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NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

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AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE JEQUIÉ -


BA

JOÃO CARMERINDO DE SOUZA , brasileiro,


solteiro, maior, vendedor, portador de RG n°0000000000 SSP/BA,
inscrito no CPF/MF sob o n° 000.000.000-00, filho de José Ferreira de
Souza e Girlene Nunes Carmerindo, natural de Jequié-BA, nascido em
12 de novembro de 1994, residente e domiciliado na Urbis IV,
Caminho 59, n°7, Jequié – Bahia, CEP: 45208-713, vem, por seu
advogado, profissional constituído conforme instrumento procuratório
anexo, perante V. Exª., com supedâneo na Lei N° 8.078/90, art. 6° e
seguintes úteis e Lei N° 10.416/2002, art. 186° e demais úteis,
propor a seguinte

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE DANOS MORAIS E MATERIAIS

aduzindo, para tanto, as seguintes razões fáticas e jurídicas:

OS FATOS:

João Carmerindo de Souza, visando aumentar e melhorar


sua capacidade de transporte de mercadorias, adquiriu uma van, modelo
Renoult Master L1H1 5P, no valor, pago a vista, de R$120.000,00 (cento e
vinte mil reais), valor este que vinha sendo poupado, durante seus últimos
5 anos, com o único objetivo de adquirir um veículo que o ajudasse a
alavancar suas vendas. O veículo foi comprado na Concessionária Cidade
Sol, Rua 1° de Abril, N° 789, Joaquim Romão, Jequié – BA, CEP: 45.000-
00, no dia 1° de Abril de 2022, dois dias após a aquisição o veículo
começou a apresentar defeitos, o carro “deslanchava” e em seguida
“morria”, dentre outros.

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Depois de inúmeras tentativas falhas de contato com a concessionária


para solucionar o problema, o autor se viu obrigado a se dirigir até as
mecânicas autorizadas mais próximas, situadas nas cidades de Vitória da
Conquista e Itabuna, custeando para tanto, além dos concertos
necessários, todo o combustível gasto durante o percurso. Tais custos se
encontram provados vide comprovantes em anexo.

Conforme laudo anexo expedido pela mecânica autorizada, o veículo


tinha um “problema no bico injetor o qual acarretava na mistura de água e
óleo no momento da lubrificação do motor”. Foi gasto inicialmente
R$10.000,00 (dez mil reais), incluindo peças e mão de obra, neste
serviço.

Pouco tempo após o primeiro conserto, já na cidade de Aracaju – SE,


enquanto se dirigia para entregar mercadorias em diversas cidades da
Bahia e Sergipe, a vítima se deparou com outro problema crônico
apresentado no veículo, novamente o carro voltava a apresentar o mesmo
problem. Como se não fosse prejuízo suficiente, além do valor de
R$20.000,00 (vinte mil reais) desembolsado no segundo conserto, o ora
autor foi impedido de realizar suas vendas dentro do prazo estipulado,
motivo esse que o impediu de receber cerca de R$100.000,00 reais que
seriam pagos ao entregar as mercadorias.

Todos os valores citados se encontram devidamente comprovados


por comprovantes em anexo.

DOS FUNDAMENTOS:

1. Para a legislação consumerista, o defeito, também denominado


fato do produto é o vício que transcende o objeto da relação jurídica
atingindo diretamente o consumidor, na sua esfera moral ou
patrimonial. Deste modo, assevera o CDC:

Art. 12: O fabricante, o produtor, o construtor, nacional


ou estrangeiro, e o importador respondem,
independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção,
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por

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informações insuficientes ou inadequadas sobre sua


utilização e riscos.

§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a


segurança que dele legitimamente se espera, levando -se
em consideração as circunstâncias relevantes, entre as
quais:

I - Sua apresentação;

II - O uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - A época em que foi colocado em circulação

2. Para Marcus Vinicius Fernandes Andrade Silva: (SODRÉ,


Marcelo Gomes; Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 1
Editora Verbatim, 2009.):

“O fato do produto gera um dano que extrapola o


objeto da relação. Geralmente tal hipótese
ocasiona a lesão além da esfera patrimonial do
objeto da relação. Tanto que nesta categoria é de
maior frequência de responsabilização por dano
moral, do que em relação a responsabilidade por
vicio. Há de ser considerado o potencial de
danosidade desta categoria, tende acarretar riscos
à saúde e a segurança do consumidor”

DO DANO MORAL E DA REPARAÇÃO CIVIL:

3. O ora autor está passando por diversos infortúnios em razão


do evento danoso. O ocorrido ultrapassou sua esfera patrimonial e
alcançou a sua dignidade.

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4. Dispõe no código de defesa do consumidor, ser direito básico a


saúde, além de ser direito fundamental assegurado pela carta
política. Nestes termos assevera o CDC e CF, nesta ordem:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção


da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados
por práticas no fornecimento de produtos e serviços
considerados perigosos ou nocivos;

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,


garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e
ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação.

5. A empresa acionada não observou este preceito de suma


relevância no momento que vendeu o automóvel que não oferecia
condições de uso.

6. Para Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (2003. Pg.55) “O dano


moral é a lesão de direitos cujo conteúdo não é pecuniário, nem
comercialmente redutível a dinheiro”. Logo, sempre que alguém por
conduta comissiva ou omissiva gera dano à terceiro, tem o dever de
indeniza -lo.

7. O dano moral perpassa o patrimônio do indivíduo e atinge o


seu íntimo da forma mais violenta. Nestes moldes, preleciona o
código civil, in verbis:

Art. 18: Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a


outrem, fica obrigado a repará-lo.

8. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou

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quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano


implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

9. Inicialmente, cumpre salientar que a presente pretensão tem


por fundamento a lei N° 8.078/90, art. 6° e seguintes úteis e Lei N°
10.406/2002, art. 186° e demais úteis, que dispõe em seu caput:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito”

De acordo com o Art. 6º São direitos básicos do


consumidor:

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos


patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;”

10. O inciso VI trata da efetividade dos direitos dos consumidores.


Compreende aí prevenção e reparação de danos. Sopesa os danos
patrimoniais e morais dos consumidores - individual e
coletivamente.

11. Percebe-se neste artigo a importância dos meios de defesa


dos direitos do consumidor, assim como de instrumentos que
auxiliem o CDC a ter a contemporaneidade de moldar os
comportamentos dos fornecedores no mercado de consumo. Esta lei
garante, o não proveito econômico do ilícito pelo fornecedor.
Reparação e prevenção têm em comum, assim, o fato de a estrutura
do binômio comando/sanção - que ainda que logicamente funcione
como uma relação imediata - depender, na prática, de diversos
mediadores, desde a interpretação legal até a organização
encarregada para a aplicação do direito. Dizem então, prevenção e
reparação, da efetividade desses mediadores como pressupostos da
efetividade do próprio CDC.

12. Carlos Roberto Gonçalves define a responsabilidade civil como


o dever jurídico secundário de reparar o dano decorrente do
descumprimento do dever jurídico primário de não lesar.

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13. Temos então uma garantia constitucional que obriga o


causador do dano proveniente de ato ilícito a prestar reparação na
extensão do dano como indica o art. 927 do CC

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”

14. Desse modo, relacionado ao ilícito civil, entenda-se a


transgressão de um devedor jurídico, a antijuridicidade, para que
reste configurada a responsabilidade subjetiva, é necessária a
demonstração dos elementos de ato intencional, ou omissivo, dano,
culpa do agente ofensor e nexo de causalidade entre estes.

ANTE O EXPOSTO, requer de V.Exª que:

I. Julgue procedente o pedido ora formulado de INDENIZAÇÃO


DE DANOS MORAIS E MATERIAI;

II. A citação da Requerida no endereço informado, para querendo,


responder no prazo legal, sob pena de revelia e confissão;

III. Que seja deferida a inversão do ônus da prova, diante do


artigo 6, VIII, do Código de Defesa do Consumidor;

IV. Designação de audiência de conciliação, com fulcro no artigo


334 do Código de Processo Civil.

V. Julgados procedentes os pedidos, para condenar a Requerida


ao pagamento de R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais), a título
de danos materiais, devidamente corrigidos, visto a ausência da
mínima qualidade do produto nos moldes contratados; e R$
120.000,00 (cento e vinte mil reais) a título de danos morais.

Dá-se à causa o valor de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais).

Nestes Termos,

Pede e Espera Deferimento.

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Jequié, 28 de Abril de 2022.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXx

OAB/BA N° xx.xxx

Estagiários NPJ: Ângelo Mauro Miranda Batista, Sergio Andrade Fonseca


Filho, Danillo Silva Meira, Matheus da Silva Lopes, e Joao Antônio
Nascimento dos Santos.

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