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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 15ª VARA DO

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO FORO REGIONAL DE MADUREIRA DA


COMARCA DA CAPITAL-RJ

URGENTE!
PEDIDO DE NULIDADE

Processo n. 0018718-21.2020.8.19.0202

MEGA VEST CASA LTDA, já qualificada nos autos do processo acima epigrafado, em
que lhes move REGINA MARIA DA CONCEIÇÃO SILVA GOMES, por seus advogados que
ao final desta subscrevem vêm, respeitosamente perante Vossa Excelência, expor e requerer o
quanto segue.

DA AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO – NULIDADE DO PROCESSO

1. Culto Julgador, é sabido, dispensando grande erudição, que os atos processuais


obedecem a uma certa forma predeterminada na lei, de modo que, se o ato processual for
praticado em desobediência e essa forma haverá nulidade, sem força capaz de produzir seus
efeitos no mundo jurídico. E o mais grave dos vícios é o da inexistência jurídica. Aqui o ato é
apenas aparentemente praticado, não chega a ter vida no mundo jurídico, apenas existe no
mundo dos fatos, mas juridicamente não.

2. In casu¸ embora a contestação de fls. 86/135, tivesse sido juntada por patrono
constante na procuração outorgada, a Requerida expressamente requereu que às intimações
fossem emanadas apenas e tão somente em nome do advogado subscritor SIDNEI
AMENDOEIRA JÚNIOR, inscrito na OAB/SP n° 146.240, conforme se vê:
3. No entanto, à revelia do expresso requerimento desta Requerida, o processo tomou seu
curso, sem que houvesse o lançamento das intimações em nome do patrono expressamente
indicado, culminando no projeto de sentença, que reconheceu parte dos pedidos autorais.

4. Não havendo interposição de recurso de ambas as partes, a demanda transitou em


julgado, sobrevindo desde logo a execução de valores, contudo, sem qualquer cientificação à
Requerida na forma prevista, infringindo expressa previsão legal1.

5. Essa inobservância, de certo, contaminou todos os demais atos processuais,


consubstanciando um vício insanável pela falta de intimação dos advogados, ao qual a lei
prescreve como indispensável.

6. Excelência, constando dos autos pedido expresso para que as comunicações dos atos
processuais sejam feitas em nome do advogado indicado, o seu desatendimento implicará
inoxerável nulidade (artigo 272, §5º, do CPC). Com efeito, conforme leciona Nelson Nery Junior
sobre a norma contida na redação do CPC/15:

1 Art. 272. Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela publicação dos atos no órgão oficial. (...)
§ 2º Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação constem os nomes das partes e de seus advogados, com o respectivo
número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se assim requerido, da sociedade de advogados. (...)
§ 5º Constando dos autos pedido expresso para que as comunicações dos atos processuais sejam feitas em nome dos advogados
indicados, o seu desatendimento implicará nulidade.

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“a nulidade da comunicação de atos processuais que não é feita aos advogados
indicados é, sem dúvida, nula. Se a intenção da intimação é justamente comunicar, se
não alcançar o objeto do ato de comunicação não se pode dizer que existiu” (Código de
Processo Civil comentado, 3. ed., SaÞo Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018, livro
eletrônico, sem destaque no original).

7. Nesse sentido, colhe-se, a propósito, os seguintes precedentes:

“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO EM MANDADO DE


SEGURANÇA. NULIDADE DE INTIMAÇÃO. PLURALIDADE DE ADVOGADOS.
ARGUIÇÃO. PRIMEIRA OPORTUNIDADE. RECURSO INTERPOSTO MAIS DE
DOIS ANOS APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO. PRECLUSÃO. OCORRÊNCIA. 1.
O recurso foi interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo
Civil de 2015, devendo ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele
previsto, conforme Enunciado Administrativo n. 3/2016/STJ. 2. Caso em que os
agravantes se insurgem contra decisão de minha lavra que não conheceu do recurso em
mandado de segurança, porquanto intempestivo. 3. Dispõe o § 5º do artigo 272 do
CPC/15 que: "constando dos autos pedido expresso para que as comunicações dos atos
processuais sejam feitas em nome dos advogados indicados, o seu desatendimento
implicará nulidade". 4. Interpretando referido dispositivo legal, o Superior Tribunal de
Justiça tem firmado entendimento de que: "configura-se nula a intimação quando
existir prévio requerimento de publicação de intimação exclusiva para mais de um
advogado habilitado nos autos e, no entanto, a publicação não observar a totalidade
dos causídicos indicados, por força do que disciplina o art. 272, § 5º, do CPC/2015"
(EAREsp n. 1.306.464/SP, relatora Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, julgado
em 25/11/2020, DJe de 9/3/2021.) 5. Ocorre que essa Corte também tem decidido, de
forma reiterada, que o vício de nulidade de intimação, ensejador da nulidade relativa do
ato processual, deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar
nos autos, sob pena de preclusão. Precedente: AgInt no AREsp n. 2.060.753/RJ, relator
Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em 15/8/2022. 6. Na espécie, os

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advogados (Dr. Sigifroi Moreno Filho e outros) foram devidamente intimados do
acórdão que rejeitou os embargos de declaração na data de 27 de abril de 2017,
conforme certidão de publicação no Diário da Justiça (doc. de fl. 882). O presente
recurso em mandado de segurança foi protocolado apenas em 2 de agosto de 2019
(certidão de fl. 931), ou seja, mais de 2 (dois) anos após a certificação do trânsito em
julgado. Assim sendo, o recurso é manifestamente intempestivo. 7. Agravo interno não
provido. (AgInt no RMS n. 69.047/PI, relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira
Turma, julgado em 27/3/2023, DJe de 4/4/2023.)

“AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. ALEGAÇÃO DE NULIDADE NA
PUBLICAÇÃO. PEDIDO DE INTIMAÇÃO EM NOME DE UM DOS ADVOGADOS
HABILITADOS. NÃO OBSERVÂNCIA. NULIDADE (CPC/2015, ART. 272, § 5º).
AGRAVO INTERNO PROVIDO PARA DAR PROVIMENTO AO RECURSO
ESPECIAL. 1. Havendo pedido expresso da parte para que a intimação seja feita em
nome de um dos advogados constituídos nos autos, o não atendimento do pedido enseja a
nulidade do ato (CPC/2015, art. 272, § 5º). Precedentes. 2. Agravo interno provido para
dar provimento ao recurso especial, determinando a realização de nova intimação a ser
promovida pelo Tribunal de origem, com a devolução do prazo recursal. (AgInt no REsp
1795060/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 20/08/2019,
DJe 09/09/2019) (sem grifo no original)

8. Note-se, inclusive, que o pedido de intimação era em nome de mais de um advogado,


de modo a colacionar o EARESP n. 1.306.464/SP, da Relatora Ministra Nancy Andrighi que, em
seu voto vencedor, reconheceu a necessidade de que todos os advogados indicados, e não apenas
um deles, devem necessariamente ser intimados, sob pena de nulidade, por força do que dispõe o
art. 272, §5º do CPC, in verbis:

“EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


DIREITO PROCESSUAL CIVIL. REQUERIMENTO PRÉVIO DE INTIMAÇÃO
EXCLUSIVA DE TRÊS PATRONOS DA PARTE. INTIMAÇÃO SOMENTE EM

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NOME DE DOIS ADVOGADOS. NULIDADE CONFIGURADA. JULGAMENTO:
CPC/15.” 1. Embargos de divergência opostos em 26/05/2020. Conclusão ao gabinete
em 31/08/2020. Julgamento CPC/15. 2. O propósito recursal consiste em decidir sobre a
validade da intimação de advogado quando há pedido de intimação exclusiva, com
fundamento no § 5º do art. 272 do CPC/15. 3. Dispõe o art. 272, § 5º, do CPC/15 que:
"constando dos autos pedido expresso para que as comunicações dos atos processuais
sejam feitas em nome dos advogados indicados, o seu desatendimento implicará
nulidade". 4. Hipótese em que há pedido de intimação exclusiva de três patronos
indicados, mas somente dois deles foram intimados. 5. Invalidade da intimação,
necessidade de que todos os advogados indicados sejam intimados. 6. O acórdão
embargado adotou de posicionamento segundo o qual o STJ teria firmado entendimento
no sentido de que "não há obrigatoriedade de publicação em nome de todos os
advogados relacionados na petição que pede intimação exclusiva, mas tão somente de
um deles", firmado na vigência do CPC/1973. Todavia, a situação fática a sob
julgamento se enquadra perfeitamente na hipótese analisada no acórdão paradigma,
segundo a qual configura-se nula a intimação quando existir prévio requerimento de
publicação de intimação exclusiva para mais de um advogado habilitado nos autos e,
no entanto, a publicação não observar a totalidade dos causídicos indicados, por força
do que disciplina o art. 272, § 5º, do CPC/2015. Precedentes. 7. Embargos de
divergência no agravo em recurso especial acolhidos. (EAREsp n. 1.306.464/SP,
relatora Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, julgado em 25/11/2020, DJe de
9/3/2021.) (grifei)

9. Evidente, portanto, o prejuízo existente na hipótese dos autos, posto que inobservada
regra explicita que disciplina as intimações, na medida que o processo transitou em julgado
irregularmente sem que dele a Requerida tivesse sido válida e regularmente intimada.

10. Assim, em vista da sensibilidade que o caso requer, deve ser reconhecida a
NULIDADE dos atos processuais até então praticados a partir da decisão de fl. 140, sob de
incorrer em grave insegurança jurídica e o cerceamento do direito da Requerida ao
contraditório e a ampla defesa, consagrados na CF/88.

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11. Por fim requer que todas as publicações e intimações sejam exaradas em nome dos
advogados SIDNEI AMENDOEIRA JÚNIOR, inscrito na OAB/SP n° 146.240 e
FRANCISCO MARCHINI FORJAZ, inscrito na OAB/SP nº 248.495, sob pena de nulidade.

Termos em que,
Pede deferimento.

De São Paulo para Rio de Janeiro, 13 de setembro de 2023.

Assinado digitalmente assinado digitalmente


Sidnei Amendoeira Jr. Francisco Marchini Forjaz
OAB/SP nº 146.240 OAB/SP nº 248.495

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