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PRÁTICA PENAL

FACAPE – 9º PERÍODO NOTURNO – 2023.1


Professor Teciano – Turma de quinta e sábado

27/02/2023

Participação em Audiências:
1. Audiência de instrução - Jecrim
2. Audiência de instrução – Justiça Comum
3. Audiência do Tribunal do Júri

QUEIXA CRIME
Inicia a ação penal privada, personalíssima e ação penal privada subsidiária da pública.

 RESUMO DE TEORIA GERAL DA AÇÃO PENAL PRIVADA

o Fundamento da Ação Penal Privada (art. 100, §§ 2º e 3º, CP, art. 29 e 44, CPP e
Art. 5º LIX, CF);

Art. 100, caput e § 3º, CP


Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a
declara privativa do ofendido.
[...]
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do
ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de
ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo
legal.

Art. 29, CPP


Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público
aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir
em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova,
interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.

Art. 44, CPP


Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes
especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do
querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais
esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser
previamente requeridas no juízo criminal.

Art. 5º LIX, CF
Art. 5º
[...]
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta
não for intentada no prazo legal;

o A queixa crime dá início à Ação Penal Privada;


o O autor da ação é o querelante;
o O autor do fato é o querelado. Na peça (queixa) deve ser chamado de
querelado. Nunca de réu porque não existe ainda não houve recebimento da
queixa;

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o Sucessão processual: Quando o autor da ação (vítima ou ofendido) pode ser


sucedido por cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Esta ordem é
preferencial. Não é permitida a sucessão quando tratar-se de crime de ação
penal privada personalíssima (art. 236, CP - Induzimento a erro essencial e
ocultação de impedimento) quando a ação será extinta;
o Prazo para oferecer a queixa crime: prazo decadencial de 06 (seis) meses a
contar da data do conhecimento da autoria delitiva, quando se sabe o autor
do fato. A contagem é feita nos termos do art. 10 do Código Penal (“Art. 10 - O
dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e
os anos pelo calendário comum”). Inclui-se o dia do início e exclui-se o dia do
final (Ex.: data do delito dia 09/03; início do prazo 09/03; fim do prazo 08/09).
Trata-se de prazo peremptório porque não se suspende nem se interrompe.
Ex.: se o último dia do prazo for 07 de setembro (feriado da independência)
este será o prazo.
o Queixa crime subsidiária: é a queixa que dá início à ação penal privada
subsidiária da pública, conforme art. 100, § 3º, CP, art. 29, CPP e art. 5º, LIX,
CF. Exemplo: crime de homicídio; MP tem 15 (réu solto) dias para oferecer a
denúncia; se o MP não oferecer, a família da vítima poderá oferecer a queixa-
crime a partir do 16º dia até 06 meses);
 Prazo da queixa crime subsidiária: começa após o prazo que o MP
tem para oferecer a denúncia. O MP tem os seguintes prazos para
oferecer denúncia nos casos de ação penal pública:
 Até 05 dias para oferecer a denúncia, em caso de réu preso: O
prazo para a queixa crime subsidiária será de 06 meses
contados a partir do 6º dia, caso o MP não tenha oferecido a
denúncia;
 Até 15 dias em caso de réu solto: O prazo para a queixa crime
subsidiária será de 06 meses contados a partir do 16º dia, caso
o MP não tenha oferecido a denúncia;
 Qualquer crime de ação penal pública pode ter a ação penal iniciada
por meio de queixa crime subsidiária da pública;
o Se for crime de menor potencial (JECRIM) deve ser observada a Lei nº
9.099/1995 que prevê o procedimento sumaríssimo;
o Se for crime de competência da justiça comum, deve ser observado o art. 520,
CPP;
o Predomina o princípio da indivisibilidade da ação penal privada. Deve ser
oferecida a queixa ou contra todos os acusados ou nenhum.

 COMO IDENTIFICAR QUE A PEÇA NECESSÁRIA É QUEIXA CRIME (CRIME DE AÇÃO


PENAL PRIVADA)

o Sempre que houver um conflito entre particulares sem a presença do estado;


o Quando o tipo penal indicar o tipo de ação penal privada;
o A regra geral é que todo crime é de ação penal pública. A exceção é quando ou
no tipo penal ou no capítulo onde o tipo está inserido prever que será de ação
penal privada
o Hipóteses corriqueiras de queixa crime: crimes contra a honra,...

 ESTRUTURA DA PEÇA

o Endereçamento

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 Normalmente a queixa ocorre nos crimes de menor potencial


ofensivo;
 Na maioria das vezes será endereçada ao juízo do juizado especial
criminal;
 O endereçamento está ligado à competência para julgar;
 Ainda não há número do processo;

o Qualificação das partes

 É a descrição do autor da ação (querelante) e do autor dos fatos


(querelado)
 Nome, endereço, CPF, identidade, profissão, estado civil, alcunha, etc.
Todos os dados das partes que sirvam para a correta identificação
delas.
 Poderá ocorrer a queixa sem a completa identificação. Posteriormente
poderá haver aditamento dos dados que faltarem;
 Na 2ª fase da OAB não criar dados. Restringir-se aos dados fornecidos.

o Procuração

 Deve conter poderes especiais (como determina o art. 44, CPP) ao


advogado e nela deve constar a narração dos fatos assim como a
identificação do querelado;

o Descrição dos fatos (narração fática)

 Observar as regras do art. 41 do CPP:

Art. 41, CP
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso,
com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

 Os fatos devem ser narrados circunstanciadamente;


 A narração fática é de suma importância;
 Deve constar exatamente como os fatos aconteceram;
 Mencionar data, horário, falas proferidas, qualificadoras, agravantes,
atenuantes, privilégios, se houve concurso de agentes, se houve
concurso de crimes, etc;
 Não se admite narração genérica de conduta criminosa. Isso porque o
réu se defende dos fatos e não da classificação atribuída a ele;
 Ter cuidado para não acrescentar nada;

o Do Direito

 Falar do tipo penal praticado;


 Mencionar se houve concurso de crimes, concurso de agentes;

o Do Pedido

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 Se for crime de menor potencial ofensivo (JECRIM), observar as regras


da lei nº 9.099/1995 para elaborar os pedidos: rito sumaríssimo;
 Deve ser pedida a realização de audiência de conciliação, no caso de
justiça comum (art. 520, CPP). Não cabe pedido de audiência no caso
de queixa crime subsidiária à ação penal pública;

Art. 520, CPP


Art. 520. Antes de receber a queixa, o juiz oferecerá às partes
oportunidade para se reconciliarem, fazendo-as comparecer em juízo
e ouvindo-as, separadamente, sem a presença dos seus advogados,
não se lavrando termo.

 Pedir o recebimento da peça acusatória (queixa);


 Pedir a citação do acusado;
 Pedir a condenação do acusado. Se este pedido não existir a queixa
crime será rejeitada. Isso porque fica entendido que está sendo
oferecido perdão tácito;
 Pedir a fixação de valor mínimo a titulo de indenização (dano moral
e/ou material), com base no art. 387, IV, CPP);

Art. 387, caput e inciso IV, CPP


Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
[...]
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;

 Pedir para produzir todo os meios de prova em Direito admitidos;

16/03/2023 (quinta) – não houve aula: reunião dos professores


23/03/2023 (quinta) – não houve aula: reunião dos professores
25/03/2023 (sábado)

LIBERDADE PROVISÓRIA

1. FUNDAMENTO

Tem como fundamento o art. 5º, LXVI, CF e art. 321, CPP

Art. 5º, LXVI, CF


Art. 5º
[...]
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança;

Art. 321, CPP


Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o
juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas
cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do
art. 282 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

A regra geral é responder o processo penal em liberdade. Toda prisão decretada no


decorrer do processo deve ser em caráter excepcional.

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O art. 319, CPP contém as medidas cautelares, diversas da prisão:

Art. 319, CPP


Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:

I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo


juiz, para informar e justificar atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer
distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela
permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja
conveniente ou necessária para a investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o
investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza
econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a
prática de infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com
violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou
semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento
a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de
resistência injustificada à ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.
§ 1o (Revogado).
§ 2º (Revogado).
§ 3º (Revogado).
§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste
Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares.

2. CARACTERÍSTICAS
a. Legalidade da prisão. O pedido de liberdade provisória só será cabível quando
a prisão for legal (prevista em lei). Isso porque a prisão pode ser legal, mas não
necessária. Não sendo necessária o defensor poderá pedir a liberdade
provisória.
b. Natureza jurídica. Ela é uma contracautela. Isso porque a prisão provisória é
medida cautelar. Todas as medias do art. 319, CPP são medidas de
contracautela por serem medidas que se opõem à prisao.
c. É cabível com relação a qualquer prisão.
d. Aplicação. O juiz pode condicionar a concessão da liberdade provisória às
medidas cautelares diversas da prisão previstas no art. 319, CPP. Pode, por
exemplo: determinar o uso de tornozeleira eletrônica, distanciamento de
pessoas e lugares, etc.
e. Possibilidade ou Impossibilidade de imposição de vínculos (art. 319). O juiz
concederá liberdade provisória impondo condições (previstas no art. 319),
exceto no caso do art. 314, CPP. O art. 314, CPP impõe ao juiz a concessão de
liberdade plena sem condições, nos casos previstos no art. 23, I, II e III do CP.
f. Admissibilidade e Inadmissibilidade da liberdade provisória. Prisão “ex lege”
ou prisão automática. Alguns crimes não são suscetíveis de liberdade
provisória. Isso porque a lei prevê que nesses casos são crimes inafiançáveis.

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Sendo inafiançáveis não se permite a concessão de liberdade provisória. O STF


considera a prisão “ex lege” inconstitucional.
g. Quem pode conceder a liberdade provisória. Promotor de justiça pode
conceder liberdade provisória? O delegado, de posse do flagrante pode
conceder liberdade provisória? No caso de todo crime com pena máxima igual
ou inferior a quatro o delegado de polícia anos pode conceder a liberdade
provisória, nos termos do art. 322, CPP.

3. IDENTIFICAÇÃO DA PEÇA

a. Há um alto de prisão em flagrante delito


b. A prisão é legal
c. O juiz não proferiu nenhuma decisão

4. AUSÊNCIA DO PERIGO
O pedido de liberdade provisória deve demonstrar a ausência de perigo, ou seja, a
ausência dos requisitos do art. 312, CPP o qual autoriza a prisão preventiva. Será
necessário enfrentar todos os requisitos.

Art. 312, CPP


Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública,
da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente
de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.
§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de
qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, §
4o).
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em
receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que
justifiquem a aplicação da medida adotada.

5. FIANÇA (art. 319, VII, CPP)


Em alguns casos a liberdade provisória será concedida mediante pagamento de fiança.
Trata-se de uma garantia para se responder o processo em liberdade.

Art. 319, VIII, e § 1º CPP


Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
[...]
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do
processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada
à ordem judicial;
[...]
§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título,
podendo ser cumulada com outras medidas cautelares.

Alguns crimes são inafiançáveis, como tortura, racismo, tráfico, terrorismo, crimes
hediondos, crimes de grupos armados, etc, previstos no art. 323, CPP. Em regra, não
caberia liberdade provisória. Porém, pelo entendimento do STF trata-se de regra
inconstitucional. A liberdade acaba sendo concedida sem pagamento de fiança.

Art. 323, CPP


Art. 323. Não será concedida fiança:
I - nos crimes de racismo;

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II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e


nos definidos como crimes hediondos;
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático;
IV - (revogado);
V - (revogado).

6. PROCEDIMENTO DO PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA

Trata-se de procedimento autônomo que deve ser distribuído por dependência ao


auto de prisão em flagrante.

Exemplo:
 Auto de prisão em flagrante
 Distribuído para 2ª vara criminal
 O pedido de liberdade provisória deve ser encaminhado à 2ª vara criminal
para onde fora distribuído o auto de prisão em flagrante

7. ESTRUTURA

o Endereçamento
Direcionar a juízo prevento. Ao juízo para onde fora distribuído o auto de
prisão em flagrante. Se o flagrante ainda não houver sido distribuído será
endereçado sem indicar a vara.

o Qualificação do acusado requerente


o Nome da peça
Indicar o fundamento
o Dos fatos
o Do direito – indicar onde estão presentes os requisitos da preventiva
o Pedido
 O pedido principal é a liberdade plena;
 Subsidiariamente pede-se a liberdade provisória mediante medida
cautelar diversa da prisão
 Pedir expedição de alvará de soltura

RELAXAMENTO DA PRISÃO

RELAXAMENTO DA PRISÃO
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-
semanal/relaxamento-da-prisao-x-revogacao-da-prisao#:~:text=O%20relaxamento
%20%C3%A9%20utilizado%20no,forma%20imediata%20e%20sem%20condi
%C3%A7%C3%B5es.

1. FUNDAMENTO
O fundamento está no art. 5º, LXV e LXVI, CF e art. 282, § 5º, e arts. 310, caput e I e
316, caput, CPP

Art. 5º, LXV e LXVI, CF


Art. 5º
[...]

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LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;


LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;

Art. 282, § 5º, CPP


Art. 282.
[...]
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar
ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como
voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.

Art. 310, caput e inciso I


Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte
e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de
custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da
Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá,
fundamentadamente:

I - relaxar a prisão ilegal; ou

Art. 316, caput, CPP


Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva
se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela
subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.

2. REVISÃO SOBRE PRISÃO EM FLAGRANTE


A origem do termo flagrante vem do latin flagrare. Está prevista o art. 301 e seguintes
do CPP. As hipóteses (espécies) de flagrante estão no art. 302, CPP:

ESPÉCIES DE FLAGRANTE
 (I) O agente está cometendo a infração penal. É flagrante próprio. Aquele em
que o autor é flagrado praticando o tipo penal;
 (II) O agente acaba de cometê-la. Também classificado como flagrante
próprio;
 (III) O agente é perseguido, logo após (o cometimento do fato delituoso), pela
autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
presumir ser autor da infração. Classificado como flagrante impróprio.
 (IV) O agente é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que façam presumir ser ele autor da infração. Classificado como
flagrante presumido.
 Flagrante provocado ou preparado. É aquele em que o agente é induzido a
provocar o crime. As autoridades policiais ou a própria vítima preparam uma
situação para que o agente incorra na prática do crime. Súmula 145, STF. Tal
flagrante é nulo.
Súmula 145, STF: “Não há crime, quando a preparação do flagrante
pela polícia torna impossível a sua consumação.”
 Flagrante esperado. É aquele em que os agentes policiais, de posse de uma
informação da iminência da prática de um crime, que pode vir inclusive
através de denúncia anônima, se põem em posição de espera para atuarem
no momento em que o crime for praticado. Trata-se de prática legal. Não há
simulação por parte da autoridade policial.

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 Flagrante forjado. Trata-se de situação forjada. Não há uma situação de


prática real de crime, mas sim, uma criação. As provas criadas referem-se a
um crime não existiu. Ex.: quando o policial joga uma porção de droga dentro
de um carro.
 Flagrante retardado, diferido ou controlado. Art. 8º, Lei 12.850/2013 e art. 53
da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006). É o flagrante típico de organizações
criminosas em que o estado, valendo-se de infiltração de agentes, ou de
investigação que perdura por meses, retardam o momento de efetuar a prisão
na intenção de desarticular a organização criminosa.

3. ILEGALIDADE DO FLAGRANTE

a. Ilegalidade formal
É a inobservância dos arts. 304 e 306 do CPP. Ocorre na forma da lavratura do
auto de prisão em flagrante. As formalidades do auto de prisão está prevista
nos arts. 304 e 306 do CPP.

Quando ocorre uma prisão em flagrante a autoridade policial deve ouvir


primeiro o condutor, depois a testemunha e por último o acusado. Se o
acusado for ouvido primeiro, há ilegalidade formal.

O auto de prisão em flagrante deve ser imediatamente comunicado ao juiz e à


família do flagranteado e no prazo de até 24h deve ser enviado cópia para o
juiz, Ministério Público e Defensoria Pública se o acusado não tiver advogado.
A inobservância destes procedimentos pode gerar ilegalidade formal do APF.

Procedimentos que preveem formalidades especiais:


 O previsto no art. 50, § 1º da Lei de Drogas: Deve haver a lavratura de
um auto provisório de constatação. Quem responde por tráfico de
drogas, no momento do flagrante, deve haver um auto provisório
atestando que a droga trata-se de substância ilícita.
 O previsto na Lei nº 13.257: Alterou o art. 304 do CPP pra prever a
obrigação de constar no auto de prisão em flagrante a informação
sobre a existência de filhos, suas idades e se possuem alguma
deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelo
cuidado dos filhos, indicado pela pessoa presa.

b. Ilegalidade material
Ocorre quando houver violação ao art. 302 do CPP.
Ex.: O acusado não está em flagrante. Não pode ser preso em flagrante.

4. IDENTIFICAÇÃO DA PEÇA

a. Alguém foi preso e ainda não foi solto


b. A prisão é ilegal
c. O juiz não concedeu liberdade provisória nem decretou prisão preventiva.
Lembrando que ao deparar-se com o APFD o juiz pode conceder liberdade
provisória, relaxar a prisão ou convertê-la em preventiva.
d. Se a prisão for ilegal e o juiz decretar a prisão preventiva não cabe
relaxamento da prisão

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e. Se a prisão for legal e o juiz negar a liberdade provisória não cabe relaxamento
da prisão
f. O pedido de relaxamento é ação autônoma e tramitará em apenso ao APFD
g. Deve ser endereçado ao juízo do APFD

5. ESTRUTURA DA PEÇA

o Endereçamento
Tem ligação direta com a matéria criminal.
o Qualificação do preso
o Indicar corretamente a fundamentação da peça no preâmbulo
o Dos fatos – descrição detalhada dos fatos
o Do direito – apontando os fundamentos jurídicos que dão suporte à alegação
de prisão ilegal e ao pedido de relaxamento
o Pedido – por conta da ilegalidade pede-se:
 Relaxamento da prisão
 A liberdade do acusado
 Alvará de soltura

30/03/2023

RESPOSTA À ACUSAÇÃO
O maior objetivo da resposta à acusação é a absolvição sumária. É a primeira defesa
apresentada pelo réu no processo penal, e sua finalidade é rebater os termos constantes da
denúncia e conseguir a absolvição sumária, a qual poderá ocorrer no caso das hipóteses
previstas no artigo 397 do CPP.

Art. 397, CPP


Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o
juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente,
salvo inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV - extinta a punibilidade do agente.

1. FUNDAMENTO

Arts. 396 e 396-A, CPP

Arts. 396 e 396-A, CPP


Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o
juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para
responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa


começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do
defensor constituído.

Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas

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pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação,


quando necessário.

2. PRAZO
Prazo de 10 dias corridos.

3. PROCEDIMENTO COMUM x PROCECIMENTO DO JÚRI

Procedimento Comum Procedimento do Juri


Peça acusatória Peça acusatória
Recebimento Recebimento
Citação Citação
Resposta à acusação Resposta à acusação
Audiência de instrução – 1ª
Audiência de instrução
fase
Alegações finais Alegações finais
Sentença Pronúncia
Impronúncia
Recursos Desclassificação
Absolvição sumária

4. MOMENTO PROCESSUAL E IDENTIFICAÇÃO DA PEÇA


Faltou

5. ESTRUTURA

a. Endereçamento
b. Qualificação completa
c. Dos fatos
d. Dos fundamentos
e. Teses que podem ser alegadas na resposta à acusação, nas preliminares,
prejudiciais e no mérito:
 Preliminares (CPP)
o Opor exceções de suspeição, incompetência do juízo, litispendência,
ilegitimidade de parte ou coisa julgada: Art. 95, CPP.
o Alegar existência de provas ilícitas: art. 157, CPP
o Alegar existência de nulidades: art. 564, CPP
o Alegar inépcia, ausência de pressuposto processual ou ausência de
justa causa (a justa causa traduz-se em indício de autoria e prova da
materialidade. É o lastro probatório mínimo): art. 395, CPP.
o Requerer a suspensão condicional do processo: art. 89 da Lei
9.099/1995.
o Alegar prescrição, perempção ou retroatividade de lei que não
considera mais o fato como criminoso: art. 107, Código Penal.
Acolhendo a alegação de prescrição o juiz não analisa mais nada.
Princípio da economia processual.

 Prejudiciais (CPP)
o Alegar existência de controvérsia sobre o estado civil das pessoas da
qual dependa a decisão sobre a existência da infração: Art. 92, CPP

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o Alegar a necessidade de aguardar resolução de questão que tramita


em juízo cível de cuja decisão dependa a definição sobre a existência
da infração: Art. 93, CPP

 Mérito (CP)
o Negar a existência do fato. O crime realmente aconteceu?
o Desqualificar a conduta como fato criminoso. Terá realmente sido
crime?
o Alegar excludente de tipicidade: art. 20, CP. Aqui entra o princípio
da insignificância porque ele afasta a tipicidade material da
conduta. Entra a Súmula Vinculante 24 do STF, que trata de crimes
contra a ordem tributária: “Não se tipifica crime material contra a
ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei
8.137/1990, antes do lançamento definitivo do tributo.”
o Excludente de ilicitude: legítima defesa, estado de necessidade,
estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular do
direito: Art. 23, CP. Obs.: O consentimento do ofendido é causa
supralegal de exclusão da ilicitude.
o Exclusão da culpabilidade: art. 21, § 1º e art. 22, CP.
o Alegar inexistência dos elementos da culpabilidade:
imputabilidade, potencial consciência da Ilicitude e exigibilidade
de conduta diversa
o Alegar embriaguez total e involuntária: art. 28, § 1º, CP.
o Alegar inimputabilidade: art. 26, CP.
o Concurso de agentes. Art. 29, CP. Alegar concurso de agentes para
eliminar a imputação de associação criminosa, por exemplo.
o Concurso de crimes: art. 69 e 70, CP. Alegar concurso de crimes ao
invés da ocorrência de vários crimes. O concurso de crimes resulta
em pena menor do que a soma dos crimes em separado.
o Alegar tratar o fato de tentativa: art. 14, II, CP. Alegar a ocorrência
de tentativa e não de crime consumado.
o Alegar ter havido culpa ao invés de dolo: art. 18, II, CP.
o Alegar ter ocorrido crime impossível: Art. 17, CP.
o Alegar ter havido desistência voluntária: Art. 15, CP
o Alegar causas extintivas da punibilidade: Art. 107, CP.

f. Dos pedidos
i. Reconhecimento da incompetência
ii. Absolvição sumária
iii. Reconhecimento da prescrição do crime
iv. Demais pedidos alegados no mérito

g. Rol de testemunhas
i. Não pode esquecer de relacionar as testemunhas sob pena de
preclusão

01/04/2023

REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA

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O pedido de revogação da prisão preventiva é dirigido à autoridade judiciária, para que o


agente possa responder ao processo em liberdade, caso não presentes os requisitos para a
decretação da prisão preventiva.

1. FUNDAMENTO

Art. 5º, LXI, CF; Art. 282, § 5º, CPP; Art. 310 e 316, CPP

Art. 5º, LXV e LXVI, CF


Art. 5º
[...]
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;

Art. 282, § 5º, CPP


Art. 282.
[...]
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar
ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como
voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.

Art. 310, caput e inciso I


Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte
e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de
custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da
Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá,
fundamentadamente:

I - relaxar a prisão ilegal; ou

Art. 316, caput, CPP


Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva
se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela
subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.

Lembrando sobre a prisão preventiva

2. PRISÃO PREVENTIVA
É uma das espécies de medida cautelar adotada antes do trânsito em julgado. Difere
da prisão-pena que só é decretada após o trânsito em julgado. A prisão preventiva tem
seus pressupostos que devem estar presentes, não apenas no momento da
decretação, mas também durante toda a execução da medida cautelar. Tem que ter a
contemporaneidade das medidas em relação aos fatos. Ex.: não faz sentido decretar a
prisão preventiva em 2023 contra acusado de cometer crime ocorrido em 2005.

A prisão preventiva deve ser a “ultima ratio”, ou seja, última medida cautelar.

a. Pressupostos da prisão preventiva

i. Pressupostos fundamentais

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1. Fumus comissi delict (indícios da prática do delito)


2. Periculum in libertatis (perigo do acusado permanecer em
liberdade). Comprovar que se o acusado

ii. Pressupostos normativos (art. 313, CPP)]

1. (I) nos crimes dolosos punidos com pena privativa de


liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos. Quando réu for
primário. Isso porque, nos termos do art. 44, CP, quando a
pena máxima é menor que 4 anos poderá ser convertida em
pena restritiva de direitos.
2. (II) se tiver sido condenado por outro crime doloso
(reincidente), em sentença transitada em julgado, ressalvado o
disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; Com relação
ao réu reincidente pode ser decretada mesmo se o acusado
tiver pena máxima em abstrato inferior a 4 anos.
3. (III) se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas
de urgência; Decreta-se a prisão preventiva para se resguardar
a execução de medidas protetivas de urgência, onde envolver
violência doméstica contra a mulher, criança, adolescente,
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência.

b. Quem pode decretar a prisão preventiva

Somente quem decreta a prisão preventiva é o juiz. Durante o inquérito


poderá ser por representação do delegado ou a requerimento do Ministério
Público. Durante a ação penal por representação do delegado ou a
requerimento do MP, do querelante ou do assistente de acusação.

O juiz não pode decretar a prisão preventiva de ofício em hipótese alguma, sob
pena de ser considerado constrangimento ilegal (art. 3º-A, CPP).

Art. 3º-A, CPP


Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do
juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão
de acusação.

O art. 314, CPP impossibilita a decretação da prisão preventiva. É vedada a


decretação da prisão preventiva nas hipóteses em que o agente houver
praticado o fato acobertado por uma excludente de ilicitude.

Art. 314, CPP


Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz
verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas
condições previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.

c. Pressupostos fáticos da prisão preventiva (art. 312, CPP)

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1. Risco à ordem econômica

Ocorre principalmente nos casos de crime contra a ordem financeira, em


que o agente deve ficar preso sob risco de danos à macro economia.

2. Conveniência da instrução criminal

Para garantir a instrução criminal. Quando houver evidência de destruição


de provas, ameaça a testemunhas, etc.

3. Assegurar a aplicação da lei penal

Ocorre nas hipóteses em que houver fundadas suspeitas de fuga.

4. Garantia da ordem pública

O que é ordem pública? O termo é genérico. O entendimento é que será


decretada a prisão preventiva para garantia da ordem pública em caso de
reiteração delitiva (prática de vários crimes).

3. CARACTERÍSTICAS DA REVOGAÇÃO PRISÃO PREVENTIVA

a) Medidas que o juiz pode adotar

O juiz pode, ao invés da prisão preventiva, recorrer a diversas medidas cautelares


(art. 319, CPP). Pode revogar a prisão preventiva a pedido ou de ofício, substituir por
medida mais benéfica ao agente, reforçar a medida com acréscimo de outra e pode
atenuar a medida que foi imposta.

b) A prisão preventiva pode ser revogada

A revogação é cabível em relação a qualquer prisão? As prisões são: em flagrante


preventiva ou temporária. A prisão em flagrante o juiz ou relaxa ou converte em
preventiva. A prisão preventiva e a temporária podem ser revogadas. Sendo assim, a
prisão preventiva, assim como a temporária, pode ser revogada.

c) Natureza jurídica da revogação

Trata-se de medida de urgência baseada no poder de polícia da autoridade judiciária


(art. 251, CPP).

Art. 251, CPP


Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a
ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força
pública.

Isso porque se o agente está preso indevidamente é urgente a sua colocação em


liberdade. Por isso mesmo o juiz pode revogar até de ofício.

d) Possibilidade de imposição de vínculos

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O juiz pode revogar a prisão preventiva e impor medidas cautelares diversas da


prisão.

e) ADMISSIBILIDADE DA REVOGAÇÃO A DEPENDER DO CRIME

A revogação da preventiva é possível em relação a todo e qualquer crime.


Lembrando porém, a decretação da preventiva não é possível em relação a qualquer
crime.

f) Autoridade competente para revogar a prisão preventiva

Compete ao juiz que decretou a prisão preventiva.

4. IDENTIFICAÇÃO DA PEÇA

a) É necessário que haja a prisão


b) Foi decretada a prisão preventiva
c) A prisão é legal
d) A prisão não é necessária no caso concreto

5. PROCEDIMENTO DA REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA

O pedido de revogação da prisão preventiva deve tramitar dentro dos próprios autos
em que foi decretada.

6. ESTRUTURA

a) Endereçamento
b) Qualificação com denominação da peça. “Vem requerer”
c) Dos fatos. Devem ser descritos os fatos que ilustram a tese da revogação da prisão
preventiva.
d) Do direito (fundamentação jurídica). Enfrentar o motivo que o juiz utilizou para
decretar a prisão preventiva e demonstrar que tais requisitos estão ausentes.
Negar a existência dos pressupostos fundamentais, ou dos pressupostos
normativos ou dos pressupostos fáticos. Observar se há contemporaneidade.
Alegar que não há risco à ordem pública (não há reiteração). Alegar que o acusado
não destruiu provas nem ameaçou testemunhas. Observar se já ocorreu a
audiência de instrução (se sim, não pode mais ficar preso, quando a prisão for
decretada fundamentada apenas na conveniência da instrução criminal). Em
relação à lei penal, alegar que não há indícios concretos de que o acusado irá fugir.
e) Dos pedidos.
a. Revogação da prisão preventiva: liberdade plena
b. Subsidiariamente a substituição pela imposição de medida cautelar diversa
da prisão.
c. Pedir para expedir o alvará de soltura.

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