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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA _ a VARA CÍVEL DO TERMO
JUDICIÁRIO DA COMARCA TIMON-MA.

ANA L B DAS NEVES/ PSICULTURA DIAMANTES, empresário individual, com sede no logradouro
Um, 15, Povoado Pinto, CEP: 65630-020, Timon – MA, CNPJ: 45.446.006/0001-25, por sua advogada
Infra-assinada, procuração anexa (doc. 01), vem à presença de V. Exa., propor

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS POR PERDA DA PRODUÇÃO DE


PEIXES POR FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA.

em face da EQUATORIAL ENERGIA S/A , pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob
o nº 06.272.793/0001-84, localizado no endereço CEP: 65070-900, Av. AlamedaA, Quadra SQS, 100
loteamento Quitandinha Altos do Calhau, São Luís – MA, pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas.

DO PEDIDO DA JUSTIÇA GRATUITA

Para fazer jus ao benefício justiça gratuito há a necessidade de que a insuficiência de recursos
prevista no art. 98, CPC, esteja associada ao sacrifício para a manutenção da própria parte,
elemento este que facilmente é observado ao analisar a declaração do imposto de renda referente
aos dois últimos exercícios financeiros, 03 (três) últimos extratos de contas-correntes e balancetes
do último trimestre, de forma a evidenciar a alegada vulnerabilidade financeira da requerente.
(doc. 00)

I. DOS FATOS

No dia 15/08/2022, ocorreu um episódio de falta de energia elétrica no imóvel de produção de


peixes da Requerente, que se encontra cadastrada junto à Requerida através da Conta Contrato
3013321516 (doc. 02).

Ressalte-se que, por volta das 15h00min, a energia elétrica do imóvel faltou, sendo restabelecida
por volta de 23h00min, contando uma falta de energia de aproximadamente08 horas consecutivas,
sem qualquer explicação.

Diante disso, o irmão da Requerente Herbert Luis Beserra das Neves, que é administradorda ANA
L B DAS NEVES/ PSICULTURA DIAMANTES, comunicou o ocorrido à Requerida, através da sua
Central de Atendimento, por meio do telefone (98)2055-0116. (doc. 03).

Ocorre que esta falta na prestação de serviço do fornecimento de energia elétrica ocasionou
grandes perdas econômicas, tal qual, um prejuízo de aprox. $100.000,00 (cem mil reais), conforme
pode ser evidenciado por meio do Parecer Técnico em anexo (doc. 04). Além do desgaste
psicológico, por consequência do enorme prejuízo sofrido.
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Assim, ainda no mesmo dia, o irmão da Requerente entrou em contato por telefone com a
Requerida, para solicitar imediatamente o reestabelecimento de energia ao local, sob penada perda
de toda sua produção de peixes, equivalente a 5.700 peixes com peso aproximadode 1kl ao 1kl e
meio, sendo-lhe fornecido o protocolo de atendimento nº 15484924.

Nesta oportunidade, a Requerida informou ao Requerente que o prazo para envio da equipe do
centro de operações ao local seria BREVE. Contudo, o Requerente aguardou o comparecimento da
mencionada equipe de operações, entretanto, ninguém compareceu ao local.

Ato contínuo, o irmão da Requerente continuou enviando mensagens a Requerida, para que fosse
dado tratamento adequado à sua demanda, bem como o devido atendimento, conforme se verifica
mediante cópia das mensagens enviadas em anexo (doc. 03), mas nãoobteve resposta à demanda
solicitada, bastando apenas protelação por parte da Requerida.

Após as inúmeras formas de se entrar em contato com a parte Requerida e tendo sua demanda
completamente ignorada, a Requerente sofreu por uma perda econômica de tamanho
desocomunal para seu orçamento. Cabe mencionar que a parte Requerente, começou suas
atividades a pouco tempo e já teve diversos gastos com equipamentos próprios para o pleno
desenvolvimento de sua criação de peixes. Estando em total condições de sua criação, bem como,
tendo todo o aparato possível para sua produção psicultural, conforme orçamentos em anexos
(doc. 05)

Porém, por falha técnica da parte Requerida, a Requerente teve o sonho, pelo qual tanto lutou e
investiu, devastado. Diante de tamanha perda por culpa da Requerida, a saber, a importância de
R$ 135.202,14 (Cento e trinta e cinco mil, duzentos e dois reais e quatorzecentavos), que foram
comprometidos e revertidos em perdas (prejuízo) por ineficiência no fornecimento de Energia da
região por parte Equatorial Energia do Maranhão, conforme Laudo Técnico Contábil de Despesas
em anexo (doc 06).

Com isso, a Requerente buscou profissional especializado que pudesse avaliar a condição da morte
da produção de peixes em sua totalidade, sendo constatado pelo perito zootecnista que as mortes
foram causadas em razão de falta de energia exarcerbada, consoante Parecer Técnico em anexo
(doc. 07).

Saliente-se que todo o fato acima declinado foi devidamente registrado na competente Delegacia
de Polícia, para fins de Direito, conforme se verifica mediante cópia do Boletimde Ocorrência em
anexo (doc. 08).

Diante disso, a Requerente busca o Poder Judiciário na tentativa de resguardar e reaver osseus
direitos patrimonial e moral, violados por uma conduta lesiva praticada pela Requerida.

II. DO DIREITO

II.a. DA APLICABILIDADE DA LEI Nº 8.078/90 E DA RESPONSABILIDADE


OBJETIVA DAREQUERIDA

Inicialmente, vale destacar que a defesa do consumidor é garantia constitucional, previstano artigo
5º, XXXII, in verbis:
"Art. 5.º (...)XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.
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(...)".
Por sua vez, o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90) expressa de
forma clara em seu artigo 2º, para todos os fins legais, o conceito de Consumidor, qual seja:
"Art. 2º - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final".
Neste sentido, em se tratando de relação jurídica de índole consumerista, convém assinalar a
condição natural de inferioridade do consumidor, reconhecida pela doutrina, jurisprudência e pela
lei, em relação ao fornecedor. Faz-se menção ao princípio da igualdade (artigo 5º, caput, da
Constituição Federal) em consonância com a interpretaçãoque deve ser atribuída em relação ao
vínculo entre consumidor e fornecedor.

Portanto, interpreta-se o dispositivo supra com a finalidade de equilibrar a relação de patente e


natural desequilíbrio existente entre as partes.

Saliente-se ainda que constitui enunciado basilar da Ciência Jurídica a boa-fé contratual, tal como
os ideais de respeito aos interesses individuais e coletivos. Assim, merece aplauso a opção do
legislador quando do reconhecimento do princípio da vulnerabilidade do consumidor no mercado
de consumo.

Ainda com base no patente desequilíbrio entre as partes da relação consumerista, nada mais justo
do que a aplicação do artigo 6º, inciso VIII, do diploma legal em tela, que possibilita a inversão do
ônus probandi a favor do consumidor.

De outra feita, ainda sob a égide do Código de Defesa do Consumidor, brilhante foi a inserção da
responsabilidade objetiva do fornecedor de serviços, presente no artigo 14, do diploma legal em
tela. Depreende-se de seu texto, a imputação direta, independentemente de culpa, da reparação do
dano causado ao consumidor oriundo de defeito relativo à prestação do serviço, a saber:
"Art. 14 - O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos".

Portanto acertada é a exegese no sentido de que a Requerida, efetivamente, praticou conduta


lesiva que causou prejuízos morais e materiais a Requerente. Assim, independentemente de culpa,
impõe a lei, de forma objetiva, a reparação dos danos oriundos desta conduta.

II.b. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Em sede de responsabilidade civil, a Lei nº 8.078/90 contém dispositivo que permite a inversão
do ônus da prova, desde que verificada a verossimilhança do direito ou a condição de
hipossuficiência dos Requerentes. Senão vejamos:

"Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:


(...)
VIII - a facilitação da defesa dos seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor,
no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundos as regras ordinárias de experiências."

No caso em apreço, resulta óbvio que além do fato afirmado ser verossímil, por meio das
evidências do indispensável nexo de causalidade, é reconhecidamente verificável a
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hipossuficiência da Requerente por ser a parte mais frágil dessa relação jurídica.

Dessa forma, a Requerente pugna pela inversão do ônus da prova, para que a Requerida comprove
a inexistência de falha na prestação de serviço em face da Demandante.

II.c. DOS DANOS MATERIAIS E MORAIS

Resta, pois, plenamente configurado no caso em tela que a conduta da Requerida culminoude forma
incisiva em ofensa às searas patrimonial e extrapatrimonial da Requerente, conforme
demonstrado anteriormente, devendo a mesma ser indenizada por todos os prejuízos causados às
suas integridades material e moral, pois por falha técnica da parte Requerida, a Requerente sofreu
grande perda econômmica.

A prática dos atos ilícitos mencionados é repudiada pelo Código Civil que, em seu artigo 186,
garante o direito de reparação do dano, ainda que, exclusivamente moral. É o que versa a lei:

"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violardireito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito".
Ainda sob a égide da lei civil, o artigo 927 deixa manifesta a obrigação de indenizar a partelesada, a
saber:
"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo".
No que tange à repercussão do ilícito praticado pela Requerida na esfera jurídica daRequerente, frise-
se a configuração do dever de indenizar, se encontram presentes os pressupostos da responsabilidade civil
contratual, quais sejam:

a) A ação , correspondente a todos os atos ou condutas positivas, próprias da Requerida, capazes


de atingir a esfera emocional da Requerente;

b) A culpa da Requerida , consistente na violação do dever de cuidado e atenção ao qual está


incumbida por força da lei, além da observância ao princípio da boa-fé objetiva dos contratos;

c) A relação de causalidade , o nexo causal entre a ação e o prejuízo verificado. Os danos materiais
e morais suportados pela Requerente têm sua causa diretamente relacionada com o
comportamento ilícito da Requerida; e,

d) O dano , a ofensa pessoal que, no presente caso, apresenta-se na vertente patrimonial e


extrapatrimonial, cuja reparação se pretende.

Ademais, a Requerida deverá ser condenada ao pagamento de indenização por danos materiais,
em favor do Requerente, relativo ao valor das perdas que obteve pelas mortes de toda a produção
de pexes, bem como, pelo lucro cessante em razão da falta de energia, no montante total de R$
100.000,00, conforme orçamentos em anexo.

Os danos causados pela Requerida em hipótese alguma deverão ficar desprovidos do manto do
Poder Judiciário, eis que se assim proceder, este Douto Juízo em nada amenizaráos sentimentos de
angústia e impotência da Consumidora, ora Requerente, tampouco, restarão amenizados os danos
materiais e morais sofridos pela mesma.

É extremamente importante evidenciar que a Requerida jamais modificará seu tratamentopara com os
Consumidores, caso não seja repreendido de forma substancial, isto é, a
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indenização pelos danos causados a Requerente deverá ser estipulada por este Douto Juízo em
montante significativo e educativo para que surta o máximo de efeito possível, a fim de evitar
reincidências do estilo aos demais consumidores.

Assim, ante ao evidente desrespeito aos direitos da Requerente, deve a Requerida indenizá-la
pelos danos suportados em todas as suas formas, nos estritos termos do ordenamento jurídico e
da jurisprudência pátrios.

III. DO PEDIDO

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência que se digne a:

a) DECLARAR A INVERSÃO DO ÕNUS DA PROVA , nos termos do artigo 6º, VIII, da Lei nº
8.078/1990.

b) DETERMINAR A CITAÇÃO da Requerida para que compareça à audiência de conciliação, a ser


oportunamente designada por este Juízo, na qual a Requerente manifesta, desde já, oseu interesse
na realização de acordo, nos termos do artigo 319, VII, do Código de ProcessoCivil para, se quiser, a
partir daí, apresentar contestação, sob pena de lhe ser decretada a revelia;

c) JULGAR PROCEDENTES os pedidos formulados na presente ação, para justiça gratuita ou


parcelamente e para condenar a Requerida ao pagamento de:

c.1) indenização por DANOS MATERIAIS a Requerente, no valor de R$ 100.000,00, devidamente


atualizado com juros e correção monetária, a partir da data do evento danoso;

c.2) indenização por DANOS MORAIS ao Requerente, no valor de R$ 50.000,00.

Requer, ainda, a condenação da Requerida ao pagamento de honorários advocatícios, calculados


em 30% (trinta por cento) sobre o valor da condenação.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, em especial
documental, pericial, testemunhal e depoimento pessoal do representante legal da Requerente.

Atribui-se a causa o valor de R$ 150.000,00, para efeitos fiscais.Nestes

termos, pede deferimento.

TIMON-MA, 10 de fevereiro de 2023.

Patrícia Marques de Abreu Ramos.


21.454 OAB/PI
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