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LUCIMEIRE BOMFIM

ADVOCACIA&CONSULTORIA
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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA


____________ VARA CÍVEL DA COMARCA DE MIRASSOL D’OESTE –
MATO GROSSO.

MARIA APARECIDA DA SILVA, brasileira, viúva, operadora de


caixa, portadora do CPF n° 018.488.551-50 e RG n° 1824679-6 SSP/MT,
residente e domiciliada a Rua Presidente Nilo Peçanha, s/n, Lote 07,
Quadra 46 no bairro Alto da Boa Vista em Mirassol D’Oeste/MT, CEP
78.280-000, atualmente convivente em união estável com IZAQUE
ALVES DA SILVA, brasileiro, portador do RG n° 09821031 SSP/MT e
CPF n° 651.005.651-87, residente e domiciliado ao descrito acima, qual
seja, Rua Presidente Nilo Peçanha, s/n, Lote 07, Quadra 46 no bairro
Alto da Boa Vista em Mirassol D’Oeste/MT, CEP 78.280-000, ambos
vem à presença de Vossa Excelência, por meio de seus Advogados
LUCIMEIRE APARECIDA BOMFIM, brasileira, solteira, devidamente
inscrito na OAB/MT nº 25.104/O, endereço eletrônico
lucimeire.dir@gmail.com, fone: 65-99995-8810, com escritório
profissional situado na Av. Tancredo Neves, 3233, sala B, centro de
Mirassol D´Oeste/MT e FRANK MONEZZI SOARES, brasileiro, em união
estável, devidamente inscrito na OAB/MT nº 24.820/O, endereço
eletrônico monezzi@monezziadv.com.br, fones: 65-3241-1926 e 65-
99900-3019, com escritório profissional situado na Rua Miguel Botelho
de Carvalho, nº 3280 / sala TW, centro de Mirassol D´Oeste/MT,
ajuizar
AÇÃO INDENIZATÓRIA POR
DANOS MORAIS E MATERIAIS

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em face de EB COMERCIO DE ELETRODOMESTICO EIRELI, nome
fantasia ELETROKASA, pessoa jurídica de direito privado inscrita no
CNPJ sob n° 14.939.270/0035-16, com a filial situada a Rua Maria dos
Anjos Braga, n° 616, Quadra 051 Lote 21/22, Centro de Mirassol
D’Oeste/MT, CEP: 78.280-000, e;

LG ELECTRONICS DO BRASIL LTDA, pessoa jurídica de direito


privado inscrita no CNPJ sob n° 01.166.372/0001-55, matiz situada a
Avenida Dom Pedro I, n° 7777, Edifício 1 e 2, bairro Piracangagua II em
Taubaté São Paulo, CEP: 12.091-000, pelos motivos e fatos que passa
a expor.

1. Preliminarmente
1.1 Da Gratuidade da Justiça

A Sra Maria, atualmente é operadora de caixa e seu convivente


Sr Izaque, encontra-se afastado de seu trabalho recebendo apenas o
auxílio doença no qual foi concedido por incapacidade, razão pela qual
não podem arcar com as despesas processuais.

Para tal benefício os Autores junta-se Carteira de Trabalho e


Extrato Bancário de Pagamento de Benefício, os quais demonstram a
inviabilidade de pagamento das custas judiciais sem comprometer a
subsistência.

Outrora harmoniosamente para com a Constituição Federal,


tem-se o Código de Processo Civil em seus artigos 98 e subsequentes
a garantia expressa do acesso ao judiciário de forma gratuita para os
que se encontram em estado de hipossuficiência, podendo ser
formulado a qualquer momento, conforme legisla o artigo 99 do
mesmo diploma legal.

1.2. Da Inexistência de Endereço Eletrônico (E-mail)

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Ao que se refere ao disposto expressamente no artigo 319,
parágrafo 2° do Código de Processo Civil, o autor não se utiliza de
quaisquer endereço eletrônico, não devendo esta ter o prejuízo da
presente exordial ser indeferida pela falta daquele, além do mais em
qualificação as partes tem-se o polo ativo a representante legal
portadora do endereço eletrônico supracitado na qualificação das
partes tem-se o polo ativo a representante legal portadora do endereço
eletrônico supracitado na qualificação.

1.3. Da Audiência de Mediação/Conciliação

Manifesta-se os Autores pela não realização da audiência


auto compositiva, tendo em vista, que já houve duas tentativas de
resolução amigável por parte dos Requerentes através de sua
procuradora, entretanto, sem êxito.

1.4. Da Tutela Antecipada

No tocante ao pedido de tutela antecipada, o art. 300 do CPC


estabelece esta possibilidade, desde que sejam demonstrados o fumos
boni iuris e o periculum in mora, no decorrer desta exordial ficará
evidente através das argumentações e provas juntadas o direito dos
Autores, pois os mesmos adquiriram um celular como se novo fosse,
tendo, desta forma, direito à garantia, o que não lhe foi concedido.

Quanto ao risco ao resultado útil do processo, sabe-se que o


aparelho celular hoje tornou-se, de certa forma, essencial a vida, pois
este possui inúmeras funções que facilitam a vida pessoal, como é o
caso dos Requerentes. Assim, não cabe a estes arcar com o ônus da
demora da lide.

Sobre esta possibilidade a jurisprudência já é pacífica, veja-


se:

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EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO – PRELIMINAR –
ILEGITIMIDADE ATIVA – REJEIÇÃO – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE
FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E PEDIDO LIMINAR
– DEFEITO DE APARELHO CELULAR DENTRO DO PRAZO DE
GARANTIA – SUBSTITUIÇÃO – NECESSIDADE – RECURSO
PROVIDO. Não tendo a decisão agrava apreciado a preliminar de
ilegitimidade ativa suscitada em contraminuta, deve esta ser
afastada, sob pena de se incorrer em supressão de instância e
ofensa ao duplo grau de jurisdição. Para antecipação de tutela
devem estar presentes os requisitos do art. 300 do CPC, quais
sejam, a probabilidade do direito e o perigo de dano ou resultado
útil do processo. Consubstanciando-se a probabilidade do
direito na incontroversa necessidade de substituição do
aparelho, não descaracterizada pela ocorrência de dano
posterior, nos termos do art. 18 do CDC, e o risco de lesão grave
ou de difícil reparação, no impedimento de dele se usufruir,
deve ser deferida a medida antecipatória. Recurso provido. (TJ-
MG – AI: 10000181016783001 MG, Relator: Amorim Siqueira, Data
de Julgamento: 04/06/2019, Data de Publicação: 18/06/2019).
(Grifo nossos).

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE


FAZER – TUTELA ANTECIPADA – SUBSTITUIÇÃO DO PRODUTO –
RELAÇÃO CONSUMERISTA – RECURSO PROVIDO. Da leitura do art.
303 do CPC/15, conjuntamente com o art. 300 do mesmo diploma
legal, constata-se que para a concessão da tutela pretendida se faz
necessária à demonstração da probabilidade do direito do autor,
cumulada com o perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo. Diante da constatação de vícios que tornaram a máquina
de salgado adquirida imprópria para a sua finalidade, deve ser
determinada a substituição do produto por outro de
características semelhantes, em perfeitas condições de uso
(art. 18, § 1º, inc, I do CDC). (TJ-MG – AI: 1000018141827001 MG,

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Relator: Pedro Bernardes, Data de Julgamento: 04/06/2019, Data
de Publicação: 18/06/2019). (Grifo nossos).

Destarte, estando provada a presença dos requisitos para


concessão da tutela antecipada, requer a concessão da antecipação
dos efeitos da presente demanda para condenar as Requeridas a
fornecerem aos Requerentes aparelho celular semelhante ao aparelho
defeituoso, qual seja, LG LM54 0BMW K50S 32GB 6.5, nos termos do
art. 18, §1°, I da lei 8.078/90.

2. Dos Fatos

Em 21/09/2020, a Sra. Maria comprou para seu convivente Sr


Izaque, um aparelho de celular LG LMX540BMW K5OS 32 GB 6.5 junto
à Loja ELETROKASA empresa Ré, no valor de R$720,50 (setecentos e
vinte reais e cinquenta centavos), no qual foram parcelados em 06
parcelas de R$302,58 (trezentos e dois reais e cinquenta e oito
centavos), das quais já foram devidamente quitadas. Cupom fiscal em
anexo.

No entanto, contrariando qualquer expectativa depositada na


compra, após 30 (trinta) dias da aquisição, o aparelho celular
apresentou vícios que impossibilitaram seu uso, obrigando os Autores
a buscar auxílio da empresa Ré imediatamente.

Contudo, ao retornar à loja e informar o problema, o


estabelecimento comercial ficou com o aparelho por
aproximadamente 10 dias. Após a entrega do aparelho, acreditando-
se os Autores que o problema havia sido solucionado, retornou a loja
por mais 02 (duas) outras vezes, sendo na terceira vez encaminhado
para a Assistência Técnica Autorizada LG.

Ocorre que, ao retornar da Assistência Técnica, voltou com


um Relatório de Perda de Garantia por “manutenção indevida
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danificando as peças: PLACA PRINCIPAL, DISPLAY E COM LACRE DE
MANUTENÇÃO VIOLADOS”, o que surpreendentemente questiona-se,
pois durante todo o processo os Autores buscou de todas as formas
possíveis resolver pacificamente com a Empresa fornecedora do
produto. Relatório de Perda de Garantia em anexo.

Mediante ao documento acostado acima, no qual se junta por


completo em anexo, podemos verificar que no “Relatório de
Informação do Cliente/Produto”, documento este fornecido pela
própria empresa ELETROKASA, descreve uma situação curiosa
“PEDIDO DE PEÇA REALIZADO e um REPARO CONCLUÍDO,
AGUARDANDO RETIRADO OU ENTREGA.

Assim, conta-se que a “PERDA DA GARANTIA” se deu


exclusivamente por culpa da fornecedora do produto, pois o
rompimento e abertura do aparelho foi violado/realizado pela mesma.

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Ademais, salientamos que em tentativas de resolução
amigável por parte dos Requerentes através de sua procuradora,
restou sem êxito, pois em conversa telefônica com o gerente da Loja
Eletrokasa, este informou que os Autores haviam levado o aparelho em
uma assistência técnica. Junta-se em anexo, nota do serviço prestado
pela Assistência Técnica, na qual descreve o serviço fornecido, qual
seja “troca da película protetora”, serviço que jamais seria necessário
a abertura do aparelho.

Mediante ao relatado aqui, os Autores por não contar com a


reposição imediata do produto/serviço, nem dinheiro para buscar
outro, procuraram ajuda no PROCON, porém nada foi resolvido, razão
pela qual intenta a presente demanda.

3. Do Enquadramento no Código de Defesa do


Consumidor

A norma que rege a proteção dos direitos do consumir


define, de forma cristalina, que o consumidor de produtos e serviços
deve ser abrigado das condutas abusivas de todo e qualquer
fornecedor, nos termos do art. 3° do referido Código.

No presente caso, tem-se de forma nítida a relação


consumerista caracterizada, conforme redação do Código de defesa do
Consumidor:

Lei. 8.078/90 - Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,


pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

Lei. 8.078/90 - Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica

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que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Assim, uma vez reconhecidos que os Autores são


destinatários finais dos serviços contratados, e demonstrada sua
hipossuficiência técnica, tem-se configurada uma relação de
consumo, conforme entendimento doutrinário sobre o tema:

"Sustentamos, todavia, que o conceito de consumidor deve ser in-


terpretado a partir de dois elementos: a) a aplicação do princípio
da vulnerabilidade e b) a destinação econômica não profissional
do produto ou do serviço. Ou seja, em linha de princípio e tendo
em vista a teleologia da legislação protetiva deve-se identificar o
consumidor como o destinatário final fático e econômico do pro-
duto ou serviço." (MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumi-
dor. 6 ed. Editora RT, 2016. Versão ebook. pg. 16).

Com esse postulado, os Réus não pode eximir-se das responsabili-


dades inerentes à sua atividade, dentre as quais prestar a devida assistência
técnica, visto que se trata de um fornecedor de produtos que, independen-
temente de culpa, causou danos efetivos a um de seus consumidores.

4. Da Indenização Devida

Ao adquirir um produto ou serviço, o consumidor tem a legítima


expectativa de receber adequado ao uso de acordo com as expectativas gera-
das na compra, ou seja, sem a necessidade de qualquer adaptação ou algum
vicio que lhe diminua o valor ou que o impossibilite de utiliza-lo normal-
mente.
É sabido que a responsabilidade, nos termos do Código de Defesa
do Consumidor:

Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de


qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes
diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem

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publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à
sua escolha:

Assim, constatado o vício não solucionado no prazo legal,


tem-se o direito à substituição do produto ou devolução do valor pago.

5. Do Prazo de Garantia

No presente caso, o vício foi detectado nos primeiros 30


(trinta) dias de uso. Ou seja, dentro do prazo de garantia contratual do
produto que era de 03 (três) meses da data de compra, ocorrida em
21/09/2021.

Tratando-se de garantia contratual, nos termos do Art. 50 do


CDC, não há qualquer motivo para a negativa do conserto, conforme
precedentes sobre o tema:

Consumidor. Defeito do televisor. Responsabilidade da


seguradora, que concedeu garantia estendida. Obrigação de
consertar o aparelho no prazo de 30 dias ou restituir o valor do
produto. Dano moral não configurado. Recurso parcialmente
provido. (TJSP; Apelação Cível 1000305-78.2019.8.26.0073;
Relator (a): Pedro Baccarat; Órgão Julgador: 36ª Câmara de Direito
Privado; Foro de Avaré - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento:
29/11/2019; Data de Registro: 29/11/2019, #94173633)

Ademais, em última tentativa de solução do problema a Sra


Maria Aparecida, assinou em 15/02/2021 um Termo de
Concordância de Assistência Técnica da qual estendia o prazo da
garantia por mais 45 dias, haja vista, ser encaminhado o aparelho
para a Assistência Autorizada, termo em anexo.

Salientamos, ausente qualquer elemento que evidencie mau


uso, não se pode admitir que um produto retirado da loja pudesse
durar apenas 30 dias, evidenciando um vício redibitório.

6. Da Restituição da Quantia Paga

Diante da demonstração inequívoca do vício e tentativa de


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sanar sem êxito junto aos réus, o Código de Defesa do Consumidor
assegura, em seu artigo 18, que:

"§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias,


pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em


perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente


atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço."

Portanto, demonstrado que findo o referido prazo, sem que


o fornecedor tenha efetuado qualquer reparação aos danos gerados,
dever que foi negado, cabe ao consumidor a escolha de qualquer das
alternativas acima mencionadas.

A doutrina é uníssona nesse sentido:

"Não pode o fornecedor se opor à escolha pelo consumidor


das alternativas postas. É fato que ele, o fornecedor, tem 30
dias. E, sendo longo ou não, dentro desse tempo, a única
coisa que o consumidor pode fazer é sofrer e esperar. Porém,
superado o prazo sem que o vício tenha sido sanado, o
consumidor adquire, no dia seguinte, integralmente, as
prerrogativas do § 1º ora em comento. E, como diz a norma,
cabe a escolha das alternativas ao consumidor. este pode
optar por qualquer delas, sem ter de apresentar qualquer
justificativa ou fundamento. Basta a manifestação de
vontade, apenas sua exteriorização objetiva. É um querer
pelo simples querer manifestado. (NUNES, Rizzatto. Curso de
direito do Consumidor, Ed. Saraiva. 2005, p. 186)"

Desta forma, diante do desgaste ocasionado na relação de


consumo com os réus, tem-se por devida a restituição imediata da

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quantia despendida, corrigida e atualizada monetariamente, com ful-
cro no disposto no inciso II do § 1º do artigo 18, do diploma consume-
rista.

7. Da Responsabilidade Solidária da Cadeia De


Fornecimento

Toda cadeia de fornecimento, envolvendo o fabricante e o


comerciante, respondem solidariamente nos exatos termos do artigo
18 do Código de Defesa do Consumidor:

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não


duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo
a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes
do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza,
podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

A mens legis traduz a finalidade de solução do feito em


amparo ao consumidor, sem espaço para disputa de responsabilidade.
Assim, todos os níveis da relação entre o fabricante do produto e sua
entrega ao consumidor são responsáveis pela solução do feito. Cabe
ao consumidor escolher se quer acionar o comerciante ou o fabricante.

Ademais, inquestionável a responsabilidade objetiva da


requerida, a qual independe do seu grau de culpabilidade, uma vez
que incorreu em uma falha, gerando o dever de indenizar, nos termos
do Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 14:

Art. 14. O fornecedor de serviço responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem

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como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.

Ao doutrinar sobre a matéria, o doutrinador Bruno


Miragem disciplina:

"Todos os fornecedores que integram a cadeia


de fornecimento são responsáveis
solidariamente, perante o consumidor, pelos
vícios dos produtos e serviços que introduziram
ou participaram de sua introdução no mercado de
consumo. Esta solidariedade dos fornecedores
tem em vista a efetividade da proteção do
interesse do consumidor, permitindo o alcance
mais amplo possível ao exercício das opções
estabelecidas em lei, pelo consumidor." (in Curso
de Direito do Consumidor, 6ª ed., p.660)

Imperativo, portanto, que o requerente seja indenizado


pelos danos causados em decorrência do ato ilícito, em razão de ter
sido vítima de completa e total negligência da demandada, assim como
seja indenizado pelo abalo moral em decorrência do ato ilícito.

8. Da Responsabilidade Civil Pelo Dano Moral

Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova que


junta no presente processo, a empresa ré deixou de cumprir com sua
obrigação primária de cautela e prudência na atividade, causando
constrangimentos indevidos aos Autores.

Não obstante ao constrangimento ilegítimo, as reiteradas


tentativas de resolver a necessidade dos Autores ultrapassaram a es-

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fera dos aborrecimentos aceitáveis do cotidiano, uma vez que foi obri-
gado a buscar informações e ferramentas para resolver um pro-
blema causado pela empresa contratada para lhe dar uma solução.

Assim, no presente caso não se pode analisar isoladamente


o constrangimento sofrido, mas a conjuntura de fatores que obrigaram
os Consumidores a buscarem a via judicial. Ou seja, deve-se conside-
rar o grande desgaste dos Autores nas reiteradas tentativas de soluci-
onar o ocorrido sem êxito, gerando o dever de indenizar, conforme
precedentes sobre o tema:

Trata-se da necessária consideração dos danos causados


pela perda do tempo útil (desvio produtivo) do consumidor.

9. Do Quantum Indenizatório

O quantum indenizatório deve ser fixado de modo a não só


garantir à parte que o postula a recomposição do dano em face da
lesão experimentada, mas igualmente deve, servir de reprimenda
àquele que efetuou a conduta ilícita, como assevera a doutrina:

"Com efeito, a reparação de danos morais exerce função diversa


daquela dos danos materiais. Enquanto estes se voltam para a
recomposição do patrimônio ofendido, por meio da aplicação da
fórmula "danos emergentes e lucros cessantes" (CC, art. 402),
aqueles procuram oferecer compensação ao lesado, para
atenuação do sofrimento havido. De outra parte, quanto ao
lesante, objetiva a reparação impingir-lhe sanção, a fim de que
não volte a praticar atos lesivos à personalidade de outrem."
(BITTAR, Carlos Alberto. Reparação Civil por Danos Morais. 4ª ed.
Editora Saraiva, 2015. Versão Kindle, p. 5423)

Neste sentido é a lição do Exmo. Des. Cláudio Eduardo Regis


de Figueiredo e Silva, ao disciplinar o tema:

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"Importa dizer que o juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar
uma quantia que, de acordo com o seu prudente arbítrio, seja
compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a
intensidade e duração do sofrimento experimentado pela
vítima, a capacidade econômica do causador do dano, as
condições sociais do ofendido, e outras circunstâncias mais
que se fizerem presentes" (Programa de responsabilidade civil. 6.
ed., São Paulo: Malheiros, 2005. p. 116). No mesmo sentido aponta
a lição de Humberto Theodoro Júnior: [...] "os parâmetros para a
estimativa da indenização devem levar em conta os recursos do
ofensor e a situação econômico-social do ofendido, de modo a não
minimizar a sanção a tal ponto que nada represente para o agente,
e não exagerá-la, para que não se transforme em especulação e
enriquecimento injustificável para a vítima. O bom senso é a regra
máxima a observar por parte dos juízes" (Dano moral. 6. ed., São
Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2009. p. 61). Complementando
tal entendimento, Carlos Alberto Bittar, elucida que"a indenização
por danos morais deve traduzir-se em montante que represente
advertência ao lesante e à sociedade de que se não se aceita o
comportamento assumido, ou o evento lesivo
advindo.Consubstancia-se, portanto, em importância compatível
com o vulto dos interesses em conflito, refletindo-se, de modo
expresso, no patrimônio do lesante, a fim de que sinta,
efetivamente, a resposta da ordem jurídica aos efeitos do
resultado lesivo produzido. Deve, pois, ser quantia
economicamente significativa, em razão das potencialidades do
patrimônio do lesante"(Reparação Civil por Danos Morais, RT,
1993, p. 220). Tutela-se, assim, o direito violado. (TJSC, Recurso
Inominado n. 0302581-94.2017.8.24.0091, da Capital - Eduardo
Luz, rel. Des. Cláudio Eduardo Regis de Figueiredo e Silva, Primeira
Turma de Recursos - Capital, j. 15-03-2018, #14173633) #4173633

Ou seja, enquanto o papel jurisdicional não fixar


condenações que sirvam igualmente ao desestímulo e inibição de

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novas práticas lesivas, situações como estas seguirão se repetindo e
tumultuando o judiciário.

Portanto, cabível a indenização por danos morais, E nesse


sentido, a indenização por dano moral deve representar para as
vítimas uma satisfação capaz de amenizar de alguma forma o abalo
sofrido e de infligir ao causador sanção e alerta para que não volte a
repetir o ato, uma vez que fica evidenciado completo descaso aos
transtornos causados.

10. Dos Pedidos

Ante o exposto, requer:

a) Que a presente demanda seja recebida;

b) A concessão da Gratuidade Judiciária do art. 98 do


Código de Processo Civil;

c) A procedência do pedido, com a condenação dos


Requeridos ao ressarcimento imediato das quantias
pagas, no valor de R$ 1.815,48 (mil, oitocentos e
quinze reais e quarenta e oito centavos), corrigidos e
atualizados;

d) Seja os Requeridos condenados a pagar aos


Requerentes um quantum a título de Danos Morais não
inferior a R$ 15.000,00 (quinze mil reais),
considerando as condições das partes, principalmente
o potencial econômico-social da lesante, a gravidade
da lesão, sua repercussão e as circunstancias fáticas;

e) A condenação dos Requeridos em custas judiciais e


Honorários Advocatícios;

f) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova


em direito admitidas e cabíveis à espécie,
especialmente pelos documentos acostados e provas
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testemunhais;

g) Por fim, manifesta pela não realização de audiência


conciliatória.

Nestes Termos,

Pede e Aguarda Deferimento.

Dá-se a causa o montante equivalente de R$ 16.815,48


(dezesseis mil, oitocentos e quinze reais e quarenta e oito centavos).

Mirassol D’Oeste – MT, 30 de julho de 2021.

Assinado Eletronicamente
LUCIMEIRE AP. BOMFIM
OAB/MT 25104/O

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