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Documento: 2248194 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2022 Página 1 de 5
Superior Tribunal de Justiça
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EDcl no AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 2.000.566 - RN (2022/0129831-9)
RELATÓRIO
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Contudo, apesar de devidamente demonstrado o preenchimento
dos requisitos para admissibilidade do Recurso Especial, e da desnecessidade de
reexame do conjunto probatório em razão da declaração na sentença de mérito e
no acórdão da divergência unicamente jurisprudencial de interpretação, o agravo
interno não foi provido sob o argumento de que “….alterar os fundamentos acima
transcritos a fim de entender no sentido da existência de tal prejudicialidade, seria
necessário reexaminar o contexto fático-probatório dos autos, o que esbarra no
óbice da Súmula 7/STJ.” Por essa razão, interpõem-se os presentes Embargos de
Declaração, nos termos do Inciso I do Artigo 1.022 do Código de Processo Civil,
a fim de que seja esclarecida a contradição que reside no fato de que, o acórdão
declara que para alterar os fundamentos acima transcritos a fim de entender no
sentido da existência de tal prejudicialidade, seria necessário reexaminar o
contexto fático-probatório dos autos, o que esbarra no óbice da Súmula 7/STJ,
quando na prática, se verifica sua desnecessidade tendo em vista que na sentença
de mérito e no acórdão estão declaradas expressamente a divergência de
interpretação e de aplicação de jurisprudência, conforme acima demonstrado.
III – Dos Pedidos:
Desse modo, diante de toda a fundamentação supra, Requer o
Embargante que seja recebido, processado, e conhecido os presentes Embargos,
para que seja esclarecida a contradição apontada, reformando-se o acórdão a fim
de que seja admitido o Recurso Especial interposto, e julgado no seu mérito.
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EDcl no AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 2.000.566 - RN (2022/0129831-9)
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VOTO
1. Histórico da demanda
Na origem, trata-se de Recurso Especial (art. 105, III, "a" e "c", da CF) contra
acórdão do Tribunal de origem com a seguinte ementa:
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houve a emissão de cheques por terceiros, pagos sem validação de sua assinatura.
Acrescentou que, em razão dos fatos, foi injustamente processado perante a 8ª Vara Criminal
da Comarca de Natal pela suposta prática do delito de estelionato, tendo, ao final, sido
absolvido.
Sustentou que o Estado do Rio Grande do Norte deve ser responsabilizado em
função da imprudência e negligência da Polícia Civil, do ITEP e do Ministério Público
Estadual. No tocante à União, afirmou que a Polícia Federal produziu perícia inconsistente,
juntada aos autos da ação criminal (Processo 0900602 05.1998.8.20.0001), na data de
17/9/2003. Por fim, pugnou pela responsabilização do Banco do Brasil S.A, pelas consultas
inadequadas que lhe causaram danos.
Inicialmente, o Juízo da Primeira Vara Federal de Natal/RN proferiu sentença
declarando a incompetência da Justiça Federal, sob o argumento de que inexistia nexo causal
entre a conduta da Polícia Federal e o dano moral porventura sofrido (fls. 394-396, e-STJ). A
Segunda Turma do TRF da 5ª Região deu provimento à Apelação interposta pelo autor,
reconhecendo a competência da Justiça Federal e anulando a sentença (fls. 420-421, e-STJ).
Não se conheceu do Recurso Especial interposto (fls. 485-495, e-STJ).
Após os autos retornarem ao Juízo da Primeira Vara Federal de Natal/RN, este
reconheceu a prescrição no tocante ao pleito formulado contra a União e declinou da
competência por entender não estarem presentes os requisitos que atraem a competência da
Justiça Federal (fls. 554-556, e-STJ).
Contra esta decisão, o Banco do Brasil S.A apelou, pugnando pelo
reconhecimento da prescrição em relação a todos os réus (fls. 626-634, e-STJ). O Tribunal
Regional Federal da 5ª Região proveu o recurso de Apelação oposto.
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prejudicialidade entre as esferas cível e penal. Confira-se:
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[...] Conforme informações dos autos, os cheques fraudulentos
foram apresentados a agência bancária em 15/05/1996, em 22/05/1996 o Banco
forneceu documentos pertinentes aos cheques à autoridade policial e no mesmo
ano foi elaborado o laudo do ITEP. O inquérito criminal contra o autor foi
distribuído em 23/06/1998 e laudo da polícia federal foi anexado ao inquérito em
17/09/2003. O Ministério Público apresentou denúncia em30/06/2004 e, em
setembro de 2005, o Banco do Brasil encaminhou o novo laudo à ação criminal, o
qual concluiu pela inautenticidade das assinaturas. Em 18/09/2007, foi proferida
sentença criminal absolvendo o réu, com base no art. 386, VI do CPP. A presente
ação indenizatória foi ajuizada em 04/12/2008. Neste ponto, cumpre observar que
o autor pleiteia indenização por danos morais e materiais quanto aos réus Banco
do Brasil e Estado do Rio Grande do Norte da seguinte forma: a) Rio Grande do
Norte: afirma o autor que as ações do ITEP - elaboração do laudo -,da Policia
Civil - indiciamento do autor, sem provas - e do Ministério Público Estadual -
oferecimento da denúncia sem provas - causaram-lhe danos morais e materiais;
b) Banco do Brasil: alega o autor, que durante a fase policial e o processo criminal
atuou de forma reprovável com intuito de prejudicar o autor e ocultou prova que
comprovava sua inocência. Ao caso se aplica o prazo prescricional de 3 (três)
anos, nos termos do art. 206, § 3º, V do Código Civil. É de ver-se, portanto, que
se encontram prescritos os direitos em relação aos demais réus da lide.
Considerada a teoria da actio nata, tem-se como termo inicial da contagem do
prazo prescricional a data ciência, pela parte prejudicada, dos fatos eventualmente
danosos. Veja-se que, na hipótese analisada, os fatos que supostamente geraram
danos ao autor ocorreram todos antes de 04 de dezembro de 2005.
Importante observar que ao caso não se aplica o disposto no
art.200 do CC, uma vez que, na ação criminal relatada pelo autor, ele é o acusado
e não vítima.
"CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO
DE DANOSMORAIS. PRESCRIÇÃO. SUSPENSÃO PREVISTA NO ART.
200 DOCC/02. INAPLICABILIDADE. [...]. 4. A aplicação do mencionado
dispositivo legal tem campo, justamente, quando existe uma relação de
prejudicialidade entre as esferas cível e penal. 5. A suspensão da prescrição
relacionada na previsão normativa em comento aplica-se às vítimas do delito a ser
apurado na esfera penal, de forma a serem favorecidas, uma vez que terão a
faculdade de aguardar o desfecho do processo criminal para promover a
pretensão indenizatória na esfera cível (ação ex delicto). 6. Na espécie, o que se
verifica não é o ajuizamento de ação ex delicto por parte do recorrente, isto é, de
ação ajuizada na esfera cível pelo ofendido, em razão dos danos causados pela
prática do delito. Inviável conceber, portanto, que a prescrição para o ajuizamento
de tal ação estaria suspensa por força do disposto no art. 200 do CC/02. 7.
Recurso especial conhecido e não provido. (REsp 1660182/GO, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/03/2018, DJe
23/03/2018)Destarte, há de ser reconhecida prescrição da pretensão autoral em
relação aos demais réus, com extinção do feito, nos termos do art.487, II do CPC
[...]” (fls. 661-662, e-STJ) [...] Não há omissão, contradição ou erro no julgado. O
acordão embargado se manifestou no sentido de reconhecimento da prescrição da
pretensão autoral. "O comando do art. 200 do CC/02 incide quando houver
relação de prejudicialidade entre as esferas cível e penal, isto é, quando a conduta
originar-se de fato também a ser apurado no juízo criminal, sendo fundamental a
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existência de ação penal em curso ou ao menos inquérito policial em trâmite"
(REsp 1.704.525/AP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 12/12/2017, DJe de 18/12/2017). No caso analisado não há
que se falar em prejudicialidade. Como visto nos autos, em "setembro de 2005, o
Banco do Brasil encaminhou o novo laudo à ação criminal, o qual concluiu pela
inautenticidade das assinaturas", confirmando que as assinaturas não eram do
autor, o que fundamentou a sentença que o absolveu. Restou consignado ainda
que "Conforme informações dos autos, os cheques fraudulentos foram
apresentados a agência bancária em15/05/1996, em 22/05/1996 o Banco forneceu
documentos pertinentes aos cheques à autoridade policial e no mesmo ano foi
elaborado o laudo do ITEP. O inquérito criminal contra o autor foi distribuído em
23/06/1998 e laudo da polícia federal foi anexado ao inquérito em 17/09/2003. O
Ministério Público apresentou denúncia em 30/06/2004 e, em setembro de 2005, o
Banco do Brasil encaminhou o novo laudo à ação criminal, o qual concluiu pela
inautenticidade das assinaturas. Em 18/09/2007, foi proferida sentença criminal
absolvendo o réu, com base no art. 386, VI do CPP. A presente ação
indenizatória foi ajuizada em 04/12/2008. (...)Veja-se que, na hipótese analisada,
os fatos que supostamente geraram danos ao autor ocorreram todos antes de 04
de dezembro de 2005."O acórdão ora impugnado foi prolatado com amparo na
legislação que rege a espécie de modo que não restou caracterizada qualquer
omissão ou contradição no pronunciamento jurisdicional impugnado. Na verdade,
o que se constata é a pretensão do embargante de reabrir discussão acerca da
temática de mérito. Diante do exposto, nego provimento aos presentes embargos
de declaração [...]” (fls. 709-710, e-STJ)
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4. Conclusão
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA
EDcl no AgInt no
Número Registro: 2022/0129831-9 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 2.000.566 / RN
Relator
Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. NICOLAO DINO DE CASTRO E COSTA NETO
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : JOSE RODRIGUES DE MELO
ADVOGADO : JAYME RENATO PINTO DE VARGAS - RN001870
RECORRIDO : BANCO DO BRASIL SA
ADVOGADOS : ALESSANDRA FARIAS DE OLVEIRA BARBOZA - PA007141
MÁRCIO CASTRO KAIK SIQUEIRA - SP200874
JONES PINHEIRO NEVES - PE044621
ADRIANA GOUVEIA DA NÓBREGA - PE044194
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : JOSE RODRIGUES DE MELO
ADVOGADO : JAYME RENATO PINTO DE VARGAS - RN001870
EMBARGADO : BANCO DO BRASIL SA
ADVOGADOS : ALESSANDRA FARIAS DE OLVEIRA BARBOZA - PA007141
MÁRCIO CASTRO KAIK SIQUEIRA - SP200874
JONES PINHEIRO NEVES - PE044621
ADRIANA GOUVEIA DA NÓBREGA - PE044194
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do voto do
Sr. Ministro-Relator."
Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães, Francisco Falcão e
Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator.
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