Você está na página 1de 12

Direito 8º semestre

Drt. Processual Penal


Jurisdição e competência, Ação penal, Tribunal do júri.
Prof. Gustavo Noronha de Ávila

enquanto o processo é forma de


Ação penal:
avaliarmos o caso penal de
Generalidades:
forma justa.
CP: Arts. 100 ao 206
CPP: Arts. 24 ao 62
Inquérito Policial e Ação Penal:
historico: Antes era vingançã privada - -
- escrito/ sigiloso / inquisitivo
processo penal publico punia só o reu e
- preparatório para a ação penal
esquecia a vitima – redescobrimento da
- colhe a prova de materialidade do
vítima.
crime e indícios da autoria.

Ação penal é a atividade que impulsiona


Inquérito Policial e Ação Penal:
a jurisdição penal, sendo ela publica.. è o
- justa causa quer dizer que possamos
meio pelo qual a CF garante o acesso a
reunir indícios mínimos de materialidade
justiça.
e autoria. A justa causa foi erguida como
- A ação penal se materializa no
condição de requisito da ação, isso é
processo penal.
uma novidade inserida pela reforma de
2008
- A ação penal é o direito que tem o
- justiça como instituição = a lei não
Estado ao julgamento sobre o
excluirá da apreciação do poder
mérito de uma pretensão punitiva.
judiciário lesão ou ameaça a
Assim, é através da ação penal
direito/Princípio do acesso à justiça.
que vamos realizar o direito
material
Condição da Ação
Legitimidade:
Processo penal é o mesmo que ação
Interesse de agir: mp em caso de 129cp
penal? R Na verdade, a ação
Possibilidade jurídica do pedido: o
penal é só uma forma de dar inicio ao
pedido executado pela parte legítima e
processo, ponta pé inicial,

1
Direito 8º semestre
interessada deve ser possível aos olhos MP - DEIXOU DE AGIR
do ordenamento jurídico. Para todos os crimes de ação penal
ESPÉCIES: pública em que o MP não ofereça a
denúncia no prazo legal
Ação penal privada: queixa-crime (prazo= 6 meses a contar do fim do
prazo do MP).
Ação penal exclusivamente privada:
*Admite representação por terceiros. Ação Penal Pública Condicionada
Crimes contra a honra de cidadãos MP oferece denúncia
comuns (injúria, difamação e calúnia),
dano Representação da vítima e requisição do
* Prazo= 6 meses a contar do Ministro da Justiça são condições de
conhecimento da autoria. procedibilidade da ação penal.
** Decadência (se perder o prazo).
*** SÚMULA 594, STF = prazos -À representação do ofendido: Feita pela
independentes para a vítima ou seu vítima ou seu representante legal
representante legal. (ascendente, descendente, irmãos,
cônjuge ou companheiro). CADI
Ação penal privada personalíssima: ****Prazo= 6 meses a contar do
- Não admite o representante legal, conhecimento da autoria. Exceção = 30
apenas a vítima pode instaurar o dias para lesões corporais leves ou
processo. culposas (art. 88, Lei 9.099/95)*
- Queixa-crime no prazo de 6 meses
(se perde o prazo= decadência); -SÚMULA 594, STF = os prazos para o
direito de representação correm de
Ex: art. 236, CP (induzimento a erro ou maneira independente para a vítima e
ocultação de impedimento seu representante legal.
matrimonial).
Representação (art. 102, CP) admite
**Menores entre 16 e 18 anos. O PRAZO retratação até o oferecimento da
RECOMEÇA NA MAIORIDADE. denúncia pelo MP.
* Não é possível a retratação da
Ação penal privada subsidiária da retratação.
pública

2
Direito 8º semestre

À requisição do Ministro da Justiça Delitos contra dignidade sexual: estupro,


assédio sexual, crimes digitais sexuais...
Crimes contra a honra do Presidente da
República ou chefe de governo = pública incondicionada. (*qualquer
estrangeiro pessoa do povo pode dar a “notitia
criminis”). (vítima maior de 18 anos)
*Não tem prazo (*exceto a prescrição) *menores de 18 anos = SEMPRE foi
incondicionada.
É um ato político e é irretratável.
Art. 101, CP
7. Ação Penal na Lei Maria da Penha
Crimes complexos são formados por
A Súmula 542 do STJ,"A ação penal relativa ao outros crimes, menos graves, que o
crime de lesão corporal resultante de violência compõem. Ex: Roubo (furto + grave
doméstica contra a mulher é pública ameaça OU furto + lesões corporais OU
incondicionada." furto + homicídio=Latrocínio).

LESÕES CORPORAIS = Leves ou culposas: Furto + ameaça = pública


ação penal pública condicionada à incondicionada + pública cond. à
representação (*exceto violência representação : pública incondicionada
doméstica contra a mulher = ação penal para o roubo
pública incondicionada – não se aplica
a Lei 9.099/95) Furto + lesões corporais leves = pública
incondicionada + pública condicionada
Lesões corporais graves ou gravíssimas à representação
= ação penal pública incondicionada = pública incondicionada

AMEAÇA= SEMPRE ação penal pública Outros exemplos: estupro, injúria real
condicionada à representação da vítima (humilhação)
(*retratação da representação, em caso
de aplicação da Lei Maria da Penha,
deve ocorrer perante o Juiz – art. 16, Lei
11.340/2006).

3
Direito 8º semestre

Tribunal do júri prova psicografadas : por falar em

- É uma garantia do réu, o réu tem a ciência não são meio de provas.

garantia de ser julgado pelo seu ⁃ sigilo das votações: 483 cpp

par. ⁃ soberania dos vereditos: 593


iii cpp. apenas ocorre no tribunal do júri,

CRIMES contra a vida: e direito do significa que mesmo que haja recurso

acusado ser julgado pelo tribunal do juri da decisão do tribunal do júri os


desembargadores não podem decidir

para o prof. - antecedente não poderia em contrariedade com aquilo que os

caracterizar essa conduta, um ip em jurados decidiram. só pode mudar se

andamento pode não dar nada. houver decisão de um novo grupo de

é necessário garantir a inocência jurados.

condicional. -> aconteceu no Júri da Boate Kiss

RSE recuso em sentido estrito ⁃ crimes dolosos contra a vida


121 e 128 — homicídio

REQUISITOS PARA PARTICIPAR DO consumado/tentado, infanticídio, induzir

TRIBUNAL DO JURI ao suicídio e aborto. COMPETÊNCIA art

⁃ residir na comarca - para 74$ 1 cpp

respeitar o princípio do julgamento pelos


pares 2 fases no tribunal do júri (bipartido)

⁃ conduta ilibada: não ter I. fase — judicium achsationis “vai do

nenhum antecedente ou reincidência recebimento da denúncia até a fase da


decisão de pronúncia (declara que

livro: socorro eu tenho um sócio. estão presentes os requisitos de autoria


e materialidade e manda o réu em

garantias no tribunal do júri julgamento perante os jurados)

⁃ plenitude de defesa: art 5 inc conteúdo da primeira fase se passa

38 CF. pode utilizar-se de provas que perante o juiz togado concursado, e são

não estejam previstas no código penal. as mesmas fases do rito ordinário

Portanto este princípio, informa que verificam “”e o caso se mandar pra o

pode ir além dos âmbitos normais para tribunal do juri?””

defender o réu ex. colocar robô para –dolo eventual? culpa consciente?

distrair (desclassifica a conduta)

4
Direito 8º semestre
⁃ absolvição sumária ou A jurisdição só pode ser exercida pelo juiz

impronúncia —- não vai para o tribunal pré-constituído em âmbito previamente


delimitado pela distribuição de competências
do júri
constitucionalmente estabelecida.
II. fase — Juri

QUEM É O JUIZ NATURAL NO TRIBUNAL DO


”Ne Procedat Judex ex Officio”/ Inércia
JURI? Não pode haver jurisdição sem ação. O órgão
r: Os jurados. investido da função jurisdicional não pode, sem
provocação da parte interessada, dar início ao
processo.
Jurisdição e competência.
o poder somente poderá ser exercido
Noção sobre Jurisdição
pelo juiz mediante prévia invocação.
o direito fundamental de ser julgado por
um juiz, natural (cuja competência está
*** Habeas Corpus: a lei confere ao Juiz
prefixada em lei), imparcial e em prazo poderes para conceder a ordem sem
razoável). (LOPES provocação de ninguém (Art. 654, p. 2º, do
CPP)
Princípios da Jurisdição
Indeclinabilidade da Jurisdição
Juiz Natural: “ninguém será processado XXXV do Art. 5º da CRFB, ”a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça
nem sentenciado senão pela autoridade
a direito”.
competente”;Art. 5º, LIII, CRFB
Importa esse princípio em não poder o
“saber, de antemão, a autoridade que irá
processá-lo e qual o juiz ou tribunal que irá Juiz, de modo geral, subtrair-se ao
julgá-lo, caso pratique uma conduta definida exercício do seu ministério jurisdicional.
como crime“ …...Portanto, um juiz natural de um caso
penal não pode declinar ou delegar a
Só são órgãos jurisdicionais aqueles instituídos
outro o exercício de sua jurisdição .
pela Constituição;

Estes órgãos devem ser pré-constituídos, não


***Exceção: hipótese de incompetência

podendo haver processo ou julgamento por (declina para o magistrado


órgãos constituídos após a ocorrência do competente), Impedimento (Art. 252, do
fato ou especialmente escolhido para conhecer CPP) ou se houver alguma circunstância
e decidir sobre determinada causa; que possa gerar a suspeição (Art. 254,
CPP).

5
Direito 8º semestre
impossibilidade absoluta de se aplicar
qualquer sanção sem a intervenção do
Improrrogabilidade da Jurisdição Juiz, vale dizer, sem processo.
Juiz só pode exercer a função
jurisdicional dentro dos limites que lhe
são traçados pela lei. Divisão da Jurisdição
Exceções: Inferior (estadual) x Superior (federal)
Comum x Especial (militar ou eleitoral)
A) nos casos de conexão ou continência Diferença entre Competência e
(CPP, arts, 76, 77 e 79); Jurisdição
B) na hipótese do Art. 74, parágrafo A organização da atividade jurisdicional
segundo, última parte do CPP; (poder do Estado, deve ser exercida por
Se, iniciado o processo perante um juiz, seus órgãos, juízes e tribunais)se dá por
houver desclassificação para infração meio do que se chama competência.
da competência de outro, a este será fixação de competencia:
remetido o processo, salvo se mais 1) Qual a Justiça competente (competência
graduada for a jurisdição do primeiro, de justiça)?
que, em tal caso, terá sua competência Para responder a esta pergunta, será preciso
prorrogada. responder a duas
C) no caso do Art. 85 do CPP, quando indagações:
oposta e admitida a exceção da a) o fato é da competência da justiça

verdade; especial ou comum?


b) da justiça federal ou da justiça comum?
Art. 85. Nos processos por crime contra a
honra, em que forem querelantes as
2) Qual o foro competente (competência de
pessoas que a Constituição sujeita à
foro)?
jurisdição do Supremo Tribunal Federal e
dos tribunais de apelação, àquele ou a 3) Qual o juízo competente (competência de
esses caberá o julgamento, quando oposta e
juízo)?
admitida a exceção da verdade.

D) no caso do desaforamento (CPP, Art.


Súmula 140 do STJ: Compete à Justiça
427, com a redação dada pela Lei n. 11.689/2008).
Comum Estadual processar e julgar
crime em que o indígena figure como
”Nulla poena sine judicio”
autor ou vítima.

6
Direito 8º semestre
que fora do lugar sujeito à
Competência da Justiça Militar administração militar contra militar da
reserva, ou reformado, ou civil; (Redação
- Justiça Militar estadual : julga militares dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
dos Estados = bombeiros e policiais d) por militar durante o período de
militares pelos crimes militares definidos manobras ou exercício, contra militar da
em lei. Não só a matéria (crime militar) reserva, ou reformado, ou assemelhado,
como também a qualidade do réu, ou ou civil;
seja, ser militar do Estado. e) por militar em situação de atividade,
ou assemelhado, contra o patrimônio
-Justiça Militar federal tem competência sob a administração militar, ou a ordem
para julgar civis por crimes militares, a administrativa militar;
Justiça Militar estadual não pode julgar f) por militar em situação de atividade
civis. ou assemelhado que, embora não
estando em serviço, use armamento de
ex. Insubmissão propriedade militar ou qualquer material
bélico, sob guarda, fiscalização ou
Art. 183. Deixar de apresentar-se o administração militar, para a prática de
convocado à incorporação, dentro do ato ilegal;
prazo que lhe foi marcado, ou,
apresentando-se, ausentar-se antes do Algumas questões:
ato oficial de incorporação:
1) o militar que pratica crime doloso
a) por militar em situação de atividade contra a vida de outro militar, é julgado
ou assemelhado, contra militar na por qual justiça?
mesma situação ou assemelhado; Tratando-se de crime doloso contra a vida
praticado por militar estadual contra militar das
b) por militar em situação de atividade
forças armadas, a competência para julgar o
ou assemelhado, em lugar sujeito à
crime militar será da Justiça Militar Estadual
administração militar, contra militar da
em que serve, uma vez que está é a competente
reserva, ou reformado, ou assemelhado, para julga-lo, conforme expressa previsão do art.
ou civil; 125, § 4 da CR/88. Em sentido contrário, se um
c) por militar em serviço ou atuando em militar das Forças Armadas praticar crime doloso
contra a vida contra militar estadual, será ele
razão da função, em comissão de
julgado pela Justiça Militar Federal (da União), já
natureza militar, ou em formatura, ainda
que a Justiça Militar dos Estados somente possui

7
Direito 8º semestre
competência para processar e julgar os militares ou contra funcionário de Ministério militar ou da
estaduais nos crimes militares por eles Justiça Militar, no exercício de função inerente ao
seu cargo;
praticados.
c) contra militar em formatura, ou durante o
período de prontidão, vigilância, observação,
2) O crime de homicídio culposo exploração, exercício, acampamento,
cometido por militar contra civil deverá acantonamento ou manobras;

ser processado e julgado perante qual d) ainda que fora do lugar sujeito à administração
militar, contra militar em função de natureza militar,
justiça? comum ou no desempenho de serviço de vigilância,
garantia e preservação da ordem pública,
administrativa ou judiciária, quando legalmente
3) O crime de homicídio praticado por
requisitado para aquêle fim, ou em obediência a
civil contra militar? determinação legal superior.

A ressalva legal (art. 9º, CPM) e constitucional - o art. 125 §4 CF-


(art. 125, § 4 da CF) refere-se unicamente
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça,
aos crimes dolosos contra a vida praticados por observados os princípios estabelecidos nesta
militar contra civil. Destarte, o crime praticado Constituição .
por civil contra militar numa das situações do § 4º Compete à Justiça Militar estadual
processar e julgar os militares dos Estados, nos
art. 9º, III do CPM, poderá ser objeto de
crimes militares definidos em lei e as ações
julgamento na Justiça Militar, desde que da judiciais contra atos disciplinares militares,
União. É que, como visto, a Justiça ressalvada a competência do júri quando a
Militar dos Estados é incompetente julgar civil e, vítima for civil, cabendo ao tribunal competente
decidir sobre a perda do posto e da patente dos
portanto, o julgamento dos crimes oficiais e da graduação das praças.
dolosos contra a vida praticado por
contra militar sujeito à jurisdição militar
estadual será de competência do
Tribunal do Júri. crimes em cruzeiros e aeronaves - just.
- o art 9 CPM - federal
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo
de paz:
E para o caso de homicídio doloso de
III - os crimes praticados por militar da reserva, ou
militar contra civil?
reformado, ou por civil, contra as instituições
militares, considerando-se como tais não só os Justiça Militar Federal. – em ações das
compreendidos no inciso I, como os do inciso II,
forças armadas
nos seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração militar,
ou contra a ordem administrativa militar; Competência da Justiça Eleitoral = FORO
b) em lugar sujeito à administração militar contra (territorial)
militar em situação de atividade ou assemelhado, *Crimes eleitorais praticados por

8
Direito 8º semestre
civis. Art. 74. A competência pela natureza da
infração será regulada pelas leis de
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL organização judiciária, salvo a
A competência da Justiça Estadual comum competência privativa do Tribunal do
não está definida no Texto Júri.
Constitucional,Tudo que não for da
competência das justiças especializadas § 1º Compete ao Tribunal do Júri o
(militar e eleitoral) e não estiver no rol do julgamento dos crimes previstos nos
art. 109 da CRFB/1988, que rege a arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único,
competência da Justiça Federal comum, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal,
será da competência da Justiça consumados ou tentados. (Redação
Estadual comum, que é residual. dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA


RESIDÊNCIA DO RÉU INFRAÇÃO

Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da Art. 74. A competência pela natureza da
infração, a competência regular-se-á infração será regulada pelas leis de
pelo domicílio ou residência do réu. organização judiciária, salvo a
competência privativa do Tribunal do
§ 1o Se o réu tiver mais de uma Júri.
residência, a competência firmar-se-á
pela prevenção. § 2o Se, iniciado o processo perante um
juiz, houver desclassificação para
§ 2o Se o réu não tiver residência certa infração da competência de outro, a este
ou for ignorado o seu paradeiro, será será remetido o processo, salvo se
competente o juiz que primeiro tomar mais graduada for a jurisdição do
conhecimento do fato. Competência primeiro, que, em tal caso, terá sua
Pela Natureza da Infração competência prorrogada.

§ 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar


DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA a infração para outra atribuída à
INFRAÇÃO

9
Direito 8º semestre
competência de juiz singular, penal a competência territorial não é
observar-se-á o disposto no art. 410; relativa e a única competência
mas, se a relativa existente é a competência por
desclassificação for feita pelo próprio eleição da ação penal privada
Tribunal do Júri, a seu presidente caberá exclusiva (art. 73 do CPP). Em razão do
proferir a sentença (art. 492, § 2o). princípio do Juzi Natural e da
relevância das regras constitucionais de
Competência do Juízo – DA competência, bem como do
COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO interesse público na definição da
Art. 75. A precedência da distribuição competência territorial, esta não pode
fixará a competência quando, na ser tida como relativa”. (NICOLITT, 2014)
mesma circunscrição judiciária, houver
mais de um juiz igualmente Competência Processual Penal
competente. Competência Funcional:
Parágrafo único. A distribuição realizada -Competência Funcional ou por
para o efeito da concessão de prerrogativa de função.
fiança ou da decretação de prisão - não é a pessoa mas o cargo que ela
preventiva ou de qualquer diligência exerce.
anterior à denúncia ou queixa prevenirá - proteção do interesse público em
a da ação penal. assegurar a credibilidade e
independência das funções estatais
Incompetência Absoluta e Relativa mais relevantes.
Diz-se ainda que a incompetência relativa - O foro por prerrogativa de função
decorre da violação da aplica-se apenas aos crimes cometidos
competência terriotorial, enquanto a durante o exercício do cargo e
absoluta decorre de regras de relacionados às funções
competência da matéria, em razão da desempenhadas.
prerrogativa de função, da obs. Prerrogativa de Função e o STF
competência hierárquica dos Tribunais e da
1 - A renúncia de parlamentar, após o
competência funcional.
final da instrução, não acarreta a
(NICOLITT, 2014)
perda de competência do Supremo
Tribunal Federal.
“Entendemos, como a professora Maria
2 - Havendo a renúncia ocorrido
Lúcia Karam, que no processo
anteriormente ao final da instrução,

10
Direito 8º semestre
declina-se da competência para o juízo infrações ao mesmo tempo e no mesmo lugar,
sem vínculo subjetivo. “
de primeiro grau.
Ex. delitos multitudinários “ataques a
Modificação de Competência
coletivos” onde um caminhão carregado
Conexão e Continência:
de eletrodoméstico, vem a tombar na
Não são casos de fixação de
estrada sendo “saqueado” por
competência, e sim, de modificação de
transeuntes;
competência.

b) conexão por concurso, art. 76, I, 2ª


Continência – caracteriza-se pela
parte do CPP -
ligação entre infrações penais, uma com
“acontece quando duas ou mais infrações são
a outra, ou, principalmente quando
praticadas por várias pessoas, em concurso, no
ocorrer uma única infração penal com entanto, diverso tempo e o lugar, no entanto,
pluralidade de agentes. divide-se em para esse tipo de conexão é exigida a ligação
duas formas: prévia de intenções entre os praticantes da
infração penal.”
a- concurso de pessoas art.77, I, CPP;
Ex. quando várias pessoas, acordam em
b- concurso formal de crimes (art.70,
efetuarem roubos a veículos em distintos
CP) erro na execução 73 do CP ou
lugares, porém com a mesma
resultado diverso do pretendido (art.74,
finalidade;
CP).

c) conexão por reciprocidade -


Conexão – ocorre quando, existindo
“caracteriza pela prática de infrações por
pluralidade de infrações penais, as
diversos agentes, uns contra os outros no mesmo
mesmas sendo praticadas tempo e lugar. “
concomitantes ou não, porém Ex. crime de Rixa.
conectadas entre si por determinada
circunstância fática que torne prudente d) Conexão objetiva ou consequencial-
a junção dos processos, para decisões “servindo para facilitar, ocultar, garantir
uníssonas. A conexão se divide da vantagem ou a impunidade de outra infração
penal, inegavelmente existe um elo, de ligação
seguinte forma:
entre as infrações”. Art. 76, II do CPP.
a) conexão por simultaneidade ou
ocasional,
“em que várias pessoas, reunidas apenas e)Conexão probatória ou instrumental-
ocasionalmente, podendo ser desconhecidas “caracterizada pela influência de prova de uma
umas das outras, praticam duas ou mais infração penal ou qualquer de suas elementares
em outra infração (art.76, III, CPP)”. A prova do

11
Direito 8º semestre
delito de trânsito, por exemplo, pode competência do Tribunal Regional Federal, por

influir na prova da corrupção ativa, exemplo, prevalecerá sobre a do juiz de primeira


instância, para julgar participe de peculato
praticada por particular, que oferece
praticado por funcionário público. Neste caso
vantagem a policial rodoviário, para
surge divergência, no que se refere a Sumula
livrar-se da autuação.
704 do STF “não viola as garantias do juiz
natural, da ampla defesa, do devido
Questões inerentes à fixação de
processo legal a atração por continência
competência em caso de conexão ou
ou conexão do processo do correu ao
continência.
foro por prerrogativa de função de um
dos denunciados”.
a) Necessário se faz observar as regras
“Ou seja, em caso de haver concurso de
definidas no artigo 78 do CPP. Como a
infrações penais entre cidadãos comuns e
competência do júri deverá prevalecer aquele que detém o denominado “foro por
sobre a de outro órgão da jurisdição prerrogativa de função”, todos deverão ser
comum (art. 78, I, CPP). Nesse caso, julgados pela instancia superior, ou cada
tratando-se, por exemplo, de homicídio um na sua competência previamente
qualificado pela conexão, a competência do estabelecida? “
júri abrange também o crime conexo. Ex. R: Quando se tratar de concurso entre a
estupro. jurisdição comum e especial
prevalecerá esta conforme preceitua o
b) Jurisdições da mesma categoria se art. 78, IV do CPP. Logo, crime eleitoral
dá quando, não ocorre hierarquia prevalecerá sobre a do crime comum que lhe
jurisdicional, preponderará a do lugar da seja conexo.

infração, à qual for cominada a pena


mais grave, ou seja, o lugar da extorsão
prevalecerá sobre a do furto; em caso de
infrações com penas iguais, prevalecerá
a do lugar em que houver ocorrido o
maior número de infrações, em caso de
estelionato na forma continuada, por exemplo, a
competência será do juízo em que mais enganos
ocorreram;
c) No concurso de jurisdições de
diversas instâncias, predominará a de
maior graduação art. 78, III do CPP. A

12

Você também pode gostar