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LITISCONSÓRCIO
Professora: BRENDA LEAL
PARTES E ELEMENTOS DA AÇÃO
■ No Brasil, as ações são identificadas através da análise das partes, do
pedido e da causa de pedir. Não é possível estudar “partes” sem
relacioná-la com os elementos da ação, pois tais elementos são os
identificadores da demanda.
✓ Até mesmo a competência depende do elemento “parte”, como é o caso
da justiça federal, no tocante à definição dos casos que são ou não julgados
pela justiça da União.
Conceito de parte
■ Na doutrina mundial, há duas grandes teorias sobre o conceito da parte:
a) Restritivo (Chiovenda) (parte na demanda): para Chiovenda, somente é parte aquele que faz o pedido
e contra quem se faz o pedido na demanda. Todos os demais sujeitos do processo são terceiros na
demanda.
✓ O conceito de Chiovenda é muito mais restritivo e está relacionado ao próprio direito material.
b) Restritivo (Chiovenda) (parte na demanda): para Chiovenda, somente é parte aquele que faz o pedido
e contra quem se faz o pedido na demanda. Todos os demais sujeitos do processo são terceiros na
demanda.
✓ O conceito de Chiovenda é muito mais restritivo e está relacionado ao próprio direito material.
b) Ampliativo (Liebman) (parte no processo): Para Liebman, parte é todo aquele que participa, em
contraditório, da relação jurídica processual. Ele não relaciona o conceito de parte com as pessoas que
pedem ou contra quem se pede algo no processo
✓ Para Chiovenda, o MP, quando é fiscal da ordem jurídica, não é parte. Isso porque ele
não faz pedido para ele e não há pedido contra si. Para Liebman, o MP, enquanto custus
legis, é considerado parte, pois participa em contraditório da relação processual.
✓ Em relação ao assistente, no conceito de Chiovenda, é considerado terceiro. No
conceito de Liebman, entretanto, o assistente é parte no processo, já que participa da
relação jurídico processual em contraditório. Por fim, o mesmo ocorre com o amicus
curiae.
✓ Em suma, para a corrente de Liebman, o amicus curiae, o assistente processual e o MP
são considerados partes. Obs.1: tanto no conceito restritivo quanto no conceito
ampliativo, o juiz não é considerado parte. Obs.2: não há posição dominante em relação a
esse tema. Trata-se apenas de discussão doutrinária.
CAPACIDADES NO SISTEMA
BRASILEIRO
■ Há três tipos de capacidade no sistema brasileiro:
Capacidade de ser parte (2º do CC)
x
capacidade estar em juízo (capacidade ad processum – art. 70 CPC)
x
capacidade ad causam (17/18 CPC) (ordinária e extraordinária – parte
processual e parte material)
■ a) capacidade de ser parte:
De acordo com os artigos 1º e 2º do CC , só é sujeito de direitos e de obrigações quem tem
personalidade civil. A personalidade se inicia com o nascimento com vida (art. 2º, CC) e,
consequentemente, somente é parte de qualquer relação jurídica o ser humano vivo.
✓ Regra geral, somente pessoa viva pode ser parte no processo. No caso de nascituro, este
só pode ser parte em processo nas hipóteses em que a lei admite.
CC, art. 1º: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.”
CC, art. 2º: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
b) capacidade de estar em juízo (capacidade “ad processum”):
É a capacidade genérica para ajuizar e ser demandado em ações. Essa capacidade é
atribuída àquele que tem capacidade civil (art. 70, CPC3 ).
✓ A pessoa que ainda é incapaz somente ingressa com ação representada ou assistida por
pessoa que tenha a capacidade para estar em juízo (capacidade civil).
CPC, art. 70: “Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade
para estar em juízo.
c) capacidade “ad causam” (legitimidade “ad causam”): é capacidade específica e
exclusiva para a ação que está sendo ajuizada.
■ Essa capacidade é atrelada à titularidade do direito material.
✓ Observação: tanto a capacidade de ser parte quanto a capacidade de estar em juízo são
analisadas sob o enfoque processual. Isso porque ambas são capacidades genéricas. No
caso da capacidade ad causam, ela somente é definida à luz do caso concreto, ou seja, à
luz do direito material.
Observações:
1º) Na legitimação ordinária, há identidade entre a parte processual e material. Já na
legitimação extraordinária, há uma pessoa, que é parte processual (age em nome próprio),
mas defende direito alheio
A capacidade extraordinária (substituição processual) está prevista no art. 18, CPC .
Neste caso, é necessário lembrar que há uma dissociação entre parte material e parte
processual. Isso porque, se o ordenamento jurídico autorizar, uma pessoa que não é titular
do direito material poderá postular direito alheio.
Exemplos de legitimação extraordinária:
• Art. 1.314, CC5 – Os condôminos podem, em nome próprio e sozinhos, defender toda a área.
• Art. 109, CPC6 – Alienação da coisa litigiosa.
CPC, art. 18: “Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo
ordenamento jurídico.
■ 2º) Atenção: quando houver legitimação extraordinária, é possível cindir a parte processual da parte
material do processo.
■ 3º) Capacidade de ser parte: ser humano vivo é pressuposto processual validade. Capacidade estar em
juízo (capacidade ad processum): capacidade genérica também é pressuposto processual de validade.
■ Capacidade (legitimidade) ad causam: é uma condição da ação (majoritariamente), nos termos do art. 17,
CPC
■ CPC, art. 17: “Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.”
■ Capacidade de ser parte: ser humano vivo é pressuposto processual validade.
■ Capacidade estar em juízo (capacidade ad processum): capacidade genérica também é pressuposto
processual de validade.
■ Capacidade (legitimidade) ad causam: é uma condição da ação (majoritariamente), nos termos do art.
17, CPC
CPC, art. 17: “Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.
■ Representação e assistência:
As pessoas que ingressam no processo podem ser pessoas físicas, pessoas jurídicas e até entes irregulares.
a) Pessoa física: capaz (70) e incapaz (71 CPC)
O art. 70, CC, estabelece que a pessoa física capaz não precisa ser representada, assistida ou presentada.
Entretanto, se ela quiser conceder poderes a alguém, pode fazer isso por meio de um contrato de mandato.
Neste caso, a representação é faculdade.
a.1) Incapacidade: representação e assistência (artigos 3º e 4º do CC
Se a pessoa for incapaz, ele não terá a capacidade “ad processum”, ou seja, ele precisa ser representado ou
assistido (art. 71, CPC ). Neste caso, a representação é necessidade.
■ Obs.: o CPC faz uma diferenciação entre representação e
assistência. A representação é para os absolutamente incapazes
(apenas menores de 16 anos). A assistência é para os
relativamente incapazes. Quando há o fenômeno da
representação ou da assistência, o incapaz (absolutamente ou
relativamente) é o titular do direito material, mas toma
emprestada a capacidade “ad processum” do representante ou
assistente.
■ Quando há representação, todos os atos são feitos mediante
citação, intimação ou notificação do representante. Todas as
decisões são tomadas pelo representante.
■ há uma diferença prática entre representação e assistência: na
assistência, o ato processual é praticado em conjunto; enquanto que,
na representação, o ato processual é praticado exclusivamente pelo
representante em nome do incapaz.
■ Exemplo 1: ação em face de um menino de 5 anos. Neste caso, o pai
é citado e recebe as demais comunicações processuais, pois é o
representante do menor.
■ Exemplo 2: ação em face de um adolescente de 17 anos. Neste caso,
o adolescente e o pai são citados. Trata-se de assistência.
■ a.2) Deficiente (Lei 13.146/2015
De acordo com o Estatuto da Pessoa com Deficiência, a regra é
que o deficiente é capaz. Apenas excepcionalmente há curatela ou
tomada de decisão apoiada.
✓ O deficiente, salvo decisão judicial em contrário, possui
capacidade ad processum plena.
Litisconsórcio
■ Quando se fala em litisconsórcio, deve-se atentar para a “cumulação de demandas”.
Tal cumulação pode ser de dois tipos:
a) Objetiva: é a cumulação de pedidos (art. 327 do CPC).
Exemplo: investigação de paternidade cumulada com ação de alimentos.
b) Subjetiva: ocorre quando a ação é ajuizada por mais de uma pessoa ou contra mais de
uma pessoa. É também chamada de litisconsórcio.
Assim, o termo “litisconsórcio” é sinônimo do termo “cumulação subjetiva de
demandas”.
■ CPC, art. 327: “É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de
vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
■ § 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
■ I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
■ II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
■ III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
■ § 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será
admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do
emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais
a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com
as disposições sobre o procedimento comum.
■ § 3o O inciso I do § 1o não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326.
Classificação
■ Quanto aos sujeitos:
a) Ativo: mais de um autor.
b) b) Passivo: mais de um réu.
c) c) Misto: mais de um autor e mais de um réu.
■ Quanto ao momento de formação
a) inicial (regra geral do sistema): o litisconsórcio será inicial toda a vez que sua
formação ocorrer na própria propositura da ação. É a regra geral do sistema, ou seja,
toda a vez que não houver disposição legal em contrário, o litisconsórcio será inicial.
Isso ocorre para preservar o princípio do juiz natural (predefinição do juiz
competente), isto é, para não dar às partes a oportunidade de escolher o juiz.
b) ulterior (exceção – depende de lei): em hipóteses excepcionais, o litisconsórcio
ulterior é permitido. Essas hipóteses estão estabelecidas em lei.
■ OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: