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A inicial acusatória é a denúncia, sendo que seus requisitos formais estão previstos no
art. 41 do CPP
O art. 3º-A do CPP, ainda suspenso por decisão do STF, indica que adotamos o sistema
acusatório, que o juiz não vai substituir o acusador na produção da prova e que não
deve agir de oficio na investigação.
Princípios:
Obs: O MP poderá requerer a ABSOLVIÇÃO do réu, conforme o art. 385, CPP, o que não
significa desistência.
Atenção: É o contraponto acadêmico. Isso porque boa parte da doutrina afirma que a Ação
Penal Pública é indivisível, pois o MP não pode escolher casuisticamente ou de maneira
arbitrária quem ele vai responsabilizar, então todos os que concorreram para o crime devem
ser responsabilizados. Para essa corrente doutrinária, a indivisibilidade seria o aspecto
subjetivo do princípio da obrigatoriedade: o Ministério Público tem o dever de ajuizar, mas o
dever engloba ajuizar contra todos aqueles que contribuíram para o crime. Para a doutrina, a
indivisibilidade orienta o tratamento da Ação Penal Pública. A posição da doutrina se contrapõe
ao entendimento dos Tribunais Superiores.
No Direito Processual Penal, observando a Ação Penal, ela é intranscendente, pois não
pode transpor, ultrapassar e extravasar a figura imputado. A Ação vai atingir aqueles que foram
colocados no polo passivo da demanda, por isso a ideia de intranscendência, já que o resultado
do julgamento da Ação Penal não poderá atingir pessoas outras que não aquelas que figuraram
na relação processual. Os efeitos da ação penal não podem ultrapassar a figura do réu.
e) Princípio da autoritariedade: a ação penal pública tem como protagonista no seu exercício
uma autoridade pública. O Ministério Público confere aos seus membros o exercício da ação.
F) Princípio da oficialidade: a ação penal pública será exercida por um órgão oficial do estado.
Obs.: Para identificar se um delito é (ou não) de ação penal pública incondicionada, basta ler o
tipo penal que o regula. Quando a lei for omissa, presumimos que o crime é de ação pública
incondicionada. Isso porque a ação pública incondicionada é a regra geral.
Obs.: Na investigação do delito cuja ação penal seja pública incondicionada, o delegado
deverá instaurar o inquérito policial de ofício.
Conceito: é aquela titularizada pelo MP, mas onde a atividade persecutória ocorrerá EX
OFFÍCIO, independente do desejo da vítima ou de terceiros. Ela é a REGRA GERAL (art. 100,
caput, CP).
Conclusão: quando o tipo penal ou as disposições gerais que o regulam são omissos,
presumiremos que o crime é de ação pública INCONDICIONADA.
Obs.: Em tais hipóteses, o IP deve ser iniciado ex officio (art. 5º, I, CPP).
Conceito: é aquela titularizada pelo MP, mas que dependerá de uma prévia manifestação de
vontade do legítimo interessado.
Obs.: Almejamos evitar o “strepitus judicii” (escândalo do processo). Essa é a razão de ser da
ação pública condicionada
Obs.: Para que o crime seja de ação pública condicionada, é necessário que a lei diga de forma
expressa (art. 100, §1º, CP).
II – Institutos condicionantes:
a) Representação:
a.1) Conceito: é um pedido e ao mesmo tempo uma autorização que condicionada o início da
PERSECUÇÃO PENAL.
Obs.: Se o delito for de ação penal pública condicionada à representação e a vítima não
representar, o delegado não pode instaurar o inquérito. (Prova dissertativa do penúltimo
concurso de Delegado/ES).
Conclusão: sem ela NÃO HAVERÁ ação, inquérito ou lavratura de flagrante. Não poderá ter
persecução penal.
Obs.: Segundo Denilson Feitoza, ela é uma condição especial da ação penal.
a.3) Legitimidade:
iv) Oferecer a DENÚNCIA no prazo de 15 dias (art. 46, CPP). O terceiro destinatário da
representação é o Juiz (das garantias):
ii) À luz do sistema acusatório, a doutrina recomenda que o juiz abra vistas ao MP, para que ele
resolva o que fazer.
a.3.2) Legitimidade ATIVA: a representação é exercida pela VITÍMA ou por seu REPRESENTANTE
LEGAL, nas hipótese de incapacidade.
Obs.: Quando há conflito entre o representante legal e o incapaz, será nomeado CURADOR
ESPECIAL, para avaliar o melhor a ser feito.
Obs.: Emancipação: a emancipação não tem reflexos penais. Logo, o emancipado representa
por meio de CURADOR ESPECIAL. O juiz nomeia o curador especial.
Obs.: Imaginemos uma pessoa que casou aos 16 anos está emancipada. Em uma briga com o
vizinho o emancipado foi vítima do delito de ameaça ou lesão corporal leve, comparece no
departamento de polícia com a certidão de casamento, aponta que foi emancipado e quer
representar. Nesse caso, não poderá exercer representação perante a autoridade policial. Isso
porque se o menor cometer qualquer delito (denunciação caluniosa, por exemplo) será
inimputável em razão da menoridade. A emancipação não afasta a inimputabilidade do menor
de 18 anos e maior de 16 anos.
Exemplo: Imaginemos que uma pessoa que é funcionária pública sofreu crime contra a honra,
praticado em razão da função, cuja ação penal é pública condicionada à representação. Porém,
o ofendido opta por representar tão somente quando descobrir quem é o autor do delito. O
prazo decadencial, neste caso, somente começa a correr quando descobrir a autoria, todavia, o
prazo prescricional está contando desde a consumação do crime. Imaginemos outro exemplo
de injúria cometido por meio de redes sociais, em que o autor envia um direct com
xingamentos, utilizando-se de um perfil falso, o prazo de prescrição contará desde a
consumação e o prazo para representar não iniciou, haja vista que ainda não é conhecido o
autor. Não confunda o prazo para representar e o prazo prescricional, sendo este último
contado a partir da consumação do delito (art. 109, CP). O crime pode prescrever sem exaurir o
prazo decadencial, haja vista que o prazo para representar é do conhecimento da autoria. O
prazo tem NATUREZA DECADENCIAL, o que significa dizer que é um prazo FATAL, não tolerando
suspensão, interrupção ou prorrogação.
Obs.: Lembre-se que no Direito Processual Penal o prazo É CORRIDO, ou seja, o prazo não é em
dias úteis como no processo civil. A única peculiaridade do prazo decadencial é que ele não
começa a contar se a pessoa não possui plena capacidade.
Ex.: a vítima possui dezessete anos e foi vítima de um crime de ação pública condicionada, o
prazo para representar somente começa a contar do dia em que atingir a maioridade. Antes
disso, o responsável pelo menor represente.
Obs.: O prazo é regulado de acordo com o art. 10 do CP, de forma que o dia do conhecimento
da autoria já é computado.
Exemplo: o sujeito sabe quem é o autor do crime em 10/03/2022 (1º dia), o prazo para
representar finda em 09/03/2023, 23h:59s:59ss.
a.5) Forma: a representação tem FORMA LIVRE, podendo ser apresentada oralmente ou por
escrito a qualquer dos destinatários (STF/STJ). A vitimologia demonstra que em virtude da
hipossuficiência financeira, há uma tendência maior em ser vítima de crime com mais
frequência. Nessa realidade, se a pessoa já não tem condição financeira e houver exigência de
rigor formal para que ela represente, ela ficaria fora do acesso da justiça.
a.6) Retratação:
a.6.1) Regra geral: a vítima poderá se retratar até ANTES DO OFERECIMENTO DA DENÚNCIA
(art. 25, CPP).
Obs.: Múltiplas retratações: para a doutrina MAJORITÁRIA, se a vítima se retratou, ela poderá
se arrepender e reapresentar a representação, desde que dentro do prazo decadencial, que
está contando do CONHECIMENTO DA AUTORIA DO CRIME.
Obs.: A regra geral é que se eu representei eu poderei me retratar até antes o promotor
oferecer a denúncia. Se retratei e arrependi, posso reapresentar a representação.
Obs.: A Lei Maria da Penha não tipifica condutas, apenas prevê um tipo penal: descumprir
medida protetiva de urgência. Os crimes praticados no contexto de violência doméstica estão
no Código Penal.
Ex.: ameaça, crimes contra a honra, feminicídio e todos os tipos penais no contexto da
violência doméstica.
Obs.: É possível praticar um crime de ação penal pública condicionada no contexto da violência
doméstica.
Ex.: se o marido ameaçar a esposa, calúnia, injúria, violência física, violência moral, todos no
contexto da violência doméstica.
Obs.: Se a mulher representou ela pode retirar a representação. A lei maria da penha, para o
professor, de maneira a técnica, fala em renúncia ao direito de representar. Para que isso
aconteça, é necessário marcar audiência específica, na presença do juiz e ouvido o MP. Isso
porque o objetivo é que as autoridades possam indagar se a mulher está sendo constrangida a
retirar a representação. A Lei Maria da Penha traz uma especialidade quanto ao marco: a
mulher poderá retirar a representação até antes do RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. O
recebimento da denúncia não tem prazo para o juiz fazer o juízo de admissibilidade da
denúncia.
Obs.: O crime de lesão corporal leve e lesão culposa são crimes de ação penal condicionada à
representação, nos termos do art. 88 da Lei 9.099/95. E, segundo a Lei Maria da Penha, não se
aplica a lei dos juizados não se aplica na violência doméstica.
Obs.: O STF declarou a constitucionalidade do art. 41 da Lei Maria da Penha e o STJ editou a
súmula 542 para disciplinar que o crime de lesão corporal na violência doméstica é SEMPRE
ação penal pública incondicionada. Segundo Lewandowsk, quando votou nesta ADI, pela
qualidade dos bens-jurídicos em jogo, todos os delitos de violência doméstica deveriam ser de
ação pública incondicionada.
Conclusão 4: Quanto ao crime de lesão corporal, notadamente a leve e a culposa, como não
aplicamos o art. 88 da Lei dos Juizados por força do art. 41 da Lei Maria da Penha, resta
concluir que a lesão corporal, mesmo que leve ou culposa, é crime de AÇÃO PÚBLICA
INCONDICIONADA no contexto da Lei Maria da Penha (Súmula 542, STJ).
- Lembre-se de que a ação penal privada é aquela titularizada pela vítima ou por seu
representante legal na condição de substituição processual, já que ela atua em nome próprio
pleiteando a punição, que será exercida pelo Estado.
- Segundo o autor Aury Lopes Júnior, não se trata de uma substituição processual, pois as
tarefas são diferentes, ou seja, exercer a ação e implementar a punição são funções distintas.
(É importante notar que essa é uma visão minoritária)
- De acordo com o art. 24 do Código de Processo Penal, a petição inicial que caracteriza o
exercício da ação privada é a queixa-crime.
Obs: Atente-se ao fato de que a queixa-crime é o nome da petição inicial que demarca o
exercício da ação penal privada. Ela é ofertada ao juiz com o intuito de que ele receba a inicial
e inicie o processo.
É importante lembrar que alguns crimes que antes eram de persecução de ação
privada migraram para o âmbito da ação penal pública. Note que uma parcela da doutrina
entende que a vítima não possui equilíbrio para patrocinar a ação penal, por isso seria mais
adequado que os crimes de ação privada migrassem para o contexto da ação pública
incondicionada.
Portanto, parte da doutrina entende que a vítima não possui o necessário equilíbrio
para estar à frente da ação penal, por isso, os crimes migrariam para o âmbito da ação pública,
persistindo a ação privada subsidiária, já que tem previsão constitucional no art. 5º, LIX. A
principiologia da ação penal privada é muito importante.
Ela nos permite diferenciar uma ação penal privada da ação penal de iniciativa pública.
Ao contrário da ação pública, que é pautada pelo princípio da obrigatoriedade, a ação penal
privada visa atender a pretensão ou conveniência da vítima, que só exercerá a ação se quiser.
Portanto, segundo o princípio da oportunidade, a vítima só exercerá a ação privada se lhe for
conveniente. É importante notar que esse princípio não está expressamente previsto no
código, mas o CPP traz regras de tratamento da ação penal privada que permitiram à doutrina
enxergar o princípio da oportunidade.
A renúncia ocorre pela declaração expressa da vítima de que não pretende ajuizar a
ação, conforme o art. 50 do CPP, ou pela prática de ato incompatível com essa vontade,
conforme o art. 57 do CPP.
Note que no transcorrer do processo criminal deflagrado por meio de ação privada a
vítima poderá desistir da demanda. A ação penal privada subsiste para atender a conveniência
da vítima, sendo assim se a vítima não quer mais, então ela pode desistir. Segundo o princípio
da disponibilidade, a vítima poderá desistir da demanda deflagrada.
A vítima pode desistir da ação privada por meio do perdão. Note que quem perdoa
declara expressamente que não vai continuar com a ação que já foi ajuizada ou pratica ato
incompatível com a vontade de continuar com a ação que já está em curso.
Segundo o art. 58 do CPP, o perdão ocorre com a declaração expressa da vítima de que
não pretende continuar com a ação ao pela prática de ato incompatível com essa vontade.
Percebe-se que o perdão pode ser oferecido de forma expressa ou tácita. É importante notar
que virar réu em um processo criminal faz com que a pessoa sofra de diferentes formas.
Lembre-se que o réu que recusa o perdão é aquele que deseja que o processo prossiga,
pois tem a esperança de ao final ser absolvido para ter seu patrimônio moral restabelecido.
Ser absolvido significa dizer que não há responsabilidade penal por estar declarada a
inocência pelo Poder Judiciário. Segundo o art. 59 do CPP, para que o perdão surta o efeito
pretendido, qual seja, a extinção da punibilidade, é necessário que ele seja aceito, o que pode
ocorrer de forma expressa ou tácita. Percebe-se que a aceitação também pode ocorrer de
maneira expressa ou tácita, admitindo todos os meios de provas.
O perdão é um instituto típico dos crimes de ação privada. Perceba que esse é um
perdão oferecido pela vítima. Esse instituto não pode ser confundido com o perdão do Juiz. O
perdão judicial possui algumas pertinências na ação penal, mas se tornou mais notório nos
crimes que afetam de tal maneira o próprio sujeito que o Estado não precisa punir.
Imagine que a vida já apenou demais o sujeito que perde um ente querido em um
acidente por exemplo. Nessa situação, esse sujeito não precisaria ser punido pelo Estado.
Trata-se do perdão do Juiz.
Esse tipo de perdão é ato unilateral que se impõe e leva a extinção da punibilidade
ainda que o réu não queira aceitar. O perdão judicial pode ocorrer também como resultado de
colaboração premiada.
O perdão ocorre na fase processual, sendo admitido até mesmo em grau de recurso.
A preempção caracteriza uma sanção imposta pelo Juiz em virtude da desídia da vítima na
condução da ação privada.
Se a vítima optar em ingressar com a ação privada, deverá atuar contra todos os
infratores conhecidos. Cabe ao Ministério Público fiscalizar o respeito ao princípio da
indivisibilidade. Imagine que a omissão da vítima foi dolosa, pois não queria processar todos
por entender que parte das pessoas que praticaram o crime eram pessoas de bem.
Nesse sentido, se a vítima propõe, de forma dolosa, a ação penal privada apenas
contra parte dos sujeitos, ela renunciará ao direito em favor dos não processados e a renúncia
extingue a punibilidade.
O fato é que o crime é de ação privada e assim sendo o MP não possui legitimidade
ativa para incluir mais réus na demanda. Mas é necessário lembrar que o CPP permite que o
promotor adite a inicial privada.
Esse aditamento é para fazer reparos formais, ele não serve para trazer mais
imputados, pois o Promotor não tem legitimidade ativa para tanto. A doutrina majoritária
entende que o aditamento feito pelo promotor não serve para incluir mais réus, pois falta ao
MP legitimidade ativa “ad causam”.
Por outro lado, quando a omissão da vítima for involuntária, a própria vítima poderá
aditar a petição inicial para incluir os réus faltantes.
É importante notar que Aury Lopes Júnior recomenda que o melhor é que a vítima
ajuíze outra ação para não gerar tumulto processual. Quando a omissão da vítima é
involuntária, caberá a ela própria envidar os esforços para processar as pessoas faltantes, já
que não houve renúncia.