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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR EDIMILSON JATAHY FONSECA

JÚNIOR – JUIZ PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO


ESTADO DA BAHIA

Prestação de Contas n°: 0602737-50.2018.6.05.0000

O DIRETÓRIO ESTADUAL DO PARTIDO DEMOCRATAS, já qualificado nos


autos da Prestação de Contas em epígrafe, por intermédio de seu advogado infra-
assinado, devidamente constituído mediante procuração anexada ao caderno processual,
vem, tempestivamente, de maneira respeitosa, perante Vossa Excelência, com fulcro
com fulcro nos artigos 279 do Código Eleitoral e 155 do Regimento Interno do Tribunal
Regional Eleitoral da Bahia, interpor AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL em face
do ato decisório prolatado pela Ilustre Presidência desta Egrégia Corte Regional, que
inadmitiu a subida do Recurso Especial (ID n° 5120382) manejado contra o Acórdão
(ID n° 4573632) lavrado pelo plenário do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia,
conforme razões fáticas e jurídicas adiante esmiuçadas.

Requer seja recebido e processado este Agravo, bem como, nos termos do artigo 155,
§§ 1º e 2º, do Regimento anteriormente referido, seja promovida a intimação da parte
agravada para, caso tenha interesse, possa vir a oferecer contrarrazões à peça recursal
em comento, para que seja determinado, após o juízo de retratação de Vossa Excelência,
ou mesmo que mantida o decisium guerreado, a subida dos autos processuais ao
Tribunal Superior Eleitoral, para os fins de direito a que se destinam.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Salvador, 27 de novembro de 2019.

Ademir Ismerim
OAB/BA n° 7.829
Processo n°: 0602737-50.2018.6.05.0000

AGRAVANTE: DIRETÓRIO ESTADUAL DO PARTIDO DEMOCRATAS

JUÍZO A QUO: TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO ESTADO DA


BAHIA

Egrégio Tribunal Superior Eleitoral


Doutos Ministros
Meritíssimo Relator
Insigne Procurador-Geral Eleitoral

RAZÕES DO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL

Mister se faz necessário que o Tribunal Superior Eleitoral modifique o entendimento


que ainda está vigendo nos autos da Prestação de Contas em epígrafe, com o escopo de
sanar os vícios existentes no acórdão recorrido, nos termos das razões adiante
dissecadas, essas que, decerto, levarão este sodalício a dar provimento integral ao
instrumento recursal em riste.

1. TEMPESTIVIDADE

O artigo 279 do Código Eleitoral preleciona que o prazo para interposição do Agravo é
de 3 (três) dias, devendo ser contado a partir da publicação do ato decisório a ser
questionado pela via recursal.

A parte recorrente fora intimada no Diário de Justiça Eletrônico para a prática deste ato
processual no dia 26 de novembro de 2019, terça-feira, com data limite a ser findada no
dia 29 de novembro de 2019, sexta-feira.

Esta petição está sendo protocolizada na presente data de 27 de novembro de 2019,


sendo, portanto, sem qualquer controvérsia, tempestiva, cumprindo assim o referido
pressuposto processual.

2. DA DECISÃO AGRAVADA

O Diretório Estadual do Partido Democratas, por seu procurador constituído,


interpôs RECURSO ESPECIAL em face do acórdão lavrado pelo Tribunal Regional
Eleitoral da Bahia e lançado nos autos da Prestação de Contas em epígrafe, tendo a
Ilustre Presidência da Corte Regional, ao exercer o juízo de admissibilidade, acabou
decidido por inadmitir a subida do apelo nobre, conforme termos adiante colacionados,
suprimida a jurisprudência utilizada, in verbis:

Nestas circunstâncias, é possível inferir que, na espécie, o julgado


está em perfeita consonância com a legislação vigente e aplicou as
normas de regência em conformidade com a convicção formada a
partir dos fatos e das provas coligidas nos autos.

O que se percebe, in casu, é o mero inconformismo do Recorrente


quanto às decisões prolatadas e a nítida intenção de rediscutir a
matéria, haja vista que o Acórdão vergastado está devidamente
fundamentado, bem como enfrentou todas as questões relevantes para
o deslinde da causa, observando os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade.

No caso em comento, para afastar a conclusão deste Regional, seria


necessário o reexame de fatos e provas, o que é inviável na via
especial, conforme diretriz encampada pelos enunciados das Súmulas
n.º 24 do Tribunal Superior Eleitoral, n.º 7 do Superior Tribunal de
Justiça e n.º 279 do Supremo Tribunal Federal.

Ressalte-se que o precedente trazido pelo Recorrente em nada se


assemelha com o presente caso, razão pela qual não restou
preenchido o quesito da similitude fática necessária para que haja
confronto de entendimento entre os Tribunais.

A esse respeito, já decidiu o Tribunal Superior Eleitoral, conforme se


infere nas transcrições abaixo:

ELEIÇÕES 2016. AGRAVO INTERNO EM AGRAVO. AIJE.


CAPTAÇÃO E GASTO ILÍCITO DE RECURSOS FINANCEIROS E
ABUSO DO PODER ECONÔMICO. AÇÃO JULGADA
IMPROCEDENTE PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. AUSÊNCIA DE
GRAVIDADE. RECURSO ESPECIAL QUE DEMANDA O REEXAME
DE PROVAS. VERBETE SUMULAR Nº 24 DO TSE. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL PREJUDICADO. NEGADO PROVIMENTO
AO AGRAVO INTERNO.
1. O TRE/BA, por unanimidade, julgou a ação improcedente, ante a
ausência de gravidade apta a ensejar a cassação de mandato dos
investigados por captação e gasto ilícito de recursos financeiros e por
abuso do poder econômico.

2. Decidir de forma diversa do acórdão regional quanto à ausência


de gravidade das irregularidades apontadas demandaria,
efetivamente, o reexame do acervo probatório dos autos, o que é
inadmissível nesta instância processual extraordinária, nos termos
do Enunciado nº 24 da Súmula do TSE.

3. Conforme a orientação desta Corte, não se conhece do recurso


especial fundamentado no art. 276, I, b, do CE quando a
caracterização do dissídio jurisprudencial depende da revisão do
contexto fático-probatório.

4. Negado provimento ao agravo interno.

 (AgR-AI nº 00000002-47.2017.6.05.0059, rel. Min. Geraldo Og.


Nicéas Marques Fernandes. DJe de 19.08.2019).

A divergência jurisprudencial que fundamenta o recurso especial


interposto com base na alínea b do inciso I do art. 276 do Código
Eleitoral somente estará demonstrada mediante a realização de
cotejo analítico e a existência de similitude fática entre os acórdãos
paradigma e o aresto recorrido. (Súmula-TSE nº 28)

Pelos fundamentos supracitados, inadmito a subida do Recurso


Especial do DIRETÓRIO ESTADUAL DO PARTIDO
DEMOCRATAS, visto que carece o apelo dos pressupostos recursais
de que tratam os arts. 121, §4º, I e I, da Constituição Federal, e 276,
I, “a” e “b”, do Código Eleitoral.

Depreende-se do posicionamento monocrático objeto desta irresignação que o


fundamento para a inadmissão da subida do Recurso Especial foi o suposto carecimento
dos pressupostos recursais exigidos pela Constituição Federal de 1988 e do Código
Eleitoral.

Asseverou o Presidente do TRE-BA, Desembargador Jatahy Júnior, que o decisium


vergastado estaria em perfeita consonância com a legislação vigente e aplicou as
normas de regência em conformidade com a convicção formada a partir dos fatos e
das provas coligidas nos autos.

Ocorre que tal fundamento, data máxima vênia, não deve continuar prosperando, vez
que não há qualquer tentativa de revolver a matéria fático-probatória guerreada nestes
autos, mas tão somente fazer cumprir o mandamento legal em virtude de sua
clarividente violação no acórdão ora agravado.

Desta sorte, interpõe-se este Agravo em Recurso Especial, com vistas a ter a apreciação
do conteúdo inserido no apelo especializado para que o Tribunal Superior Eleitoral
possa vir a modificar as transgressões legais existentes na decisão acordada pela Corte
Regional.

3. BREVE RESUMO DOS FATOS

Trata-se os autos de Prestação de Contas Eleitorais de Alcides Silva Araújo, então


postulante ao cargo de Deputado Federal pelo Democratas da Bahia, cujo registro de
candidatura foi registrado sob o n° 0601860-13.2018.6.05.0000, sendo deferido pela
Justiça Eleitoral.

Ocorre que o referido candidato acabou falecendo antes do dia da eleição, ensejando na
extinção do processo do pedido de registro pelo Tribunal Regional Eleitoral da Bahia
logo após ser informada oficialmente do respectivo óbito (ID n° 1299532).

Ou seja, por conta de um acontecimento fortuito e natural, o senhor Alcides Silva


Araújo acabou não podendo mais continuar a sua campanha, nem tampouco exercer a
sua capacidade eleitoral passiva, já que, no dia do pleito, ele já havia falecido e seu
registro tinha sido extinto pelo TRE-BA.

Em virtude da inexistência de administrador financeiro da candidatura do finado, a


Corte Jurisdicional da Bahia procedeu à intimação, via endereço eletrônico, destaque-
se, do partido ora Recorrente para se manifestar nestes autos, sob pena das contas serem
julgadas não prestadas (ID n° 1488382).

O ato decisório inaugural, da lavra do então Juiz Rui Carlos Barata Lima Filho, julgou
as contas como não prestadas (ID n° 1858232), ensejando, por conseguinte, no trânsito
em julgado deste no dia 23 de janeiro de 2019 (ID n° 2211182).
Em momento posterior, os autos foram encaminhados à Advocacia-Geral da União por
meio de um despacho de mero expediente (ID n° 2516582), órgão esse que pugnou pelo
cumprimento de sentença em sede de execução (ID n° 3748632).

Ao ser intimado (ID n° 3787382) para pagamento do valor de R$ 31.205,19 (trinta e um


mil, duzentos e cinco reais e dezenove centavos), sob pena de acréscimo de multa de
10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, bem como de 10% (dez por cento)
referente aos honorários advocatícios, nos termos do art. 523, § 1º, do Código de
Processo Civil, para fins de prosseguimento da execução, o ora recorrente se manifestou
(ID n° 3964032) para embargar a execução em curso no processo.

O primeiro acórdão (ID n° 4571632) decidiu, de forma unânime dentre os membros


investidos na Corte Regional, pelo não acolhimento da peça impugnante, no mérito e
nas preliminares, e pugnou pelo prosseguimento da execução promovida em face do ora
recorrente, nos termos do voto do relator.

O partido apresentou Embargos de Declaração (ID n° 4619282), apresentando os vícios


contidos no decisium vergastado, esses que também não foram acolhidos pela totalidade
dos julgadores, sendo, portanto, rejeitados (ID n° 4724632).

Em virtude do esgotamento da instância jurisdicional de competência do Tribunal


Regional Eleitoral do Estado da Bahia, a agremiação peticionante, albergada nos artigos
121, §§3° e 4°, da Constituição Federal de 1988 e 276, I, a, b, do Código Eleitoral,
procedeu à interposição deste Recurso Especial, com o intento de extirpar as
transgressões legais contidas no entendimento ainda vigente neste feito, porém o apelo
acabou sendo inadmitido pelo Presidente da Corte Regional (ID n° 5120382),
ensejando-se o manejo deste Agravo nos termos jurídicos adiante dissecados.

4. MÉRITO PROCESSUAL

Ilustres Ministros, o acórdão questionado em sede de apelo especializado incorreu em


violação crassa e direta aos artigos 101, §4°, da Resolução n° 23.553/17, 6° da
Resolução n° 23.568/2018, ambas do Tribunal Superior Eleitoral, 16-C, §7°, da Lei
Geral das Eleições (Lei n° 9.504/97), 15-A da Lei Geral dos Partidos Políticos (Lei n°
9.096/95), bem como ofensas frontais aos princípios da ampla defesa, do contraditório e
do devido processo legal, todos insculpidos no artigo 5° da Constituição da República
Federativa do Brasil.

Como fora explicado no tópico anterior, o caderno processual em comento versa sobre
Prestação de Contas Eleitorais de candidato falecido em data anterior ao dia da eleição,
sem que tenha constituído administrador financeiro para sua campanha.

Nesta senda, a intimação foi realizada pela Corte Jurisdicional via endereço eletrônico,
descumprido a lição contida no artigo 101, § 4°, da Resolução n° 23.553/17, da lavra
desta Corte, que determina em processos de prestação de contas, na hipótese de não
haver procurador devidamente constituído, o candidato deve ser notificado
pessoalmente, para constituir advogado com o cunho de defendê-lo perante a esfera
jurisdicional.

É perceptível a inexistência de patrono para a tutela dos interesses do postulante que


veio a óbito, razão pela qual deveria a agremiação recorrente ser intimada de
maneira personalíssima, ao invés de via e-mail como fora ocorrido, contrariando
dispositivo expresso de ato resolutivo aprovado por este sodalício.

Nesta linha de intelecção, restam violados os postulados da ampla defesa, do


contraditório e do devido processo legal, colocando em pé de desigualdade o candidato
finado e o partido do qual fazia parte e que ora se manifesta nesta via excepcional, em
razão da persistente contrariedade à Constituição Federal de 1988 que ainda está
vigendo nos acórdãos combatidos, ensejando-se na nulidade dos mesmos.

Incumbe a este Tribunal Superior conferir máxima efetividade ao sentido literal


disposto na Carta Política, com o escopo de fazer valer o papel do mandamento
constitucional enquanto matriarca do ordenamento jurídico brasileiro, esse de
observância obrigatória pelas legislações infraconstitucionais, pelos operadores do
direito e demais cientistas jurídicos.
Eis o entendimento do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo sobre o
assunto em debate em duas oportunidades de manifestação perante casos concretos
levados à referida Corte, in verbis:

RECURSO ELEITORAL. PRESTAÇÃO DE CONTAS.


CANDIDATO AO CARGO DE VEREADOR. ELEIÇÕES 2016.
CONTAS JULGADAS NÃO PRESTADAS NA ORIGEM.
AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO CANDIDATO PARA
SANEAMENTO DE IRREGULARIDADES IDENTIFICADAS
NO PARECER TÉCNICO CONCLUSIVO. PUBLICAÇÃO NO
DIÁRIO DA JUSTIÇA ELETRÔNICO, DIRECIONADA AO
ADVOGADO SEM PROCURAÇÃO. AUSÊNCIA DE
INTIMAÇÃO PESSOAL DO CANDIDATO PARA
REGULARIZAR SUA REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL.
VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA
AMPLA DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE DO
PROCESSO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS, DESDE A
DETERMINAÇÃO DE INTIMAÇÃO DO CANDIDATO PARA
MANIFESTAÇÃO SOBRE O PARECER TÉCNICO
CONCLUSIVO. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO, PARA
ANULAR A R. SENTENÇA E TODOS ATOS PRATICADOS NO
PROCESSO A PARTIR DA INTIMAÇÃO DO PARECER
TÉCNICO CONCLUSIVO E DETERMINAR A REMESSA DOS
AUTOS A ORIGEM, PARA PROCESSAMENTO E POSTERIOR
JULGAMENTO. (grifos acrescidos)

(TRE-SP - RE: 40784 SÃO CAETANO DO SUL - SP, Relator:


MANUEL PACHECO DIAS MARCELINO, Data de Julgamento:
05/09/2017, Data de Publicação: DJESP - Diário da Justiça Eletrônico
do TRE-SP, Data 14/09/2017)

"MANDADO DE SEGURANÇA CONTAS DE CANDIDATO


JULGADAS NÃO PRESTADAS. INTERESSADO NÃO
REPRESENTADO POR ADVOGADO. NECESSIDADE DE
INTIMAÇÃO PESSOAL, NÃO BASTANDO A PUBLICAÇÃO
EM CARTÓRIO OU NO DIÁRIO DE JUSTIÇA ELETRÔNICO.
ORDEM CONCEDIDA PARA ANULAR 05 ATOS PROCESSUAIS
POSTERIORES À PROLATAÇÃO DA SENTENÇA". (grifos
acrescidos)

(TRE/SP, MS 17251 - Sorocaba/SP, Relator (a) CARLOS


EDUARDO CAUDURO PADIN, DJESP de 30/08/2016).

Vale destacar que a agremiação ora Agravante, ao tomar conhecimento da situação do


candidato fenecido, mediante intimação pessoal em 27/06/2019, não se manteve em
estado recessivo, mesmo sendo surpreendido com o processo já com trânsito em julgado
e em grau de execução, o que só reforça o posicionamento de falta de citação válida e,
consequentemente, ausência de oportunidade de se manifestar no processo de prestação
de contas.

Pelo exposto, inexistem controvérsias quanto à violação dos princípios regentes sobre a
matéria processual, de modo a conferir às partes paridade no transcorrer dos atos em
juízo, bem como o desrespeito às normas preconizadas nas Resoluções deste Tribunal
Superior Eleitoral.

Impende trazer à tona que o numerário questionado e objeto da condenação à devolução


ao Tesouro Nacional corresponde a recursos do Fundo Especial de Financiamento de
Campanha, inovação trazida a partir da Lei n° 13.487, de 06 de outubro de 2017, para
prover as despesas eleitorais dos atos de candidatos e partidos políticos perante o prélio
democrático.

Esta Corte Jurisdicional detém total conhecimento acerca do fato de que os recursos do
FEFC são distribuídos aos candidatos após deliberações da Comissão Executiva
Nacional de cada partido, conforme previsto no artigo 16-C, §7°, da Lei 9.504/97, e
regulamentado pelo Tribunal Superior Eleitoral no artigo 6º da resolução n°
23.568/2018, in verbis:

Art. 6º Os recursos do FEFC ficarão à disposição do partido político


somente após a definição dos critérios para a sua distribuição, os quais
devem ser aprovados pela maioria absoluta dos membros do órgão de
direção executiva nacional do partido (Lei nº 9.504/1997, art. 16-C, §
7º).
(...)
§ 3º Após a reunião da executiva nacional que deliberar sobre os
critérios de distribuição do FEFC, os diretórios nacionais dos partidos
políticos devem encaminhar ofício à Presidência do Tribunal Superior
Eleitoral, indicando os critérios fixados para distribuição do referido
Fundo, acompanhado de:

I - ata da reunião, subscrita pelos membros da executiva nacional do


partido, com reconhecimento de firma em Cartório;

II - prova material de ampla divulgação dos critérios de distribuição


do FEFC; e

III - indicação dos dados bancários de uma única conta-corrente,


aberta exclusivamente em nome do diretório nacional do partido
político para movimentação dos recursos do FEFC.

Neste sentido, eis o posicionamento do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais,


litteris:

AÇÃO ORDINÁRIA. FUNDO ESPECIAL DE


FINANCIAMENTO DE CAMPANHA (FEFC). ART. 16-C, §7º,
DA LEI Nº 9.504/1997 C/C A RES. TSE Nº 23.568/2018.
NEGATIVA DO PARTIDO. REQUERIMENTO DE ACESSO AO
RECURSO VIA DETERMINAÇÃO JUDICIAL.
1 - Preliminar. Impossibilidade jurídica do pedido. Extinção do feito
sem julgamento do mérito. Suscitada pela agremiação requerida.
1.1 - A possibilidade jurídica do pedido não compõe o rol dos
pressupostos processuais, conforme inteligência extraída dos arts. 17,
330 e 485, todos do CPC vigente. Insere-se, assim, na decisão de
mérito.
1.2 - A agremiação requerida busca fundamento para a preliminar na
autonomia partidária, prerrogativa constitucional que perpassa a
análise da validade da deliberação tomada pelo partido para a
distribuição do Fundo Eleitoral, assim como a própria competência
desta Especializada, questões a serem analisadas no mérito.
1.3 - Preliminar não conhecida.
2 - Mérito.
2.1 - O Partido Político é uma associação de pessoas, para fins
políticos comuns e de caráter permanente, no que se encontram os
elementos básicos do conceito de instituição. A própria Constituição
Federal, em seu art. 17º, § 1º, com a redação dada pela EC 97/2017,
assegurou "aos partidos políticos autonomia para definir sua
estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e
duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha
e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias". O MDB
como agremiação política não difere das demais e na ocasião de sua
constituição houve definição pelos seus fundadores das regras de
regência de suas atividades. E o Estatuto do Partido é bastante amplo e
disciplina todas as situações que envolvem a vida partidária e atuação
de seus membros.
2.2 - O Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) é
constituído por dotações orçamentárias da União em ano eleitoral,
nos termos do art. 16-C, da Lei nº 9.504/1997.
2.3 - O e. TSE, por meio da Resolução nº 23.568/2018, estabeleceu
diretrizes gerais para a gestão e distribuição dos recursos do
FEFC. Ao regulamentar o §7º, do art. 16-C, o e. TSE reafirma que
é do Partido a escolha dos critérios para a distribuição dos
recursos.
2.4 - No caso do MDB, a Resolução nº 02/2018 disciplinou os
critérios para a Distribuição do Fundo Especial de Financiamento de
Campanha, para as eleições gerais de 2018.
2.5 - Trata-se, em verdade, de questão interna da agremiação
partidária, que, validamente, em 03/07/2018, deliberou acerca dos
critérios para o acesso aos recursos do FEFC, tendo feito a opção de
não enquadrar o candidato requerente entre os beneficiários da
distribuição estabelecidos em resolução aprovada com fulcro na
determinação contida na Resolução TSE nº 23.568/2018. Precedente
do TRE/MG.
2.6 - Ação julgada improcedente.
(PETIÇÃO n 060464183, ACÓRDÃO de 06/11/2018, Relator JOÃO
BATISTA RIBEIRO, Publicação: DJEMG - Diário de Justiça
Eletrônico-TRE/MG, Data 14/11/2018) (grifos acrescidos)

Doutos Julgadores, data máxima vênia, não há possibilidade de o diretório partidário de


determinada unidade da federação venha a responder pela dívida de outro, nem órgão de
direção nacional. Não há qualquer previsão de cunho legal acerca de pretensa
responsabilidade solidária entre os diretórios nacionais e municipais de partidos
políticos.

Destarte, a própria Lei Geral dos Partidos Políticos afasta expressamente a solidariedade
entre as esferas partidárias. Ora, não há de se considerar a responsabilização do diretório
estadual da Bahia a respeito das dívidas de responsabilidade do diretório nacional,
conforme preceitua o artigo 15-A Lei 9096/95, cuja redação dispõe:

Art. 15-A. A responsabilidade, inclusive civil e trabalhista, cabe


exclusivamente ao órgão partidário municipal, estadual ou
nacional que tiver dado causa ao não cumprimento da obrigação,
à violação de direito, a dano a outrem ou a qualquer ato ilícito,
excluída a solidariedade de outros órgãos de direção partidária.

Assim sendo, o diretório responsável pelo repasse dos recursos foi a Comissão
Executiva Nacional do Democratas, registrado sob CNPJ próprio e, por conseguinte,
diferente do estadual, no entanto, quem está sendo apenado é o diretório estadual do
Partido Democratas, o que não se pode conceber, sob pena de deturpação à matéria
regente quanto aos partidos políticos no país.

A partir do raciocínio mencionado no parágrafo anterior, infere-se que a decisão


acordada pela Corte Regional também deve ser declarada nula, já que a
distribuição dos valores pecuniários disponíveis no FEFC, nos termos de sua lei
regulamentadora, é de competência do Diretório Nacional do Democratas, não da
Executiva Estadual do mesmo partido, sendo essa, nesta toada, parte ilegítima
para figurar no pólo passivo desta execução.
Diante de todo o exposto, lastreado na matéria jurídica fartamente dissecada nesta peça
e discutida no juízo a quo, pugna pelo provimento desta peça agravante, para que, de
toda a sorte, o Recurso Especial Eleitoral possa ser apreciado e provido pela Corte
Superior, com o escopo de sanar a desobediência aos preceitos legais aqui delineados,
para que, ao final, seja afastado o entendimento vigente nos autos por meio dos
acórdãos vergastados neste apelo, declarando nula a decisão combatida por meio deste
instrumento recursal.

5. CONCLUSÃO

Diante do exposto, requer seja recebido, processado e, ao final da tramitação, seja dado
provimento ao Agravo em Recurso Especial Eleitoral interposto nesta oportunidade,
para que, posteriormente, o Tribunal Superior Eleitoral possa anular a decisão prolatada
pelo Tribunal Regional Eleitoral da Bahia neste processo de Prestação de Contas, em
virtude da sua contrariedade para com as normas exaradas pelo direito positivo pátrio.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Salvador, 27 de novembro de 2019.

Ademir Ismerim
OAB/BA n° 7.829

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