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552/2020-5
RELATÓRIO
“(...)
III) DAS RAZÕES RECURSAIS DA OMISSÃO DO V. ACÓRDÃO EMBARGADO
7. Em razão da ocorrência de omissão do acórdão embargado, cabe suscitar causa
de nulidade das presentes contas, suficiente a macular todo o presente processo, com fulcro nos
princípios do devido processo legal, da ampla defesa, do contraditório e na necessidade de aplicação
do princípio da verdade material, em busca dos verdadeiros fatos que deram origem às supostas
irregularidades, consubstanciada em procedimento processual ignorado pelo Tribunal quando
do julgamento das presentes contas por meio da decisão ora embargada.
1
7.1. A omissão que deu ensejo à nulidade suscitada consiste em que os robustos
argumentos apresentados pelas Embargantes não foram completamente analisados pelo
Eminente Ministro Relator, que, data maxima venia, em seu Voto condutor do Acórdão
embargado olvidou-se de apresentar ao Tribunal o debate e o enfrentamento de todos os
argumentos de defesa apresentados pelas ora Embargantes.
7.2. Ora Excelência, data maxima venia, a instauração de procedimento de tomada
de contas especial em face de suspeita de danos supostamente causados ao erário reclama a
averiguação de todos os fatos imputáveis a todas as partes envolvidas, que supostamente deram
causa a danos ao erário. Dessa forma, com vistas a garantir a obtenção de possível ressarcimento e
em resguardo do atendimento das finalidades da presente TCE e do próprio erário, não parece
prudente deixar de analisar todas a teses de defesa apresentadas pelo ora Embargante.
7.3. Fez-se mister, portanto, suprir tal omissão identificada no v. Acórdão
embargado, a fim de sanar vício causador de nulidade processual, em resguardo aos princípios
constitucionais inerentes à defesa e à elucidação dos fatos controvertidos.
8. A partir deste ponto, cabe às ora Embargantes demonstrar que os robustos
argumentos de defesa apresentados, com vistas ao julgamento pela regularidade dos atos de gestão
praticados, que não foram analisados pelo v. Acórdão embargado.
9. A observância aos princípios constitucionais que devem nortear a análise das
presentes contas chama as ora Embargantes a apresentar-se perante esta Egrégia Corte de Contas,
por meio do presente recurso, em busca de uma justa análise de sua defesa, relegada ao oblívio,
omissão que ora se faz necessário sanar.
DA MOTIVAÇÃO RECURSAL
10. Consoante a compreensão das Embargantes aos trechos do v. Acórdão
embargado, trazidos à colação, há nele contrariedades aos preceitos que regem e informam os
julgamentos a cargo do Egrégio Tribunal de Contas da União, advindos de omissão, que, por essa
razão, tornam necessário o provimento do presente recurso.
11. O v. acórdão embargado, ao condenar em débito as Embargantes, data maxima
venia, incorre em omissão por impor ao Embargante o ônus de suportar os nefastos efeitos jurídicos
decorrentes da equivocada decisão, sem levar em consideração as circunstâncias atenuantes das
supostas condutas consideradas irregulares, fartamente justificadas em sua defesa.
11.1. Dessa forma, o v. Acórdão embargado foi omisso no tocante às razões que formaram
sua convicção acerca da condenação em débito, na medida em que não enfrentou cada uma das
questões de mérito trazidas pelas Embargantes em sede de Alegações de Defesa e que ora são
objeto de novo requerimento pelas Embargantes, que torna a aduzir Razões que justificam a
regularidade de seus atos, com base na demonstração da sempre presente boa-fé e de outras
excludentes de responsabilidade.
(...)
V) EX POSITIS
44. Isto posto, as Razões ora apresentadas pelas Embargantes em sede de recurso
de Embargos de Declaração demonstram a necessidade de saneamento do v. Acórdão embargado, a
fim de corrigir o erro de julgamento apontado acima e, na medida em que esse saneamento implica
na decisão de reformar o mérito do julgamento, mostra-se cabível, in casu, o provimento do
Recurso para, atribuindo-se efeitos infringentes à decisão, excluir-se as penalidades aplicadas.
45. Por todo o exposto, as Embargantes esperam que estes argumentos
apresentados, ora trazidos ao percuciente exame do Eminente Ministro Relator e posterior
julgamento pela Colenda 1ª Câmara, sejam esclarecedores e bastantes ao convencimento quanto à
necessidade de reforma do v. Acórdão embargado, a fim de excluir a penalização aplicada às
Embargantes, arquivando-se o processo. Nestes termos, pede e aguarda provimento.” (destaques do
original)
É o relatório.
VOTO
1. Processo TC 026.552/2020-5.
2. Grupo II – Classe I - Assunto: Embargos de declaração (Tomada de Contas Especial).
3. Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsáveis: Casa de Cora Coralina (00.028.621/0001-83); Marlene Gomes de Vellasco
(118.463.991-49).
3.2. Recorrentes: Casa de Cora Coralina (00.028.621/0001-83); Marlene Gomes de Vellasco
(118.463.991-49).
4. Órgão/Entidade: Ministério do Turismo.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Tomada de Contas Especial (SecexTCE).
8. Representação legal: Luiz Carlos Braga de Figueiredo (OAB/DF 16.010) e Breno Luiz Moreira
Braga de Figueiredo (OAB/DF 26.291), representando Marlene Gomes de Vellasco; Luiz Carlos Braga
de Figueiredo (OAB/DF 16.010) e Breno Luiz Moreira Braga de Figueiredo (OAB/DF 26.291),
representando Casa de Cora Coralina.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração interpostos por
Associação Casa de Cora Coralina e Marlene Gomes de Vellasco contra o Acórdão 3.618/2022–TCU-
1ª Câmara,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de 1ª
Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer dos embargos, com fulcro nos arts. 32 e 34 da Lei 8.443/1992, para, no
mérito, rejeitá-los;
9.2. declarar, de ofício, a insubsistência do Acórdão 3.618/2022–TCU-1ª Câmara, em face
do reconhecimento da prescrição das pretensões punitiva e ressarcitória, prevista no art. 2º
da Resolução-TCU 344/2022;
9.3. dar ciência deste Acórdão aos embargantes; e
9.4. arquivar o presente processo, com fundamento no art. 11 da Resolução 344/2022.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
PAULO SOARES BUGARIN
Subprocurador-Geral