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AÇÃO PENAL

1. CONCEITO DE AÇÃO PENAL


É o direito público positivado na CF de exigir do Estado-juiz a aplicação da lei ao caso
concreto, para solução de uma demanda penal.

Art. 5º, XXXV, CF – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito;

Obs.: A ação é o Direito, já o processo é a ferramenta que viabiliza a implementação da


ação.
ESTADO →Poder de punir(privativamente)
SUJEITO →Direito de exigir do Estado a punição

2. CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL

A ação penal está subordinada ao preenchimento de determinadas condições – são as


chamadas condições da ação que se classificam-se em duas ordens
 Condições GERAIS ou GENÉRICAS
 Condições de PROCEDIBILIDADE ou ESPECIAIS ou ESPECÍFICAS

2.1- CONDIÇÕES GERAIS DA AÇÃO


São aquelas que devem estar presentes em qualquer ação penal, independente da
natureza ou tipo legal infringido.
São elas:
 POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO
 INTERESSE DE AGIR
 LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA

A) POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: Corresponde à viabilidade de


procedência da ação penal. É necessário que a conduta imputada na inicial
acusatória seja descrita em lei como crime ou contravenção penal.
É O FATO TÍPICO
B) INTERRESE DE AGIR: Consiste nos indícios de autoria de que o imputado
realmente é autor ou partícipe do fato descrito, bem como na prova da
existência do crime imputado.
INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA
PROVA DA MATERIALIDADE DELITIVA

Este lastro mínimo probatório mínimo constitui o fumus boni iuris


Ausente a sua demonstração, não será possível ao magistrado verificar a plausividade
da acusação, devendo, também neste caso, rejeitar a inicial acusatória com
fundamento no art. 395, III, do CPP(FALTA DE JUSTA CAUSA).

Art. 395, III, CPP – A denúncia ou queixa será rejeitada quando: III - faltar justa causa
para o exercício da ação penal.

C) LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA:


C.1- Legitimidade ATIVA: É necessário que a propositura da inicial acusatória(denúncia
ou queixa) seja patrocinada pelos respectivos legitimados ativos, que são eles:
MINISTÉRIO PÚBLICO →Crimes de ação penal pública
OFENDIDO OU RL →Crimes de ação penal privada

Obs.: INÉRCIA INJUSTIFICADA DO PROMOTOR: Permite-se ao ofendido o ingresso da


ação penal privada subsidiária da pública, caso em que o titular será o particular.

Obs.: LEGITIMAÇÃO ATIVA DA PESSOA JURÍDICA: Ocorrerá quando a pessoa jurídica


figurar como ofendida.
Ex.: Crime de dano praticado contra veículo de pessoa jurídica.

C.2- Legitimidade PASSIVA: É a condição que se refere ao requisito da


IMPUTABILIDADE PENAL no enforque etário(idade).
2.2- CONDIÇÕES DE PROCEDIBILIDADE/CONDIÇÕES ESPECIAIS DA AÇÃO:
Trata-se de condições específicas que vinculam o próprio exercício da ação penal e que
são exigidas em determinados casos a partir de previsão legal expressa.
Exemplos
Crime de DANO(Art 147, CP): Exige como condição da ação a prévia representação
da vítima.
Crime contra a honra do Presidente da República(Art. 145, CP): Exige a requisição do
Ministro da Justiça para o ingresso da ação.

2.3- OUTRAS CONDIÇÕES


A) Condições OBJETIVAS DE PUNIBILIDADE: São elementos exteriores ao fato
delituoso, não integrantes do tipo penal, ocorrendo nas hipóteses em que a
punibilidade da conduta é vinculada à superveniência de determinado acontecido.
Ex.: Art. 180 da Lei 11.101/2005(Crimes Falimentares) - A sentença que decreta a
falência, concede a recuperação judicial ou concede a recuperação extrajudicial de que
trata o art. 163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade das infrações penais
descritas nesta Lei.

B) ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS: Compreendem as situações em que, conquanto exista o


crime, não se impõe pena em razão de circunstâncias pessoais do agente.
Ex.1: Furto praticado por descendente contra ascendente menor de 60 anos(Art. 181,
II, c/c o Art. 183, III, do CP).
Ex.2: Descendente(entre outros parentes) do criminoso que presta auxílio para que
este subtrai-se da ação da autoridade
Art. 348, § 2º, do CP – Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de
crime a que é cominada pena de reclusão: § 2º - Se quem presta o auxílio é
ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
Nos dois casos acima ISENTA DE PENA O AGENTE POR ESSA CONDIÇÃO ESPECIAL.
3. MODALIDADES DE AÇÃO PENAL
Titularidade para propositura da demanda
3.1- Ação Penal PÚBLICA
A) CONCEITO: É aquela titularizada privativamente pelo MP.
Obs.: A inicial acusatória é a DENÚNCIA.
Art. 41, CPP – A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas
as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se
possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.

B) Princípios da A.P. PÚBLICA:


 OBRIGATORIEDADE
 INDISPONIBILIDADE
 DIVISIBILIDADE
 INTRASCENDÊNCIA

B.1) OBRIGATORIEDADE: O exercício da ação de iniciativa pública é um dever


funcional inerente a atuação do MP.
Obs.1: Princ. Obrigatoriedade MITIGADA/ DISCRICIONARIEDADE REGRADA: de
acordo com Tourinho Filho (década de 90), o princípio da obrigatoriedade foi mitigado
por meio da justiça penal do consenso, materializada por meio dos seguintes
institutos:
Transação penal(Art. 76, Lei 9.099/96);
Colaboração premiada, que pode levar ao não oferecimento da denúncia, desde
que o sujeito o 1° a colaborar e não chefie a facção criminosa (Lei 12.850/013);

 Acordo de não persecução penal, cabível para os crimes com pena mínima inferior
a 4 anos, desde atendidos os requisitos do art. 28-A do CPP.
Se presentes os requisitos terão a extinção de punibilidade.

Art. 76, JECRIM – Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal


pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá
propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada
na proposta.
Art. 3º-A, LOC – O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual e
meio de obtenção de prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos.
Art. 28-A, CPP – Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado
formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave
ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá
propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas
cumulativa e alternativamente:

B.2) INDISPONIBILIDADE: O MP não poderá desistir da demanda deflagrada.


Art. 42, CPP – O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.

Obs.1: O MAGISTRADO não está vinculado ao requerimento formulado pelo MP.


Art. 385, CPP – Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem
como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.

Obs.2: Os recursos são voluntários, sendo assim, se o MP apresentar recurso, não


caberá desistência, pois o recurso é o desdobramento do direito de ação.
TRADUZINDO: O promotor pode não recorrer, mas se recorreu não pode desistir.

B.3) DIVISIBILIDADE: Havendo mais de um suposto autor do crime, nada impede que
que venha o Ministério Público ajuizar a ação penal apenas em relação a um ou alguns,
deixando para momento posterior a propositura dos demais.

SE JUSTIFICA POR UMA QUESTÃO ESTRATÉGICA OU PELA NECESSIDADE DE SE


BUSCAR MAIORES ELEMENTOS PARA AMPARAR O PROCESSO PENAL

Obs.1: JURISPRUDÊNCIA: De acordo com os tribunais superiores, a ação pública é


divisível por tolerar desmembramento e complementação incidental por aditamento.
Obs.: DOUTRINA MAJORITÁRIA: A ação pública segue o princípio da indivisibilidade,
afinal, devemos adotar providências penais contra todos aqueles que contribuíram
para o delito.
B.4) INTRANSCENDÊNCIA/ PESSOALIDADE: Os efeitos da ação penal não ultrapassam
a figura do réu.
Art. 5º, XLV, CF – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da
lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;

3.1.1- Ação Penal Pública INCONDICIONADA: É aquela onde a atividade persecutória


ocorrerá de ofício, independente da manifestação de vontade da vítima ou de
terceiros.
Obs.1: É a ação penal para apuração das infrações penais que interferem diretamente
no interesse geral da sociedade.
Obs.2: Se o tipo penal não diz qual é a modalidade será incondicionada.
Art. 100, CP - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara
privativa do ofendido
Obs.3: Nos crimes de ação pública incondicionada, o IP deve ser iniciado de ofício
Art. 5°, I, CPP - Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de
ofício;

3.1.2- Ação Penal Pública CONDICIONADA: É aquela titularizada pelo MP, mas que
dependerá de uma prévia manifestação de vontade do legítimo interessado.
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa
do ofendido.
1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o
exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.

Obs.: Almejamos evitar o “strepitus judicii” (escândalo do processo).

A) ...REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA OU SEU REPRESENTANTE LEGAL: É o pedido e ao


mesmo tempo a autorização sem a qual as providências penais não podem ser
adotadas.
 CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE
TRADUZINDO: Sem ela inexiste ação(ou acordo de não persecução), IP ou lavratura de
flagrante(a captura pode acontecer).
Art. 395, II, CPP – A denúncia ou queixa será rejeitada quando: II - faltar pressuposto
processual ou condição para o exercício da ação penal;

Obs.1: DESTINAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO: A representação é destinada ao


→Delegado, →Juiz e ao →MP
Art. 39, CPP – O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por
procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz,
ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
Obs.2: O menor emancipado representa por meio de curador especial, pois a
emancipação não tem reflexos penais.
Obs.3: Diante da morte ou da declaração de ausência da vítima, o direito de
representar é transferido aos seguintes sucessores: C.C.A.D.I
CÔNJUGE
COMPANHEIRO
ASCENDENTES
DESCENDENTES
IRMÃOS

A.1> PRAZO: 6 meses contados do conhecimento da autoria da infração.


Art. 38, CPP – Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal,
decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de
seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso
do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.

Obs.1: O prazo é contado de acordo com o art. 10 do CP, já que o 1° dia entra na
contagem.
Art. 10, CP – O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os
meses e os anos pelo calendário comum.

Obs.2: O prazo tem natureza decadencial, o que significa que é um prazo fatal, não
tolerando suspensão, interrupção ou prorrogação. Se acabar em um final de semana, a
vítima tem que procurar autoridade de plantão.
Obs.3: VÍTIMA MENOR DE 18 ANOS OU MENTALMENTE INCAPAZ: Neste caso, o
prazo decadencial flui apenas para o representante legal.
Para a vítima, ao alcançar a maioridade ou recuperar a capacidade mental, a partir
deste momento, terá início o prazo de 6 meses para representar.

A.2> RETRATAÇÃO: A vítima só poderá se retratar da representação até antes do


oferecimento da denúncia.
Obs.1: CABE RETRATAÇÃO DA RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO? SIM! Se a vítima se
retratou, ela poderá se arrepender e reapresentar a representação, desde que dentro
do prazo.
Obs.2: LEI MARIA DA PENHA: Nos crimes de ação penal pública condicionada a mulher
só poderá renunciar ao direito de representar em audiência específica, na presença do
juiz e ouvindo o MP.
A renúncia pode ocorrer até antes do recebimento da inicial acusatória(denúncia).
A lesão corporal, na esfera doméstica e familiar contra mulher, é crime de ação
penal pública incondicionada.

B) ... REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA: É uma autorização(condição de


procedibilidade) essencialmente política que condiciona o início da persecução
penal.
SEM ELA NÃO HAVERÁ AÇÃO, IP OU LAVRATURA DE FLAGRANTE

Ex.1: Crimes contra honra cometidos contra chefe de governo estrangeiro.


Ex.2: Crimes contra a honra cometidos contra o Presidente da República.

Art. 141, I, c/c o Art. 145, parágrafo único, ambos do CP.

Obs.: Em razão da independência funcional do MP, a requisição não importa em


vinculação, tal qual acontece com a representação da vítima.

B.1) PRAZO: Não há prazo decadencial para o exercício da requisição.


O ministro da justiça pode requisitar a qualquer tempo, antes da extinção da
punibilidade pela prescrição ou por qualquer outra causa.
B.2) RETRATAÇÃO: Os tribunais superiores nunca julgaram a matéria e o código é
lacunoso.
Restam-nos a doutrina:
1º POSIÇÃO: O ato comporta retratação, em analogia ao que ocorre com a
representação da vítima.(LFG e Nucci)
2º POSIÇÃO: O ato é irretratável, por ausência de previsão, e também para não
comprometer a imagem do País.(Tourinho Filho)

2.2> Ação Penal PRIVADA


A) CONCEITO: É aquela exercida pela vítima ou pelo seu representante legal na
condição de substituição processual, pois ela atua em nome próprio pleiteando a
punição, que será exercida pelo Estado.
EXEMPLIFICANDO
PETIÇÃO INICIAL: Queixa-crime
VÍTIMA: Querelante
RÉU: Querelado

A.1- PRAZO: 6 MESES, contados a partir do conhecimento da autoria.


A.2 - DECADÊNCIA: É a perda da possibilidade de exercer a ação penal privada, em
razão do decurso do prazo, qual seja, em regra 6 meses, contados do conhecimento da
autoria da infração, gerando assim a extinção da punibilidade.
A.3 - RENÚNCIA: Ocorre pela declaração expressa da vítima de que não pretende
ajuizar a ação ou pela prática de ato incompatível com essa vontade.(pode ocorrer de
forma expressa ou tácita, admitindo todos meios de prova)

→ATO UNILATERAL, pois independe de aceitação do autor do crime.


Ex.: A vítima de um crime convida o autor para um churrasco de família.
Art. 49, CPP – A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos
autores do crime, a todos se estenderá.

Art. 50, CPP – A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por
seu representante legal ou procurador com poderes especiais. Parágrafo único. A
renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 (dezoito) anos
não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do
primeiro.
A.4 – PERDÃO: É a desistência da ação penal de forma expressa(declaração nos autos
ou termo assinado) ou tácita(atos incompatíveis com o desejo da ação).
→Ocorre depois do recebimento da denúncia;
→ATO BILATERAL, pois exige aceitação do querelado.
→Pode ser concedido a qualquer tempo, desde que antes do trânsito em julgado da
sentença penal condenatória.

Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.

Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de perdão


poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal, mas o perdão concedido
por um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito.

Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver
representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação
do perdão caberá ao curador que o juiz Ihe nomear.

Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à aceitação do


perdão, o disposto no art. 52.

Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais.

Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no art. 50.

Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova.

Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado
será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser
cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.

Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.

Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração assinada pelo
querelado, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais.

 Art. 105, CP – O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede


mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação.

 Art. 107, CP – Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia,


graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como
criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito
de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do
agente, nos casos em que a lei a admite; IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos
em lei.
A.5 – PEREMPÇÃO: Perda do direito de prosseguir na ação privada em decorrência da
inércia ou negligência do querelante.
→ É uma sanção jurídica.
Obs.: Não se aplica a ação penal privada subsidiária da pública.

B) Princípios da A.P. PRIVADA


B.1) Oportunidade: a vítima só exercerá a ação privada se lhe for conveniente.
A exposição de um processo criminal pode ser ainda mais prejudicial do que a
própria sensação de impunidade provocada pela sua inércia.

B.2) Disponibilidade: a vítima poderá desistir da demanda ajuizada, quer mediante


perdão ou omissão na prática dos atos(perempção).

B.3) Indivisibilidade: Se a vítima optar por ajuizar a ação privada, deverá fazer contra
todos os infratores conhecidos.
Art. 48, CPP – A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de
todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.

Obs.1: O princípio da Indivisibilidade diz respeito aos envolvidos no crime e não nos
delitos praticados, ou seja, se praticados dois ou mais crimes de ação penal privada o
ofendido não está obrigado a ajuizar ação em relação a todos estes delitos.
Obs.2: Cabe ao MP fiscalizar o respeito ao princípio da indivisibilidade.

B.4) Intranscendência: Os efeitos da ação privada só devem atingir a figura do réu.


2.2.1- A.P. Privada EXCLUSIVA/PROPRIAMENTE DITA: É aquela titularizada pela
vítima ou por seu representante legal.
→Justifica-se quando a infração penal atinge profundamente os interesses da vítima.
Art. 30, CPP – Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá
intentar a ação privada.
Art. 100, § 2º, CP – Não aceitando a suspeição, o juiz mandará autuar em apartado a
petição, dará sua resposta dentro em três dias, podendo instruí-la e oferecer
testemunhas, e, em seguida, determinará sejam os autos da exceção remetidos,
dentro em 24 vinte e quatro horas, ao juiz ou tribunal a quem competir o julgamento.
§ 2o Se a suspeição for de manifesta improcedência, o juiz ou relator a rejeitará
liminarmente.

Obs.1: AUSÊNCIA OU MORTE: Diante da morte ou da declaração de ausência da


vítima, o direito é transferido aos sucessores indicados no art. 31 do CPP (CADI).
Art. 31, CPP - No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.

Obs.2: PESSOAS JURÍDICAS: Poderão figurar como autores da ação penal privada.
Art. 37, CPP – As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas
poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos
contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou
sócios-gerentes.

2.2.2- A. P. Privada PERSONALÍSSIMA: É aquela que possui um único titular, quem


seja, a vítima, ou seja, a titularidade compete única e exclusivamente ao próprio
ofendido.
Obs.1: AUSÊNCIA OU MORTE: Inexiste intervenção do representante legal ou
sucessão por morte ou ausência.

Obs.2: SE O OFENDIDO FOR INCAPAZ(Enfermidade Mental): A queixa não poderá ser


exercida , tendo em vista sua incapacidade.
Neste caso, a única alternativa que lhe resta será aguardar a cessação da
incapacidade, enquanto isto não ocorrer, o prazo decadencial para queixa não terá
fluência.

Obs.3: PRAZO: 6 meses contados do trânsito em julgado da sentença cível que


invalidar o casamento.

Obs.4: APLICABILIDADE: Somente aplicável ao crime do Art. 236, CP.


Art. 236, CP - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou
ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis
meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não
pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo
de erro ou impedimento, anule o casamento.)

2.2.3- A. P. Privada SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA: É a permissão que a vítima ingresse


com a ação em delito da esfera pública, já que o MP não cumpriu o seu papel nos
prazos legais.
O MP deve ser inerte, ou seja, caso ofereça denúncia, acordo de não persecução
penal, requisitar diligências ou ordenar o arquivamento, não caberá ação privada
subsidiária.
Art. 29, CPP – Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.
Art. 100, § 3º, CP – A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara
privativa do ofendido. § 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes
de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.

Obs.1: é positivada no art. 5°, LIX, CF como cláusula pétrea,


Art. 5º, LIX, CF - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal;

Obs.2: Prazo: 6 meses contados do esgotamento do prazo que o MP dispunha para


agir, qual seja,
PRAZO DE AÇÃO DO MP
Agente PRESO: 5 dias
Agente SOLTO: 15 dias

Art. 38, CPP – Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal,
decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de
seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso
do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.

Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação,


dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.
Art. 46, CPP – O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5
dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do
inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se
houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da
data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o
oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de
informações ou a representação

§ 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o


órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do
tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos
do processo.

Obs.3: Se a vítima fraquejar(negligenciar no impulso do processo) ela será afastada e o


MP retomará a demanda como parte principal.

Obs.4: Não cabe perdão ou perempção na ação penal privada subsidiária.

Obs.5: Quando a petição da vítima é oferecida (queixa-crime substitutiva), cabe ao juiz


abrir vistas ao MP. Se o MP entender que não houve desídia ou que a petição da vítima
é inepta, deve repudiar a petição, oferecendo na sequência a denúncia substitutiva.

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