Você está na página 1de 5

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA XX VARA

CÍVEL DA COMARCA DE SOBRAL/CE

Processo nº 040.2859.6.08.0167/0

Max TV S.A, pessoa jurídica de direito privado, registrada sob o CNPJ n°


49.024.632/0001-84, com sede na Av. Transradial, n° 3333, Bandeirantes, Rio de Janeiro-
RJ. Por intermédio de seu advogado subscrito, vem respeitosamente perante vossa
excelência, oferecer a apresente.

CONTESTAÇÃO

Na ação em que lhe move, ANTÔNIO AUGUSTO, já devidamente qualificado


nos autos da presente demanda, com fundamento nos arts. 335 e 343 do Código de
Processo Civil brasileiro, pelas razões de fato e de direito a seguir narradas:

I- DOS FATOS NARRADOS NA INICIAL

Na inicial, o autor informou que adquiriu, no dia 20/10/2020, diversos


eletrodomésticos e que dentre eles uma TV de LED de sessenta polegadas, com acesso
à Internet e outras facilidades, pelo preço de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Depois de
funcionar perfeitamente por trinta dias, a TV apresentou superaquecimento que levou à
explosão da fonte de energia do equipamento, provocando danos irreparáveis a todos os
aparelhos eletrônicos que estavam conectados ao televisor. Segundo o autor a
reclamação foi apresentada no dia 25/11/2015, tanto ao fabricante (Max TV S.A.) quanto
ao comerciante de quem o produto fora adquirido (Lojas de Eletrodomésticos Ltda.) e que
ambos permaneceram inertes, deixando de oferecer qualquer solução.
II- DA REALIDADE DOS FATOS

Ocorre, excelência, que as coisas não ocorreram como informou o autor,


conforme se demonstra adiante:
Segundo o informado pelo autor na ação n° 040.2859.6.08.0167/0, o aparelho
televisor (fabricado pela MaxTV) teria sido comprado na Loja de Eletrodomésticos LTDA e
teria parado de funcionar subitamente após um mês de uso. Alega ainda que teria
realizado reclamação contra as empresas e que ambas teriam permanecido inertes.
Ocorre que a empresa Loja de Eletrodomésticos LTDA garante que o autor jamais
realizara qualquer compra em suas dependências. Em verdade, quando foi procurada
para resolver o problema, a Loja solicitou que o autor apresentasse a Nota Fiscal da
compra, o que foi recusado pelo autor, que disse que tal exigência se tratava de abuso
por parte da empresa. A MaxTV, por sua vez, jamais foi notificada de qualquer
irregularidade por parte do aparelho, e informa ainda que o autor jamais procurou
nenhuma Assistência Técnica Autorizada para que fosse verificado seu produto. Como
jamais fora notificada do problema – e tampouco pôde verificar a natureza da falha –, a
fabricante não tem o que fazer pelo autor.

III- DO DIRETO

3.1- Da tempestividade da presente peça.


Assim versa o Código de Processo Civil a cerca do prazo para protocolo da
contestação:

Art. 335- “O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze)
dias, cujo termo inicial será a data:
I – da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de
conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não
houver autocomposição.”

Como se percebe, o legislador exigiu que a contestação fosse protocolada no


prazo de 15 dias, a contar da audiência de conciliação.
No presente caso a audiência de conciliação ocorreu no dia XXXXXX. Caso que
sejam contados 15 (quinze) dias a partir dessa data, chega-se a data limite de
XX/XX/XXXX.
Hoje, portanto, encontra-se dentro do limite estabelecido pelo que se reconhece a
tempestividade da presente contestação.

3.2- Da improcedência da inversão do ônus da prova.


Assim disse o autor sobre a ausência de verossimilhança do alegado ou
inexistência de hipossuficiência de informações pelo autor:

Art. 6º : São direitos básicos do consumidor:

VIII - A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da


prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências"

Ocorre que a inversão do ônus da prova em benefício do consumidor constitui


instrumento destinado a equilibrar as posições das partes no processo, sendo
Inconcebível que esta inversão do ônus propicie vantagem ao consumidor, sob pena de
inobservância do devido processo legal.

Assim, sob tal ótica, é indispensável a presença concomitante dos requisitos da


verossimilhança da alegação e da hipossuficiência do consumidor para a inversão do
ônus da prova.

3.3- Da ausência de responsabilidade do fabricante.


Assim disse o autor sobre a solidariedade da responsabilidade dos fornecedores,
caso o produto se revele impróprio ou inadequado ao consumo a que se destina ou tenha
diminuído o seu valor.

Art. 18, CDC- “Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não


duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que
os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes
diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições
de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.

No presente caso, não houve notificação de nenhuma assistência técnica, nada


foi solicitado a empresa fabricante. Visto que, o fato ocorreu após 30 dias, e quem deveria
substituir ou restituir o aparelho seria a loja que fez a venda do produto, o fabricante após
os 30 dias, seria obrigado a oferecer assistência técnica à autorizada da fabricante, enviar
o aparelho danificado para conserto, para que assim, após 30 dias, pudesse resolver o
problema.

3.4- Da quebra de nexo causal- Culpa exclusiva do consumidor.

O fatos narrados pelo requerente apresenta uma ligação eletrônica irregular, pois
o mesmo afirma que todos os eletrodomésticos estavam ligados em uma mesma
extensão, na qual, por este motivo, ocasionou o superaquecimento da TV e danificou
todos os outros aparelhos que estavam conectados no mesmo local. Sendo assim, culpa
exclusiva do próprio consumidor que não se atentou as normas básicas de segurança
recomendadas.

3.5- Proposta de acordo- mera liberalidade da empresa.

Diante de todas as circunstâncias, há uma imensa discrepância dos orçamentos


apresentados pelo autor com os orçamentos apresentados neste momento pelo
Requerido, vez que conforme apresentado na contestação os danos nada têm a ver com
a fabricante, sequer foi notificada sobre algum prejuízo com o aparelho.
Interessada em solucionar amigavelmente a demanda, a empresa fabricante,
prefere que a ação não gere qualquer prejuízo, mas que está disposta a pagar a título de
acordo um valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) cada uma.
3.6- Quantum indenizatório exagerado.

O valor de XXXXXX, cobrado pelo autor, Excelência, não apenas é descabido,


mas também é completamente absurdo e destoante da razoabilidade.
Conforme já informado, não houve culpa pelos danos causados por parte da
empresa, e assim

III- DOS PEDIDOS

Diante de todo exposto, é a presente para requerer o que segue:

a) Seja recebida e processada a presente contestação, para que surta


seus efeitos legais;
b) Seja reconhecida a improcedência da inversão do ônus da prova.
c) Seja a ausência de responsabilidade do fabricante.
d) Seja, por conseguinte, consentida a proposta de acordo pela empresa.
e) Por fim, seja condenado o autor a pagar honorários sucumbenciais e
custas processuais, nos termos da lei, por ter dado causa à presente ação.

Dá-se a causa no valor de XXXXXX

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

Sobral, 15 de Fevereiro de 2021.

ADVOGADO
OAB/ CE … XXX. XXX

Você também pode gostar