Você está na página 1de 7

_____________________________________________________________________

EXELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DO JUIZADO


ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE IGUATU/CE.

FERNANDO ARAUJO DE SOUZA, brasileiro, dentista, casado, inscrito no CPF


sob o nº 635.487.473-53 e RG 20076862369 SSP/CE, Residente e Domiciliado
na Rua Floriano Peixoto, 300, Sem Bairro, Iguatu -, CEP 63500-005, Vem à
presença de Vossa Excelência, por intermédio de seus advogados subscritos e
procuração anexa, com escritório na Rua Deoclecio Lima Verde, nº 37,
apartamento nº 12, bairro Areias I, CEP 63508-010, Iguatu/CE, endereço que
indica para fins do art. 77, V, do Código de Processo Civil, ajuizar AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR NEGATIVAÇÃO INDEVIDA COM REPARAÇÃO POR
DANOS MORAIS, em face da empresa BANCO CETELEM S.A, pessoa
jurídica de direito privado, com CNPJ nº 00.558.456/0001-71, com sede na
Alameda Rio Negro, 161, 17º Andar, Bairro Alphaville Industrial, Barueri/ SP,
CEP: 06454-000, pelos expostos a seguir.

DOS FATOS

No final de 2019 o autor foi surpreendido com cobranças de anuidades


de um cantão de credito que tinha vencido e que não havia recebido um novo e
portanto não fazia mais uso.

Entrou em contato e não foi resolvido o problema, mas com medo de ser
negativado, o autor pagou essas cobranças indevidas.

No início de 2020 o autor ingressou com uma ação de reparação de


danos neste mesmo juizado e em 28 de outubro de 2020 teve transitada e
julgada a sentença na qual foi reconhecida com indevidas as cobranças e foi
sentenciada pelo MM juiz com a reparação em dobro dos débitos e mais uma
reparação moral.

Ocorre excelência que a empresa condenada no processo de nº


3000482-72.2020.8.06.0091, B2W companhia digital, que é do mesmo grupo
do Banco Cetelem, usando de total má fé, se manifestou informando que havia
cumprido com a obrigação de pagamento no processo no dia 24 de novembro
de 2020 no id 21576248, mas após o autor se dirigir a agencia para
levantamento de alvará, foi informado pelo banco de que não havia sido
realizado nenhum pagamento.

Av. Deoclecio Lima Verde, 37, SALA 12, Areias – Iguatu/CE – CEP 63508-010.
Tel.: Esdra Uchoa (88)999213290 / Breno Chaves (88)996354857- chaveseuchoa@gmail.com
_____________________________________________________________________
Mesmo depois de fazer pouco caso deste juizado e da sentença do MM
juiz, o desrespeito não parou por aí, o autor passou a receber mais uma vez,
cobranças de um cartão que já não tinha desde de 2019.

O banco Cetelem, não satisfeito, teve a ousadia de incluir o autor no


cadastro de inadimplentes agora no ano de 2021.

Excelência, esta é uma afronta que já passou de todos os limites, 2 anos


de cobranças indevidas e agora uma inclusão no cadastro de devedores.
É notório o prejuízo causado pelo demandado no bom nome do
demandante e fica muito cristalino a ma-fé e a sensação de impunidade, visto
que além das cobranças indevidas o demandado afronta até a decisão do MM
juiz em cobranças anteriores.

Desta forma, resta notório o prejuízo causado o requerente, que foi


vítima de negativação indevida. O autor inconformado e extremamente
frustrado com a situação em que fora colocado pelo requerido, através de total
má-fé, na tentativa de enriquecimento ilícito, após ter tentado diversos meios
de resolução do ocorrido, todos infrutíferos, não vê alternativa, senão, ingressar
neste juízo para resolução de seu problema.

DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

O presente caso é típico de relação de consumo, por se tratar de


serviço oferecido e fornecido, mediante remuneração, no mercado de
consumo, destinado a pessoas físicas e jurídicas, senão, vejamos o disposto
nos artigos 2.º e 3.º do Código de Defesa do Consumidor , in verbis:

“Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que


adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas
relações de consumo.

Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou


privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou


imaterial.

§ 2º serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de


consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Av. Deoclecio Lima Verde, 37, SALA 12, Areias – Iguatu/CE – CEP 63508-010.
Tel.: Esdra Uchoa (88)999213290 / Breno Chaves (88)996354857- chaveseuchoa@gmail.com
_____________________________________________________________________
Assim sendo, deve-se incidir à espécie as disposições do Código
de Defesa do Consumidor, por ser essa relação com a empresa uma relação
consumerista.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Tendo em vista a verossimilhança das alegações, conforme


documentos acostados a inicial, bem como a inegável hipossuficiência técnica
e a vulnerabilidade do consumidor, mister se faz que Vossa Excelência se
digne em decretar a inversão do ônus probatório exonerando a parte autora
de provar os fatos constitutivos de seu direito, com fulcro na norma posto no
inciso VIII, artigo 6º do Diploma Consumerista.

A verossimilhança consiste na apresentação de fato verossímil ao


juízo, plausível e convincente, que comprovam o real prejuízo ao consumidor,
um patamar na escala do convencimento, a qual demanda a presunção de
certeza da verdade, o qual se baseia nesta ação por todo conjunto probatório
anexado.

Logo, é ilógico o autor permanecer com seu nome negativado, já


que nada deve.

DO DANO MORAL

Em decorrência deste erro crasso, o requerente foi submetido a


constrangimento ilegal, angustiante, tendo sua moral e nome na praça
abalados, face à negativação, sendo devido o dano moral.

Da atitude da Demandada de negativar indevidamente, é


indubitável a necessidade de fixação de indenização por danos morais,
eis que atingido o bem juridicamente tutelado da honra e a tranquilidade da
demandante.

Todo este fato gerou a autora um enorme abalo psicológico e


perca de seu tempo, além de estar com seu nome negativado, sem ter
crédito no comércio.

Além disso, a Constituição Federal de 1988 preceitua em seu


artigo 5º, inciso X, que:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:

(...)

Av. Deoclecio Lima Verde, 37, SALA 12, Areias – Iguatu/CE – CEP 63508-010.
Tel.: Esdra Uchoa (88)999213290 / Breno Chaves (88)996354857- chaveseuchoa@gmail.com
_____________________________________________________________________
X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;

Desta forma, o Requerido, afrontou o texto constitucional  acima


transcrito, por isso, deve ser condenado à respectiva indenização pelo dano
moral sofrido pelo requerente.

À luz do artigo 186 do Código Civil, “aquele que, por ação ou


omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

Para que se caracterize o dano moral, é imprescindível que haja:

a) ato ilícito, causado pelo agente, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência;

b) ocorrência de um dano de ordem patrimonial ou moral;

c) nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente.

Evidente, pois, que devem ser acolhidos os danos morais


suportados, visto que, em razão de tais fatos, decorrente da culpa única e
exclusiva da empresa, a requerente teve a sua moral afligida.

Preconiza o Art. 927 do Código Civil, in verbis:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Com efeito, o Código de Defesa do Consumidor  (lei nº. 8.078/90)


também prevê o dever de reparação em seu art. 6º, incisos VI e VII:

VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e


morais, individuais, coletivos e difusos;

VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com


vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a
proteção jurídica, administrativa e técnicas aos necessitados.

Ademais, não se pode deixar de conceder compensações


psicológicas ao ofendido moralmente que, obtendo a legítima reparação
satisfatória, poderá, porventura, ter os meios ao seu alcance de encontrar
substitutivos, ou alívios, ainda que incompletos, para todo seu estresse e
sofrimento. Já que, dentro da natureza das coisas, não pode o que sofreu
lesão moral recompor o "status quo ante" restaurando o bem jurídico imaterial
da honra, da moral, da autoestima agredidos.

Av. Deoclecio Lima Verde, 37, SALA 12, Areias – Iguatu/CE – CEP 63508-010.
Tel.: Esdra Uchoa (88)999213290 / Breno Chaves (88)996354857- chaveseuchoa@gmail.com
_____________________________________________________________________
Em que pese o grau de subjetivismo que envolve o tema da fixação
da reparação, vez que não existem critérios determinados e fixos para a
quantificação do dano moral, a reparação do dano há de ser fixada em
montante que desestimule o ofensor a repetir pela terceira vez o
cometimento do ilícito, e que no caso em tela é reincidente.

Para tanto, o valor a ser arbitrado não pode ser meramente


simbólico, ou seja, num patamar tão insignificante que não represente agravo
ao agente lesante, notadamente, quando cometido por instituições que
possuem grande porte econômico (função punitiva), além disso, a
responsabilização deve dissuadir o responsável pelo dano a cometer
novamente as mesmas modalidades de violações e prevenir que outra
pessoa pratique ilícito semelhante (função dissuasória ou preventiva),
sugere-se, portanto, a fixação do quantum no montante de R$ 30.000,00
(trinta mil reais).

Por fim, a jurisprudência também é pacifica na condenação de


danos morais em razão da negativação indevida, senão vejamos:

CEF. INSCRIÇÃO INDEVIDA DE NOME NO SERASA.


DANOS MORAIS CONFIGURADOS. MANUTENÇÃO DO
VALOR DA INDENIZAÇÃO. APELAÇÃO IMPROVIDA. 1.
Apelação interposta pela parte Caixa Econômica Federal,
contra sentença que a condenou ao pagamento de
indenização por danos morais decorrentes da inscrição
indevida do nome do autor nos cadastros do Serasa. 2.
Hipótese em que o ponto controvertido limita-se à ocorrência
de danos morais a serem indenizados e ao quantum fixado a
título de indenização. 3. A jurisprudência dos tribunais,
inclusive a do Superior Tribunal de Justiça, é pacífica no
sentido de que, para que se configurem danos morais e o
consequente dever de indenizar, é prescindível a prova do
efetivo prejuízo que, implícito na própria ofensa em si
(damnum in re ipsa), dela decorra direta e necessariamente,
conforme as regras da experiência comum. Nestes casos, diz-
se que os danos são presumidos. 4. Não há como se negar
que a inclusão de dados pessoais em listagens de
inadimplentes gera, por si só, dano à imagem daquele que
teve seu nome negativado, tendo em vista a publicidade
conferida às informações constantes nos cadastros de
proteção ao crédito. 5. Tratando-se de danos morais, a
indenização deve ser suficiente para desencorajar a
reiteração de condutas ilícitas e lesivas por parte do réu e, ao
mesmo tempo, amenizar, na medida do possível, o
constrangimento causado ao autor lesado. Por outro lado, não
pode se mostrar excessiva diante dos danos efetivamente
sofridos, sob pena de resultar em enriquecimento ilícito. 6. A
indenização fixada na sentença recorrida em R$ 8.000,00

Av. Deoclecio Lima Verde, 37, SALA 12, Areias – Iguatu/CE – CEP 63508-010.
Tel.: Esdra Uchoa (88)999213290 / Breno Chaves (88)996354857- chaveseuchoa@gmail.com
_____________________________________________________________________
(oito mil reais), mostra-se razoável e proporcional à
repercussão do evento danoso, tendo em vista a
comprovação de efetiva restrição creditícia suportada pelo
autor, em razão da inscrição impugnada. 7. Apelação
improvida. (TRF-5 - Apelação Civel AC 485253 AL 0000614-
04.2008.4.05.8001, Jurisprudência, Data de publicação:
06/05/2010, Min. Relator: ROGÉRIO FIALHO MOREIRA)

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INÉPCIA.
NEGATIVAÇÃO INDEVIDA. VALOR INDENIZATÓRIO.
MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS NO ÂMBITO DO
RECURSO. 1. Afasta-se a preliminar de inépcia da petição
inicial, pois essa peça está acompanhada dos documentos
necessários à aferição do direito da parte requerente. 2. Ao
teor do entendimento do enunciado da Súmula nº 18 deste
Tribunal de Justiça, "responde objetivamente a empresa pela
cobrança por produto ou serviço não solicitado, por
caracterizar prática abusiva, vedada pelo Código
Consumerista". 3. A inscrição indevida do nome do
consumidor nos cadastros de restrição ao crédito configura
dano moral in re ipsa, que independe de prova do prejuízo,
pois decorre do próprio evento danoso. 4. A fixação do valor
devido a título de danos morais (R$ 6.000,00), deve obedecer
aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade,
servindo como forma de compensação da dor impingida e,
ainda, enquanto meio de coibir o agente da prática de outras
condutas semelhantes. 5. O Tribunal, ao julgar o recurso,
majorará os honorários fixados anteriormente, levando em
conta o trabalho adicional realizado em grau recursal (art. 85 ,
§ 11 , do CPC ). (TJ-GO – Apelação 00580455620188090097
Data de publicação: 29/01/2019, 4ª Câmara Civel, Relator:
CARLOS HIPOLITO ESCHER)

Enfim, no caso sub judice também já está pacífico na doutrina e


jurisprudência que o dano moral na negativação indevida é de natureza in re
ipsa, ou seja, é um dano moral presumido.

No próprio Superior Tribunal de Justiça (STJ), é consolidado o


entendimento que "a própria inclusão ou manutenção equivocada
configura o dano moral in re ipsa, ou seja, dano vinculado à própria
existência do fato ilícito, cujos resultados são presumidos" (Ag 1.379.761).

Diante de todos os argumentos jurídicos, doutrinários e


jurisprudenciais expostos na presente petição, fica claro o direito pleiteado pela
Autora, razão pela qual se remete aos pedidos.

DOS PEDIDOS

Av. Deoclecio Lima Verde, 37, SALA 12, Areias – Iguatu/CE – CEP 63508-010.
Tel.: Esdra Uchoa (88)999213290 / Breno Chaves (88)996354857- chaveseuchoa@gmail.com
_____________________________________________________________________
Diante de todos os fatos e fundamentos esposados, requer que se
digne Vossa Excelência em:

1. Reconhecer a incidência do Código de Defesa do Consumidor


(Lei nº 8.078/90) no caso aludido, em face da presença de consumidores e
fornecedor devidamente comprovados, conforme conceitos previstos nos arts.
2º e 3º da norma consumerista;

2. Conceder a Inversão do Ônus da Prova, em total concordância


com o artigo 6º, VII, do CDC, tudo em razão da verossimilhança das alegações
e da clara hipossuficiência da Requerente, ora CONSUMIDOR, perante a
requerida;

3. Citar o requerido para, querendo, apresentar a devida defesa no


processo, sob pena de revelia e confissão, nos moldes do artigo 344 do NCPC;

4. Julgar totalmente procedente a ação, condenando a ré a pagar o


valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) em danos morais, decorrentes de todos
os transtornos suportados pelo Autor, que ultrapassaram os limites de mero
aborrecimento sendo o dano neste caso de natureza in re ipsa.

5. A concessão do benefício da gratuidade de justiça para no caso


de ser decido a demanda em sede recursal.

Protesta por provar o alegado por todos os meios admitidos em


Direito, notadamente, depoimento pessoal da autora, oitiva de testemunhas,
juntada de documentos posteriores.

Dá-se à causa o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais),


para fins procedimentais.

Iguatu/CE, 02 de julho de 2021

Nesses termos, pede-se e aguarda deferimento.

BRENO CHAVES FLORENTINO ESDRA ALVES UCHOA


OAB/CE Nº 37.856 OAB/CE Nº 36.685

Av. Deoclecio Lima Verde, 37, SALA 12, Areias – Iguatu/CE – CEP 63508-010.
Tel.: Esdra Uchoa (88)999213290 / Breno Chaves (88)996354857- chaveseuchoa@gmail.com

Você também pode gostar