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(2019/0168364-7)
RELATOR : MINISTRO RAUL ARAÚJO
AGRAVANTE : LUIZ FERNANDO PASCARELLI CUNHA BRITO
ADVOGADOS : CARLOS RICARDO PARENTE SETTANNI E
OUTRO(S) - SP172308
CARLOS ALBERTO PARENTE SETTANNI -
SPO279084
AGRAVADO : HYUNDAI CAOA DO BRASIL LTDA
REPR. POR : CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA ANDRADE
ADVOGADOS : TATYANA BOTELHO ANDRÉ E OUTRO(S) - SP170219
DIEGO SABATELLO COZZE - SP252802
LARISSA VILAÇA BERTONI - SP319635
EMENTA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
B2
AREsp 1521140 Petição : 347036/2020
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Superior Tribunal de Justiça
interno (fl. 719).
É o relatório.
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Superior Tribunal de Justiça
AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.521.140 - SP (2019/0168364-7)
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AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.521.140 - SP (2019/0168364-7)
VOTO
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admissibilidade exigido para o conhecimento do recurso especial, o Tribunal de origem deve
emitir juízo de valor acerca dos dispositivos legais, ao decidir por sua aplicação ou afastamento no
caso concreto, extraindo-se do acórdão recorrido pronunciamento sobre as teses jurídicas em torno
dos dispositivos legais tidos como violados, a fim de que se possa, na instância especial, abrir
discussão sobre a questão de direito, definindo-se a correta interpretação da legislação federal.
A jurisprudência desta Corte admite o prequestionamento implícito, em que não há
menção expressa aos dispositivos, entretanto, mesmo nessa modalidade, deve ocorrer o debate da
tese e do conteúdo da norma tida como vulnerada, o que não ocorreu na hipótese, uma vez que o
Tribunal a quo não analisou a teses de transferência do ônus probatório ao autor, ainda que
deferida a inversão pela sentença e excesso e má-fé da recorrida na condução do contrato, sequer
para afastá-las. A propósito, colhem-se os seguintes precedentes:
"AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DECISÃO
EXTRA PETITA. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS N.
282 E 356 DO STF. PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO. AUSÊNCIA.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE
DISPOSITIVO LEGAL. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA N.
284 DO STF. DECISÃO MANTIDA.
1. Ausente o enfrentamento da matéria pelo acórdão recorrido, inviável o
conhecimento do recurso especial, por falta de prequestionamento.
Incidência das Súmulas n. 282 e 356 do STF.
2. O prequestionamento implícito pressupõe que a Corte local decida a
matéria com base nos dispositivos legais tidos por violados, ainda que não
lhes faça menção expressa, o que não ocorreu no presente caso.
3. O conhecimento do recurso especial fundamentado na alínea "c" do
permissivo constitucional exige a indicação dos dispositivos legais que
supostamente foram objeto de interpretação divergente. Ausente tal
requisito, incide a Súmula n. 284/STF.
4. Agravo interno a que se nega provimento."
(AgInt no AgInt nos EDcl no AREsp 1.430.535/SP, Rel. Ministro
ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em
30/09/2019, DJe de 03/10/2019, g.n.)
No que tange à prova emprestada, esta Corte entende que, desde que observado o
contraditório e a ampla defesa, é válida a utilização da prova emprestada, independentemente da
identidade de partes. Nesse sentido:
"PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. JULGAMENTO POR DECISÃO
MONOCRÁTICA. POSSIBILIDADE. APRECIAÇÃO DE TODAS AS
QUESTÕES RELEVANTES DA LIDE PELO TRIBUNAL DE ORIGEM.
PROVA EMPRESTADA. OBSERVÂNCIA DO CONTRADITÓRIO.
REDIMENSIONAMENTO DA VERBA HONORÁRIA. SUCUMBÊNCIA
RECÍPROCA. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS
AUTOS. INADMISSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7/STJ.
AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO
RECORRIDO. SÚMULA N. 283/STF. DECISÃO MANTIDA.
1. Nos termos da jurisprudência desta Corte, é possível ao relator o
julgamento monocrático de recurso inadmissível. Ademais, a interposição do
agravo interno, e seu consequente julgamento pelo órgão colegiado, afasta a
alegação de ofensa ao princípio da colegialidade.
2. Esta Corte entende que "independentemente de haver identidade de
partes, o contraditório é o requisito primordial para o aproveitamento da
prova emprestada, de maneira que, assegurado às partes o contraditório
sobre a prova, isto é, o direito de se insurgir contra a prova e de refutá-la
adequadamente, afigura-se válido o empréstimo" (EREsp n. 617.428/SP,
rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL, julgado em
4/6/2014, DJe 17/6/2014).
3. O recurso especial não comporta exame de questões que impliquem
revolvimento do contexto fático-probatório dos autos, a teor do que dispõe a
Súmula n. 7/STJ.
4. Somente em hipóteses excepcionais, quando irrisório ou exorbitante o
valor da indenização por danos morais arbitrado na origem, a
jurisprudência desta Corte permite o afastamento do referido óbice, para
possibilitar a revisão. No caso, o valor estabelecido pelo Tribunal de origem
não se mostra excessivo, a justificar sua reavaliação em recurso especial.
5. O recurso especial que não impugna fundamento do acórdão recorrido
suficiente para mantê-lo não deve ser admitido, a teor da Súmula n.
283/STF.
6. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 972.929/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS
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FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 27/05/2019, DJe
30/05/2019, g.n.)
Dessa forma, tendo o Tribunal a quo expressamente indicado que foi assegurado às
partes o contraditório a respeito da prova, para se alterar tal entendimento seria necessário realizar
o reexame do conjunto fático-probatório dos autos, o que é vedado pela Súmula 7/STJ.
No mérito, a iterativa jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que, nos
casos em que constatado vício de qualidade ou quantidade no produto, que o torne impróprio ou
inadequado para o consumo, o § 1º do artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor concede ao
fornecedor a oportunidade de saná-lo, no prazo de 30 dias, sendo facultado ao consumidor, em
caso de não reparação do defeito, optar por uma dentre três alternativas: a substituição do produto
por outro da mesma espécie em perfeitas condições de uso, a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos, ou o abatimento
proporcional do preço. Nessa linha de intelecção, confiram-se:
"AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR
DANOS MATERIAIS E MORAIS. 1. ALEGAÇÕES DE
INAPLICABILIDADE DO CDC, DE DESCABIMENTO DA
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SUBSTITUIÇÃO DO VEÍCULO ADQUIRIDO PELO RECORRIDO E DE
INEXISTÊNCIA DE DANOS MATERIAIS E MORAIS.
IMPOSSIBILIDADE DE ACOLHIMENTO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA
7/STJ. 2. SUBSTITUIÇÃO DO AUTOMÓVEL. DEFEITOS NÃO
DIRIMIDOS. FACULDADE DA PARTE ADQUIRENTE. TROCA POR
OUTRO DE MESMA ESPÉCIE E VALOR DO BEM PAGO À ÉPOCA
PELO CONSUMIDOR. MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO.
3. DANOS MORAIS. MONTANTE INDENIZATÓRIO. ADEQUAÇÃO
EVIDENCIADA. ALTERAÇÃO. DESCABIMENTO. APLICAÇÃO DA
SÚMULA 7/STJ. 4. REQUERIMENTO DA PARTE AGRAVADA DE
APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO § 4º DO ART. 1.021 DO
CPC/2015. NÃO CABIMENTO NA HIPÓTESE. 5. AGRAVO
DESPROVIDO.
1. A modificação da conclusão exarada no aresto hostilizado (a respeito da
inaplicabilidade do CDC, da ausência de defeito hábil a justificar a
substituição do veículo e da afirmativa de inexistência de danos materiais e
morais), demandaria necessariamente o reexame do conjunto de fatos e
provas do respectivo processo, o que é vedado no âmbito do recurso
especial, em decorrência do disposto na Súmula 7/STJ.
2. Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, constado
vício que torne o bem impróprio para o consumo a que foi destinado, após
oportunizado ao fornecedor a possibilidade de reparação, surge para o
consumidor o direito de pleitear a substituição do bem, a devolução do
valor já pago ou o abatimento do preço, sendo a escolha exercida com
base em critério de conveniência por ele realizado. Precedente.
3. O quantum indenizatório arbitrado na instância ordinária, a título de
danos morais, só pode ser examinado nesta Corte nos casos em que for
irrisório ou exorbitante, o que não ocorre no caso dos autos, haja vista que
os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade foram observados.
Incidência da Súmula 7/STJ.
4. A aplicação da multa prevista no § 4º do art. 1.021 do CPC/2015 não é
automática, não se tratando de mera decorrência lógica do desprovimento
do agravo interno em votação unânime. A condenação da parte agravante
ao pagamento da aludida multa, a ser analisada em cada caso concreto, em
decisão fundamentada, pressupõe que o agravo interno mostre-se
manifestamente inadmissível ou que sua improcedência seja de tal forma
evidente que a simples interposição do recurso possa ser tida, de plano,
como abusiva ou protelatória, o que, contudo, não se verifica na hipótese
ora examinada.
5. Agravo interno desprovido."
(AgInt no AREsp 1492400/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/10/2019, DJe
22/10/2019, g.n.)
Dessa forma, tendo em vista que o Tribunal Estadual expressamente consignou que
não foi comprovado nenhum fato extraordinário que tenha ofendido os direitos de personalidade
do recorrente, tampouco foi invocada pelo autor circunstância extraordinária que tenha causado
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angústia ou abalo psicológico de modo a configurar dano moral, não há como se afastar o óbice da
Súmula 83/STJ.
Por fim, no que tange à aplicação da multa prevista no art. 1.026, § 2º, do
CPC/2015, no presente caso, também se mostra irretocável, uma vez que os segundos embargos
de declaração, com o propósito de rediscutir questão já exaurida nos primeiros aclaratórios,
revelam o caráter de procrastinação do recurso, o que autoriza a imposição da multa lastreada no
art. 1.026, § 2º, do novo CPC. A propósito, confiram-se:
"AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DOS
ARTS. 165, 458 E 535 DO CPC/73. NÃO OCORRÊNCIA. EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO OPOSTOS NA INSTÂNCIA A QUO
CONSIDERADOS PROTELATÓRIOS. MULTA DO PARÁGRAFO
ÚNICO DO ART. 538 DO CPC/73. POSSIBILIDADE. AGRAVO
DESPROVIDO.
1. Rejeita-se a apontada violação ao art. 535 do CPC/73, pois o v. acórdão
a quo não possui vício de omissão, obscuridade ou contradição, mas mero
julgamento em desconformidade com os interesses do agravante.
2. É possível aplicar a multa do art. 538 do CPC/73 quando a parte
pretende rediscutir, nos segundos embargos, tese atinente a matéria
rejeitada e acobertada pela preclusão.
3. Agravo interno a que se nega provimento."
(AgInt no AREsp 1210716/PR, Rel. Ministro LÁZARO GUIMARÃES -
DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO -, QUARTA
TURMA, DJe 26/04/2018, g.n.)
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TERMO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
AgInt no AREsp 1.521.140 / SP
Número Registro: 2019/0168364-7 PROCESSO ELETRÔNICO
Número de Origem:
00295935420128260002 0020387-79.2013.8.26.0002 1486/2012 295935420128260002 203877920138260002
14862012
Relator do AgInt
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MARCO BUZZI
AUTUAÇÃO
AGRAVO INTERNO
TERMO
A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, decidiu negar provimento ao
recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Luis Felipe Salomão, Maria Isabel Gallotti, Antonio Carlos Ferreira e Marco
Buzzi votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Marco Buzzi.