Você está na página 1de 8

EXCELENTISSÍMO JUIZO DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DO RIO DE JANEIRO/RJ.

Marcelo, brasileiro, estado civil, engenheiro, portador da Cédula de Identidade xxx, CPF
xxx, endereço eletrônico xxx residente e domiciliado na Rua xxx, n° xxx Bairro xxx, Rio de
Janeiro/RJ CEP xxx, vem respeitosamente, na presença de Vossa Excelência, através de sua
representante judicial signatária, vem à presença de Vossa Excelência, ajuizar

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM PEDIDO DE CONDENAÇÃO EM DANOS


MORAIS COM TUTELA ANTECIPADA

Contra G S.A, pessoa de pessoa jurídica de direito XXX, inscrita no CNPJ sob o n° XXX,
endereço eletrônico, com sede na rua XXX, Bairro XXX, Cidade XXX/São Paulo, CEP XXX,
pelas razoes de fato e de direito que seguem

I - DOS FATOS

Em 15 de janeiro de 2013, o autor efetuou a compra um aparelho de ar-condicionado, no


valor de R$ XX fabricado pela ré. O fato é que, ao chegar em sua residência e proceder à
instalação do aparelho, o Autor verificou que o produto apresentava o seguinte vício:
desarmando e não refrigerando o ambiente.
O Autor procurou a assistência técnica da empresa requerida no dia 25 de janeiro de 2013,
mas não houve solução de seu problema, o autor tentou diversas vezes entrar em contato
com a parte requerida na tentativa de uma resolução amigável. Contudo, passando-se o
prazo de 30 dias sem nenhuma obtenção de resposta, restou-lhe ao autor senão pedir a
substituição do aparelho defeituoso por um novo, a empresa negou o pedido alegando que
seria enviado um novo assistente técnico para averiguar a situação do produto, sendo
possível esta conduta ser realizada somente após 60 dias, pelo fato da grande quantidade
demandada do produto em época de verão.
Por fim, devido à má prestação de serviços prestados pela empresa G S.A, não resta outro
meio ao autor, a não ser, vir ao Poder Judiciário para se ver ressarcido dos danos sofridos.

II – DOS FUNDAMENTOS

A) DA EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO

É indiscutível a caracterização de relação de consumo entre as partes, apresentando-se a


empresa ré como prestadora de serviços e, portanto, fornecedora nos termos do art. 3º do
CDC, e o autor como consumidor, de acordo com o conceito previsto no art. 2º do mesmo
diploma. Assim descrevem os artigos acima mencionados:

Lei. 8.078/90 - Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem

1
atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Lei. 8.078/90 - Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final.

B) DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

No contexto da presente demanda, há possibilidades claras de inversão do ônus da prova


ante a verossimilhança das alegações, conforme disposto no artigo 6º do Código de Defesa
do Consumidor.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, seguindo as regras ordinárias de expectativas.

Desse modo, cabe ao requerido demonstrar provas em contrário ao que foi exposto pelo
autor. Assim, as demais provas que se acharem necessárias para resolução da lide, deverão
ser observadas o exposto na citação acima, pois se trata de princípios básicos do
consumidor.

C) DA OBRIGAÇÃO DE FAZER

Apesar de o autor ter entrado em contato inúmeras vezes com a empresa ré para que se
realizasse o que havia sido pactuado, a fim de tentar resolver a questão amigavelmente, o
mesmo não o fez. Porém, tendo transcorrido o prazo de 30 (trinta) dias sem a resolução do
defeito pelo fornecedor, o autor requereu a substituição do produto.
De acordo com o art. 18, § 1º, do Código de Defesa do Consumidor:

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem


solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de
sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;


II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
Dessa forma, se faz imperioso a tutela do estado para que obrigue que a Requerida seja
responsabilizada pelos vícios do produto por ela colocados no mercado.

2
D) DO DANO MORAL

O Autor cumpriu com a sua obrigação, qual seja, efetuar o pagamento pelo produto no
valor de R$ XX e até o presente momento, o produto não foi consertado pela ré, contudo,
está sem poder utilizar o produto adquirido.

A demora excessiva na manutenção do produto impossibilitou o autor de utilizar um bem


que é seu, sendo certo que tal fato não pode ser enquadrado no que a doutrina classifica
como mero aborrecimento, uma vez que ocasionou danos ao Autor que devem ser
reparados.

Sucessivas tentativas de entrar em contato com a parte requerida, o ainda problema


persistiu, somado a tudo isso a frustração de não convencer o requerido a substituir o
produto defeituoso por um novo, configura certamente em dano moral.

Lamentavelmente o autor da ação sofreu grande desgosto, sentiu-se desamparado, e foi


extremamente prejudicado conforme já demonstrado. Nesse sentido, é merecedor de
indenização por danos morais.

A Magna Carta em seu art. 5º consagra a tutela do direito à indenização por dano material
ou moral decorrente da violação de direitos fundamentais, tais como a intimidade, a vida
privada e a honra das pessoas:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Também, o Código de Defesa do Consumidor, no seu art. 6º, protege a integridade moral
dos consumidores:

Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:


VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos.

Assim, é inegável a responsabilidade do fornecedor, pois os danos morais são também


aplicados como forma coercitiva, ou melhor, de modo a reprimir a conduta praticada pela
parte ré, que de fato prejudicou o autor da ação. Vejamos os precedentes trazidos pela

3
Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro:
ACÓRDÃO

Apelação Cível. Relação de Consumo. Ação Indenizatória. Vício do


Produto. Aquisição de ar condicionado. Prestadora de serviço, que
não providenciou o conserto em tempo razoável. Bem imprestável
ao uso. Falha na prestação do serviço caracterizada. Sentença de
parcial procedência. Reforma. Legítima Expectativa do Consumidor,
que não teve como utilizar o produto. Incidência da Teoria do
Desvio Produtivo do Consumidor. Exposição do consumidor à perda
de tempo excessiva e inútil, na tentativa de solução amigável de
problema de responsabilidade do fornecedor. O tempo na vida de
uma pessoa representa um bem extremamente valioso, cujo
desperdício em vão não pode ser recuperado, causando uma lesão
extrapatrimonial. Dano Moral configurado. Verba que se arbitra em
R$5.000,00 (cinco mil reais), atendendo-se aos Princípios da
Razoabilidade e da Proporcionalidade. Reequilíbrio dos honorários
sucumbenciais, na forma do art. 85, §11, do CPC. Juros de mora.
Termo a quo, data da citação. Correção monetária, nos moldes da
Súmula 362 do E. STJ. Jurisprudência e Precedentes citados:
0369091-24.2008.8.19.0001 - APELAÇÃO Des(a). SÉRGIO NOGUEIRA
DE AZEREDO - Julgamento: 29/05/2018 - DÉCIMA NONA CÂMARA
CÍVEL; 0010410-83.2015.8.19.0068 - APELAÇÃO Des(a). JDS MARIA
CELESTE PINTO DE CASTRO JATAHY - Julgamento: 06/06/2018 -
DÉCIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL; 0001736-02.2017.8.19.0051 -
APELAÇÃO. Des(a). LUIZ FERNANDO DE ANDRADE PINTO -
Julgamento: 01/09/2021 - VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL.
0033187-73.2013.8.19.0087 - APELAÇÃO. Des(a). REGINA LUCIA
PASSOS - Julgamento: 16/03/2022 - VIGÉSIMA QUARTA CÂMARA
CÍVEL. PROVIMENTO DO RECURSO.

(0016324-56.2016.8.19.0210 - APELAÇÃO. Des(a). REGINA LUCIA


PASSOS - Julgamento: 01/06/2022 - VIGÉSIMA QUARTA CÂMARA
CÍVEL)

III - DA TUTELA ANTECIPADA

O Autor aderiu ao aparelho de ar-condicionado justamente em função da chegada do verão,


as temperaturas nessa época atingem níveis altíssimos, e quanto mais se demora para
realizar a troca do produto, mais torturante torna-se os dias quentes, causando uma
sensação maior de cansaço ao autor e para seus filhos. Assim, resta que a tutela se faz
estritamente necessária para que o requerido cumpra devidamente com o seu papel de

4
fornecedor.

São requisitos para a concessão da tutela antecipada o fundamento da demanda e o


justificado receio de ineficácia do provimento final, em síntese o “fumus boni iuris” e o
“periculum in mora”. Assim dispõe a Lei nº 8.078/90 Código de Defesa do Consumidor:

Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o
juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem
o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficiência


do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação
prévia, citado o réu.

E destaco ainda o Código de Processo Civil que diz:

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os


efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se
convença da verossimilhança da alegação e:

I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II – fique


caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.

IV - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

IV.I DO COMPROMETIMENTO DA RENDA DO AUTOR E DA IMPOSSIBILIDADE DE ARCAR


COM AS CUSTAS E DESPESAS PROCESSUAIS

O autor não possui condições de pagar custas e despesas do processo sem prejuízo próprio
ou de sua família, conforme holerite do autor aqui acostado, o mesmo labora como
engenheiro e aufere salário mensal corresponde a quantia de R$ 6.500,00 (seis mil e
quinhentos reais), quantia essa integralmente já comprometida com suas despesas, abaixo
explicitadas:

Pensão alimentícia (R$ 1.500,00)


Aluguel do imóvel onde reside (R$ 2.500,00)
Conta de luz (R$ 300,00)
Conta de água (R$ 200,00)
Despesas de mercado (R$ 1.500,00)
Plano de saúde (R$ 500,00)
Total das despesas: R$ 6.500,00

Percebe-se que apesar de o autor possuir renda superior a quatro salários-mínimos, a

5
mesma é empregada de forma integral para arcar com suas despesas e gastos mensais fixos,
os quais provem o sustento e subsistência seu e sua família.

Dessa forma, todo e qualquer valor desviado comprometeria o sustento e a manutenção da


vida do autor e deus dependentes. Resta claro, portanto, que o mesmo faz jus aos
benefícios da Justiça Gratuita.

IV.II DO DIREITO DO AUTOR AOS BENEFICIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

Conforme já abordado, apesar de receber salário em quantia considerada média, o


Requerente não possui condições financeiras para arcar com as custas processuais e
honorários advocatícios sem prejuízo próprio sustento, razão pela qual claramente atende
os requisitos para concessão dos benefícios da Gratuidade de Justiça, assegurados pela Lei
n° 1060/50 e em conformidade com o Art. 98, caput, do Novo Código de Processo Civil, in
verbis:

“Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de


recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem
direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.”

Em conformidade com o art. 99, § 1º, do Novo Código de Processo Civil, o pedido de
gratuidade da justiça pode ser formulado por petição simples e durante o curso do
processo, tendo em vista a possibilidade de que seja requerido a qualquer tempo e grau de
jurisdição, ante a alteração do status econômico.

“Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes
de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos.

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa


natural.”

Conforme parágrafo segundo do supracitado artigo, o juiz somente poderá indeferir o


pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para
a concessão de gratuidade. Excelência, com todo respeito, não há nos autos nenhum
elemento, nenhuma prova que se faça inferir que a parte autora falte com os pressupostos
e requisitos da justiça gratuita!

O fato de o principal objeto da lide ser um considerável valor financeiro e,

6
consequentemente, o valor da causa ser elevado - bem como o rendimento mensal do
requerente ser considerado médio - não aduz, não infere e não significa que a parte autora
tenha condições de arcar com as despesas e custos processuais.

Ainda, o terceiro parágrafo do mesmo artigo já mencionado, nos traz que a alegação de
insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural é presumida como verdadeira.
Excelência, não é necessário adentrar ao mérito da causa para que se perceba e presuma
que todo o alegado é verdadeiro. Com toda honestidade e respeito, a parte autora não tem
condições de desembolsar nenhum valor sem ter seu sustento e a manutenção de sua vida
e de seus dependentes prejudicada.

Ressaltando que os benefícios da justiça gratuita não podem ser indeferidos por mera
presunção que tenha como base o valor da causa, ou salário que se considere médio/alto,
bem como se ressalta que não há nos autos quaisquer indícios que demonstrem riqueza
tampouco ausência dos pressupostos necessários. Vejamos os precedentes trazidos pela
Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:
Ementa:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROMESSA DE COMPRA E VENDA.


GRATUIDADE DA JUSTIÇA. PESSOA FÍSICA. BENEFÍCIO DEFERIDO. A
declaração de insuficiência prevista no § 3º do art. 99 do CPC/2015
implica presunção relativa, motivo pelo qual o pedido de gratuidade
da justiça pode ser indeferido, sobretudo se houver nos autos
elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a
concessão (art. 99, § 2º, do CPC/2015). Possibilidade de provimento
sem a oitiva do agravado, tendo em vista a inexistência de prejuízo
ao contraditório. No caso concreto, inexiste qualquer elemento
capaz de elidir a presunção, havendo comprovação de rendimentos
compatíveis com a concessão do benefício da gratuidade da justiça.
Benefício deferido. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO.(Agravo
de Instrumento, Nº 50734221020238217000, Décima Nona Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Antonio Angelo,
Julgado em: 29-03-2023).

Por tais razões, requer o deferimento do pedido de que seja concedida a Justiça Gratuita,
ante a comprovação pelo autor de que faz jus benefício, consoante os artigos 98, 99 e a lei
n° 1060/50.

V - DOS PEDIDOS

Diante do exposto acima requer

7
a) Reconhecimento da relação de consumo e inversão do ônus da prova, nos termos do art.
6º, VIII, do CDC;

b) Substituição do produto conforme o art. 18, § 1º do Código de defesa do Consumidor;

c) Condenação da parte ré a pagar os danos morais no montante justo de R$ xxxx,xx;

d) Citação da parte ré para que, querendo, apresente contestação no prazo legal, bem como
provas que achar pertinente para presente caso, sob pena de revelia.

e) Deferimento do pedido de tutela antecipada nos termos do art. 84 § 3º;

f) A concessão da Gratuidade de Justiça;

Nestes termos, dá-se à causa o valor de R$ x (x reais).

Informa que possui interesse na realização de audiência para tentativa de conciliação, forma
prevista no art. 319, VII, do CPC.

Termos em que, Pede deferimento.


Rio de Janeiro, XX de XXXX de 20xx.

Advogada,
OAB/RS xxx.

Você também pode gostar