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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 05ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE SANTO ANDRÉ – SP

Processo nº 1003886-74.2023.8.26.0554

TOKIO MARINE SEGURADORA S.A, já devidamente qualificada nos


autos da AÇÃO REGRESSIVA DE RESSARCIMENTO DE DANOS que move contra
ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SAO PAULO S.A., por seus
advogados que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, apresentar

CONTRARRAZÕES

ao Recurso de Apelação interposto pela apelada, o que se faz nos termos a


seguir aduzidos.

Nesses termos,
Pede deferimento.
São Paulo, 10 de August de 2023.

José Carlos Van Cleef de Almeida Santos


OAB SP 273.843

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EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

CONTRARRAZÕES AO RECURSO DE APELAÇÃO

PROCESSO N.º 1003886-74.2023.8.26.0554


JUÍZO: 05ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SANTO ANDRÉ – SP
APELANTE: ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SÃO PAULO S.A.
APELADA: TOKIO MARINE SEGURADORA S/A

COLENDA CÂMARA JULGADORA

EMÉRITOS DESEMBARGADORES JULGADORES

DA BREVE SÍNTESE DA DEMANDA

Trata-se de recurso de apelação interposto contra a r. sentença


que brilhantemente julgou procedente a Ação Regressiva de Ressarcimento de
Danos proposta pela Apelada, para condenar a Apelante ao pagamento dos
valores despendidos com a indenização securitária prestada.

Inconformada, a Apelante pleiteia a reforma da r. sentença


proferida, fundamentando-se nos mesmos argumentos já rechaçados pelo juízo
a quo, não trazendo qualquer fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito da Apelada, certo é que outro destino não poderá ter o seu Recurso,
senão o seu desprovimento.

Todavia, em que pesem as fracas e desprovidas razões da


Apelante, certo é que outro destino não poderá ter o seu Recurso, senão o seu
desprovimento, pelos motivos expostos a seguir.
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DO MÉRITO

I. DO NEXO DE CAUSALIDADE E DO EVENTO


DANOSO

No que se refere aos argumentos da Apelante que subsidiam a


sua resistência apresentada em relação à pretensão processual da Apelada
contida no petitum – já no “caminho” ao enfrentamento do meritum causae
esse D. Juízo, através de sua atividade intelectual, notará inequivocamente que
inexiste nos autos qualquer espécie de impedimento ao acolhimento integral da
demanda da Apelada, motivo pelo qual outra sorte não resta aos argumentos
lançados pela Apelante senão o total rechaço.

Como exposto, a Apelante não traz aos autos qualquer prova ou


documento apto a demonstrar que, no dia dos fatos, sua rede de distribuição
de energia elétrica funcionou perfeitamente, de que nada comprovam. Também
não prova que os fornecimentos de energia dos Segurados da Apelante não
sofreram qualquer pico de tensão que ocasionou a descarga de energia elétrica.

Em contrapartida, a Apelada, enquanto autora, trouxe com sua


exordial provas robustas, elaboradas por empresas especializadas, idôneas e
sem qualquer vinculação com o resultado do processo.

Urge esclarecer que está comprovado nos autos que o evento


danoso ter ocorrido como sendo, justamente a oscilação de energia elétrica
que causou a queima dos equipamentos que guarneciam os imóveis.

Verifica-se dos termos da contestação apresentada, a vã tentativa


da Ré de desviar a atenção desse D. Juízo para o inverídico argumento de que,

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supostamente, a responsabilidade pelo evento danoso retratado nos autos seria
dos próprios Segurados (consumidores).

A Apelante em momento algum negou ser a única responsável


pelo fornecimento de energia elétrica ao local dos fatos e também não
rechaçou, de qualquer forma, a sua qualidade de fornecedora de serviço
público de distribuição de energia elétrica.

Também nega sua responsabilidade civil pelo evento ilustrado nos


autos sob a argumentação, pura e simples, de que supostamente não há nos
autos prova do nexo causal entre a sua conduta e os danos experimentados
pela Autora. Nada obstante, assim o faz de forma totalmente genérica e
infundada (ou seja: pífia).

Com efeito, sabe-se que o nexo causal é elemento essencial à


caracterização da responsabilidade civil e representa “a relação de causa e
efeito entre a conduta (comissiva ou omissiva) do agente e o dano
evidenciado”.1

De acordo com a melhor doutrina sobre o tema, conclui-se que o


sistema do Código Civil abarcou a teoria do dano direto e imediato (teoria da
necessariedade da causa) para definir o nexo causal ínsito à responsabilidade
civil. Segundo dispõe o art. 403, do CC é essencial que “ o dano seja o efeito
imediato e direito da inexecução, de modo que ao inadimplemento deve-se
atribuir com exclusividade a causa do dano para que haja o dever de
indenizar”.2

1
ALMEIDA SANTOS, José Carlos Van Cleef e CASCALDI, Luis de Carvalho. Manual de direito civil. São
Paulo: RT, 2011, p. 300.
2
NERY JR., Nelson e NERY, Rosa Maria de Andrade Nery. Código Civil comentado. 8ª Ed., São Paulo: RT,
2011, p. 518.
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Evidente, portanto, que a Apelante não se desincumbiu de seu
ônus tipificado no artigo 373, II, do Código de Processo Civil.

Assim, resta clara a comprovação da efetiva ocorrência do evento


danoso tratado nos autos, bem como da força probante de todos os
documentos apresentados pela Autora no sentido de caracterizar o nexo causal
entre a conduta da Ré e os danos suportados pela Autora, que deve ser
ressarcida pelos prejuízos demonstrados, mormente porquanto não ter a Ré
comprovado qualquer fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da
Autora exposto na petição inicial.

II. DA APLICAÇÃO DO CDC E A INVERSÃO


DO ÔNUS DA PROVA

O CDC é aplicável ao caso, haja vista que Apelada ao pagar a


indenizações aos segurados, sub-rogou-se em seus direitos, autorizando a
inversão do ônus da prova, nos termos dos art. 6º, VIII, do Código de Defesa
do Consumidor, art. 373, 1º, do Código de Processo Civil e art. 786, do Código
Civil. Neste sentido é firme, pacífico e recente o entendimento do Tribunal de
justiça do Estado de São Paulo – TJSP de 14/07/2023.

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ação regressiva de ressarcimento de


danos. Seguro. Energia Elétrica. Insurgência da seguradora, autora,
contra a decisão saneadora que indeferiu o pedido de inversão do ônus
da prova. Cabimento. Sub-rogação nos direitos de segurado-
consumidor (art. 786 do CC) que abrange o direito material e o
direito processual aplicáveis ao consumidor "stricto sensu", "hic et
nunc" a seguradora por sub-rogação. Artigo 6º, VIII, do CDC. Decisão
reformada. Recurso provido.” (Grifo Nosso).3

Não se olvide que a Apelante é que tem melhores condições de


provar que os danos evidenciados nos bens assegurados pela Autora não

3
Agravo de Instrumento nº 2142482-34.2023.8.26.0000, Des. Relator Décio Rodrigues, 21ª
Câmara de Direito Privado, J: 14/07/2023.
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decorreram da falha do fornecimento de energia elétrica, sendo impossível para
a Apelada ter acesso aos registros internos da concessionária de energia
elétrica.

III. DOS LAUDOS DE OFICINA: DA


COMPROVAÇÃO DO DANO E AUSÊNCIA DE
PROVA UNILATERAL

De acordo com o módulo 9 da ANEEL, a apuração do dano elétrico


no equipamento, objeto da solicitação administrativa, será verificada consoante
a conclusão do laudo de oficina, cujo conceito, nos termos do item 18, aduz
que: “O Laudo de Oficina é o documento emitido por oficina que detalha o
dano ocorrido no equipamento objeto da solicitação de ressarcimento e tem
como intuito confirmar se o dano reclamado tem origem elétrica, podendo estar
acompanhado do orçamento para o conserto do equipamento.”

Assim, nos termos da referida Resolução 1.000 da ANEEL art. 616,


II a confirmação pelo laudo de oficina que o dano tem origem elétrica, por si
só, gera obrigação de ressarcir pela concessionária.4

As assistências técnicas são especializadas e conforme o principio


da livre iniciativa, adequadas para avaliarem a presença de dano elétrico de
forma proba e idônea, ademais, são escolhidas pelos próprios consumidores,
sem qualquer vínculo com a Apelada.

Assim, se a própria ANEEL estabelece que o documento adequado


para a comprovação do dano elétrico é o laudo de oficina, não cabe à
concessionária fiscalizada dizer qual a documentação que pode ou não a
autoridade fiscalizadora exigir para a comprovação do nexo de causalidade,
4
Art. 616. A distribuidora pode solicitar ao consumidor, no máximo, 2 (dois) laudos e orçamentos de
oficina não credenciada, ou um laudo e orçamento de oficina credenciada, sem que isso represente
compromisso em ressarcir, observando que:
II - a confirmação pelo laudo de que o dano tem origem elétrica gera obrigação de ressarcir
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principalmente no caso dos autos em que sequer apresentou fato impeditivo,
modificativo e extintivo do direito da Apelada, conforme entendimento que vem
sendo reiterado no Tribunal de Justiça de São Paulo – TJSP, vide o Acórdão de
11/07/2023.

“APELAÇÃO CÍVEL. Ação regressiva de ressarcimento de danos.


Oscilação na rede de distribuição de energia elétrica. Sentença de
improcedência. Inconformismo da autora. Acolhimento em parte.
Queima de equipamentos eletroeletrônicos. Prova documental
produzida pela autora que se mostra hábil a comprovar o nexo
de causalidade entre a variação de energia fornecida pela ré e
os danos nos equipamentos dos segurados. Laudos técnicos
emitidos por empresas terceirizadas, idôneas e especializadas
no ramo, sem interesse na causa. Relação de consumo. Incidência
do CDC ao caso concreto – sub-rogação. Responsabilidade objetiva da
concessionária ré (art. 14, do CDC c.c. art. 37, §6º, da CF/88). Ré que
não comprovou a exclusão de sua responsabilidade (art. 373, II, do CPC
c.c art. 14, §3º do CDC). Termo inicial dos juros moratórios, por se
tratar de relação jurídica contratual, deve ser contado a partir da
citação, a teor do artigo 405, do CC. Sentença reformada. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO” 5(Grifo nosso).

Por conseguinte, não resta dúvida de que a Apelante deverá ser


condenada ao ressarcimento, visto que a sua responsabilidade é objetiva,
consoante o disposto no art. 37, §6º, da Constituição Federal 6, ou seja,
independe de culpa, bastando à prova de fato, do dano e o nexo causal.

Diante do exposto, ante a validade dos laudos acostados pela


Apelada e a comprovação do nexo de causalidade entre o dano suportado pela
seguradora e a conduta praticada pela Apelante, é manifesta a procedência
desta demanda, para que a Apelante seja condenada ao ressarcimento dos
prejuízos suportados pela Apelada.

IV. DOS DANOS MATERIAIS.


5
Apelação Cível nº1049835-54.2021.8.26.0114, Des. Relator Sergio Alfieri, 27ª Câmara de
Direito Privado, J: 11/07/2023.
6
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”
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A Apelante insurge-se, ainda, em relação ao quantum
indenizatório pleiteado pela Apelada na demanda.

As provas produzidas pela Apelada são contundentes em


demonstrar as despesas suportadas pelo evento danoso em comento, fato que
afasta completamente os argumentos genéricos trazidos pela Apelante em
seu Recurso que, ainda, não observou o que preconiza o CPC 341.

Tanto é que a Apelante limita-se, mais uma vez, a tecer rasos


argumentos, deixando de comprovar, especificamente, as impugnações
apontadas, bem como os valores que acredita ser correto.

Cumpre esclarecer que foram juntados, aos autos, os


comprovantes de pagamento realizados aos segurados, logo, caem por terra às
alegações da Apelante de que não há documentos hábeis a propositura da
demanda.

Ademais, ressalta-se que a prática de uma empresa ilibada como


a Apelada requer análise séria e idônea quanto aos documentos apresentados
para as indenizações aos segurados, sendo que as empresas que cotaram os
preços contidos nos orçamentos apresentados preenchem os requisitos
necessários a uma prestação de informações qualificada, bem como de serviços
que atendam os padrões de qualidade exigidos pelos seus clientes.

Em decorrência do princípio de que a reparação dos danos deve


ser feita da melhor forma a satisfazer o lesado, consagrado em nosso
ordenamento jurídico, a Apelada possui equipe de análise de sinistro totalmente
apta a garantir serviços de elevado padrão de qualidade, o que justifica a
exclusiva utilização desta equipe para a elaboração dos orçamentos inerentes
aos sinistros atendidos.
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Desta forma, os reparos realizados nos equipamentos dos imóveis
assegurados foram feitos conforme a necessidade, ou seja, de acordo com os
equipamentos danificados por conta das oscilações e sobrecarga elétrica, este
ocasionado por culpa exclusiva da Apelante.

Verifica-se, portanto, que os documentos atacados são idôneos e


representa fielmente os prejuízos suportados pela Apelada, sendo documentos
hábeis e legalmente válidos.

Assim, a Apelada cumpriu, em todos os seus termos, portanto, o


quanto dispõe o CPC 373 I.

V. DA SUPOSTA AUSÊNCIA DE
RESPONSABILIDADE DA APELANTE -
INSTALAÇÃO INTERNA

A Apelante lança mão de mais um argumento que visa tão


somente confundir Vossa Excelência, ao afirmar que os Segurados seriam
responsáveis pelos danos, visto que sua responsabilidade é até o ponto de
entrega do fornecimento da energia, pleiteando, assim, na hipótese de
condenação, o reconhecimento da culpa concorrente.

Ou seja, verifica-se, mais uma vez, não só a tentativa da Apelante


em eximir sua responsabilidade, como culpar os Segurados pelos danos,
sugerindo que estes foram causados pelas instalações internas ou até mesmo
outros fatores.

Ora, tal hipótese não poderia ser mais absurda! O farto conjunto
probatório acostado aos autos não deixa margem para dúvidas ou vagas
indagações, que os danos se originaram por picos de tensão ocasionados pelas

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oscilações de energia da rede elétrica da Apelante, a qual, não negou ser a
única distribuidora de energia elétrica, vide entendimento reiterado e que se
mantém no Tribunal de Justiça de São Paulo – TJSP, 11/07/2023:

“Apelação - Ação regressiva de ressarcimento contra concessionária -


Seguro por danos elétricos - Queima de equipamentos eletroeletrônicos
- Prova documental idônea - Laudos técnicos por empresa terceirizada,
idônea e especializada no ramo, sem interesse na causa - Precedentes
desta C. Câmara - Responsabilidade objetiva da concessionária ré
- Inteligência dos artigos 22, do CDC, e 37, §6º, da CRFB - Ré que não
comprovou a exclusão de sua responsabilidade (art. 373, II, do CPC c.c
art. 14, §3º do CDC) - Sentença reformada para condenar a requerida,
nos termos do pedido inicial. Principio da colegialidade adotado -
Celeridade e razoável duração do processo preservadas (art. 5º, inc.
LXXVIII, CF). Muito embora este relator entenda de modo diverso ao
que ora se decide, o certo é que a jurisprudência consolidada pelos
demais membros desta Colenda Câmara é no sentido de se acolher a
postulação da ilustre apelante, de modo que qualquer divergência aqui
somente iria procrastinar o processamento do feito sem resultado
prático ou jurídico satisfatório, caso haja eventual julgamento estendido.
Impõe-se, portanto, a observância aos princípios da celeridade
processual e da razoável duração do processo (art. 5º, inc. LXXVIII,
CF). Recurso provido para julgar procedente o pedido.” 7 (Grifos nossos).

Dessa forma, diante da total inconsistência dos argumentos


trazidos à baila pela Apelante, não há que se falar que os danos se deram em
razão de outros fatores alheios a sua responsabilidade ou por problemas nas
instalações internas dos imóveis assegurados pela Apelada, vez que estes
estavam em perfeitas condições de utilização. Deve, portanto, ser rechaçada a
alegação de culpa concorrente.

VI. DA CONDENAÇÃO EM SUCUMBÊNCIA

Aduz a Apelante a sua não conformidade com a quantificação dos


honorários advocatícios, se baseando na remota reforma da sentença.

7
Apelação Cível nº 1000516-41.2022.8.26.0322, Des. Relator Michel Chakur Farah, 27ª Câmara
de Direito Privado, J: 11/07/2023.
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Não merece guarida as alegações da Apelante, uma vez que os
honorários arbitrados estão conforme preceitua o art. 85, parágrafo 2º, do
Código de Processo Civil. Outrossim, sem interesse recursal, vez que estes
foram arbitrados no patamar mínimo, devendo em grau recursal serem
majorados, conforme preceitua o artigo mencionando alhures.

VII. DA NÃO CONFIGURAÇÃO DO


EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE -
CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR

Em sua derradeira alegação a Apelante alega que não é


responsável pela ocorrência dos danos, e que a sentença de primeiro grau não
merece prosperar.

De maneira objetiva, a ocorrência de descargas atmosféricas é


caracterizada como risco interno à atividade da ré e as Concessionárias de
Energia deveriam estar devidamente preparadas para lidar com tais situações,
pois são eventos previsíveis, tal entendimento é pacificado no Tribunal de
Justiça de São Paulo – TJSP que reitera taxativamente acerca deste liame:

“APELAÇÃO CÍVEL. Ação regressiva de ressarcimento de danos.


Oscilação na rede de distribuição de energia elétrica. Sentença de
parcial procedência. Inconformismo da ré. Não acolhimento. Preliminar
de falta de interesse de agir e de cerceamento de defesa. Rejeição.
Prévio requerimento administrativo que não tem o condão de se
sobrepor ao direito de ação, garantido pelo artigo 5º, inciso XXXV, da
Constituição Federal. Desnecessidade. Autora que se sub-rogou nos
direitos da consumidora em decorrência do pagamento da indenização
por conta do evento danoso. Responsabilidade objetiva da
concessionária de serviço público. Inteligência do artigo 37, § 6º, da CF.
Nexo causal presente nos autos, em razão dos documentos idôneos
apresentados pela autora, que identificam o liame da oscilação de
voltagem e os danos nos componentes eletrônicos. Prova unilateral
válida. Idoneidade das empresas que não foi abalada pela ré. Ré que
não demonstrou fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito da autora, tampouco comprovou qualquer causa

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excludente de responsabilidade. Sentença mantida. RECURSO
DESPROVIDO.” (Grifo nosso).8

Ademais, nos termos do art. 37, §6º da C.F./88 a responsabilidade


da ré objetiva é inquestionável, pois além de ser responsável pelo fornecimento
de energia elétrica no local onde se localiza o imóvel assegurado pela Autora,
deveria ter atualizado a sua rede com dispositivos de segurança a fim de evitar
os danos ocorridos e não o fez.

DA CONCLUSÃO E DO PEDIDO

Diante de todo exposto acima, requer seja NEGADO


PROVIMENTO ao recurso de apelação interposto pela Apelante, mantendo-se
todos os termos da r. sentença proferida no presente caso.

Pugna, ainda, pela condenação da Apelante ao pagamento dos


honorários sucumbenciais recursais, ante o protelatório e infundado recurso
interposto, decorrente de seu improvimento, nos termos do artigo 85, §1º, do
Civile Adjectio Codex.

Nesses termos,
pede deferimento.
São Paulo, 10 de August de 2023.

José Carlos Van Cleef de Almeida Santos


OAB SP 273.843
DVG/KRM

8
Apelação Cível nº 1140300-54.2021.8.26.0100, Rel. Desembargador Sérgio Alfieri, 27ª Câmara
Cível da Comarca de São Paulo, J: 06/07/2023.
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