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1. Conceito
2. Condições da ação
Legitimidade “ad causam”: Ativa => quem é o titular da ação penal, quem pode exercer o
direito. Passiva => o indiciado, qualquer pessoa indicada à prática do crime (mas algumas não
podem de qualquer maneira, como os inimputáveis).
Justa causa: O juiz quem recebe ou rejeita a denúncia e ele pode achar que a justa causa não
existe. A rejeição ocorre quando falta qualquer condição da ação, inclusive a justa causa. Em
todos os casos, só pode existir o processo se a denúncia estiver lastreada com indícios de autoria
e prova da materialidade delitiva.
*Específicas [apenas para alguns crimes]
=> Súmula vinculante 24, STF: específica para os crimes contra ordem tributária [lei 8137].
Condição objetiva de punibilidade para esses crimes: lançamento do tributo.
=> Para alguns autores, essas condições específicas estão dentro das condições genéricas, então
essa classificação em condições específicas não deveria existir [Ex.: a representação da vítima
está dentro de legitimidade]. Essa classificação em genérica e específica, portanto, não é a
única, mas é a mais didática, por ser mais ampla. Discussão meramente doutrinária.
Ação Pública
Titularidade
A titularidade pública passou a ser uma regra. Na maioria dos crimes, a ação é de titularidade do
MP.
Incondicionada ou condicionada
- Princípios:
*Obrigatoriedade: O MP, estando diante de justa causa, ele é obrigado a denunciar. Não pode
exercitar um juízo de discricionariedade [conveniência e oportunidade], a justa causa vincula.
Em nem todos os ordenamentos são assim, no sistema anglo-saxão, por exemplo, o promotor
pode fazer esse juízo de discricionariedade [justiça negocial], inclusive no Brasil há institutos
que permitem essa negociação, como a delação premiada, o acordo de não persecução penal e a
transação penal [influência do direito estrangeiro].
Apesar de ser privada, ela tem natureza pública, todo direito de ação é um direito público
[alguns autores falam em ação pública de iniciativa privada].
- Titularidade: vítima (a vítima tem que desejar e tomar a iniciativa para processar, perseguir o
autor do crime; é necessário advogado, um representante processual com capacidade
postulatória).
- Princípios
*Oportunidade: A vítima decide se quer ou não quer entrar com a ação, pelos motivos que
cabem somente a ela. É permitido o juízo de conveniência e oportunidade, ao contrário da
obrigatoriedade que norteia as ações públicas.
*Indivisibilidade: Se há concurso de agentes, a queixa tem que ser ofertada contra todos, no
mesmo momento (não há essa discussão de querer ofertar a ação contra um em outro momento,
etc., é imperiosa a indivisibilidade).
O MP, na ação privada, é custos legis. Como fiscal da lei, ele tem quer zelar pela
indivisibilidade. Diante de uma queixa incompleta (ofertada apenas contra um agente, no
concurso), o MP deve:
O art. 45 do CPP permite o aditamento e o art. 49 diz que a renúncia em relação a um se estende
aos outros.
Corrente 1: o MP deve aditar, com base no art. 45 (crítica: o MP não tem legitimidade).
Corrente 2: Com base no art. 49, ele deve pedir a rejeição da denúncia (pois a renúncia em
relação ao faltante se estendeu ao agente presente na queixa).
Corrente 3: o MP deve intimar a vítima para esclarecer a ausência do agente que faltou.
Provocar a vítima, para ela inserir o faltante.
4. Queixa-crime e representação
- Prazo para ambas (decadencial): 6 meses, a partir data em que conhecer o autor. Exceção: ação
privada subsidiária da pública, pois nesta, conta-se o prazo do dia em que o MP é considerado
inerte. Quando o MP é considerado inerte? Após o prazo de 5 dias que tem para denunciar réus
presos (prazo corre a partir do 6º dia) ou 15 dias para réus soltos (prazo corre a partir do 16º
dia). O prazo decadencial é um prazo penal, então ele se conta incluindo o dia do início e
excluindo o dia do final (art. 10, CP). Se o último dia for um fim de semana/feriado, considera-
se como o ultimo dia o dia útil anterior. O prazo decadencial não se prorroga, não se suspense e
não se interrompe.
- Exclusiva
- Personalíssima
- Subsidiária da pública [quando o MP não faz nada, fica inerte e a vítima entra com a ação, só
existe nos casos que tem vítima direta; não cabe em caso de arquivamento de inquérito, porque
arquivamento não é inércia; abandono da queixa: o MP assume imediatamente, se fosse uma
queixa comum, o processo seria extinto].
6. Retratação da representação
A vítima expõe o desejo de processar, mas desiste da representação depois. É possível? Sim,
mas somente até o oferecimento da denúncia. Se o MP já ofertou, não é mais possível a
retratação. Exceção: Lei Maria da Penha, na qual o prazo para retratação é o recebimento da
denúncia e só pode ocorrer em uma audiência designada especificamente para tal. Art. 16, lei
11340 (Lei Maria da Penha). Formalizou-se a retratação, para que a mulher exponha os motivos
da retratação (já que esta pode ter vindo de uma nova violência). Essa audiência é um rito
obrigatório ou só acontece se a mulher quiser retratar? Divergência jurisprudencial. Pela letra da
lei, não é um rito, a mulher precisa manifestar o desejo de retratação. Há postulações dizendo
que essa audiência é necessária, pois a mulher não sabe sobre a retratação, para fazer com que a
mulher saiba que tenha essa possibilidade (evitar que a mulher chegue à audiência de instrução
querendo desistir, momento em que ela não pode mais).
- Art. 16.
- ADIN 4424, STF: Nas lesões corporais leves, a mulher precisa representar sempre? A ADIN
julga inconstitucional essa previsão, para que haja a devida proteção à vítima. Assim, na lesão
corporal leve, na Lei Maria da Penha, a ação é pública incondicionada. Não existe, assim,
retratação/conciliação. A discussão da ADIN foi exclusivamente para a lesão leve (a grave e a
gravíssima não tem discussão, a ação é incondicionada de qualquer maneira, em qualquer
situação). Há ações públicas condicionadas na LMP, mas a lesão leve não mais (então o Art. 16
continua fazendo sentido, mas não para lesão corporal).
*Renúncia: Abrir mão direito de queixa ou representação. A renúncia pode ser expressa ou
tácita (um acordo cível, por exemplo). Existe retratação da retratação? Corrente I: não, pode a
retratação é hipótese de renúncia (e extinção da punibilidade não se discute mais). Corrente II:
Sim, a vítima pode representar, retratar e representar de novo. Ela pode entrar nesse ciclo
quantas vezes ela quiser, desde que esteja dentro do prazo decadencial de 6 meses.
*Perempção: Abandono na ação privada. Na privada subsidiária da pública não existe isso (a
ação é originariamente pública, então se a pessoa abandonar, o MP retoma). Ler art. 60 CPP
(hipóteses de perempção).
*Requisitos para ambas: Art. 41. Sem os requisitos, a peça estará inepta (rejeição da
denúncia/queixa – art. 395, I, CPP). Não há oportunidade de emenda à PI.
- Circunstanciação dos fatos que são criminosos: O que aconteceu e porque é um crime. O
número máximo de informações que se tem deve estar na peça, com boa e detalhada descrição
dos fatos – hora, local, características do local, etc. – o número máximo de circunstâncias
possíveis (para que o direito de defesa se efetive, para permitir que o réu se defenda com todos
os meios e de todos os elementos).
- Qualificação jurídica dos fatos: porque tais fatos são criminosos? Demonstrar que o que está
descrito é uma conduta delituosa.
*Denúncia ou queixa genérica: descreve um fato criminoso, qualifica pessoas, mas não faz um
nexo entre conduta e indivíduo(s), não individualiza [geralmente nos crimes societários, de
colarinho branco e relacionados ao consumo]. Denúncia genérica é denúncia inepta.
*STF traz o conceito de denúncias gerais: Denúncia que traz uma série de pessoas que
contribuíram para o crime [“todo mundo fez tudo”], a conduta será individualizada na instrução
processual. Em tese, a geral é permitida, mas a genérica não [o difícil é dizer quando a denúncia
geral e quando é genérica, é muito nebuloso].