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AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 2029777 - DF (2021/0371793-0)

RELATOR : MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA


AGRAVANTE : MPS
ADVOGADOS : MÔNICA PONTE SOARES E OUTRO(S) - DF008396
EDUARDO LOWENHAUPT DA CUNHA - DF006856
JOSÉ RODRIGO LINS DE ARAÚJO - SP152060
AGRAVADO : MM
ADVOGADO : PAULO CESAR FARIAS VIEIRA - DF010760

EMENTA

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS


DE TERCEIROS. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. OMISSÃO. NÃO
OCORRÊNCIA. FUNDAMENTO. IMPUGNAÇÃO. INSUFICIÊNCIA. SÚMULA
Nº 283/STF. RECURSO PROTELATÓRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
CARÁTER MANIFESTAMENTE PROTELATÓRIO. RECONHECIMENTO NA
ORIGEM. MULTA. ART. 1.026, § 2º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
AFASTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
1. Não há falar em negativa de prestação jurisdicional se o tribunal de
origem motiva adequadamente sua decisão, solucionando a controvérsia
com a aplicação do direito que entende cabível à hipótese, apenas não no
sentido pretendido pela parte.
2. A subsistência de fundamento não impugnado apto a manter a
conclusão do aresto recorrido impõe o não conhecimento da pretensão
recursal (Súmula nº 283/STF).
3. Tendo o tribunal de origem vislumbrado o caráter protelatório dos
embargos de declaração opostos, não há falar em ofensa ou negativa de
vigência ao art. 1.026, § 2°, do CPC, mas em seu fiel cumprimento.
4. Agravo interno não provido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em
sessão virtual de 21/11/2023 a 27/11/2023, por unanimidade, negar provimento ao
recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Humberto Martins, Marco Aurélio
Bellizze e Moura Ribeiro votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva.

Brasília, 27 de novembro de 2023.

Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA


Relator
AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 2029777 - DF (2021/0371793-0)

RELATOR : MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA


AGRAVANTE : MPS
ADVOGADOS : EDUARDO LOWENHAUPT DA CUNHA - DF006856
MÔNICA PONTE SOARES (EM CAUSA PRÓPRIA) - DF008396
JOSÉ RODRIGO LINS DE ARAÚJO - SP152060
AGRAVADO : MM
ADVOGADO : PAULO CESAR FARIAS VIEIRA - DF010760

EMENTA

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS


DE TERCEIROS. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. OMISSÃO. NÃO
OCORRÊNCIA. FUNDAMENTO. IMPUGNAÇÃO. INSUFICIÊNCIA. SÚMULA
Nº 283/STF. RECURSO PROTELATÓRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
CARÁTER MANIFESTAMENTE PROTELATÓRIO. RECONHECIMENTO NA
ORIGEM. MULTA. ART. 1.026, § 2º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
AFASTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
1. Não há falar em negativa de prestação jurisdicional se o tribunal de
origem motiva adequadamente sua decisão, solucionando a controvérsia
com a aplicação do direito que entende cabível à hipótese, apenas não no
sentido pretendido pela parte.
2. A subsistência de fundamento não impugnado apto a manter a
conclusão do aresto recorrido impõe o não conhecimento da pretensão
recursal (Súmula nº 283/STF).
3. Tendo o tribunal de origem vislumbrado o caráter protelatório dos
embargos de declaração opostos, não há falar em ofensa ou negativa de
vigência ao art. 1.026, § 2°, do CPC, mas em seu fiel cumprimento.
4. Agravo interno não provido.

RELATÓRIO

Trata-se de agravo interno interposto por M. P. S. contra a decisão que


conheceu do agravo para conhecer em parte do recurso especial e negar-lhe
provimento em virtude da ausência de vício na prestação jurisdicional e da incidência
das Súmulas nº 283/STF e nº 7/STJ (fls. 871-873, e-STJ).
Nas presentes razões, a agravante alega que houve afronta aos arts.
1.022, 843 e 1.026, § 2º, do Código de Processo Civil e 1.658 do Código Civil.
Sustenta que "As ofensas aos dispositivos de lei federal decorrem da
possibilidade da penhora de 50% do carro da agravada casada no regime de comunhão
parcial de bens como devedor originária" (fl. 881, e-STJ).
Afirma que não incide a Súmula nº 7/STJ ao caso em apreço.
Foi apresentada impugnação às fls. 893-904 (e-STJ).
É o relatório.
VOTO

A irresignação não merece prosperar.


A parte recorrente não trouxe argumentos suficientes para infirmar a
decisão atacada.
Transcreve-se, por oportuno, a fundamentação do aresto local ao dirimir a
controvérsia:

"(...)
Conclui-se, assim, que a pretensão da embargada/apelada
enseja violação aos limites subjetivos da coisa julgada, de forma que o
cumprimento da sentença só pode ser exigido de quem figurou no polo
passivo da demanda durante a instrução processual, e teve oportunidade de
se valer do contraditório e da ampla defesa, conforme dispõe o art. 472 do
Código de Processo Civil. Deste modo, não se pode permitir a manutenção de
restrição ao veículo em razão de processo executório contra seu marido.
A sentença merece, pois, ser reformada.
Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso, para desconstituir
a penhora incidente sobre o veículo MERCEDEZ Benz GLE 400 CO, ano
2017/2017" (fl. 707, e-STJ).

Verifica-se, assim, que as instâncias ordinárias enfrentaram a matéria posta


em debate na medida necessária para o deslinde da controvérsia.
Com efeito, não há falar em negativa de prestação jurisdicional nos
declaratórios, a qual somente se configura quando, na apreciação do recurso, o
tribunal local insiste em omitir pronunciamento acerca de questão que deveria ser
decidida, e não foi.
O nítido propósito de obter o reexame de questão já decidida, na via dos
aclaratórios, mas à luz de tese invocada na petição recursal, na busca de efeitos
infringentes, não atende aos limites estreitos delineados no art. 1.022 do CPC.
Desse modo, o não acolhimento das teses ventiladas pela parte
recorrente não significa omissão ou deficiência de fundamentação da decisão, ainda
mais quando o aresto aborda todos os pontos relevantes da controvérsia, como na
espécie.
A propósito:

"AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. TÍTULO


EXTRAJUDICIAL. EXECUÇÃO. ART. 1.022 DO CPC/2015. VIOLAÇÃO.
INEXISTÊNCIA. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA Nº 284 DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
1. Não viola o artigo 1.022 do Código de Processo Civil de 2015 nem importa
negativa de prestação jurisdicional o acórdão que adota, para a resolução da
causa, fundamentação suficiente, porém diversa da pretendida pelo
recorrente, para decidir de modo integral a controvérsia posta.
(...)
3. Agravo interno não provido" (AgInt no AREsp 1.042.643/SC, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
4/5/2017, DJe 22/5/2017).

Ademais, consoante anotado na decisão atacada, o fundamento do acórdão


recorrido de que "(...) a pretensão da ora embargante enseja violação aos limites
subjetivos da coisa julgada, e, por extensão, do título executivo, uma vez que implica o
alcance da esfera patrimonial de terceiro que não participou da lide" (fl. 761, e-STJ),
não foi impugnado pela parte agravante, o que atrai, por analogia, a incidência da
Súmula nº 283/STF.
Ressalta-se também que o tribunal de origem, ao concluir pela imposição
da multa com base no art. 1.026, § 2º, do Código de Processo Civil, apresentou os
seguintes fundamentos:

"(...) não se infere erro material e omissão no julgado, uma vez


que todas as matérias foram enfrentadas no v. acórdão.
O simples fato de a fundamentação adotada no julgado não
corresponder à desejada pela embargante não enseja o reconhecimento dos
vícios alegados.
Logo, não há vícios sanáveis pela via dos aclaratórios.
Em relação ao prequestionamento, não há necessidade de menção
específica dos dispositivos legais, bastando, para tanto, que a questão
constitucional ou federal seja efetivamente discutida nas instâncias
ordinárias.
Evidencia-se, desse modo, a natureza protelatória do recurso a
ensejar a aplicação da multa prevista no art. 1.026, § 2º, do CPC, que fixo
em 1% (um por cento) do valor atualizado da causa. Ante o exposto, REJEITO
OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e, ante a inexistência de qualquer vício,
aplico a multa prevista no § 2º do art. 1.026 do CPC, a qual fixo em 1% (um
por cento) sobre o valor atualizado da causa" (fl. 761, e-STJ).

Desse modo, havendo o reconhecimento da má-fé e do intuito


manifestamente protelatório nos embargos de declaração opostos pela parte
agravante na origem, é inviável o afastamento da penalidade.
Confira-se:

"AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PLANO DE


SAÚDE. SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA. NECESSIDADE DE CUMPRIMENTO
DE CARÊNCIA. LIMITAÇÃO DA INTERNAÇÃO POR 12 HORAS. CARÁTER
ABUSIVO. SÚMULAS 302 E 597 DO STJ. ACÓRDÃO ESTADUAL EM
CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO OPOSTOS AO ACÓRDÃO RECORRIDO. CARÁTER
PROTELATÓRIO. APLICAÇÃO DE MULTA. ART. 1.026, § 2º, DO
CPC/2015. AFASTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
(...)
3. Embargos declaratórios pretendendo a rediscussão de matéria decidida e
devidamente fundamentada, caracteriza intuito protelatório, incidindo a
multa prevista no art. 1.026, § 2º, do CPC/2015.
4. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO" (AgInt no AREsp 1.989.828/SP,
Relator Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Terceira Turma,
julgado em 6/6/2022, DJe de 9/6/2022 - grifou-se).

Por fim, registra-se ser incabível a aplicação da multa prevista no § 4º do


art. 1.021 do CPC, requerida em contrarrazões (fl. 903, e-STJ), pois essa não é
automática, haja vista não se tratar de mera decorrência lógica do não provimento do
agravo interno em votação unânime.
A condenação da parte agravante ao pagamento da aludida multa, a ser
analisada em cada caso concreto, em decisão fundamentada, pressupõe que o agravo
interno mostre-se manifestamente inadmissível ou que sua improcedência seja de tal
forma evidente que a simples interposição do recurso possa ser tida, de plano, como
abusiva ou protelatória, o que, contudo, não ocorreu na hipótese examinada.
Ante o exposto, nego provimento ao agravo interno.
É o voto.
TERMO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
AgInt no AREsp 2.029.777 / DF
Número Registro: 2021/0371793-0 PROCESSO ELETRÔNICO

Número de Origem:
00462061520148070001 07011192220198070000 07011209020188070016 07146570720188070000
07277995920208070016 20150110744679 462061520148070001 7011192220198070000 7011209020188070016
7146570720188070000 7277995920208070016

Sessão Virtual de 21/11/2023 a 27/11/2023


SEGREDO DE JUSTIÇA

Relator do AgInt
Exmo. Sr. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA

Secretário
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA

AUTUAÇÃO

AGRAVANTE : M P S
ADVOGADOS : EDUARDO LOWENHAUPT DA CUNHA - DF006856
MÔNICA PONTE SOARES - DF008396
JOSÉ RODRIGO LINS DE ARAÚJO - SP152060
AGRAVADO : MM
ADVOGADO : PAULO CESAR FARIAS VIEIRA - DF010760

ASSUNTO : DIREITO CIVIL - FAMÍLIA - CASAMENTO - DISSOLUÇÃO - PARTILHA

AGRAVO INTERNO

AGRAVANTE : M P S
ADVOGADOS : MÔNICA PONTE SOARES E OUTRO(S) - DF008396
EDUARDO LOWENHAUPT DA CUNHA - DF006856
JOSÉ RODRIGO LINS DE ARAÚJO - SP152060
AGRAVADO : MM
ADVOGADO : PAULO CESAR FARIAS VIEIRA - DF010760

SUSTENTAÇÃO ORAL

Dr(a). EDUARDO LOWENHAUPT DA CUNHA, pela parte: AGRAVANTE: M P S.


TERMO

A TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de 21/11/2023 a 27


/11/2023, por unanimidade, decidiu negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro
Relator.
Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Humberto Martins, Marco Aurélio Bellizze e Moura Ribeiro
votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva.

Brasília, 28 de novembro de 2023

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