esses problemas de
consumo, que o fornecedor tem o dever de não causar. Tais
situações corriqueiras, curiosamente, ainda não haviam merecido a
devida atenção do Direito brasileiro. Trata-se de fatos nocivos que
não se enquadram nos conceitos tradicionais de 'dano material', de
'perda de uma chance' e de 'dano moral' indenizáveis. Tampouco
podem eles (os fatos nocivos) ser juridicamente banalizados como
'meros dissabores ou percalços' na vida do consumidor, como vêm
entendendo muitos juristas e tribunais." [2http://revistavisaoj
uridica.uol. com.br/advogados-leis-j urisprudencia/71/desvio-
produto-doconsumidor-tese-do-advogado-marcos -ddessaune-
255346-1. asp] .(...). (AREsp 1.260.458/SP - Ministro Marco
Aurélio Bellizze)

A jurisprudência, no mesmo sentido, ancora o posicionamento de que o


desvio produtivo ocasionado pela desídia de uma empresa deve ser indenizada, conforme
predomina a jurisprudência:

RELAÇÃO DE CONSUMO - DIVERGÊNCIA DO PRODUTO


ENTREGUE - OBRIGAÇÃO DE FAZER CONSISTENTE NA
ENTREGA DO PRODUTO EFETIVAMENTE ANUNCIADO
PELA RÉ E ADQUIRIDO PELO CONSUMIDOR -
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - RECONHECIMENTO.
(...) Caracterizados restaram os danos morais alegados pelo
Recorrido diante do "desvio produtivo do consumidor", que se
configura quando este, diante de uma situação de mau atendimento,

#7247136 Sun Feb 25 20:55:39 2024


é obrigado a desperdiçar o seu tempo útil e desviar-se de seus
afazeres à resolução do problema, e que gera o direito à reparação
civil. E o quantum arbitrado (R$ 3.000,00), em razão disso, longe
está de afrontar o princípio da razoabilidade, mormente pelo
completo descaso da Ré, a qual insiste em protrair a solução do
problema gerado ao consumidor. 3. Recurso conhecido e não
provido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos, ex vi do
art. 46 da Lei nº 9.099/95. Sucumbente, arcará a parte recorrente
com os honorários advocatícios da parte contrária, que são fixados
em 20% do valor da condenação a título de indenização por danos
morais. (TJSP; Recurso Inominado 0003780-72.2017.8.26.0156;
Relator (a): Renato Siqueira De Pretto; Órgão Julgador: 1ª Turma
Cível e Criminal; Foro de Jundiaí - 4ª. Vara Cível; Data do
Julgamento: 12/03/2018; Data de Registro: 12/03/2018, #17247136)

APELAÇÃO - AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C.C.


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - CONSUMIDOR
DEMANDANTE INDEVIDAMENTE COBRADO, POR DÉBITO
REGULARMENTE SATISFEITO - Completo descaso para com as
reclamações do autor - Situação em que há de se considerar as
angústias e aflições experimentadas pelo autor, a perda de tempo e
o desgaste com as inúmeras idas e vindas para solucionar a questão
- Hipótese em que tem aplicabilidade a chamada teoria do desvio
produtivo do consumidor - Inequívoco, com efeito, o sofrimento
íntimo experimentado pelo autor, que foge aos padrões da
normalidade e que apresenta dimensão tal a justificar proteção
jurídica - Indenização que se arbitra na quantia de R$ 5.000,00, à
luz da técnica do desestímulo. (...) (TJSP; Apelação 1027480-
84.2016.8.26.0224; Relator (a): Ricardo Pessoa de Mello Belli;
Órgão Julgador: 19ª Câmara de Direito Privado; Foro de Guarulhos
- 8ª Vara Cível; Data do Julgamento: 05/03/2018; Data de Registro:
13/03/2018, #37247136)

#7247136 Sun Feb 25 20:55:39 2024


RELAÇÃO DE CONSUMO - VÍCIO OCULTO NO
PRODUTO(SOFÁ) - OBSERVÂNCIA DO CRITÉRIO DA VIDA
ÚTIL DO BEM DURÁVEL -DESVIO PRODUTIVO DO
CONSUMO - INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E
MORAIS - RECONHECIMENTO. 1. (...) Caracterizados restaram,
ainda, os danos morais asseverados pelo Recorrido diante do
"desvio produtivo do consumidor", que se configura quando este,
diante de uma situação de mau atendimento, é obrigado a
desperdiçar o seu tempo útil e desviar-se de seus afazeres, e que
gera o direito à reparação civil. E o quantum arbitrado (R$
2.000,00), em razão disso, longe está de afrontar o princípio da
razoabilidade, mormente pelo completo descaso da Ré, loja de
envergadura nacional, para com o seu cliente. 3. Recurso conhecido
e não provido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos, ex
vi do art. 46 da Lei nº 9.099/95. Sucumbente, arcará a parte
Recorrente com os honorários advocatícios da parte contrária, que
são fixados em 20% do valor total da condenação. (TJSP; Recurso
Inominado 1000711-15.2017.8.26.0156; Relator (a): Renato
Siqueira De Pretto; Órgão Julgador: 1ª Turma Cível e Criminal;
Foro de Ribeirão Preto - 2ª. Vara Cível; Data do Julgamento:
05/02/2018; Data de Registro: 05/02/2018, #67247136)

Trata-se de notório desvio produtivo caracterizado pela perda do tempo que


lhe seria útil ao descanso, lazer ou de forma produtiva, acaba sendo destinado na solução
de problemas de causas alheias à sua responsabilidade e vontade.

A perda de tempo de vida útil do consumidor, em razão da falha da prestação


do serviço não constitui mero aborrecimento do cotidiano, mas verdadeiro impacto
negativo em sua vida, devendo ser INDENIZADO.

#7247136 Sun Feb 25 20:55:39 2024


DO QUANTUM INDENIZATÓRIO

O quantum indenizatório deve ser fixado de modo a não só garantir à parte


que o postula a recomposição do dano em face da lesão experimentada, mas igualmente
deve, servir de reprimenda àquele que efetuou a conduta ilícita, como assevera a doutrina:

"Com efeito, a reparação de danos morais exerce função diversa


daquela dos danos materiais. Enquanto estes se voltam para a
recomposição do patrimônio ofendido, por meio da aplicação da
fórmula "danos emergentes e lucros cessantes" (CC, art. 402),
aqueles procuram oferecer compensação ao lesado, para
atenuação do sofrimento havido. De outra parte, quanto ao
lesante, objetiva a reparação impingir-lhe sanção, a fim de que
não volte a praticar atos lesivos à personalidade de outrem."
(BITTAR, Carlos Alberto. Reparação Civil por Danos Morais. 4ª
ed. Editora Saraiva, 2015. Versão Kindle, p. 5423)

Neste sentido é a lição do Exmo. Des. Cláudio Eduardo Regis de Figueiredo


e Silva, ao disciplinar o tema:

"Importa dizer que o juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar


uma quantia que, de acordo com o seu prudente arbítrio, seja
compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade
e duração do sofrimento experimentado pela vítima, a capacidade
econômica do causador do dano, as condições sociais do ofendido,
e outras circunstâncias mais que se fizerem presentes" (Programa
de responsabilidade civil. 6. ed., São Paulo: Malheiros, 2005. p.
116). No mesmo sentido aponta a lição de Humberto Theodoro
Júnior: [...] "os parâmetros para a estimativa da indenização
devem levar em conta os recursos do ofensor e a situação
econômico-social do ofendido, de modo a não minimizar a sanção a
tal ponto que nada represente para o agente, e não exagerá-la,

#7247136 Sun Feb 25 20:55:39 2024


para que não se transforme em especulação e enriquecimento
injustificável para a vítima. O bom senso é a regra máxima a
observar por parte dos juízes" (Dano moral. 6. ed., São Paulo:
Editora Juarez de Oliveira, 2009. p. 61). Complementando tal
entendimento, Carlos Alberto Bittar, elucida que"a indenização
por danos morais deve traduzir-se em montante que represente
advertência ao lesante e à sociedade de que se não se aceita o
comportamento assumido, ou o evento lesivo
advindo.Consubstancia-se, portanto, em importância compatível
com o vulto dos interesses em conflito, refletindo-se, de modo
expresso, no patrimônio do lesante, a fim de que sinta,
efetivamente, a resposta da ordem jurídica aos efeitos do resultado
lesivo produzido. Deve, pois, ser quantia economicamente
significativa, em razão das potencialidades do patrimônio do
lesante"(Reparação Civil por Danos Morais, RT, 1993, p. 220).
Tutela-se, assim, o direito violado. (TJSC, Recurso Inominado n.
0302581-94.2017.8.24.0091, da Capital - Eduardo Luz, rel. Des.
Cláudio Eduardo Regis de Figueiredo e Silva, Primeira Turma de
Recursos - Capital, j. 15-03-2018, #97247136)

Ou seja, enquanto o papel jurisdicional não fixar condenações que sirvam


igualmente ao desestímulo e inibição de novas práticas lesivas, situações como estas
seguirão se repetindo e tumultuando o judiciário.

Portanto, cabível a indenização por danos morais, E nesse sentido, a


indenização por dano moral deve representar para a vítima uma satisfação capaz de
amenizar de alguma forma o abalo sofrido e de infligir ao causador sanção e alerta para que
não volte a repetir o ato, uma vez que fica evidenciado completo descaso aos transtornos
causados.

#7247136 Sun Feb 25 20:55:39 2024


DA JUSTIÇA GRATUITA

Atualmente o autor é ________ , tendo sob sua responsabilidade a


manutenção de sua família, razão pela qual não poderia arcar com as despesas processuais.

Para tal benefício o autor junta declaração de hipossuficiência e


comprovante de renda, os quais demonstram a inviabilidade de pagamento das custas
judicias sem comprometer sua subsistência, conforme clara redação do Art. 99 Código de
Processo Civil de 2015.

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na


petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro
no processo ou em recurso.

§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância,


o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do
próprio processo, e não suspenderá seu curso.

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos


elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a
concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos.

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida


exclusivamente por pessoa natural.

Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por lei, faz jus o
Requerente ao benefício da gratuidade de justiça:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE SEGURANÇA


- JUSTIÇA GRATUITA - Assistência Judiciária indeferida -
Inexistência de elementos nos autos a indicar que o impetrante

#7247136 Sun Feb 25 20:55:39 2024


tem condições de suportar o pagamento das custas e despesas
processuais sem comprometer o sustento próprio e familiar,
presumindo-se como verdadeira a afirmação de hipossuficiência
formulada nos autos principais - Decisão reformada - Recurso
provido. (TJSP; Agravo de Instrumento 2083920-
71.2019.8.26.0000; Relator (a): Maria Laura Tavares; Órgão
Julgador: 5ª Câmara de Direito Público; Foro Central - Fazenda
Pública/Acidentes - 6ª Vara de Fazenda Pública; Data do
Julgamento: 23/05/2019; Data de Registro: 23/05/2019

Cabe destacar que o a lei não exige atestada miserabilidade do requerente,


sendo suficiente a "insuficiência de recursos para pagar as custas, despesas processuais e
honorários advocatícios"(Art. 98, CPC/15), conforme destaca a doutrina:

"Não se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem


tampouco se fala em renda familiar ou faturamento máximos. É
possível que uma pessoa natural, mesmo com bom renda mensal,
seja merecedora do benefício, e que também o seja aquela sujeito
que é proprietário de bens imóveis, mas não dispõe de liquidez. A
gratuidade judiciária é um dos mecanismos de viabilização do
acesso à justiça; não se pode exigir que, para ter acesso à justiça,
o sujeito tenha que comprometer significativamente sua renda, ou
tenha que se desfazer de seus bens, liquidando-os para angariar
recursos e custear o processo." (DIDIER JR. Fredie. OLIVEIRA,
Rafael Alexandria de. Benefício da Justiça Gratuita. 6ª ed. Editora
JusPodivm, 2016. p. 60)

"Requisitos da Gratuidade da Justiça. Não é necessário que a


parte seja pobre ou necessitada para que possa beneficiar-se da
gratuidade da justiça. Basta que não tenha recursos suficientes
para pagar as custas, as despesas e os honorários do processo.
Mesmo que a pessoa tenha patrimônio suficiente, se estes bens não

#7247136 Sun Feb 25 20:55:39 2024


têm liquidez para adimplir com essas despesas, há direito à
gratuidade." (MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio
Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil
comentado. 3ª ed. Revista dos Tribunais, 2017. Vers. ebook. Art.
98)

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e
pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça ao requerente.

DA GRATUIDADE DOS EMOLUMENTOS

O artigo 5º, incs. XXXIV e XXXV da Constituição Federal assegura a todos


o direito de acesso à justiça em defesa de seus direitos, independente do pagamento de
taxas, e prevê expressamente ainda que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito.

Ao regulamentar tal dispositivo constitucional, o Código de Processo Civil


prevê:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei.

§ 1º A gratuidade da justiça compreende:


(...)

IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em


decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer
outro ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à
continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido
concedido.

#7247136 Sun Feb 25 20:55:39 2024


Portanto, devida a gratuidade em relação aos emolumentos extrajudiciais
exigidos pelo Cartório. Nesse sentido são os precedentes sobre o tema:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. BENEFICIÁRIO


DA AJG. EXECUÇÃO DE SENTENÇA. REMESSA À
CONTADORIA JUDICIAL PARA CONFECÇÃO DE
CÁLCULOS. DIREITO DO BENEFICIÁRIO
INDEPENDENTEMENTE DA COMPLEXIDADE. 1. Esta Corte
consolidou jurisprudência no sentido de que o beneficiário da
assistência judiciária gratuita tem direito à elaboração de cálculos
pela Contadoria Judicial, independentemente de sua complexidade.
Precedentes. 2. Recurso especial a que se dá provimento. (STJ -
REsp 1725731/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 05/11/2019, DJe 07/11/2019, #37247136)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. JUSTIÇA GRATUITA.


EMOLUMENTOS DE CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL.
ABRANGÊNCIA. Ação de usucapião. Decisão que indeferiu o
pedido de isenção dos emolumentos, taxas e impostos devidos para
concretização da transferência de propriedade do imóvel objeto da
ação à autora, que é beneficiária da gratuidade da justiça. Benefício
que se estende aos emolumentos devidos em razão de registro
ou averbação de ato notarial necessário à efetivação de decisão
judicial (art. 98, § 1º, IX, do CPC). (...). Decisão reformada em
parte. AGRAVO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSP; Agravo de
Instrumento 2037762-55.2019.8.26.0000; Relator (a): Alexandre
Marcondes; Órgão Julgador: 3ª Câmara de Direito Privado; Foro de
Santos - 10ª Vara Cível; Data do Julgamento: 14/08/2014; Data de
Registro: 22/03/2019)

Assim, por simples petição, uma vez que inexistente prova da condição
econômica do Requerente, requer o deferimento da gratuidade dos emolumentos

#7247136 Sun Feb 25 20:55:39 2024


necessários para o deslinde do processo.

DO PEDIDO

Ante o exposto, requer:

1. A concessão da Gratuidade Judiciária nos termos do art. 98


do Código de Processo Civil;

2. A citação do réu, na pessoa de seu representante legal, para,


querendo responder a presente demanda;

3. A procedência do pedido, com a condenação do requerido


ao ressarcimento imediato das quantias pagas, no valor de
R$ ________ , bem como à indenização de danos materiais
no valor de R$ ________ e lucros cessantes no valor de R$
________ , acrescidas ainda de juros e correção monetária,

4. Seja o requerido condenada a pagar ao requerente um


quantum a título de danos morais não inferior o ________ ,
considerando as condições das partes, principalmente o
potencial econômico-social da lesante, a gravidade da lesão,
sua repercussão e as circunstâncias fáticas;

5. A condenação do requerido em custas judiciais e honorários


advocatícios;

6. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidas e cabíveis à espécie, especialmente pelos
documentos acostados;

7. Por fim, manifesta que ________ na audiência conciliatória,


nos termos do Art. 319, inc. VII do CPC.

#7247136 Sun Feb 25 20:55:39 2024


Termos em que, pede deferimento.

Valor da causa R$ ________

________ , ________ .

________

ANEXOS

1. Comprovante de renda

2. Declaração de hipossuficiência

3. Documentos de identidade do Autor (RG e CPF)

4. Comprovante de residência

5. Procuração

6. Prova da compra

7. Prova dos vícios

8. Provas da solicitação do consumidor

9. Provas da negativa de solução

#7247136 Sun Feb 25 20:55:39 2024

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