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EMENTA
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os
Ministros da QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de
08/11/2022 a 14/11/2022, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso, nos termos do
voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Maria Isabel Gallotti, Antonio Carlos
Ferreira e Marco Buzzi votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Raul Araújo.
RELATÓRIO
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Superior Tribunal de Justiça
AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.982.261 - SP (2021/0287080-1)
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AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.982.261 - SP (2021/0287080-1)
VOTO
Nas razões do recurso especial, a ora agravante aponta ofensa aos artigos 186, 421,
422 e 927 do Código Civil. Para tanto, sustenta, em síntese, a) "a Recorrente não pode ser
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compelida a custear tratamento sugerido pelo Recorrido sem a mínima observação aos ditames
contratuais. Resta evidente, que a Recorrente sempre agiu de boa fé e dentre dos limites legais e
contratuais, ao contrário do Recorrido, que buscou por local de tratamento por livre e
espontânea vontade" (fl. 1.173); e b) " não houve qualquer tipo de ilícito pela Recorrente, que tão
somente pautou sua conduta pelo contrato firmado entre as partes" (fl. 1.174).
Opostos embargos de declaração, foram rejeitados às fls. 1.191/1.194.
Na hipótese, no que diz respeito ao reembolso das despesas de internação, o
Tribunal de origem manifestou-se nos seguintes termos:
"As operadoras demandadas não se negam à cobertura do tratamento, mas
revelam que deve ser realizado em centro médico conveniado, nos limites do
contrato, e não naquele elegido pelo consumidor, bem como que seria
exigível a cobrança de custos de coparticipação após os primeiros trinta dias
de internação.
De fato, razão lhes assiste, ainda que em parte.
É inconteste a exigência médica da internação, bem como o fato de que o
autor buscou a existência de estabelecimentos conveniados para gozo do
tratamento psicoterápico, obtendo o protocolo de atendimento nº
32630520171211117807, consoante foi genericamente contrariada pela
corré INTERMÉDICA em sede de contestação (fls. 405/406).
Desta feita, resulta claro, ao mínimo, a carência de informação acerca de
profissionais ou instituições da rede credenciada que poderiam garantir a
cobertura à terapêutica exigida, o que equivale, às claras, à negativa de
cobertura da enfermidade que a acomete.
Por conseguinte, cabível ao consumidor buscar opções fora da rede
credenciada, sendo reembolsado pelas despesas médicas de internação."
(e-STJ, fls. 1.159/1.160)
Por fim, o eg. Tribunal a quo, no que tange aos danos morais, manifestou-se nos
seguintes termos:
"Ademais, o dano moral, no caso dos autos, é considerado in re ipsa, sem
necessidade de específica comprovação.
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A respeito da quantificação da lesão moral, entretanto, inexiste critério fixo e
determinado, devendo ser observada a peculiaridade do caso concreto,
levando-se em consideração as condições do ofendido, do ofensor e do bem
jurídico lesado. Tal indenização deve satisfazer a vítima na justa medida do
abalo sofrido, não podendo ser fixada em valor tão alto que se converta a
dor em fonte de enriquecimento sem causa do ofendido, nem em quantia tão
irrisória que não reprima a ocorrência de eventos da mesma natureza. Na
espécie, com fundamento na norma do artigo 944 do Código Civil,
configura-se adequado o montante indenizatório fixado em R$ 2.000,00
(dois mil reais), de modo a atender aos princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade que norteiam o arbitramento do quantum indenizatório, não
se revelando “manifestamente exagerado ou irrisório” (RT 814/167), senão
inclusive inferior aos valores arbitrados por esta turma julgadora em casos
semelhantes." (fls. 971/972)
Portanto, em que pese a negativa de cobertura, não foi referida situação capaz de
colocar em risco a integridade física e psíquica do autor, ora agravante, ou gerar-lhe abalo
psíquico que ultrapassasse o mero dissabor pelo inadimplemento contratual.
Dessa forma, é imperiosa a reforma do aresto recorrido, no ponto.
Ante o exposto, reconsiderando a decisão agravada, dou provimento ao agravo
interno para conhecer do agravo (AREsp) e dar parcial provimento ao recurso especial, a fim de
afastar a condenação da parte recorrente ao pagamento de indenização por danos morais.
É como voto.
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TERMO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
AgInt no AREsp 1.982.261 / SP
Número Registro: 2021/0287080-1 PROCESSO ELETRÔNICO
Número de Origem:
10112243220178260127 201902515993
Relator do AgInt
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO
Secretário
Dra. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI
AUTUAÇÃO
AGRAVO INTERNO
TERMO
A QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de 08/11/2022 a 14/11
/2022, por unanimidade, decidiu dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro
Relator.
Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Maria Isabel Gallotti, Antonio Carlos Ferreira e
Marco Buzzi votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Raul Araújo.