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AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1867013 - SC (2020/0062184-3)

RELATORA : MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI


AGRAVANTE : CENTRAL ICE INDUSTRIA E COMERCIO DE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS
LTDA
ADVOGADO : ALCIDES CARDOSO - SC003320
AGRAVADO : MARIVÂNIA APARECIDA SPEZZATTO
ADVOGADO : EDUARDO VIEIRA - SC020977

EMENTA

AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS


MATERIAIS E MORAIS. ACIDENTE OCORRIDO COM MÁQUINA DE SORVETE.
DANO MORAL. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. EVENTO DANOSO. SÚMULA N.
54 DO STJ.
1. A jurisprudência do STJ firmou o entendimento de que, em casos de
responsabilidade civil extracontratual, os juros moratórios incidem sobre a indenização
por dano moral desde o evento danoso, conforme dispõe a Súmula n. 54 do STJ.
2. Agravo interno a que se nega provimento.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os
Ministros da QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de 06/12/2022 a
12/12/2022, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Sra.
Ministra Relatora.
Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Raul Araújo, Antonio Carlos Ferreira e
Marco Buzzi votaram com a Sra. Ministra Relatora.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Raul Araújo.

Brasília, 12 de dezembro de 2022.

MARIA ISABEL GALLOTTI


Relatora
Superior Tribunal de Justiça
AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1.867.013 - SC (2020/0062184-3)

RELATÓRIO

MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI: Central Ice Indústria e


Comércio de Equipamentos Industriais Ltda. interpõe agravo interno contra a
decisão, de fls. 419/423, na qual dei parcial provimento ao recurso especial
interposto pela parte agravada.
Sustenta que a Súmula n. 54 do STJ pode ser afastada
excepcionalmente.
Afirma que, ao se determinar a aplicação dos juros de mora desde o
evento danoso, o montante atualizado conflitará com a redução operada pela Corte
de origem no tocante aos danos morais e aos danos estéticos.
Ressalta que a decisão, ora agravada, ao modificar o termo inicial dos
juros de mora, "não sopesou o fato que a Súmula 54/STJ já fora considerada
quando do arbitramento dos novos montantes" (fl. 428).
Requer o "provimento do recurso com o fito de restabelecer o termo
inicial dos juros de mora como a data do arbitramento pelo Tribunal de origem e não
a data do evento danoso" (fl. 432).
Intimada para se manifestar, a parte contrária apresentou impugnação
às fls. 436/448.
É o relatório.

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REsp 1867013 Petição : 763900/2020 C542542155;00560092908@ C065308443443032506230@
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AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1.867.013 - SC (2020/0062184-3)

RELATORA : MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI


AGRAVANTE : CENTRAL ICE INDUSTRIA E COMERCIO DE
EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA
ADVOGADO : ALCIDES CARDOSO - SC003320
AGRAVADO : MARIVÂNIA APARECIDA SPEZZATTO
ADVOGADO : EDUARDO VIEIRA - SC020977
EMENTA

AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO POR


DANOS MATERIAIS E MORAIS. ACIDENTE OCORRIDO COM MÁQUINA DE
SORVETE. DANO MORAL. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. EVENTO
DANOSO. SÚMULA N. 54 DO STJ.
1. A jurisprudência do STJ firmou o entendimento de que, em casos de
responsabilidade civil extracontratual, os juros moratórios incidem sobre a
indenização por dano moral desde o evento danoso, conforme dispõe a Súmula n.
54 do STJ.
2. Agravo interno a que se nega provimento.

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REsp 1867013 Petição : 763900/2020 C542542155;00560092908@ C065308443443032506230@
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VOTO

MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI (Relatora): O recurso não


merece prosperar.
Transcrevo os fundamentos da decisão agravada (fls. 419/423):

Trata-se de recurso especial manifestado por Marivânia Aparecida


Spezzatto, no qual se alega violação dos arts. 375 e 479 do Código de
Processo Civil; 406 e 950 do Código Civil; 161, § 1°, do Código
Tributário Nacional, além de dissídio jurisprudencial. O acórdão
recorrido está retratado na seguinte ementa (fls. 290/291):
APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. AÇÃO DE
REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS E
PENSÃO VITALÍCIA. AUTORA QUE SOFREU ACIDENTE
COM MÁQUINA DE SORVETE VENDIDA PELA RÉ, COM
AMPUTAÇÃO DE PARTE DO DEDO INDICADOR DA MÃO
DIREITA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO DAS
PARTES.
RESPONSABILIDADE DA RÉ PELO SINISTRO OCORRIDO
COM A AUTORA. PROVA PERICIAL QUE FOI
CONCLUSIVA NO SENTIDO DE QUE A MÁQUINA DE
SORVETE NÃO POSSUÍA DISPOSITIVO DE SEGURANÇA.
VIOLAÇÃO AOS PADRÕES EXIGIDOS PELA NR 12 DO
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. INEXISTÊNCIA
DE CULPA CONCORRENTE. ACIDENTE OCASIONADO
POR CULPA EXCLUSIVA DA RÉ. OBRIGAÇÃO DE
REPARAR OS DANOS (ARTS. 186 E 927, DO CC/2002).
CONDENAÇÃO MANTIDA NO PONTO.
DANOS MORAIS. RÉ QUE PRETENDE A MINORAÇÃO E
AUTORA, A MAJORAÇÃO. SEPARAÇÃO ENTRE OS
CONCEITOS DE REPARAÇÃO DE DANO E PUNITIVE
DAMAGES. DOLO NÃO VERIFICADO NA CONDUTA DA
RÉ. ASPECTO PUNITIVO NÃO INCIDENTE NA
HIPÓTESE. PLEITO DE REDUÇÃO DA RÉ ACOLHIDO.
Segundo a doutrina do caráter pedagógico punitivo da
reparação por dano moral, importada do direito anglo-saxão, a
indenização punitiva cabe somente em hipóteses muito
específicas e exige sempre a presença de dolo, malícia, fraude
ou outra conduta especialmente grave. Não há falar em caráter
pedagógico punitivo em condutas decorrentes de mera culpa

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REsp 1867013 Petição : 763900/2020 C542542155;00560092908@ C065308443443032506230@
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nessas hipóteses, a fixação da reparação deve sopesar apenas
a natureza compensatória do instituto.
DANOS ESTÉTICOS. RÉ QUE PRETENDE A REDUÇÃO E
AUTORA, O AUMENTO. QUANTUM FIXADO QUE SE
MOSTRA EXCESSIVO EM RELAÇÃO À EXTENSÃO DO
DANO. MINORAÇÃO QUE SE IMPÕE. OBSERVÂNCIA DOS
CRITÉRIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA
RAZOABILIDADE. APELO DA RÉ PROVIDO NO PONTO.
PENSÃO MENSAL (ART. 950 DO CC). AMPUTAÇÃO DE
PARTE DO INDICADOR QUE NÃO IMPLICA REDUÇÃO DA
CAPACIDADE PARA O TRABALHO EXERCIDO PELA
AUTORA, QUE É EMPRESÁRIA E ATUA NO RAMO DE
SORVETES. AUSÊNCIA DE PERDA SALARIAL COM O
ACIDENTE. RECURSO DA RÉ ACOLHIDO PARA AFASTAR
A PENSÃO PRETENDIDA.
ÔNUS SUCUMBENCIAIS. REDISTRIBUIÇÃO DIANTE DA
REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA.
PLEITO DE MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS QUE MERECE ACOLHIMENTO, EM
ATENÇÃO AO DISPOSTO NO § 3º DO ART. 20 DO
CPC/1973. RECURSOS CONHECIDOS E PARCIALMENTE
PROVIDOS.
Sustenta a recorrente que o Tribunal de origem afastou
equivocadamente o laudo pericial do expert, e com base
exclusivamente em suas convicções pessoais negou a indenização
material pela redução da capacidade de trabalho, no caso a pensão
mensal.
Afirma, por outro lado, que devem ser fixados os juros de mora desde
a data do evento danoso, e a correção monetária desde a data do
arbitramento.
Assim posta a questão, passo a decidir.
Verifico que o Tribunal de origem afastou a condenação da empresa
recorrida ao pagamento de pensão mensal, por não ter comprovado a
autora, ora recorrente, que se encontrava impedida de continuar
realizando suas atividades profissionais habituais em virtude do evento
danoso, conforme se extrai dos seguintes trechos (fls. 299/300):
(...) Pretende a ré o afastamento da pensão mensal, sob o
argumento de que a perícia judicial concluiu que a autora detém
capacidade laboral. O magistrado de origem entendeu que,
"ainda que a autora possa retomar a atividade profissional,
houve redução da capacidade laboral em razão da amputação"
(p. 197).
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REsp 1867013 Petição : 763900/2020 C542542155;00560092908@ C065308443443032506230@
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A pensão mensal, no âmbito da responsabilidade civil, é devida
em casos nos quais da ofensa resulta defeito que impeça a
vítima de exercer seu ofício ou profissão ou que lhe diminua a
capacidade de trabalho - neste caso, o valor da pensão deve
corresponder à importância do trabalho para que se inabilitou ou
da depreciação que ele sofreu (art. 950 do Código Civil).
No caso em tela, embora o perito judicial tenha consignado que
houve redução parcial e permanente de 6%, decorrente da
amputação de parte do indicador da mão direita da autora, ele
concluiu que:
"Não houve perda da capacidade laborativa por parte da autora,
em relação à atividade que exercia quando do acidente relatado,
mas sim a autora refere constrangimento para vender sorvetes
devido ao aspecto de sua mão" (p. 136).
Analisando a documentação anexada com a exordial, vê-se que
a autora é sócia da empresa Sorvetes Spessatto Ltda ME (p.
41/44) e inclusive se intitulou como empresária na petição inicial
(p. 2), razão pela qual não há se falar em incapacidade
laborativa.
A autora não comprovou que, em virtude do evento danoso,
encontra-se realmente impedida de continuar realizando suas
atividades profissionais habituais.
É importante ressaltar ainda que o constrangimento mencionado
pela autora não é capaz de justificar o deferimento da pensão
mensal, porquanto esse mal-estar já está sendo reparado por
meio das indenizações por danos morais e estéticos, que não se
confundem, em absoluto, com o benefício material pretendido.
Diante disso, acolhe-se o recurso da ré para afastar a sua
condenação ao pagamento de pensão mensal. (...)
Com efeito, registro que o acórdão recorrido está em consonância
com a jurisprudência do STJ, que já decidiu que não cabe a pensão
mensal quando não verificado o prejuízo para a vítima do evento
danoso. A propósito, confira-se:
RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO.
INDENIZAÇÃO. DIREITO COMUM. AUTONOMIA EM
RELAÇÃO À PREVIDENCIÁRIA. PRECEDENTES.
INCAPACIDADE PARA A FUNÇÃO QUE EXERCIA.
EMPREGO EM OUTRA COM A MESMA REMUNERAÇÃO.
PENSÃO INDEVIDA. CASO CONCRETO. ART. 1.539,
CÓDIGO CIVIL. INTERPRETAÇÃO. PRECEDENTE DA
TERCEIRA TURMA. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO.
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I - A indenização previdenciária é diversa e independente da
contemplada no direito comum, inclusive porque têm elas
origens distintas: uma, sustentada pelo direito acidentário; a
outra, pelo direito comum, uma não excluindo a outra
(enunciado n. 229/STF), podendo, inclusive, cumularem-se.
II - A norma do art. 1.539 do Código Civil traz a presunção de
que o ofendido não conseguirá exercer outro trabalho.
Evidenciado que a vítima continuou a trabalhar nesse período,
ainda que em atividade distinta, mas com a mesma
remuneração, a pensão é descabida, por ausência de prejuízo.
(REsp 235.393/RS, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO
TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 23.11.1999, DJ de
28.2.2000, p. 89)
Transcrevo, por oportuno, trechos do voto condutor do referido
julgado:
(...) A indenização por dano material, em forma de pensão, tem
como objetivo proporcionar à vítima o recebimento dos mesmos
rendimentos que auferia anteriormente à redução ocorrida em
sua capacidade produtiva. Ou seja, visa recompor a renda que a
vítima não poderá mais auferir em razão da debilidade sofrida.
Vinda a vítima, portanto, a dedicar-se, em determinado período,
a outra atividade, que lhe proporcione os mesmos rendimentos,
não há prejuízo material que justifique o pagamento de uma
pensão paralela. Se assim não fosse, estaria o autor
enriquecendo-se indevidamente. (...)
No caso dos autos, a Corte de origem expressamente destacou que
"embora o perito judicial tenha consignado que houve redução parcial
e permanente de 6%, decorrente da amputação de parte do indicador
da mão direita da autora, ele concluiu que: 'Não houve perda da
capacidade laborativa por parte da autora, em relação à atividade que
exercia quando do acidente relatado (...)" (fl. 299).
Além disso, destacou que a autora não comprovou que, em virtude do
evento danoso, encontra-se realmente impedida de continuar
realizando suas atividades profissionais habituais.
Dessa forma, não tendo havido prejuízo para a recorrente, mormente
porque não houve perda da capacidade laborativa em relação à
atividade que exercia quando do acidente ocorrido, está correto o
acórdão recorrido ao afastar a condenação ao pagamento de pensão
mensal.
Por outro lado, observo que o termo inicial dos juros de mora é a data
do evento danoso, e da correção monetária é a data do arbitramento,
nos termos da jurisprudência do STJ. A propósito, confira-se:
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REsp 1867013 Petição : 763900/2020 C542542155;00560092908@ C065308443443032506230@
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AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. ACIDENTE
DE TRÂNSITO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. FALTA
DE PROVA DA HIPOSSUFICIÊNCIA DA SEGURADORA,
EM PROCESSO DE LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL.
SÚMULA 7/STJ. CONCLUSÃO ACERCA DA SUSPENSÃO
DA INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA APENAS DA FASE
DE EXECUÇÃO. SÚMULA 83/STJ. JUROS DE MORA EM
RELAÇÃO À REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. EVENTO
DANOSO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 54/STJ. INCIDÊNCIA
DO VERBETE SUMULAR N. 83/STJ. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO.
1. Não há nenhuma omissão ou mesmo contradição a serem
sanadas no julgamento estadual, portanto inexistentes os
requisitos para reconhecimento de ofensa ao art. 1.022 do novo
CPC. A segunda instância dirimiu a controvérsia com base em
fundamentação sólida, sem tais vícios, o que não se confunde
com omissão ou contradição, tendo em vista que apenas
resolveu a celeuma em sentido contrário ao postulado pela parte
insurgente.
2. Com base nas provas dos autos, o Tribunal estadual
assentou que, embora em processo de liquidação extrajudicial, a
seguradora não teria demonstrado sua hipossuficiência, logo,
não seria caso de concessão de gratuidade de justiça. Essas
premissas atraem a aplicação da Súmula 7/STJ.
3. A conclusão no sentido de que não era caso de exclusão dos
juros de mora e correção monetária, porquanto o art. 18, d e f,
da Lei n.
9.024/1974 não obsta sua incidência na fase de conhecimento,
surtindo efeitos apenas no momento de cumprimento do julgado,
está em sintonia com a jurisprudência desta Corte Superior
(Súmula 83/STJ). Precedentes.
4. O acórdão fixou que, em casos de responsabilidade civil
extracontratual, os juros moratórios incidem sobre a indenização
por dano moral desde o evento danoso (Súmula 54/STJ) e
correção monetária desde a data do arbitramento (Súmula
362/STJ). Esse entendimento também não destoa da
jurisprudência deste Tribunal - a aplicação da Súmula 83/STJ.
5. Agravo interno desprovido.
(AgInt no REsp 1.827.648/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 10.8.2020, DJe de
17.8.2020) (grifo nosso)
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Em face do exposto, dou parcial provimento ao recurso especial
apenas para definir que o termo inicial dos juros moratórios é a data
do evento danoso, e da correção monetária é a data do arbitramento.
Intimem-se.

No presente caso, observo que a Corte local, ao arbitrar os danos


morais e os danos estéticos, deixou de observar o teor da Súmula n. 54 do STJ, o
qual define o termo inicial dos juros moratórios.
Nesse contexto, reitero que, em casos de responsabilidade civil
extracontratual, os juros moratórios incidem sobre a indenização por dano moral
desde o evento danoso, conforme dispõe a Súmula n. 54 do STJ. A propósito,
confira-se:

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. ACIDENTE


DE TRÂNSITO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. FALTA
DE PROVA DA HIPOSSUFICIÊNCIA DA SEGURADORA,
EM PROCESSO DE LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL.
SÚMULA 7/STJ. CONCLUSÃO ACERCA DA SUSPENSÃO
DA INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA APENAS DA FASE
DE EXECUÇÃO. SÚMULA 83/STJ. JUROS DE MORA EM
RELAÇÃO À REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. EVENTO
DANOSO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 54/STJ. INCIDÊNCIA
DO VERBETE SUMULAR N. 83/STJ. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO.
1. Não há nenhuma omissão ou mesmo contradição a serem
sanadas no julgamento estadual, portanto inexistentes os
requisitos para reconhecimento de ofensa ao art. 1.022 do novo
CPC. A segunda instância dirimiu a controvérsia com base em
fundamentação sólida, sem tais vícios, o que não se confunde
com omissão ou contradição, tendo em vista que apenas
resolveu a celeuma em sentido contrário ao postulado pela parte
insurgente.
2. Com base nas provas dos autos, o Tribunal estadual
assentou que, embora em processo de liquidação extrajudicial, a
seguradora não teria demonstrado sua hipossuficiência, logo,
não seria caso de concessão de gratuidade de justiça. Essas
premissas atraem a aplicação da Súmula 7/STJ.
3. A conclusão no sentido de que não era caso de exclusão dos
juros de mora e correção monetária, porquanto o art. 18, d e f,
da Lei n. 9.024/1974 não obsta sua incidência na fase de
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REsp 1867013 Petição : 763900/2020 C542542155;00560092908@ C065308443443032506230@
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Superior Tribunal de Justiça
conhecimento, surtindo efeitos apenas no momento de
cumprimento do julgado, está em sintonia com a jurisprudência
desta Corte Superior (Súmula 83/STJ). Precedentes.
4. O acórdão fixou que, em casos de responsabilidade civil
extracontratual, os juros moratórios incidem sobre a indenização
por dano moral desde o evento danoso (Súmula 54/STJ) e
correção monetária desde a data do arbitramento (Súmula
362/STJ). Esse entendimento também não destoa da
jurisprudência deste Tribunal - a aplicação da Súmula 83/STJ.
5. Agravo interno desprovido.
(AgInt no REsp 1.827.648/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 10.8.2020, DJe de
17.8.2020)

Em face do exposto, nego provimento ao agravo interno.


É como voto.

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TERMO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
AgInt no REsp 1.867.013 / SC
Número Registro: 2020/0062184-3 PROCESSO ELETRÔNICO

Número de Origem:
00028081220098240036 0002808122009824003650000 036090028088 2808122009824003650000

Sessão Virtual de 06/12/2022 a 12/12/2022

Relator do AgInt
Exma. Sra. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO

Secretário
Dra. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : MARIVÂNIA APARECIDA SPEZZATTO


ADVOGADO : EDUARDO VIEIRA - SC020977
RECORRIDO : CENTRAL ICE INDUSTRIA E COMERCIO DE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA
ADVOGADO : ALCIDES CARDOSO - SC003320

ASSUNTO : DIREITO CIVIL - RESPONSABILIDADE CIVIL - INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL

AGRAVO INTERNO

AGRAVANTE : CENTRAL ICE INDUSTRIA E COMERCIO DE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA


ADVOGADO : ALCIDES CARDOSO - SC003320
AGRAVADO : MARIVÂNIA APARECIDA SPEZZATTO
ADVOGADO : EDUARDO VIEIRA - SC020977

TERMO

A QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de 06/12/2022 a 12/12


/2022, por unanimidade, decidiu negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Sra. Ministra
Relatora.
Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Raul Araújo, Antonio Carlos Ferreira e Marco Buzzi
votaram com a Sra. Ministra Relatora.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Raul Araújo.

Brasília, 13 de dezembro de 2022

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