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ESPÍRITO SANTO ADVOGADOS

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO JUIZADO


ESPECIAL CÍVEL DA SERRA/ES.

VINÍCIUS MAGNO DO ESPÍRITO SANTO, brasileiro, solteiro, advogado, inscrito na


OAB/ES 30.902, CPF nº 108.425.347-09, residente e domiciliado na Rua dos Bem-te-vis,
87, Bloco 04, apt. 405, por intermédio de seu advogado e bastante procurador que
subscreve a presente, com escritório situado na Av. Nossa Senhora da Penha, nº 280,
sala 106, Praia do Canto, Vitória/ES, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência
apresentar

AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS

Em face de2018 BANCO ITAÚ S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ
sob o nº 60.701.190/0001-04, com sede na Praça Alfredo Egídio de Souza Aranha, nº
100; Torre ITAUSA, CEP: 04.344-902, Bairro Parque Jabaquara, São Paulo – SP, pelos
fatos e fundamentos a seguir apresentados.

Av. Nossa Senhora da Penha, 280, sala 106, Praia do Canto


Vitória/ES, CEP: 29090-520
Fones: (27) 99512-6400 / 99703-1297 Email: viniciusmagnoes@gmail.com
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I. DOS FATOS

01. O Requerente, abriu uma conta poupança (agência 6509 / C.Poupança


24798-4), junto a instituição bancária, ora Requerida, conforme atesta a cópia do cartão
anexo.
02. No mês de junho de 2018, um funcionário da empresa requerida, na
agencia 6509, situada no bairro Jardim Camburí ofereceu ao Requerente um produto
denominado “PIC ITAÚ” que, em síntese, é um título de capitalização cujo contratante
tem a obrigação de pagar 48 (quarenta e oito) parcelas de R$ 70,00 (setenta reais) e, em
contrapartida, recebe um número para participar de sorteios semanais, concorrendo a
um prêmio de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais).
03. No dia 10/03/2019 o Requerente, resolveu acessar, através do aplicativo
do Banco Itaú, instalado em seu celular, informações sobre o sorteio do título de
capitalização, ora contratado, quando surpreendeu-se negativamente quando constatou
de que não estava a participar dos referidos sorteios, mesmo sendo descontado mês a
mês o valor de R$ 70,00 (setenta reais) conforme bem atestam os documentos anexos
aos autos.
04. Em síntese, trata-se de demanda em que o Requerente pagou e continua,
até a presente data, pagando por uma prestação de serviço, sem receber a
contraprestação daquilo que contratou.
05. É importante destacar que o Requerente se dirigiu à agencia 6509 do
banco Itaú a fim de reaver a quantia paga, no entanto não obteve êxito, não restando,
assim, alternativa, senão recorrer a tutela jurisdicional para que seja dada uma
resolução justa ao imbróglio.

II. DO DIREITO

06. De acordo com os fatos aqui narrados, conclui-se que a origem da


presente demanda se deu em decorrência de um vício de qualidade de um serviço, na
forma do artigo 20 do Código de Defesa do Consumidor, transcrito abaixo.

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Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade


que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim
como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações
constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada,
sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

07. Ora, a única pretensão do Requerente, ao contratar o serviço de


capitalização oferecido pela Requerida, é a possibilidade de ter o seu número sorteado
e, consequentemente, receber a premiação decorrente da contemplação, haja vista não
haver nenhuma outra vantagem que pudesse ensejar qualquer interesse em efetuar o
pagamento mensal, no valor de R$ 70,00 (setenta reais).
08. Conforme já dito e provado através da vasta documentação anexa, bem
como a mídia de vídeo que será acautelada neste juizado, provado está que a Requerida
cobrou, e o Requerente pagou, até a presente data, 10 (dez) parcelas no valor de R$
70,00 (setenta reais) de forma indevida, uma vez que, conforme já mencionado, o
serviço não foi prestado, não sendo, assim justificável, debitar os valores da conta da
parte Requerente.
09. Sendo assim, está evidente que o Requerente foi cobrado em quantia
indevida e, portanto, de acordo com o artigo 42 do CDC a seguir transcrito, tem o direito
a receber a quantia que pagou (R$ 700,00), até a presente data, em dobro (R$ 1.400,00).

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será


exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de
constrangimento ou ameaça.

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem


direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou
em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo
hipótese de engano justificável.

10. Em caso semelhante ao da presente demanda, a 2ª Turma Recursal do


TJPR entendeu sobre a necessidade da restituição em dobro dos valores pagos
indevidamente, bem como pela incidência de danos morais, conforme ementa
estampada abaixo.

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AQUISIÇÃO DE TÍTULO DE CAPITALIZAÇÃO. CONTRATAÇÃO NÃO


EFETIVADA POR FALHA DO BANCO. AUTORA QUE ACREDITAVA
PARTICIPAR DOS SORTEIOS PREVISTOS NO INSTRUMENTO
CONTRATUAL. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESTIUIÇÃO
EM DOBRO DEVIDA. ENGANO JUSTIFICÁVEL NÃO COMPROVADO.
INDENIZAÇÃO POR PERDA DE UMA CHANCE. NÃO CABIMENTO.
AUSÊNCIA DE GANHO PROVÁVEL E REAL. DANO MORAL
CONFIGURADO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS
FUNDAMENTOS. APLICAÇÃO DO ART. 46 DA LEI 9.099 /95.
PRECEDENTE DO STF. VALOR INDENIZATÓRIO READEQUADO PARA
R$ 5.000,00. ADAPTAÇÃO AOS PARÂMETROS DESTA TURMA
RECURSAL. PROVIDO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1.
?Percebe-se que a chance a que se refere a autora é por demais diluída,
não se caracterizando como séria e real. O sorteio tem como
participantes outros milhares de correntistas da instituição financeira,
não havendo como se reconhecer que acaso tive participado dos
sorteios a autora teria reais chances de ser a premiada. As chances são
existentes, mas desprezíveis no campo das probabilidades? (AC
1.0024.12.253865-5/001, TJ-MG, 10ª Câmara Cível, Relator
Desembargador Cabral da Silva, Data de Julgamento: 22/10/2013). 2. O
valor atribuído a título de danos morais não condiz com as
peculiaridades do caso concreto, bem como encontra-se aquém
dos parâmetros desta Turma Recursal, devendo ser majorado. ,
resolve esta Turma Recursal, por unanimidade de votos, conhecer e
DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para: a) Determinar a
restituição em dobro do valor fixado na sentença; b) Majorar o valor da
indenização pelo dano moral para R$ (TJPR - 2ª Turma Recursal -
0000878-30.2015.8.16.0178/0 - Curitiba - Rel.: James Hamilton de
Oliveira Macedo - - J. 16.02.2016)

11. Neste sentido, o código civil é claro ao estabelecer a obrigação, daquele


que gerou o dano, de restituir àquele que sofreu, conforme o transcrito a seguir.

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Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo

12. Caracterizado está, tanto a ocorrência do dano material (valores cobrados


e pagos indevidamente), uma vez que documentação anexada à presente, atesta, de
forma cabal, que os valores foram debitados da conta do Requerente, assim como está
caracterizada ocorrência de dano moral, tanto pelo fato em si, quanto pela teoria do
desvio produtivo do consumidor, a qual será mencionada a seguir.

II.I. Do Desvio Produtivo/Perda Do Tempo Útil Do Consumidor

13. O STJ reconheceu a aplicação da Teoria do Desvio Produtivo do


Consumidor, segundo a qual defende que todo tempo desperdiçado pelo consumidor
para a solução de problemas gerados por maus fornecedores constitui dano indenizável.
14. O ministro Marco Aurélio Bellizze, em sua decisão (AREsp 1.260.458/SP
na 3ª Turma), sustentou que “Especialmente no Brasil é notório que incontáveis
profissionais, empresas e o próprio Estado, em vez de atender ao cidadão consumidor
em observância à sua missão, acabam fornecendo-lhe cotidianamente produtos e
serviços defeituosos, ou exercendo práticas abusivas no mercado, contrariando a lei".
15. Além disso, a referida Teoria tem sido também adotada por diversos
Tribunais em nosso país, como pode ser verificado na ementa transcrita a seguir:

AÇÃO INDENIZATÓRIA - CONSÓRCIO DE IMÓVEL - CONTEMPLAÇÃO -


ATRASO - PERDA DO TEMPO ÚTIL - DANO MORAL CARACTERIZADO -
Caso em que o desgaste da autora para a obtenção do contrato
devidamente elaborado, bem como as reiteradas falhas da ré na
confecção da Escritura, o que se verificou pelas notas de devolução do
Cartório Imobiliário, bem como a demora injustificada na formalização
da escritura respectiva, dando efetiva baixa na hipoteca relativa ao
financiamento imobiliário acarreta induvidosamente a perda de seu
tempo útil. Não se pode negar que a conduta da ré tem subtraído do
consumidor um valor precioso, que é seu tempo útil, situação que
gera dano e, por isso, passível de indenização - Evidente que tais
fatos não podem ser considerados como meros aborrecimentos

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cotidianos ou simples descumprimento contratual - Falha na prestação


de serviços da ré - Responsabilidade objetiva do fornecedor - Dano
moral caracterizado que deve ser mantido - Risco da atividade - Os
danos de ordem material devem ser cabalmente demonstrados para
serem ressarcidos - Caso em que os danos materiais não ficaram
comprovados - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

16. No caso em tela, o requerente despendeu o seu tempo útil para tentar, em
vão, resolver um problema causado, exclusivamente, pela requerida, tendo em vista que
a resolução extrajudicial, apesar de grande esforço do requerente, se tornou infrutífera.
17. Nesse sentido, ensina o Professor Rizzatto Nunes, in verbis:
“Essa perda é irreversível. O dia, as horas, os minutos passaram; não
voltam mais. Não há como recuperá-los. Mas, essa perda de tempo não é
muito consciente em várias situações. E, ademais, é preciso impedir que
as pessoas tomem consciência dela. São vidas roubadas, jogadas fora
impunemente. Não é bom que essas perdas aflorem na consciência, para
que as pessoas não descubram sua própria inutilidade nesse desgaste
insano e irreversível.”

III. DOS PEDIDOS

18. Ante todo exposto, REQUER:


a) a citação da Requerida no endereço mencionado no cabeçalho para,
querendo, apresente contestação, no prazo legal, sob pena de revelia;
b) o reconhecimento da relação de consumo;
c) a inversão do ônus da prova;
d) seja a presente demanda julgada procedente no sentido de:
i) condenar a Requerida ao pagamento de R$ 1.400,00 (um mil e
quatrocentos reais), devendo ser acrescentado, em dobro, todos os
valores descontados indevidamente da conta do Requerente ao
final da ação.
ii) condenar a Requerida ao pagamento de R$ 10.000,00 (dez mil
reais), referentes à reparação pelos danos morais causados, sendo
reconhecida a aplicação da TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO, aceita
pelo STJ, conforme bem demonstrado nesta peça.

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e) requer, por fim, provar o alegado por todos os meios de provas em direito
admitidos, tais como documentais, periciais, testemunhais, depoimento
pessoal da parte Requerida e outras que se fizerem necessárias ao deslinde
da presente.
Dá-se à presente, o valor de R$ 11.400,00 (onze mil e quatrocentos reais).

Nestes Termos,
Pede Deferimento

Vitória/ES, 22 de abril de 2019

Vicente de Paulo do Espírito Santo


OAB/ES 21.290

Vinícius Magno do Espírito Santo


OAB/ES 30.902

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