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TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

ACÓRDÃO

 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL  Nº 0601294-85.2018.6.15.0000 – JOÃO
PESSOA – PARAÍBA
 

Relator: Ministro Tarcisio Vieira de Carvalho Neto 


Agravante: Ministério Público Eleitoral 
Agravado: Janderson Bizerril de Brito
Advogados: Henrique Souto Maior Muniz de Albuquerque – OAB: 13017/PB e outro
              

ELEIÇÕES 2018. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PRESTAÇÃO DE


CONTAS. DEPUTADO ESTADUAL. OMISSÃO NAS CONTAS PARCIAIS. SANEAMENTO NA
PRESTAÇÃO DE CONTAS FINAL. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO À CONFIABILIDADE DAS
CONTAS. APROVAÇÃO COM RESSALVAS. PRECEDENTES.  SÚMULA  Nº 30/TSE.
REEXAME DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA  Nº 24/TSE.
DESPROVIMENTO.

1. O acórdão regional está alinhado ao entendimento desta Corte Superior de que


inconsistências na prestação de contas parcial não necessariamente conduzirão à percepção,
pelo órgão julgador, de que se trata de irregularidade indelevelmente marcada por nódoa de
gravidade a ponto de levar à desaprovação das contas, porquanto terão  que  ser aferidos,
caso a caso, a extensão da falha e o comprometimento no  controle exercido pela Justiça
Eleitoral, especificamente no exame final das contas (Precedentes: AgR-REspe nº 276-54/PE,
Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 21.8.2018; AgR-REspe nº 20-34/PE, Rel. Min. Og Fernandes,
DJe de 18.10.2018).

2. A orientação supracitada foi ratificada  nos  seguintes processos, referentes às eleições de


2018: AgR-AI  nº 0600055-29/SC, AgR-AI  nº  0601333-33/SC,  AgR-AI  nº 0601423-41/SC,
AgR-AI nº 0601561-08/SC,  AgR-REspe nº 0601776-81/SC, AgR-AI nº 0601862-52/SC e AgR-
AI nº 0601921-40/SC, julgados em 12.12.2019.

3. Por estar o acórdão recorrido em consonância com a jurisprudência desta Corte Superior, é
de rigor a incidência da Súmula nº 30/TSE, igualmente aplicável aos recursos manejados por
afronta a lei (AgR-REspe nº 448-31/PI, Rel. Min. Tarcisio Vieira de Carvalho Neto, DJe de
10.8.2018).

4. A Corte Regional, soberana no exame dos fatos e provas, assentou que a omissão de
receita verificada na prestação de contas parcial não comprometeu o efetivo controle das
contas de campanha e que a prestação de contas final foi devida e tempestivamente

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apresentada, de modo que, para alterar tal conclusão, seria necessário o reexame dos fatos e
provas constantes nos autos, vedado nos termos da Súmula nº 24/TSE.

5. Agravo regimental desprovido. 

 
Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, em negar provimento ao
agravo regimental, nos termos do voto do relator. 
 
Brasília, 2 de junho de 2020.
 
MINISTRO TARCISIO VIEIRA DE CARVALHO NETO – RELATOR  

RELATÓRIO 

 
O SENHOR MINISTRO TARCISIO VIEIRA DE CARVALHO NETO: Senhor Presidente, cuida-se
de agravo regimental interposto pelo Ministério Público Eleitoral contra decisão por meio da qual neguei
seguimento a recurso especial manejado em face de acórdão do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba
(TRE/PB) em que julgadas aprovadas com ressalvas as contas de campanha de Janderson Bizerril de Brito, ora
agravado, candidato ao cargo de deputado estadual nas eleições de 2018.
Eis a ementa do acórdão regional: 

ELEIÇÃO 2018. PRESTAÇÃO DE CONTAS.  CANDIDATO(A)  AO CARGO


DE  DEPUTADO(A)  ESTADUAL.  OMISSÃO DE RECEITAS  ESTIMÁVEIS EM DINHEIRO  NA PRESTAÇÃO DE
CONTAS PARCIAL.  NÃO COMPROMETIMENTO DA LISURA E CONFIABILIDADE DAS
CONTAS. APROVAÇÃO COM RESSALVAS. (ID nº 22719838)            

No recurso especial (ID nº 22720138), com fundamento no art. 121, § 4º, I e II, da Constituição
Federal e no  art. 276, I, a e b, do Código Eleitoral, o Ministério Público Eleitoral apresentou, em síntese, as
seguintes alegações:
a) houve violação ao disposto nos arts. 28, § 4º, II, da Lei nº 9.504/97 e 50, II, da Res.-TSE nº
23.553/2017, uma vez que a Corte Regional considerou insuficiente, para a desaprovação das contas do
candidato, a omissão na prestação de contas parcial, na qual não foram informados 13,42% do total de receitas;
b) o percentual de receitas não comunicado à Justiça Eleitoral é significativo e compromete a
regularidade das contas;
c) os fundamentos do recurso especial decorrem do próprio mérito do acórdão atacado no que
tange aos fatos incontroversos, o que não implica revolvimento de provas, vez que não há controvérsia quanto
ao conjunto probatório;
d) o TRE/PB divergiu do entendimento do TRE/AM e do TRE/SP, os quais entendem que, na
situação como a dos autos, a conclusão deve ser pela desaprovação da prestação de contas.
Em contrarrazões (ID nº 22720388), Janderson Bizerril de Brito asseverou, preliminarmente, ser
incabível o manejo do recurso especial em processo de prestação de contas.
No mérito, aduziu que “[...] não é causa de rejeição a ausência ou divergência de informações
nas parciais das contas em relação à prestação de contas final, se estas, ao final, foram apresentadas com toda
a documentação na sua integralidade, nos moldes postos na legislação de regência, inteligência do art. 30,
inciso I e §§ 2º e 2º-A, da Lei n. 9.504/1997” (ID nº 22720388).
A Procuradoria-Geral Eleitoral opinou pelo provimento do recurso especial (ID nº 2294988).
Por meio da decisão de ID nº 27148038, neguei seguimento ao recurso especial, nos termos do
art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral.
Contra essa decisão, sobreveio o presente agravo regimental (ID nº 27771588) por meio do qual
o Parquet apresenta as seguintes alegações:
a) a conclusão pretendida pelo recurso não envolve reexame de fatos e provas, como sugerido
na decisão ora agravada, uma vez que, no acórdão regional, consta que houve falhas na prestação de contas
parcial;
b) a referida falha verificada não constitui mera impropriedade, mas efetiva irregularidade a
macular as contas e a ensejar sua desaprovação, o que e admitido pelo TSE;
c) no que tange à gravidade da omissão na prestação de contas parcial, na decisão agravada,
consta julgado que não pode ser considerado como precedente acerca do referido tema, uma vez que pendente
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julgamento de embargos de declaração, de modo que deve ser afastada a incidência da Súmula nº 30/TSE; e
d) o TRE/PB constatou omissão de receitas no importe de R$ 3.908,34 (três mil, novecentos e
oito reais e trinta e quatro centavos), valor que representa 13,42% do total de recursos recebidos, o que justifica
a desaprovação das contas em análise.
Devidamente intimado (ID nº 28312188), o agravado não apresentou contrarrazões.
É o relatório. 
  

VOTO

 
O SENHOR MINISTRO TARCISIO VIEIRA DE CARVALHO NETO (relator): Senhor Presidente,
eis o teor da decisão agravada:

Preliminarmente, ao contrário do que sustentado por Janderson Bizerril de Brito em contrarrazões, o processo de
prestação de contas tem caráter jurisdicional, de modo que é cabível o manejo do apelo especial nesses feitos.

Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. PRESTAÇÃO DE CONTAS. LEI Nº


12.034/2009. CARÁTER JURISDICIONAL DO PROCESSO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. CAPACIDADE
POSTULATÓRIA. AUSÊNCIA. ARTIGO 13 DO CPC. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.

1. A Lei nº 12.034, de 29.9.2009, ao prever, nos §§ 5º, 6º e 7º do artigo 30 da Lei nº 9.504/97, a possibilidade
de interposição de recurso nos processos de prestação de contas, conferiu caráter jurisdicional a esses
processos, antes de índole eminentemente administrativa.

2. Disso resulta que, a partir da entrada em vigor do citado diploma, o exame das contas de campanha se
sujeita à observância de todas as formalidades inerentes aos processos judiciais.

3. O recurso eleitoral foi interposto pelo próprio Agravante, que não demonstrou capacidade postulatória. Nos
termos do art. 4º da Lei n° 8.906/94, são nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não
inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil.

4. Não há falar em violação ao artigo 13 do Código de Processo Civil, pois não se deve confundir capacidade
postulatória irregular, vício sanável e passível de correção na instância ordinária, com a falta de capacidade
postulatória, de natureza insanável e que não admite regularização.

5. Agravo regimental desprovido.

(AgR-REspe nº 509-47/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 10.6.2014)

Ainda nesse sentido: “O entendimento firmado pelo Tribunal Superior Eleitoral é de que tem caráter jurisdicional
o exame de prestação de contas de partido político, daí por que o recurso cabível é o especial” (AgR-RO
nº 28359-84/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 10.9.2015)

Quanto ao mérito, cumpre salientar, de início, que, consoante informado em petição (ID nº 25570888) e
destacado pela Procuradoria-Geral Eleitoral em seu parecer, a questão de fundo versada nos presentes autos –
omissão de dados na prestação de contas parcial – guarda identidade com aquela discutida no bojo do Recurso
Especial Eleitoral nº 0601339-89.2018.6.15.0000, em que o Parquet requereu a aplicação da sistemática de
julgamento de recursos especiais repetitivos prevista no art. 1.036 do Código de Processo Civil.

Ocorre que o relator do referido recurso especial, Ministro Edson Fachin, julgou prejudicado o incidente de
uniformização de jurisprudência formulado pelo Parquet, DJe de 5.3.2020, diante da fixação de tese, nesta Corte,
quanto às consequências decorrentes de eventuais omissões e incongruências nas prestações de contas

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parciais, no julgamento dos AgR-AI nº  0600055-29, 0601333-33, 0601423-41, 0601561-08, 0601776-81,
0601862-52 e 0601921-40, provenientes do TRE/SC, todos de minha relatoria, julgados em 12.12.2019,
conforme se verá a seguir.

Diante do recente enfrentamento do tema pelo plenário deste Tribunal Superior, passo à análise dos autos

Na espécie, ao aprovar com ressalvas as contas de campanha do candidato, recorrido, a Corte de origem adotou
os seguintes fundamentos quanto à matéria ora impugnada:

No presente caso, “o(a) candidato(a) movimentou R$ 29.133,34 (vinte e nove mil, cento e trinta e três reais e
trinta e quatro centavos), representados por R$ 18.000,00 (dezoito mil reais) de movimentação financeira,
sendo R$ 1.000,00 (um mil reais) de recursos de pessoas físicas e R$ 17.000,00 (dezessete mil reais) de
recursos de outros candidatos, além de R$ 11.133,34 (onze mil cento e trinta e três reais e trinta e quatro
centavos) de recursos estimáveis em dinheiro”  e relativo a volume financeiro “o(a) candidato(a) obteve
repasse financeiro de dinheiro público de outros candidatos oriundos do Fundo Partidário no valor de R$
17.000,00 (dezessete mil reais)” (ID 2127297).

A Seção de Contas Eleitorais, em seu parecer conclusivo, consignou que as contas finais foram apresentadas
TEMPESTIVAMENTE, apontando que foram sanadas  as  demais irregularidades apontadas pelo relatório
preliminar de diligências quando da manifestação do candidato a intimação deste.  Seguem trechos do
parecer:

TEMPESTIVIDADE:

“(…) A prestação de contas foi apresentada dentro do prazo (recibo em anexo)”.

AUSÊNCIA DE IRREGULARIDADES:

“(…) Ao final,  considerando o resultado dos exames técnicos empreendidos, POR MEIO DE ANÁLISE
SIMPLIFICADA, nos termos do Artigo 66, Parágrafo único, da Resolução 23.553/20171, e  diante da
ausência de irregularidades previstas no artigo 68 da Resolução 23.553/20172 manifesta-se esta
unidade técnica pela sua APROVAÇÃO”

Pois bem. Prosseguindo na análise das contas, o Ministério Público Eleitoral pugnou pela desaprovação das
contas apontando a omissão de receitas estimáveis em dinheiro na prestação de contas parcial.

Relativo a supracitada omissão de receitas, esta no importe de R$ 3.908,34 (três mil, novecentos e oito reais
e trinta e quatro centavos), representando 13,42% do total de recursos recebidos,  cumpre  salientar  que  a
prestação de contas final fora devida e tempestivamente apresentada, desse modo, este Tribunal já decidiu
para as eleições de 2018 que tal irregularidade não ensejaria  a reprovação das contas, a título ilustrativo
segue o seguinte precedente:

ELEIÇÕES 2018. PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CAMPANHA. CANDIDATO AO CARGO DE DEPUTADO


ESTADUAL.  AUSÊNCIA. APRESENTAÇÃO. CONTAS PARCIAIS. ATRASO. ENTREGA DA
PRESTAÇÃO DE CONTAS FINAL. NOTIFICAÇÃO PARA ADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO.
CUMPRIMENTO. DOCUMENTAÇÃO ENTREGUE NOS TERMOS DA NORMA DE REGÊNCIA. VÍCIOS
DE NATUREZA FORMAL. APROVAÇÃO COM RESSALVAS.

1. A ausência da prestação de contas parcial, bem como o atraso na entrega da prestação de contas final,
não comprometeram [sic] a regularidade e confiabilidade das contas.

2. Contas aprovadas com ressalvas.

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(PRESTAÇÃO DE CONTAS nº 060158063, ACÓRDÃO nº 1459447 de 16/07/2019, Relator(a) PAULO


WANDERLEY CÂMARA, Publicação: DJE – Diário de Justiça Eletrônico)

PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CAMPANHA. ELEIÇÕES 2018. CARGO DE SENADOR DA REPÚBLICA.


APRESENTAÇÃO INTEMPESTIVA DAS CONTAS FINAIS SEM O CONDÃO AUTORIZATIVO PARA A
DESAPROVAÇÃO.  OMISSÃO NA ENTREGA DA PRESTAÇÃO DE CONTAS PARCIAL.
DESCUMPRIMENTO DO PRAZO DE ENTREGA DOS RELATÓRIOS FINANCEIROS.  DOAÇÕES
RECEBIDAS E GASTOS ELEITORAIS EFETUADOS EM DATA ANTERIOR AO MARCO INICIAL PARA
A ENTREGA DAS CONTAS PARCIAIS NÃO INFORMADOS NA OCASIÃO. DOCUMENTOS E
INFORMAÇÕES QUE POSSIBILITAM O EXAME DA ARRECADAÇÃO E APLICAÇÃO DOS RECURSOS.
INCONSISTÊNCIAS QUE SE DISSIPARAM QUANDO DA ENTREGA DAS CONTAS FINAIS. AUSÊNCIA
DE RECURSOS DE FONTE VEDADA OU DE ORIGEM NÃO IDENTIFICADA. INEXISTÊNCIA DE
ILICITUDES DA ORIGEM DAS RECEITAS E DESTINAÇÃO DAS DESPESAS. DOCUMENTAÇÃO
COMPROBATÓRIA. ARTIGO 56 DA RESOLUÇÃO TSE Nº 23.553/2017. CUMPRIMENTO DOS
REGRAMENTOS EXIGIDOS PELA LEI Nº 9504/97 E RESOLUÇÃO REGENTE DA MATÉRIA. ARTIGO
77, II DA RESOLUÇÃO TSE Nº 23.553/2017. AGREGAÇÃO DE RESSALVAS NA APROVAÇÃO.

(PRESTAÇÃO DE CONTAS nº 060148618, ACÓRDÃO nº 487997 de 14/12/2018, Relator JOSÉ


RICARDO PORTO, Publicação: PSESS – Publicado em Sessão)

Desse modo, a irregularidade detectada neste processo não macula a higidez, lisura e regularidade das
contas apresentadas, o que afasta a sua desaprovação, sendo suficiente a anotação da ressalva.

Isto posto, considerando tudo que consta nos autos, em desarmonia com o Ministério Público Eleitoral, voto
pela  aprovação com ressalvas  das contas de campanha de  JANDERSON BIZERRIL DE
BRITO, candidato(a) ao cargo de DEPUTADO(A) ESTADUAL  nas  eleições 2018 pelo PARTIDO DA SOCIAL
DEMOCRACIA BRASILEIRA – PSDB, nos termos do art. 77,  inciso II, da Res. TSE n° 23.553/2017. (ID nº
22719988 – grifei)

A pretensão por parte do MPE, ora recorrente, de reverter a conclusão a que chegou o TRE se dá com base na
compreensão de descumprimento dos arts. 28, § 4º, II, da Lei nº 9.504/97[1] e 50, II, § 6º, da Res.-TSE nº
23.553/2017.

Eis a transcrição da norma regulamentar aprovada por este Tribunal:

Art. 50. Os partidos políticos e os candidatos são obrigados, durante as campanhas eleitorais, a entregar à
Justiça Eleitoral, para divulgação em página criada na internet para esse fim:

I – os dados relativos aos recursos financeiros recebidos para financiamento de sua campanha
eleitoral, em até 72 (setenta e duas) horas contadas do recebimento;

II – relatório parcial discriminando as transferências do Fundo Partidário e do Fundo Especial de


Financiamento de Campanha (FEFC), os recursos financeiros e os estimáveis em dinheiro recebidos,
bem como os gastos realizados.

[...]

§ 6º A não apresentação tempestiva da prestação de contas parcial ou a sua entrega de forma que não
corresponda à efetiva movimentação de recursos pode caracterizar infração grave, a ser apurada na
oportunidade do julgamento da prestação de contas final.

§ 7º A ausência de informações sobre o recebimento de recursos financeiros de que trata o inciso I do


caput deve ser examinada, de acordo com a quantidade e os valores envolvidos, na oportunidade do
julgamento da prestação de contas, podendo, conforme o caso, levar à sua rejeição.

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§ 8º Após os prazos previstos no inciso I do caput e no § 4º, as informações enviadas à Justiça Eleitoral
somente podem ser retificadas com a apresentação de justificativa que seja aceita pela autoridade judicial e,
no caso da prestação de contas parcial, mediante  a  apresentação de prestação retificadora na forma do art.
74, caput,  e  § 2º, desta  resolução.  (Res.-TSE  nº 23.553/2017 – grifei)

Veja-se, da leitura do aludido dispositivo, que a não apresentação tempestiva da prestação de contas parcial ou a
sua entrega de forma que não corresponda à efetiva movimentação de recursos pode caracterizar infração
grave, a ser apurada na oportunidade do julgamento final das contas.

Em outras palavras, a norma é bastante clara no sentido de que o atraso no envio dos relatórios financeiros (e
das contas parciais) ou sua entrega com inconsistências não necessariamente conduzirá à percepção, pelo
órgão julgador, de que se trata de irregularidade indelevelmente marcada por nódoa de gravidade, a ponto de
levar a desaprovação das contas, porquanto terão que ser aferidos, caso a caso, a extensão da falha e o
comprometimento no controle exercido pela Justiça Eleitoral, especificamente no exame final das contas.

Nesse sentido, cito os seguintes precedentes deste Tribunal Superior:

ELEIÇÕES 2016. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. PRESTAÇÃO DE CONTAS.


PREFEITO. VICE-PREFEITO. PRESTAÇÃO DE CONTAS PARCIAL. GASTOS. RELATÓRIOS
FINANCEIROS. OMISSÃO. RECURSOS PRÓPRIOS EM CAMPANHA. REEXAME. NEGATIVA DE
SEGUIMENTO.

[...]

3. Na linha da exegese aplicável para as Eleições 2016, aferível a gravidade da irregularidade relativa à
omissão de informações nas contas parciais no momento da prestação de contas final, porquanto é
nesta oportunidade em que confirmado o vício apontado e examinado dentro do conjunto contábil das
contas. Inteligência do art. 43, § 6º, da Res.-TSE nº 23.463/2015. Precedentes.

Agravo regimental não provido.

(AgR-REspe nº 276-54/PE, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 21.8.2018 – grifei)

ELEIÇÕES 2016. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PRESTAÇÃO DE CONTAS.


CAMPANHA. AUSÊNCIA DE ENTREGA DOS RELATÓRIOS FINANCEIROS EM 72 HORAS OU APÓS O
RECEBIMENTO DAS DOAÇÕES E OMISSÃO DE DESPESAS NA PRESTAÇÃO DE CONTAS PARCIAL.
APRESENTAÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS RETIFICADORA. INFORMAÇÕES PRESTADAS.
FALHAS FORMAIS. NÃO COMPROMETIMENTO DA CONFIABILIDADE NEM DA FISCALIZAÇÃO DAS
CONTAS PELA JUSTIÇA ELEITORAL. A MODIFICAÇÃO DO QUE CONCLUÍDO PELA CORTE DE
ORIGEM PRESSUPÕE QUE SE REALIZE INCURSÃO NO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO, EM AFRONTA
A SÚMULA DESTE TRIBUNAL SUPERIOR. CONTAS APROVADAS COM RESSALVAS. DECISÃO
REGIONAL EM CONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE SUPERIOR. AGRAVO
REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.

1. Na hipótese, o TRE/PE compreendeu que as contas do agravado devem ser aprovadas com ressalvas,
haja vista as impropriedades indicadas serem de natureza formal, pois, na espécie, as informações que, de
início, estavam omissas na prestação de contas parcial, foram trazidas aos autos por meio da
prestação de contas parcial retificadora.

[...]

4. Assim, considerando as premissas fáticas estabelecidas pelo aresto regional, inalteráveis nesta
seara processual, mantém-se a aprovação com ressalvas das contas do agravado, pois, consoante
aduzido no decisum impugnado, o entendimento da Corte de origem encontra-se alinhado à

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jurisprudência deste Tribunal Superior, segundo a qual o efetivo controle e a fiscalização da


movimentação financeira das campanhas se dão a partir da análise da prestação de contas final,
admitindo-se que eventual omissão seja sanada por meio da prestação de contas retificadora (AC
1046-30/SP, rel. Min. Henrique Neves da Silva, DJe de 9.11.2016).

[...]

9. Agravo regimental ao qual se nega provimento.

(AgR-REspe nº 20-34/PE, Rel. Min. Og Fernandes, DJe de 18.10.2018 – grifei)

Com efeito, fixados tais parâmetros tanto na correspondente resolução como também em precedentes
específicos, deve-se adotar o mesmo entendimento, sob pena de ofensa aos princípios constitucionais da
segurança jurídica e da isonomia.

A orientação supracitada foi ratificada nos seguintes processos, referentes às eleições de 2018:  AgR-AI  nº 
0600055-29/SC,  AgR-AI nº 0601333-33/SC, AgR-AI  nº  0601423-41/SC,  AgR-AI  nº  0601561-08/SC,  AgR-
REspe  nº  0601776-81/SC,  AgR-AI  nº 0601862-52/SC e AgR-AI nº 0601921-40/SC, julgados em 12.12.2019,
oportunidade em que foram ventiladas, ainda, premissas para a interpretação do tema no pleito de 2020.

Logo, por estar o acórdão recorrido em consonância com a jurisprudência desta Corte Superior, é de rigor a
incidência da Súmula nº 30/TSE, igualmente aplicável aos recursos manejados por afronta a lei (AgR-REspe nº
448-31/PI, Rel. Min. Tarcisio Vieira de Carvalho Neto, DJe de 10.8.2018).

Ademais, considerada a moldura fática do acórdão recorrido – impassível de revisitação  nesta  instância  por 
força  da  Súmula  nº 24/TSE –, na linha de que, na hipótese, a referida omissão não comprometeu o efetivo
controle das contas de campanha por esta Justiça especializada, é de se concluir pela manutenção in totum da
posição trilhada pela Corte Regional, pois em evidente harmonia com a orientação assentada neste Tribunal.

Ante o exposto, nego seguimento ao presente recurso especial, nos termos do art. 36, § 6º, do Regimento
Interno do Tribunal Superior Eleitoral. (ID nº 27148038)  

Os argumentos lançados pelo Ministério Público Eleitoral nas razões do agravo regimental são
insuficientes para alterar o decisum impugnado. 
Consoante salientado na decisão acima transcrita, o acórdão regional está em harmonia com o
entendimento desta Corte Superior de que inconsistências na prestação de contas parcial não necessariamente
conduzirão à percepção, pelo órgão julgador, de que se trata de irregularidade indelevelmente marcada por
nódoa de gravidade a ponto de levar à desaprovação das contas, porquanto terão que ser aferidos, caso a
caso, a extensão da falha e o comprometimento no controle exercido pela Justiça Eleitoral, especificamente no
exame final das contas (Precedentes: AgR-REspe nº 276-54/PE, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 21.8.2018;
AgR-REspe nº 20-34/PE, Rel. Min. Og Fernandes, DJe de 18.10.2018).
 Essa orientação foi ratificada nos seguintes processos, referentes às Eleições 2018: AgR-AI nº
0600055-29/SC, AgR-AI nº 0601333-33/SC, AgR-AI nº 0601423-41/SC, AgR-AI nº 0601561-08/SC,  AgR-
REspe  nº  0601776-81/SC,  AgR-AI  nº 0601862-52/SC e AgR-AI nº 0601921-40/SC, julgados em 12.12.2019.
Importante registrar que os embargos opostos nos referidos julgados foram rejeitados.
Quanto à alegação de gravidade na omissão de receitas, reitere-se que a Corte Regional,
soberana no exame dos fatos e provas, assentou que referida omissão não comprometeu o efetivo controle das
contas de campanha e que a prestação de contas final foi devida e tempestivamente apresentada.
Ademais, destacou a Corte Regional que “a irregularidade detectada neste processo não macula
a higidez, lisura e regularidade das contas apresentadas, o que afasta a sua desaprovação, sendo suficiente a 
anotação da ressalva”  (ID nº 27148038).
Logo, ao contrário do que sustenta o Parquet Eleitoral, não há como afastar a incidência na
espécie das Súmulas nº 24 e 30 do TSE. 
Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.
É como voto.

https://consultaunificadapje.tse.jus.br/consulta-publica-unificada/documento?extensaoArquivo=text/html&path=tse/2020/6/17/17/1/28/38/61a2e15… 7/8
18/08/2022 14:21 https://consultaunificadapje.tse.jus.br/consulta-publica-unificada/documento?extensaoArquivo=text/html&path=tse/2020/6/17…
[1] Lei n° 9.504/97
Art. 28. A prestação de contas será feita:
[...]

§ 4o Os partidos políticos, as coligações e os candidatos são obrigados, durante as campanhas eleitorais, a divulgar em sítio criado pela Justiça Eleitoral para
esse fim na rede mundial de computadores (internet): (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
[...]
II – no dia 15 de setembro, relatório discriminando as transferências do Fundo Partidário, os recursos em dinheiro e os estimáveis em dinheiro
recebidos, bem como os gastos realizados. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015) (Grifei)

EXTRATO DA ATA

  AgR-REspe nº 0601294-85.2018.6.15.0000/PB. Relator: Ministro  Tarcisio Vieira de Carvalho


Neto. Agravante: Ministério Público Eleitoral. Agravado: Janderson Bizerril de Brito (Advogados: Henrique Souto
Maior Muniz de Albuquerque – OAB: 13017/PB e outro).
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do
voto do relator. 
Composição: Ministros Luís Roberto Barroso (presidente), Edson Fachin, Alexandre de Moraes,
Og Fernandes, Luis Felipe Salomão, Tarcisio Vieira de Carvalho Neto e Sérgio Banhos.
Vice-Procurador-Geral Eleitoral: Renato Brill de Góes.  

SESSÃO DE 2.6.2020.

https://consultaunificadapje.tse.jus.br/consulta-publica-unificada/documento?extensaoArquivo=text/html&path=tse/2020/6/17/17/1/28/38/61a2e15… 8/8

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