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AO JUÍZO DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA REGIONAL DE CAMPO

GRANDE - COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

JULIANNE CRISTINA LOPES LAURENTINO, brasileira, advogada, portadora


da carteira de identidade nº 227.666, expedida pela OAB/RJ, inscrita no CPF sob o nº
153.098.527-78, residente e domiciliada na Rua Desembargador João José de Queiroz,
nº 40, Campo Grande, Rio de Janeiro/RJ, CEP: 23.075-066, vem, respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, em causa própria, com base nos artigos 186, e 473, do
Código Civil c/c artigo 300, do Código de Processo Civil c/c artigo 6, incisos IV, V, VIII e
73, do Código de Defesa do Consumidor, bem como o artigo 1º da Resolução Normativa
da ANS 455/2020, ajuizar a presente:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C TUTELA ANTECIPADA

em desfavor da Operadora de Plano de Saúde UNIMED-RIO COOPERATIVA DE


TRABALHO MÉDICO DO RIO DE JANEIRO LTDA, pessoa jurídica de direito privado,
inscrita no CNPJ sob nº 42.163.881/0001-01, situada à Avenida Ayrton Senna, 2500,
Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, CEP:22775-003, pelos motivos de fato efundamentos
legais a seguir expostos:

I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA:

Ab ovo, a Autora, com espeque no artigo 98 e seguintes do Código de Processo Civil,


afirma que não tem condições de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem
prejuízo do próprio sustento ou de sua família, pelo que faz jus e requer a gratuidade de justiça,
embora sabido que o acesso aos Juizados Especiais Cíveis em 1° grau de jurisdição não
exige o pagamento de custas.

II – DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO:

Em conformidade com o artigo 319, inciso VII do Código de Processo Civil,


vem a autora informar o interesse na designação de audiência conciliatória, de forma a
contribuir com o Princípio da Celeridade na abreviação dotempo das demandas entre os
jurisdicionados.
III – DOS FATOS:

No mês de junho de 2022, a autora contratou a prestação de serviços de plano


de saúde da empresa ré, conforme demonstrado no contrato e pagamentos mensais em
anexo, para uso próprio e seus dependentes, o que insurge em plano familiar.

Ocorre que, a autora, titular do plano de saúde, decidiu pelo cancelamento do


plano no dia 29.02.2024, por não corresponder com às suas expectativas, tal
cancelamento foi realizado por e-mail e continuado por telefone, conforme demonstrado
em anexo, sob o nº de protocolo de atendimento 39332120240229054219.

Contudo, a ré informou a obrigatoriedade do prosseguimento do contrato pelo


prazo de 60 (sessenta dias), para cumprimento de aviso prévio, não realizando o
cancelamento de imediáto.

Todavia a ré não pode cobrar esta espécie de multa pelo cancelamento da


apólice de plano de saúde, tampouco este aviso prévio de 60 (sessenta) dias, por ser
manifestamente ilegal este tipo de cobrança em face do desejo da consumidora na
interrupção do serviço.

Ressalta-se que, após o comunicado de cancelamento, a empresa ré emitiu


uma cobrança com vencimento para o dia 20.03.2024 no valor de R$ 2.850,00 (dois mil
oitocentos e cinquanta reais), para sua surpresa, haja vista que informou o interesse na
descontinuidade do serviço.

Observa-se que tal conduta da ré é inadmissível, haja vista que a interrupção do


plano de saúde sucede da ausência de atendimento médico específico aos dependentes
da autora, que possui uma filha de 2 (dois) meses de idade, ou seja, ficar por mais 60
(sessenta) dias atrelada ao plano que não corresponde com sua necessidade não faz
sentido.

IV – DA NECESSIDADE DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA:

Trata-se de uma relação de consumo, logo há necessidade da inversão do


ônus da prova com objetivo de regularizar as desigualdades entre as partes, sobretudo
viabilizar a defesa de seus direitos, conforme artigo 6º, inciso VIII do Código de Defesa
do Consumidor.

O Código Consumerista confere ao postulante a presunção de veracidade de


suas alegações, cabendo a polo mais forte "derrubar" as afirmações, tudo aliado ao s
indícios processuais.

Contudo é necessária a inversão do ônus da prova eis que presentes os


requisitos para tanto. Segundo ilustríssimo doutrinador, Humberto Theodoro Júnior, em
matéria publicada na RJ n.º 245, de março de 1998 é enfático ao dizer que:

"o processo devido, destarte, é o processo justo, apto a propiciar


àqueleque o utiliza uma real e prática tutela."

Comentando o artigo 39, IV, do CDC, ANTÔNIO HERMAN VACONCELLOS


E BENJAMIN, doutrina:

"A vulnerabilidade é traço universal de todos os consumidores,


ricos,pobres, educados ou ignorantes, crédulos ou espertos.".

Por fim, não há como se desatrelar dos fundamentos que colimam a justiça. O
papeldos juízes no Estado Democrático de Direito é importantíssimo e imprescindível
neste momento: revolucionar, com amparo nos instrumentos colocados às suas
disposições, no Direito e na Justiça, na defesa dos mais humildes também quanto à
espoliação econômica que vêm sofrendo.

V – DA TUTELA DE URGÊNCIA – TUTELA ANTECIPADA

Considerando que os documentos anexos comprovam que o vencimento do


boleto foi no dia 20.03.2024, e o pedido de cancelamento foi no dia 29.02.2024, torna-se
questionável a cobrança do aviso prévio, indo contra a legalidade e a ética.

Ressalte-se, que a ilegalidade na cobrança de aviso prévio está estabelecida


pelo artigo 1º da Resolução 455/2020, conforme determinado pela ação civil publica nº
0136265-83.2013.4.02.5101, do Procon do Rio de Janeiro/RJ, contra a Agência Nacional
de Saúde Suplementar (ANS), tornando a cobrança de aviso prévio nula.

Vejamos entendimento:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE


OBRIGAÇÃO DE FAZER. PLANO DE SAÚDE. RESCISÃO POR
PARTE DA ESTIPULANTE. AVISO PRÉVIO DE 60 DIAS.
PRETENSÃO DE CANCELAMENTO DA MULTA. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA. INCONFORMISMO DA AUTORA. SENTENÇA
REFORMADA. 1. Exigência de aviso prévio de 60 (sessenta) dias
para se efetivar ao cancelamento unilateral requerido pelo segurado.
2. Não cabimento de cobrança da referida multa. Artigo 17, parágrafo
único, da Resolução ANS nº 195/2009 que foi invalidado em ação civil
pública que tramitou perante o TRF da 2ª Região. 3. ANS que já emitiu
nova Resolução Normativa nº 455/2020, dando efetivo cumprimento
à decisão preferida na ação coletiva. 4. Cobrança do aviso prévio
afastada. 5. Sentença reformada para julgar procedente o pedido
autoral e cancelar a cobrança de duas mensalidades. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO.
(TJ-RJ - APL: 00182912420178190042, Relator: Des(a). JOÃO
BATISTA DAMASCENO, Data de Julgamento: 26/01/2022,
VIGÉSIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
03/02/2022)

Destarte, presente o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação,


vez que a autora não tem condições de arcar com o valor do boleto enviado após o pedido
de cancelamento, e o receio do cadastro do CPF nos Órgãos de Proteção ao Crédito.

Portanto, estando presentes os requisitos legais do art. 300, do CPC, requer que a
ré promova a suspensão da exigibilidade da cobrança com vencimento em 20.03.2024.

VI – DOS PEDIDOS:

Diante de todo o exposto acima, requer à Vossa Excelência:

a) A citação da Ré por via postal, como faculta o art. 18, II da Lei 9.099/95, no
endereço mencionado, para comparecer a Audiência Conciliatória e,
querendo, oferecerem suas contestações, sob pena de revelia com fulcrono art.
20 da Lei supra, e confissão ficta da matéria de fato e julgamento antecipado
da lide;

b) Requer, ainda, que V. Exa. conceda, de plano, os benefícios da Gratuidadede


Justiça, nos termos do art. 98 do CPC;

c) Requer a inversão do ônus da prova, tendo em vista, a hipossuficiência e


vulnerabilidade da parte Autora, na forma do art. 6°, VIII do CDC;

d) Requer a concessão da tutela de urgência, para o cancelamento imediato do


plano, sem cumprimento do aviso prévio;

e) Requer que todas as publicações, sejam realizadas exclusivamente em nome


da Dra. Julianne Cristina Lopes Laurentino, inscrita na OAB/RJ sob o
nº227.666.

VII – DOS PROVAS:

Protesta pela produção de provas na forma admitida na lei, tais como juntadade
novos documentos, inquirição de testemunhas, depoimento pessoal do representante
legal da ré, e demais provas que se fizerem necessárias.
VIII – DO VALOR DA CAUSA

Dá-se o valor da causa meramente para efeito de alçada o valor de R$ 1.000,00


(um mil reais)

Nestes termos,
Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 20 de março de 2024.

Julianne Cristina Lopes Laurentino


227.666 OAB/RJ

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