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Superior Tribunal de Justiça

EDcl no AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 2.000.566 - RN (2022/0129831-9)

RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN


EMBARGANTE : JOSE RODRIGUES DE MELO
ADVOGADO : JAYME RENATO PINTO DE VARGAS - RN001870
EMBARGADO : BANCO DO BRASIL SA
ADVOGADOS : ALESSANDRA FARIAS DE OLVEIRA BARBOZA - PA007141
MÁRCIO CASTRO KAIK SIQUEIRA - SP200874
JONES PINHEIRO NEVES - PE044621
ADRIANA GOUVEIA DA NÓBREGA - PE044194
EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. PRESCRIÇÃO.
CAUSA IMPEDITIVA. AUSÊNCIA DE PREJUDICIALIDADE. REEXAME
DE CONTEÚDO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. EXAME PREJUDICADO. OFENSA AO ART. 1.022
DO CPC NÃO CONFIGURADA. INTUITO DE REDISCUTIR O MÉRITO
DO JULGADO. INVIABILIDADE.
1. Cuida-se de Embargos de Declaração contra acórdão do STJ que negou
provimento a Agravo Interno interposto contra decisum do STJ que não
conheceu do Recurso Especial.
2. Na origem, trata-se de inconformismo contra decisum do Tribunal de origem
que proveu a Apelação interposta pelo Banco do Brasil S.A para reconhecer a
prescrição da pretensão autoral (de indenização por danos morais e materiais),
com extinção do feito, nos termos do art. 487, II do CPC.
3. No caso concreto, a Corte a quo analisou as provas contidas no processo para
concluir pela ausência de prejudicialidade entre os juízos cível e criminal, como se
infere dos acórdãos proferidos em Apelação e em Embargos de Declaração.
4. Dessa maneira, para alterar os fundamentos acima transcritos a fim de
entender no sentido da existência de tal prejudicialidade, é necessário reexaminar
o contexto fático-probatório dos autos, o que esbarra no óbice da Súmula 7/STJ.
A propósito, precedentes específicos: AgInt no REsp 1.937.459/SP, Rel. Ministro
Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, DJe de 26.11.2021; AgInt no AREsp
1.505.695/SP, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, DJe 19.12.2019.
5. Embargos de Declaração rejeitados.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça: ""A Turma, por
unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do voto do Sr.
Ministro-Relator." Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães,
Francisco Falcão e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator."

Brasília, 06 de dezembro de 2022(data do julgamento).

Documento: 2248194 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2022 Página 1 de 5
Superior Tribunal de Justiça

MINISTRO HERMAN BENJAMIN


Relator

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Superior Tribunal de Justiça
EDcl no AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 2.000.566 - RN (2022/0129831-9)

RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN


EMBARGANTE : JOSE RODRIGUES DE MELO
ADVOGADO : JAYME RENATO PINTO DE VARGAS - RN001870
EMBARGADO : BANCO DO BRASIL SA
ADVOGADOS : ALESSANDRA FARIAS DE OLVEIRA BARBOZA - PA007141
MÁRCIO CASTRO KAIK SIQUEIRA - SP200874
JONES PINHEIRO NEVES - PE044621
ADRIANA GOUVEIA DA NÓBREGA - PE044194

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator):


Trata-se de Embargos de Declaração contra decisum do STJ com esta
conclusão:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. PRESCRIÇÃO.
CAUSA IMPEDITIVA. AUSÊNCIA DE PREJUDICIALIDADE. REEXAME
DE CONTEÚDO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. EXAME PREJUDICADO.
1. Cuida-se de Agravo Interno contra decisum que não conheceu
do Recurso Especial.
2. Na origem, trata-se de inconformismo contra decisum do
Tribunal de origem que proveu a Apelação interposta pelo Banco do Brasil S.A
para reconhecer a prescrição da pretensão autoral (de indenização por danos
morais e materiais), com extinção do feito, nos termos do art. 487, II do CPC.
3. No caso concreto, a Corte a quo analisou as provas contidas no
processo para concluir pela ausência de prejudicialidade entre os juízos cível e
criminal, como se infere dos acórdãos proferidos em recurso de Apelação e em
Embargos de Declaração.
4. Dessa maneira, para alterar os fundamentos acima transcritos a
fim de entender no sentido da existência de tal prejudicialidade, seria necessário
reexaminar o contexto fático-probatório dos autos, o que esbarra no óbice da
Súmula 7/STJ. A propósito, precedentes específicos: AgInt no REsp
1.937.459/SP, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, DJe de
26.11.2021; AgInt no AREsp 1.505.695/SP, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta
Turma, DJe 19.12.2019)
5. Agravo Interno não provido.

Houve interposição de Embargos de Declaração pleiteando ao STJ:

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Contudo, apesar de devidamente demonstrado o preenchimento
dos requisitos para admissibilidade do Recurso Especial, e da desnecessidade de
reexame do conjunto probatório em razão da declaração na sentença de mérito e
no acórdão da divergência unicamente jurisprudencial de interpretação, o agravo
interno não foi provido sob o argumento de que “….alterar os fundamentos acima
transcritos a fim de entender no sentido da existência de tal prejudicialidade, seria
necessário reexaminar o contexto fático-probatório dos autos, o que esbarra no
óbice da Súmula 7/STJ.” Por essa razão, interpõem-se os presentes Embargos de
Declaração, nos termos do Inciso I do Artigo 1.022 do Código de Processo Civil,
a fim de que seja esclarecida a contradição que reside no fato de que, o acórdão
declara que para alterar os fundamentos acima transcritos a fim de entender no
sentido da existência de tal prejudicialidade, seria necessário reexaminar o
contexto fático-probatório dos autos, o que esbarra no óbice da Súmula 7/STJ,
quando na prática, se verifica sua desnecessidade tendo em vista que na sentença
de mérito e no acórdão estão declaradas expressamente a divergência de
interpretação e de aplicação de jurisprudência, conforme acima demonstrado.
III – Dos Pedidos:
Desse modo, diante de toda a fundamentação supra, Requer o
Embargante que seja recebido, processado, e conhecido os presentes Embargos,
para que seja esclarecida a contradição apontada, reformando-se o acórdão a fim
de que seja admitido o Recurso Especial interposto, e julgado no seu mérito.

Impugnação apresentada às fls. 857-859.


É o relatório.

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RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN


EMBARGANTE : JOSE RODRIGUES DE MELO
ADVOGADO : JAYME RENATO PINTO DE VARGAS - RN001870
EMBARGADO : BANCO DO BRASIL SA
ADVOGADOS : ALESSANDRA FARIAS DE OLVEIRA BARBOZA - PA007141
MÁRCIO CASTRO KAIK SIQUEIRA - SP200874
JONES PINHEIRO NEVES - PE044621
ADRIANA GOUVEIA DA NÓBREGA - PE044194
EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. PRESCRIÇÃO.
CAUSA IMPEDITIVA. AUSÊNCIA DE PREJUDICIALIDADE. REEXAME
DE CONTEÚDO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. EXAME PREJUDICADO. OFENSA AO ART. 1.022
DO CPC NÃO CONFIGURADA. INTUITO DE REDISCUTIR O MÉRITO
DO JULGADO. INVIABILIDADE.
1. Cuida-se de Embargos de Declaração contra acórdão do STJ que negou
provimento a Agravo Interno interposto contra decisum do STJ que não
conheceu do Recurso Especial.
2. Na origem, trata-se de inconformismo contra decisum do Tribunal de origem
que proveu a Apelação interposta pelo Banco do Brasil S.A para reconhecer a
prescrição da pretensão autoral (de indenização por danos morais e materiais),
com extinção do feito, nos termos do art. 487, II, do CPC.
3. No caso concreto, a Corte a quo analisou as provas contidas no processo para
concluir pela ausência de prejudicialidade entre os juízos cível e criminal, como se
infere dos acórdãos proferidos em Apelação e em Embargos de Declaração.
4. Dessa maneira, para alterar os fundamentos acima transcritos a fim de
entender no sentido da existência de tal prejudicialidade, é necessário reexaminar
o contexto fático-probatório dos autos, o que esbarra no óbice da Súmula 7/STJ.
A propósito, precedentes específicos: AgInt no REsp 1.937.459/SP, Rel. Min.
Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, DJe de 26.11.2021; AgInt no AREsp
1.505.695/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, DJe 19.12.2019.
5. Embargos de Declaração rejeitados.

Documento: 2248194 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2022 Página 5 de 5
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VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator): Os autos


foram recebidos neste Gabinete em 7.10.2022.
Cuida-se de Embargos de Declaração contra acórdão do STJ que negou
provimento a Agravo Interno interposto contra decisum do STJ que não conheceu do Recurso
Especial.
Os Embargos de Declaração não merecem prosperar, uma vez que ausentes os
vícios listados. Destaque-se que os Aclaratórios constituem Recurso de rígidos contornos
processuais, exigindo-se, para seu acolhimento, os pressupostos legais de cabimento.

1. Histórico da demanda

Na origem, trata-se de Recurso Especial (art. 105, III, "a" e "c", da CF) contra
acórdão do Tribunal de origem com a seguinte ementa:

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO


POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. PRESCRIÇÃO DECRETADA, NA
SENTENÇA, QUANTO À UNIÃO. ANÁLISE DA PRESCRIÇÃO QUANTO
AOS DEMAIS RÉUS. ART. 206, §3º, V, DO CÓDIGO CIVIL. PRESCRIÇÃO
CONSUMADA.1. Trata-se de ação de procedimento comum proposta por José
Rodrigues de Melo contra União, o Estado do Rio Grande do Norte e o Banco do
Brasil S/A, objetivando provimento jurisdicional que condene: a) a primeira ré ao
pagamento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), a título de indenização por danos
morais; b) o segundo requerido em R$ 100.000,00 (cem mil reais), sob o mesmo
título, cumulado com um pedido de desculpas; e o último réu ao pagamento de R$
1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais), sendo c) R$ 1.000.000,00 (um
milhão de reais) a título de indenização por danos morais e R$
500.000,00(quinhentos mil reais) por danos materiais, na modalidade de lucros
cessantes. 2. O autor afirma que foi vítima de crime de estelionato, tendo sido
retirado talão de cheques vinculado a sua conta no Banco do Brasil, sem a sua
autorização e, em sequência, houve a emissão de cheques por terceiros, que
foram pagos sem a necessária validação de sua assinatura. Ao tomar
conhecimento do ocorrido, declarou ter comparecido à agência visando obstar o
pagamento dos cheques e requerer a devolução dos valores levantados. Houve a
elaboração de laudo, pelo ITEP, com a confirmação da validade da assinatura
emitida nos cheques, o que desencadeou a ação criminal contra o ora autor.
Documento: 2248194 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2022 Página 6 de 5
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Posteriormente, foi elaborado novo laudo, pelo Banco do Brasil, confirmando a
falta de originalidade das assinaturas. O Ministério Público, com tais informações,
requereu a absolvição do autor. 3. Defendeu o autor ter sido injustamente
processado perante a 8ª Vara Criminal da Comarca de Natal pela suposta prática
do delito de estelionato, tendo, ao final, sido absolvido. Sustentou que o Estado do
Rio Grande do Norte deve ser responsabilizado em função da imprudência e
negligência da Polícia Civil, do ITEP e do Ministério Público Estadual. No tocante
à UNIÃO, afirma que a Polícia Federal produziu perícia inconsistente, juntada aos
autos da ação criminal (Processo n.º 0900602 05.1998.8.20.0001), na data de
17/09/2003. Por fim, pugna pela responsabilização do BANCO DO BRASIL S/A,
que pelas consultas inadequadas que lhe causaram danos. 4. Em 2009, foi
proferida sentença declarando a incompetência da Justiça Federal, sob o
argumento deque inexistia nexo causal entre a conduta da Polícia Federal e o
dano moral por ventura sofrido. A Segunda Turma do TRF da 5ª Região deu
provimento, em 2015, à apelação interposta pelo autor, reconhecendo a
competência da Justiça Federal e anulando a sentença. O recurso especial
interposto não foi conhecido e o extraordinário improvido. 5. Após os autos
retornarem ao Juízo de piso, foi prolatada nova sentença em 2018. O MM.
Magistrado de primeiro grau reconheceu a prescrição do tocante ao pleito
formulado contra a União e declinou a competência por entender não estarem
presentes os requisitos que atraem a competência da Justiça Federal. 6. O Banco
do Brasil apelou pugnando pelo reconhecimento da prescrição em relação a todos
os réus. Defende que a confecção do laudo pericial foi a motivação para a
denúncia contra o autor. Afirma que pelo princípio da unicidade e legalidade o
feito não deve ser remetido ao juízo estadual, devendo-se aplicar a extinção
quanto aos demais réus. 7. Conforme relatado, o MM. Magistrado de primeiro
grau reconheceu a prescrição quanto ao pedido formulado contra a União,
julgando o mérito, nos termos do art. 487, II do CPC. 8. Portanto, assiste razão à
alegação do Banco do Brasil, que defende a análise da prescrição quanto aos
pedidos que lhe são direcionados. O MM. Juiz Federal, ao adentrar no mérito no
tocante ao pedido em face da União, reconheceu a sua competência para julgar a
lide, ainda que posteriormente tenha, em razão da decretação prescricional,
entendido não estarem mais presentes os requisitos que atraem a competência da
Justiça Federal. 9. Crucial ressaltar que o julgamento se limita à análise da
apelação interposta apenas pelo Banco do Brasil, que pugna tão somente pelo
reconhecimento da prescrição em relação a todos os réus, com a consequente
extinção do feito. Adentrar em outras questões não suscitadas, poderia acarretar
reformatio in pejus em face da União. 10. Conforme informações dos autos, os
cheques fraudulentos foram apresentados a agência bancária em 15/05/1996, em
22/05/1996 o Banco forneceu documentos pertinentes aos cheques à autoridade
policial e no mesmo ano foi elaborado o laudo do ITEP. O inquérito criminal
contra o autor foi distribuído em 23/06/1998 e laudo da polícia federal foi anexado
ao inquérito em 17/09/2003. O Ministério Público apresentou denúncia em
30/06/2004 e, em setembro de 2005, o Banco do Brasil encaminhou o novo laudo
à ação criminal, o qual concluiu pela inautenticidade das assinaturas. Em
18/09/2007, foi proferida sentença criminal absolvendo o réu, com base no art.
386, VI do CPP. A presente ação indenizatória foi ajuizada em 04/12/2008. 11.
Neste ponto, cumpre observar que o autor pleiteia indenização por danos morais e
materiais quanto aos réus Banco do Brasil e Estado do Rio Grande do Norte da
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seguinte forma: a) Rio Grande do Norte: afirma o autor que as ações do ITEP -
elaboração do laudo -, da Policia Civil - indiciamento do autor, sem provas - e do
Ministério Público Estadual - oferecimento da denúncia sem provas -
causaram-lhe danos morais e materiais; b) Banco do Brasil: alega o autor, que
durante a fase policial e o processo criminal atuou de forma reprovável com
intuito de prejudicar o autor e ocultou prova que comprovava suainocência. 12.
Ao caso se aplica o prazo prescricional de 3 (três) anos, nos termos do art. 206,
§3º, V do Código Civil. 13. É de ver-se, portanto, que se encontram prescritos os
direitos em relação aos demais réus da lide. Considerada a teoria da actio nata,
tem-se como termo inicial da contagem do prazo prescricional a data ciência, pela
parte prejudicada, dos fatos eventualmente danosos. Veja-se que, na hipótese
analisada, os fatos que supostamente geraram danos ao autor ocorreram todos
antes de 04 de dezembro de 2005. 14. Importante observar que ao caso não se
aplica o disposto no art. 200 do CC, uma vez que, na ação criminal relatada pelo
autor, ele é o acusado e não vítima. Nesse sentido, precedente do STJ:
(REsp1660182/GO, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 20/03/2018, DJe23/03/2018) 15. Há de ser reconhecida prescrição da
pretensão autoral em relação aos demais réus, com extinção do feito, nos termos
do art. 487, II do CPC. 16. Apelação provida.

O recorrente alegou violação ao art. 200 do Código Civil e divergência


jurisprudencial, apontando, como paradigma, o acórdão proferido no REsp 1.707.425/MT, às
fls. 727-740, e-STJ.
Assim, trata-se de inconformismo contra decisum do Tribunal de origem que
proveu a Apelação interposta pelo Banco do Brasil S.A para reconhecer a prescrição da
pretensão autoral, com extinção do feito, nos termos do art. 487, II do CPC.
Na origem, cuida-se de Ação de procedimento comum proposta por José
Rodrigues de Melo contra a União, o Estado do Rio Grande do Norte e o Banco do Brasil S.
A, objetivando provimento jurisdicional para condenar: (i) a primeira ré ao pagamento de R$
5.000,00 (cinco mil reais), a título de indenização por danos morais; (ii) o segundo requerido
em R$ 100.000,00 (cem mil reais), sob o mesmo título, cumulado com um pedido de
desculpas; e (iii) o último réu ao pagamento de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil
reais), sendo R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) a título de indenização por danos morais e
R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) por danos materiais, na modalidade de lucros cessantes.
Alega o autor que foi vítima de crime de estelionato, tendo sido retirado talão
de cheques vinculado à sua conta no Banco do Brasil, sem a sua autorização, e, em sequência,

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houve a emissão de cheques por terceiros, pagos sem validação de sua assinatura.
Acrescentou que, em razão dos fatos, foi injustamente processado perante a 8ª Vara Criminal
da Comarca de Natal pela suposta prática do delito de estelionato, tendo, ao final, sido
absolvido.
Sustentou que o Estado do Rio Grande do Norte deve ser responsabilizado em
função da imprudência e negligência da Polícia Civil, do ITEP e do Ministério Público
Estadual. No tocante à União, afirmou que a Polícia Federal produziu perícia inconsistente,
juntada aos autos da ação criminal (Processo 0900602 05.1998.8.20.0001), na data de
17/9/2003. Por fim, pugnou pela responsabilização do Banco do Brasil S.A, pelas consultas
inadequadas que lhe causaram danos.
Inicialmente, o Juízo da Primeira Vara Federal de Natal/RN proferiu sentença
declarando a incompetência da Justiça Federal, sob o argumento de que inexistia nexo causal
entre a conduta da Polícia Federal e o dano moral porventura sofrido (fls. 394-396, e-STJ). A
Segunda Turma do TRF da 5ª Região deu provimento à Apelação interposta pelo autor,
reconhecendo a competência da Justiça Federal e anulando a sentença (fls. 420-421, e-STJ).
Não se conheceu do Recurso Especial interposto (fls. 485-495, e-STJ).
Após os autos retornarem ao Juízo da Primeira Vara Federal de Natal/RN, este
reconheceu a prescrição no tocante ao pleito formulado contra a União e declinou da
competência por entender não estarem presentes os requisitos que atraem a competência da
Justiça Federal (fls. 554-556, e-STJ).
Contra esta decisão, o Banco do Brasil S.A apelou, pugnando pelo
reconhecimento da prescrição em relação a todos os réus (fls. 626-634, e-STJ). O Tribunal
Regional Federal da 5ª Região proveu o recurso de Apelação oposto.

2. Incidência da Súmula 7/STJ

É firme a jurisprudência do STJ de que a aplicação do art. 200 do Código Civil


("Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a
prescrição antes da respectiva sentença definitiva.") tem valia quando houver relação de

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prejudicialidade entre as esferas cível e penal. Confira-se:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.


AÇÃO DE COMPENSAÇÃO DE DANOS MORAIS. NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO. AÇÃO
PENAL. INCIDÊNCIA DA CAUSA SUSPENSIVA DO ART. 200 DO
CC/02. MULTAS. AGRAVO INTERNO MANIFESTAMENTE
INADMISSÍVEL E EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS.
NULIDADE. AUSÊNCIA.1. Ação indenizatória proposta em 07/03/2017, da
qual foi extraído o presente recurso especial interposto em 03/03/2020 e concluso
ao gabinete em 28/12/2021.2. O propósito recursal é definir se a) houve negativa
de prestação jurisdicional, b) houve a suspensão do prazo prescricional para a
propositura da ação compensatória, nos termos do art. 200 do CC/2002 ec) as
multas aplicadas por recursos protelatórios são válidas.3. É firme a jurisprudência
do STJ no sentido de que não há ofensa ao art.1.022 do CPC/15 quando o
Tribunal de origem, aplicando o direito que entende cabível à hipótese, soluciona
integralmente a controvérsia submetida à sua apreciação, ainda que de forma
diversa daquela pretendida pela parte.4. "A aplicação do art. 200 do CC/02 tem
valia quando houver relação de prejudicialidade entre as esferas cível e penal -
isto é, quando a conduta originar-se de fato também a ser apurado no juízo
criminal -, sendo fundamental a existência de ação penal em curso (ou ao menos
inquérito policial em trâmite)" (REsp 1.135.988/SP). A finalidade, pois, dessa
norma, é evitar a possibilidade de soluções contraditórias entre as duas searas,
especialmente quando a solução do processo penal seja determinante do resultado
do processo cível. O art. 200 do CC/2002 incidirá independentemente do
resultado alcançado na esfera criminal. Tal entendimento prestigia a boa-fé
objetiva, impedindo que o prazo prescricional para deduzir a pretensão reparatória
se inicie previamente à apuração definitiva do fato no juízo criminal, criando uma
espécie legal de actio nata. 6. Na espécie, houve a propositura de ação penal, na
qual foi declarada a ilegitimidade ativa do Ministério Público em relação a um dos
delitos e o réu foi absolvido do outro. Tais circunstâncias, todavia, não afastam a
incidência do art. 200 do CC/02, remanescendo hígida a pretensão. 7. Não há que
se falar em nulidade quando as previstas nos arts. 1.021, §4º e 1.026, § 2º, do
CPC/2015 são aplicadas em decisão devidamentefundamentada.8. Recurso
especial conhecido e não provido.
(REsp 1.987.108/MG, relatora Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, DJe de 1º/4/2022.)

No caso concreto, o Tribunal de origem analisou as provas contidas no


processo para concluir pela ausência de prejudicialidade entre os juízos cível e criminal, como
se infere dos acórdãos proferidos em recurso de Apelação e em Embargos de Declaração,
respectivamente:

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Superior Tribunal de Justiça
[...] Conforme informações dos autos, os cheques fraudulentos
foram apresentados a agência bancária em 15/05/1996, em 22/05/1996 o Banco
forneceu documentos pertinentes aos cheques à autoridade policial e no mesmo
ano foi elaborado o laudo do ITEP. O inquérito criminal contra o autor foi
distribuído em 23/06/1998 e laudo da polícia federal foi anexado ao inquérito em
17/09/2003. O Ministério Público apresentou denúncia em30/06/2004 e, em
setembro de 2005, o Banco do Brasil encaminhou o novo laudo à ação criminal, o
qual concluiu pela inautenticidade das assinaturas. Em 18/09/2007, foi proferida
sentença criminal absolvendo o réu, com base no art. 386, VI do CPP. A presente
ação indenizatória foi ajuizada em 04/12/2008. Neste ponto, cumpre observar que
o autor pleiteia indenização por danos morais e materiais quanto aos réus Banco
do Brasil e Estado do Rio Grande do Norte da seguinte forma: a) Rio Grande do
Norte: afirma o autor que as ações do ITEP - elaboração do laudo -,da Policia
Civil - indiciamento do autor, sem provas - e do Ministério Público Estadual -
oferecimento da denúncia sem provas - causaram-lhe danos morais e materiais;
b) Banco do Brasil: alega o autor, que durante a fase policial e o processo criminal
atuou de forma reprovável com intuito de prejudicar o autor e ocultou prova que
comprovava sua inocência. Ao caso se aplica o prazo prescricional de 3 (três)
anos, nos termos do art. 206, § 3º, V do Código Civil. É de ver-se, portanto, que
se encontram prescritos os direitos em relação aos demais réus da lide.
Considerada a teoria da actio nata, tem-se como termo inicial da contagem do
prazo prescricional a data ciência, pela parte prejudicada, dos fatos eventualmente
danosos. Veja-se que, na hipótese analisada, os fatos que supostamente geraram
danos ao autor ocorreram todos antes de 04 de dezembro de 2005.
Importante observar que ao caso não se aplica o disposto no
art.200 do CC, uma vez que, na ação criminal relatada pelo autor, ele é o acusado
e não vítima.
"CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO
DE DANOSMORAIS. PRESCRIÇÃO. SUSPENSÃO PREVISTA NO ART.
200 DOCC/02. INAPLICABILIDADE. [...]. 4. A aplicação do mencionado
dispositivo legal tem campo, justamente, quando existe uma relação de
prejudicialidade entre as esferas cível e penal. 5. A suspensão da prescrição
relacionada na previsão normativa em comento aplica-se às vítimas do delito a ser
apurado na esfera penal, de forma a serem favorecidas, uma vez que terão a
faculdade de aguardar o desfecho do processo criminal para promover a
pretensão indenizatória na esfera cível (ação ex delicto). 6. Na espécie, o que se
verifica não é o ajuizamento de ação ex delicto por parte do recorrente, isto é, de
ação ajuizada na esfera cível pelo ofendido, em razão dos danos causados pela
prática do delito. Inviável conceber, portanto, que a prescrição para o ajuizamento
de tal ação estaria suspensa por força do disposto no art. 200 do CC/02. 7.
Recurso especial conhecido e não provido. (REsp 1660182/GO, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/03/2018, DJe
23/03/2018)Destarte, há de ser reconhecida prescrição da pretensão autoral em
relação aos demais réus, com extinção do feito, nos termos do art.487, II do CPC
[...]” (fls. 661-662, e-STJ) [...] Não há omissão, contradição ou erro no julgado. O
acordão embargado se manifestou no sentido de reconhecimento da prescrição da
pretensão autoral. "O comando do art. 200 do CC/02 incide quando houver
relação de prejudicialidade entre as esferas cível e penal, isto é, quando a conduta
originar-se de fato também a ser apurado no juízo criminal, sendo fundamental a
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Superior Tribunal de Justiça
existência de ação penal em curso ou ao menos inquérito policial em trâmite"
(REsp 1.704.525/AP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 12/12/2017, DJe de 18/12/2017). No caso analisado não há
que se falar em prejudicialidade. Como visto nos autos, em "setembro de 2005, o
Banco do Brasil encaminhou o novo laudo à ação criminal, o qual concluiu pela
inautenticidade das assinaturas", confirmando que as assinaturas não eram do
autor, o que fundamentou a sentença que o absolveu. Restou consignado ainda
que "Conforme informações dos autos, os cheques fraudulentos foram
apresentados a agência bancária em15/05/1996, em 22/05/1996 o Banco forneceu
documentos pertinentes aos cheques à autoridade policial e no mesmo ano foi
elaborado o laudo do ITEP. O inquérito criminal contra o autor foi distribuído em
23/06/1998 e laudo da polícia federal foi anexado ao inquérito em 17/09/2003. O
Ministério Público apresentou denúncia em 30/06/2004 e, em setembro de 2005, o
Banco do Brasil encaminhou o novo laudo à ação criminal, o qual concluiu pela
inautenticidade das assinaturas. Em 18/09/2007, foi proferida sentença criminal
absolvendo o réu, com base no art. 386, VI do CPP. A presente ação
indenizatória foi ajuizada em 04/12/2008. (...)Veja-se que, na hipótese analisada,
os fatos que supostamente geraram danos ao autor ocorreram todos antes de 04
de dezembro de 2005."O acórdão ora impugnado foi prolatado com amparo na
legislação que rege a espécie de modo que não restou caracterizada qualquer
omissão ou contradição no pronunciamento jurisdicional impugnado. Na verdade,
o que se constata é a pretensão do embargante de reabrir discussão acerca da
temática de mérito. Diante do exposto, nego provimento aos presentes embargos
de declaração [...]” (fls. 709-710, e-STJ)

Dessa maneira, para alterar os fundamentos acima transcritos a fim de entender


no sentido da existência de tal prejudicialidade, é necessário reexaminar o contexto
fático-probatório dos autos, o que esbarra no óbice da Súmula 7 do Superior Tribunal de
Justiça.
A propósito:

CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


PRAZO PRESCRICIONAL. CAUSA IMPEDITIVA. AUSÊNCIA DE
PREJUDICIALIDADE. REEXAME DE CONTEÚDO FÁTICO-
PROBATÓRIO. SÚMULA N. 7/STJ. DECISÃO MANTIDA. 1. "De acordo
com a jurisprudência desta Corte, a suspensão do prazo prescricional, nos moldes
do art. 200 do CC/02, não se aplica às hipóteses em que não há relação de
prejudicialidade entre a pretensão cível e o fato apurado na esfera penal" (AgInt
no AREsp 1505695/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA,
julgado em 16/12/2019, DJe19/12/2019). 2. O recurso especial não comporta
exame de questões que impliquem revolvimento do contexto fático dos autos
(Súmula n. 7 do STJ). 3. No caso concreto, o Tribunal de origem analisou as
provas contidas no processo para concluir pela ausência de prejudicialidade entre
os juízos cível e penal. Alterar esse entendimento demandaria reexame do
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Superior Tribunal de Justiça
conjunto probatório do feito, vedado em recursoespecial.4. Agravo interno a que
se nega provimento.
(AgInt no REsp 1.937.459/SP, Rel. Ministro ANTONIO
CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, DJe de 26/11/2021)

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE
NEGOU PROVIMENTO AO RECLAMO. INSURGÊNCIA RECURSAL
DOS REQUERENTES. 1. De acordo com a jurisprudência desta Corte, a
suspensão do prazo prescricional, nos moldes do art. 200 do CC/02, não se aplica
às hipóteses em que não há relação de prejudicialidade entre a pretensão cível e o
fato apurado na esfera penal. Incidência da Súmula 83 do STJ. 1.1. Para derruir
as conclusões do acórdão recorrido, no sentido deque não há relação de
prejudicialidade entre as demandas cível e criminal, demandaria o reexame do
acervo fático-probatório dos autos, providência vedada na estreita via do recurso
especial, a teor do disposto na Súmula 7 do STJ. Precedentes. 2. Agravo interno
desprovido.
(AgInt no AREsp 1.505.695/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI,
QUARTA TURMA, DJe 19/12/2019)

Inadmissível o Apelo Nobre pelo dissídio jurisprudencial, na medida em que


apurar a similitude fática entre os paradigmas apresentados e os fundamentos do acórdão
recorrido exige reexame do material fático-probatório dos autos.
Novamente, incide a Súmula 7/STJ.
Confiram-se:

AGRAVO INTERNO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE


USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO - DECISÃO MONOCRÁTICA
NEGANDO PROVIMENTO AO RECLAMO - INSURGÊNCIA RECURSAL
DA DEMANDADA.
1. A revisão das conclusões da Corte de origem acerca da
presença dos requisitos legais necessários para a aquisição da propriedade pela
usucapião extraordinária demandaria a reapreciação do contexto fático e
probatório dos autos, prática vedada pela Súmula 7 do STJ. Precedentes.
2. Esta Corte de Justiça tem entendimento no sentido de que a
incidência da Súmula 7 do STJ impede o exame de dissídio jurisprudencial, na
medida em que falta identidade entre os paradigmas apresentados e os
fundamentos do acórdão, tendo em vista a situação fática do caso concreto, com
base na qual deu solução a causa a Corte de origem.
3. Agravo interno desprovido.
(AgInt no REsp 1.638.052 / RO, Ministro MARCO BUZZI,
QUARTA TURMA, DJe 1/6/2017)

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Superior Tribunal de Justiça

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A
ÉGIDE DO NCPC. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE
TRÂNSITO. MORTE DA CONVIVENTE DO AUTOR. CONDIÇÃO DE
COMPANHEIRA. DANO MORAL. VALOR FIXADO. RAZOABILIDADE.
REEXAME DE PROVA. SÚMULA Nº 7 DO STJ. PRESCRIÇÃO. SÚMULA
Nº 282 DO STF. FUNDAMENTO INATACADO. DESCUMPRIMENTO DO
ART. 1.021, § 1º, DO NCPC E INCIDÊNCIA DA SÚMULA N° 182 DO STJ.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CONFIGURADO. AGRAVO
INTERNO PARCIALMENTE CONHECIDO E NÃO PROVIDO COM
APLICAÇÃO DE MULTA.
1. Aplicabilidade do NCPC a este recurso ante os termos no
Enunciado Administrativo nº 3 aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de
9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a
decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos
de admissibilidade recursal na forma do novo CPC.
2. A legitimidade ativa do recorrido e o valor indenizatório moral
fixado em razão da morte de sua companheira foram aferidos pelo acórdão
recorrido com base nas perícias coligidas aos autos e nas circunstâncias fáticas
da lide, de forma que a sua revisão na via especial está impedida pela Súmula nº 7
do STJ.
3. A decisão agravada não conheceu da alegação de prescrição
com apoio na Súmula nº 282 do STF, em razão da ausência de
prequestionamento, e esse fundamento não foi impugnado na petição de agravo
interno, o que impede, no ponto, o conhecimento do inconformismo recursal nos
termos da Súmula nº 182 do STJ e do art. 1.021, § 1º, do NCPC.
4. A incidência da Súmula 7 do STJ impede o exame de dissídio
jurisprudencial, na medida em que falta identidade entre os paradigmas
apresentados e os fundamentos do acórdão, tendo em vista a situação fática do
caso concreto, com base na qual a Corte de origem deu solução à causa.
5. Em virtude do parcial conhecimento e não provimento do
presente recurso, e da anterior advertência em relação à aplicabilidade do NCPC,
incide ao caso a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do NCPC, no percentual de 3%
sobre o valor atualizado da causa, ficando a interposição de qualquer outro
recurso condicionada ao depósito da respectiva quantia, nos termos do § 5º
daquele artigo de lei.
6. Agravo interno parcialmente conhecido e, nessa parte, não
provido, com aplicação de multa.
(AgInt no AREsp 1.004.634/SP, Ministro MOURA RIBEIRO,
TERCEIRA TURMA, DJe 5/6/2017)

3. Ausência de cotejo analítico

Ademais, o recorrente deixou de proceder ao cotejo analítico entre os


acórdãos, com a necessária demonstração de similitude fática, o que impede o conhecimento
Documento: 2248194 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2022 Página 14 de 5
Superior Tribunal de Justiça
do Recurso Especial neste aspecto.

4. Conclusão

Irreprochável o acórdão que negou provimento ao Agravo de Instrumento


interposto contra decisum que não conheceu do Recurso Especial.
Impossível a inovação recursal em Aclaratórios, com argumentos inéditos não
ventilados no momento oportuno, sendo agora invocados a pretexto de apontar omissão, mas
com o intuito de rediscutir o mérito do julgado.
Cumpre salientar que, ao contrário do que afirma a parte embargante, não há
omissão, contradição ou obscuridade no decisum embargado. Suas alegações denotam o
intuito de rediscutir o mérito do julgado, e não o de suprir lacunas.
Destaque-se que o CPC impõe a necessidade de enfrentamento, pelo julgador,
dos argumentos que possuam aptidão, em tese, para infirmar a fundamentação do julgado
embargado. Confira-se a doutrina de Nelson Nery Junior e Rosa Nery:

Não enfrentamento, pela decisão, de todos os argumentos


possíveis de infirmar a conclusão do julgador. Para que se possa ser considerada
fundamentada a decisão, o juiz deverá examinar todos os argumentos trazidos
pelas partes que sejam capazes, por si sós e em tese, de infirmar a conclusão que
embasou a decisão. Havendo omissão do juiz, que deixou de analisar fundamento
constante da alegação da parte, terá havido omissão suscetível de correção pela
via dos embargos de declaração. Não é mais possível, de lege lata, rejeitarem-se,
por exemplo, embargos de declaração, ao argumento de que o juiz não está
obrigado a pronunciar-se sobre todos os pontos da causa. Pela regra estatuída no
texto normativo ora comentado, o juiz deverá pronunciar-se sobre todos os pontos
levantados pelas partes, que sejam capazes de alterar a conclusão adotada na
decisão.
(Código de Processo Civil Comentado, São Paulo, Revista dos
Tribunais, 2016, p. 1.249-1.250, destaque no original).

Esposando tal entendimento, precedente da Primeira Seção desta Corte:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


EM MANDADO DE SEGURANÇA ORIGINÁRIO. INDEFERIMENTO
DA INICIAL. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE, ERRO
MATERIAL. AUSÊNCIA.
Documento: 2248194 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2022 Página 15 de 5
Superior Tribunal de Justiça
1. Os embargos de declaração, conforme dispõe o art. 1.022 do
CPC, destinam-se a suprir omissão, afastar obscuridade, eliminar
contradição ou corrigir erro material existente no julgado, o que não ocorre na
hipótese em apreço.
2. O julgador não está obrigado a responder a todas as
questões suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo
suficiente para proferir a decisão. A prescrição trazida pelo art.
489 do CPC/2015 veio confirmar a jurisprudência já sedimentada
pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, sendo dever do julgador apenas
enfrentar as questões capazes de infirmar a conclusão adotada na decisão
recorrida.
3. No caso, entendeu-se pela ocorrência de litispendência entre
o presente mandamus e a ação ordinária n. 0027812-80.2013.4.01.3400, com
base em jurisprudência desta Corte Superior acerca da possibilidade de
litispendência entre Mandado de Segurança e Ação Ordinária, na ocasião em
que as ações intentadas objetivam, ao final, o mesmo resultado, ainda que o polo
passivo seja constituído de pessoas distintas.
4. Percebe-se, pois, que o embargante maneja os presentes
aclaratórios em virtude, tão somente, de seu inconformismo com a decisão ora
atacada, não se divisando, na hipótese, quaisquer dos vícios previstos no art.
1.022 do Código de Processo Civil, a inquinar tal decisum.
5. Embargos de declaração rejeitados.
(EDcl no MS 21.315/DF, Rel. Ministra DIVA MALERBI
(DESEMBARGADORA CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 8/6/2016, DJe 15/6/2016)

Além disso, é de conhecimento geral que os Aclaratórios não se prestam a


rever a matéria julgada nem a prequestionar dispositivos constitucionais. Com esse
entendimento:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.


INEXISTÊNCIA DE QUAISQUER DOS VÍCIOS DO ART. 535 DO CPC.
REDISCUSSÃO DE QUESTÕES DE MÉRITO. APRECIAÇÃO DE
DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. CARÁTER
MERAMENTE PROTELATÓRIO. APLICAÇÃO DA MULTA DO ART. 538,
PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC.
1. Revelam-se improcedentes os embargos declaratórios em que
as questões levantadas traduzem inconformismo com o teor da decisão
embargada, pretendendo rediscutir matérias já decididas, sem demonstrar
omissão, contradição ou obscuridade (art. 535 do CPC).
2. Incabíveis embargos de declaração se inexiste omissão relativa
à matéria infraconstitucional, não sendo o STJ competente para apreciar matéria
constitucional, inclusive para fins de prequestionamento.
3. É nítido o intuito protelatório do recurso, dando ensejo à
aplicação da penalidade prevista no art. 538, parágrafo único, do CPC, à razão de
1% do valor corrigido da causa.
Documento: 2248194 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2022 Página 16 de 5
Superior Tribunal de Justiça
4. Embargos de declaração rejeitados. (EDcl no AgRg no Ag
936.404/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 9/9/2008, DJe 14/10/2008)

Se o Recurso é inapto ao conhecimento, a falta de exame da matéria de fundo


impossibilita a própria existência de omissão quanto a esta matéria. Nesse sentido: EDcl nos
EDcl no AgInt no RE nos EDcl no AgInt no REsp 1.337.262/RJ, Rel. Ministro Humberto
Martins, Corte Especial, julgado em 21/3/2018, DJe 5/4/2018; EDcl no AgRg no AREsp
174.304/PR, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, julgado em
10/4/2018, DJe 23/4/2018; EDcl no AgInt no REsp 1.487.963/RS, Rel. Ministro Og
Fernandes, Segunda Turma, julgado em 24/10/2017, DJe 7/11/2017.
A contradição que vicia o julgado de nulidade é a interna. Nela se constata
inadequação lógica entre a fundamentação posta e a conclusão adotada, o que, a toda
evidência, não retrata a hipótese dos autos. Nesse sentido: EDcl no AgInt no RMS
51.806/ES, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 16/5/2017, DJe
22/5/2017; EDcl no REsp 1.532.943/MT, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira
Turma, julgado em 18/5/2017, DJe 2/6/2017.
Dessa forma, reitera-se que a solução integral da controvérsia, com fundamento
suficiente, não caracteriza ofensa ao CPC e que os Embargos Declaratórios não constituem
instrumento adequado à rediscussão da matéria de mérito nem ao prequestionamento de
dispositivos constitucionais com vistas à interposição de Recurso Extraordinário.
Pelo exposto, rejeitam-se os Embargos de Declaração, com a advertência
de que reiterá-los será considerado expediente protelatório sujeito à multa prevista no
Código de Processo Civil.
É o Voto.

Documento: 2248194 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2022 Página 17 de 5
Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA

EDcl no AgInt no
Número Registro: 2022/0129831-9 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 2.000.566 / RN

Números Origem: 00135364420084058400 135364420084058400 200884000135368 201601368388

PAUTA: 06/12/2022 JULGADO: 06/12/2022

Relator
Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. NICOLAO DINO DE CASTRO E COSTA NETO
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : JOSE RODRIGUES DE MELO
ADVOGADO : JAYME RENATO PINTO DE VARGAS - RN001870
RECORRIDO : BANCO DO BRASIL SA
ADVOGADOS : ALESSANDRA FARIAS DE OLVEIRA BARBOZA - PA007141
MÁRCIO CASTRO KAIK SIQUEIRA - SP200874
JONES PINHEIRO NEVES - PE044621
ADRIANA GOUVEIA DA NÓBREGA - PE044194

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO -


Responsabilidade da Administração - Indenização por Dano Moral

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : JOSE RODRIGUES DE MELO
ADVOGADO : JAYME RENATO PINTO DE VARGAS - RN001870
EMBARGADO : BANCO DO BRASIL SA
ADVOGADOS : ALESSANDRA FARIAS DE OLVEIRA BARBOZA - PA007141
MÁRCIO CASTRO KAIK SIQUEIRA - SP200874
JONES PINHEIRO NEVES - PE044621
ADRIANA GOUVEIA DA NÓBREGA - PE044194

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do voto do
Sr. Ministro-Relator."
Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães, Francisco Falcão e
Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator.
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