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AO JUÍZO DA ___ª CÍVEL DA COMARCA DE JI-PARANÁ, ESTADO DE

RONDÔNIA

XXXXXXXXXXX, brasileira, união estável,


desempregada, portadora da Carteira de Identidade CI/RG n. XXX.XXX SSP/RO e
inscrita no CPF sob o n. XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliada à Rua Floresta,
n. 1218, bairro Novo Horizonte, CEP n. 76.907-216, Ji-Paraná/RO, por intermédio de
seus advogados que atuam perante o Núcleo de Práticas Jurídicas do Centro
Universitário São Lucas, unidade de Ji-Paraná/RO, com endereço profissional à
Avenida Engenheiro Manfredo Barata Almeida da Fonseca, n. 542, prédio “A”, Sala
do Núcleo de Práticas Jurídicas - NPJ, bairro Jardim Aurélio Bernardi, CEP n.
76.907-524, Ji-Paraná/RO, onde recebem notificações e intimações, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 1°, III da
Constituição Federal e art. 300 do Código de Processo Civil, ajuizar a presente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER c/c ANTECIPAÇÃO DE


TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

em face de COMPANHIA DE ÁGUAS E ESGOTOS DE RONDÔNIA


- CAERD, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.
05.914.254/0001-39, com sede à rua Menezes Filho, n. 1672 - Jardim dos
Migrantes, Ji-Paraná - RO, CEP n. 76.900-751, pelos fatos e fundamentos jurídicos
a seguir expostos.

I. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
A requerente pleiteia a concessão dos benefícios da justiça gratuita
em sua integralidade, com fundamento no art. 98 e seguintes do Código de
Processo Civil brasileiro, uma vez que é aposentada, não possuindo condições
financeiras de arcar com o pagamento das custas, despesas processuais e
honorários advocatícios sem prejuízo de seu próprio sustento, conforme declaração
de hipossuficiência anexa.

II. DOS FATOS

A requerente moveu ação de reconhecimento e dissolução de união


estável em face de seu cônjuge (Processo n. 0000000-73.2019.8.22.0005).
Entretanto, em vista de requerente e seu cônjuge possuírem dois imóveis situados
em dois terrenos vizinhos, com a dissolução da união estável, a requerente passou a
residir em um dos imóveis, o qual encontra-se em nome do seu cônjuge e por esta
razão é o titular da única ligação de água de ambas as residências.

Assim, visto que há apenas um hidrômetro para distribuição de água


em ambas as casas, o qual se encontra registrado em nome do cônjuge da
requerente, com a dissolução conjugal a requerente passou a contribuir todo mês
com metade do valor.

Contudo, apesar da requerente ter realizado o repasse ao cônjuge,


o valor que lhe cabe do mês de julho, conforme consulta anexa, este não realizou o
pagamento da referida conta, o que ocasionou o corte do fornecimento de água nas
residências.

Diante disso, com vistas a quitar o débito e requerer o religamento


da
água, a requerente dirigiu-se até a agência da requerida, momento em que fora
informada de que somente poderia solicitar o religamento da água o titular.

Do mesmo, ao buscar informações quanto a possibilidade de


solicitar uma ligação de água exclusiva para a residência da requerente, também foi
informada que não seria possível, pois já havia uma ligação naquele endereço e
somente por meio de ordem judicial poderia ser atendido o pedido.

Destaca-se que fora protocolado junto ao processo de


reconhecimento e dissolução de união estável o pedido de Tutela de Urgência
antecipada incidental, no entanto, conforme se comprova pelo despacho anexo, o
juízo da 10ª Vara Cível desta Comarca de Ji-Paraná, entendeu que o pedido deveria
ser realizado por meio de ação autônoma.

Assim sendo, a requerente tem sofrido grandes transtornos, uma vez


que necessita de água para atender suas necessidades básicas do dia a dia e,
sendo uma senhora de idade avançada, tem que buscar água diariamente nas
residências vizinhas a fim de suprir suas necessidades.

Por fim, por não haver outra saída, com vistas a garantir o acesso ao
fornecimento de água para suprir suas necessidades básicas, vem até este juízo,
requerer que seja determinada à Requerida a instalação de ponto de água em nome
da requerente, sendo esta exclusiva para sua residência.

III. DO DIREITO

Considerando os prejuízos suportados pela requerente, conforme


fatos narrados e devidamente comprovados pelos documentos que ora se junta,
passa a demonstrar a proteção dos direitos da requerente em observância do
ordenamento jurídico pátrio.

III.a. Do Dever de Prestação do Serviço

A recusa da requerida de atender à solicitação de serviço feito pela


requerente é infundada, tendo em vista que a privação do acesso a água potável
fere o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, considerando-se que a água é
direito social do indivíduo, não podendo a parte ser privada por ato discricionário.
É possível extrair do Código de Defesa do consumidor, em seu art.
22, que o fornecimento de água prestado por órgão público, permissionária ou
concessionária, deve ser contínua por se tratar de serviço essencial ao indivíduo.

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,


permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos
essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das
obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a
cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.

Portanto, resta cognoscível a obrigação da requerida em atender à


solicitação da requerente, instalando o hidrômetro e distribuindo água à sua
residência, vez que não há razões para que a requerente continue tendo sua água
ligada ao hidrômetro do vizinho (cônjuge).

Considerando-se ainda, que a requerente não tem mais nenhuma


relação com o cônjuge, residindo em outra casa, não é plausível exigir que esta
tenha qualquer dependência, mesmo que mínima, em relação a ele.

III.b. Da Aplicação do Código de Defesa do Consumidor

Insta salientar que o caso em tela é imprescindível a aplicação das


normas consumeristas, porquanto, a requerente se encontra em condição de
consumidora dos serviços prestados – serviços essenciais – pela requerida, a qual
se configura como fornecedora de serviços, já que desenvolve atividade de
prestação de serviço ao público mediante obtenção de lucro e celebração de
contrato inter partes.

Portanto, é constatável a subsunção dos fatos à norma jurídica


consumerista, conforme se depreende dos seguintes artigos:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza


produto ou serviço como destinatário final.
[...]
 Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.

Logo, deve à respectiva norma regular a relação contratual havida


entre as partes, sob pena de negligenciar o valor teleológico do Código de Defesa
do Consumidor.

IV. DA TUTELA DE URGÊNCIA

Nos termos do artigo 300 do CPC de 2015, “A tutela de urgência


será
concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”.

No caso em tela, em consonância ao princípio da dignidade da


pessoa
humana, conforme art. 1º, III CF, tais requisitos encontram-se presente, uma vez que
existe o risco de dano à integridade moral e física da requerente, o qual se justifica
pela falta de bem essencial para sua vida, qual seja, água, visto que a requerente
necessita do abastecimento de água na sua residência, de modo que não pode
esperar o fim do processo, uma vez que trata de bem essencial à sobrevivência
humana (art. 10, I, Lei 7.783/89).

Como também, a falta de água tem afetado suas as atividades


diárias,
como tomar banho, lavar louças ou roupas e cozinhar, por isso, faz-se necessário
garantir o mínimo existencial em consonância ao princípio da dignidade da pessoa
humana.

Logo, o perigo da demora no fornecimento de água, ocasiona cada


vez mais danos e situações constrangedoras à requerente. Resta ainda salientar
que, é um direito líquido e certo da requerente possuir um hidrômetro próprio e
individual para sua residência, pois, uma vez que tramita ação de separação de
bens e não há mais vínculo entre a requerente e o seu ex-cônjuge para compartilhar
a mesmo hidrômetro e respectivamente a mesma conta junto à prestadora do
serviço de água tratada requerida.

Insta ressaltar que as residências em que habitam a requerente e o


ex-cônjuge, possuem números identificadores distintos, logo, é plenamente possível
atender o pleito.

Diante da recusa da requerida em atender à solicitação da


requerente, busca-se o acolhimento do pedido da referida tutela de urgência, com
vista a determinar que a requerida instale um hidrômetro em nome da requerente,
exclusivo para a residência da requerente (Endereço: Rua Floresta, n. 1218, bairro
Novo Horizonte, CEP n. 76.907-216, Ji-Paraná/RO), até decisão final.

V. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência que seja JULGADO


TOTALMENTE PROCEDENTE os pedidos da presente ação, em todos os seus
termos, para:

1. CONCEDER TUTELA DE URGÊNCA ANTECIPADA, inaldita


altera parts, determinando à requerida a instalação de um hidrômetro em nome da
requerente, exclusivo para a residência da requerente (Endereço: Rua Floresta, n.
1218, bairro Novo Horizonte, CEP n. 76.907-216, Ji-Paraná/RO), até decisão final,
nos termos do art. 300, do CPC;

2. Ao final, CONFIRMAR A TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA


concedida no início do processo; e

3. CONDENAR a requerida ao pagamento das custas processuais


(art. 82 e seguintes do CPC) e honorários sucumbenciais (art. 85 e seguintes do
CPC), na base de 20% sobre o valor da condenação e demais despesas cominadas
em lei.

VI. DOS REQUERIMENTOS


Ex positi, requer:

a. A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, em concordância


com o artigo 98 e 99 do Código de Processo Civil, por ser a requerente pessoa pobre na
acepção jurídica do termo e não reunir condições de arcar com as despesas e custas
processuais sem prejuízo de sua própria subsistência;

b. A CITAÇÃO da REQUERIDA via A.R, no endereço inicialmente


indicado, na pessoa de seu representante legal, quanto à presente ação, para que,
querendo, perante esse Juízo, apresente a defesa que tiver, dentro do prazo e forma legal,
sob pena de confissão quanto à matéria de fato ou pena de revelia;

c. A designação de data para a realização de audiência de conciliação,


nos termos do art. 319, inc. VII, do CPC.

VII. DAS PROVAS

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em


direito, especialmente pela juntada de novos documentos e por todos os demais meios de
provas que se fizerem necessários ao processamento da presente ação.

VIII. DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 998,00 (novecentos e noventa e oito


reais), para fins meramente fiscais.

Nestes termos, pede deferimento

Ji-Paraná/RO, 22 de outubro de 2019

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Advogado, OAB/RO 975 Advogada, OAB/RO 525

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