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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 003.

928/2013-6

GRUPO II – CLASSE I – Segunda Câmara


TC 003.928/2013-6
Natureza: Recursos de Reconsideração em Tomada de Contas
Especial.
Órgão/Entidade: Município de Juazeiro/BA.
Recorrentes: Construtora Venâncio Ltda. (12.574.539/0001-33) e
Joseph Wallace Faria Bandeira (072.516.025-04).
Interessada: Fundação Nacional de Saúde (26.989.350/0001-16).
Representação legal: Sanzo Kaciano Biondi Carvalho
(14640/OAB-BA) e outros, representando Joseph Wallace Faria
Bandeira; Antonio Paulo Berardo Carneiro da Cunha (12782/OAB-
PE) e outros, representando Construtora Venâncio Ltda.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO.


IMPUGNAÇÃO PARCIAL DAS DESPESAS.
IRREGULARIDADE DAS CONTAS. DÉBITO E MULTA.
RECURSOS DE RECONSIDERAÇÃO. COMPROVAÇÃO DE
NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE PARTE DAS DESPESAS E
A VERBA FEDERAL. ATRASOS NOS REPASSES. CULPA
EXCLUSIVA DA CONCEDENTE. OCORRÊNCIA DE
PAGAMENTOS A MAIOR EM VIRTUDE DE DESPESAS COM
REAJUSTES CONTRATUAIS. ERRO DE JULGAMENTO.
PROVIMENTO. EXCLUSÃO DE RESPONSABILIDADE.
CONSTATAÇÃO DE DÉBITOS REMANESCENTES. NOVOS
CONTORNOS DA MATÉRIA. NECESSIDADE DE NOVAS
CITAÇÕES. AUTORIZAÇÃO.

RELATÓRIO

Trata-se de tomada de contas especial instaurada contra Joseph Wallace Faria Bandeira
(prefeito na gestão 2001-2004) e Construtora Venâncio Ltda. em razão da execução parcial das
despesas do Convênio 3.846/2001 (77,38%) – não foram realizadas obras nas localidades Poções,
Riacho da Massaroca, Baraúna e Alagadiço) –, celebrado entre a União, por intermédio da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa), e o Município de Juazeiro/BA, para execução de sistema de
abastecimento de água naquela municipalidade.
2. A matéria foi apreciada pelo Acórdão 3.225/2017-TCU-2ª Câmara (Rel. Min. Subst. André
Luís de Carvalho), à peça 68, lavrado nos termos a seguir:
(...)
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da Segunda
Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar revel o Sr. Joseph Wallace Faria Bandeira, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei
nº 8.443, de 16 de julho de 1992;
9.2. julgar irregulares as contas do Sr. Joseph Wallace Faria Bandeira, com fulcro nos arts. 1º,
inciso I, 12, § 3º, 16, III, alíneas ‘b’ e ‘c’, §§ 2º e 3º, 19, caput, 23, III, 28, II, da Lei 8.443, de 1992,
para condená-lo, em solidariedade com a Construtora Venâncio Ltda., ao pagamento da quantia a
seguir especificada, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para
comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, III, ‘a’, do RITCU), o recolhimento da dívida aos
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cofres da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), atualizada monetariamente e acrescida dos juros
de mora, calculados a partir da data discriminada, até a data do recolhimento, na forma da
legislação em vigor:
VALOR ORIGINAL DATA DA OCORRÊNCIA
331.835,40 30/4/2004
9.3. aplicar ao Sr. Joseph Wallace Faria Bandeira e à Construtora Venâncio Ltda., individualmente,
a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443, de 1992, no valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais)
com a fixação do prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o
Tribunal (art. 214, III, ‘a’, do RITCU), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizadas monetariamente na forma da legislação em vigor;
9.4. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, II, da Lei 8.443, de 1992, a cobrança judicial das
dívidas constantes deste Acórdão, caso não atendidas as notificações;
9.5. autorizar, caso requerido, nos termos do art. 26 da Lei nº 8.443, de 1992, e do art. 217 do
RITCU, o parcelamento das dívidas constantes deste Acórdão em até 36 (trinta e seis) parcelas
mensais e sucessivas, sobre as quais incidirão a atualização monetária e os correspondentes
acréscimos legais, esclarecendo aos responsáveis que a falta de pagamento de qualquer parcela
importará no vencimento antecipado do saldo devedor, sem prejuízo das demais medidas legais;
9.6. informar o Município de Juazeiro/BA de que a liquidação tempestiva do débito inerente à falta
de aplicação da contrapartida prevista no Convênio 3846/200 (Siafi 440370), com o parcelamento
já autorizado pelo Acórdão 9.701/2016-TCU-2ª Câmara, saneará o processo em relação ao ente
federado, de modo que as suas contas poderão ser julgadas regulares com ressalva, dando-lhe
quitação, ao passo que, de outra sorte, o não recolhimento desse débito ensejará a sua condenação
em débito, atualizado e acrescido de juros de mora, com o julgamento das contas pela
irregularidade, nos termos do art. 202, §§ 3º e 4º, do RITCU;
9.7. determinar que, em processo apartado, a Secex/BA promova o devido acompanhamento sobre
o recolhimento parcelado do débito, conforme a autorização dada pelo Acórdão 9.701/2016-TCU-
2ª Câmara; e
9.8. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e da Proposta de Deliberação que a
fundamenta, à Procuradoria da República no Estado da Bahia, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei
8.443, de 1992 e do art. 209, § 7º, do Regimento Interno do TCU, para a adoção das medidas
judiciais cabíveis.
3. Os responsáveis interpuseram recursos de reconsideração contra essa decisão (peças 82
e 96), cujo exame uniforme, a cargo da Secretaria de Recursos, transcrevo parcialmente (peça 115;
pronunciamentos do diretor e do secretários às peças 116 e 117):
(...)
HISTÓRICO
Cuida-se de processo de tomada de contas especial instaurado pelo Ministério da Saúde (peças 1-6), para avaliar
as despesas realizadas no âmbito do Convênio 3846/2001, na execução de sistema de abastecimento de água no
Município, ocasião em que o Relatório de Visita Final identificou o atingimento de 77,38% das metas
contratadas (peça 1, p. 351-355), uma vez que ‘deixaram de ser executados 4 melhoramentos de sistemas de
abastecimento de água (localidades: Poções, Riacho da Massaroca, Baraúna e Alagadiço), bem como os
serviços relacionados no último relatório de Visita Técnica nº 06’ (peça 1, p. 357), concluindo pela não
aprovação das obras não executadas naquelas localidades (peça 1, p. 359).
Foram citados o ex-Prefeito do Município, Joseph Wallace Faria Bandeira (peça 21-23) e a empresa responsável
pela obra, Construtora Venâncio Ltda. (peca 22-24), para responderem sobre a inexecução parcial do convênio
segundo descrito nos relatórios elaborados pelos setores técnicos do órgão concedente.
Após a revelia do ex-Prefeito e a apresentação de defesa da empresa, o Tribunal julgou as contas no Acórdão
3225/2017-TCU-2a Câmara (peças 68-70), decisão contra a qual se insurgem os recorrentes.
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EXAME DE ADMISSIBILIDADE
Nenhuma divergência a ser apontada quanto a proposta positiva de admissibilidade contida nas peças 98-99,
acolhida pelo e. Relator Min. João Augusto Ribeiro Nardes (peça 101).
EXAME DE MÉRITO
Delimitação
São os pontos recursais da Construtora Venâncio Ltda. (peça 82): a) ausência de qualquer ato praticado que
importasse violação ao erário público, não existindo indicativo de recebimento de verba pública
desacompanhada de prestação de serviços; b) ocorrência de prescrição para aplicação de multa segundo a Lei
9.873/99 (prazo quinquenal) e afastamento da imprescritibilidade do débito segundo o julgamento contido no
RE 636.886/STF; c) ausência de dano ao erário, pois os pagamentos realizados estariam de acordo com as
medições apresentadas; d) defasagem de preços pelo decurso de prazo de 2 anos entre a rescisão contratual da
primeira empresa vencedora (RHS Indústrias e Serviços Ltda.), importando o reajustamento do valor pactuado
em R$ 260.800,00, passando o instrumento a vigorar com valor global de R$ 1.890.800,00, devendo se
considerar que o Município aplicou apenas o valor de R$ 2.685,84, tendo sido a obra realizada exclusivamente
com os recursos federais; e) recebimento de apenas R$ 1.293.305,83 (e não R$ 1.532.638,16) do valor total de
R$ 1.630.000,00, sendo que o recebimento de R$ 239.332,33 decorreria de reajustamentos contratuais de 8
medições realizadas, pela elevação do preço de insumos e mão de obra no período; f) os relatórios técnicos
apontariam o pagamento de medição equivalente a R$ 1.532.638,16, sendo que a diferença de R$ 239.332,33
corresponderia a aplicação de índices de reajustamento contratuais; g) ocorrência de boa-fé objetiva identificada
pelo trâmite regular da obra, a observância dos cronogramas de execução e o perfeito funcionamento do sistema
de abastecimento; h) ausência de dano ao erário que justifique a aplicação da multa prevista no art. 57 da Lei
8.443/92.
São os pontos recursais de Joseph Wallace Faria Bandeira (peça 96): a) aplicação dos recursos no melhoramento
dos sistemas de águas da localidades de Poções, Riacho da Massaroca, Baraúna e Alagadiço, conforme
prestação de contas anexa, não sendo possível afirmar desvio de recursos públicos ou apropriação indébita; b)
dificuldade de obtenção de documentos junto a Prefeitura, pela ocupação da Prefeitura de inimigo político do
recorrente; c) transcurso do prazo de 5 anos para armazenagem dos documentos segundo a IN-STN 1/97 (art.
30, § 1o ) e do Decreto 93.872/86 (art. 66, § 2o ); d) ausência de conduta dolosa e ocorrência de boa-fé por parte
do recorrente, com a aplicação dos recursos nas obras indicadas. Ademais, são pedidos alternativos do
recorrente (peça 96, p. 17): a) citação de co-responsável; b) realização de vistoria in loco.
Questão preliminar: ocorrência de prescrição segundo a Lei 9.873/99 e a IN-STN 1/97
Alegam os recorrentes a ocorrência de prescrição quinquenal segundo a Lei 9.873/99, buscando a incidência do
julgado no RE 636.886/STF, bem como o reconhecimento da incidência do art. 30, § 1o da IN 1/97 e do art. 66,
§ 2o do Decreto 93.872/86, quanto ao dever de guarda de documentos pelo prazo quinquenal.
Análise
A atuação do TCU tem por objetivo a recomposição do erário. E, ao assim agir, o Tribunal de Contas da União
encontra salvaguarda na Magna Carta em face do instituto da prescrição, conforme dispõe a parte final do art.
37, § 5º: ‘A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento’.
Tem-se, assim, que, nos termos do citado artigo 37, parágrafo 5º, in fine, da CF/88, as ações que visam ao
ressarcimento do erário – a exemplo da tomada de contas em comento – são imprescritíveis, não tendo
incidência analógica do prazo quinquenal previsto na Lei de Procedimento Administrativo.
Conforme ensina o Professor José Afonso da Silva (in Curso de Direito Constitucional Positivo, 9ª Edição,
Malheiros Editores, pág. 574), verbis:
A prescritibilidade, como forma de perda da exigibilidade de direito, pela inércia de seu titular, é
um princípio geral do direito. Não será, pois, de estranhar que ocorram prescrições administrativas
sob vários aspectos, quer quanto às pretensões de interessados em face da Administração, quer
quanto às desta em face de administrados. Assim é especialmente em relação aos ilícitos
administrativos. Se a Administração não toma providências à sua apuração e à responsabilização do

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agente, a sua inércia gera a perda do seu ius persequendi. É o princípio que consta do art. 37, § 5º,
que dispõe: A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, que causem prejuízo ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
Vê-se, porém, que há uma ressalva ao princípio. Nem tudo prescreverá. Apenas a apuração e
punição do ilícito, não, porém, o direito da Administração ao ressarcimento, à indenização,
do prejuízo causado ao erário. É uma ressalva constitucional e, pois, inafastável, mas, por
certo, destoante dos princípios jurídicos, que não socorrem quem fica inerte (dormientibus non
sucurrit ius). Deu-se assim à Administração inerte o prêmio da imprescritibilidade na hipótese
considerada.
Esse é o entendimento do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, consoante se extrai dos precedentes a seguir
transcritos:
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO
ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RESSARCIMENTO. TOMADA
DE CONTAS. DANO AO ERÁRIO. IMPRESCRITIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. 1. A
ação de ressarcimento dos prejuízos causados ao erário é imprescritível. Precedentes. 2. Agravo
regimental improvido. (AgRg no Ag 1224532/SP, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/02/2011, DJe 10/02/2011)
ADMINISTRATIVO. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. DANO AO ERÁRIO.
RESSARCIMENTO. IMPRESCRITIBILIDADE. MULTA. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL.
ART. 1º DA LEI 9.873/1999. INAPLICABILIDADE. 1. A pretensão de ressarcimento por prejuízo
causado ao Erário é imprescritível. Por decorrência lógica, tampouco prescreve a Tomada de
Contas Especial no que tange à identificação dos responsáveis por danos causados ao Erário e à
determinação do ressarcimento do prejuízo apurado. Precedente do STF. (...) 4. Recursos Especiais
parcialmente providos para afastar a prescrição relativamente ao ressarcimento por danos causados
ao Erário. (REsp 894539 / PI, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 02/10/2007, DJe 14/05/2008)
O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Mandado de Segurança n. 26.210, igualmente fixou
tese da imprescritibilidade das ações de ressarcimento por danos ao erário:
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. BOLSISTA
DO CNPq. DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE RETORNAR AO PAÍS AP ÓS
TÉRMINO DA CONCESSÃO DE BOLSA PARA ESTUDO NO EXTERIOR.
RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. INOCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO. DENEGAÇÃO DA
SEGURANÇA. I - O beneficiário de bolsa de estudos no exterior patrocinada pelo Poder Público,
não pode alegar desconhecimento de obrigação constante no contrato por ele subscrito e nas
normas do órgão provedor. II - Precedente: MS 24.519, Rel. Min. Eros Grau. III - Incidência, na
espécie, do disposto no art. 37, § 5º, da Constituição Federal, no tocante à alegada prescrição .
IV - Segurança denegada. (MS 26210/DF; Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI;
Julgamento: 04/09/2008; Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal está pacificada nesse sentido, conforme se extrai dos recentes
julgados de ambas as suas turmas:
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.
ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. 1) AÇÃO DE RESSARCIMENTO AO
ERÁRIO: IMPRESCRITIBILIDADE. PRECEDENTES. 2) OCORRÊNCIA DE DANO:
NECESSIDADE DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. (ARE 772852
AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 11/03/2014, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-057 DIVULG 21-03-2014 PUBLIC 24-03-2014)
EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário. Alegada ausência de esgotamento de
instância, em virtude da não interposição de embargos de divergência. Não ocorrência. Medida
cautelar preparatória de futura ação de ressarcimento. Imprescritibilidade pacificamente
reconhecida pela Corte. 1. Não há que se falar em ausência de esgotamento de instância, pois o

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recurso de embargos de divergência, dado seu caráter facultativo, não se enquadra dentre os
recursos ordinários, a que alude o verbete da Súmula nº 281 da Corte. 2. A discussão sobre a
natureza da ação civil pública em tela, se de improbidade administrativa ou de ressarcimento por
supostos danos causados ao erário, bem como sobre sua eventual imprescritibilidade, não prescinde
da análise dos fatos e das provas dos autos, a qual é incabível na via extraordinária, a teor do
disposto na Súmula nº 279 da Corte. 3. Agravo regimental não provido. (RE 601707 AgR,
Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 29/10/2013, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-233 DIVULG 26-11-2013 PUBLIC 27-11-2013)
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO
ADMINISTRATIVO. DANO AO ERÁRIO. ARTIGO 37, §5º, DA CF.
IMPRESCRITIBILIDADE. PRECEDENTES. PRETENSÃO DE REJULGAMENTO DA CAUSA
PELO PLENÁRIO E ALEGAÇÃO DE NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DE DANO
CONCRETO PARA SE IMPOR A CONDENAÇÃO AO RESSARCIMENTO EM RAZÃO DO
DANO CAUSADO À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. SUBMISSÃO DA MATÉRIA A
REEXAME PELO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO
REGIMENTAL PROVIDO, DETERMINANDO-SE O PROCESSAMENTO DO RECURSO
OBSTADO NA ORIGEM. 1. O Supremo Tribunal Federal tem jurisprudência assente no
sentido da imprescritibilidade das ações de ressarcimentos de danos ao erário. Precedentes:
MS n.º 26210/DF, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, 10.10.2008; RE
n.º 578.428/RS-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Ayres Britto, DJe 14.11.2011; RE
n.º 646.741/RS-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe 22.10.2012; AI
n.º 712.435/SP-AgR, Primeira Turma, Relatora a Ministra Rosa Weber, DJe 12.4.2012. 2.
Agravo regimental. Pleito formalizado no sentido de submeter o tema a reexame do Plenário da
Corte. Cabimento da pretensão, porquanto entendo relevante a questão jurídica e aceno com a
necessidade de reapreciação da matéria pelo Supremo Tribunal Federal. 3. Agravo regimental
provido, determinando-se o processamento do recurso extraordinário obstado pelo Tribunal de
origem. (AI 819135 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 28/05/2013,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-161 DIVULG 16-08-2013 PUBLIC 19-08-2013)
Importante ressaltar que, mais recentemente, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE
669069, com repercussão geral, decidiu pela prescritibilidade das ações de reparação de danos à Fazenda
Pública decorrentes de ilícito civil:
Ementa: CONSTITUCIONAL E CIVIL. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO.
IMPRESCRITIBILIDADE. SENTIDO E ALCANCE DO ART. 37, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO. 1.
É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil. 2.
Recurso extraordinário a que se nega provimento. (grifamos; RE 669069/MG; Relator(a): Min.
TEORI ZAVASKI; Julgamento: 03/02/2016; Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
É de se destacar que a decisão supra foi objeto de embargos de declaração opostos pelo Procurador-Geral da
República, o qual, em sua peça recursal, buscou, entre outras coisas, aclarar o sentido da expressão ‘ilícito civil’.
Ao julgar os referidos Embargos, o STF assim se manifestou:
Ementa: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. DANO DECORRENTE DE ILÍCITO
CIVIL. PRESCRITIBILIDADE. SENTIDO ESTRITO DA EXPRESSÃO ‘ILÍCITO CIVIL’,
DELIMITADO PELO ACÓRDÃO EMBARGADO. FIXAÇÃO DO TERMO INICIAL DO
PRAZO PRESCRICIONAL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. MODULAÇÃO DE
EFEITOS DA TESE FIRMADA NO ACÓRDÃO EMBARGADO. NÃO DEMONSTRAÇÃO DE
MOTIVO RELEVANTE DE INTERESSE SOCIAL OU DE SEGURANÇA JURÍDICA.
REDISCUSSÃO DE QUESTÕES DECIDIDAS. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO REJEITADOS. (grifamos; RE 669069 ED/MG; Relator(a): Min. TEORI
ZAVASKI; Julgamento: 16/06/2016; Órgão Julgador: Tribunal Pleno)
Nota-se que a ementa supra (Embargos de Declaração) explicita que o sentido da expressão ‘ilícito civil’ foi
devidamente estabelecido quando do julgamento do RE 669069, nos termos do Voto do Exmo. Ministro Teori
Zavaski, que conduziu o julgamento dos Embargos de Declaração:

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3. Nos debates travados na oportunidade do julgamento ficou clara a opção do Tribunal de


considerar como ilícito civil os de natureza semelhante à do caso concreto em exame, a saber:
ilícitos decorrentes de acidente de trânsito. O conceito, sob esse aspecto, deve ser buscado pelo
método de exclusão: não se consideram ilícitos civis, de um modo geral, os que decorrem de
infrações ao direito público, como os de natureza penal, os decorrentes de atos de improbidade e
assim por diante . Ficou expresso nesses debates, reproduzidos no acórdão embargado, que a
prescritibilidade ou não em relação a esses outros ilícitos seria examinada em julgamento próprio.
Por isso mesmo, recentemente, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral de dois temas
relacionados à prescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao erário: (a) Tema 897 – ‘Prescritibilidade da
pretensão de ressarcimento ao erário em face de agentes públicos por ato de improbidade administrativa ’; e (b)
Tema 899 – ‘Prescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão de Tribunal de
Contas’ (RE 636.886/AL – pendente de julgamento, referenciado pelo recorrente).
Desse modo, se dúvidas ainda houvesse, é evidente que as pretensões de ressarcimento decorrentes de atos
tipificados como ilícitos de improbidade administrativa, assim como aquelas fundadas em decisões das Cortes
de Contas, não foram abrangidas pela tese fixada no julgado embargado.
Pelo acima exposto, observa-se que não assiste razão ao recorrente quando afirma a ocorrência da prescrição.
Ora, ao interpretar o art. 37, § 5º, da Constituição Federal e firmar a tese da imprescritibilidade das ações de
reparação de dano movidas pelo Estado, fundadas em decisões das Cortes de Contas, o STF fez a devida
ponderação de princípios constitucionais. E ao fazê-lo, entendeu ser a dita imprescritibilidade compatível com
os princípios da segurança jurídica e da razoabilidade.
No que tange a incidência da prescrição para aplicação das sanções previstas na Lei 8.443/92, o Tribunal
resolveu por definitivo o incidente de uniformização de jurisprudência no TC-030.926/2015-7 (Acórdão
1.441/2016-TCU-Plenário), pacificando o entendimento de que a pretensão punitiva do Tribunal de Contas da
União subordina-se ao prazo geral de prescrição indicado no art. 205 do Código Civil de 10 anos, sendo contada
a partir da data de ocorrência da irregularidade sancionada, verbis:
9.1.1. a pretensão punitiva do Tribunal de Contas da União subordina-se ao prazo geral de
prescrição indicado no art. 205 do Código Civil;
9.1.2. a prescrição a que se refere o subitem anterior é contada a partir da data de ocorrência da
irregularidade sancionada, nos termos do art. 189 do Código Civil;
9.1.3. o ato que ordenar a citação, a audiência ou oitiva da parte interrompe a prescrição de que
trata o subitem 9.1.1, nos termos do art. 202, inciso I, do Código Civil;
9.1.4. a prescrição interrompida recomeça a correr da data em que for ordenada a citação, a
audiência ou oitiva da parte, nos termos do art. 202, parágrafo único, parte inicial, do Código Civil;
9.1.5. haverá a suspensão da prescrição toda vez que o responsável apresentar elementos adicionais
de defesa, ou mesmo quando forem necessárias diligências causadas por conta de algum fato novo
trazido pelos jurisdicionados, não suficientemente documentado nas manifestações processuais,
sendo que a paralisação da contagem do prazo ocorrerá no período compreendido entre a juntada
dos elementos adicionais de defesa ou da peça contendo o fato novo e a análise dos referidos
elementos ou da resposta da diligência, nos termos do art. 160, §2º, do Regimento Interno;
9.1.6. a ocorrência desta espécie de prescrição será aferida, independentemente de alegação da
parte, em cada processo no qual haja intenção de aplicação das sanções previstas na Lei
8.443/1992;
9.1.7. o entendimento consubstanciado nos subitens anteriores será aplicado, de imediato, aos
processos novos (autuados a partir desta data) bem como àqueles pendentes de decisão de mérito
ou de apreciação de recurso por este Tribunal;
Em se tratando de irregularidade quanto a omissão na construção de parte de obra, explicitada no Parecer
Técnico de 26/5/2008 (peça 1, p. 355), é certo que o prazo decenal não foi ultrapassado na data em que se
determinou a citação da responsável (23/7/2013 – peça 20), razão pela qual não pode ser acolhida a alegação de
prescrição para aplicação de sanções.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 003.928/2013-6

Por fim, é necessário recordar que o prazo de guarda de 5 anos dos documentos da prestação de contas somente
se inicia com a aprovação das contas pelo órgão concedente, nos termos do art. 30, § 1o da IN 1/97 da
Secretaria do Tesouro Nacional. No caso concreto, enquanto pendia o processo de análise das contas, o prazo
quinquenal de guarda sequer havia se iniciado:
IN 1/97 STN
Art. 30. As despesas serão comprovadas mediante documentos originais fiscais ou equivalentes,
devendo as faturas, recibos, notas fiscais e quaisquer outros documentos comprobatórios serem
emitidos em nome do convenente ou do executor, se for o caso, devidamente identificados com
referência ao título e número do convênio.
§ 1º Os documentos referidos neste artigo serão mantidos em arquivo em boa ordem, no próprio
local em que forem contabilizados, à disposição dos órgãos de controle interno e externo, pelo
prazo de 5 (cinco) anos, contados da aprovação da prestação ou tomada de contas, do gestor do
órgão ou entidade concedente, relativa ao exercício da concessão.
Decreto 93.872/86
Art. 66. Quem quer que receba recursos da União ou das entidades a ela vinculadas, direta ou
indiretamente, inclusive mediante acordo, ajuste ou convênio, para realizar pesquisas, desenvolver
projetos, estudos, campanhas e obras sociais ou para qualquer outro fim, deverá comprovar o seu
bom e regular emprego, bem como os resultados.
[...]
§ 2º A documentação comprobatória da aplicação da subvenção ou auxílio ficará arquivada na
entidade beneficiada, à disposição dos órgãos de controle interno e externo, durante o prazo de 5
(cinco) anos da aprovação da prestação de contas .
Deste modo, verificado que as contas dos responsáveis jamais foram aprovadas, o prazo de guarda de
documentos não se iniciou, não podendo os gestores alegarem a norma de guarda documental para afastar o
dever da comprovação da regular aplicação dos recursos públicos federais.
Questão preliminar: Da alegação de cerceamento de defesa pela impossibilidade de acesso aos
documentos arquivados na Prefeitura
Alega o ex-Prefeito do Município, Joseph Wallace Faria Bandeira, dificuldade de acesso as informações
arquivadas na Prefeitura em razão de oposição política do ocupante do cargo.
Análise
A propósito da alegação do suposto cerceamento de defesa diante da impossibilidade de ter acesso aos
documentos necessários à comprovação dos serviços prestados, ressalte-se, primeiramente, a total falta de
comprovação da alegação em comento, não apresentando o recorrente qualquer documento comprobatório de
diligências realizadas junto à Prefeitura.
Ademais, obstáculos de ordem política ou de eventual cerceamento de defesa, se não resolvidas com a
administração local, devem, por meio de ação apropriada, ser levados ao conhecimento do Poder Judiciário. Não
cabe ao TCU garantir ao responsável o acesso à referida documentação. É nesse sentido a jurisprudê ncia desta
Corte, como se observam nos Acórdãos 21/2002-1ª Câmara (Min. Marcos Benquerer), 115/2007-2ª Câmara
(Min. Benjamin Zymler) e 1.322/2007-Plenário (Min. Aroldo Cedraz).
É de se dizer também que, ao Tribunal de Contas da União, órgão constitucional de controle externo da
Administração Pública, cujo julgamentos são pautados em critérios técnicos e apolíticos, é indiferente eventuais
disputas regionais de Poder, pois as dificuldades originárias de rivalidade política não podem impedir o
cumprimento do dever constitucional e legal de julgar as contas dos responsáveis.
Questão preliminar: Do requerimento de citação de corresponsáveis
Requer o recorrente Joseph Wallace Faria Bandeira (peça 96, p. 17, item ‘c’) a ‘citação do outro co-responsável,
haja vista não há nos autos comprovação de sua citação’.
Análise
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Não merece acolhimento o pedido, pois, além da ausência de indicação do suposto corresponsável a ser citado,
eventual chamamento de supostos responsáveis solidários se constitui benefício da União, credora de eventual
condenação ao responsável, não sendo possível a invocação do princípio da indivisibilidade, de incidência
exclusiva em processos penais, não havendo óbice ao julgamento das contas dos responsáveis.
Questão preliminar: Do requerimento de re alização de vistoria in loco
Requer o recorrente Joseph Wallace Faria Bandeira (peça 96, p. 17, item ‘d’) a ‘realização de vistoria in loco, ou
caso assim não entenda que solicite a FUNASA tal múnus da realização da vistoria, ou caso ainda assim não
entenda, que conceda prazo para que o requerido providencie junto a própria FUNASA tal vistoria, já que a
mesma sinalizou positivamente em consulta formal’.
Análise
No presente caso, diante da existência de robusta documentação capaz e suficiente, por si só, de evidenciar a
irregularidade em questão, não é necessária a inspeção in loco. De fato, o TCU não é obrigado a deferir
diligências inúteis, consoante dispõe o art. 130 do CPC, aplicado subsidiariamente aos processos do TCU.
É bem verdade que o Tribunal tem competência para realizar, ex officio, vistorias, inspeções, auditorias e outras
perícias que assegurem eficácia ao controle externo, auxiliando-o na instrução de processos de julgamento de
contas. Esses expedientes são instrumentos de fornecimento de provas obtidas por meio de verificações em
campo ou de documentos, que permitem ao julgador formar uma convicção da veracidade da matéria que lhe é
submetida. Entretanto, a essa faculdade legal atribuída ao TCU não corresponde um dever de aplicação
indiscriminada de todos os expedientes saneadores, sob pena de tornar a ação fiscalizadora ineficiente e
ineficaz.
O Supremo Tribunal Federal já se manifestou especificamente acerca da desnecessidade de produção de prova
pericial nos processos perante o TCU, conforme comprovam os precedentes a seguir:
MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, QUE
CONDENOU EX-PREFEITO MUNICIPAL AO PAGAMENTO DE MULTA. ALEGADA
ILEGALIDADE, QUE CONSISTIRIA EM NÃO HAVER SIDO DETERMINADA A
REALIZAÇÃO DE PERÍCIA PARA MENSURAÇÃO DAS OBRAS REALIZADAS.
ADEMAIS, TERIA O IMPETRANTE SIDO PUNIDO COM BASE EM LEI AINDA NÃO
VIGENTE AO TEMPO DOS FATOS APURADOS. Irrogações improcedentes, tendo em vista,
primeiramente, que o impetrante foi punido não apenas por aplicação irregular de verba pública,
mas também, e principalmente, por ausência de prestação de contas, o que tornou prescindível a
perícia técnica reclamada; e, em segundo lugar, porque, contrariamente ao alegado, foi ele punido
com base no DL n. 199/67, vigente a época dos fatos. Segurança denegada. (MS 21590, Relator(a):
Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 11/03/1993, DJ 16-04-1993 PP-06432
EMENT VOL-01699-02 PP-00359)
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. TRIBUNAL
DE CONTAS DA UNIÃO. PLANO NACIONAL DE QUALIFICAÇÃO DO TRABALHADOR –
PLANFOR. IRREGULARIDADES NA APLICAÇÃO DE RECURSOS DO FUNDO DE
AMPARO AO TRABALHADOR – FAT. ILEGALIDADE DA CELEBRAÇÃO DE TERMO
ADITIVO. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA. APLICAÇÃO DE MULTA A EX-
GESTOR PÚBLICO. PRODUÇÃO DE PROVAS TESTEMUNHAIS, PERICIAIS E
REQUISIÇÃO DE DOCUMENTOS. INDEFERIMENTO. EXAME RESTRITO ÀS PROVAS
DOCUMENTAIS. NÃO OCORRÊNCIA DE CONTRARIEDADE ÀS GARANTIAS DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL, DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA.
SEGURANÇA DENEGADA. (MS 29137, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma,
julgado em 18/12/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-039 DIVULG 27-02-2013 PUBLIC 28-
02-2013)
Extraem-se nos fundamentos da decisão supra, que dissertou acerca dos meios de prova perante o TCU:
6. Não procede, de igual modo, a alegada contrariedade ao devido processo legal, ao contraditório e
à ampla defesa.

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A leitura dos acórdãos proferidos no Processo n. 021.499/2003 esclarece que o Impetrante teve
oportunidade de participar efetivamente de todas as fases do processo, apresentar alegações
escritas, ter seus argumentos devidamente apreciados e interpor recurso. Tudo nos estritos termos
das normas que prescrevem os procedimentos para julgamento das tomadas de contas especiais, a
Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União (Lei n. 8.443/1992) e seu Regimento Interno.
(...)
Conforme explicitado acima, o Regimento Interno do Tribunal de Contas da União prevê diversas
oportunidades para que as partes produzam as provas necessárias à elucidação dos fatos e à
comprovação da regularidade dos atos por elas praticados. A circunstância de a produção dessas
provas naquele Tribunal ser feita apenas de forma documental não conduz ao reconhecimento da
alegada contrariedade ao princípio da ampla defesa. Além disso, não é demais lembrar que o único
meio de prova admitido em mandado de segurança é o documental.
Ademais, este Supremo Tribunal assentou que as garantias constitucionais do contraditório e da
ampla defesa não são absolutas e se perfazem na forma e nos limites estabelecidos nas normas
processuais aplicáveis. Confira-se, a propósito, o seguinte precedente:
(...)
7. De se realçar, ainda, que o pedido de produção de provas periciais e testemunhais formulado
pelo Impetrante foi indeferido de forma motivada pela autoridade apontada como coatora, que,
como salientado nas informações, considerou desnecessária a sua produção por haver ‘robusta
documentação capaz (…) de comprovar a irregularidade’ atinente à celebração de Termo Aditivo
ao Contrato n. 86/1999.
O indeferimento da produção de provas reputadas impertinentes ou desnecessárias, quando
devidamente fundamentado, não consubstancia cerceamento de defesa e respalda-se no § 2º do art.
38 da Lei n. 9.784/1999e no art. 130 do Código de Processo Civil, aplicáveis, subsidiariamente, aos
processos em curso no Tribunal de Contas da União.
Sobre o tema da produção de provas, Adilson Dallari e Sérgio Ferraz lecionam que ‘evidentemente,
nem toda prova requerida deve ser obrigatoriamente autorizada. A autoridade incumbida do
processo pode indeferir provas, em decisão devidamente fundamentada, quando se evidenciarem
como ilícitas, impertinentes, desnecessárias e protelatórias’ (Processo administrativo. São Paulo:
Malheiros, 2007, p. 172).
Esse entendimento ressoa na jurisprudência deste Supremo Tribunal, que assentou:
‘Agravo regimental em agravo de instrumento. 2.Administrativo. Indeferimento motivado de
produção de prova. Alegação de cerceamento do direito de defesa. Não vulnera as garantias
constitucionais do contraditório e da ampla defesa a decisão que, motivadamente, indefere
determinada diligência probatória. (...)6. Agravo regimental a que se nega provimento’ (AI
847263-AgR,Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJe 14.9.2012, grifos nossos).
No mesmo sentido, são precedentes: RE 630.944-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, Segunda Turma,
DJe 19.12.2011; RMS 24.194, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 7.10.2011; e AI 736.263-
AgR, Rel. Min. Ayres Britto, Segunda Turma, DJe 11.5.2011.
Do mérito: da comprovação de realização parcial de obra em consonância com os desembolsos
financeiros realizados
Alegam os responsáveis que não houve violação ao erário público, uma vez que os recebimentos estariam em
sincronia com as obras realizadas, sendo que os pagamentos estariam ligados ao pagamento das obras
realizadas, acrescido do valor de reajustamento contratual concedido pelo Município, em função da defasagem
de preços entre a rescisão contratual do primeiro contrato e da nova contratação.
Análise

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Eis o sumário dos desembolsos financeiros identificados nos extratos bancários e nos cheques emitidos na conta
específica do convênio, segundo os documentos encaminhados pela instituição financeira (Cheques emitidos e
extratos bancários - Caixa – peça 17):
Cheque Data Valor Beneficiário
000001 14/7/2003 3.771,66 PM de Juazeiro
000002 14/7/2003 292.265,43 Construtora Venâncio Ltda.
000003 14/7/2003 11.853,80 Banco Bradesco S/A
000005 11/8/2003 353.172,20 Construtora Venâncio Ltda.
000007 11/8/2003 13.341,63 PM de Juazeiro
000008 12/8/2003 14.675,80 INSS
000009 12/9/2003 6.024,52 PM de Juazeiro
000010 12/9/2003 6.626,98 INSS
000011 12/9/2003 159.477,97 Construtora Venâncio Ltda.
000012 10/10/2003 141.686,79 Construtora Venâncio Ltda.
000013 10/10/2003 5.352,45 PM de Juazeiro
000014 10/10/2003 5.887,69 INSS
000015 18/11/2003 32.282,71 Construtora Venâncio Ltda.
000016 18/11/2003 1.341,48 INSS
000017 18/11/2003 1.219,52 PM de Juazeiro
000018 30/12/2003 21.059,17 Construtora Venâncio Ltda.
000019 30/12/2003 875,10 INSS
000020 30/12/2003 795,54 PM de Juazeiro
000021 1o /7/2004 6.457,68 INSS
000022 1o /7/2004 4.235,23 PM de Juazeiro
000023 1 /7/2004
o
157.039,04 Construtora Venâncio Ltda.
000024 29/7/2004 49.904,49 Construtora Venâncio Ltda.
000025 29/7/2004 1.885,22 PM de Juazeiro
000026 29/7/2004 2.073,74 INSS
000027 10/9/2004 225.331,39 Construtora Venâncio Ltda.
000028 10/9/2004 4.786,65 PM de Juazeiro
000029 10/9/2004 9.214,29 INSS
TOTAL 1.532.638,17
Observação: Todas as movimentações ocorridas na conta do convênio foram realizadas por
emissão de cheques, não havendo registros de saques na conta específica (peça 17, p. 57-60)
Os extratos bancários mostram que houve o dispêndio total de R$ 1.532.638,17, com a entrega de recursos
diretos a empresa, com a retenção obrigatória de tributo federal (INSS) e com o pagamento de imposto local
(ISS = 2%), sendo que os desembolsos financeiros guardam correlação com os documentos fiscais juntados nos
autos, que descrevem o recebimento de valores equivalentes à 8 medições, totalizando o valor de R$
1.293.305,83, que, somando-se aos valores de reajustamento concedido (R$ 239.332,33), totalizando o valor de

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R$ 1.532.638,16 encontrado nos extratos bancários. A seguir, se demonstra a Relação de documentos fiscais,
valores e descriminação de serviços:
NF Data Valor Discriminação no
documento fiscal
2001 (peça 2, p. 30) 7/7/2003 307.890,89 1a medição
2005 (peça 2, p. 80) 4/8/2003 381.189,63 2a medição
2011 (peça 26, p. 39) 3/9/2003 172.129,47 3a medição
2013 (peça 26, p. 41) 2/10/2003 152.926,91 4a medição
2017 (peça 4, p. 78) 4/11/2003 34.843,71 5a medição
2028 (peça 26, p. 45) 9/12/2003 22.729,82 6a medição
2012 (peça 26, p. 48) 25/6/2004 167.731,95 7a medição
2617 (peça 4, p. 106) 23/7/2004 53.863,45 8a medição
Somatório 1.293.305,83

NF Data Valor Discriminação no


documento fiscal
2629 (peça 4, p. 222) 1o /9/2004 49.388,61 Referente NF 2001
2630 (peça 4, p. 246) 1o /9/2004 61.146,42 Referente NF 2005
2631 (peça 4, p. 270) 1o /9/2004 27.611,20 Referente NF 2011
2632 (peça 4, p. 294) 1o /9/2004 24.530,92 Referente NF 2013
2633 (peça 4, p. 318) 1o /9/2004 5.589,26 Referente NF 2017
2634 (peça 4, p. 340) 1o /9/2004 3.646,08 Referente NF 2028
2636 (peça 4, p. 364) 1o /9/2004 51.032,02 Referente NF 2612
2637 (peça 4, p. 394) 1o /9/2004 16.387,82 Referente NF 394
Somatório 239.332,33
Ou seja, há uma consistência na narrativa do recorrente no sentido do recebimento de valores exclusivamente
pautados em medições realizadas pelo ente municipal. Embora a obra houvesse sido conveniada e contratada
para a execução em 13 localidades (Alagadiço, Baraúna, Campos, Conchas, Guanhães, Itaparica, Jatobá,
Mandacarú II, Poções, Porto de Pedras, Quipá, Riacho da Massaroca e ETA), deixou de executada em 4
localidades (Alagadiço, Baraúna, Poções e Riacho da Massaroca - Parecer Técnico Final da Funasa, p. 1, p.
357), totalizando 9 localidades beneficiadas, em acordo com os resumos de medições contidas no processo. Eis
o valor de cada etapa da obra segundo a soma dos valores das medições contidas nos quadros de resumo (peça
26, p. 34-52):
Localidade Somatório dos valores pagos em decorrência das medições
1,2,3,4,7 e 8
Alagadiço R$ 0,00
Baraúna R$ 0,00
Campos R$ 98.154,89 (27.754,21+ 70.400,68)
Conchas R$ 190.018,62 (120.227,19+31.403,86+30.441,64+7.945,93)
Guanhães R$ 108.947,61 (14.893,80+54.683,20+31.424,68+7.945,93)

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Itaparica R$ 118.838,37 (27.548,27+62.746,66+22.891,58+5.651,86)


Jatobá R$ 124.234,34 (57.649,35+63.332,23+2.269,72+983,04)
Mandacarú II R$ 46.940,63 (39.812,09+7.128,54)
Poções R$ 0,00
Porto de Pedras R$ 94.024,40 (62.611,76+31.412,64)
Quipá R$ 80.830,37 (65.508,10+15.322,27)
Riacho da Massaroca R$ 0,00
ETA R$ 373.943,07 (87.572,28+169.023,68+57.347,64+59.999,47)
Observação: Não existe nos autos o documento ‘quadro-resumo’ das medições 5 e 6.
Ademais, encontram-se nos autos exemplos de boletins de medições detalhados, assim totalizados:
Localidade Valor de cada etapa segundo o boletim de medições detalhados
localizados nos autos
Alagadiço Não executada
Baraúna Não executada
Campos
Conchas R$ 190.018,92 (peça 2, p. 86, 90)
Guanhães R$ 108.947,61 (peça 2, p. 96, 100, 104)
Itaparica R$ 118.838,37 (peça 2, p. 108, 112)
Jatobá R$ 124.234,35 (peça 2, p, 76, 116, 122)
Mandacarú II
Poções Não executada
Porto de Pedras R$ 94.024,40 (peça 4, p. 132, 184)
Quipá R$ 84.602,52 (peça 4, p. 120)
Riacho da Massaroca Não executada
ETA R$ 431.516,60 (peça 2, p. 74, 78, 126; peça 4, p. 82)

Analisemos, pois, o boletim de medição detalhado para a obra executada em Conchas: verifica -se que o valor
total da obra naquela localidade era de R$ 190.018,62 (peça 2, p. 86), valor equivalente a soma das medições 1
(R$ 120.227,19 – peça 26, p. 34), 2 (R$ 31.403,86 – peça 26, p. 36), 3 (R$ 30.441,64 – peça 26, p. 38) e 4 (R$
7.945,93 – peça 26, p. 40), em acordo com os documentos fiscais expedidos.
O mesmo fenômeno pode ser observado nas etapas de Guanhães, Itaparica, Jatobá e Porto de Pedras, não se
podendo fazer uma afirmação categórica para todas as etapas pela ausência dos ‘quadro-resumo’ das medições 5
e 6 (de um total de 8 quadros-resumos de medições), bem como a ausência da integralidade dos boletins de
medições detalhados.
Todavia, há um alto grau de veracidade, em apreciação conjunta com os elementos documentais constantes nos
autos, na alegação do recorrente no sentido de que somente recebeu os valores relativos às etapas realizadas
(Campos, Conchas, Guanhães, Itaparica, Jatobá, Mandacarú II, Porto de Pedras, Quipá, e ETA), totalizando o
valor de R$ 1.293.305,83, tendo recebido o valor de R$ 239.332,33 à título de reajuste.
Note-se que, além de inexistir discussão sobre a qualidade ou aproveitamento da obra entregue nas etapas
executadas, conforme afirmado no parecer técnico da Funasa (peça 1, p. 353, itens 10, 11 e 16 c/c peça 1, p.

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357, item 3), há uma coincidência entre os boletins de medição (resumos e detalhados) presentes nos autos e a
afirmação do parecer técnico de inexecução das obras nas localidades de ‘Poções, Riacho da Massaroca,
Baraúna e Alagadiço’ (peça 1, p. 357, item 2).
Ademais, o pagamento do valor das 8 medições da obra, no total de R$ 1.293.305,83, ocorreu de forma
prolongada no tempo, no intervalo de 14/7/2003 a 29/7/2004, sendo que o pagamento do valor de reajuste
contratual, no valor de R$ 239.332,33, em parcela única, consignada nos cheques 000027, 000028 e 000029,
emitidos em 10/9/2004.
É forçoso concluir, segundo os elementos indiciários contidos nos autos, que, à despeito da obrigação contratual
da empresa em realizar as obras também nas localidades de Poções, Riacho da Massaroca, Baraúna e Alagadiço
(Contrato 1/2003 – peça 4, p. 8-12: ‘na conformidade do Plano de Trabalho’), houve uma deliberação unilateral
da Prefeitura em não executar a obra naquelas localidades, alterando o Plano de Trabalho conveniado sem a
anuência do órgão concedente, possivelmente buscando compensar a ausência de aplicação da contrapartida
municipal exigida na assinatura do convênio.
Deste modo, analisando a imputação estritamente nos limites das citações expedidas (peças 21 e 22), ao se
debater a questão relativa a execução parcial do convênio (77,38%), é de se concluir que, embora esteja
evidenciada a execução parcial, os extratos bancários e os boletins de medição atestam o recebimento de
recursos financeiros somente da parcela relativa às obras realizadas.
Em se tratando de inexecução parcial da obra, é plenamente possível considerar a parcela da obra executada,
pois executada segundo o plano de trabalho, sem vícios construtivos e gerando benefícios para as localidades
contempladas, consoante a jurisprudência da Corte, no Acórdão 1.559/2011-2ª Câmara, Relator Min. Aroldo
Cedraz:
Quando for constatada inexecução parcial injustificada do objeto, somente deve ser imputado ao
responsável débito correspondente ao valor total do convênio na hipótese de imprestabilidade da
fração executada e de frustração total dos objetivos do ajuste.
Por fim, o provimento do recurso da empresa deve conduzir ao provimento do recurso do ex-Prefeito, pois as
circunstâncias objetivas se comunicam e devem gerar efeitos idênticos para os dois recorrentes. No particular, as
alegações do ex-Prefeito de que as obras nas localidades de Poções, Riacho da Massaroca, Baraúna e Alagadiço
foram executadas (peça 96, p. 4) devem ser, na melhor das hipóteses, ignoradas, por violarem o dever
processual explicitado no art. 77, I, do Código de Processo Civil, não existindo qualquer documento que suporte
tal afirmação:
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de
todos aqueles que de qualquer forma participem do processo:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade ;
DAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O PAGAMENTO DE REAJUSTE CONTRATUAL NO VALOR DE
R$ 239.332,33
Não deve passar despercebido o fato de que a verdadeira irregularidade que deveria ser perseguida no processo
de TCE seria a alteração do Plano de Trabalho sem a anuência da Funasa por parte da Prefeitura, bem como o
pagamento de reajustes contratuais sem qualquer fundamento legal.
Quanto a alteração de Plano de Trabalho sem a anuência do órgão, a eventual análise da irregularidade geraria
penalidade de multa, já alcançada pela prescrição.
Quanto a concessão de reajustes, em se tratando de débito ao erário, a eventual análise não estaria limitada pelo
estatuto prescricional, podendo ser apurada nestes autos de Tomada de Contas Especial, após nova citaç ão, em
observância ao devido processo legal.
O pagamento de reajustes no valor total de R$ 239.332,33 tem aparência de ilegal, por conceder reajustes em
contrato com duração inferior a 1 ano (prazo total da obra: 210 dias – peça 2, p. 24), em afronta a vedação legal
expressa:
Lei 10.192/2001

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 003.928/2013-6

Art. 2o É admitida estipulação de correção monetária ou de reajuste por índices de preços gerais,
setoriais ou que reflitam a variação dos custos de produção ou dos insumos utilizados nos contratos
de prazo de duração igual ou superior a um ano.
§ 1o É nula de pleno direito qualquer estipulação de reajuste ou correção monetária de
periodicidade inferior a um ano.
Ademais, nota-se:
inexistência de previsões de reajustamento no Edital (peça 5, p. 180) e no Contrato (peça 4, p. 8-12);
incorreção dos fundamentos legais indicados nos documentos fiscais (art. 40, XI e Lei 8883/94), uma vez que
dizem respeito ao conteúdo do Edital, e não uma autorização de reajustamento, devendo ser reconhecido que a
omissão no Edital importava a vedação ao reajustamento;
ausência de anuência do órgão concedente;
violação do art. 64, § 2o c/c art. 81, parágrafo único, da Lei 8.666/93, quanto ao dever de assunção do contrato
nas mesmas condições do vencedor, inclusive prazo e preço;
ausência de assinatura do ex-Prefeito do suposto termo aditivo que justificaria a concessão da vantagem (peça
26, p. 24-25);
concessão de reajuste no percentual de 30,42%, particularmente nos pagamentos dos reajustes 7 e 8:
Valores de medição segundo declarado pelo recorrente em sua defesa (peça 26)
Medição Valor das Reajuste Percentual Valor total
medições reajuste
1 307.890,89 49.388,61 16,04%
2 381.189,63 61.146,42 16,04%
3 172.129,47 27.611,20 16,04%
4 152.926,91 24.530,92 16,04%
5 34.843,71 5.589,26 16,04%
6 22.729,82 3.646,08 16,04%
7 167.731,95 51.032,02 30,42%
8 53.863,45 16.387,82 30,42%
Total 1.293.305,83 239.332,33 1.532.638,16
Assim, a irregularidade consiste no pagamento de reajustes ilegais, uma vez identificada, deve ser apurada em
sede de processo de tomada de contas especial, ressalvando apenas a impossibilidade de condenação em sede
recursal sem a citação prévia das partes quanto ao ponto em comento.
Os termos da citação (peças 21-22) indicam que não houve qualquer questionamento sobre o pagamento de
reajustes, ainda que houvesse, na fase interna do processo de tomada de contas especial, menção ao pagamento
de reajustes (planilha demonstrativas do cálculo do reajuste – p. 4, p. 226, 232, 250, 256, 274, 280, 298, 304),
razão pela qual se impossibilita a condenação, em sede de recurso, por outro fundamento não apontado na
citação, sob pena de violação do princípio da ampla defesa:
O débito é decorrente de inexecução parcial das obras previstas Convênio n° 3846/2001(SIAFI
440370), firmado entre a Fundação Nacional de Saúde - Funasa e o Município de Juazeiro/BA cujo
objeto era a ‘Execução de Sistema de Abastecimento de Água'', nos termos apurados pelo fiscal do
Convênio, que constatou a realização de 77,38% das obras, conforme informações constantes do
Relatório de Visita Final, elaborado pela Divisão de Engenharia de Saúde Pública, do Parecer
Técnico Final, elaborado pela Residência de Engenharia de Juazeiro, datados de 26/5/2008, e do
Parecer Financeiro n° 117/2010, de 21/10/2010.
(Ofício de citação – peças 21-22)
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 003.928/2013-6

A defesa dos responsáveis e o próprio direito das partes em interferir na produção probatória revolveram a
questão de ‘inexecução parcial das obras’, não sendo possível, por exemplo, a fixação de novo débito (ou a mera
redução do débito) em sede de recurso, suprimindo das partes o direito de argumentarem e trazerem provas de
eventual legalidade dos pagamentos de reajustes.
CONCLUSÕES
A apuração de débito é imprescritível, segundo a parte final do art. 37, § 5o da Constituição Federal, não sendo
alcançado pelo julgamento do RE 669069/STF, não havendo julgamento definitivo do STF sobre a interpretação
adotada pelo Tribunal.
Em matéria de prescrição para aplicação de sanções previstas na Lei 8.443/92, a Corte pacificou o entendimento
de aplicação de prazo decenal previsto no Código Civil, não sendo possível o acolhimento da prescrição no caso
presente, ao se analisar o intervalo entre as irregularidades e a data de determinação de citação.
O prazo de guarda de 5 anos dos documentos da prestação de contas somente se inicia com a aprovação das
contas pelo órgão concedente, nos termos do art. 30, § 1o da IN 1/97 da Secretaria do Tesouro Nacional. Na
situação em que não houve qualquer aprovação das contas, não é possível a invocação daquele prazo legal.
A alegação de cerceamento de defesa por rivalidade política, além da ausência de demonstração, deve ser
resolvido com a administração local, com eventual manejo de ação judicial, não cabendo ao TCU garantir
acesso a documentação arquivada na Prefeitura, sob pena de inviabilização da competência julgadora do TCU.
A citação de corresponsáveis é benefício da União, não podendo ser alegada como motivo impeditivo para o
julgamento das contas do responsável, não se aplicando o princípio da indivisibilidade de incidência nos
processos penais.
Em matéria de vistoria in loco, inexiste obrigação do TCU em deferir diligências inúteis, sendo tal prerrogativa
placitada por diversos julgamentos das Cortes Judicias, não se afastando a possibilidade do recorrente em
produzir provas contrárias aos documentos que compõem o acervo probatório.
No mérito, a análise conjunta dos extratos bancários, relação de cheques emitidos, notas fiscais e boletins de
medições (quadro-resumo e boletins completos) leva a conclusão de que a empresa realizou as obras em 9
localidades, tendo recebidos valores apenas em relação as medições (R$ 1.293.305,83), sendo que a diferença de
valores corresponderia a reajustes concedidos em parcela única (R$ 239.332,33 – pagamento único em
10/9/2004), aplicando-se o entendimento de que é possível o aproveitamento de obra parcial, sem defeito
construtivo, de acordo com o plano de trabalho e geradora de benefícios sociais.
Por fim, a concessão de reajustes mostra-se absolutamente ilegal, devendo ser apurada em sede de processo de
tomada de contas (apuração não alcançada pela prescrição), não sendo possível o julgamento em sede recursal
sem a violação do princípio do contraditório e da ampla defesa.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Deste modo, submete-se à consideração superior a presente análise do recurso de reconsideração interposto por
Construtora Venâncio Ltda. e Joseph Wallace Faria Bandeira, contra o Acórdão 3.225/2017-TCU-2a Câmara,
para propor, com base nos artigos 32 e 33, da Lei 8.443/92, c/c o artigo 285 do RI/TCU, dar provimento aos
recursos e expedir nova citação para avaliar a concessão ilegal de reajustes contratuais, dando ciênc ia a
Procuradoria da República no Estado da Bahia.
4. Por fim, o Ministério Público junto ao TCU, na pessoa do Procurador Sérgio Ricardo Costa
Caribé se manifestou nos termos do parecer inserto à peça 118, cujo teor transcrevo:
Trata-se de recursos de reconsideração interpostos por Joseph Wallace Faria Bandeira (peça 96), ex-prefeito de
Juazeiro – BA (gestões 1988-1992 e 2001-2004), e pela Construtora Venâncio Ltda. (peça 82) contra o
Acórdão 3.225/2017-TCU-2ª Câmara (peça 68).
2. Por meio da deliberação recorrida, o TCU analisou o processo de tomada de contas especial instaurado pela
Fundação Nacional de Saúde (Funasa) relativo ao Convênio 3.846/2001 (Siafi 440.370). Na oportunidade,
considerou-se não ter restado demonstrada a integral execução da avença, o que ensejou o julgamento pela
irregularidade das contas do ex-prefeito, que foi condenado em débito solidariamente à Construtora Venâncio

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 003.928/2013-6

Ltda., empresa contratada. Ambos os responsáveis foram apenados com a multa prevista no art. 57 da Lei
8.443/1992 (peça 68).
3. Os argumentos apresentados pelos recorrentes foram analisados pela Secretaria de Recursos deste Tribunal
(Serur) (peças 115-117). Em pareceres uniformes, a unidade técnica propõe conhecer dos recursos interpostos,
para, no mérito, dar-lhes provimento, e expedir nova citação aos responsáveis.
4. De minha parte, manifesto-me parcialmente de acordo com as conclusões da Serur, pelos motivos que passo
a expor.
5. O ajuste teve vigência de 24/1/2002 a 25/6/2005 (peça 1, p. 47-63 e 277-279) e previu o aporte de
R$ 1.630.000,00, com R$ 163.000,00 a título de contrapartida do município e R$ 1.467.000,00 à conta da
concedente. Seu objetivo era a execução de sistema de abastecimento de água. Os valores foram liberados em
três parcelas de R$ 489.000,00, tendo as ordens bancárias sido emitidas em 30/10/2002, 2/1/2003 e 28/4/2004
(peça 1, p. 321).
6. No entanto, segundo pareceres emitidos pela Funasa, apenas 77,38% das metas físicas foram alcançadas
(peças 1, p. 351-355, e 6, p. 84-86), o que levou à condenação em débito do ex-prefeito e da empresa
contratada em R$ 331.835,40, conforme Acórdão 3.225/2017-TCU-2ª Câmara (peça 68).
7. Inconformados, os responsáveis apresentaram os recursos de reconsideração que ora se analisa (peças 82 e
96).
8. No que diz respeito às preliminares arguidas, considero que foram devidamente refutadas pela Serur.
Especificamente sobre a questão da prescrição da pretensão punitiva, convém destacar que ela foi enfrentada
no voto condutor do acórdão recorrido (peça 69). Quanto à imprescritibilidade das ações de ressarcimento, a
unidade técnica demonstrou não se aplicar ao caso em exame o precedente do Supremo Tribunal Federal (STF)
citado pela Construtora Venâncio Ltda. (RE 669069) (peça 115, p. 6-7).
9. Também não merece prosperar a alegação do ex-prefeito acerca do prazo de guarda dos documentos. Além
dos dispositivos citados pela Serur, a cláusula segunda, subcláusula primeira, do termo de convênio previa a
obrigação de guarda da documentação comprobatória das despesas realizadas por um prazo de cinco anos
contados da data da aprovação da prestação de contas (peça 1, p. 49), aprovação essa que nunca ocorreu. Na
verdade, em 27/10/2010, o ex-prefeito foi notificado da não aprovação da prestação de contas (peça 6, p. 96).
10. Relativamente ao mérito, a Serur entende que a documentação constante dos autos indica que a empresa
contratada recebeu somente parcela relativa às obras realizadas, sendo parte dos valores (R$ 239.332,33) pagos
a título de reajuste contratual. Segundo a unidade instrutiva, a verdadeira irregularidade ensejadora de débito
estaria relacionada ao pagamento de reajustes contratuais sem fundamento legal, já que a convenente teria
concedido reajuste em contrato com duração inferior a um ano, sem previsão em edital ou no contrato, entre
outras falhas indicadas à peça 115, p. 16-17. Considerando que as citações realizadas (peças 21-22) não
questionaram o pagamento de reajustes, mas apenas a inexecução parcial das obras, a Serur propõe a expedição
de nova citação aos responsáveis para garantir o contraditório e a ampla defesa.
11. Concordo com a Serur que um dos principais pontos a serem discutidos é a regularidade ou não dos
pagamentos feitos à contratada a título de reajustamento. Trata-se de montante de R$ 239.332,33, que,
mantida a proporcionalidade de recursos federais prevista no convênio (90%), perfaz 65% do débito imputado
aos responsáveis [(90% de R$ 239.332,33) / R$ 331.835,40]. Não obstante, com as vênias de estilo, considero
que, no caso concreto ora analisado, o reajustamento pode ser considerado justificável. A meu ver, a situação
observada neste processo assemelha-se àquela tratada nos autos do TC 000.194/2015-8 (TCE relativa ao
Convênio Funasa 1.299/2002), conforme Acórdão 3.218/2017 TCU-2ª Câmara, onde se ponderou que o
atraso significativo na liberação de recursos pela concedente comprometeu a execução da meta física
pactuada.
12. O Plano de Trabalho submetido pelo município de Juazeiro e aprovado pela Funasa previa a execução entre
dezembro de 2001 e novembro de 2002, com repasse integral dos recursos em dezembro de 2001 (peça 1, p.
13-15 e 111). Entretanto, os valores foram repassados em três parcelas, sendo a primeira no final de outubro
de 2002, dez meses após o previsto, e a última apenas em 28/4/2004, com dois anos e quatro meses de atraso
(peça 1, p. 321). Todos esses atrasos levaram a três prorrogações do convênio, que teve sua vigência alterada
para 25/6/2005 (peça 1, p. 277-279).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 003.928/2013-6

13. Segundo documento encaminhado pelo ex-prefeito à Funasa em 7/5/2004, o município realizou o processo
licitatório em março de 2002, mas o atraso nos repasses levou à desistência da primeira colocada e à
necessidade de convocação da segunda, tendo sido o contrato assinado apenas em 30/5/2003 (peça 1, p. 313).
Na data da assinatura do contrato, portanto, já havia decorrido mais de um ano da apresentação das propostas
pelas licitantes.
14. Diante desse contexto, não considero desarrazoado o pagamento dos reajustes à contratada, uma vez que a
indisponibilidade de recursos financeiros na época acordada certamente acarretou maiores encargos do que o
previsto quando da licitação. Ademais, o reajuste se deu considerando a variação do Índice Nacional da
Construção Civil (INCC), índice adequado tendo em vista que o objeto do convênio envolve a construção de
rede de abastecimento de água. Os percentuais de correção foram calculados tendo por base a data presumível
do orçamento (março de 2002), conforme determina a jurisprudência desta Corte (Acórdãos 474/2005-TCU-
Plenário e 3.218/2017-TCU-2ª Câmara):
a) variação do INCC de abril/2002 a março/2003 (16%), aplicada às medições 1 a 6, pagas até dezembro/2003;
b) variação do INCC de abril/2002 a março/2004 (30,42%), aplicada às medições 7 e 8, pagas em junho e julho
de 2004 com recursos da parcela liberada em 28/4/2004.
15. Destaco ainda que, compulsando os autos, verifiquei que, além do oficio de 7/5/2004, o ex-prefeito já havia
enviado à Funasa outros dois pedidos para reajustar os valores: ofícios 185/2003-GAP/PMJ, de 13/10/2003
(peça 4, p. 24), e 023/2004-GAP/PMJ, de 3/2/2004 (peça 3, p. 50). Sem embargo, não localizei no processo
resposta da concedente dirigida ao município, com orientações sobre como proceder.
16. Quanto à ausência de cláusula de reajustamento tanto no edital quanto no contrato firmado, mencionada
pela Serur, a meu ver aplica-se a mesma análise do voto condutor do Acórdão 3.218/2017-TCU-2ª Câmara, de
que essa circunstância não deveria constituir obstáculo ao cálculo do débito. Naquele caso, considerou-se que a
ausência da referida cláusula se justificaria pelo fato de o prazo previsto de execução do contrato ser inferior a
um ano, compatível com a vigência original do convênio, que ao final, teve que ser prorrogada, situação que
também se observa no caso em tela.
17. Por todo o exposto, sugiro que seja abatido do débito a cujo ressarcimento os responsáveis foram
condenados o valor correspondente ao reajustamento custeado com recursos federais (R$ 215.399,10).
18. Não obstante, a inexecução parcial da avença, que motivou a citação dos responsáveis, não ficou
completamente afastada. Remanesce um débito de R$ 116.436,30 (R$ 331.835,40 – R$ 215.399,10), relativo
à parcela cuja execução não foi comprovada, cabendo analisar a quem caberia o ressarcimento.
19. Além do valor pago a título de reajuste, discutido anteriormente, a Construtora Venâncio Ltda. recebeu
R$ 1.293.305,83 pelas oito medições (peça 115, p. 12-13), o que corresponde a 79,34% do previsto, percentual
ligeiramente superior à execução estimada pela Funasa (77,38%, conforme peças 1, p. 351-355, e 6, p. 84-86),
gerando um débito de R$ 28.810,65 relativamente aos recursos federais , conforme quadro seguinte:
Quadro 1 – Diferença entre valores pagos à Construtora Venâncio e execução física apurada pela Funasa
Valores pagos à Valores pagos à construtora que
% executado
Construtora Venâncio excedem o percentual de
% segundo Funasa
(excetuados os execução calculado pela Funasa
(77,38%) (2) (B )
reajustes) (1) (A) (C = A - B )

União 1.163.975,25 90% 1.135.164,60 28.810,65


Município 129.330,58 10% 126.129,40 3.201,18
1.293.305,83 1.261.294,00 32.011,83
(1) A contratada recebeu R$ 1.293.305 pelas medições 1 a 8. O valor adicional de R$ 239.332,33 corresponde ao
pagamento de reajuste dos valores inicialmente contratados em face do transcurso de prazo desde a licitação e a execução
das obras. Detalhamento dos pagamentos à peça 115, p. 12-13. Observou-se a proporção de recursos federais
estabelecida no termo de convênio (peça 1, p. 47-61).
(2) Percentual executado conforme pareceres da Funasa (peça 1, p. 351-355; peça 6, p. 84-86).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 003.928/2013-6

20. Considero que esse montante caracteriza recebimento de valores sem a correspondente prestação de
serviços e constitui valor a ser imputado solidariamente à contratada e ao ex-prefeito.
21. Há ainda uma diferença entre os valores repassados ao município e aqueles pagos à contratada
(detalhamento no quadro a seguir), que, a meu ver, não está justificada nos autos e que deve ser imputada
exclusivamente ao ex-prefeito, a quem cabia prestar contas dos recursos recebidos, nos termos do art. 70,
parágrafo único, da Constituição Federal:
Quadro 2 – Diferença entre valores pactuados e valores pagos à Construtora Venâncio
Valores pagos à
Valores pactuados (1)
Valores não
% Construtora Venâncio,
(A)
desembolsados (C = A - B )
(incluindo reajustes) (2) (B )
União 1.467.000,00 90% 1.379.374,35 87.625,65
Município 163.000,00 10% 153.263,82 9.736,18
1.630.000,00 1.532.638,17 97.361,83
(1) Valores pactuados conforme termo de convênio (peça 1, p. 47-61). Os valores federais foram integralmente
repassados.
(2) A contratada recebeu R$ 1.293.305 pelas medições 1 a 8. O valor adicional de R$ 239.332,33 corresponde ao
pagamento de reajuste dos valores inicialmente contratados em face do transcurso de prazo entre a licitação e a execução
das obras. Detalhamento dos pagamentos à peça 115, p. 12-13. Observou-se a proporção de recursos federais
estabelecida no termo de convênio (peça 1, p. 47-61).
22. Ressalto que, apesar de a convenente não ter aportado integralmente a contrapartida estipulada durante a
vigência do convênio, utilizando-se indevidamente de recursos federais, para efeito de cálculo das diferenças
não comprovadas considerou-se o valor integral, já que o município solicitou e teve autorizado o
parcelamento relativo à parcela não integralizada, conforme peças 56 e 61 (Acórdão 9.701/2016-TCU-2ª
Câmara).
23. Diante de todo exposto, considero que os recursos devem ser providos e excluído o montante de
R$ 215.399,10 do débito a que os responsáveis foram condenados por meio do acórdão recorrido.
24. Relativamente ao débito remanescente (R$ 116.436,30), entendo que os elementos constantes dos autos
não permitem afastá-lo. Dessa forma, anuo à proposta da Serur de renovar as citações quanto a esse montante,
delimitando de maneira mais precisa as condutas de forma a assegurar a ampla defesa aos responsáveis. Nesse
sentido, considero que o ex-prefeito deve ser citado, solidariamente à empresa contratada, pelo montante de
R$ 28.810,65, decorrente da diferença entre os valores pagos nas medições 1 a 8 e o percentual de execução
calculado pela Funasa (Quadro 1), e individualmente pelo montante de R$ 87.625,65, decorrente da diferença
entre os valores repassados pela União e os pagamentos realizados (Quadro 2).
Diante do exposto, este membro do Ministério Público de Contas manifesta-se de acordo com o
encaminhamento sugerido pela unidade técnica (peças 115-117) de dar provimento aos recursos e renovar as
citações, sugerindo, no entanto, que se promovam os ajustes indicados no parágrafo anterior quanto ao valor do
débito apurado e à responsabilização dos recorrentes.
É o relatório.

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VOTO

Aprecio os recursos de reconsideração interpostos por Construtora Venâncio Ltda. e


Joseph Wallace Faria Bandeira contra o Acórdão 3.225/2017-TCU-2a Câmara, que julgou irregulares
as suas contas – neste processo de tomada de contas especial –, condenou-os em débito e aplicou-lhes
multa, ante a impugnação parcial das despesas realizadas no âmbito do Convênio 3.846/2001,
celebrado entre a Fundação Nacional de Saúde e o Município de Juazeiro/BA, para execução de
sistema de abastecimento de água naquela localidade.
2. Em juízo de admissibilidade, ratifico a minha manifestação preliminar (peça 88). Uma vez
atendidos os pressupostos aplicáveis à espécie, na forma regimental, conheço do recurso.
3. Quanto ao mérito, agrego às minhas razões de decidir os fundamentos contidos no parecer
do Ministério Público junto ao TCU (MPTCU), os quais se alinham parcialmente à análise efetuada
pela Secretaria de Recursos (Serur). Ambas as manifestações resultam em propostas no sentido do
provimento do apelo, a fim de tornar sem efeito o acórdão adversado, com diferenças nas ações afetas
à quantificação do débito e continuidade do processo por meio de novas citações.
4. Os exames técnicos precedentes refutaram adequadamente as preliminares arguidas pelos
recorrentes (prescritibilidade das pretensões punitiva e de ressarcimento ao erário; prazo para guarda
de documentos; cerceamento de defesa; requerimento de realização de novas citações e vistoria in
loco).
5. Em complemento à análise da Serur, no tocante ao tema “prescrição nas ações de
ressarcimento ao erário fundadas em decisão de tribunal de contas”, alçada à seara de repercussão
geral no RE 636.886, em debate no Supremo Tribunal Federal, reitero o que defendi por ocasião do
voto condutor do Acórdão 8.486/2017-TCU-2ª Câmara:
(...)
8. No que se refere à prescrição da pretensão de ressarcimento ao erário (débito), o Supremo
Tribunal Federal havia assentado que são imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário, ex vi
do que decidido no âmbito do MS 26.210-9/DF, que cuidou de processos de tomada de contas
especial perante esta Corte de Contas.
9. Anoto que mais recentemente, nos autos do RE 669.069, os Ministros da Suprema Corte
firmaram tese de repercussão geral no sentido de que ‘é prescritível a ação de reparação de danos à
Fazenda Pública decorrente de ilícito civil’. Entretanto, essa tese não alcançou prejuízos que
decorram de atos de improbidade administrativa, espécie de ilícito civil, regida pela Lei 8.429/1992
ou os de direito penal, que permanecem, portanto, imprescritíveis.
10. Dessa decisão, a Procuradoria-Geral da República opôs embargos de declaração, o que instou o
STF, em 16/6/2016, a posicionar-se mais claramente acerca de alguns pontos, especialmente
quanto à delimitação do alcance do julgado, não obstante formalmente tenha rejeitado os embargos:
a) a tese da prescritibilidade alcança somente os atos danosos ao erário que violem normas de
direito privado, como, por exemplo, acidentes de trânsito provocados por agentes públicos ou
privados que causem dano ao erário;
b) A prescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao erário em face de agentes públicos por ato
de improbidade administrativa, objeto do Tema 897 de repercussão geral, ou atos cometidos no
âmbito de relações jurídicas de caráter administrativo, não foi alcançada pela tese da
prescritibilidade fixada no julgado embargado;
c) a tese firmada no julgamento do MS 26.210/DF (prescrição de ressarcimento fundado em título
oriundo de tribunal de contas) encontra-se pendente de apreciação definitiva nos autos do RE
636.886.
11. O então relator do RE 636.886, Exmo. Min. Teori Zavascki, assim se manifestou, em
13/5/2016:
‘3. Não se desconhece que, ao apreciar o MS 26.210 (Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI,
Tribunal Pleno, DJe de 10/10/2008), impetrado contra acórdão do TCU proferido em tomada
1

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especial de contas, este STF assentou a imprescritibilidade de pretensão de ressarcimento ao


erário análoga à presente. No entanto, no julgamento do já citado RE 669.069, houve
manifestações dos juízes desta Corte em sentido aparentemente diverso do fixado no
precedente, formado quando a composição do Supremo era substancialmente diversa. Em face
disso, incumbe submeter novamente à análise do Plenário desta Corte, sob a sistemática da
repercussão geral, o alcance da regra estabelecida no § 5º do art. 37 da CF/88, relativamente a
pretensões de ressarcimento ao erário fundadas em decisões de Tribunal de Contas. 4. Diante do
exposto, manifesto-me pela existência de repercussão geral da questão suscitada.’
12. Foi então assentado o seguinte tema de repercussão geral: Tema 899: Possui repercussão geral a
controvérsia relativa à prescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão
de Tribunal de Contas.
13. Por meio da Petição/STF 34.087/2016, este Tribunal de Contas da União postulou a habilitação
no RE 636.886, na qualidade de amicus curiae, o que foi deferido pelo Relator, Min. Teori
Zavascki, em decisão de 29/9/2016. O então Ministro do STF determinou igualmente ‘a suspensão
do processamento de todas as demandas pendentes em tramitação no território nacional, mas
exclusivamente aquelas em que esteja em debate a prescrição do pedido de ressarcimento ao erário
baseado em título de Tribunal de Contas’, tendo sido oficiados todos os Presidentes de Tribunais no
País bem como a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais.
14. Entrementes, com o falecimento do Min. Teori, foi nomeado, em 22/3/2017, novo relator do
RE 636.886, o Min. Alexandre de Moraes, permanecendo pendente de decisão definitiva o referido
recurso extraordinário.
15. Ao fim e ao cabo, a decisão de suspensão de processamento de demandas em que esteja em
debate a prescrição do pedido de ressarcimento ao erário baseado em título de Tribunal de Contas
alcançou tão somente a fase judicial de cobrança do título extrajudicial exarado com a decisão das
Cortes de Contas, não atingindo diretamente os processos de contas em trâmite neste TCU.
16. Ou seja, até decisão definitiva em contrário do Pretório Excelso, permanecem
imprescritíveis as pretensões de ressarcimento ao erário decorrentes de processos de tomada
de contas especial que tramitam perante o TCU, motivo pelo qual remanesce correta a rejeição
da preliminar de prescrição arguida pelo recorrente (grifei).
6. Ainda sobre esse tema, são elucidativos os esclarecimentos da lavra do eminente Ministro
Benjamin Zymler, ao conduzir a Primeira Câmara a prolatar o Acórdão 3.242/2015:
(...)
28. Com relação ao argumento de que cabe o sobrestamento do feito em decorrência da tramitação
do Recurso Extraordinário 669.069, trago as seguintes considerações.
29. Embora a questão jurídica do alcance da imprescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao
erário esteja em discussão no aludido recurso extraordinário, em que foi reconhecida a existência
de repercussão geral, não cabe o sobrestamento do presente feito até a apreciação do aludido
processo, primeiro porque o art. 543-B do Código de Processo Civil de 1973 (ainda vigente)
[equivalência no art. 1.036 do Novo Código de Processo Civil, sem qualquer impacto no
entendimento defendido na ocasião] só atinge os processos judiciais em grau de recurso; e,
segundo, porque não há óbice ao desenvolvimento regular dos processos de controle externo,
mesmo que haja ações judiciais em trâmite que guardem conexão com a matéria apreciada pelo
Tribunal, consoante o princípio da independência das instâncias.
30. Nesse sentido, a decisão pelo sobrestamento ou não dos processos do Tribunal que
eventualmente estejam relacionados com ações judiciais pertence ao juízo de conveniência e
oportunidade desta Corte de Contas, que deve avaliar as circunstâncias peculiares de cada situação,
especialmente a possibilidade de reversão de eventual decisão do TCU desfavorável à parte, o
próprio princípio da independência das instâncias e o princípio de racionalidade administrativa.
31. No caso, além de a pendência da decisão do STF sobre a prescritibilidade das ações de
ressarcimento poder ser invocada no próprio processo de cobrança judicial da dívida decorrente da
deliberação deste Tribunal, o que implica a possibilidade de reversão da decisão desta Corte, o
sobrestamento do feito por conta da mera tramitação do Recurso Extraordinário (RE) 669.069 teria
o efeito de, por isonomia, paralisar quantidade significativa de processos que tratam da imputação
de débitos.

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32. Nesse cenário, entendo que tal opção iria de encontro ao princípio da racionalidade
administrativa, uma vez que acarretaria, em um primeiro momento, a suspensão do exercício de
relevante atribuição do Tribunal, e, após o julgamento do recurso extraordinário, uma sobrecarga
significativa de trabalho, decorrente da necessidade de julgar os processos que deixaram de ser
apreciados no período.
7. No que tange à questão de fundo, a unidade técnica evidencia correlação entre os cheques
havidos nos extratos bancários e os pagamentos feitos à contratada, atestados por meio de medições e
notas fiscais, relativamente às 13 etapas (ou localidades) executadas – de um total de 17 previstas no
plano de trabalho –, confirmadas mediante vistoria da concedente.
8. Apenas em virtude dessa constatação, é possível dizer que houve erro de julgamento na
condenação solidária dos responsáveis ao ressarcimento da diferença entre o volume financeiro
transferido ao município e o valor correspondente ao percentual de execução declarado em vistorias da
Funasa (77,38%).
9. Como bem demonstra o ilustre membro do parquet, o plano de trabalho previa repasse
integral dos recursos em dezembro de 2001; porém, as transferências se deram em três parcelas
(a primeira em outubro de 2002 e a última em abril de 2004) e o contrato foi assinado em maio de
2003. Por conta disso, a vigência do convênio – que inicialmente iria até novembro de 2002 – se
estendeu até junho de 2005.
10. Logo se vê que a contratada não deu causa aos atrasos. Muito pelo contrário, aceitou as
condições ofertadas pela primeira colocada no certame exatamente porque essa declinara da assinatura
do instrumento contratual em função da demora no repasse dos recursos. Não deve, pois, responder,
por débito a título de recebimento de valores relativos a reajustamento contratual.
11. O mesmo raciocínio vale para o ex-prefeito, que deve ser isentado de responsabilidade
quanto ao valor pago a maior em virtude dos reajustes contratuais. Não há nenhuma evidência nos
autos de que tenha, na condição de representante do convenente e signatário do ajuste, contribuído para
o retardo nos repasses dos recursos federais.
12. Por certo, não seria a ausência de previsão de reajuste de preços, no edital e no contrato,
impedimento à manutenção do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos (art. 37, inciso XXI), sob
pena de ofensa à garantia constitucional inserta no art. 37, inciso XXI da Carta Maior. Ademais, a
execução do contrato, com a recusa no reajustamento dos preços oferecidos à época da proposta,
configuraria enriquecimento ilícito do erário e violaria o princípio da boa-fé objetiva, cuja presença no
âmbito do direito público é também primordial.
13. Há que se considerar ainda que o ex-prefeito fez ingerências junto à Funasa, alertando-a da
necessidade de se promover o reajuste de preços – o qual, ao final, foi feito com base em variações do
Índice Nacional da Construção Civil (INCC), índice adequado ao caso e validado pela jurisprudência
deste Tribunal –, procedimento resultante da celebração, entre as partes, de termo aditivo para aquela
finalidade.
14. Todo esse imbróglio nasceu de falha da Administração, não atribuível ao particular
contratado com o poder público, ao ter a Funasa deixado de incluir no edital cláusula de reajuste
contratual quando, inicialmente, previu a execução da obra em prazo inferior a um ano. Essa situação
aparentemente ocorreu como forma de assegurar atendimento à periodicidade anual estabelecida na
Lei 10.192/2001 – que dispôs sobre o Plano Real – para fins de reajuste de preços dos contratos.
Contudo, essa omissão dos gestores públicos – a meu ver escusável diante da falta de uniformização da
questão, até mesmo internamente, e das circunstâncias da época – não deixa de conflitar com o
entendimento atual perfilhado nesta Corte a respeito da obrigatoriedade de previsão de cláusula de
reajuste, independentemente do prazo inicialmente estipulado de execução da avença:

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66. Entretanto, o estabelecimento dos critérios de reajuste dos preços, tanto no edital quanto
no instrumento contratual, não constitui discricionariedade conferida ao gestor, mas sim
verdadeira imposição, ante o disposto nos artigos 40, inciso XI, e 55, inciso III, da Lei
8.666/93. Assim, a sua ausência constitui irregularidade, tendo, inclusive, este Tribunal se
manifestado acerca da matéria, por meio do Acórdão 2804/2010-Plenário, no qual julgou ilegal a
ausência de cláusula neste sentido, por violar os dispositivos legais acima reproduzidos. Até em
contratos com prazo de duração inferior a doze meses, o TCU determina que conste no edital
cláusula que estabeleça o critério de reajustamento de preço (Acórdão 73/2010 -Plenário,
Acórdão 597/2008-Plenário e Acórdão 2.715/2008-Plenário, entre outros) [trecho extraído do
relatório precedente ao Acórdão 2.205/2016-TCU-Plenário, cuja fundamentação foi acompanhada
pela relatora, Min. Ana Arraes, em seu voto] [grifei].
15. Na mesma linha a Decisão 698/2000-TCU-Plenário (Rel. Min. Humberto Guimarães
Souto):
8.1. determinar à SERGIPORTOS que:
(...)
8.1.6. nos contratos relativos às obras financiadas com recursos federais, mesmo nos casos cuja
duração seja inferior a um ano, preveja a possibilidade de reajuste, fazendo menção ao indicador
setorial aplicável, nos casos em que, inexistindo culpa do contratado, o prazo inicialmente
pactuado não seja cumprido; (grifei).
16. A propósito, o caso apreciado nesse julgado se assemelha ao destes autos no tocante ao
índice acordado entre as partes, o INCC, durante a execução contratual, conforme se verifica do trecho
a seguir, extraído do voto do relator:
Já a aplicação anual do INCC – coluna 43 da FGV, inicialmente não prevista em razão do
prazo contratual de 11 meses (inferior ao período mínimo de um ano para a ocorrência de
reajuste), encontra respaldo na doutrina e jurisprudência no presente caso, uma vez que a variação
de preços entre o valor contratual pactuado em outubro de 1997 e a data do aditivo em que tal
correção foi aplicada configura desequilíbrio na equação econômico-financeira do contrato (grifei).
17. Superada a questão do reajustamento contratual, remanescem dois débitos imputados aos
responsáveis, subdivididos desta forma:
17.1. R$ 28.810,65, sob a responsabilidade do ex-prefeito e da Construtora Venâncio Ltda.,
solidariamente, em razão da diferença havida entre os valores pagos maior à contratada além da
quantia correspondente ao percentual de 77,38%; e
17.2. R$ 87.625,65, sob a responsabilidade do ex-prefeito, em razão da não comprovação da boa
e regular aplicação dos recursos federais, haja vista a falta de justificativa a respeito do destino desse
montante, em contraposição à conduta esperada do referido responsável ante o seu dever constitucional
de prestar contas.
18. Cabe, portanto, a reabertura da fase de instrução do feito mediante realização de novas
citações dos responsáveis, na forma detalhada no parecer do MPTCU e resumida no item anterior, com
a qual estou de acordo.
Ante o exposto, VOTO no sentido de que este Tribunal conceda provimento aos recursos,
acolhendo as manifestações da unidade técnica e do MPTCU, para tornar sem efeito o julgamento das
presentes contas especiais e as condenações impostas pelo acórdão recorrido, bem como autorizar
novas citações dos responsáveis – nesse segundo ponto, em concordância com a fundamentação e
proposta externada por aquele parquet –, nos termos da minuta de acórdão que submeto à consideração
do colegiado.

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TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 7 de agosto de
2018.

Ministro JOÃO AUGUSTO RIBEIRO NARDES


Relator

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ACÓRDÃO Nº 7184/2018 – TCU – 2ª Câmara

1. Processo nº TC 003.928/2013-6.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Recurso de Reconsideração em Tomada de Contas Especial.
3. Interessada/Recorrentes:
3.1. Interessada: Fundação Nacional de Saúde (26.989.350/0001-16).
3.2. Recorrentes: Construtora Venâncio Ltda. (12.574.539/0001-33) e Joseph Wallace Faria Bandeira
(072.516.025-04).
4. Órgão/Entidade: Município de Juazeiro/BA.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).
8. Representação legal: Sanzo Kaciano Biondi Carvalho (OAB/BA 14.640), Renata Silva Alves
(OAB/BA 35.288) e outros, representando Joseph Wallace Faria Bandeira; Antonio Filipe Pontes
Vasconcelos (OAB/PE 985-B), Antonio Paulo Berardo Carneiro da Cunha (OAB/PE 12.782) e outros,
representando Construtora Venâncio Ltda.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos os recursos de reconsideração interpostos por Construtora
Venâncio Ltda. e Joseph Wallace Faria Bandeira contra o Acórdão 3.225/2017-TCU-2ª Câmara, que
julgou irregulares as suas contas – neste processo de tomada de contas especial –, condenou-os em
débito e aplicou-lhes multa, ante a impugnação parcial das despesas realizadas no âmbito do Convênio
3.846/2001, celebrado entre a Fundação Nacional de Saúde e o Município de Juazeiro/BA, para
execução de sistema de abastecimento de água naquela localidade,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de
Segunda Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer dos recursos, com fundamento nos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992,
e, no mérito, dar-lhes provimento, para tornar sem efeito o acórdão recorrido e autorizar novas citações
dos responsáveis, nos termos dispostos no parecer do Ministério Público junto ao TCU (peça 118,
itens 18 a 24); e
9.2. dar ciência desta deliberação aos recorrentes.

10. Ata n° 28/2018 – 2ª Câmara.


11. Data da Sessão: 7/8/2018 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-7184-28/18-2.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: José Múcio Monteiro (Presidente), Augusto Nardes (Relator), Aroldo
Cedraz e Ana Arraes.
13.2. Ministro que alegou impedimento na Sessão: Aroldo Cedraz.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


JOSÉ MÚCIO MONTEIRO AUGUSTO NARDES
Presidente Relator

Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
PAULO SOARES BUGARIN
Subprocurador-Geral
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