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AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 2023448 - SP (2022/0271467-9)

RELATOR : MINISTRO MOURA RIBEIRO


AGRAVANTE : SUL AMERICA COMPANHIA DE SEGURO SAUDE
ADVOGADOS : BRUNO HENRIQUE DE OLIVEIRA VANDERLEI - PE021678
JOSAFÁ PARANHOS DE MELO - PE028849
BRUNO HENRIQUE DE OLIVEIRA VANDERLEI - SP404302
AGRAVADO : HANS SIGISMUND ISRAEL BERGMANN - ESPÓLIO
REPR. POR : HERBERTO BERGMANN
REPR. POR : LIA REGINA BERGMANN
ADVOGADO : ALEXANDER BRENER - SP249901

EMENTA

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO


ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC. AÇÃO
DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS . PLANO DE SAÚDE. DEVER DE COBERTURA DE
TRATAMENTO QUE NÃO CONSTA NO ROL
DA ANS. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. INVIABILIDADE DE
REEXAME. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N.º 7 DO STJ. DANOS
MORAIS DEMONSTRADOS NAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA N.º 7 DO STJ. DECISÃO MANTIDA.
AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO.
1. Aplica-se o NCPC a este recurso ante os termos do Enunciado
Administrativo n.º 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de
9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016)
serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do
novo CPC.
2. O Colegiado estadual julgou a lide de acordo com a convicção
formada pelos elementos fáticos existentes nos autos, concluindo pela
injusta negativa de cobertura ao tratamento médico solicitado, uma
vez que o tratamento de saúde foi apurado tecnicamente como
imprescindível e urgente. Portanto, qualquer alteração nesse quadro
demandaria o reexame de todo o conjunto probatório, o que é vedado
a esta Corte ante o óbice da Súmula n.º 7 do STJ.
3.De acordo com a jurisprudência desta Corte Superior,
o descumprimento contratual por parte da operadora de saúde, que
culmina em negativa de cobertura para procedimento
de saúde, enseja reparação a título de danos morais quando houver
agravamento da condição de dor, abalo psicológico ou prejuízos
à saúde já debilitada do paciente, o que foi constatado pela Corte de
origem no caso concreto.
4. Não sendo a linha argumentativa apresentada capaz de evidenciar
a inadequação dos fundamentos invocados pela decisão agravada, o
presente agravo não se revela apto a alterar o conteúdo do julgado
impugnado, devendo ele ser integralmente mantido em seus próprios
termos.
5. Agravo interno não provido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em
sessão virtual de 16/11/2022 a 22/11/2022, por unanimidade, negar provimento ao
recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo
Villas Bôas Cueva e Marco Aurélio Bellizze votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva.

Brasília, 22 de novembro de 2022.

Ministro MOURA RIBEIRO


Relator
AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 2023448 - SP (2022/0271467-9)

RELATOR : MINISTRO MOURA RIBEIRO


AGRAVANTE : SUL AMERICA COMPANHIA DE SEGURO SAUDE
ADVOGADOS : BRUNO HENRIQUE DE OLIVEIRA VANDERLEI - PE021678
JOSAFÁ PARANHOS DE MELO - PE028849
BRUNO HENRIQUE DE OLIVEIRA VANDERLEI - SP404302
AGRAVADO : HANS SIGISMUND ISRAEL BERGMANN - ESPÓLIO
REPR. POR : HERBERTO BERGMANN
REPR. POR : LIA REGINA BERGMANN
ADVOGADO : ALEXANDER BRENER - SP249901

EMENTA

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO


ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC. AÇÃO
DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS . PLANO DE SAÚDE. DEVER DE COBERTURA DE
TRATAMENTO QUE NÃO CONSTA NO ROL
DA ANS. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. INVIABILIDADE DE
REEXAME. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N.º 7 DO STJ. DANOS
MORAIS DEMONSTRADOS NAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA N.º 7 DO STJ. DECISÃO MANTIDA.
AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO.
1. Aplica-se o NCPC a este recurso ante os termos do Enunciado
Administrativo n.º 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de
9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016)
serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do
novo CPC.
2. O Colegiado estadual julgou a lide de acordo com a convicção
formada pelos elementos fáticos existentes nos autos, concluindo pela
injusta negativa de cobertura ao tratamento médico solicitado, uma
vez que o tratamento de saúde foi apurado tecnicamente como
imprescindível e urgente. Portanto, qualquer alteração nesse quadro
demandaria o reexame de todo o conjunto probatório, o que é vedado
a esta Corte ante o óbice da Súmula n.º 7 do STJ.
3.De acordo com a jurisprudência desta Corte Superior,
o descumprimento contratual por parte da operadora de saúde, que
culmina em negativa de cobertura para procedimento
de saúde, enseja reparação a título de danos morais quando houver
agravamento da condição de dor, abalo psicológico ou prejuízos
à saúde já debilitada do paciente, o que foi constatado pela Corte de
origem no caso concreto.
4. Não sendo a linha argumentativa apresentada capaz de evidenciar
a inadequação dos fundamentos invocados pela decisão agravada, o
presente agravo não se revela apto a alterar o conteúdo do julgado
impugnado, devendo ele ser integralmente mantido em seus próprios
termos.
5. Agravo interno não provido.

RELATÓRIO

HANS SIGISMUND ISRAEL BERGMAN (HANS), sucedido no processo


pelos herdeiros HERBERTO BERGMANN e LIA REGINA BERGMANN pelo óbito do
autor, ajuizou ação declaratória com pedido de obrigação de fazer cumulada com
indenização por danos morais contra SUL AMÉRICA COMPANHIA DE SEGURO
SAÚDE S.A. (SUL AMÉRICA), na qual sustenta ser idoso (92 anos), cliente da
requerida e ser acometido por uma insuficiência cardíaca, que ensejou a sua
internação hospitalar, com a indicação do procedimento invasivo MITRALCLIP.
Contudo, mesmo diante da prescrição médica e após 1 (um) mês da solicitação, a
operadora de plano de saúde se opôs ao custeio de tal procedimento sob a justificativa
de que este não faria parte do rol taxativo da ANS. Diante de todo o imbróglio criado
pela operadora e do agravamento de seu quadro pelo atraso, sustenta ainda ter sofrido
danos morais, que pretende ver indenizados. Diante desse quadro, requer: i) seja
concedida tutela de urgência a ser confirmada ao final para que a requerida seja
compelida a arcar com os custos do referido procedimento; ii) seja confirmada a tutela
de urgência ao final, impondo a obrigação de forma definitiva e ii) a condenação da
requerida à compensação pelos danos morais sofridos mediante indenização no
importe de R$60.000,00 (sessenta mil reais).

Em primeira instância, os pedidos foram julgados parcialmente procedentes


para condenar a SUL AMÉRICA a a compensar os danos morais configurados
mediante indenização no importe de R$30.000,00 (trinta mil reais), acrescidos de juros
de mora de 1% (um porcento) ao mês a partir da data da primeira negativa e correção
monetária pela tabela prática do TJSP, a contar da presente data. Declarar extinto sem
resolução de mérito o pedido voltado à obrigação de fazer inerente ao plano de saúde
contratado em virtude do óbito do autor, nos termos do art. 485, inciso VI, do CPC.

A apelação interposta por SUL AMÉRICA foi parcialmente provida e a


apelação dos autores não foi provida pelo Tribunal de Justiça Paulista nos termos do
acórdão de relatoria do Des. BENEDITO ANTONIO OKUNO, assim ementado:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C. C. INDENIZAÇÃOPOR


DANOS MORAIS – Plano de saúde – Sentença de procedência parcial
– Insurgência das partes - Negativa de cobertura de procedimento
menos invasivo Mitralclip, sob argumento de não estar previsto no rol
de procedimentos da ANS– Autor portador de problemas cardíacos -
Existência de indicação médica expressa para tratamento – Previsão
de cobertura da patologia - Abusividade na conduta da ré reconhecida
- Aplicação da Súmula 102 deste Tribunal de Justiça – Precedentes
jurisprudenciais – Danos morais – Ocorrência - Autor era idoso, ficou
internado aguardando a autorização da operadora, sofrendo riscos de
agravamento da enfermidade, somente conseguiu realizar o
procedimento por meio do ajuizamento da ação e deferimento de
liminar - Falecimento do paciente ocorrido durante o procedimento
ressalta a urgência e delicadeza de seu estado de saúde - Fatos que
não se equiparam a mero aborrecimento - Nexo de causalidade entre
a conduta da ré e o evento danoso – Fixação em R$ 30.000,00 –
Redução para R$ 20.000,00 – Viabilidade - Observadas as
peculiaridades do caso concreto e os parâmetros da jurisprudência
desta Câmara – Pretensão dos autores de procedência do pedido de
obrigação de fazer – Desacolhimento - Autor faleceu no curso da
demanda, durante o procedimento - Perda superveniente do objeto em
relação à obrigação de fazer – Recurso dos autores não provido –
Sentença reformada em parte para reduzir o valor da indenização –
RECURSO DA RÉPROVIDO EM PARTE – RECURSO DOS
AUTORES IMPROVIDO. (e-STJ, fl. 283)

Os embargos de declaração opostos pelos autores foram rejeitados.


Inconformada, SUL AMÉRICA manejou recurso especial com fundamento
no art. 105, III, a, da CF, alegando a violação dos arts. 10 da Lei nº 9.656/98 e 188 do
CC ao sustentar que não está legal e contratualmente obrigada ao custeio de
tratamento que não consta no rol da ANS, motivo pelo qual a recusa objeto dos autos
não ensejou indenização por danos morais.

O apelo nobre foi admitido pelo Tribunal estadual e, no âmbito do STJ, não
foi conhecido em decisão monocrática de minha lavra nestes termos ementada:

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. PLANO DE SAÚDE. RECUSA ILÍCITA DE
TRATAMENTO. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. INVIABILIDADE DE
REEXAME. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N.º 7 DO STJ. DANOS
MORAIS DEMONSTRADOS NAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS.
INVIABILIDADE DE REEXAME. RECURSO ESPECIAL NÃO
CONHECIDO. (e-STJ, fl. 328)

Nas razões do presente agravo interno, SUL AMÉRICA sustentou que (1)
não está legal e contratualmente obrigada ao custeio de tratamento que não consta no
rol da ANS; motivo pelo qual (2) a recusa objeto dos autos não ensejou indenização por
danos morais.

É o relatório.

VOTO

De plano, vale pontuar que as disposições do NCPC, no que se refere aos


requisitos de admissibilidade dos recursos, são aplicáveis ao caso concreto ante os
termos do Enunciado Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de
9/3/2016:
Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a
decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos
os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC.

O inconformismo agora manejado não merece provimento por não ter trazido
nenhum elemento apto a infirmar as conclusões externadas na decisão recorrida.

(1) Do dever de cobertura


Nas razões do presente agravo interno, SUL AMÉRICA sustentou que não
está legal e contratualmente obrigada ao custeio de tratamento que não consta no rol
da ANS.

Como constou na decisão agravada, o Tribunal de origem, ao decidir a


controvérsia, amparou seu entendimento nas circunstâncias fático-probatórias
inerentes à causa e concluiu pela abusividade da negativa de cobertura do
procedimento, considerando estar comprovado nos autos que este foi devidamente
prescrito por médico, em circunstâncias que reforçam a existência de excepcional
necessidade de cobertura do tratamento.

Por esse motivo, para se desconstituir as premissas firmadas no acórdão


recorrido, seria necessário perquirir se haveria outro procedimento eficaz para o
tratamento da patologia que acomete a recorrida, ponderação que demandaria,
inevitavelmente, o reexame do acervo fático-probatório dos autos, o que é obstado, em
recurso especial, pelo enunciado da Súmula nº7 do STJ.
Nesse sentido, confiram-se os precedentes:

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO


ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC. AÇÃO
DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS . PLANO DE SAÚDE. DEVER DE COBERTURA DE
TRATAMENTO QUE NÃO CONSTA NO ROL DA ANS. SITUAÇÃO
EXCEPCIONAL. INVIABILIDADE DE REEXAME. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA N.º 7 DO STJ. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO INTERNO
NÃO PROVIDO.
1. Aplica-se o NCPC a este recurso ante os termos do Enunciado
Administrativo n.º 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de
9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015
(relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016)
serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do
novo CPC.
2. O Colegiado estadual julgou a lide de acordo com a convicção
formada pelos elementos fáticos existentes nos autos, concluindo pela
injusta negativa de cobertura ao tratamento médico solicitado, uma vez
que o tratamento de saúde foi apurado tecnicamente como
imprescindível e urgente. Portanto, qualquer alteração nesse quadro
demandaria o reexame de todo o conjunto probatório, o que é vedado
a esta Corte ante o óbice da Súmula n.º 7 do STJ.
3. Não sendo a linha argumentativa apresentada capaz de evidenciar a
inadequação dos fundamentos invocados pela decisão agravada, o
presente agravo não se revela apto a alterar o conteúdo do julgado
impugnado, devendo ele ser integralmente mantido em seus próprios
termos.
4. Agravo interno não provido.
(AgInt no REsp n. 2.003.561/PR, minha relatoria, Terceira Turma,
julgado em 19/9/2022, DJe de 21/9/2022.)

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. TRATAMENTO "OFF-
LABEL" INDICADO POR MÉDICO ASSISTENTE. COBERTURA
DEVIDA. DECISÃO DE ACORDO COM A JURISPRUDÊNCIA DO
STJ. ALTERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE
REEXAME DE FATOS E PROVAS. PREVISÃO CONTRATUAL DE
COBERTURA DA DOENÇA DO CONSUMIDOR. SÚMULAS N. 5 E 7
DO STJ. MEDICAMENTO NÃO PREVISTO NO ROL DA ANS.
COBERTURA EXCEPCIONAL. POSSIBILIDADE. DECISÃO
MANTIDA.
1. Nos termos da jurisprudência desta Corte, é abusiva a negativa de
cobertura de plano de saúde quando a doença do paciente não
constar na bula do medicamento prescrito pelo médico que ministra o
tratamento (uso "off-label") (AgInt no AREsp 1.713.784/SP, Relator
Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 15/3/2021,
DJe 7/4/2021).
2. O recurso especial não comporta exame de questões que impliquem
revolvimento do contexto fático-probatório dos autos e revisão das
cláusulas contratuais (Súmulas n. 5 e 7 do STJ).
3. No caso concreto, para alterar o entendimento do Tribunal de
origem, quanto à ocorrência do dano moral, além do referente à
existência de previsão contratual de cobertura para a doença que
atingiu o consumidor, seria necessário o reexame dos fatos e das
provas dos autos, bem como a revisão das cláusulas contratuais.
4. Cumpre observar os seguintes parâmetros objetivos para admitir,
em hipóteses excepcionais e restritas, o afastamento das limitações
contidas na lista da ANS: "1 - o Rol de Procedimentos e Eventos em
Saúde Suplementar é, em regra, taxativo; 2 - a operadora de plano ou
seguro de saúde não é obrigada a arcar com tratamento não constante
do Rol da ANS se existe, para a cura do paciente, outro procedimento
eficaz, efetivo e seguro já incorporado à lista; 3 - é possível a
contratação de cobertura ampliada ou a negociação de aditivo
contratual para a cobertura de procedimento extrarrol; 4 - não havendo
substituto terapêutico ou estando esgotados os procedimentos do Rol
da ANS, pode haver, a título de excepcionalidade, a cobertura do
tratamento indicado pelo médico ou odontólogo-assistente, desde que
(i) não tenha sido indeferida expressamente pela ANS a incorporação
do procedimento ao Rol da Saúde Suplementar; (ii) haja comprovação
da eficácia do tratamento à luz da medicina baseada em evidências;
(iii) haja recomendações de órgãos técnicos de renome nacionais
(como Conitec e NatJus) e estrangeiros; e (iv) seja realizado, quando
possível, o diálogo interinstitucional do magistrado com entes ou
pessoas com expertise na área da saúde, incluída a Comissão de
Atualização do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde
Suplementar, sem deslocamento da competência do julgamento do
feito para a Justiça Federal, ante a ilegitimidade passiva ad causam da
ANS" (EREsp n. 1.886.929/SP, Relator Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 8/6/2022, DJe de
3/8/2022).
5. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp n. 2.043.366/CE, relator Ministro Antonio Carlos
Ferreira, Quarta Turma, julgado em 29/8/2022, DJe de 31/8/2022.)

(2) Dos danos morais


Quanto à indenização por danos morais, é consolidado no STJ o
entendimento no sentido de que a negativa indevida de cobertura de plano
de saúde, por si só, não gera dano moral, devendo-se verificar as peculiaridades do
caso concreto, avaliando se a conduta ilícita ultrapassou o mero inadimplemento
contratual.

Nesse sentido, confiram-se os precedentes:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PLANO


DE SAÚDE. NEGATIVA DE COBERTURA DE EXAME MÉDICO.
PREJUÍZO AO PACIENTE. DANO MORAL CONFIGURADO.
REVISÃO DO JULGADO. SÚMULA 7/STJ. VALOR INDENIZATÓRIO.
FIXAÇÃO EM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA
RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. SÚMULA N. 7/STJ.
VALOR DA MULTA DIÁRIA. REDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA N. 7/STJ. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
1. Nos termos da jurisprudência desta Corte, a negativa indevida de
plano de saúde para cobertura das despesas com tratamento médico
do segurado não configura, de imediato, dano moral indenizável,
devendo a possível reparação ser verificada com base no caso
concreto, diante da constatação de situação que aponte a afronta a
direito da personalidade.
2. No caso, o Tribunal de origem consignou que, diante da recusa da
operadora do plano de saúde em custear o exame médico requerido,
houve agravamento da situação de aflição psicológica e de angústia
experimentada pela parte recorrida. Nesse contexto, a alteração das
conclusões adotadas pela Corte de origem (quanto à afronta a direito
da personalidade do autor e à ocorrência de danos morais
indenizáveis) demandaria, necessariamente, novo exame do acervo
fático-probatório constante dos autos, providência vedada em recurso
especial, conforme a Súmula 7/STJ.
3. No tocante ao valor fixado a título de indenização por danos morais,
nos termos da jurisprudência deste Tribunal, o montante estabelecido
pelas instâncias ordinárias pode ser revisto tão somente nas hipóteses
em que a condenação se revelar irrisória ou exorbitante, distanciando-
se dos padrões de razoabilidade, o que não se evidencia no presente
caso, de maneira que a sua revisão encontra óbice na Súmula 7/STJ.
4. A alteração do entendimento adotado pela Corte de origem no que
concerne ao cabimento e à proporcionalidade da multa diária imposta
pelo descumprimento da determinação judicial demandaria,
necessariamente, o reexame de fatos e provas constantes dos autos,
o que se mostra impossível ante a natureza excepcional da via eleita,
consoante enunciado da Súmula n. 7 do Superior Tribunal de Justiça.
5. Agravo interno desprovido.
(AgInt no AREsp n. 1.880.329/RJ, relator Ministro Marco Aurélio
Bellizze, Terceira Turma, julgado em 20/9/2021, DJe de 22/9/2021.)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO


ESPECIAL. AÇÃO COMINATÓRIA C/C COMPENSAÇÃO POR
DANOS MORAIS. CONTRATO DE PLANO DE SAÚDE. NEGATIVA
DE COBERTURA DE TRATAMENTO INDEVIDA. AUSÊNCIA DE
AGRAVAMENTO DA SITUAÇÃO. DANO MORAL NÃO
CONFIGURADO.
1. Cuida-se, na origem, de ação cominatória, na qual se imputa à
operadora de plano de saúde a conduta abusiva de negar o custeio do
tratamento indicado para a doença que acomete o beneficiário
(paralisia cerebral).
2. Segundo a jurisprudência do STJ, o descumprimento contratual, por
parte da operadora de plano de saúde, que implica negativa ilegítima
de cobertura para procedimento médico, somente enseja reparação a
título de danos morais quando trouxer agravamento da condição de
dor, abalo psicológico e prejuízos à saúde já debilitada do paciente.
Precedentes.
3. Agravo interno não provido.
(AgInt no REsp n. 1.974.686/PB, relatora Ministra Nancy Andrighi,
Terceira Turma, julgado em 11/4/2022, DJe de 18/4/2022.)

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PLANO


DE SAÚDE. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO HOME CARE.
TRATAMENTO PRESCRITO POR PROFISSIONAL HABILITADO.
RECUSA INDEVIDA. MERO INADIMPLEMENTO CONTRATUAL.
DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. AGRAVO INTERNO
PROVIDO. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.
1. De acordo com a jurisprudência desta Corte Superior, o
descumprimento contratual por parte da operadora de saúde, que
culmina em negativa de cobertura para procedimento de saúde,
somente enseja reparação a título de danos morais quando houver
agravamento da condição de dor, abalo psicológico ou prejuízos à
saúde já debilitada do paciente, o que não ficou evidenciado no caso
dos autos.
2. Estando a decisão de acordo com a jurisprudência desta Corte, o
recurso especial encontra óbice na Súmula 83/STJ.
3. Agravo interno provido para reconsiderar a decisão agravada e, em
novo exame, conhecer do agravo para negar provimento ao recurso
especial.
(AgInt no AREsp n. 1.185.578/SP, relator Ministro Raul Araújo, Quarta
Turma, julgado em 3/10/2022, DJe de 14/10/2022.)

No caso dos autos, o TJSP consignou o seguinte:

No caso, o autor era idoso, ficou internado aguardando a autorização


da operadora para o procedimento que foi solicitado em maio de
2018,sofrendo riscos de agravamento da enfermidade e, ainda,
recebeu a negativa que se mostrou injustificada. Somente conseguiu
realizar o procedimento por meio do ajuizamento da ação e
deferimento de liminar em junho de 2018.

O falecimento do paciente ocorrido durante o procedimento ressalta a


urgência e delicadeza de seu estado de saúde.

Evidente, portanto, que tais fatos não se equiparam a mero


aborrecimento do dia a dia. (e-STJ, fl. 287)

Conforme se nota, a a alteração das conclusões adotadas pela Corte


estadual demandaria, novo exame do acervo fático-probatório constante dos autos,
providência vedada em recurso especial, conforme a Súmula n.º 7 do STJ.

Dessarte, mantém-se a decisão proferida, por não haver motivos para sua
alteração.

Nessas condições, pelo meu voto, NEGO PROVIMENTO ao agravo interno.


TERMO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
AgInt no REsp 2.023.448 / SP
Número Registro: 2022/0271467-9 PROCESSO ELETRÔNICO

Número de Origem:
10614638720188260100 1061463872018826010050000 20210000832521 20210000964948

Sessão Virtual de 16/11/2022 a 22/11/2022

Relator do AgInt
Exmo. Sr. Ministro MOURA RIBEIRO

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA

Secretário
Bel. WALFLAN TAVARES DE ARAUJO

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : SUL AMERICA COMPANHIA DE SEGURO SAUDE


ADVOGADOS : BRUNO HENRIQUE DE OLIVEIRA VANDERLEI - PE021678
JOSAFÁ PARANHOS DE MELO - PE028849
BRUNO HENRIQUE DE OLIVEIRA VANDERLEI - SP404302
RECORRIDO : HANS SIGISMUND ISRAEL BERGMANN - ESPÓLIO
REPR. POR : HERBERTO BERGMANN
REPR. POR : LIA REGINA BERGMANN
ADVOGADO : ALEXANDER BRENER - SP249901

ASSUNTO : DIREITO DA SAÚDE - SUPLEMENTAR - PLANOS DE SAÚDE - TRATAMENTO


MÉDICO-HOSPITALAR

AGRAVO INTERNO

AGRAVANTE : SUL AMERICA COMPANHIA DE SEGURO SAUDE


ADVOGADOS : BRUNO HENRIQUE DE OLIVEIRA VANDERLEI - PE021678
JOSAFÁ PARANHOS DE MELO - PE028849
BRUNO HENRIQUE DE OLIVEIRA VANDERLEI - SP404302
AGRAVADO : HANS SIGISMUND ISRAEL BERGMANN - ESPÓLIO
REPR. POR : HERBERTO BERGMANN
REPR. POR : LIA REGINA BERGMANN
ADVOGADO : ALEXANDER BRENER - SP249901
TERMO

A TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de 16/11/2022 a 22


/11/2022, por unanimidade, decidiu negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro
Relator.
Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bôas Cueva e
Marco Aurélio Bellizze votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva.

Brasília, 23 de novembro de 2022

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