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RAFAEL SANTOS CHEREM

OABMG 114.619
(32) 99132-5395
cheremadv@gmail.com
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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE


JUIZ DE FORA – MINAS GERAIS.

MÁRCIO LIMA DE PAIVA, brasileiro, solteiro, aposentado,


inscrito no CPF N.º 524.923.036-91 e do RG M 5330283 SSPMG, residente e
domiciliado na Rua Dom Silverio, n.º67/301, Alto dos Passos, Juiz de Fora-
Minas Gerais, Cep.: 36026-450, vem respeitosamente perante Vossa
Excelência, através de seu advogado constituído, com endereço profissional
na Rua Batista de Oliveir, 189/205, Centro, Juiz de Fora, Minas
Gerais,propor a seguinte

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO


c/c INDENIZATÓRIA

Contra BANCO MASTER S/A pessoa jurídica com o CNPJ 33.923.798/0001-00,


com endereço na Torre B, Avenida Brigadeiro Faria Lima, n.ª 3477/5 andar,
Bairro Itaim Bibi, CEP.: 04538135,São Paulo/SP, o que faz pelos seguintes
motivos fáticos e jurídicos:

I- DO PÁLIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA:

O Autor é pobre na acepção legal e não possui condições de


arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo de
seu sustento e de sua família.
RAFAEL SANTOS CHEREM
OABMG 114.619
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II- DOS FATOS:

O Autor é aposentado e tem como única fonte de renda o


benefício que recebe do INSS, em meados de março desse ano notou um
desconto em sua aposentadoria referente ao contrato 50.2301750600 no valor
de R$ 117, 90 correspondente ao empréstimo R$ 2.263,79.

Ocorre que o Autor não contratou NADA com o Banco-Réu, NUNCA


PEDIU QUALQUER VALOR e ainda assim sofreu o indevido desconto.

Ao saber de tal fato, o Autor entrou em contato com o Banco e


imediatamente devolveu o valor que fora depositado em sua conta, ocorre
que o Réu continuou efetuando os descontos fato que acarreta em grane
prejuízo ao Sr. Márcio que gasta enorme tempo tentando solucionar a
questão e ainda assim continua sendo descontado

Isto posto, é a presente para requerer que a empresa cesse os


descontos imediatamente, restitua o valor pago indevidamente em dobro e
seja indenizado em danos morais.

III – DO DIREITO :

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA:

O Código de Defesa do Consumidor expressamente prevê que aos


consumidores deve ser dispensado tratamento que respeite sua dignidade e
proteção aos seus interesses econômicos, agindo os fornecedores com
transparência, objetividade e boa-fé, reconhecendo que a classe consumidora é,
por si, só, vulnerável perante aqueles que produzem ou fornecem serviços ou
produtos.
Assim sendo, a inversão do ônus da prova é medida que se
impõe com fulcro no inciso VIII do artigo 6º do CDC.
RAFAEL SANTOS CHEREM
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DOS DANOS MORAIS

Pode-se afirmar que o dano moral tem por efeito a violação


de bens da personalidade ou a ofensa a eles, independentemente de
eventuais reflexos patrimoniais ou sentimentais.

No entendimento de José de Aguiar Dias, a distinção não


decorre da natureza do direito, mas do efeito da lesão, sendo possível
ocorrer dano patrimonial em consequência de lesão a bem imaterial, e dano
moral em resultado de ofensa a bem material (DIAS, José de Aguiar. Da
responsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994, Vol. II. p.
729).

A indenização por dano moral tem previsão no art. 5º,


incisos V e X, da Constituição da República de 1988, assim como no art.
186 do Código Civil.

Para configuração do dano moral é necessário apontar a


lesão a bem da personalidade: vida, saúde, integridade física, psíquica,
abalo psicológico, honra, nome, imagem, privacidade, intimidade, corpo,
liberdade....

No caso vertente, não há dúvidas quanto a configuração


de danos extrapatrimoniais, consubstanciados na privação de recurso pelos
indevidos descontos em benefício de aposentadoria junto ao INSS,
lastreados por contrato inválido. Tal privação, mormente considerando ser
o Autor pessoa idosa e de situação financeira modesta, extrapola o
prejuízo de ordem puramente patrimonial, atingindo direito de
personalidade, com destaque para a integridade psíquica, com manifesto
abalo a uma razoável condição de vida.
Isto posto é inegável a necessidade de se indenizar o
Autor, até como caráter pedagógico para que outros aposentados não sofram
a mesma situação, nesse diapasão está o entendimento do Egrégio Tribunal
de Justiça de Minas Gerais, vejamos:
RAFAEL SANTOS CHEREM
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EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - PRETENSÃO DECLARATÓRIA


DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR
DANOS MATERIAIS E MORAIS E REPETIÇÃO DE INDÉBITO
- NEGATIVA DE CONTRATAÇÃO - CONTRATO DE CARTÃO
DE CRÉDITO CONSIGNADO - IMPUGNAÇÃO DA
ASSINATURA - PERÍCIA GRAFOTÉCNICA - INÉRCIA DA
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - ÔNUS DA PROVA -
RESTITUIÇÃO EM DOBRO - CONFIGURAÇÃO DE DANOS
EXTRAPATRIMONIAIS - COMPENSAÇÃO

1 - "Na hipótese em que o consumidor impugnar a autenticidade da


assinatura constante em contrato bancário juntado ao processo pela
instituição financeira, caberá a esta o ônus de provar a
autenticidade (CPC, arts. 6º, 369 e 429, II)" Tema 1.061, Superior
Tribunal de Justiça.
2 - Devem ser restituídos, em dobro, os valores descontados
indevidamente no benefício previdenciário do aposentado, diante da
reconhecida falha na prestação do Banco, ao proceder a descontos
lastreadas em contratos inválidos, em decorrência da não
observância das formalidades referentes à contratação.
3- Configura-se danos extrapatrimoniais indenizáveis, por
manifesto abalo psicológico, as hipóteses de privação de recurso por
descontos indevidos em benefício de aposentadoria junto ao INSS,
lastreados por contrato inválido, mormente quando o consumidor é
pessoa idosa e de situação financeira modesta.
4- O fato do contrato de cartão de crédito consignado ter sido
declarado inexistente, não afasta a obrigação do consumidor de
devolver o valor creditado em sua conta bancária em razão desse
contrato, sob pena de caracterização de enriquecimento sem causa,
o que é vedado pelo ordenamento jurídico, art. 884 do Código Civil.
(TJMG -  Apelação Cível  1.0000.21.267912-0/002, Relator(a): Des.
(a) Marcelo de Oliveira Milagres , 18ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 16/05/2023, publicação da súmula em 17/05/2023)
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DO CONTRATO INEXISTÊNTE
O Autor não reconhece o contrato que origina os descontos,
em assim sendo recar a declaração de sua nulidade, ademais, o Autor
devolveu os valores e ainda assim o desconto continua a existir, lesando
seu patrimônio.

DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO:
No que tange à repetição dos valores cobrados indevidamente, assim, dispõe
o artigo 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor:

"(...) Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será


exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento
ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à
repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso,
acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano
justificável. (...)"

No caso em tela, os descontos efetivados causaram enorme


dano ao Autor, portanto, é patente a má-fé do Réu e a consequente
restituição em dobro dos valores devidos.

IV – DA TUTELA ANTECIPATÓRIA:
Faz-se mister que seja concedida via liminar a suspensão
dos descontos indevidos na aposentadoria do Autor.

O fumu boni iuris está demonstrado pela documentação


acostada,a qual prova o desconto indevido no benefício do Autor, e o
depósito não solicitado em sua conta.

No mesmo sentido, o perigo da demora está evidenciado nos


autos, visto que quanto mais demorar a suspensão dos descontos, maior será
o prejuízo do Autor.

Ademais, verifica-se que o resultado útil do processo não


será abalado pela concessão da tutela, visto que o prejuízo maior tem sido
do Autor.
RAFAEL SANTOS CHEREM
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VI – DOS PEDIDOS :
Do exposto, é a presente para requerer a procedência do
feito, especialmente o que se segue:

a) A CITAÇÃO DO RÉU NO ENDEREÇO CONSTANTE NO PÓRTICO DA


INICIAL, VIA CORREIO, PARA QUE CONTESTE OS TERMOS DA
PRESENTE SOB PENA DE REVELIA E CONFISSÃO.

b) A CONCESSÃO DO PÁLIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA,


POR SER O AUTOR POBRE NA ACEPÇÃO LEGAL, NOS TERMOS DO ARTIGO
98 DO CPC.

c) A SUSPENSÃO IMEDIATA DOS DESCONTOS NO BENEFICIO DO AUTOR,


VIA LIMINAR, POR SER MEDIDA DE JUSTIÇA

d) A CONDENAÇÃO DO RÉU EM DANOS MORAIS, EM VALOR A SER


ARBITRADO POR VOSSA EXCELÊNCIA, NÃO INFERIOR A R$
22.637,00(VINTE DOIS MIL E SEISCENTOS E TRINTA E SETE
REAIS).

e) A CONDENAÇÃO DO RÉU A PAGAR O VALOR DESCONTADO EM DOBRO,


NO MONTANTE DE R$707,00

Prova-se o alegado através de provas documentais e


testemunhais.

Dá-se a causa o valor de R$ 23.344,40(vinte e três mil e


trezentos e quarenta e quatro reais e quarenta centavos).

Pede Deferimeto.

Juiz de Fora, 19 de maio de 2023.

RAFAEL SANTOS CHEREM


OAB/MG 114.619

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