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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Barretos-SP

Nº Processo: 1000049-15.2022.8.26.0370

Registro: 2022.0000112701

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso Inominado Cível nº


1000049-15.2022.8.26.0370, da Comarca de Monte Azul Paulista, em que é
EMBRATEL TVSAT TELECOMUNICAÇÕES S/A, é recorrido THIAGO MARTINS
HUBACH .

ACORDAM, em Segunda Turma Cível do Colégio Recursal - Barretos,


proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso, por V. U.", de
conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos MM. Juízes LUCIANO DE


OLIVEIRA SILVA (Presidente) E HERMANO FLÁVIO MONTANINI DE CASTRO.

Barretos, 21 de setembro de 2022.

João Carlos Saud Abdala Filho


RELATOR

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Barretos-SP

Nº Processo: 1000049-15.2022.8.26.0370

Recurso nº: 1000049-15.2022.8.26.0370


Recorrente: EMBRATEL TVSAT TELECOMUNICAÇÕES S/A
Recorrido: Thiago Martins Hubach

Voto

RECURSO INOMINADO. OBRIGAÇÃO DE


FAZER C.C. INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. “CLARO TV LIVRE”. INTERRUPÇÃO
DO SINAL. FALHA NA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇO. RESTABELECIMENTO POSSÍVEL.
SITUAÇÃO QUE SUPEROU O MERO
ABORRECIMENTO. DIVERSAS TENTATIVAS DE
RESOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL. DANOS
MORAIS CONFIGURADOS. VALOR
DEVIDAMENTE FIXADO. JUROS DE MORA
DESDE A CITAÇÃO (ART. 405 DO CC). RECURSO
DESPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto por Claro S.A. em face da r.


sentença que julgou procedente a ação “e, de conseguinte, extingo o feito, com resolução
do mérito, nos termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, para: (i)
determinar à ré restabeleça o sinal do sistema "TV Claro Livre" contratado pelo autor,
de forma gratuita, e indefinidamente, conforme contratado; e (ii) condenar a ré a pagar
ao autor a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), a título de danos morais, com
correção monetária a contar do arbitramento, e juros de mora de 1% ao mês, a contar
da citação”.

Mantenho a sentença recorrida, pelos seus próprios fundamentos,


na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/95.

Com efeito, incontroverso nos autos que o recorrido adquiriu em


2016 o equipamento referente ao “Claro TV Livre”, sendo que de acordo com o anúncio
de fls. 15/19 teria sinal de canais de TV de forma gratuita (sem mensalidade) e por
tempo indefinido, mas em 2018 o sinal foi interrompido e informado que deveria ser
efetuada recarga.

Diante disso, o recorrido/autor tentou resolver de forma extrajudicial


por diversas vezes, inclusive com reclamações da Anatel, mas nas vezes que foi
restabelecido, inclusive por meio de atualizações do sistema, o sinal era cortado

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novamente (fls. 20/92).

No caso, a oferta divulgada pela recorrente (fls. 15/19) prometia o


fornecimento de canais de televisão sem o pagamento de mensalidade, não havendo
qualquer limitação temporal.

Assim, nos termos do art. 30 do CDC, a recorrida deve honrar tal


oferta, sendo irrelevante a migração do sinal analógico para o digital, já que isto não
autoriza a recorrida a desrespeitar o contrato entabulado entre as partes, que previa que
os canais seriam disponibilizados independentemente de nova contraprestação pecuniária
pelo consumidor, salvo a prévia aquisição do equipamento, o que é evidenciado pelo
próprio nome do serviço “Claro TV Livre”.

Ademais, não se trata de obrigação impossível, já que existem meios


técnicos para garantir o fornecimento de tal serviço ao consumidor, tanto que já
restabelecido o sinal, conforme comprovado pela própria recorrente às fls. 212/220.

Sendo assim, o restabelecimento do sinal nos termos contratados é


medida de rigor.

Por consequência, este fato gerou violação aos direitos da


personalidade do recorrido, ocasionando sensação desagradável e inoportuna em sua
psique, indo além do mero aborrecimento, restando, pois, configurado o dano moral.

Frise-se que, conforme bem ponderado na r. sentença, “o autor


encontra-se há 3 (três) anos tentando solucionar um problema causado pela própria ré,
que, de forma unilateral, transformou um plano gratuito em oneroso, o que não se
afigura legítimo. O autor comprovou não só o tempo despendido para a solução do
problema, como as diversas intervenções realizadas tanto com a ré, como junto à
ANATEL. Há nítido desvio produtivo do consumidor, (...)”, o que se verifica pelos
documentos de fls. 20/92.

Neste sentido, cita-se:


“Claro TV Livre - Suspensão no fornecimento dos serviços
Ausência de informação ao consumidor ou justificativa plausível
Suspensão dos serviços ilegal Danos morais caracterizados
Sentença de procedência que não comporta reparos Condenação
em perdas e danos Negado provimento ao recurso da requerida”
(TJSP; Recurso Inominado Cível 1005578-74.2021.8.26.0297;
Relator (a): Reinaldo Moura de Souza; Órgão Julgador: 1ª Turma
Cível e Criminal; Foro de Jales - Vara do Juizado Especial Cível e
Criminal; Data do Julgamento: 25/11/2021; Data de Registro:

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27/11/2021).

Com relação ao quantum indenizatório, destaco que o MM. Juiz


sentenciante observou o bem jurídico lesado e as circunstâncias do caso, bem como
levou em consideração o seu caráter pedagógico, de modo a evitar a reiteração da
conduta danosa e eventual enriquecimento ilícito.

Nesse contexto, seguindo os princípios norteadores da


proporcionalidade e razoabilidade, entendo que o valor de R$5.000,00 (cinco mil reais)
fixado na r. sentença a título de indenização por danos morais mostra-se razoável,
devendo ser mantido.

Por fim, os juros de mora foram devidamente aplicados na r.


sentença, desde a citação, nos termos do art. 405 do CC.

Portanto, a r. sentença não comporta modificação.

Desde já, consigno que inexiste qualquer omissão ou obscuridade em


Acórdão que manteve a sentença pelos seus próprios fundamentos, a qual foi suficiente
para o julgamento da causa, não havendo necessidade de enfrentar as demais questões
suscitadas, não sendo cabíveis embargos de declaração (Enunciados 43 e 44 do II
Fojesp).

Por medida de economia processual, ficam prequestionados todos os


dispositivos legais mencionados pela parte recorrente em suas razões recursais.

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso, condenando a


recorrente ao pagamento das custas e dos honorários advocatícios, ora arbitrados em
10% do valor da condenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei nº 9.099/95.

JOÃO CARLOS SAUD ABDALA FILHO


RELATOR

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