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GALVÃO LEONARDO ADVOCACIA

Rua Sebastião Archer, nº 19, Olho D’água.


São Luís – MA. CEP: 65065-480. Tel.: 98 3235 8995.
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Travessa Dom Romualdo de Seixas, 1476, Ed. Evolution.
Sala 2208. Umarizal. Belém – PA. CEP: 66055-200.
Tel: 91 3222 8889 / 3348 5171
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AO MM JUÍZO DO 2º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E DAS RELAÇÕES DE CONSUMO DA


COMARCA DE SÃO LUÍS – MA

Processo nº: 0800051-69.2021.8.10.0007

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS. SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. SUSPENSÃO
MOTIVADA PELA RELIGAÇÃO À REVELIA DA
CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA ELÉTRICA. EXERCÍCIO
REGULAR DE UM DIREITO. AUSÊNCIA DE CONDUTA
ILEGÍTIMA A JUSTIFICAR A INDENIZAÇÃO VINDICADA.
DEVER DE INDENIZAR INEXISTENTE. SENTENÇA MANTIDA.
1- Verificada pela concessionária de energia elétrica que o usuário,
após quitação de dívida que originara a primeira suspensão do
fornecimento, promoveu religação da energia à sua revelia, pode ela
efetuar nova suspensão do serviço de fornecimento da energia
elétrica, consoante dispõe o art. 175 da Resolução Normativa 414/2010
da ANEEL. 2- Assim, ainda que sob a alegação de omissão da
concessionária quanto ao dever de reativar o fornecimento de
energia após quitação de dívida, não pode o consumidor,
arbitrariamente, promover a religação à revelia da distribuidora, de
modo que, assim procedendo, autoriza-a a suspender novamente o
serviço, agora de forma imediata, suspensão essa que configura
exercício regular de um direito, afastando qualquer dever de
indenizar por dano derivado desse novo corte. 3- Apelação conhecida
e não provida.

(TJ-TO - AC: 00306175220198270000, Relator: CELIA REGINA REGIS)

EQUATORIAL MARANHÃO DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S/A, já qualificada


nos autos do processo em epígrafe movido por FRANCISCO DAS CHAGAS PEREIRA SERRA,
também qualificado nos autos, vem, respeitosamente à ilustre presença de Vossa Excelência,
tempestivamente apresentar CONTESTAÇÃO, com fulcro no artigo 30 da lei 9.099/95, em razão

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dos fatos e fundamentos que passa a expor:

I - RESUMO DA LIDE

Alega a parte autora que está sendo cobrado por multa e taxa de auto religação que
considera indevido .

Ao final requer indenização por danos morais e repetição de indébito.

Eis o resumo dos fatos, os quais se impugnam desde logo, e para os efeitos do art. 336
e 341 do CPC, especificamente todos os pontos alegados na exordial, com o quê, passar-se-á á análise
do mérito.

II – DAS PRELIMINARES

II. 1. IMPUGNAÇÃO A JUSTIÇA GRATUITA

A lei nº 13.105, nos artigos 99 e 100 esclarece que a parte contrária pode oferecer
impugnação na contestação. Já nos moldes, do art. 337, da respectiva lei, esclarece que incube ao réu
antes de discutir o mérito, alegar a indevida concessão de tal benefício.

O caput do art. 98 do NCPC dispõe sobre aqueles que podem ser beneficiários da
justiça gratuita:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade
da justiça, na forma da lei.

Entretanto, tratando-se de requerente pessoa física, simples afirmação do alegado


estado de pobreza, ou seja, de que faz jus aos benefícios da justiça gratuita, acompanhada de

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requerimento, não é suficiente para caracterizar a exigência justiça gratuita, sendo indispensável
demonstrar cabalmente nos autos a sua insuficiência de recursos financeiros. Veja-se:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA –


IMPUGNAÇÃO AO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA -
JUSTIÇA GRATUITA REVOGADA - HIPOSSUFICIÊNCIA
NÃO COMPROVADA - NÃO CONCEDIDO O BENEFÍCIO -
RECURSO DESPROVIDO. Faz jus ao benefício da justiça gratuita
aquele que demonstra não ter condições de custear as despesas
processuais sem prejuízo do próprio sustento. Embora não seja
necessário que a parte seja pobre, ou necessitada, para que se
possa beneficiar da justiça gratuita, deve-se comprovar que o
pagamento das custas do processo comprometerá seu sustento e o
de sua família. (Grifamos).

(TJ-MT - AC: 00036951920158110045 MT, Relator: GILBERTO


LOPES BUSSIKI, Data de Julgamento: 07/10/2020, Segunda
Câmara de Direito Público e Coletivo, Data de Publicação:
15/10/2020)

De fato, impedir à concessão do benefício, vai de encontro a norma constitucional


insculpida no art. 5º, inciso LXXIV, a qual estabelece que o “Estado prestará assistência jurídica e
integral aos que comprovarem insuficiência de Recursos”, o que não ocorre no caso em questão,
uma vez que não há qualquer documentação comprovando a insuficiência de Recursos, não
constando sequer declaração.

Assim, requer-se seja determinada a parte autora ao recolhimento/pagamento de


custas processuais, sob pena de extinção do processo e seu consequente arquivamento dos autos, eis
que aquela não demonstrara o preenchimento dos requisitos que possam ensejar a eventual
benefício da justiça gratuita.

II. 2 DA CARÊNCIA DE AÇÃO – FALTA DE INTERESSE DE AGIR

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Inicialmente, importa dizer que A PRESENTE AÇÃO CARECE DE INTERESSE DE


AGIR, condição essencial da ação, conforme preceitua o Código de Processo Civil, em seu art. 485,
VI.

Ora, não há interesse processual em ingressar com ação judicial sem que haja
resistência administrativa prévia à pretensão ou a pretensão resistida. Sem isto, não há conflito, não
há lide e, por conseguinte, não existe interesse de agir. Conforme asseverado pelo Ministro do STJ,
Herman Benjamin, no Resp 1.310.042: "o Poder Judiciário é via destinada à resolução dos conflitos, o que
também indica que, enquanto não houver resistência do devedor, carece de ação aquele que judicializa sua
pretensão.

Segundo os fatos narrados na peça inicial, constata-se que não há nos autos qualquer
protocolo de reclamação ou qualquer prova que ateste as alegações da parte autora pela busca de
solução administrativa.

O Superior Tribunal de Justiça firmou posicionamento: há falta de interesse de agir


(binômio interesse-necessidade), quando inexistente a prévia resistência administrativa, reforçando
a necessidade de pedido administrativo prévio e a sua negativa, para justificar o acionamento do
Poder Judiciário (Resp 936.574/SP e Resp 1.310.042).

Nesta toada trazemos a decisão no Processo 0800673-41.2020.8.10.0151 do MM. Juíz


Titular da 3ª Vara respondendo pelo Juizado Especial Cível e Criminal de Santa Inês:

“(...) Compreensível, então, que uma leitura isolada do preceito de


universalização do acesso à defesa de direitos seja compreendida na
estreiteza da inafastabilidade da apreciação do Judiciário, como se esse
fosse o único recurso de proteção de direitos. (...) A compreensão

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sistemática do direito impõe sua interpretação não apenas pela


literalidade restrita de um dispositivo, mas de todo o conjunto de
orientações que aperfeiçoam a finalidade da norma. É esse espírito
inovador que se deve promover uma melhor leitura da universalização
do acesso à Justiça. Quando lida com as garantias individuais, a Carta
vigente, ainda que confeccionada por aqueles que se insurgiram com o
regime anterior, assim como sua ratificação (EC 45/2004), não
desconhece a possibilidade de uso de meios administrativos como
instrumentos de defesa desses direitos. Também é contemplada a
defesa administrativa no direito coletivo dos trabalhadores por ação
dos sindicatos (art. 8º, III, CF/88). De forma mais contundente, a
Constituição Federal, no Capítulo/Seção Desporto, ao reconhecer o
dever do Estado no fomento das práticas desportivas, põe de forma
impositiva uma limitação à jurisdicionalidade (...) Resta, pois,
evidente que o paradigma constitucional de universalização do acesso
à Justiça não deve se confundir mais com irrestrito acesso ao
Judiciário.(...) Não se pode mais admitir que demandas solúveis pela
via consensual sejam destinadas a ocupar o Judiciário, quando este
não consegue dar vencimento às questões que só a ele cabe resolver.
Partindo-se do princípio de que não existe norma inútil, a
compreensão adequada da validade desses dispositivos é a de que se
devem empreender os esforços necessários para solução extrajudicial
dos conflitos, sendo essas medidas garantia do preceito constitucional
do ACESSO à Justiça, distinto da EXCLUSIVIDADE DE ACESSO ao
Judiciário. (...) Portanto, revela-se compatível o princípio do acesso à
justiça ou da inafastabilidade da prestação jurisdicional, e a
observação de cumprimento de pressupostos à propositura de uma
demanda e como confirmam os precedentes do Supremo Tribunal
Federal nos Recursos Extraordinários nº 631.240 e nº 839.353, que
enfrentaram o antecedente do processo administrativo como
preenchimento de condição para propositura da ação, prestigiando o
pressuposto do interesse na prestação do serviço jurisdicional. Ante o

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exposto, acolho a preliminar de falta de interesse de agir arguida e,


consequentemente, JULGO EXTINTO O PROCESSO, sem resolução de
mérito, nos termos do art. 485, inciso VI, do CPC.

Neste diapasão já decidiu o Egrégio Tribunal de Justiça deste Estado:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE


INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
SUSPENSÃO PARA CONCILIAÇÃO EXTRAJUDICIAL.
PROGRAMA DE ESTÍMULO AO USO DOS MECANISMOS
VIRTUAIS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS. ACESSO A JUSTIÇA.
1. Considerando que o pedido formulado na inicial está albergado na
plataforma para busca de uma solução extrajudicial satisfativa,
entende-se escorreita a decisão agravada, na medida em que se
apresenta imprescindível a utilização de formas alternativas para a
solução dos conflitos, a fim de garantir maior eficiência a Máquina
Estatal, oportunizando o uso de meios que antecedem à
judicialização. 2. Acentua-se que o Programa de Estímulo ao Uso dos
Mecanismos Virtuais de Solução de Conflitos é um dos meios colocado
à disposição da sociedade para tentar minimizar a avalanche de
processos que massificam o Sistema de Justiça, retirando do Judiciário
melhores e maiores condições do enfrentamento das causas
verdadeiramente complexas, que, estas sim, necessitam da intervenção
judicial, e, contribuindo, também, para a diminuição do custo do
processo que ao fim e ao cabo, favorecerá o acesso, ainda, a um maior
número de brasileiros. 3. Agravo de Instrumento conhecido e
improvido. 4. Unanimidade. (TJMA. AGRAVO DE INSTRUMENTO
N.º 0804411-73.2018.8.10.0000 – SÃO LUÍS. RELATOR:
Desembargador Ricardo Duailibe. ÓRGÃO JULGADOR – QUINTA
CÂMARA CÍVEL. PUBLICADO ACÓRDÃO NO D.JE. NA DATA DE
31/10/2019.)" (Grifamos).

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De tal sorte, imperiosa é a extinção deste processo sem resolução do mérito,


porquanto demonstrada, de forma inequívoca, a absoluta falta de interesse de agir da parte Autora,
que sequer articulou sua pretensão na via administrativa, para a satisfação da suposta indenização
moral, mediante requerimento administrativo perante Requerida.

III – DA REALIDADE DOS FATOS

Não obstante os fatos delineados na inicial pela parte Autora, as alegações ali
narradas não condizem com a realidade, como será demonstrado e comprovado nos termos abaixo
mencionados.

Primeiramente cumpre informar que foi suspenso o fornecimento de energia


elétrica da residência do autor no dia 13/10/2020 em decorrência da inadimplência da fatura
referente ao mês 08/2020 valor R$ 21,15, devidamente reavisada.

Ocorre Excelência que houve retorno de corte em 16/10/2020, sendo que nesta
oportunidade a unidade foi encontrada AUTO RELIGADA, assim sendo normalizada com a
suspensão do fornecimento de imediato e emitido termo de ocorrência de auto religação,
de acordo com o artigo e 175 da Resolução 414/2010 da ANEEL:

Art. 175. A religação da unidade consumidora à revelia da


distribuidora ENSEJA NOVA SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO
DE FORMA IMEDIATA, ASSIM COMO A POSSIBILIDADE DE
COBRANÇA DO CUSTO ADMINISTRATIVO DE INSPEÇÃO,
conforme valores homologados pela ANEEL, e o faturamento de
eventuais valores registrados e demais cobranças previstas nessa
Resolução.

Dito isto, fica claramente demonstrado que tanto a suspensão do fornecimento de


energia elétrica quanto a cobrança do custo administrativo são devidos e perfeitamente factível, já

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que a Concessionária de Energia está AUTORIZADA a efetuar a suspensão imediata em casos de


ligação à revelia, assim como a cobrança imputada ao Autor.

Excelência, mister esclarecer quanto ao termo de ocorrência de auto religação que o


recebimento/ciência do cliente não se faz um item obrigatório a constar naquele documento,
conforme dispõe art. 175 da Resolução 414/2010 da ANEEL, vejamos:

Art. 175. A religação da unidade consumidora à revelia da


distribuidora enseja nova suspensão do fornecimento de forma
imediata, assim como a possibilidade de cobrança do custo
administrativo de inspeção, conforme valores homologados pela
ANEEL, e o faturamento de eventuais valores registrados e demais
cobranças previstas nessa Resolução. (Redação dada pela REN
ANEEL 479, de 03.04.2012)

§ 1º A cobrança do custo administrativo de que trata o caput se dá


com a comprovação da ocorrência mediante a emissão do TOI ou por
meio de formulário próprio da distribuidora, devendo constar no
mínimo as seguintes informações: (Incluído pela REN ANEEL 479,
de 03.04.2012)

I - identificação do consumidor; (Incluído pela REN ANEEL 479, de


03.04.2012)

II - endereço da unidade consumidora; (Incluído pela REN ANEEL


479, de 03.04.2012)

III - código de identificação da unidade consumidora; (Incluído pela


REN ANEEL 479, de 03.04.2012)

IV - identificação e leitura do medidor; (Incluído pela REN ANEEL


479, de 03.04.2012)

V - data e hora da constatação da ocorrência; e (Incluído pela REN


ANEEL 479, de 03.04.2012)

VI - identificação e assinatura do funcionário da distribuidora.


(Incluído pela REN ANEEL 479, de 03.04.2012)

§ 2º O formulário deve ser emitido em no mínimo 2 (duas) vias,


devendo uma via ser entregue ao consumidor. (Incluído pela REN
ANEEL 479, de 03.04.2012)

Ora Excelência, a Ré não incorre em nenhuma prática ilegal ou sequer abusiva, ocorre
exatamente o contrário, o Autor que incorreu em ilícito quando efetuou a auto religação da energia

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da sua Unidade Consumidora e ainda utiliza meios ardilosos para buscar no judiciário que sua
pretensão descabida seja acolhida.

O que não pode Excelência é a Ré ficar a mercê das vontades dos consumidores,
deixando que estes efetuem pagamento ao seu bel prazer e disponibilidade. Contratos são firmados
para que as relações contratuais sejam respeitadas e tenham plena eficácia. E a partir do momento
em que forem abertos precedentes para que as partes deliberem suas ações a seu contento e sem
qualquer justificativa plausível, as relações, sejam contratuais ou diretamente jurídicas estarão
fadadas ao fracasso.

O Consumidor deve honrar com seus compromissos. Porém, o que se nota é que não
foi essa a atitude do Autor, sendo que este deixou de efetuar o pagamento da sua fatura de energia,
foi cortada, praticou a auto religação, e agora vem a juízo pleitear por indenização que sabe ser
indevida.

Desta forma, não resta dúvidas de que todo o procedimento desenvolvido pela Ré
adequou-se completamente as formalidades legais, não podendo se falar em cobrança indevida e
muito menos em indenização por danos morais.

Desta feita, resta caracterizada a total falta de suporte às alegações levantadas pelo
Autor, fazendo com que dessa forma não mereçam qualquer credibilidade, de modo a serem
desconsideradas, sendo então julgado improcedente o pedido.

III – DO DIREITO – DA INEXISTÊNCIA DO DANO MORAL PLEITEADO

Nobre Julgador, o Requerente utiliza-se de falácias para tentar ludibriar este Douto
Juízo, com o intuito de obter para si, vantagem pecuniária indevida, como poderemos comprovar a
seguir.

Diante dos fatos alegados não houve um constrangimento, que justifique o


pretendido dano moral, visto que a Ré não efetuou nenhum procedimento que causasse qualquer
dissabor para o Autor ao arrepio da lei, bem como não fez nada contrário ao que é estipulado na
Resolução nº 414/10 da ANEEL e demais regramentos.

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Não há nada na inicial, ou nos autos, que justifique o reconhecimento do pretendido


dano moral, visto que a Ré não incorreu em nenhum ato que lhe imponha tal indenização.

A reclamação do dano não se contenta com a simples alegação, deve ser


incontestavelmente provado sob pena de se contribuir com o enriquecimento ou satisfação injusta
da parte demandante.

Para que se pudesse considerar a ocorrência do dano moral, se tal fato tivesse
ocorrido, teria que estar claramente demonstrado de que forma o Autor foi lesado, abalado ou
constrangido, o que não se apresenta no caso ora em comento. Conforme preleciona o mestre Paulo
de Tarso Vieira Sanseverino:

“Os simples transtornos e aborrecimentos da vida social, embora


desagradáveis, não têm relevância suficiente, por si sós, para
caracterizarem um dano moral. Deve-se avaliar, no caso concreto, a
extensão do fato e suas conseqüências para a pessoa, para que se possa
verificar a ocorrência efetiva de um dano moral.”

O contrário ocorre, não há qualquer demonstração de dano causado ao Requerente,


muito menos comprovação de irregularidades cometidas pela Requerida, uma vez que esta agiu
conforme determinações da Agência Reguladora.

É engano do Requerente pensar que lesão moral não requer prova capaz de evidenciá-
la. Ao que mostram os fatos comprovados na presente, o Requerente requer um dano moral
inexistente, já que o motivo fundado pela mesma foi aqui derrubado.

Corroborando com este entendimento vejamos a posição da jurisprudência pátria:

EMENTA APELAÇÃO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS – SUSPENSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA - COBRANÇA
DÉBITOS – PAGAMENTO COM ATRASO DAS FATURAS –
EXERCÍCIO LEGAL DO DIREITO – RELIGAÇÃO A REVELIA –
DANO MORAL NÃO CONFIGURADO – SENTENÇA MANTIDA
- RECURSO DESPROVIDO. É de se manter sentença que julgou
improcedente o pedido de indenização por danos morais com lastro
em inadimplência recorrente, bem assim acompanhado de religação
da unidade consumidora à revelia da concessionária. (Grifamos).

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(TJ-MT 10031944320168110003 MT, Relator: GUIOMAR TEODORO


BORGES, Data de Julgamento: 21/10/2020, Quarta Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 23/10/2020)

Apelação. Corte de energia. Dano moral. Faturas em aberto.


Pagamento atrasado. Constatação de ligação à revelia. Legitimidade
dos cortes. Art. 175 da Resolução nº 414 da ANEEL. É legítima a
suspensão imediata, sem aviso prévio, do fornecimento de energia
elétrica nos casos em que a concessionária identifica na unidade
consumidora a existência de religação à revelia. (Grifamos).

(TJ-RO - AC: 70014828420158220021 RO 7001482-84.2015.822.0021,


Data de Julgamento: 14/08/2019)

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO.


ENERGIA ELÉTRICA. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER
CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
SUSPENSÃO DE FORNECIMENTO. INADIMPLEMENTO DE
DÉBITOS ATUAIS. NOTIFICAÇÃO. RESCISÃO CONTRATUAL.
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS FATOS ALEGADOS PELA
PARTE AUTORA. Não faz jus à indenização por danos morais o
consumidor que, modo recorrente, deixou de pagar no prazo as faturas
relativas ao fornecimento de energia elétrica, do que resultou a
suspensão do fornecimento e, na sequência, o corte e a rescisão
contratual. Rescisão do contrato que obrigava, para restabelecimento
do serviço, pedido de nova ligação. Pedido de nova ligação que não foi
efetuado pelo usuário que deixou de residir na unidade consumidora.
APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70080814486,
Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Marcelo Bandeira Pereira, Julgado em 27/03/2019).

(TJ-RS - AC: 70080814486 RS, Relator: Marcelo Bandeira Pereira, Data


de Julgamento: 27/03/2019, Vigésima Primeira Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 03/04/2019).

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS. SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. SUSPENSÃO
MOTIVADA PELA RELIGAÇÃO À REVELIA DA
CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA ELÉTRICA. EXERCÍCIO
REGULAR DE UM DIREITO. AUSÊNCIA DE CONDUTA
ILEGÍTIMA A JUSTIFICAR A INDENIZAÇÃO VINDICADA.
DEVER DE INDENIZAR INEXISTENTE. SENTENÇA MANTIDA.
1- Verificada pela concessionária de energia elétrica que o usuário,
após quitação de dívida que originara a primeira suspensão do
fornecimento, promoveu religação da energia à sua revelia, pode ela
efetuar nova suspensão do serviço de fornecimento da energia
elétrica, consoante dispõe o art. 175 da Resolução Normativa 414/2010

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da ANEEL. 2- Assim, ainda que sob a alegação de omissão da


concessionária quanto ao dever de reativar o fornecimento de
energia após quitação de dívida, não pode o consumidor,
arbitrariamente, promover a religação à revelia da distribuidora, de
modo que, assim procedendo, autoriza-a a suspender novamente o
serviço, agora de forma imediata, suspensão essa que configura
exercício regular de um direito, afastando qualquer dever de
indenizar por dano derivado desse novo corte. 3- Apelação conhecida
e não provida.

(TJ-TO - AC: 00306175220198270000, Relator: CELIA REGINA REGIS)

Ademais, bom que se diga que o Autor demonstra claramente a sua intenção de
enriquecer ilicitamente às custas da Ré, posto que vem a juízo distorcer os fatos para angariar
pecúnia de forma irregular. É UM ABSURDO!

Outrossim, cabe salientar que mesmo em caso de cobrança indevida de débito a


jurisprudência, inclusive do Tribunal de Justiça deste Estado se posiciona pela não aplicação da
indenização por dano moral, já que A SIMPLES COBRANÇA DE DÉBITO SE CARACTERIZA
COMO UM MERO ABORRECIMENTO.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO CONSUMIDOR -


APELAÇÃO CÍVEL - ERRO NA LEITURA - FATURAMENTO
INCORRETO - DANO MORAL NÃO CONFIGURADO - MERO
ABORRECIMENTO - SENTENÇA PARCIALMENTE
REFORMADA. (...) II - Apesar de evidente a falha na prestação dos
serviços, com o faturamento incorreto, inexiste a prova do abalo
extrapatrimonial alegado, tido como pressuposto necessário para a
caracterização da responsabilidade civil, especialmente ao se levar em
consideração que o dano moral, no caso em tela, não é presumido ("in
re ipsa"), já que inexiste ofensa a direito fundamental do indivíduo,
mas sim a mera cobrança indevida, sem a prova de consequências
outras, a exemplo de ato restritivo de crédito. Precedentes do STJ; III
- Recurso de Apelação conhecido e parcialmente provido. (Grifamos).

(TJ-MA - AC: 00028837520178100031 MA 0096142019, Relator:


ANILDES DE JESUS BERNARDES CHAVES CRUZ, Data de
Julgamento: 11/07/2019, SEXTA CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 18/07/2019 00:00:00)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS. SERVIÇO DE TELEFONIA. FALHA NA PRESTAÇÃO.
MERO DISSABOR. SENTENÇA MANTIDA. APELO NÃO
PROVIDO, DE ACORDO COM O PARECER MINISTERIAL. I. O

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STJ possui recente entendimento de que a falha na prestação de


serviços de telefonia móvel corresponde a mero descumprimento
contratual, o que, por si só, não gera reparação por dano moral, o que
se aplica ao presente caso, eis que o serviço oferecido, embora
prestado de forma insatisfatória, acarreta em mero aborrecimento do
cotidiano. II. Apelo conhecido e não provido, de acordo com o parecer
ministerial.

(TJ-MA - AC: 00003798220168100144 MA 0375832019, Relator: MARIA


DAS GRAÇAS DE CASTRO DUARTE MENDES, Data de Julgamento:
10/03/2020, SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
16/03/2020 00:00:00)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C


DANOS MORAIS. DÍVIDA INEXISTENTE. COBRANÇA
INDEVIDA. INEXISTÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR.
DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS. MERO DISSABOR.
RECURSO PROVIDO. I - No caso concreto, trata-se de cobranças
indevidas em cartão de crédito da apelada no valor de R$ 160,10 (cento
e sessenta e dez centavos, requerendo dano moral e repetição do
indébito. II - É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de
que os aborrecimentos comuns do dia a dia, os meros dissabores
normais e próprios do convívio social não são suficientes para
originar danos morais indenizáveis. Incidência da Súmula 83/STJ. III
-A ocorrência de meras cobranças indevidas não enseja a indenização
por danos morais, configurando-se o ocorrido como meros
aborrecimentos. IV- A simples cobrança, ainda que indevida, não dá
ensejo à reparação por danos morais, pois, para o seu
reconhecimento é necessária a demonstração da repercussão
negativa que a atuação gerou no meio social da Autora, o que não
ocorreu no caso vertente. Dessa forma, não há que se falar em dano
moral, mas sim em meros aborrecimentos, intrínsecos à vida
cotidiana. V. Apelo que se DÁ PROVIMENTO.

(TJ-MA - AC: 00019972620158100038 MA 0150832018, Relator: JOS╔


JORGE FIGUEIREDO DOS ANJOS, Data de Julgamento: 16/05/2019,
SEXTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 23/05/2019 00:00:00)

Só se pode concluir que tal pedido só se dirige a um intento: enriquecimento ilícito à


custa da Concessionária e à custa da sociedade maranhense, pois o equilíbrio econômico-financeiro
do contrato de concessão poderá ser abalado se a exemplo do Requerente, outros usuários alentados

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por indenizações vultosas, em aventurarem-se em demandas infundadas como esta, sem


argumentos sólidos, inverídicos e sem a devida comprovação.

Destarte, inegável que não merecem crédito as alegações do Autor, devendo por isso,
ser julgado totalmente improcedente o pleiteado na presente ação.

IV - DA IMPOSSIBILIDADE DE DEVOLUÇÃO EM DOBRO

No tocante ao pleito a título de repetição de indébito, mostra-se o mesmo


completamente descabido, posto que o Requerente não realizou qualquer pagamento indevido.

Vale ressaltar, que o nosso Ordenamento Jurídico é claro que só tem direito ao
pagamento em dobro daquilo que de fato foi pago indevidamente, ou seja, mesmo que se entende
que a cobrança é indevida, só terá direito ao indébito daquilo que pagou, caso não tenha pagado
nada, não terá direito a nada.

Segundo preceitua o parágrafo único do artigo 42 do Código de Defesa do


Consumidor, o pagamento em dobro se dará quanto ao valor pago indevidamente a maior. Vejamos:

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será


exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de
constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem
direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou
em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo
hipótese de engano justificável.

A parte Autora pleiteia pela repetição de indébito de uma dívida devida, posto que
não há qualquer irregularidade na cobrança, conforme já informado.

Neste sentido a jurisprudência pátria vaticina:

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E REPETIÇÃO DE
INDÉBITO. SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA. INADIMPLÊNCIA. ATO ILÍCITO NÃO
CONFIGURADO. DEVER DE INDENIZAR INEXISTENTE. 1.

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Consoante dispõe o art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a empresa


demandada, concessionária de serviço público, responde objetivamente pelos
danos a que houver dado causa, por ação ou omissão, na consecução do seu
mister, bastando que a vítima comprove o evento lesivo e o nexo de
causalidade entre este e a conduta do agente. Contudo, em que pese a
desnecessidade de prova da culpa, mostra-se imprescindível a comprovação
do ilícito cometido. 2. Caso em que não restou demonstrada a prática de
qualquer ato pela concessionária demandada, apto a ensejar o dever de
indenizar. Ademais, antes da suspensão do serviço por falta de pagamento, o
demandante restou comunicado formalmente, por escrito, na própria fatura de
energia elétrica, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias, nos termos do
que dispõem as regulamentações contidas nos arts. 91 da Resolução nº
456/2000 e 173 da Resolução nº 414/2010, ambas da ANEEL. 3. Sentença de
improcedência mantida. APELAÇÃO DESPROVIDA.(Apelação Cível, Nº
70081838443, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Thais Coutinho de Oliveira, Julgado em: 28-11-2019)

(TJ-RS - AC: 70081838443 RS, Relator: Thais Coutinho de Oliveira, Data de


Julgamento: 28/11/2019, Décima Câmara Cível, Data de Publicação:
04/12/2019)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO COM


DANOS MORAIS. MEDIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA.
IMPEDIMENTO. CASA FECHADA. MÉDIA DOS ÚLTIMOS 12
MESES. FATURA DEVIDAS. DANO MORAL INEXISTENTE.
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. APELO IMPROVIDO. I – Se o
acesso ao medidor não é possibilitado, o art. 87 da Resolução nº 414/2010 da
ANEEL não prevê que a cobrança seja nula, mas sim que seja realizada com
base em uma média dos 12 últimos ciclos; II - No que pertine ao dano moral
pela inscrição do nome da parte autora, ora recorrente, no cadastro de órgãos
de proteção ao crédito, conclui-se que esta se mostra totalmente devida,
porquanto inexiste abusividade nas faturas; III - Apelação conhecida e não
provida, com majoração de honorários.

(TJ-AM - AC: 06363436220178040001 AM 0636343-62.2017.8.04.0001,


Relator: João de Jesus Abdala Simões, Data de Julgamento: 29/10/2019,
Terceira Câmara Cível, Data de Publicação: 29/10/2019)

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE DECLARATÓRIA DE


INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS, MATERIAIS E REPETIÇÃO DE INDÉBITO –
FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA – AUMENTO
ABRUPTO DE VALORES – HISTÓRICO DE CONSUMO
APRESENTADO – REVISÃO DE FATURAMENTO – AUSÊNCIA DE
PERÍCIA TÉCNICA – ANULAÇÃO DA COBRANÇA – DÉBITO
COMPUTADO COM BASE NA MÉDIA DOS MESES ANTERIORES –
RAZOABILIDADE – DÉBITO DECLARADO INEXISTENTE –
AUSÊNCIA DE CORTE NO FORNECIMENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA E DA INSCRIÇÃO DO NOME NOS CADASTROS DE
INADIMPLENTES – MERO ABORRECIMENTO – DANO MORAL

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NÃO CONFIGURADO – SENTENÇA REFORMADA NO PONTO –


RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. Incumbe à
concessionária de energia demonstrar, por meio de prova idônea, a origem dos
débitos apontados como devidos, comprovando que realmente houve o
aumento do consumo na unidade consumidora, o que não ocorreu. A cobrança
indevida sem que ocorra a negativação do nome da autora ou a suspensão no
fornecimento de energia elétrica não é capaz de ocasionar dano moral
indenizável (TJMT. Ap 96446/2014).

(TJ-MT - AC: 00432652420158110041 MT, Relator: DIRCEU DOS


SANTOS, Data de Julgamento: 04/09/2019, Vice-Presidência, Data de
Publicação: 05/02/2020)

E M E N T A APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REVISÃO DE DÉBITO


C/C REPETIÇÃO DO INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. JULGAMENTO ANTECIPADO CERCEAMENTO DE
DEFESA. PRELIMINAR REJEITADA. ENERGIA ELÉTRICA.
AUSÊNCIA DE PROVA DE COBRANÇA INDEVIDA. ÔNUS DA
AUTORA. I - Considerando que foram asseguradas todas as garantias
constitucionais à parte autora e, que o julgamento antecipado da lide ocorreu
em razão de sua ausência na audiência de instrução e julgamento,
demonstrando desinteresse na produção de prova, não há que se falar em
cerceamento de defesa. II - Inexistindo mínima prova capaz de embasar o
direito do autor acerca da cobrança indevida, correta a sentença em
julgar improcedentes os pedidos da inicial, tendo em vista que aquele não
se desincumbiu do seu ônus de prova quanto ao ato ilícito praticado pela
empresa requerida.

(TJ-MA - AC: 00010805020158100056 MA 0359502017, Relator: JORGE


RACHID MUB┴RACK MALUF, Data de Julgamento: 12/12/2017,
PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 11/01/2018 00:00:00)

Assim, não há que se falar em devolução em dobro do valor cobrado pela Ré, vez que
resta comprovado que o débito é lícito.

V - DO ÔNUS PROBANDI

Como resta evidenciado no ordenamento jurídico brasileiro, o Novo Código de


Processo Civil expressamente atribui a quem cabe a prova dos fatos alegados. Vejamos:

“Art. 373. O ônus da prova incumbe:

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I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;”

Nesse sentido trazemos o entendimento da eminente Juíza de Direito Isabella de


Amorim Parga Martins Lago sobre a inversão do ônus da prova quando do julgamento do Proc.
0801806-44.2020.8.10.0014 que tramitou no 9º Juizado Especial Cível e Das Relações de Consumo
desta Comarca:

(...) Aqui, cabe destacar que embora o CDC presuma que todo
consumidor encontre-se em situação de vulnerabilidade, não há que se
afirmar que dessa premissa há a implicação de que em toda e qualquer
situação haverá a inversão do ônus da prova. A inversão do ônus da
prova não é regra de julgamento, mas, sim, de instrução, e, mesmo
assim, não é automática, mas aplicável quando, diante das
circunstâncias do fato concreto, quando for verificada a
hipossuficiência do consumidor ou a verossimilhança de suas
alegações. Hipossuficiência não se confunde com a vulnerabilidade,
embora lhe seja afeta. Hipossuficiência traduz-se, em palavras
simples, como a incapacidade que o consumidor tem de produzir prova
em favor de si mesmo. Esta situação ocorre quando o consumidor não
tem qualquer controle sobre os fatos da relação de consumo e deve ser
ponderada com a ideia de homem mediano, ou seja, aquele que detém
um certo e dado conhecimento exigível a qualquer pessoa. Por conta
disso tudo, é de se asseverar que a inversão do ônus de prova não exime
o consumidor de produzir as provas mínimas, ou seja, aquelas as quais
tenha acesso, de modo que regra do art. 373, I do CPC, não é totalmente
afastada pelo CDC, cabendo à demandante fazer prova dos fatos
constitutivos do seu direito, quando essas provas lhe foram acessíveis.
Caso contrário, qualquer alegação poderia ser feita em juízo pelo
consumidor e considerada verdadeira. Ora, não é essa a intenção do
legislador, que, no propósito de construir uma sociedade justa,
conforme dicção do art. 3º, I, da CRFB de 1988, viu na inversão do ônus
de prova uma ferramenta para amenizar a vulnerabilidade do
consumidor, colocando-o em situação de igualdade processual com os

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fornecedores e prestadores de produtos e serviços, e não colocá-lo em


situação de vantagem ou superioridade. Com essas ponderações em
mente, entendo que não há razão ao pleito do autor.

Assim sendo, é de inteira responsabilidade do Autor provar os fatos, demonstrando


que foi cobrada indevidamente, o que até agora foi meramente “alegado”.

Não se fale nos regramentos do Código de Defesa do Consumidor para socorrer a


Autora visto que caberia a esta não só SOLICITAR a inversão do ônus da prova, como também
demonstrar que cumpre os requisitos para tal benefício.

Destarte, ante a ausência de provas cabais dos fatos constitutivos de direito da


Autora, que são imprescindíveis, sendo mister que seja julgada improcedente a presente ação.

VI - DO PEDIDO

Diante de todo o exposto requer o acolhimento da arguida, para: a) afastar os


benefícios da Justiça Gratuita da parte autora para, em caso de recuso, seja obrigada a arcar com
as custas processuais, eis que aquela não demonstrara o preenchimento dos requisitos que possam
ensejar a eventual benefício da justiça gratuita e b) reconhecer a falta de condição da ação –
ausência de interesse de agir nos termos do art. 485 do Código de Processo Civil.

Data máxima vênia, no mérito REQUER a Ré que seja extinta a presente ação com
julgamento do mérito, para que seja o pedido julgado IMPROCEDENTE, diante do que foi
sobejamente exposto, além de todo o contexto fático-legal suscitado na presente, haja vista a total
ausência de plausibilidade das alegações, bem como a indiscutível falta de suporte jurídico legal que
embasa o pedido formulado na inicial;

Protesta-se provar os fatos por todos os meios em direito admitidos, notadamente o


depoimento pessoal da Requerente, prova testemunhal, documental, e outras que se tornarem
necessárias para o esclarecimento da justiça.

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Outrossim, pede-se que as intimações aos advogados da Ré sejam formalizadas,


EXCLUSIVAMENTE, em nome de LUCIMARY GALVÃO LEONARDO GARCÊS (OAB/MA nº
6.100).

Nestes termos,
Pede Deferimento.
São Luís, MA, 29 de abril de 2021.

Lucimary Galvão Leonardo Garcês Honorato Holanda da Silva Júnior


OAB/MA n.º 6.100 OAB/MA n.º 11.874

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