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AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1873390 - RS (2020/0108050-6)

RELATOR : MINISTRO MARCO BUZZI


AGRAVANTE : OI S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL
ADVOGADOS : LUCIANA RODRIGUES FIALHO DE SOUZA - RS074531A
ALESSANDRA FAGUNDES ATIENSE - RS070188
GISELA VIEIRA LORENZONI - RS067350
AGRAVADO : JOSE ANADIR ROLIM DE OLIVEIRA
ADVOGADOS : HUMBERTO LODI CHAVES - RS063524
TIAGO ALEXANDRE BELTRAME - RS066196

EMENTA

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AUTOS DE


AGRAVO DE INSTRUMENTO NA ORIGEM - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO RECLAMO.
INSURGÊNCIA DA AGRAVANTE.

1. A Corte de origem dirimiu a matéria submetida à sua


apreciação, manifestando-se expressamente acerca dos temas
necessários à integral solução da lide, de modo que, ausente
qualquer omissão, contradição ou obscuridade no aresto
recorrido, não se verifica a ofensa aos artigo 1.022 do CPC/15.

2. Nas hipóteses em que o crédito se submete aos efeitos da


recuperação judicial, o credor não incluído no quadro geral de
credores pode optar por utilizar a habilitação retardatária ou
aguardar o término da recuperação para prosseguir com a
execução individual de seu crédito.

3. Agravo interno desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Luis Felipe Salomão, Raul Araújo, Maria Isabel Gallotti e
Antonio Carlos Ferreira votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Marco Buzzi.

Brasília, 31 de maio de 2021.


MINISTRO MARCO BUZZI
Relator
AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1873390 - RS (2020/0108050-6)

RELATOR : MINISTRO MARCO BUZZI


AGRAVANTE : OI S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL
ADVOGADOS : LUCIANA RODRIGUES FIALHO DE SOUZA - RS074531A
ALESSANDRA FAGUNDES ATIENSE - RS070188
GISELA VIEIRA LORENZONI - RS067350
AGRAVADO : JOSE ANADIR ROLIM DE OLIVEIRA
ADVOGADOS : HUMBERTO LODI CHAVES - RS063524
TIAGO ALEXANDRE BELTRAME - RS066196

EMENTA

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AUTOS DE


AGRAVO DE INSTRUMENTO NA ORIGEM - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO RECLAMO.
INSURGÊNCIA DA AGRAVANTE.

1. A Corte de origem dirimiu a matéria submetida à sua


apreciação, manifestando-se expressamente acerca dos temas
necessários à integral solução da lide, de modo que, ausente
qualquer omissão, contradição ou obscuridade no aresto
recorrido, não se verifica a ofensa aos artigo 1.022 do CPC/15.

2. Nas hipóteses em que o crédito se submete aos efeitos da


recuperação judicial, o credor não incluído no quadro geral de
credores pode optar por utilizar a habilitação retardatária ou
aguardar o término da recuperação para prosseguir com a
execução individual de seu crédito.

3. Agravo interno desprovido.

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO MARCO BUZZI (Relator): Trata-se de agravo


interno interposto por OI S.A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL, contra decisão
monocrática de fls. 517-520 (e-STJ), a qual negou provimento ao recurso especial
interposto pela parte ora recorrente.

O apelo extremo, fundamentado nas alíneas "a" e "c" do permissivo


constitucional, desafiou, a seu turno, acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do
Estado do Rio Grande do Sul, assim sintetizado (fls. 335-342, e-STJ):
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO.
BRASIL TELECOM. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. CRÉDITO CONCURSAL. HABILITAÇÃO RETARDATÁRIA.
FACULDADE AO CREDOR.

A habilitação do crédito é uma faculdade ao credor e jamais uma imposição, até


porque a execução tramita no real interesse do credor .Os artigos 7º e 9º da Lei
11.101/05 facultam ao credor o pedido de habilitação do crédito na recuperação
judicial sendo, portanto, descabida a imposição ante a possibilidade de após o
encerramento da recuperação judicial, buscar o seu crédito. Precedente do
STJ.AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO.

Opostos embargos de declaração, restaram rejeitados (fls. 364-377, e-STJ).

Nas razões do recurso especial (fls. 387-403, e-STJ), a recorrente apontou,


além de dissídio jurisprudencial, violação, pelo aresto estadual, aos arts. 6, § 1.º, 7.º,
47, 49 e 59 da Lei nº 11.101/2005 e art. 1.022, inciso II, do Código de Processo Civil de
2015

Sustentou, em síntese, negativa de prestação jurisdicional e que o Tribunal


de origem não poderia ter determinado a suspensão do feito até o término da
recuperação judicial, para, após, o cumprimento de sentença prosseguir com a
execução individual, por violar diretamente o princípio da par conditio creditorum.
Aduziu que, querendo receber o crédito concursal, o credor obrigatoriamente deverá
habilitá-lo nos autos do processo de recuperação.
Contrarrazões às fls. 424-435, e-STJ.
Após decisão de admissão do recurso especial (fls. 452-466, e-STJ), os
autos ascenderam a esta egrégia Corte de Justiça.

Por decisão monocrática (fls. 517-520, e-STJ), este signatário negou


provimento ao recurso especial, com amparo no enunciado contido na Súmula 83/STJ
e por ausência de negativa de prestação jurisdicional.

Em suas razões de agravo interno (fls. 525-539, e-STJ), a recorrente refuta


os fundamentos em que se lastreou o decisum hostilizado, oportunidade em que
reafirma os argumentos deduzidos no apelo nobre.

Impugnação às fls. 542-566, e-STJ.

É o relatório.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO MARCO BUZZI (Relator): O presente recurso não


merece prosperar, porquanto as razões expendidas pela parte agravante são
insuficientes a derruir a fundamentação do decisum ora impugnado, motivo pelo qual
ele merece ser mantido na íntegra por seus próprios fundamentos.

1. Consoante a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, não se


pode confundir decisão contrária ao interesse da parte com ausência de
fundamentação ou negativa de prestação jurisdicional. Saliente-se, ademais, que o
magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte,
desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão,
como de fato ocorreu na hipótese dos autos.

Assim, a apontada violação ao art. 1.022 do CPC/15 não se efetivou no caso


dos autos, uma vez que não se vislumbra omissão, obscuridade ou contradição no
acórdão recorrido capaz de tornar nula a decisão impugnada no especial, porquanto a
Corte de origem apreciou a demanda de modo suficiente, havendo se pronunciado
acerca de todas as questões relevantes.

Nesse sentido:
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE
CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. OFENSA AOS ARTS. 165, 458, II, E
535, I E II, DO CPC DE 1973. IMPROCEDÊNCIA DA ARGUIÇÃO.
ACIDENTE AMBIENTAL. CONTAMINAÇÃO DO SOLO E DAS ÁGUAS
SUBTERRÂNEAS. DOENÇA GRAVE. PRAZO PRESCRICIONAL.
TERMO A QUO. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DOS EFEITOS DANOSOS À
SAÚDE. SÚMULA N. 83/STJ. RECURSO NÃO PROVIDO.
1. Improcede a arguição de ofensa aos arts. 165, 458, II, e 535, I e II, do
CPC de 1973, quando o Tribunal de origem se pronuncia, de forma
motivada e suficiente, sobre as questões relevantes e necessárias ao
deslinde do litígio.
[...]
4. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no REsp 1478280/RS,
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
08/08/2017, DJe 15/08/2017)
2. Com efeito, mesmo nas hipóteses em que o crédito se submete aos
efeitos da recuperação judicial, conforme reconhecido na decisão recorrida, o credor
não incluído no quadro geral de credores pode optar por utilizar a habilitação
retardatária ou aguardar o término da recuperação para prosseguir com a execução
individual de seu crédito.

A propósito:
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
OI S.A. CONTRATO DE PARTICIPAÇÃO FINANCEIRA. RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. HABILITAÇÃO DO CRÉDITO. FACULDADE DO CREDOR.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código
de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ).
2. Nas hipóteses em que o crédito se submete aos efeitos da recuperação
judicial, o credor não incluído no quadro geral de credores pode optar por utilizar
a habilitação retardatária ou aguardar o término da recuperação para prosseguir
com a execução individual de seu crédito.
3. Agravo interno não provido. (AgInt no REsp 1873408 / RS, Rel. Min.
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/12/2020,
DJe 18/12/2020)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


INDENIZATÓRIA EM FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.
SUBSCRIÇÃO DE AÇÕES. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. NÃO
OCORRÊNCIA. HABILITAÇÃO RETARDATÁRIA. FACULDADE DO CREDOR
PRETERIDO. HARMONIA ENTRE O ACÓRDÃO RECORRIDO E A
JURISPRUDÊNCIA DO STJ.

1. Ação indenizatória em fase de cumprimento de sentença em razão de contrato


de participação financeira.

2. Ausentes os vícios do art. 1022 do CPC, rejeitam-se os embargos de


declaração.

3. Na habilitação retardatária, constitui faculdade do credor inserir o seu crédito


no quadro geral de credores. Precedentes.
4. Agravo interno não provido" (AgInt no REsp 1.869.192/RS, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/06/2020, DJe
18/06/2020).

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. IMPUGNAÇÃO


AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PENHORA.
LEVANTAMENTO INTEGRAL DE VALORES. SÚMULAS 7 DO STJ E 283 DO
STF. HABILITAÇÃO RETARDATÁRIA. FACULDADE. FALTA DE INTERESSE
RECURSAL. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. AGRAVO
NÃO PROVIDO.
1. "O fato de haver penhora anterior ao pedido de recuperação judicial, em nada
afeta a competência do Juízo Universal para deliberar acerca da destinação do
patrimônio da empresa suscitante, em obediência ao princípio da preservação da
empresa" (AgInt no CC 152.153/MG, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Segunda
Seção, julgado em 13/12/2017, DJe 15/12/2017) 2. O exame da pretensão
recursal de reforma do v. acórdão recorrido exigiria a alteração das premissas
fático-probatórias estabelecidas pelo acórdão, o que é vedado em sede de
recurso especial, nos termos da Súmula 7 do STJ.
3. A subsistência de fundamento inatacado apto a manter a conclusão do aresto
impugnado impõe o não-conhecimento da pretensão recursal, a teor do
entendimento disposto na Súmula nº 283/STF: "É inadmissível o recurso
extraordinário quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento
suficiente e o recurso não abrange todos eles.".
4. Quanto à alegação de que o credor possui faculdade de realizar a habilitação
retardatária, o entendimento da Corte local está no mesmo sentido da pretensão
da parte agravante, carecendo de interesse recursal no ponto.
5. O dissídio jurisprudencial não foi devidamente demonstrado, à míngua do
indispensável cotejo analítico.
6. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 1518455/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 05/11/2019, DJe 12/11/2019)

RECURSO ESPECIAL. DIREITO EMPRESARIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL.


CRÉDITO NÃO INCLUÍDO NO QUADRO GERAL DE CREDORES.
HABILITAÇÃO RETARDATÁRIA. FACULDADE DO CREDOR PRETERIDO.
EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO INDIVIDUAL. DESCABIMENTO. JULGADO DESTA
CORTE SUPERIOR.
1. Controvérsia acerca do prosseguimento da execução individual de um crédito
existente ao tempo do ajuizamento do pedido de recuperação judicial, mas não
incluído no quadro geral de credores (QGC).
2. Obrigação do devedor de relacionar todos os créditos existentes na datado
pedido de recuperação ('ex vi' do art. 51, inciso III, da Lei 11.101/2005).
3. Hipótese em que o crédito não teria sido incluído no QGC, tampouco no plano
de recuperação judicial.
4. 'A habilitação é providência que cabe ao credor, mas a este não se impõe.
Caso decida aguardar o término da recuperação para prosseguir na busca
individual de seu crédito, é direito que lhe assegura a lei.' (CC 114.952/SP, DJe
26/09/2011).
5. Caso concreto em que o credor preterido não promoveu habilitação
retardatária tampouco retificação do QGC, tendo optado por prosseguir coma
execução individual.
6. Descabimento da extinção da execução, tendo em vista a possibilidade de
prosseguimento desta após o encerrada a recuperação judicial, conforme
decidido no supracitado CC 114.952/SP.
7. Manutenção da decisão do juízo de origem, embora por outros fundamentos,
prorrogando-se o prazo de suspensão e indeferindo-se o requerimento de
extinção da execução.
8. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO (REsp 1.571.107/DF, Rel. Ministro
PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em
13/12/2016, DJe 3/2/2017).

Portanto, encontrando-se o aresto de origem em sintonia à jurisprudência


consolidada nesta Corte, a Súmula 83 do STJ serve de óbice ao processamento do
recurso especial.

De rigor, portanto, a manutenção da decisão ora impugnada.

3. Ante o exposto, nego provimento ao agravo interno.

É como voto.
TERMO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
AgInt no REsp 1.873.390 / RS
Número Registro: 2020/0108050-6 PROCESSO ELETRÔNICO

Número de Origem:
00031533720128210074 00190726520208217000 02385180720198217000 03141227120198217000
190726520208217000 2385180720198217000 3141227120198217000 31533720128210074 70082666090
70083422139 70083807131

Sessão Virtual de 25/05/2021 a 31/05/2021

Relator do AgInt
Exmo. Sr. Ministro MARCO BUZZI

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MARCO BUZZI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : OI S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL


ADVOGADOS : LUCIANA RODRIGUES FIALHO DE SOUZA - RS074531A
ALESSANDRA FAGUNDES ATIENSE - RS070188
GISELA VIEIRA LORENZONI - RS067350
RECORRIDO : JOSE ANADIR ROLIM DE OLIVEIRA
ADVOGADOS : HUMBERTO LODI CHAVES - RS063524
TIAGO ALEXANDRE BELTRAME - RS066196

ASSUNTO : DIREITO CIVIL - EMPRESAS - ESPÉCIES DE SOCIEDADES - ANÔNIMA -


SUBSCRIÇÃO DE AÇÕES

AGRAVO INTERNO

AGRAVANTE : OI S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL


ADVOGADOS : LUCIANA RODRIGUES FIALHO DE SOUZA - RS074531A
ALESSANDRA FAGUNDES ATIENSE - RS070188
GISELA VIEIRA LORENZONI - RS067350
AGRAVADO : JOSE ANADIR ROLIM DE OLIVEIRA
ADVOGADOS : HUMBERTO LODI CHAVES - RS063524
TIAGO ALEXANDRE BELTRAME - RS066196

TERMO

A QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, decidiu negar


provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Luis Felipe Salomão, Raul Araújo, Maria Isabel Gallotti e Antonio Carlos
Ferreira votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Marco Buzzi.

Brasília, 01 de junho de 2021

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