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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE NACIONAL DE DIREITO


DIREITO CIVIL I
CÁSSIO MONTEIRO RODRIGUES

CONCEITOS E ASSUNTOS INTRODUTÓRI OS


FONTES DO DIREITO

• Fontes primárias: são as fontes formais mais importantes, de uma perspectiva estatal.
o Ex: Leis e jurisprudência.
• Fontes secundárias: são as fontes que dependem das primárias para a sua existência e efetivação
o Ex: costumes e doutrina.
• Autonomia privada: criação de obrigação entre as partes: pacta sunt servanda o contrato faz lei entre a partes.
o Princípio da função social do contrato (flexibilização do contrato – dirigismo contratual)

FUNÇÃO DOS INSTITUTOS E CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL

• Função jurídica direito civil se baseia em 3 institutos principais, que são a pedra angular dessa área, considerando-se
o mínimo para o cidadão se considerar livre:
o Contrato
o Propriedade
o Família
• Constitucionalização do Direito Civil: não se pode congelar o interesse do direito civil (Ex.: patrimônio) sem
considerar a sua função jurídica, ou seja, o interesse público, lastreado nos princípios constitucionais, deve prevalecer
sobre o direito privado. Nenhum direito individual é absoluto.

RELAÇÃO JURÍDICA

• A relação jurídica é, basicamente, a forma como a circulação de situações jurídicas vai acontecer
• É importante também, acrescentar um termo usual no direito civil de categoria jurídica, que dá corpo ao direito em
relação a coisa.
• Reúne-se 3 categorias para as relações jurídicas
o Subjetivo: as partes (sujeito ativo e passivo);
o Objeto: bem jurídico;
o Forma: respeito a forma como a lei determina (Ex.: instrumento físico, digital, oral etc.).

ACEPÇÕES DO DIREITO
• Direito subjetivo: o titular de um direito pode exigir o direito a outra parte;
o Ex.: art. 319, CC “o devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto
não lhe seja dada”.
• Direito potestativo: relação de sujeição entre o sujeito ativo e o sujeito passivo (“aceita e acabou”);
o Ex.: direito ao arrependimento; código de defesa do consumidor; divórcio.
• Poder jurídico: exercício de uma situação jurídica que um sujeito faz em favor a um terceiro.
o Ex.: guarda de menor de idade (pais representam o filho); relação entre procurador e procurado.
PERSONALIDADE
CONCEITO
• É um instituto do ordenamento jurídico que permite a qualquer pessoa ser sujeito de direito nas relações jurídicas
(art. 1º, CC);
• A personalidade começa com o nascer com vida (art. 2º, CC);
o Teoria natalista: Nasceu e respirou: garantiu a personalidade;
o Teoria da concepção condicionada: a pessoa é reconhecida ao nascer com vida e os seus direitos retroagem
no momento da concepção, sob essa condicionante (adotada pelo Estado brasileiro);
o Teoria concepcionalista: a feto já tem personalidade desde o momento de sua concepção;
CAPACIDADE
• A personalidade se mede pela capacidade, este sendo um instituto do direito material;
• Tipos de capacidade:
o Capacidade de direito: possibilidade de se contrair direitos e obrigações. Desde o nascimento o indivíduo
possui essa capacidade;
o Capacidade relativa: a pessoa é capaz de fazer alguns atos assistidos. Adquirida aos 16 e prevalece até os
18 anos;
o Capacidade de fato: é a capacidade plena de exercer todos os direitos e obrigações. Adquirida a partir dos
18 anos;
o Incapacidade absoluta: não há capacidade alguma para o exercício do direito por si mesmo (atos praticados
por essas pessoas produzem efeitos nulos – art. 3º, CC);
o Aos indígenas isolados, de acordo com o Estatuto do Índio (lei nº 6.001/1973), é determinado sua
incapacidade absoluta (art. 7º) estando sob tutela do Estado, sendo nulos os atos praticados por eles (art. 8º),
podendo requerer sua emancipação ao juiz, respeitando as condições estabelecidas na lei (art. 9º).

• Emancipação (art. 5º, CC): antecipa-se os efeitos da maioridade civil, não a criminal. Seguindo os critérios
capitulados por seus incisos:
o I – Pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, independentemente de homologação judicial,
por instrumento público;
o II – Pelo casamento;
o III – Pelo exercício de emprego público efetivo;
o IV – Pela colação de grau em curso de ensino superior;
o V – Pelo estabelecimento civil ou comercial que, em função deles o menor (com 16 anos completos), tenha
economia própria.
LEGITIMIDADE
• Se difere da capacidade, pois é a permissão, pelo ordenamento jurídico, para o exercício de um determinado direito;
• Somente um sujeito legitimado pode exercer algum direito específico;
• Instituto voltado ao direito processual.
FIM DA PERSONALIDADE
• Art. 6º, CC: não se pode permitir que a pessoa contraia direitos e deveres – fim da personalidade (morte);
• Art. 7º, CC: morte presumida – dá início aos procedimentos sucessórios – nos termos dos incisos:
I- Sob extrema probabilidade de morte em situações de extremo risco de perigo de vida;
II- Após o desaparecimento por 2 anos em campanha (guerra) ou como prisioneiro de guerra;
Parágrafo único: a morte presumida é declarada apenas se esgotadas todas as buscas (a sentença fixa a data da morte
no momento do ocorrido).
OBS: nos termos da lei, a morte presumida pode ser decreta por ausência.
• Art. 8º, CC: comoriência é o instituto em que duas ou mais pessoas falecem no mesmo evento, mas não é possível
saber qual delas faleceu primeiro (comorientes);
o Serve como esclarecimento das relações sucessórias (quem herda);
AUSÊNCIA
• O instituto da ausência é dividido em 3 etapas, tendo a duração completa entre 21,5 anos e 24,5 anos:
1ª etapa: curadoria dos bens;
2ª etapa: abertura da sucessão provisória;
3ª etapa: sucessão definitiva.

Solicitação da declaração
de morte por ofício

• Curadoria dos bens (art. 22): o processo de curadoria tem início com o requerimento de qualquer interessado
legitimado (qualquer interessado na morte da pessoa – parentes; credores; MP) para decretação da ausência;
o É nomeado um curador (art. 23), quando o ausente não o tiver declarado previamente, que cuidará dos bens
do desaparecido pelo período de 1 ano (3 anos, quando nomeado);
o O curador é definido prioritariamente pela ordem a seguir (art. 25):
­ O cônjuge/companheiro (que não esteja separado judicialmente ou de fato por mais de dois anos);
­ Os pais do desaparecido;
­ Os descendentes (os mais próximos precedem os mais remotos);
­ Na falta de todos acima, o juiz escolhe um curador.
• Sucessão provisória (art. 26): passado o período de curadoria dos bens do ausente (1 a 3 anos), os interessados
poderão requerer a abertura do processo de sucessão provisória;
o São legitimados para o requerimento os interessados nesse processo:
­ O cônjuge não separado;
­ Herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
­ Qualquer pessoa que tenha interesse nos bens do falecido e dependa de sua morte;
­ Qualquer um dos credores de obrigações vencidas e não pagas.
o Validade e início da sucessão provisória (art. 28);
­ Após o requerimento, será aguardado o prazo de 180 dias após a data da publicação da sentença que
determina a sucessão provisória;
­ Passado o prazo, proceder-se-á a sucessão provisória, propriamente dito;
­ Findado o prazo, caso não haja interessado, o MP deverá requerer a abertura da sucessão provisória;
­ Sem comparecimento de herdeiro ou interessado, após 30 dias da publicação do inventário,
procederá a arrecadação dos bens na forma dos artigos 1.819 a 1823, do Código Civil.
o Posse dos bens
­ O período de duração desta fase compreende 10 anos;
­ Art. 30: os partícipes devem dar garantia da restituição deles (calção), mediante penhores ou
hipotecas equivalentes à sua parte respectiva (quinhão), para poder usufruir deles;
❖ A pessoa que não puder garantir, será excluído da sucessão provisória;
❖ Os ascendentes e descendentes diretos e os cônjuges poderão usufruir dos bens, sem
precisar dar garantia.
­ Art. 31: durante a sucessão provisória não se pode vender imóveis a menos por autorização judicial
e para evitar o perecimento dele;
­ Art. 33: os descendentes e ascendentes diretos e os cônjuges podem usufruir de todos os
rendimentos dos bens
❖ Os outros sucessores devem capitalizar metade de seus bens e prestar contas anualmente;
❖ Se o ausente aparecer, no meio deste processo, não havendo motivos justos para a sua
ausência, ele perderá o direito aos 50% capitalizados pelos outros sucessores.
­ Art. 34: é direito do excluído pleitear metade dos seus bens por sua parte;
­ Art. 35: sabendo a data exata da morte do ausente, será considerada decisão definitiva aos herdeiros
definitivos à data do falecimento, mesmo decorrida a sucessão provisória;
­ Art. 36: aparecendo o ausente nesta fase, cessarão de imediato as vantagens dos sucessores nela
imitidos, sendo obrigados a tomar as medidas assecuratórias até a entrega dos bens ao seu dono.
• Sucessão definitiva
o Art. 37: passados 10 anos da abertura da sucessão provisória, os interessados podem requerer a abertura da
sucessão definitiva e o levantamento das garantias entregues na sucessão provisória;
o Art. 38: pode-se requerer a sucessão definitiva, também, se provado que o ausente conta com oitenta anos
de idade e 5 anos do desaparecimento dele;
o Art. 39: se o ausente regressar nos 10 anos seguintes a abertura da sucessão definitiva, ou de alguns de seus
ascendentes ou descendentes, restituirão somente os bens remanescentes ou o preço alienado que tiver
recebido por esses bens (por venda ou troca).
­ Se o valor obtido pela venda ou troca desses bens pelos proprietários, segundo a sucessão definitiva,
for gasto em serviços, não poderá haver estorno;
­ Caso não haja regresso do ausente, passados 10 anos desta etapa, e não havendo interessado a
promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão aos domínios do poder público
(obedecida a sua circunscrição).
• Findado o prazo estabelecido em lei, 10 anos após a abertura da sucessão definitiva, o ausente perde qualquer direito
pretenso aos seus bens remanescentes.
DIREITOS DA PERSONALIDADE
ATRIBUTOS
• Rol de direitos exemplificativos, não taxativos;
• Direitos: Nome; Honra; Imagem; Privacidade/Intimidade e; Direito ao próprio corpo.
• Art. 11, CC: direitos intransmissíveis (não podem ser objeto de alienação – ex.: compra e venda da honra/corpo de
alguém) e irrenunciáveis (não pode renunciar sua condição humana);
o São imprescritíveis: mesmo não os exercendo, não vão sumir com o tempo ou cair em desuso;
­ Obs.: o direito de pleitear dano ao direito de personalidade prescreve (perda de direito de
agir/pretensão);
o São absolutos: dever da coletividade de respeitar os seus direitos – existe o sujeito passivo universal,
relacionado aos direitos difusos;
o São indisponíveis: têm seu exercício previsto (limitado pelo legislador) e não dá para fazer o que quiser com
eles (não pode dispor deles como bem quiser – prevê toda e qualquer regra que não seja a determinada pelo
legislador);
o São imensuráveis: não podem ser medidos por valor patrimonial (não é alienável), apesar de haver
possibilidade de ceder parte deles por uma quantia.
• Art. 12, CC: Tutela Geral
o o próprio titular da personalidade pode requerer que cesse lesão ou perigo de lesão, os direitos de
personalidade (caput);
o no caso do morto, parente em linha reta (qualquer um) ou parentes colaterais (até 4º grau)

• Art. 20, CC: Tutela de Imagem ou Honra


o Neste caso, somente a própria pessoa pode requerer;
o Em caso de estar morto, somente o cônjuge e parentes ascendentes e descendentes em linha reta.
• Art. 13, CC: Direito ao próprio corpo
o Defeso: proibido/vedado (ex.: body modification/wannabes);
o Em tese, limita a disposição do próprio corpo.
­ Disposição permanente: vedação ao automutilamento;
­ Proibição de alteração no corpo que contraria “os bons costumes”.
• Art.14, CC: Disposição gratuita do corpo após a morte
o A disposição do corpo no todo ou em parte, para fins científicos ou altruísticos;
o Pode ser revogado a qualquer momento;
o Direitos Antecipados de Vontade (DAV): a pessoa declara antecipadamente tratamento ou destino do próprio
corpo em iminência de morte (morte cerebral/estado vegetativo), nomeando uma pessoa, que não seja
familiar, para realizar sua vontade.
­ Ver: lei nº 8.501/1992 (doação do seu corpo).
• Art. 15, CC: Direito a negar receber tratamento médico.
o Não pode haver constrangimento a submeter, com risco de vida, tratamento médico ou a intervenção
cirúrgica.
­ Ex.: transfusão sanguínea e testemunhas de jeová.
• Art. 16, CC: Direito ao nome
o Constituição do nome: prenome + sobrenome
o Engloba nome civil e nome social
o Ver: lei 6.015/1973 (LRP)
• Art. 17, CC: Vedação ao uso de nome em publicações vexatórias;
• Art. 18, CC: Proibição de utilização de nomes, sem autorização, em propagandas comerciais (pessoas físicas e
jurídicas);
o Publicidade: anúncio de produtos e serviços visando o lucro;
o Propaganda: anúncio ideológico isenta de lucratividade genérica.
• Art. 19, CC: Pseudônimo
o O apelido goza das mesmas proteções que se dá ao nome;
o Necessita que tal pseudônimo seja de amplo reconhecimento em sua comunidade/sociedade;
o Inclusive, pode-se incorporar o pseudônimo ao nome, de forma oficial;
o Exemplos:
­ Lula (Luiz Inácio Lula da Silva)
­ Xuxa (Maria da Graça Xuxa Meneghel)
• Art. 20, CC: Qualquer uso de nome/imagem de um sujeito necessita de sua autorização para aquela finalidade
específica.
o Em caso de mortos ou ausentes, somente cônjuges, ascendentes ou descendentes podem autorizar.
• Art. 21, CC: Inviolabilidade da vida privada
o Mesmo para pessoas públicas, sua vida privada não pode ser violada. Exceções à regra, caracterizadas por
ser uma pessoa pública será destacada no ajuizamento da ação específica.
o Ver: Marco Civil da Internet (lei 12.965/2014), Arts. 19 e 21, caput:

Art. 19: “Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e


impedir a censura, o provedor de aplicações de internet somente
poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de
conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica,
não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos
do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o
conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições
legais em contrário.”

Art. 20: “O provedor de aplicações de internet que disponibilize


conteúdo gerado por terceiros será responsabilizado
subsidiariamente pela violação da intimidade decorrente da
divulgação, sem autorização de seus participantes, de imagens, de
vídeos ou de outros materiais contendo cenas de nudez ou de atos
sexuais de caráter privado quando, após o recebimento de
notificação pelo participante ou seu representante legal, deixar de
promover, de forma diligente, no âmbito e nos limites técnicos do
seu serviço, a indisponibilização desse conteúdo."
PESSOA JURÍDICA
CONCEITO E TIPOS

• O instituto da Pessoa Jurídica é uma ficção legal, dado que é uma criação artificial da lei para exercer direitos
patrimoniais e facilitar a função de certas entidades;
• Tipos de PJ:
o Pessoa Jurídica de direito público interno: são os órgãos, autarquias e entes públicos e o Estado (União,
Unidades da Federação e Municípios) – Art. 41;
­ As PJ de direito público interno, em relação aos seus agentes públicos em exercício funcional, são
responsáveis por suas ações, ou seja, a PJ responde pelos atos de seus agentes e/ou prepostos.
o Pessoa Jurídica de direito público externo: são os Estados-nações e associações internacionais (ONU,
Interpol, UE, Mercosul);
o Pessoa Jurídica de direito privado: leva-se em conta a natureza da atividade, a origem de seus recursos
financeiros, a forma como foram criadas e a sua finalidade.
­ Exemplo: associações, fundações, sociedades, organizações religiosas, partidos políticos...

CARACTERÍSTICAS

• Art. 49 – Princípio da separação patrimonial


o A PJ possui esfera patrimonial própria, não se confundindo com a esfera patrimonial dos seus sócios;
o A principal finalidade é segregar a PJ de seus associados.
• Art. 45 – Nascimento da PJ
o Tem início com o arquivamento do ato constitutivo (contrato/estatuto) no órgão regulatório competente;
o Órgãos regulatórios competentes:
­ Junta Comercial (estadual): empresários (para PJ que visem lucros);
­ Registro Civil de Pessoas Jurídicas (RCPJ): fundações (para PJ que não visem lucros);
­ Registro Suis Generis (OAB): Associações de advogados (escritórios de advocacia).
• Art. 46 – Regulação da PJ
o No ato de registro da PJ, deve-se atentar para que nele conste denominação, fins, sede, tempo de duração,
fundo social (quando houve); o nome da PJ, bem como outros critérios obedecidos nos incisos deste artigo.
• Art. 50 – Desconsideração da Pessoa Jurídica
o Tal ato permite o credor tirar o “véu de proteção” da PJ e direcionar aos sócios, quando os bens destes se
confundirem com os bens daquela, com o objetivo de driblar a fiscalização e saldo de débitos financeiros,
pela via do artigo 49;
o Os abusos da PJ podem ser caracterizados por duas situações:
­ Confusão patrimonial: quando os bens do sócio se confundem com os bens da PJ;
­ Desvio de finalidade: ausência de separação entre os patrimônios.
o Admite-se o inverso: não encontrar bens na PJ, mas a realidade é que está com seus sócios;
o Diante desses fatos, o juiz, a pedido do credor, desconsidera a Pessoa Jurídica e impõe aos sócios o
pagamento das dívidas da PJ (vice-versa).

ASSOCIAÇÕES

• Art. 51 – Conceito
o As associações são a união de pessoas naturais em uma pessoa jurídica, com os fins não econômicos;
o Sendo assim, tem-se características gerais entre elas:
­ Não pode visar lucro;
­ Não há relações recíprocas entre os sócios, nenhum associado pode exigir coisa alguma entre eles,
somente pela administração.
o Exemplo: Clubes de futebol;
• Art. 54 – Estabelece condições para a manutenção de estatuto (temas obrigatórios);
• Art. 55 – Não há diferenciação entre os associados, salvo com a previsão no estatuto;
• Art. 56 – O título de associado é intransmissível, salvo com a previsão no estatuto;
• Art. 57 – Exclusão de associado
o É necessário a observância do devido processo legal, ou seja, direito a ampla defesa e contraditório, bem
como a previsão do procedimento no estatuto da associação.
• Art. 60 – A assembleia deliberativa é convocada por, no mínimo, 1/5 dos associados;
• Art. 61 – Dissolução de associações
o O encerramento se dá pelo cancelamento do registro (liquidação), caracterizando a “morte” da associação;
o O patrimônio remanescente da associação destina-se a uma outra associação prevista no estatuto ou, sendo
o estatuto omisso quanto a isso, ao que seja deliberado por assembleia de dissolução dos sócios;
o Após a dissolução, cada sócio recebe a sua quota devida;
o Se o estatuto previr, as doações podem ser retornadas;
o Caso não haja previsão no estatuto, deliberação pela assembleia de dissolução ou associações congêneres
existentes, os bens dessa associação dissolvida são incorporados ao patrimônio público.

FUNDAÇÕES

• Art. 62 – Conceito
o As fundações são PJ que reúnem bens que podem ser destinados a uma finalidade específica;
o Elas são cumpridas (atingem a sua finalidade) na pessoa de um administrador;
o Exemplo: fundações para ajudar crianças têm que dispor dos bens somente para essa finalidade.
• Art. 63 – Caso não seja possível a criação da fundação com os bens ofertados, eles serão remanejados a uma fundação
congênere;
• Art. 64 – Após a constituição da fundação, o instituidor é obrigado a transferir a propriedade ou outro direito real
para ela, sob pena de registro obrigatório por mandado judicial;
• Art. 65 – Estatuto
o O estatuto da fundação se dá logo após a instituição dela, submetendo-a a aprovação do juiz;
o O MP assumirá a confecção do estatuto, caso o prazo tenha expirado;
o A responsabilidade do MP é de cada estado onde se situa a fundação (art. 66);
o É necessário um parecer do MP para a alteração do estatuto (art. 67);
o Caso a alteração no estatuto não for aprovada em votação unânime, ela é submetida ao MP para que seja
dada a ciência à minoria vencida, para uma possível contestação, no período de 10 dias (art. 68);
• Art. 69 – Em caso de a finalidade a que visa a fundação tornar-se ilícita, impossível ou inútil, a dissolução do
patrimônio, salvo disposição contrária no estatuto, acontecerá por promoção do MP a distribuição dos bens.
DOMICÍLIO
CONCEITO

• Art. 70 – Toda pessoa precisa ter um endereço/local onde precisa ser encontrada.
o Domicílio é o centro das relações jurídicas da pessoa, no qual estabelece residência com ânimo definitivo
(elemento objetivo + subjetivo);
o Residência não é um estabelecimento de centro jurídico em que não há ânimo definitivo.

TIPOS

• Art. 71 – Mais de um domicílio voluntário (poder de escolha)


o Para pessoas que levam a vida jurídica a vários lugares;
o Alternação de domicílio;
o Domicílio legal: a justiça determina.
• Art. 72 – Domicílio laboral
o Usado para fins de trabalho (somente assuntos vinculados a ele);
o Em caso de múltiplos domicílios laborais, considera-se somente às atividades relacionadas a eles.
• Art. 73 – Domicílio da Pessoa Natural
o Caso não tenha domicílio habitual, este será onde a pessoa natural for encontrada.
• Art. 75 – Domicílio da Pessoa Jurídica
o Da União: o Distrito Federal;
o Dos estados e territórios: suas respectivas capitais;
o Dos municípios: lugar onde está localizado sua administração principal (prefeitura);
o Das demais PJ: local onde funcionarem.
• Art. 76 – Domicílio necessário/legal
o Neste caso, a lei determina onde será o domicílio da pessoa;
o Do incapaz: no domicílio de seu representante legal;
o Do servidor público: no local onde exercer permanentemente suas funções;
o Do militar: na Organização Militar onde estiver servindo (no caso do militar da MB ou da FAB, será a sede
do comando a que estiver imediatamente subordinado);
o Do marítimo: onde o navio estiver matriculado;
o Do preso: no local onde estiver cumprindo a sentença.
• Art. 77 – Domicílio do diplomata
o O diplomata que estiver no estrangeiro, alegando sua extraterritorialidade, sem a designar a residência sua
residência no seu país, será considerado seu domicílio o Distrito Federal ou o último ponto do território
brasileiro onde esteve.
• Art. 78 – Cláusula de foro/foro de eleição para cumprimento de deveres e obrigações
o Em contratos, pode-se nomear um domicílio específico para cumprimento de deveres e obrigações;
o Casos de empresas com sede, também estão inseridas nesta situação.
BENS JURÍDICOS
DEFINIÇÃO

• Se não for pessoa, o ente é considerado um bem;


• Bem é uma espécie de coisa que tem utilidade ou finalidade útil;
• Os bens são objetos das relações jurídicas;
• Os bens jurídicos são subdivididos em duas características principais:
o Bens jurídicos considerados em si mesmos: em relação a si mesmo;
o Bens jurídicos reciprocamente considerados: em relação ao outro;
o Bens públicos: bens das pessoas públicas.

PATRIMÔNIO

• O patrimônio da pessoa é composto por relações jurídicas e a titularidade de determinados bens;


o O patrimônio é um complexo de relações materiais de uma pessoa.
• Teoria Subjetiva
o Toda pessoa tem um patrimônio próprio e apenas uma esfera de patrimônio próprio;
o Vincula o patrimônio a ideia de esfera jurídica própria.
• Patrimônio de afetação
o Parcela de patrimônio para vincular a determinado objetivo;
o Destacado como um fundo de garantia;
o É desvinculado do patrimônio da pessoa (natural ou jurídica) e não fica disponível a ela, pois é destinado
como um fundo garantidor para um objetivo específico, sendo retornado ao patrimônio da pessoa somente
quando cumprido o objetivo garantido.

BENS JURÍDICOS CONSIDERADOS EM SI MESMOS

• Art. 79 – bens imóveis, bens móveis e bens semoventes


o Bens imóveis: que são anexados ao solo/ não pode se mover (compreende o próprio solo e tudo incorporado
a ele, seja de maneira natural ou artificial);
­ Não deixam de ser bens imóveis (art. 81):
1. Estruturas retiradas do solo destinadas a outro lugar, sem prejuízo de sua estrutura.
Conservam-se mesmo durante o processo de remoção (Ex.: chafariz trocado de lugar);
2. Materiais que integram uma estrutura imóvel separados para serem reintegrados a ela (Ex.:
janela, azulejos).
­ Consideram-se bens imóveis legais (art. 80):
1. Direitos reais sobre objetos imóveis e ações que lhe assegurem¹ (EX.: hipoteca, direito de
compra e venda);
2. Sucessão aberta: herança, como conjunto de bens e o direito à herança (direito hereditário).
o Bens móveis: podem se movimentar com auxílio do ser humano (sem comprometer sua estrutura);
­ Art. 82 – Os bens móveis suscetíveis de movimento por força alheia (sem alteração a substância ou
destinação econômica-social) – substância ou finalidade (compreende estrutura e utilidade);
­ Antes de considerar bem imóveis, os bens móveis preservam suas características (art. 84);
­ Após retirados dos bens imóveis, os bens móveis são considerados quando destinados à demolição
ou preserva (art. 84);
­ Consideram-se bens móveis legais (art. 83):
1. Energia com valor econômico (Ex.: energia elétrica):
2. Direitos reais sobre os objetos móveis² (Ex.: penhor, locação de bens móveis);
3. Direitos pessoais de caráter patrimonial: te a possibilidade de ser cedido, trocado ou
negociado (Ex.: direito de crédito).
o Bens semoventes: bens móveis com força motora própria (Ex.: animais de carga);

¹ os direitos reais sobre imóveis se referem a direitos legais que uma pessoa tem em relação a bens imóveis.
² os direitos reais sobre objetos móveis referem-se aos direitos legais que uma pessoa pode ter sobre bens móveis.
• Art. 85 – bens fungíveis e infungíveis
o Bens fungíveis: bens móveis que podem ser substituídos por um de uma mesma espécie, qualidade e
quantidade (Ex.: dinheiro, microfone);
o Bens infungíveis: bens móveis que não podem ser substituídos;
o A fungibilidade dos bens depende da subjetividade das partes e passa por um critério objetivo e subjetivo
(por um valor sentimental);
o As partes, porém, podem determinar a fungibilidade para determinada finalidade.
• Art. 86 – bens consumíveis e inconsumíveis
o Bens consumíveis: importa na destruição imediata da própria substância;
­ São bens autoexecutáveis (usados somente uma vez);
­ Seu uso natural importa na sua destruição.
o Bens inconsumíveis: os demais bens que não sofrem destruição imediata com o seu uso.
• Art. 87 – bens divisíveis e indivisíveis
o Bens divisíveis: pode-se fracioná-lo sem alteração na sua substância;
­ Qualquer bem que pode ser dividido e sendo usado sem perder a sua qualidade (Ex.: dinheiro,
cimento, areia);
­ Admite-se, no máximo, uma pequena perda e valor.
o Bens indivisíveis: se for fracionado há perda de valor e qualidade.
o Bens naturalmente indivisíveis podem tornar-se divisíveis por determinação da lei (Ex.: conjunto de joias
que só pode ser vendido em conjunto)
• Art. 88 – bens singulares e coletivos
o Bens singulares: bens que, fazendo parte de outros, podem ser separados e considerados por si próprio (Ex.:
livros que fazem parte de uma biblioteca; CD que fazem parte de uma coletânea);
o Bens coletivos: conjunto de bens individuais reunidos (Ex.: biblioteca, coletânea de CD).
• Art. 90 – universalidade
o Definida como uma reunião de bens;
o Universalidade de fato: ideia de bem coletivo (conjunto de bens singulares que podem ser doados,
destacados e vendidos por si próprio, em relação a uma determinada pessoa.
­ São passíveis de serem alienados sem a necessidade de serem vendidos em conjunto.
o Universalidade de direito: conjunto de relações jurídicas (Ex.: patrimônio).

BENS JURÍDICOS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS

• Art. 92 – bem principal e acessório


o Bem principal: considerado nele próprio;
o Bem acessório: sua existência supõe a do principal (tem uma função secundária);
o O destino do bem acessório tem o mesmo destino do bem principal;
o Exemplo: piloto (bem principal) e a tampa de piloto (bem acessório) / aparelho de ar-condicionado (bem
principal) e controle remoto do aparelho (bem acessório);
o Art. 93 – As pertenças não são partes integrantes do bem principal, mas vai permitir o embelezamento ou
complemento dele (Ex.: sofá em relação a casa) – não tem a vinculação destinada ao bem principal;
o Art. 94 – No negócio jurídico, as pertenças não acompanham, salvo se estipulado em acordo.
• Art. 95 – frutos e produtos
o Frutos: nascem/decorrem da coisa principal e se renovam por natureza (Ex.: legumes, frutas);
o Produtos: nascem/decorrem da coisa principal e não se renovam (Ex.: minério, petróleo).
• Art. 96 – benfeitorias
o São obras, acréscimos e melhorias que se fixam no bem principal;
o Benfeitorias voluptuárias: embelezam o bem principal (Ex.: escultura numa casa; envelopamento fosco no
carro);
o Benfeitorias úteis: aumentam ou facilitam o uso do bem – melhoramentos (Ex.: teto solar na casa; sistema de
som no carro)
o Benfeitorias necessárias: permitir o funcionamento do bem principal, bem como conservar ou impedir a sua
deterioração (Ex.: reparo do encanamento da casa; troca do motor do carro).
BENS PÚBLICOS

• Art. 98 – classificação quanto a quem tem a titularidade desses bens


• Os bens de pessoas públicas são públicos.
• Bens de uso comum: não encontram limitação específica para a sua utilização (art. 99);
• Bens de uso especial: está destacada a uma determinada função pública (art. 99);
o Determinado à finalidade a qual está destinado.
• Bens dominicais/dominiais: todos os outros bens que não pertencem aos bens de uso comum e não têm destinação
própria/específica, mas pertencem às pessoas de direito público (art. 99);
• Art. 100: os bens comuns e de uso especial não podem ser alienados (compra, venda e doação);
• Art. 101: bens dominicais podem ser alienados;
• Art. 102: bens públicos não estão sujeitos a usucapião;
• Art. 103: pode haver cobrança para o acesso aos bens públicos de uso comum (mediante estabelecido legalmente
pela administração).

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