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Ao Juízo da Vara do Juizado Especial Cível da Circunscrição Judiciária de Brasília-DF

Edmilson Wolf de Brito, casado, professor, inscrito no CPF sob o n.º


021.816.317-78, residente e domiciliado na SQS 413, bloco S, apartamento 206, Asa Sul,
Brasília-DF, CEP 70.277-180, e-mail daiamilson@gmail.com, vem através de sua advogada,
ajuizar a

AÇÃO DE DANOS MORAIS E MATERIAIS

em face de M. Zaniratto Comércio e Locação de Vestuário LTDA, inscrito no CNPJ sob o n.º
08.489.913/0001-25, endereço no Setor de Habitações Individuais Sul (SHIS), bloco A, loja
15, térreo, Brasília-DF, CEP n.º 71635-013, pelos fatos e fundamentos a seguir.

1. FATOS
No dia 13 de outubro de 2020, o Requerente alugou na Requerida uma casaca
Suay, Eur. Preto 1, botão tamanho: 54, abotoadura, camisa Rigor branca, tamanho: 41, no
valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), para seu casório que ocorrera no dia 15 de janeiro de
2021.
As partes dispuseram, portanto, o contrato que previa multa de 100% (cem
por cento), em caso de desistência.
Pouco tempo antes da cerimônia, o Autor verificou haver em outra loja de
locação um terno mais garboso e com um preço inferior ao que havia pagado. Tendo em
vista o ocorrido, solicitou à empresa ré a devolução do valor, considerando a não utilização e
retirada da vestimenta.
A Requerida indeferiu o pedido em ressarcir integralmente a quantia,
aludindo que a multa correspondia ao valor total do aluguel. Depois de muita persistência e
embaraços, tornou a quantia de apenas R$ 600,00 (seiscentos reais).
O valor retido na loja de R$ 1.400,00 (um mil e quatrocentos) impossibilitou o
autor de contratar o pacote de fotos que havia almejado para o momento emblemático em

SQNW, 307, bloco A, sala 309, Condomínio Audace, Brasília-DF, CEP 70686-805
Telefone: (61) 98133-3688/ (61) 98272-5538
E-mail: fonsecamachadoadv@gmail.com
sua vida. Desse modo, efetuou a contratação do pacote fotográfico de apenas 50 fotos e
sem direito ao making-of.

2. DIREITO
2.1 DANO MORAIS
As cláusulas contratuais que coloquem o consumidor em desvantagem
exagerada perante o provedor, resulta do desequilíbrio dos termos contratuais, colocando a
suspeição do fornecedor em evidência. O artigo 51, IV do Código de Defesa do Consumidor
determina a proibição das cláusulas que:
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
equidade;

A obrigatoriedade de reparar os danos moral e material está consagrada na


Constituição Federal, precisamente em seu art. 5º, incisos V e X:
Art 5. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem;

Os relatos expostos demonstraram o nexo causal que obriga a Requerida a indenizar


moralmente o autor, dano caracterizado com in re ipsa.

2.2 DANOS MATERIAIS


Diante dos danos ocasionados ao autor, há notória violação aos direitos
básicos do consumidor devidamente assegurados no Código de Defesa do Consumidor.
Nestas palavras:
Art. 6.º São direitos básicos do consumidor:
(...) VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos;

A cláusula contida no art. 10. ° do contrato, entabulado entre as partes, é


abusiva eis estipular perdas correspondentes a 100% (cem por cento) sobre o valor pago,
ocasionando desvantagem ao consumidor final. O CDC alude:
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Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
[...]
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do
contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a
natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras
circunstâncias peculiares ao caso.

Destarte, o valor do produto ofertado pela Requerida é demasiadamente


desproporcional ao terno alugado posteriormente pelo autor, que porta qualidade superior,
ocasionando disparidade ante a evidente violação aos princípios constitucionais da
proporcionalidade e razoabilidade. Neste contexto, o CDC preconiza:
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os
tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta
ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e
à sua escolha:
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos;

O valor da multa é incongruente, devendo ser declarada nula ou reduzida,


conforme jurisprudência do Egrégio TJDFT que preconiza:
JURISPRUDÊNCIAEMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. PROCON/DF. AUTO
DE INFRAÇÃO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. LEGALIDADE. MULTA.
REDUÇÃO. I. Na fixação da multa por infração às normas de defesa do
consumidor, deve-se levar em conta a gravidade da infração, a
vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor ou prestador
de serviço. Distanciando-se desses critérios e dos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, a multa deve ser reduzida.
II. Deu-se parcial provimento ao recurso.
Acórdão nº 865295, 20130111920343APC, Relator: HECTOR VALVERDE
SANTANNA, Relator Designado: JOSÉ DIVINO DE OLIVEIRA, Revisor: JAIR
SOARES, 6ª Turma Cível, Data de Julgamento: 29/04/2015. Publicado no
DJE: 12/05/2015. Pág.: 38.

Verificou-se que o autor nem sequer utilizou a vestimenta alugada e obteve a


restituição de somente R$ 600,00 (seiscentos reais), fazendo jus ao pagamento da diferença
de R$ 1.400,00 (um mil e quatrocentos reais), devidamente atualizados.

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Portanto, requer a declarada nula a cláusula 10.ª do contrato e conseguintemente a
condenação da requerida ao pagamento de R$ 10.453,00 (dez mil quatrocentos e cinquenta
e três).

3. PEDIDO
Requer a este Juízo:
a) A citação do Réu sob pena de revelia.
b) Seja declarada nula a cláusula 10.ª do contrato entabulado entre as
partes, nos termos do art. 51, II, do CDC.
c) Condenação da Requerida ao pagamento de R$ 2.000,00 (dois mil
reais), a título de dano pelos danos morais.
d) Condenação da Requerida ao pagamento de R$ 10.453,00 (dez mil
quatrocentos e cinquenta e três), a título de dano material.
e) O Autor não manifesta possuir interesse na Audiência de Conciliação,
nos termos do Art. 319, VII C/c art. 334, §4.º, II e §5.º do CPC.

Dá-se o valor da causa de R$ 10.453,00 (dez mil quatrocentos e cinquenta e três).

Termos em que pede deferimento.

Brasília, 18 de abril de 2021.

_____________________________
Sara Geovana Santos Fonseca
OAB/DF 2015

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