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Laércio Júnio Pimentel

OAB-MG 105.925

EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE


MANHUAÇU – MG

Assistência Judiciária

ADRIEL APARECIDO MACIEL, nos autos do processo que


move em face de BANCO DO BRASIL S/A, vem respeitosamente à
presença de V. Exa. interpor RECURSO DE APELAÇÃO, esperando que o
Egrégio Tribunal de Justiça, conhecendo do recurso, a ele dê provimento.

Termos em que,

Pede deferimento.

Manhuaçu (MG), 19 de abril de 2022.

LAÉRCIO JUNIO PIMENTEL

OAB/MG 105.925

Avenida Fernando Maurílio Lopes 146, 2º andar, centro, Reduto-MG CEP 36.920.000
juniopimentel@yahoo.com.br
(033) 98813.1433/98740-2445
Laércio Júnio Pimentel
OAB-MG 105.925

RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO

APELANTE: ADRIEL APARECIDO MACIEL

APELADO: BANCO DO BRASIL S/A

COMARCA: MANHUAÇU (MG)

AÇÃO: DECLARATÓRIA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA CÂMARA

EMINENTES JULGADORES,

O presente recurso se faz necessário em razão da necessidade


de harmonizar as decisões judiciais, a fim de que as mesmas
observem ao máximo o princípio da igualdade e isonomia.

Por isso, imperioso o acolhimento do pedido de MAJORAÇÃO


dos valores referentes à condenação por danos morais arbitrados na
r. sentença singular, ocasionados por uma conduta ilícita da apelada
em incluir, INDEVIDAMENTE, o nome e CPF do apelante no SERASA,
em razão de um débito ao qual o mesmo não contraiu, já que
inexistente a relação jurídica entre eles.

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DOS FATOS

O autor foi cobrado por uma dívida inexistente e teve seu CPF
incluído no SERASA/SPC, estando com o nome “sujo na praça”.

Na certidão do SERASA verifica-se que em 01/09/2020 foi incluída


uma negativação em função do não pagamento do débito constante no
contrato nº 000000000000125690762 pelo BANCO DO BRASIL S/A, por
uma dívida vencida em 21/05/2020, no valor de R$ 9.411,099 (nove mil
quatrocentos e onze reais e noventa e nove centavos.

Instado judicialmente, o apelado não conseguiu provar que o


apelante realizou qualquer tipo de contrato com ele, não possuindo uma
única assinatura do apelante (física, digital ou digitalizada) e nem sequer
um documento pessoal nos contratos trazido aos autos.

Importante anotar, inclusive, que foi juntado com a contestação (ID


3190496503) uma tela interna do Banco assumindo que se tratava de
falsidade ideológica, senão vejamos:

Assim, restou caracterizado a completa ausência de cautela e


sensibilidade do apelado para com as pessoas. Só visa lucro.

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Diante disso, o Juízo Singular reconheceu a inexistência da relação


jurídica e condenou a apelada ao pagamento de indenização por danos
morais, mais a exclusão do CPF dos cadastros restritivos.
DA SENTENÇA RECORRIDA

O dispositivo da sentença assim determinou:

Ante o exposto, julgo procedente o pedido inicial;


confirmo a tutela antecipada deferida em ID
1090584804; declaro inexistente a relação jurídica
entre as partes e a dívida que ensejou negativação; e
condeno a Ré no pagamento ao Autor da quantia de
R$ 5.000,00, a título de indenização por danos morais
sofridos, sobre a qual deverá incidir juros mensais de
1% a partir da ocorrência do ato ilícito e correção
monetária com base na Tabela da Corregedoria do
TJMG a partir da prolação da presente decisão, e,
ainda, no pagamento das despesas processuais e
honorários advocatícios arbitrados em 10% do valor
da condenação (artigo 85, § 2º do CPC).

A sentença prolatada pelo juízo a quo, data vênia, merece ser


reformada para MAJORAR O VALOR DA CONDENAÇÃO E DOS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, em decorrência da necessária
uniformização da jurisprudência, de forma a se harmonizar as decisões
judiciais, a fim de que as mesmas observem ao máximo o princípio da
igualdade ou isonomia.

Vejamos alguns acórdãos do TJMG em ações idênticas, que


representam o pensamento unânime e consolidado desta Corte, os quais,
data vênia, tomo como sustentação do pedido de reforma:

Acórdão nº 01:
________________________________________________________________________
EMENTA: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL – INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTROS DE INADIMPLENTES –
DANO MORAL CONFIGURADO – QUANTUM INDENIZATÓRIO – MAJORAÇÃO – HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS – FIXAÇÃO DO VALOR – CRITÉRIOS LEGAIS.
- A inclusão indevida do nome de pessoa física nos Cadastros de Inadimplentes, ante a inexistência de prévia e
válida relação jurídica, legitima a imposição do pagamento de indenização à empresa que efetivou o apontamento,
por ser presumido o agravo moral.
- No arbitramento do valor da indenização por dano moral devem ser observados os critérios de moderação,
proporcionalidade e razoabilidade em sintonia com o ato ilícito e suas repercussões, como, também, com as
condições pessoais das partes.
- A indenização por dano moral não pode servir como fonte de enriquecimento do indenizado, nem consubstanciar
incentivo à reincidência do responsável pela prática do ato ilícito.
- Nas causas que possuem natureza condenatória, o arbitramento da verba honorária deve ser feito entre o mínimo
de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, atendidos o grau de zelo do profissional, o lugar
da prestação do serviço, a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo
despendido para o serviço, consoante regra do art. 20, §3º, do CPC.
APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0394.12.009888-1/002 - COMARCA DE MANHUAÇU - APELANTE(S): ANGELA MARIA
DA SILVA RIBEIRO - APELADO(A)(S): BV FINANCEIRA S/A CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

ACÓRDÃO

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Vistos etc., acorda, em Turma, a 18ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na
conformidade da ata dos julgamentos, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO.
DES. ROBERTO SOARES DE VASCONCELLOS PAES (RELATOR)

VOTO

Trata-se de Apelação interposta por ÂNGELA MARIA DA SILVA RIBEIRO em face da Sentença proferida
pelo MM. Juiz da 2ª Vara Cível da Comarca de Manhuaçu, que, nos autos da “ação declaratória c/c indenização por
danos morais” movida contra a BV FINANCEIRA S.A CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO, julgou
procedente o pedido inicial:

“para declarar a inexistência de relação jurídica estabelecida mediante o contrato de


nº.12048000130612, e, condenar a Ré a pagar-lhe a quantia de R$5.500,00, em razão de
danos morais, que se tratando de valor advindo de responsabilidade extracontratual
deverá ser atualizado com a incidência de juros mensais de 1% a partir do ato ilícito da
negativação e correção monetária com base na Tabela da Corregedoria a partir da
prolação da presente decisão”.

Condenou a Ré, ainda, ao pagamento das despesas processuais e dos honorários advocatícios, que fixou em
10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.

Nas razões recursais de fls. 105/113, a Autora/Apelante pediu a majoração da indenização fixada a título de
dano moral, bem como dos honorários advocatícios.

Nas Contrarrazões de fls. 125/135, a Apelada refutou as alegações da Apelante, batendo-se pelo
desprovimento do Recurso por ela aviado.

Conheço do Recurso, uma vez que próprio, tempestivo (fl. 105), regularmente processado e dispensado do
preparo, por litigar a Apelante sob o pálio da Assistência Judiciária (fl. 17).

De início, vale ressaltar que a Ré não interpôs recurso de Apelação contra a Sentença que declarou a
inexistência do débito que deu origem ao apontamento de fl. 14, bem como lhe condenou ao pagamento de indenização
a título de dano moral.

Restringe-se a controvérsia, portanto, à análise do Recurso da parte Autora, que pugna pela majoração da
indenização por dano moral e dos honorários advocatícios.

Em relação ao dano moral, é certo que, para a caracterização da responsabilidade civil, são necessários a
ocorrência do dano, o nexo de causalidade entre o fato e o dano e a culpa lato sensu.

Sobre a matéria, a lição de Caio Mário da Silva Pereira:

“A teoria da responsabilidade civil assenta, em nosso direito codificado, em torno de que o dever
de reparar é uma decorrência daqueles três elementos: antijuridicidade da conduta do agente;
dano à pessoa ou coisa da vítima; relação de causalidade entre uma e outra. (“Da
Responsabilidade Civil”, 5ª ed., Forense: Rio, 1994, p. 93).

No mesmo sentido, Rui Stoco leciona:

“Desse modo, deve haver um comportamento do agente, positivo (ação) ou negativo (omissão),
que desrespeitando a ordem jurídica, cause prejuízo a outrem, pela ofensa a bem ou a direito
deste. Esse comportamento (comissivo ou omissivo) deve ser imputável à consciência do agente,
por dolo (intenção) ou por culpa (negligência, imprudência, ou imperícia), contrariando, seja um
dever geral do ordenamento jurídico (delito civil), seja uma obrigação em concreto (inexecução da
obrigação ou de contrato).
Desse comportamento gera, para o autor, a responsabilidade civil, que traz, como conseqüência, a
imputação do resultado à sua consciência, traduzindo-se, na prática, pela reparação do dano
ocasionado, conseguida, normalmente, pela sujeição do patrimônio do agente, salvo quando
possível a execução específica. Por outras palavras, é o ilícito figurando como fonte geradora de

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responsabilidade.” (“Responsabilidade Civil e sua Interpretação Jurisprudencial”, 4ª ed.,


1999, p.63).

Também é sabido que, conforme o entendimento que se formou na Jurisprudência dominante, reconhece-se o
direito à indenização por danos morais à pessoa cujo nome seja incluído, indevidamente, nos Cadastros de
Inadimplentes, por ser presumido o agravo moral.

É que o dano moral, nessa situação, decorre do próprio fato da inscrição, sem a existência de prévia relação
jurídica (ato ilícito), ou seja, emerge in re ipsa.

Tal fato, segundo as regras de experiência comum, causa transtorno e constrangimento a qualquer pessoa de
bem (CPC, art. 335).

A perturbação moral é consequente da medida arbitrária e indevida, que não se concretiza nem se mede pela
duração, permanência ou ampla divulgação do fato, pois a inscrição em Cadastros de Proteção ao Crédito, sem causa
originária, além de configurar ilícita coação, é sempre vexatória para o cidadão.

Consoante leciona Carlos Roberto Gonçalves, “dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu
patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, intimidade, a imagem, o bom nome,
etc., como se infere dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal, e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e
humilhação” (GONCALVES, 2009, p.359).

É reiterada a orientação no sentido de que

“Não há falar em prova do dano moral, mas, sim, na prova do fato que gerou a dor, o
sofrimento, sentimentos íntimos que o ensejam. Provado assim o fato, impõe-se a
condenação, sob pena de violação ao art. 334 do Código de Processo Civil.” (REsp nº
86.271/SP, Relator o Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, Acórdão publicado no DJ
de 09/12/1997).

A propósito, os seguintes julgados do Eg. Superior Tribunal de Justiça:

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECUSO ESPECIAL.


INSCRIÇÃO/MANUTENÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTE.
DANO MORAL PRESUMIDO. IN RE IPSA. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.
VALOR RAZOÁVEL. SÚMULA 7/STJ. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL A PARTIR
DO EVENTO DANOSO. SÚMULA 54/STJ. RECURSO NÃO PROVIDO.
1. A jurisprudência desta Corte Superior possui entendimento uniforme no sentido de
que a inscrição/manutenção indevida do nome do devedor no cadastro de inadimplente
enseja o dano moral in re ipsa, ou seja, dano vinculado a própria existência do ato ilícito,
cujos resultados são presumidos. [...]” (AgRg. no AREsp. nº 346.089/PR, Relator o
Ministro Luis Felipe Salomão, Acórdão publicado no DJe de 03/09/2013).

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ARTIGO 544 DO CPC) - DEMANDA


POSTULANDO INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DECORRENTES DA
INDEVIDA INSCRIÇÃO/MANUTENÇÃO DO NOME DO DEVEDOR NO
CADASTRO DE INADIMPLENTES APÓS A QUITAÇÃO DA FATURA DE ENERGIA
ELÉTRICA. INSURGÊNCIA DA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. 1. A
inscrição/manutenção indevida do nome do consumidor em cadastro de inadimplentes
constitui ato ilícito passível de indenização a título de dano moral. Caracterização de
dano in re ipsa. Precedentes. Aplicação da Súmula 83/STJ. [...]”(AgRg. no AREsp. nº
322.079/PE, Relator o Ministro Marco Buzzi, Acórdão publicado no DJe de 28/08/2013).

“AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL. TÍTULO DE


CRÉDITO. PROTESTO INDEVIDO. DANO MORAL PRESUMIDO. 1. Nos termos da
jurisprudência do STJ, o protesto indevido de título de crédito é suficiente para que haja
pedido indenizatório, tendo em vista a presunção de dano moral sofrido em razão desse
ato. [...]” (AgRg. no AgRg. no AREsp. nº 179.588/PR, Relator o Ministro João Otávio de
Noronha, Acórdão publicado no DJe de 19/08/2013).

Quanto à fixação do valor da indenização, esclarece Maria Helena Diniz que, na avaliação do dano moral, o
órgão judicante deverá estabelecer uma reparação equitativa, baseada na culpa do agente, na extensão do prejuízo

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causado e na capacidade econômica do responsável. Acrescenta que, na reparação do dano moral, o juiz determina por
equidade, levando em conta as circunstâncias de cada caso, o quantum da indenização devida, que deverá corresponder
à lesão e não ser equivalente, por ser impossível tal equivalência. Salienta que a reparação pecuniária do dano moral é
um misto de pena e satisfação compensatória, não se podendo negar sua função: 1- penal, constituindo uma sanção
imposta ao ofensor; e 2- compensatória, sendo uma satisfação que atenue a ofensa causada, proporcionando uma
vantagem ao ofendido, que poderá, com a soma de dinheiro recebida, procurar atender às satisfações materiais ou
ideais que repute convenientes, diminuindo assim, em parte, seu sofrimento. Conclui que fácil é denotar que o dinheiro
não terá na reparação do dano moral uma função de equivalência própria do ressarcimento do dano patrimonial, mas
um caráter, concomitantemente, satisfatório para a vítima e lesados e punitivo para o lesante, sob uma perspectiva
funcional. (Entrevista publicada na “Revista Literária de Direito”, número 09, Janeiro/Fevereiro de 1996, pp. 7/14).

Apreende-se da doutrina de Caio Mário da Silva Pereira que na reparação do dano moral estão conjugados
dois motivos ou duas concausas: I) punição ao infrator pelo fato de haver ofendido um bem jurídico da vítima, posto
que imaterial; II) pôr nas mãos do ofendido uma soma que não é o "pretium doloris", porém o meio de lhe oferecer a
oportunidade de conseguir uma satisfação de qualquer espécie, seja de ordem intelectual ou moral, seja mesmo de
cunho material, o que pode ser obtido "no fato" de saber que esta soma em dinheiro pode amenizar a amargura da
ofensa ("Da Responsabilidade Civil", 5ª ed., Forense: Rio, 1994, pp. 317 e 318).

Carlos Alberto Bittar também ensina que, na fixação do "quantum" devido, a título de dano moral, deve o
julgador atentar para: a) as condições das partes; b) a gravidade da lesão e sua repercussão; e c) as circunstâncias fáticas.
Ressalta que lhe parece de bom alvitre analisar-se primeiro: a) a repercussão na esfera do lesado; depois, b) o potencial
econômico-social do lesante; e c) as circunstâncias do caso, para finalmente se definir o valor da indenização,
alcançando-se, assim, os resultados próprios: compensação a um e sancionamento a outro ("Reparação Civil por Danos
Morais: A Fixação do Valor da Indenização", Revista de Jurisprudência dos Tribunais de Alçada Civil de São Paulo, v.
147, set./out. 1994, p. 11).

No caso, a Autora é pessoa de condição sócio-econômica digna e aparentemente modesta, litigando, inclusive,
sob os auspícios da Assistência Judiciária. A Ré é pessoa jurídica que possui capacidade material para suportar
condenação da espécie requerida, não se podendo olvidar a repercussão negativa causada por sua conduta e a natureza
repressiva da indenização.

É evidente que a indenização por dano moral não pode servir como fonte de enriquecimento do indenizado.
Todavia, também não deve consubstanciar incentivo à reincidência do responsável pela prática do ato ilícito.

Diante dessas peculiaridades, concluo que o valor fixado pelo MM. Juiz (R$5.500,00) se mostrou abaixo dos
DEVENDO SER MAJORADO PARA
parâmetros utilizados pelos Tribunais em hipóteses símiles,
R$10.000,00 (DEZ MIL REAIS), QUANTIA QUE ENTENDO MELHOR SE AMOLDAR À
SATISFAÇÃO REPARATÓRIA DO AGRAVO MORAL SOFRIDO e constitui imposição legítima,
para que a Ré absorva, pedagogicamente, a necessidade de revisão dos seus procedimentos e da sua organização nas
relações empreendidas e nas que venha a empreender.

Vejam também:

“Responsabilidade Civil. Indenização por danos morais. Inscrição indevida no cadastro de


inadimplentes. Ausência de impugnação específica na contestação, acarretando presunção de
veracidade do alegado na inicial. Em razão dos riscos que assumem no desempenho de suas
atividades, os fornecedores respondem pela inscrição indevida e irregular dos dados do consumidor
em cadastro de proteção ao crédito. Configuração de dano moral in re ipsa. Indenização
devida. Valor que comporta minoração, de R$ 14.000,00 para R$10.000,00. Sentença
modificada. Recurso interposto pelo réu a que se dá parcial provimento. Recurso adesivo interposto
pela autora não provido”. (TJSP – Apelação Cível nº 00010376820138260079, 7ª Câmara de Direito
Privado, Relator: Des. Luis Mario Galbetti, DJe 26.06.2014-Destacamos).

“Declaratória de Inexistência de Relação Jurídica C/C Danos Morais. Sentença de procedência. Apelo
de ambas as partes. Apelo da ré pela exclusão da indenização sob o argumento de que houve culpa
exclusiva de terceiro, que utilizou os documentos da autora, além do que, não foi provado o dano
moral. responsabilidade objetiva. Falta de cautela no momento do pacto contratual. Inscrição
indevida. Dano moral in re ipsa. Dever de indenizar. Pedido subsidiário de minoração da verba
indenizatória e dos honorários advocatícios, estes fixados em 20% da condenação e em consonância
com o art. 20, § 3º, do Código de Processo Civil. Recurso adesivo da autora pela majoração do
quantum. Verba indenizatória arbitrada em R$ 10.000,00, que se mostra
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adequada ao dano sofrido, não cabendo minorá-la nem majorá-la.


Recursos conhecidos e desprovidos”. (TJSC – Apelação Cível nº 20130230775, 6ª
Câmara de Direito Civil, relator: Des. Jaime Luiz Vicari, julgado em 26.06.2013-Destacamos).
Acórdão nº 02:
_____________________________________________________________________________________
EMENTA: INDENIZAÇÃO. INSCRIÇÃO INDEVIDA NOS CADASTROS RESTRITIVOS DE CRÉDITO. DANO
MORAL PURO. ARBITRAMENTO.
- Tendo sido o credor responsável pela inscrição indevida nos cadastros de restrição ao crédito com base em uma
dívida que sequer foi contraída pelo suposto devedor, resta inconteste o dever de indenizar.
- "O dano moral decorre do próprio ato lesivo de inscrição indevida nos cadastros de restrição ao crédito,
independentemente da prova objetiva do abalo à honra e à reputação sofrido pelo autor, que se permite, na hipótese,
facilmente presumir, gerando direito a ressarcimento" (REsp n° 323.356/SC).
- O arbitramento econômico do dano moral deve ser realizado com moderação, em atenção à realidade da vida e às
peculiaridades de cada caso, proporcionalmente ao grau de culpa e ao porte econômico das partes. Ademais, não se
pode olvidar, consoante parcela da jurisprudência pátria, acolhedora da tese punitiva acerca da responsabilidade
civil, da necessidade de desestimular o ofensor a repetir o ato.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0394.11.009279-5/001 - COMARCA DE MANHUAÇU - APELANTE(S): BANCO IBI S/A -


BANCO MÚLTIPLO - APELADO(A)(S): VALERIO TOMAS DA SILVA

ACÓRDÃO
Vistos etc., acorda, em Turma, a 13ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de
Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos em negar provimento ao recurso.

DES. CLÁUDIA MAIA (RELATORA)

VOTO

Trata-se de recurso de apelação interposto por BANCO IBI S/A – BANCO MÚLTIPLO contra a
sentença proferida pela Juíza de Direito Daniela Bertolini Rosa Coelho, investida na 1ª Vara Cível da Comarca de
Manhuaçu, que, nos autos da ação declaratória c/c indenização ajuizada por VALÉRIO TOMAS DA SILVA, julgou
procedente o pedido inicial.

Sustenta o banco, em síntese, a ausência de comprovação dos danos morais. Eventualmente,


postula a redução da indenização arbitrada. Busca o provimento do recurso.

Contrarrazões às fls.92/95.

Conheço do recurso, por estarem presentes os pressupostos de admissibilidade.

Incontroverso o ato ilícito praticado pela instituição financeira, ao promover a inscrição do


nome do apelante em órgão de restrição ao crédito por dívida sequer por ele contraída.

Com efeito, uma vez ausente comprovação bastante da existência de vínculo jurídico entre as
partes e, por consequência, a falta de responsabilidade do apelante pelo débito em aberto, a toda evidência revela-se
indevida a negativação perpetrada – que somente foi materializada por requerimento do banco.

Afasta-se, pois, a alegação de culpa exclusiva de terceiro, não se aplicando a excludente


abarcada pelo art. 14, § 3°, inciso II, do CDC.

Nesse sentido, a Súmula 479/STJ: “As instituições financeiras respondem objetivamente pelos
danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações
bancárias.”

Em casos desta natureza, consoante jurisprudência firmada no Superior Tribunal de Justiça, "o
dano moral decorre do próprio ato lesivo de inscrição indevida nos cadastros de restrição ao crédito, independentemente da prova
objetiva do abalo à honra e à reputação sofrido pelo autor, que se permite, na hipótese, facilmente presumir, gerando direito a
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ressarcimento" (Resp. 110.091/MG, Rel. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJ 28.08.00; REsp. 196.824, Rel. Min. César Asfor
Rocha, DJ 02.08.99; REsp. 323.356/SC, Rel. Min. Antônio Pádua Ribeiro, DJ. 11.06.2002).

Trata-se, em verdade, do denominado dano moral puro, para o qual se tem a compreensão da
desnecessidade de prova objetiva, nos termos da lição de SÉRGIO CAVALIERI FILHO, senão, veja-se:

"... por se tratar de algo imaterial ou ideal a prova do dano moral não pode ser feita através
dos mesmos meios utilizados para a comprovação do dano material. Seria uma demasia,
algo até impossível exigir que a vitima comprove a dor, a tristeza ou a humilhação através
de depoimentos, documentos ou perícia; não teria ela como demonstrar o descrédito, o
repúdio ou o desprestígio através dos meios probatórios tradicionais, o que acabaria por
ensejar o retorno à fase da irreparabilidade do dano moral em razão de fatores
instrumentais. Nesse ponto a razão se coloca ao lado daqueles que entendem que o dano
moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade do ilícito em si. (...) Em outras
palavras, o dano moral existe in re ipsa; deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de
tal modo que, provada a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de uma
presunção natural, uma presunção hominis ou facti que decorre das regras de experiência
comum" (Programa de Responsabilidade Civil, 5ª ed., 2ª tiragem, 2004, p. 100).

Destarte, é entendimento pacífico que a negativação indevida constitui ato ilícito causador de
dano moral, não constituindo mero dissabor, sendo, pois, indenizável.

A fixação econômica do dano moral muitas vezes cria situações controvertidas na doutrina e
jurisprudência, em razão de o legislador pátrio ter optado, em detrimento dos sistemas tarifados, pela adoção do
sistema denominado aberto, em que tal tarefa incumbe ao juiz, tendo em vista o bom-senso e determinados parâmetros
de razoabilidade.

Com efeito, é imprescindível que se realize o arbitramento do dano moral com moderação, em
atenção à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso, proporcionalmente ao grau de culpa e ao porte econômico
das partes. Ademais, não se pode olvidar, consoante parcela da jurisprudência pátria, acolhedora da tese punitiva
acerca da responsabilidade civil, da necessidade de desestimular o ofensor a repetir o ato.

A propósito, MARIA HELENA DINIZ ensina que:

"(...) o juiz determina, por eqüidade, levando em conta as circunstâncias de cada caso, o
'quantum' da indenização devida, que deverá corresponder à lesão e não ser equivalente,
por ser impossível tal equivalência. A reparação pecuniária do dano moral é um misto de
pena e satisfação compensatória. Não se pode negar sua função: penal, constituindo uma
sanção imposta ao ofensor; e compensatória, sendo uma satisfação que atenue a ofensa
causada, proporcionando uma vantagem ao ofendido, que poderá, com a soma de dinheiro
recebida, procurar atender a necessidades materiais ou ideais que repute convenientes,
diminuindo, assim, seu sofrimento" (A Responsabilidade Civil por Dano Moral, in Revista
Literária de Direito, ano II, nº 9, jan./fev. de 1996, p. 9).

Nessa toada, dadas as particularidades do caso em comento, dos fatos assentados pelas partes,
bem como observados os princípios da moderação e da razoabilidade, o valor
a título de danos morais deve ser mantido em R$ 10.000,00 (dez mil reais), pois
permite a reparação do ilícito, sem transformar-se em fonte de enriquecimento sem causa, e se coaduna com o
entendimento encampado por esta douta Câmara.

Diante do exposto, nego provimento ao recurso.

Custas recursais pelo apelante.

DES. ALBERTO HENRIQUE - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. LUIZ CARLOS GOMES DA MATA - De acordo com o(a) Relator(a).

Avenida Fernando Maurílio Lopes 146, 2º andar, centro, Reduto-MG CEP 36.920.000
juniopimentel@yahoo.com.br
(033) 98813.1433/98740-2445
Laércio Júnio Pimentel
OAB-MG 105.925

Esses acórdãos exemplos demonstram que é pacífico no


TJMG que o valor dessa indenização é de no mínimo dez mil reais.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer o apelante:

- O provimento da presente apelação, com a consequente


reforma da decisão “a quo”, para MAJORAR os valores da condenação
pelos danos morais ocasionados em face da negativação indevida do nome
do apelante no SERASA. Data vênia, na forma do art. 292, V, NCPC, com a
observância da Sum. 326 do STJ, a indenização deve ser de R$ 10.000.00
(dez mil reais) em decorrência da necessária aplicação da teoria do valor
do desestímulo, acrescido de juros e correção monetária, na forma das
Súmulas 54 e 362, do STJ, conforme requerido já na petição inicial e como
forma de harmonizar as decisões deste Egrégio Tribunal e proporcionar aos
litigantes uma maior aplicação do princípio da igualdade.

Requer, ainda, a majoração dos honorários de sucumbência, na


forma do art. 85, §1º e §2º do CPC.

Manhuaçu (MG), 19 de abril de 2022.

LAÉRCIO JUNIO PIMENTEL

OAB/MG 105.925

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