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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 1º JUÍZO DA

COMARCA DE MACHADINHO D’ OESTE EM RONDÔNIA

PROCESSO Nº: 7000758-42.2022.8.22.0019

ROSELAINE ABREU MAGALHÃES, devidamente qualificadA no processo em


epígrafe, por sua Advogada abaixo assinado, vem à presença de Vossa Excelência, em
observâ ncia a intimaçã o id. recebida 92404906 e em consonâ ncia a certidã o de trâ nsito em
julgado id. 92320479, requerer o:

AGRAVO DE INSTRUMENTO

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pessoa


jurídica de direito pú blico, representado pelo Procurador Chefe da Procuradoria da
circunscriçã o, sito à rua (endereço completo) com fundamento nos artigos 109, § 3º, 201 e
202, da Constituiçã o Federal/88, Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, e Decreto 3048, de 06 de
maio de 1999, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:.

I. BREVE SÍNTESE

Diante da decisã o Id. 89777152 proferida em 20 de abril de 2023,


que julgou improcedentes os pedidos iniciais, apresento os fundamentos a
seguir expostos de forma sucinta:

O Embargante é a parte autora da presente açã o, que busca o


restabelecimento do auxílio-acidente, o qual foi cessado em dezembro de 2022
devido à falta de manifestaçã o apó s convocaçã o por edital, para justificar a
manutençã o do benefício e comprovar a ausência das condiçõ es que ensejariam
o seu afastamento, conforme procedimento administrativo de
Apuraçã o de Irregularidade - MOB Digital, protocolo de requerimento nº
545709437.

Por meio do pedido de tutela de urgência, o Embargante requereu


o imediato restabelecimento do pagamento do benefício. No entanto, em 20 de
abril de 2023, o MM. Magistrado proferiu a decisã o indeferindo o pedido da
tutela antecipada sob o argumento de que a verossimilhança das alegaçõ es nã o
foi demonstrada, em virtude da divergência entre a conclusã o dos peritos do
INSS e os atestados fornecidos por médicos particulares, determinando ainda a
realizaçã o de perícia médica.

Contudo, a referida decisã o incorreu em contradiçã o, pois a


controvérsia discutida nos autos nã o envolve pareceres e constataçõ es médicas,
uma vez que nã o há qualquer laudo médico acostado aos autos. Portanto, faz-se
necessá rio interpor o presente Agravo de Instrumento a fim de esclarecer os
fatos e eliminar essa contradiçã o existente.

Nesse sentido, reitera-se a importâ ncia de esclarecer que a


ausência de laudo médico nã o inviabiliza a aná lise do direito ao benefício, uma
vez que existem outras formas de comprovar a incapacidade que justifica o
auxílio-acidente. Haja vista que o requerente é beneficiá rio do INSS desde 1979,
requisitar uma nova perícia apenas em 2023 faz-se confuso.

Havendo também, a negativa da possibilidade de defesa do


beneficiá rio, uma vez mencionado na fl. 17 do Id. 88620945, de que seria
encaminhado Ofício de Defesa ao interessado, conforme art. 69, §1º, da Lei nº
8.212.
Diante do exposto, requer-se que o presente agravo seja acolhido,
a fim de que os fatos sejam devidamente esclarecidos, eliminando-se assim a
contradiçã o existente na decisã o proferida, para que se alcance uma decisã o
justa e coerente com a verdade dos fatos.

II. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

III. DA INEXISTENCIA OU NULIDADE DA CITAÇÃO

Conforme mencionado pela procuradoria, no Id. 92787706:


‘’Apesar de devidamente intimada, a parte autora nã o compareceu na data e
horá rio designados para realizaçã o da prova pericial, nã o apresentando
qualquer justificativa para sua ausência. Preclusa, portanto, a prova que
pretendia produzir’’. O que é uma inverdade, haja vista que em TODAS as
partes concernentes do processo nã o houve a devida Intimaçã o.
Em que pese o fato mencionado, apó s decisã o de Id. 92041409 nã o
houve qualquer mandado de intimaçã o para que a parte reclamante
requisitasse o que de direto.

Nos termos do art. 238 do CPC, a Citaçã o é o ato pelo qual sã o


convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relaçã o
processual, indispensá vel para a validade do processo, conforme leciona a
doutrina:

"A citaçã o é indispensá vel para a validade do processo e


representa uma condiçã o para concessã o da tutela jurisdicional,
ressalvadas as hipó teses em que o processo é extinto sem afetaçã o
negativa da esfera jurídica do demandado (indeferimento da
petiçã o inicial e improcedência liminar). Nã o se trata de requisito
de existência do processo. O processo existe sem a citaçã o: apenas
nã o é vá lido, acaso desenvolva-se em prejuízo do réu sem a sua
participaçã o." (MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio
Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo Có digo de Processo Civil
comentado. 3ª ed. Revista dos Tribunais, 2017. Vers. ebook. Art.
239).

Trata-se, portanto, de matéria de ordem pú blica que pode ser


alegada em qualquer fase de jurisdiçã o, nã o ficando ocorrendo a preclusã o,
conforme leciona Arruda Alvim ao disciplinar sobre a matéria:

"o processo sem citaçã o (ou com citaçã o nula somada à revelia) é
juridicamente inexistente em relaçã o ao réu, enquanto situaçã o
jurídica apta a produzir ou gerar sentença de mérito (salvo os
casos de improcedência liminar do pedido - art. 332 do
CPC/2015). Antes a essencialidade da citaçã o para o
desenvolvimento do processo, nã o há preclusã o para a arguiçã o da
sua falta ou de sua nulidade, desde que o processo tenha corrido à
revelia. Pode tal vício ser alegado inclusive em impugnaçã o ao
cumprimento da sentença proferida no processo viciado, ou até
mesmo por simples petiçã o, ou, se houver interesse jurídico, em
açã o pró pria (açã o declarató ria de inexistência)" (Novo
contencioso Cível no CPC/2015. Sã o Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2016, n.3.1.3, p. 204.)
Ocorre que no presente caso, o autor teve conhecimento da
presente decisã o em data posterior (COLOCAR A DATA) . Ou seja, nã o foi
regularmente citado nos termos da lei, nã o podendo ser aplicado os efeitos
interinos da PRESENTE DECISÃ O.

a) DA CITAÇÃ O INEXISTENTE

No presente caso, a citaçã o nã o foi recebida diretamente pelo Réu,


sendo que essa só foi realizada através de citaçã o por edital, evidenciando a
nulidade da citaçã o, conforme cita:

A lei autoriza a citaçã o por edital somente nos casos expressos no


art. 256, quais sejam:

Art. 256.A citaçã o por edital será feita:

I - Quando desconhecido ou incerto o citando;

II - Quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se


encontrar o citando;

III - nos casos expressos em lei.

§ 1º Considera-se inacessível, para efeito de citaçã o por edital, o


país que recusar o cumprimento de carta rogató ria.

§ 2º No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a


notícia de sua citaçã o será divulgada também pelo rá dio, se na
comarca houver emissora de radiodifusã o.

§ 3º O réu será considerado em local ignorado ou incerto se


infrutíferas as tentativas de sua localização, inclusive
mediante requisição pelo juízo de informações sobre seu
endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de
concessionárias de serviços públicos.
Portanto, nã o enquadrado EM NENHUMA das situaçõ es acima
referidas, a citaçã o por edital é nula, pois tem como requisito bá sico que sejam
esgotados todos os meios de citaçã o pessoal.

A doutrina, ao lecionar sobre o cabimento da citaçã o por edital,


destaca:

"Requisito bá sico. Deve ser tentada a localizaçã o pessoal do réu


por todas as formas, razã o pela qual se diz que a citaçã o por edital
é subsidiá ria da citaçã o pessoal. Somente depois desta resultar
infrutífera é que estará aberta a oportunidade para a citaçã o por
edital." (NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade.
Có digo de Processo Civil Comentado. 17ª ed. Editora RT, 2018.
Versã o ebook, Art. 256)

Requisitos nã o observados, devendo ser considerada nula a


citaçã o realizada:

EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DE CONHECIMENTO -


NULIDADE DA CITAÇÃ O - EDITAL - EXAURIMENTO DAS
DILIGÊ NCIAS - NULIDADE. 1. A citaçã o por edital é medida
excepcional, permitida apenas quando a parte autora esgota todos
os meios que tem ao seu alcance para localizaçã o do réu e aqueles
restam comprovadamente frustrados. 2. Não havendo o
exaurimento dos meios necessários para a localização da
parte ré, é nula a citação por edital. 3. Sentença cassada. (TJ-
MG - AC: XXXXX30157449001 MG, Relator: José Américo Martins
da Costa, Data de Julgamento: 27/06/2019, Data de Publicaçã o:
05/07/2019)(g.n).

Açã o rescisó ria de sentença, com base no art. 966, III e V do CPC.
Compra e venda de veículo. "Açã o declarató ria de rescisã o
contratual c.c. reintegraçã o de posse e indenizaçã o por danos
morais." Nulidade da citação. Citação do réu por edital.
Alegada nulidade da citação editalícia. Acolhimento.
Necessidade de esgotamento de todos os meios disponíveis
para a citação do réu. Violação do art. 256, § 3º do CPC.
Nulidade absoluta. Precedentes jurisprudenciais. Ação
julgada procedente para desconstituir a. r. sentença
rescidenda. (TJSP; Açã o Rescisó ria XXXXX-88.2018.8.26.0000;
Relator (a): Francisco Occhiuto Jú nior; Ó rgã o Julgador: 32ª
Câmara de Direito Privado; Foro de Araras - 2ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 03/02/2019; Data de Registro: 04/02/2019) (g.n.).

Açã o Rescisó ria. Nulidade de citaçã o. A citação pela via editalícia


constitui medida excepcional a ser realizada quando a parte
reclamada cria embaraço para o recebimento da notificação
postal ou pessoal ou quando, após serem realizadas várias
diligências, não se logra êxito em localizá-la. Verificado, no
caso em apreço, que a autora-reclamada altera a localizaçã o de sua
sede, porém procede a atualizaçã o da informaçã o em ó rgã o oficial,
de rigor o reconhecimento da nulidade da citaçã o. Açã o rescisó ria
que se julga parcialmente procedente. (TRT-2, XXXXX-
63.2018.5.02.0000, Rel. FLAVIO VILLANI MACEDO - Seçã o
Especializada em Dissídios Individuais - 7 - DOE 15/08/2019)
(g.n.).

Assim, conforme previsã o do art. 239, § 1º, o prazo de defesa


passa a fluir do comparecimento espontâ neo do réu, devendo serem aceitas as
razõ es de defesa aqui dispostas.

IV. DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA

Reitera-se o pedido da antecipaçã o da tutela, tendo em vista que o


autor preenche todos os requisitos do artigo 300, “caput”, § 2º do CPC/2015,
cuja finalidade é amparar o Autor até o julgamento definitivo, evitando assim
dano irrepará vel ou de difícil reparaçã o, in verbis:
Art. 300 A tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o
risco ao resultado ú til do processo.

§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente.

Assim, torna-se imperativo o deferimento da antecipaçã o da


Tutela de Urgência para que este juízo determine imediatamente o
restabelecimento do benefício de auxílio-acidente NB nº 073.044.072-9.

O aceno do bom direito está sedimentado em todo o arsenal


legislativo já mencionado na presente, com especial realce para determinaçã o
expressa do art. 42 da Lei 8.213/91, que trata da efetiva possibilidade de se
conceder a concessã o do benefício de auxílio-acidente diante da comprovaçã o
de inaptidã o permanente para qualquer atividade laboral que lhe garanta a
subsistência. Ora, passar 43 anos recebendo um benefício, de forma continuada

e ininterrupta nã o é claramente fator especificador para o direito? Analisando o


fato de que o requerente depende do benefício para sua subsistência, sua
suspensã o ensejaria em situaçã o degradante e desnecessá ria.

A verossimilhança está evidente porquanto dure o que aqui se


expô s, já que ficou demonstrada na presente a concreta incapacidade para o
trabalho que experimenta o autora, dado o fato de a mesma estar acometida
por situaçã o de incapacidade de natureza permanente, irreversível e
incapacitante, conforme se constatada pela pró pria beneficiá ria.
Com relaçã o ao “periculum in mora”, este se encontra presente no
ato praticado pelo Instituto Requerido ter cessado prestaçã o devida a título de
cará ter ALIMENTAR, benefício fundamental e necessá rio para sua subsistência,
tendo em vista que o autor enfrenta sérias dificuldades financeiras, estando
totalmente desamparado e dependente da percepçã o do benefício para sua
sobrevivência e o pagamento das contas provenientes.

Neste sentido, jurisprudência do TRF-4, in verbis:

Ementa: PREVIDENCIÁ RIO. CONCESSÃ O DE AUXÍLIO DOENÇA.


ERRO MATERIAL. ANTECIPAÇÃ O DE TUTELA. MANUTENÇÃ O.
CUSTAS. 1. Comprovado pelo conjunto probató rio que a parte
autora é portadora de enfermidade que a incapacita
temporariamente para o trabalho, é de ser mantida a sentença que
concedeu o benefício de auxílio-doença desde a DER. 2. Correçã o,
de ofício, de erro material da sentença. 3. Atendidos os
pressupostos legais, quais sejam a verossimilhança do direito
alegado e o fundado receio de dano irrepará vel (art. 273 do CPC),
é de ser mantida a antecipaçã o da tutela deferida na sentença.(...)

De qualquer modo, a moléstia incapacitante e o cará ter alimentar


do benefício traduzem um quadro de urgência que exige pronta resposta do
Judiciá rio, tendo em vista que nos benefícios por incapacidade resta intuitivo o

risco de ineficá cia do provimento jurisdicional final, exatamente em virtude do


fato da parte estar afastada do mercado de trabalho e, consequentemente,
desprovida financeiramente, motivo pelo qual se tornará imperioso o
deferimento deste pedido antecipató rio.

V. DA DISPENSABILIDADE DE PERÍCIA MÉ DICA

Conforme mencionado anteriormente em sede de petiçã o de


justificativa de Id. 90744490, informando que a perícia médica é
dispensá vel, mister se faz acusar com mais clareza os presentes motivos:
1. A perícia médica e dispensá vel em tal caso, uma vez que nã o
exista nos autos nenhum LAUDO que objetive a presente açã o;
2. Nã o houve o reconhecimento do respeito quanto ao devido
procedimento legal quanto a apuraçã o das irregularidades, o
que cerceou a defesa do requerente quanto aos autos de
procedimento administrativo concedido anteriormente em
1979;
3. Ocorre que, se o requerente já possui um diagnó stico médico
formalmente reconhecido e documentado, como
anteriormente realizado, que ateste a incapacidade, e esse
diagnó stico é considerado suficiente para comprovar a
condiçã o incapacitante, a perícia é dispensá vel;
4. Lesõ es ou condiçõ es evidentes e objetivas: Quando a existência
e a gravidade da condiçã o incapacitante sã o facilmente
observá veis e nã o requerem uma aná lise mais aprofundada, a
perícia pode ser dispensada;
5. Aná lise de documentaçã o médica substancial: Como no
presente caso, quando há uma documentaçã o médica

substancial e convincente que comprova a incapacidade do


requerente, como uma extensa coleçã o de relató rios médicos,
prontuá rios hospitalares, exames e outros registros, a perícia
pode ser dispensada ou ter um peso menor na decisã o;
6. Conforme decisã o, vide processo de nº 0000853-
72.2007.4.02.5108, a relatora, Simone Schreiber, apesar de o
magistrado estar orientado pelo princípio da livre convicçã o, a
determinaçã o de perícia técnica é prescindível, quando haja
provas contundentes nos autos que supram sua ausência.

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