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Ação Penal:

Ação Penal Conceito: Instituto fundamental do Estado Democrático de Direito, se


manifestando em um direito essencial de solicitar a prestação jurisdicional e a
aplicação do Direito Penal ao caso concreto.
O Fluxo da persecução penal (persecutio criminis), em regra começa com a conduta
delituosa do indivíduo, passa pela busca da materialidade e indícios de autoria (suporte
probatório mínimo), que é utilizado na ação penal que será intentada com o
objetivo de punir o infrator. Vamos relembrar: 1) Indivíduo pratica a infração penal;
2) Em regra o Estado utiliza o IP para buscar o suporte probatório mínimo; 3) Suporte
probatório mínimo (prova de materialidade e indícios de autoria) é utilizado para dar
início à ação penal, 4) Se houver justa causa, a denúncia é oferecida, é o acusado é
julgamento e punido de acordo com o devido processo legal.
Justa Causa: Lastro probatório mínimo indispensável para instaurar um processo penal
(prova de materialidade e indícios de autoria).
Início da Ação Penal: Após ter as condições necessárias para o ingresso em juízo (ou
seja, havendo justa causa). A ação Penal poderá ser iniciada de duas formas: A)
Denúncia (Ação Penal Pública condicionada e incondicionada); B) Queixa (Ação
Penal Privada).
Obs: Mesmo que o IP seja a peça para dar suporte a justa causa para ação penal, o
IP não é obrigatório.
Fundamento Constitucional da Ação Penal: O Direito a ação penal está prevista na
Constituição Federal, no art. 5º, inciso XXXV, como verdadeiro direito fundamental:
XXXV a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito. Este princípio também é chamado de princípio da inafastabilidade de
jurisdição, que tem por objetivo garantir que somente o poder Judiciário seja capaz de
dizer o direito com força de coisa julgada.
Características da Ação Penal: Assim como o IP a ação penal possui certas
características, que também podem ser cobradas em sua prova. São estas
características:
Instrumental: Cria uma maneira de exercício do jus puniendi estatal. Nesse sentido, é
um verdadeiro instrumento de adicionamento do Estado.
Direito Autônomo: O Direito de solicitar a prestação jurisdicional não depende da
existência do direito de punir. Mesmo antes que existe o direito de punir, já existia de
solicitar a prestação estatal.
Direito Abstrato: A ação penal não depende de um resultado positivo para seu
exercício.
Direito Subjetivo: A ação penal possui uma titularidade que pode ser identificada. Em
alguns casos, será do Ministério Público (o que é a regra), e em casos excepcionais, do
próprio ofendido.
Direito Público: É um direito exercido em face do Estado (responsável por realizar a
prestação jurisdicional), inclusive nas ações penais privadas.
Fundamentação Legal: A ação penal possui sua fundamentação infraconstitucional
prevista tanto no Código Penal (CP) quando no Código Processual Penal (CPP).
Condições da Ação Penal: O Brasil adota o Sistema Acusatório. Em tal sistema, para
privilegiar a imparcialidade o estão acaba se dividindo entre Estado-Juiz e Estado
Acusador.
Estado-Juiz: Responsável por julgar de forma justa e imparcial.
Estado Acusador: Responsável pela acusação. Função exercida pelo Ministério
Público.
No Estado Democrático atual, o direito de punir é movida para a tutela do Estado,
restando para a vítima é comunicar o fato criminoso, pedindo que o Estado-Acusador
ingresse em juízo e que Estado-Juiz julgue e comine a pena ao caso concreto. Assim
para entrar com uma Ação Penal é necessário cumprir condições para que uma
ação penal intentada.
E se existem condições para que uma ação penal seja considerada válida para
julgamento, logo de início temos duas possibilidades: (Regra no fluxo do oferecimento
da ação penal).
MP ou ofendido oferecem a denúncia ou queixa: As condições não estão
presentes>>> Estado Juiz rejeita a denúncia ou queixa oferecidas.
MP ofendido oferecem a denúncia ou queixa: As condições estão presentes >>>>>>
Estado Juiz aceita a denúncia ou queixa, e inicia o procedimento para julgar.
São as condições que podem ou não ensejar a rejeição da denúncia ou da queixa:
Condições Genéricas; Condições Específicas.
Condições Genéricas: Devem constar em toda e qualquer ação penal;
Condições Específicas/Procedibilidade da ação: Deverão constar em determinadas
situações a depender da infração penal, do acusado e de procedimento específico. Ex:
Representação do ofendido e requisição de Ministro da Justiça.
Teoria da Asserção (in statu asseritionis): Diz respeito à análise das condições da
ação pelo magistrado a qual deve ser feita sem nenhum desenvolvimento cognitivo
(de forma superficial), limitando-se aos elementos fornecidos pelo próprio autor em
sua petição inicial.
O entendimento doutrinário majoritário da doutrina atual é no sentido de que a
possibilidade jurídica do pedido, deixou de ser uma condição de ação penal por
funcionar como decisão de mérito e não de admissibilidade após o Novo Código de
Processo Civil.
Interesse de Agir: O interesse de agir é uma condição que está vinculada a três
exigência básicas: Utilidade, adequação e necessidade.
Utilidade: A maquina estatal não deve ser movida se suas ações não tiverem
utilidade. Assim, se o juiz verificar que recebeu uma denúncia contra alguém cuja
punibilidade já extinguiu (como contra um indivíduo que já faleceu), irá rejeita-la pois
lhe falta utilidade. Ex: Processar um indivíduo cuja punibilidade já está extinta.
Adequação: Determina que a ação penal respeite os ditames do Código de Processo
Penal. A denúncia, portanto, deve estar bem fundamentada e com lastro em alguma
prova já constituída.
Necessidade: No caso da ação penal, é presumida. Essa presunção de necessidade
ocorre pois não há outro meio de se aplicar uma sanção penal senão através de um
processo penal.
Quando a Ação Penal tiver as três exigências acima, estará configurado o interesse
de agir.
Legitimidade AD Causam: É uma condição que possui detalhes que merecem muita
atenção. Mas vamos esquematizar para facilitar. É a legitimidade para a causa. Poder
ser ativa ou passiva:
Detentores da Legitimidade Ad Causam Ativa: MP (na ação penal pública);
Ofendido ou querelante (na ação penal privada).
Detentor da Legitimidade Ad Causam Passiva: É sempre o Acusado, tanto na ação
penal pública quanto na ação penal privada. No entanto, na ação penal privada, este é
chamado de querelado.
Legitimidade Ad Processum: É a legitimidade para o processo. Também pode ser
ativa ou passiva.
Detentores da Legitimidade Ad Processum Ativa: A) Pertence ao Promotor ou
Procurador (membro MP) nas ações penais públicas; B) Pertence ao ofendido
representado por advogado (nas ações penais privadas).
Detentor da Legitimidade Ad Processum Passiva: Pertence também ao autor maior
de idade, em ambas as ações (pública e privada).
Além disso, é necessário que saiba os seguintes conceitos:
Legitimidade Ordinária: É a regra em nosso ordenamento jurídico. Ocorre nas
hipóteses em que o indivíduo age em nome próprio pleiteado seu próprio interesse.
Ex: Ações Penais Pública intentadas pelo MP, visto ser este o titular desta espécie de
ação penal.
Legitimação Extraordinária: Hipótese excepcional, apenas cabível quando
expressamente prevista em lei. Essa situação ocorre no âmbito das ações penais
privadas, em que ofendido age em nome próprio pleiteando direito alheio (o titular da
pretensão punitiva continua sendo o Estado). É Chamada de substituição processual.
Justa Causa: Possui, na verdade, dois conceitos doutrinários relevantes. O primeiro
deles, é o de síntese das condições da ação penal, ou seja, se existirem as duas
condições anteriores (legitimidade de interesse de agir), existirá a justa causa.
Conceito de Justa causa: É o lastro probatório mínimo que dá suporte aos fatos
narrados da peça inicial da acusação. Esse suporte probatório mínimo se relaciona
os indícios de autoria, existência material de conduta típica (materialidade delitiva)
e alguma prova de antijuridicidade e culpabilidade. É o suporte probatório mínimo, que
caracteriza com prova de materialidade e indícios de autoria. Justa causa nada mais é
do que Prova de Materialidade Delitiva e Indícios suficientes de autoria.
CPP- Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I) for manifestamente
inepta; II) faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
III) faltar justa causa para o exercício da ação penal.
Espécies de Ação Penal: Existem duas categorias principais, com duas espécies cada
uma, São Elas:
Ação Penal Pública Incondicionada: É a regra Geral do ordenamento jurídico.
Quando o legislador não informar o tipo de ação penal para um determinado delito, a
ação penal será publicada incondicionada.
Características da Ação Penal Pública Incondicionada: 1º) Ela independe de
autorização do ofendido para ser iniciada; 2º) É redigida pelo princípio da
oficiosidade, ou seja, o Estado pode agir de ofício – sem provocação;
Nos crimes de ação penal basta que a autoridade pública fique sabendo da ocorrência do
crime para que tome as providências que o caso requer. Não dependerá de autorização
da vítima ou de nenhum órgão estatal pra dar andamento à persecução penal.
O Delegado de polícia poderá instaurar o IP de ofício, sem depender de autorização
do ofendido. O Membro do MP também oferecerá a denúncia sem autorização do
ofendido, desde que tenha em suas mãos elementos de justa causa da ação penal.
Princípios Correlatos:
Pessoalidade: A ação penal tem de ser oferecida em face do autor do delito;
Divisibilidade: O MP, até que seja prolatada a sentença, pode aditar a denúncia, até
mesmo para incluir novos autores (STF).
Autoridade: Denota que os responsáveis pela persecução penal são autoridades
públicas (delegados, promotores e procuradores).
Oficiosidade: A ação penal pública incondicionada deve ser exercida de ofício, assim
como o inquérito para apurar crimes dessa categoria.
Oficialidade: A ação penal pública incondicionada é exercida por órgão oficiais do
Estado.
Indisponibilidade: O MP não poderá desistir da ação penal. Aplicada na fase
processual (Ação Penal em Curso).
Obrigatoriedade: As autoridades policiais têm o dever de investigar as infrações penais
e o Ministério Público tem o dever de oferecer denúncia quando presentes as
condições da ação. Aplicado na fase pré-processual (Ação Penal ainda não iniciou).
Ação Penal Pública Condicionada à Representação: Seu titular continua sendo o MP,
a diferença é que na Ação Penal Condicionada a representação, as autoridades públicas
dependerão da representação da vítima ou de quem tenha capacidade para
representa-la para que possam atar na persecução penal.
Portanto, se a Polícia Judiciária ou o Ministério Público tiverem notícia de um crime
que é apurado mediante este tipo de ação penal, acontecerá o seguinte: 1º) O delegado
de polícia só poderá o inquérito policial se for autorizado pelo ofendido ou por seu
representante legal; 2º) O membro do MP também só poderá oferecer a denúncia se
for autorizado pelo ofendido ou seu representante legal. A Representação do ofendido
é chamada de condição de procedibilidade.
Princípios Correlatos: São os princípios da ação penal pública condicionada a
representação:
Pessoalidade: A ação penal tem que ser oferecida em face do autor do delito.
Divisibilidade: O MP, até que seja prolatada a sentença, pode aditar a denúncia, até
mesmo para incluir novos autores (STF).
Autoridade: Denota que os responsáveis pela persecução penal são autoridades
públicas (delegados, promotores e procuradores).
Oportunidade: O ofendido só irá representar pela prestação jurisdicional se tive
interesse.
Oficialidade: A ação penal pública condicionada à representação também é exercida
por órgãos oficias do Estado mediante manifestação do ofendido.
Na Ação Pública Condicionada a Representação não estão presentes os princípios da
oficiosidade nem da obrigatoriedade, pois que tipo de ação penal depende
essencialmente da representação do ofendido.
No lugar dos princípios anteriores, surge o princípio da oportunidade, visto que o
ofendido só irá representar se tiver interesse (se considerar oportuno o exercício desse
direito). Todavia se o ofendido representar e existir justa causa para ação penal o
MP não poderá deixar de atuar.
Detalhes sobre a Representação:
Prazo para que o ofendido ofereça sua representação: Em regra o prazo é de 6
meses, a contar da data do conhecimento da autoria. Muita atenção com esse prazo
ele despenca em provas.
Como pode ser realizada a representação: Tem legitimidade para respeitar ofendido,
que pode se fazer representar por um procurador. O Procurador não precisa ser
advogado basta ter 18 anos ou mais.
Representação caso ocorra a morte da vítima: Representarão a vítima em caso de
morte, na seguinte ordem: Cônjuge ou Companheiro; Ascendente; Descendente;
Irmão (CAGED).
Conflito de familiares: O que acontece se o ofendido falecer, e um dos familiares
quiser representar pela apuração. Deve prevalecer a vontade dos familiares que
querem representar pela apuração do fato criminoso.
Forma: A representação do ofendido admite tanto a forma oral quanto a escrita.
Destinatário: O Destinatário da representação, a depender do caso, pode ser a
Autoridade Policial,
Juiz ou o membro do MP.
Possibilidade de Representação por Pessoa Jurídica: É possível, desde que a PJ
esteja representada por seu sócio-gerente, direitos, ou por quem tenha capacidade
para tal prevista em seu estatuto.
Retratação da Representação: Em regra é possível a retratação da representação –
mas apenas até o oferecimento da denúncia pelo MP. Não é possível a retratação até o
recebimento da denúncia.
Retratação e Lei Maria da Penha: Nos casos dos crimes de violência doméstica
contra a mulher, terá o seguinte procedimento de retratação muda um pouco: A) Nesse
caso, excepcionalmente, a retratação pode se dar até o recebimento da denúncia; B)
No entanto, será necessária a realização de uma audiência específica para que a vítima
retrate a representação, diante do juiz.
Ação Penal Privada: A titularidade é do ofendido; O ofendido é chamado de
querelante, e o autor de querelado; Se procede mediante queixa e não representação.
De forma excepcional na ação privada, o Estado concederá a legitimidade ao ofendido
para ele mesmo entrar em juízo.
Ação penal privada é uma exceção ao princípio da oficialidade, visto que o Estado
transfere a titularidade da ação penal, de forma totalmente excepcional, para
ofendido. Todavia o direito de punir continua sendo do Estado, o que se transfere é a
mera legitimidade para oferecimento da ação penal.
Enquanto na Ação Penal Pública à Representação: A) A titularidade é do Estado; B)
A representação do ofendido é condição de procedibilidade; C) A ação é iniciada pela
denúncia, assim como na ação penal pública incondicionada.
Queixa Crime: É o instrumento de oferecimento da ação penal privada, que deve ser
realizada pelo querelante (ofendido), devidamente representado por advogado. Ela
se equipara a denúncia na ação penal pública.
Legitimidade para intentar a Ação Penal Privada: Não o MP o responsável por
entrar em juízo na ação privada.
Legitimidade: Intentar a ação penal privada cabe ao ofendido ou seu representante
(CPP art. 30).
Morte do Ofendido: Se o ofendido morrer ou for declarado ausente, o direito será
repassado ao 1º) cônjuge ou companheiro, 2º) ascendente, 3º) descendente ou 4 º)
irmão.
Princípios que Regem a Ação Penal Privada: São princípios que regem as ações
penal privadas.
Pessoalidade: A ação penal tem que ser oferecida em face do autor do delito.
Indivisibilidade: Se houver mais de um acusado (querelado) o ofendido não poderá
escolher contra quem oferecerá a queixa ou oferece contra todos, ou não oferece contra
ninguém.
Oportunidade ou conveniência: O ofendido só irá oferecer queixa pela prestação
jurisdicional se tiver interesse.
Disponibilidade: O particular possui o direito de desistência da ação penal privada.
A Ação Penal Privada não é regida pela oficialidade, obrigatoriedade, oficiosidade e
autoritariedade.
Ofendidos Menores de Idade: No caso de Ofendido menores de 18 anos (ou incapazes
por outro motivo, tais como pessoas com enfermidades mentais que lhes restrinjam a
capacidade de entendimento), estes podem ser representante por curador especial.
Obrigatoriedade de Advogado: Para fazer uma ação penal privada é necessária que o
querelante se faça representar por advogado. Se o próprio ofendido for advogado
(regularmente inscrito na OAB), poderá representar a si próprio, tendo em vista que
não lhe faltará capacidade postulatória. Se o querelante não possuir dinheiro para
pagar um advogado e solicitar prestação jurisdicional, bastará que este prove sua
pobreza para que o juiz nomeie um advogado que promova a ação penal privada
em seu nome.
Atuação do Ministério Público: Na Ação Penal privada o MP não vai atuar como
protagonista, mas ainda manterá suas atribuições de custos legis, ou seja, de fiscal da
lei.
Espécies de Ação Penal Privada: Existem 3 tipos de espécies: a regular,
personalíssima e a subsidiária da pública.
Ação Penal Privada regular (ou propriamente dita): É a ação penal na qual o
examinador determina que só se procede mediante queixa. Nessa ação penal o ofendido
pode iniciar a ação, e na morte do ofendido seus descendentes, ascendentes, cônjuge,
irmão.
Ação Penal privada personalíssima: Possui as mesmas características da ação penal
regular (propriamente dita), porém com uma peculiaridade: apenas o ofendido poderá
intenta-la, pessoalmente. Nesta espécie de ação penal não é possível que os
representantes legais, sucessores ou curadores ingressem em juízo em substituição ao
ofendido. Ex: Ocultação de impedimento ao casamento, apenas neste crime é realizado
por esta ação penal.
Ação Penal Privada Subsidiária da Pública: O Direito a esta ação surge quando o
MP, no exercício de sua titularidade da ação pública, não cumpre os prazos impostos
por lei. Pois uma ação penal pública deveria ter sido intentada pelo órgão
ministerial dentro do prazo, e não foi. Com isso, vítima passa a ter o direito e ela
própria ingressar em juízo, visto que não é obrigada a aguardar indefinidamente que o
MP ofereça denúncia. Esse ingresso realizado excepcionalmente pela vítima em juízo,
em razão da omissão do parquet; é realizado através da ação penal privada subsidiária
da pública.
Assim como na ação privada comum, o ofendido tem 6 meses para oferecer a queixa
crime na ação penal privada subsidiária da pública. O prazo começa a contar após o
fim do prazo do MP para o oferecimento da denúncia.
O Ofendido vai oferecer a chamada queixa crime substitutiva, afinal de contas sua
queixa crime está substituindo a denúncia que deveria ter sido realizada pelo MP.
Na ação penal privada comum, se o prazo de 6 meses expirar, ocorre decadência
(extinção da punibilidade do agente), já na ação privada subsidiária da pública, o
direito de entrar em juízo simplesmente retoma ao MP, que poderá novamente
oferecer a denúncia até que ocorra a prescrição do delito. Isto é chamado de
DECADÊNCIA IMPRÓPRIA.
Não existem os institutos da PEREMPÇÃO nem do PERDÃO na ação penal privada
subsidiária da pública.
Mesmo que o MP não tenha se manifestado em tempo, a ação ainda é publica e a
titularidade ainda é do MP, motivo pelo qual o MP ainda terá muita influência do
trânsito da ação penal privada subsidiária da pública do que possui na ação penal
privada comum. Neste caso o MP
continuará a atuar no trâmite processual da ação pública subsidiária da pública, podendo
inclusive auditá-la, e até mesmo oferecer uma denúncia substitutiva.
Além disso, se o MP não atuar em todos os atos do processo da ação penal privada
subsidiária da pública, haverá nulidade. Este tipo de ação serve apenas na situação
em que o MP não se manifesta, o MP é omisso e não faz a denúncia ou outras
diligências que deveria fazer.
Se o MP decide pelo arquivamento ou oferecer denúncia dentro do prazo, ele se
manifestou e como o MP é o titular da ação penal, não cabe ao ofendido oferecer
ação penal privada subsidiária da pública.
Assim se o MP determina o arquivamento após o pacote anticrime, se a vítima não
concordar, pode recorrer ao órgão superior do MP. Juiz não participa mais do
arquivamento do IP.
MP perde o prazo para denunciar, é nesta situação que a vítima pode intentar ação
penal privada subsidiária da pública.
Ação Penal Pública Condicionada a Requisição do Ministério da Justiça: Por razões
políticas alguns delitos depreendem de requisição do Ministro da Justiça para que a
denúncia possa ser oferecida.
Requisição: juridicamente falando, tem caráter de ordem, entretanto nesse tipo de ação
penal, a requisição é mera condição de procedibilidade. Se existir a requisição, o
membro do MP decidirá se oferece a denúncia ou se pede o arquivamento
regulamente, pois a requisição apenas o autoriza, mas não obriga.
A requisição do MJ é discricionária. Nos crimes em que tal requisição for necessária,
ele só a emitirá se quiser.
Não existe prazo legal para que o MJ ofereça sua requisição. Dessa forma, poderá
fazê-lo até a extinção da punibilidade do acusado.
Destinatário da requisição do MJ é o Ministério Público.
Prazo: Os Prazos legais para o oferecimento da denúncia.
Regra Geral com investigado preso: 5 dias.
Crimes eleitorais e previstos na lei: 10 dias
Regra Geral com investigado solto: 15 dias.
Crimes Falimentares: 15 dias.
Prazos Para o Oferecimento da Queixa-Crime nos casos de Ação Penal Privada:
Crime contra a propriedade imaterial que deixa vestígios: 30 dias.
Regra geral da ação privada: 6 meses a contar da data de conhecimento da autoria.
Regra Para a ação penal privada subsidiária da pública: 6 meses a contar do fim do
prazo do MP para oferecimento da denúncia.
Decadência, Renúncia, Perdão e Perempção:
Decadência: É a perda do direito de agir pelo decurso de determinado lapso temporal,
estabelecido em lei, provocando a extinção da punibilidade do agente. Se o ofendido
demorou muito para representar (na ação penal pública condicionada à
representação) ou para realizar a queixa (na ação penal privada). Quando ocorre a
decadência, opera-se a extinção da punibilidade do agente. (que é o fim da pretensão
punitiva do Estado). Não cabe decadência em ação penal pública incondicionada. É
o decurso do prazo.
O Prazo de decadência não pode ser suspenso, prorrogado ou interrompido. Além disso,
segundo a jurisprudência majoritária, oferecer denúncia em juízo errado
(absolutamente incompetente) também não interrompe o prazo de decadência.
A Instauração de inquérito também não suspende o prazo. Se a polícia demorar
demais, pode sim ocorrer a decadência de delito cujo o inquérito está em andamento.
O prazo de decadência irá seguir o prazo disponível para que o ofendido faça sua
representação
ou queixa. Uma vez expirado esse prazo, ocorrerá a decadência.
O prazo decadencial tem natureza híbrida (de prazo penal e processual). Dessa forma,
deve ser contado com se penal fosse, de modo se inclui o dia do começo e se exclui o
dia do vencimento.
Nos casos de duvida se houve ou não o fim de prazo e ocorreu a decadência, deve-se
decidir em FAVOR DO OFENDIDO, permitindo-se que ele ajuíze a ação penal.
Renúncia: É a possibilidade do ofendido não querer mais o prosseguimento da ação
penal privada e o consequente jus puniendi em desfavor do acusado Só existe renúncia
na ação penal privada, não podendo ocorrer a renúncia por parte do MP na ação
pública. A renúncia é um direito subjetivo do ofendido. Decide que não quer ver o
acusado processado. O Ofensor não precisa aceitar a renúncia. O ofendido pode agir de
duas formas:
Renúncia expressa: O ofendido formaliza uma declaração dizendo ao Estado que não
quer mais ver processado o autor do delito.
Renúncia Tácita: O ofendido pratica um ato incompatível com a vontade de punir o
acusado. Ex: O querelante que convida o querelado para ser padrinho de seu filho.
Uma vez que o querelante perpetua um dos atos acima, assim como na decadência
ocorrerá a extinção da punibilidade do autor.
Característica da renúncia:
Unilateral: A renúncia não depende da aceitação do acusado. Se o ofendido renunciar
ao seu direito de queixa, estará encerrado a ação penal.
Pré-Processual: Só é possível renunciar ANTES do oferecimento da queixa.
Indivisível: Se a ação envolve mais de um autor, a renúncia beneficiaria a TODOS eles.
Irretratável: Uma vez que o ofendido renuncie, não poderá voltar atrás, pois já haverá
ocorrido a extinção da punibilidade.
A renúncia deve ser oferecida a todos os acusados.
Perdão: Possibilidade do ofendido voltar atrás e não queira ver o autor do delito ser
punido pelo Estado. Entretanto, a queixa crime já foi oferecida e a ação já foi
iniciada. Dessa forma, não caberá a renúncia, e sim o chamado perdão do ofendido. É
um instituto aplicado somente à ação penal privada. Neste o ofendido decide
perdoar o acusado.
O perdão é simples, visto que o querelante irá manifestar ao judiciário o interesse de ver
o autor (ou autores) perdoados pelos que fizeram, causando também a extinção da
punibilidade. São características do perdão:
Bilateral: Ao contrário da renúncia, o perdão, para ter validade, precisa ser aceito pelo
acusado.
Pós Processual: Só é possível perdoar após iniciada a ação penal; até e seu trânsito em
julgado.
Veja bem: uma vez iniciada a ação penal, o acusado tem o direito de não aceitar o
perdão.
Se o querelante decide perdoar o querelado, este tem três dias para se manifestar.
Caso este não se manifeste, o juiz considerará o perdão como aceito.
Assim como na renúncia que deve ser oferecida a todos os acusados, o perdão deve
ser igualmente oferecido, a todos os acusados, mas o processo continuará para
todos aqueles que decidirem não o aceitar.
Perempção: Aqui ocorre a negligência do querelante (ofendido), que ingressa em
juízo para ver o acusado punido, mas deixa de cumprir suas obrigações processuais. Vai
acarretar a extinção da punibilidade, é aplicável apenas a ação penal privada.
Ocorre nestes casos:
1) Quanto o querelante falece e ou se torna incapaz, e seus sucessores não comparecem
em juízo para substitui-lo em até 60 dias.
2) Quando o querelante deixa de dar andamento no processo por 30 dias consecutivos.
3) Quando o querelante deixar de comparecer a um ato do processo ao qual deva estar
presente sem motivo justificado.
4) Quando o querelante deixa de formular o pedido de condenação nas alegações finais.
5) No caso de querelantes pessoais jurídicas, quando esta se extinguir e não deixar
sucessor.
No caso do querelante deixar de formular pedido de condenação as alegações finais,
não há um mero esquecimento do querelante. O que deve acontecer finais DEIXAM
CLARO que o querelante não quer mais ver o acusado punido.
Se for possível subentender que o ofendido ainda quer ver a punição do querelado,
e que apenas esqueceu de incluir esse pedido em suas alegações finais, não deverá
ser declarada a perempção.
Súmulas e Jurisprudência:
Súmula 714, STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do
ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por
crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.
Complementação:
O STJ possui posicionamento no sentido da possibilidade de atuação do Defensor
Público como assistente de acusação, inobstante a ausência de disposição regulamentar
estadual autorizando expressamente essa assistência, consoante o julgamento do RMS
nº 45.793/SC.
Segundo a jurisprudência majoritária adotada pelo STJ – não há previsão em lei sobre o
assunto, sendo a lacuna preenchida pela Doutrina e também pela Jurisprudência - a
Retratação da Retratação será permitida somente se ocorrer dentro do prazo decadencial
de seis meses.
A vítima poderá propor ação civil indenizatória em face do autuado antes do trânsito em
julgado da ação penal, sem que haja violação do princípio da inocência.

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