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DIREITO CIVIL – PARTE GERAL

→ Pessoa e personalidade:
- Pessoa: É o titular de relações jurídicas. É o sujeito que pode adquirir direitos e
contrair deveres na ordem civil. É todo ser humano, como: recém-nascido, criança,
adolescente, idoso, absolutamente incapaz, relativamente incapaz, ou seja, todo ser
humano nascido com vida.

- Quem pode ser sujeito de relações jurídicas?


1) Pessoa natural: É o ser humano, sem discriminação de qualquer natureza como:
idade, sexo, raça, nacionalidade, saúde, etc.
2) Pessoa jurídica.

- Personalidade: É a aptidão que toda pessoa tem de adquirir Direitos e contrair


Deveres na ordem civil. Toda pessoa é dotada de personalidade.
- No Brasil, toda pessoa, independentemente de qualquer distinção (sexo, idade, raça
etc), é capaz de adquirir direitos e contrair deveres na ordem civil = Personalidade.
- O art. 1° do CC não trata da forma como a pessoa vai exercer os seus direitos e
deveres, mas sim da possibilidade de adquiri-los. Se a pessoa vai precisar da assistência
ou representação de alguém para exercer os seus direitos e deveres já é uma questão de
“capacidade”.
- Art. 1°: Toda pessoa é capaz de adquirir direitos e deveres na ordem civil.
- CAPAZ = CAPACIDADE DE DIREITO = Aptidão que toda pessoa tem para adquirir
direitos e deveres na ordem civil.
- Ex: Uma criança de 3 anos que recebe um imóvel em doação, ela adquire direitos e
contrai obrigações em relação ao imóvel.
→ Direito: de propriedade.
→ Dever: obrigação de pagar o IPTU.

- O art. 1° do CC determina que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem


civil, em momento algum está especificado que toda pessoa será capaz de exercer esses
direitos e deveres.
- Capacidade de direito ou de gozo = Toda pessoa tem.
- Capacidade de fato ou de exercício = Somente têm aqueles que podem exercer
pessoalmente seus direitos e deveres.
- Capacidade plena = Capacidade de direito ou de gozo + Capacidade de exercício ou
de fato.

- Nascituro: Art. 2° → A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida;


mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. É o ser concebido de
seres humanos, mas que ainda não nasceu, ainda está no ventre materno.

- Teorias sobre o início da personalidade civil:


1) Teoria Natalista: Quem a defende entende que a personalidade civil da pessoa
somente se inicia após o seu nascimento com vida, conforme determina o início do art. 2°
do CC quando diz: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida(…)”.
Segundo a teoria, o ser somente poderá ser considerado uma pessoa após o seu
nascimento com vida, quando poderá adquirir direitos e deveres na ordem civil. Enquanto
está no ventre materno, o nascituro não adquire direitos e deveres na ordem civil.
A Teoria Natalista reconhece que a lei assegura direitos ao Nascituro, pois o próprio
art. 2° do CC é claro ao afirmar que: “a lei põe a salvo desde a concepção os direitos do
nascituro”. No entanto, a Teoria Natalista reconhece que esses direitos assegurados ao
nascituro seriam apenas alguns direitos da personalidade, tais como: vida, integridade
física, saúde etc.
Sendo que a Teoria Natalista exclui, dos nascituros, os direitos patrimoniais, tais
como: direito de propriedade, de receber herança, danos morais, receber seguro etc.

2) Teoria Concepcionista: Defende que o nascituro já adquire a personalidade civil


desde a concepção. O nascituro já teria adquirido direitos desde o momento da
concepção, somente alguns efeitos desses direitos é que aguardariam ele nascer com
vida, em especial os direitos materiais tais como propriedade e herança.

- O nascituro pode adquirir direitos patrimoniais como ser proprietário de uma casa ou
de um carro, ou então receber uma herança ou uma doação?
R: Não. Tanto a Teoria Natalista quanto a Teoria Concepcionista concordam que para
ser titular e adquirir direitos patrimoniais materiais, a pessoa deverá nascer com vida.
→ Manifestação da Vontade na Capacidade Plena:
- Manifestar a vontade é quando a pessoa, ao realizar contratos, negócios jurídicos de
acordo com os seus interesses, desde que estejam dentro dos limites impostos pela
norma.
Ex: Se eu for comprar uma casa, eu posso escolher em qual bairro vou comprar, qual o
tamanho da casa, qual o valor que pretendo pagar, em quantas parcelas vou pagar etc.

- Capacidade plena: Na capacidade plena, a pessoa realiza todos os atos da vida civil,
sem a ajuda de um assistente ou de um representante.

- Incapacidade absoluta: Art. 3° do CC → São os menores de 16 anos.


* Possui capacidade de direito ou de gozo;
* Não possui capacidade de exercício ou de fato.
* Na incapacidade absoluta, o incapaz não pode manifestar sua vontade, que será
manifestada pelo seu representante.
* Quem pode ser os representantes?
R: Os pais (art. 1634 do CC) e os tutores (art. 1728 do CC).

- Incapacidade relativa: Art. 4° do CC.


* São os:
I – Maiores de 16 e menores de 18 anos (serão assistidos pelos seus pais ou
tutores);
II – Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos (serão assistidos por seus
curadores);
III – Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade (serão assistidos por seus curadores);
IV – Os pródigos (serão assistidos por seus curadores).

* Possui capacidade de direito ou de gozo;


* Possui capacidade de exercício ou de fato limitada.
* Na incapacidade relativa, o relativamente incapaz pode manifestar a sua vontade,
mas deverá ser assistido pelo seu assistente.
* Quem pode ser os assistentes?
R: Os pais (art. 1634 do CC), os tutores (art. 1728 do CC) e os curadores (art.
1767 do CC).

- Cessação da Incapacidade: Art. 5° do CC.


* A menoridade cessa aos 18 anos completos, quando a pessoa fica habilitada à
prática de todos os atos da vida civil.
* 18 anos = Adquire-se a maioridade no primeiro minuto do dia de seu aniversário de
nascimento e cessa para ela a incapacidade, podendo exercer todos os atos da vida civil
sem a ajuda de um Representante ou de um Assistente, adquirindo, assim, a capacidade
plena.
* Aos 18 anos a pessoa atinge a Capacidade Plena, que é a Capacidade de Direito
mais a Capacidade de Exercício.

→ Emancipação: §único do art. 5° do CC.


- Emancipação é a antecipação da capacidade civil antes de a pessoa atingir a
maioridade, ou seja, antes dos 18 anos completos.
- Tipos:
* Emancipação Voluntária;
* Emancipação Judicial;
* Emancipação Legal.

- Emancipação Voluntária:
* Requisitos:
I – Vontade dos pais;
II – Vontade do menor;
III – Realizada no cartório, por instrumento público;
IV – Independe de homologação judicial;
V – O menor precisa ter 16 anos completos.

- Emancipação Judicial:
* Requisitos:
I – O menor possui um tutor;
II – O menor precisa ter 16 anos completos;
III – O juiz ouvirá o tutor;
IV – A emancipação é conferida pelo juiz, por sentença.

- Emancipação Legal:
* Requisitos:
I – Casamento;
II – Exercício de emprego público efetivo;
III – Colação de grau em ensino superior;
IV – Desde que o menor, com 16 anos completos, tenha economia própria em função
de: estabelecimento civil, comercial ou relação de emprego.

→ Extinção da Personalidade Natural: A morte extingue a personalidade civil da


pessoa.
- Morte Real (Art. 6° do CC): Se dá pela existência de um corpo.
* A prova da morte real se dá pela Certidão de Óbito.
* Quais as consequências da extinção da personalidade natural?
I – Extingue-se a obrigação de pagar pensão alimentícia;
II – Extingue-se os contratos personalíssimos;
III – Dissolve-se o vínculo conjugal;
IV – Extingue-se o usufruto etc.
- Morte Presumida: Não possui um corpo. Tipos:
* Morte presumida com decretação de ausência (art. 6° segunda parte com art. 37 do
CC):
. Presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura
de sucessão definitiva.
. Quando a pessoa desaparece e não deixa notícias, é aberto um processo judicial
de ausência, que possui 3 fases:
a) Curadoria;
b) Sucessão Provisória;
c) Sucessão Definitiva.

. Somente após aberta a Sucessão Definitiva vai ser presumida a morte da pessoa.

* Morte presumida sem decretação de ausência (art. 7° do CC):


. Situações:
I – Se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida (exs:
acidente de avião; catástrofe como o 11 de setembro; tsunami; acidente de helicóptero;
etc).
II – Se alguém desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado
até 2 anos após o término da guerra (ex: prisioneiro de guerra).

. A declaração da morte presumida somente poderá ser requerida depois de


esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do
falecimento.

* Da reversibilidade da decretação da morte presumida: A decisão de morte presumida


pode ser reversível se for encontrada a pessoa; ou o momento da morte pode ser revisto
se for encontrado o corpo da pessoa.

→ Comoriência: Também é conhecida como morte simultânea (ex: Acidente de avião;


acidente de carro, etc).
- Premoriência: Quando uma pessoa morre antes da outra.
- Pós-moriência: Quando uma pessoa morre após a outra.
- Art. 8° do CC: Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão
simultaneamente mortos.
- A comoriência somente tem importância jurídica quando se discute transferência de
direitos entre os comorientes, ou herança, pois não há transmissão de direitos entre os
comorientes.

→ Direitos da Personalidade: São os direitos inerentes ao próprio ser humano


(pessoa).
- Exs: Propriedade de uma casa; direito de crédito etc.
- São os direitos que dizem respeito aos atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa,
como, por exemplo: vida; liberdade; honra; integridade física; nome; intimidade etc.
- Direito da Personalidade é o direito que a pessoa tem de defender os seus direitos de
existência, de defender seu direito à vida, à integridade física, à integridade moral, à
dignidade etc. É um direito subjetivo.
- Todo ser humano possui os direitos da personalidade como razão da sua própria
existência, por esse motivo, não podemos confundir os direitos da personalidade com os
direitos patrimoniais, que a pessoa pode ou não adquirir.
- Art. 11 do CC: Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade
são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação
voluntária.
- Atributos:
a) Intransmissíveis: Os direitos da personalidade não podem ser transferidos para
outras pessoas. Nascem e se esgotam com a própria pessoa (ex: Não posso transmitir
minha identidade para outra pessoa, pois minha identidade é intransmissível).
b) Irrenunciáveis: Os direitos da personalidade são irrenunciáveis porque o seu titular
não pode abdicar desses direitos (ex: Não posso renunciar a minha filiação por não gostar
de meus pais, pois a filiação é irrenunciável).
c) Ilimitados: Os direitos da personalidade são ilimitados porque não existe um número
certo de direitos da personalidade, por esse motivo eles não podem ser quantificados.
d) Absolutos: Os direitos da personalidade são absolutos, são oponíveis erga omnes.
Espera-se um comportamento negativo das outras pessoas, e do próprio Estado, quanto
ao respeito e proteção aos direitos da personalidade (ex: Todos devem respeitar os
direitos da personalidade, por esse motivo o pai não tem o direito de tirar a vida de um
filho).
e) Extrapatrimoniais: Os direitos da personalidade não estão inseridos na esfera
patrimonial da pessoa, não estão sujeitos a valores ou aferição econômica (ex: Não se
pode valorar a vida ou a honra de uma pessoa).
f) Impenhoráveis: Os direitos da personalidade são impenhoráveis pois são
extrapatrimoniais e, portanto, são insuscetíveis de valoração econômica.
g) Indisponíveis: Os direitos da personalidade são indisponíveis porque a pessoa não
pode dispor da forma que bem entender dos seus direitos de personalidade (ex: Não
posso doar o meu coração para um filho, porque o meu direito a vida é indisponível).
h) Imprescritíveis: Os direitos da personalidade são imprescritíveis porque podem ser
exercidos a qualquer tempo, não se extinguem pelo seu uso, nem pela sua inércia (ex:
Mesmo que eu tiver 50 anos de idade, tenho o direito de ajuizar uma ação de investigação
de paternidade para reconhecer a minha filiação).
i) Vitalícios: Os direitos da personalidade são vitalícios já que acompanham a pessoa
do seu nascimento até o momento da sua morte.
* OBS 1: Alguns direitos da personalidade persistem mesmo após a morte da
pessoa, como por exemplo o direito a honra e a imagem.
* OBS 2: Alguns direitos da personalidade, também, surgem antes do nascimento, no
caso da proteção ao nascituro.

- Proteção aos Direitos da Personalidade:


* Art. 12 do CC: Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da
personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em
lei.
* Medidas:
a) De natureza PREVENTIVA (ex: Impedir a publicação de uma biografia não
autorizada).
b) De natureza COMINATÓRIA (ex: Imposição de multa diária para cada dia em que
for veiculado um vídeo na internet).
c) De natureza REPRESSIVA (ex: Suspender a inscrição do nome da pessoa no
SERASA).

* Medidas judiciais CF: Ex: Habeas Corpus, Habeas Data, Mandado de Segurança,
Mandado de Injunção.

→ Disposição do próprio corpo em vida: A integridade física é um direito da


personalidade e, portanto, é indisponível e irrenunciável. A integridade física é tutelada
pelo Estado.
- Art. 13 do CC: Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio
corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os
bons costumes.
- Art. 13, §único do CC: O ato previsto neste artigo será admitido para fins de
transplante, na forma estabelecida em lei especial.

→ Princípio da Autonomia da Vontade:


- Art. 15 do CC: Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
- Testamento vital: É um instrumento utilizado para determinar a vontade da pessoa
quanto ao seu tratamento médico. Pode ser feita por instrumento público ou particular.

→ Disposição do próprio corpo após a morte:


- Art. 14 do CC: É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do
próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
* Exemplos de fins científicos: Doação do corpo para uma universidade; para um
laboratório etc.
* Exemplos de fins altruísticos: Doação de órgãos.

- Art. 14, §único do CC: O ato de disposição pode ser revogado a qualquer tempo.

→ Nome da pessoa: O nome da pessoa é um direito da personalidade (direito


fundamental). O nome é a forma de individualizar a pessoa perante o Estado e a
Sociedade.
- O nome tem 2 aspectos:
a) Aspecto público: O nome é o meio que o Estado tem de identificar a pessoa para lhe
conferir direitos e deveres;
b) Aspecto individual: O nome é a forma como a própria pessoa vai ser individualizada
e identificada perante as demais pessoas. A pessoa exercerá seus direitos e deveres por
meio de seu nome.
- Prenome:
* Simples: João; Pedro; Maria etc.
* Composto: João Paulo; Pedro José; Maria Clara etc.

- Sobrenome:
* Simples: Pereira; Silva etc.
* Composto: Pereira Gonçalves; Souza da Silva etc.

- Agnome: Distingue as pessoas que possuem o mesmo nome e que pertencem a


mesma família (ex: filho; neto; Júnior etc).
- Alteração do nome: O sobrenome é mais difícil de ser alterado, porque o sobrenome
pertence à família; já o prenome pertence a própria pessoa, então é mais fácil de ser
alterado.
* A Lei 14.382/2022 alterou o art. 56 da Lei 6.015/73: Art. 56 → A pessoa registrada
poderá, após ter atingido a maioridade civil, requerer pessoalmente e imotivadamente
a alteração de seu prenome, independentemente de decisão judicial, e a alteração
será averbada e publicada em meio eletrônico.
§1°: A alteração imotivada de prenome poderá ser feita na via extrajudicial apenas 1
vez, e sua desconstituição dependerá de sentença judicial.

- Prenome que exponha a pessoa ao ridículo: O art. 55, §1° da Lei 6.015/75 determina
que os oficiais do registro civil não registrarão prenomes suscetíveis de expor ao ridículo
os seus portadores.
- Erro de grafia: O art. 110, I da Lei 6.015/73 determina que os oficiais do registro
deverão corrigir o nome da pessoa se houver evidente erro de grafia.
- Homonímia: Ocorre quando existem muitas pessoas com o mesmo nome (pode alterar
o nome nesses casos). O art. 55, §3° da Lei 6.015/73 determina que o oficial de registro
deverá orientar os pais, no momento de registrar o nome dos filhos, para acrescentar
sobrenomes de família, a fim de se evitar a homonímia. A pessoa pode pedir a alteração
de seu prenome diretamente no Registro Civil.
- Apelidos públicos e notórios: O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua
substituição por apelidos públicos e notórios.
- Nome na adoção: O art. 47, §5° do ECA previu a possibilidade de alteração do
prenome do adotado durante a menoridade, caso haja requerimento do adotado ou de
qualquer dos adotantes.
- Alteração de prenome por coação ou ameaça: Art. 58, §único da Lei 6.015/73 → A
substituição do prenome será ainda admitida em razão de, por determinação, fundada
coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime em
sentença, de juiz competente, ouvido o MP.
- Nome social: A pessoa transgênero, maior de 18 anos, poderá requerer diretamente
ao Registro Civil das Pessoas Naturais a alteração de seu prenome a fim de adequá-lo à
identidade autopercebida.
- Alterações de sobrenome: O sobrenome pertence à família da pessoa. A Lei 14.382/22
alterou o art. 57 da Lei 6.015/73 e facilitou a alteração do sobrenome da pessoa.
* Art. 57: A alteração posterior de sobrenomes poderá ser requerida pessoalmente
perante no cartório e independe de autorização judicial nos seguintes casos:
I – Para incluir sobrenomes de familiares;
II – Para incluir ou excluir sobrenome de cônjuge, mesmo durante o casamento;
III – Para excluir sobrenome do ex-cônjuge, após a dissolução da sociedade
conjugal;
IV – Para incluir ou excluir sobrenomes em razão de alteração das relações de
filiação, inclusive para os descendentes, cônjuge ou companheiro da pessoa que teve seu
estado alterado.
§1° - Para incluir o nome abreviado, usando como firma comercial registrada ou em
qualquer atividade profissional.
§2° - Para incluir ou excluir o sobrenome do companheiro(a) nos casos de união
estável; nas mesmas hipóteses previstas para as pessoas casadas.
§8° - O enteado ou a enteada, se houver motivo justificável, poderá requerer ao
oficial de registro civil que, nos registros de nascimento e de casamento, seja averbado o
nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que haja expressa
concordância destes, sem prejuízo de seus sobrenomes de família.

- Proteção do nome de uma pessoa natural:


* Art. 17 do CC: O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em
publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não
haja intenção difamatória.
* Art. 18 do CC: Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda
comercial. Não se pode utilizar o nome alheio para vender bens ou serviços, nem para
fins políticos, religiosos, eleitoral, artísticos etc.
* Art. 19 do CC: O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que
se dá ao nome.
→ Ausência: Ocorre a ausência quando uma pessoa desaparece de seu domicílio sem
deixar notícias.
- Art. 22 do CC: Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia,
se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os
bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a
ausência, e nomear-lhe-á curador.
- Fase da Curadoria: Juiz somente vai nomear um curador se a pessoa ausente não
deixou um procurador para administrar os seus bens. Só haverá a fase da curadoria se a
pessoa não deixou um procurador.
- Procurador com poderes insuficientes:
* Art. 23 do CC: Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o
ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato,
ou se os seus poderes forem insuficientes.
* Se a pessoa deixou Procurador, o juiz somente nomeará um Curador se:
a) O procurador não quiser exercer o mandato;
b) O procurador não puder exercer o mandato;
c) Os poderes do procurador forem insuficientes.

- Curador:
* Art. 24 do CC: O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações,
conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos
tutores e curadores.

- Quem será o curador?


* Art. 25 do CC: O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado
judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o
seu legítimo curador.
§1° - Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos
descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
§2° - Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§3° - Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.

- Sucessão Provisória:
* Art. 26 do CC: Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele
deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os
interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
* Quando poderá ser aberta a sucessão provisória?
I – 01 ano = Curadoria.
II – 03 anos = Se o ausente deixou procurador.
* Quem são os interessados na sucessão provisória?
. Art. 27 do CC: Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram
interessados:
I – O cônjuge não separado judicialmente;
II – Os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III – Os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
IV – Os credores de obrigações vencidas e não pagas.

* Curadoria dos bens do ausente:


. Art. 28 do CC: A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só
produzirá efeito 180 dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em
julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos
bens, como se o ausente fosse falecido.

* Os herdeiros devem prestar garantia:


. Art. 30 do CC: Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão
garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos
quinhões respectivos.
§1° - Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia
exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a
administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa
garantia.
§2° - Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia
exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a
administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa
garantia.
* Alienação dos bens do ausente:
. Art. 31 do CC: Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por
desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.
. Alienação dos bens do ausente: 1 – Por ordem judicial;
2 – Para evitar a ruína.

* Quem representará o ausente ativa e passivamente?


. Art. 32 do CC: Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão
representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as
ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas.

* Como ficarão os frutos e rendimentos dos bens do ausente?


. Art. 33 do CC: O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório
do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os
outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos,
segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e
prestar anualmente contas ao juiz competente.
. §Único: Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e
injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.

* Época exata do falecimento do ausente:


. Art. 35 do CC: Se durante a posse provisória se provar a época exata do
falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos
herdeiros, que o eram àquele tempo.

* E se o ausente aparecer?
. Art. 36 do CC: Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de
estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores
nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas,
até a entrega dos bens a seu dono.

- Sucessão Definitiva: O objetivo do processo de ausência é proteger o patrimônio da


pessoa ausente e, ao final, declarar a morte da pessoa. Trata-se de morte presumida.
* Sucessão Definitiva = Declara-se a morte da pessoa.
* Quando se abre a sucessão definitiva?
. Art. 37 do CC: 10 anos depois de passada em julgado a sentença que concede a
abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva
e o levantamento das cauções prestadas.
. Art. 38 do CC: Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que
o ausente conta 80 anos de idade, e que de 5 datam as últimas notícias dele.

* E se o ausente aparecer?
. Art. 39 do CC: Regressando o ausente nos 10 anos seguintes à abertura da
sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes
haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu
lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens
alienados depois daquele tempo.
. Após 10 anos da abertura da Sucessão Definitiva:
1) Terá direito aos bens existentes no estado em que se acharem;
2) Terá direito aos bens sub-rogados em seu lugar;
3) Terá direito ao preço que os herdeiros e demais interessados houverem
recebido pelos bens alienados.

. §Único: Se, nos 10 anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e
nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao
domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas
circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território
federal.

→ Domicílio: É o local onde a pessoa é encontrada, onde ela vai responder por suas
obrigações, exercer seus direitos e celebrar seus negócios jurídicos.
- Art. 70 do CC: O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua
residência com ânimo definitivo.
- Qual a diferença entre residência e moradia?
* Moradia = A pessoa não tem intenção de ficar (ex: Hotel; casa alugada para veraneio;
casa de um amigo etc).
* Residência = A pessoa possui o ânimo definitivo de se estabelecer no local (ex: Casa
onde a pessoa mora).

- Verifica-se que o domicílio tem dois elementos:


a) Objetivo: O lugar, o local.
b) Subjetivo: A intenção de permanecer com ânimo definitivo.

- E se a pessoa tiver diversas residências?


* Art. 71 do CC: Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde,
alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.

- E se a pessoa não tem uma residência habitual?


* Art. 73 do CC: Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência
habitual, o lugar onde for encontrada (exs: Integrantes de circo; cigano; andarilhos etc).

- Domicílio profissional:
* Art. 72 do CC: É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações
concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.

- Domicílio legal: É o domicílio determinado pela lei (art. 76 do CC):


* Incapaz: Domicílio de seu representante;
* Servidor público: O lugar onde exerce suas funções.
* Marítimo: Onde o navio estiver matriculado.
* Militar: Onde servir.
* Preso: Onde cumprir pena.
- Domicílio voluntário:
* Art. 78 do CC: Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio
onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes → As partes
livremente escolhem o domicílio no contrato (domicílio de eleição).

→ Bens Corpóreos: São os bens que têm um corpo; uma existência física; material;
tangível. Temos como tocar, ver, sentir, etc (exs: Caneta; computador; casa; terreno).

→ Bens Incorpóreos: São os bens que não têm existência material; física; tangível;
mas possuem um valor econômico. São bens que não têm existência, apenas jurídica
(exs: Direitos autorais; direito de crédito; direito de usufruto; direito de utilização de uma
marca).

→ Bens Imóveis:
- Art. 79 do CC: São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente.
* Solo e tudo aquilo que se incorporar naturalmente ao solo (ex: árvores, vegetação
etc) ou se incorporar artificialmente ao solo (ex: casa, apartamento etc).

- Bens imóveis por determinação legal:


* Art. 80 do CC: Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I – Os direitos reais sobre imóveis e as ações que os assegurem.
. Os direitos reais sobre bens imóveis seguem a mesma classificação do bem, ou
seja, se o bem for imóvel, o direito real também o será.
. O art. 1.225 do CC especifica alguns tipos de direitos reais, tais como:
Propriedade; usufruto etc.

II – O direito à sucessão aberta (sucessão aberta ocorre quando a pessoa morre,


deixa um patrimônio e esse patrimônio ainda não foi partilhado entre os herdeiros).

- Bens imóveis por determinação legal:


* Art. 81 do CC: Não perdem o caráter de imóveis:
I – As edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem
removidas para outro local;
II – Os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem (exs: telhas; janelas; portas etc).

→ Bens Móveis:
- Art. 82 do CC: São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção
por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
* Bens móveis suscetíveis de movimento próprio: São aqueles que não precisam de
uma força alheia para se movimentarem.
* Semoventes = animais. Os animais se movimentam por conta própria.
* Bens móveis que adquirem movimento por força alheia: São aqueles que precisam
de uma força impulsionadora para adquirir movimento. Eles não conseguem se
movimentar por conta própria.
* Para que um bem seja considerado móvel, não pode haver a perda da substância,
nem da destinação econômico-social, nos termos do art. 82 do CC.

- Bens móveis por determinação legal:


* Art. 83 do CC: Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I – As energias que tenha valor econômico;
II – Os direitos reais sobre móveis e as ações correspondentes (o art. 1.225 do CC
especifica alguns tipos de direitos reais, tais como: propriedades, usufruto etc);
III – Os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações (exs de direitos
pessoais: direito de crédito; direito autoral; direito de uso de marca etc).

* Art. 84 do CC: Determina:


a) Bens que conservam a qualidade móveis:
. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados
(exs: Telha; tijolo; portas de uma casa etc).

b) Bens que readquirem a qualidade de móveis:


. Os materiais de construção provenientes da demolição de um prédio.

→ Bens Fungíveis e Infungíveis:


- Bens Fungíveis:
* Art. 85 do CC: São fungíveis os móveis que podem se substituir por outros de mesma
espécie, qualidade e quantidade (exs: dinheiro; uma caneta; 1 kg de feijão etc).

- Bens Infungíveis: São os bens que não se podem substituir por outro de mesma
espécie, qualidade e quantidade (exs: uma casa; um quadro do Salvador Dalí; um animal
de estimação etc).

- Pode um bem fungível se tornar infungível?


* Sim. Ex: Um livro autografado do Amyr Klink.

- A fungibilidade pode ser aplicada aos bens imóveis?


* Apesar de a fungibilidade ser própria dos bens móveis, como determina o art. 85 do
CC, excepcionalmente, pode ser empregada aos bens imóveis (ex: Contrato de permuta,
no qual um dos contraentes receberá 4 apartamentos em um edifício, sem descrevê-los).

→ Bens Consumíveis e Inconsumíveis:


- Bens Consumíveis:
* Art. 86 do CC: São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata
da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação (exs:
comida; shampoo; combustível etc).
* Bens consumíveis pela própria natureza: O uso importa na destruição imediata da
substância = consuntibilidade natural.
* Bens consumíveis por destinação legal: Aqueles bens destinados à alienação =
consuntibilidade jurídica.
. A vontade da pessoa pode influenciar na consuntibilidade do bem? A resposta é
sim (ex: vela).

- Bens Inconsumíveis:
* São os bens que são reutilizáveis, pois o uso não importa na destruição da
substância (exs: livro; carro; roupa etc).

→ Bens Divisíveis e Indivisíveis:


- Bens Divisíveis:
* Art. 87 do CC: Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua
substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam (ex:
saca de feijão; carregamento de areia; crédito de R$10.000,00 etc).

- Bens Indivisíveis:
* São os bens que não podem ser divididos porque a divisão acarreta alteração na
substância, diminuição do valor ou prejuízo da utilidade.
* Art. 88 do CC: Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por
determinação da lei ou por vontade das partes (exs: servidão; terreno; coleção de quadro;
condomínio etc).

→ Bens Singulares e Coletivos:


- Bens Singulares:
* Art. 89 do CC: São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per
si, independentemente dos demais (ex: Livro).
* Simples: Os componentes do bem fazem parte do bem pela própria natureza (exs:
Cavalo; árvore etc).
* Compostos: Os componentes do bem fazem parte do bem pelo trabalho do homem
(exs: Prédio; computador etc).

- Bens Coletivos:
* Art. 90 do CC: Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares
que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária (exs: Biblioteca; lanchonete
etc).
* Art. 91 do CC: Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas,
de uma pessoa, dotadas de valor econômico (exs: Patrimônio).

→ Bens Reciprocamente Considerados: Devemos classificar um bem em relação a


outro bem.
- Bem Principal e Acessório:
* Art. 92 do CC: Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente;
acessório, aquele cuja existência supõe a do principal (exs: Solo é o principal e a casa
em relação ao solo é o bem acessório).

- Bens Acessórios:
* Acessórios/Acessórios: Seguem a classificação do bem principal (ex: Se uma casa é
considerada imóvel, as janelas dessa casa também serão consideradas imóveis).
* Acessórios/Pertenças: Não seguem o bem principal (ex: Móveis de uma casa).
* Princípio da Gravitação Jurídica: Quando o acessório segue o bem principal.
* Art. 93 do CC: São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se
destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
* Art. 94 do CC: Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não
abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade,
ou das circunstâncias do caso.

→ Frutos e Produtos:
- A diferença entre frutos e produtos é que os frutos se regeneram e os produtos não se
regeneram.
- Os frutos podem ser classificados quanto a sua natureza:
a) Naturais: Aqueles que se regeneram pela própria natureza (exs: maçã; laranja; leite
da vaca etc);
b) Industriais: Se regeneram pela força do homem, da indústria (exs: lápis;
computador; livro etc);
c) Civis: Se regeneram mediante os juros (exs: juros de uma poupança; renda de um
aluguel etc).

- Os frutos podem ser classificados quanto a sua ligação com o bem principal:
a) Colhidos ou recebidos: Aqueles que já foram destacados do bem principal (ex:
Laranja que já foi retirada da laranjeira);
b) Pendentes: Aqueles que ainda estão ligados ao bem principal (ex: A laranja que
ainda está na laranjeira).
c) Percepiendos: Aqueles que ainda estão ligados ao bem principal, mas já deveriam
ter sido colhidos (ex: Um contrato que previa essa colheita e ainda não foi realizada).
d) Consumidos: Aqueles que já foram separados do bem principal, mas já não existem
mais pois foram consumidos (ex: A laranja que já foi retirada do bem principal e já foi
consumida).

- Art. 95 do CC: Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos
podem ser objeto de negócio jurídico.

→ Benfeitorias: Acréscimos e melhoramentos realizados nos bens móveis e imóveis.


- Tipos de Benfeitorias:
* Voluptuárias: De recreio; deleite; enfeite etc.
* Úteis: Melhoram a utilidade do bem.
* Necessárias: Conservar; manter; evitar que se deteriore etc.
- Art. 96 do CC: As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
* Benfeitorias Voluptuárias (art. 96, §1° do CC): São voluptuárias as de mero deleite ou
recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou
sejam de elevado valor (exs: Um coreto no jardim; a pintura em uma parede de uma casa
etc);
* Benfeitorias Úteis (art. 96, §2° do CC): São úteis as que aumentam ou facilitam o uso
do bem (exs: Abertura de uma porta na garagem de uma casa; ampliação de um
banheiro; a colocação de um toldo etc);
* Benfeitorias Necessárias (art. 96, §3° do CC): São necessárias as que têm por fim
conservar o bem ou evitar que se deteriore (exs: Troca das telhas de uma casa que
voaram com uma tempestade; conserto de um cano que está vazando água etc).

- Acessões Naturais: Acréscimos realizados em um bem principal que não são


considerados benfeitorias.
* Art. 97 do CC: Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos
sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor (exs:
aluvião; avulsão etc).

- Acessões Industriais: Acréscimos feitos no bem novo (ex: A construção de uma casa
em um terreno).

- Não é considerada benfeitoria: Quando o valor da obra humana é maior que o valor da
própria matéria-prima.
a) A pintura em relação à tela.
b) A obra de arte em relação à matéria-prima (ex: A escultura em relação à argila).
c) A escrita em relação ao papel.

→ Bens Públicos:
- Art. 98 do CC: São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa
a que pertencerem.
* Pessoas jurídicas de direito público interno: União; Estados; Municípios; Autarquias;
Fundações.

- Art. 99 do CC: São bens públicos:


I – Bens de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II – Bens de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os
de suas autarquias;
III – Bens dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades (ex:
terreno baldio).
§Único: Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de
direito privado.
- Alienabilidade dos bens públicos:
* Art. 100 do CC: Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
* Art. 101 do CC: Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as
exigências da lei.
* Desafetação: Quando os bens de uso comum do povo e os bens de uso especial são
inalienáveis, algumas vezes quando o Estado precisar vendê-los ou transferir o domínio
desses bens, ele precisa desafetar esses bens, pois se ele desafetar, ele poderá vender
esses bens.

- Art. 102 do CC: Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.


- Art. 103 do CC: O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído,
conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.

→ Pessoa Jurídica:
- Conceito: É a reunião de pessoas e bens, que empreendem esforços em busca de fins
comuns, podendo ser sujeito de direitos e deveres na ordem civil.
* Requisitos: 1) Reunião de pessoas e bens;
2) Finalidade em comum;
3) Personalidade e capacidade jurídica própria.

- Natureza jurídica da pessoa jurídica:


1) Teoria da Ficção: Somente a pessoa natural pode ser sujeito de direitos e deveres
na ordem civil, por este motivo a pessoa jurídica seria uma criação artificial da lei. Sendo
assim, a pessoa jurídica seria criação do direito positivo, sendo que sua capacidade civil
estaria restringida às relações patrimoniais.
2) Teoria da Realidade (também chamada de Doutrina da Instituição): Essa teoria
afirma que a ideia de empresa surge da consciência dos indivíduos, que passam a atuar
com o objetivo de atingir os fins sociais (serviços e ofícios), adquirindo a personalidade
moral. Quando a atuação desses indivíduos é reconhecida como o exercício de um poder
juridicamente reconhecido, a instituição adquire personalidade jurídica. Essa teoria não
explica definitivamente a existência da pessoa jurídica.
3) Teoria da Realidade Técnica: A personalidade jurídica é um atributo que o Estado
concede a um grupo de pessoas ou bens que possuem objetivos comuns e que cumpram
os requisitos exigidos pela lei. Sendo assim, a lei concede personalidade à pessoa
jurídica que não se confunde com a personalidade de seus membros. As pessoas
jurídicas são reais, mas baseadas em uma realidade técnica.

- Personalidade da pessoa jurídica:


* Art. 1° do CC: Toda pessoa (física e jurídica) é capaz de direitos e deveres na ordem
civil.
* Art. 52 do CC: Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos
da personalidade.
- Classificação das pessoas jurídicas:
* Art. 40 do CC: As pessoas jurídicas são de direito público, interno e externo, e de
direito privado.

- Pessoas Jurídicas de Direito Público:


* Art. 41 do CC: São pessoas jurídicas de Direito Público Interno:
I – A União;
II – Os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III – Os Municípios;
IV – As autarquias, inclusive as associações públicas;
V – As demais entidades de caráter público criadas por lei.

* Art. 41, §Único do CC: Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito
público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber,
quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.

* Art. 42 do CC: São pessoas jurídicas de Direito Público Externo os Estados


estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.

- Responsabilidade da Pessoa Jurídica de Direito Público:


* Art. 43 do CC: As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente
responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros,
ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes,
culpa ou dolo.
* Exigências para que se configure a responsabilidade do Estado:
a) Que o ato lesivo seja praticado por pessoa jurídica de direito público;
b) Que o ato lesivo seja praticado por pessoa jurídica de direito privado prestadora
de serviços públicos;
c) Que o dano seja causado por um agente no exercício de suas funções;
d) Que haja danos a terceiros.

* Responsabilidade Objetiva do Estado:


. Também denominada de Teoria do Risco, pois o risco de dano é inerente à
atividade do Estado.
. Para que se configure a responsabilidade objetiva do Estado, é necessário apenas
comprovar (teoria do nexo de causalidade):
a) O ato lesivo lícito ou ilícito do agente público;
b) Dano a terceiro;
c) Nexo de causalidade entre o ato lesivo e o dano.

* Quanto à responsabilidade do agente público, o direito adotou a Teoria da


Responsabilidade Subjetiva.

- Pessoa Jurídica de Direito Privado:


* Art. 40 do CC: As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de
direito privado.
* Art. 44 do CC: São pessoas jurídicas de direito privado:
I – As associações;
II – As sociedades;
III – As fundações;
IV – As organizações religiosas;
V – Os partidos políticos;
VI – As empresas individuais de responsabilidade limitada.

* Associações: Caracterizam-se pela união de pessoas que se organizam em busca de


uma finalidade e que não possuem fins econômicos.
* Sociedades: Art. 981 do CC → Celebram contrato de sociedade as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de
atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
* Fundações: É a destinação de um patrimônio em prol de uma finalidade.
* Organizações Religiosas: Art. 44, §1° do CC → São livres a criação, a organização, a
estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao
poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários
ao seu funcionamento.
* Partidos Políticos: Art. 44, §3° do CC → Os partidos políticos serão organizados e
funcionarão conforme o disposto em lei específica (Lei 9.096/95).
* Empresas individuais de responsabilidade limitada: Também conhecida como
EIRELI:
a) Um único titular;
b) Capital inicial mínimo = 100 vezes o salário-mínimo;
c) Responsabilidade do sócio limitada ao capital social (não responde com seus bens
pessoais pelas dívidas da empresa);
d) Criada pela Lei 12.441/11.

* Art. 48-A do CC: As pessoas jurídicas de direito privado, sem prejuízo do previsto em
legislação especial e em seus atos constitutivos, poderão realizar suas assembleias
gerais por meio eletrônico, inclusive para os fins do disposto no art. 59 deste Código,
respeitados os direitos previstos de participação e de manifestação.
* Art. 50 do CC: Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte,
ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que
os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens
particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou
indiretamente pelo abuso (ler parágrafos).

- Responsabilidade da Pessoa Jurídica de Direito Privado:


* Art. 45 do CC: Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro
todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
* Início da existência legal das pessoas jurídicas: Da mesma forma que a pessoa
natural somente adquire a personalidade com o nascimento com vida, a pessoa jurídica
adquire personalidade após o seu registro.
* Art. 46 do CC: O registro declarará:
I – A denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando
houver;
II – O nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III – O modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente;
IV – Se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V – Se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI – As condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio,
nesse caso.

- Representação da pessoa jurídica:


* Art. 47 do CC: Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos
limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.
* Teoria Ultra Vires: Todos aqueles atos que os administradores exercerem além de
seus poderes previstos no ato constitutivo, não obrigarão a pessoa jurídica.
* Art. 1.015 do CC: No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos
os atos pertinentes à gestão da sociedade; não constituindo objeto social, a oneração ou
a venda de bens imóveis depende do que a maioria dos sócios decidir.
* Administração coletiva:
. Art. 48 do CC: Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se
tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de
modo diverso.
. §Único: Decai em 3 anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo,
quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude
(vide art. 167, 169 e 178 do CC).

* Administrador provisório:
. Art. 49 do CC: Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a
requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório.

* Fim da Pessoa Jurídica de Direito Privado:


. EXS (art. 1.033 do CC):
a) Decurso de prazo de sua duração;
b) Consenso dos sócios;
c) Deliberação dos sócios;
d) Por falta de pluralidade de sócios;
e) Extinção ou cassação da autorização para o seu funcionamento;
f) Etc.

. Art. 51 do CC: Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a


autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que
esta se conclua.
. §1°: Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de
sua dissolução (exs: Sociedade de Advogados = Conselho Seccional OAB; Sociedade
Anônima = Junta Comercial; Sociedade Empresária = Junta Comercial; Associações =
Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas).
. §2°: As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber,
às demais pessoas jurídicas de direito privado.
. §3°: Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da
pessoa jurídica.

- Direitos da personalidade da pessoa jurídica:


* Art. 52 do CC: Aplicam-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos
direitos da personalidade.
* Súmula 227 do STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
* Direitos da personalidade aplicáveis à pessoa jurídica:
. Direito ao nome: Art. 17 do CC → O nome da pessoa não pode ser empregado por
outrem em que publicações ou representações que a exponha ao desprezo público, ainda
quando não haja intenção difamatória.
. Direito à identidade: (Exs: Direito à individualização; ao nome comercial; ao nome
fantasia etc).
. Direito à imagem: Art. 20 do CC → Salvo se autorizadas, ou se necessárias à
administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a
transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que
couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a
fins comerciais (Exs: Direito ao uso da marca, logo etc).
. Direito à intimidade: Direito a sigilo bancário; sigilo de correspondência; sigilo dos
livros mercantis; sigilo das técnicas de produção e prestação de serviços etc.
. Direito à honra: Direito à reputação; integridade; dignidade; moral etc.

* Proteção dos direitos da personalidade da pessoa jurídica:


. Art. 52 do CC: Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos
direitos da personalidade.
. Art. 12 do CC: Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da
personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em
lei.

→ Das Associações:
- Associação Privada:
* Art. 53 do CC: Constituem-se as associações pela união de pessoas que se
organizem para fins não econômicos (não lucrativos).
* União de pessoas = Quaisquer pessoas que tenham uma finalidade em comum.
* Quais os fins permitidos? → Todos os fins, menos os ilícitos e os de caráter
paramilitar (exs: educação; cultura; saúde etc).
* Enunciado 534 do CJF: As associações podem desenvolver atividade econômica,
desde que não haja finalidade lucrativa.
* Art. 53, §único do CC: Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
* O direito de reunião é um direito fundamental (art. 5°, XVII e XVIII da CF/88): Por que
as Associações estão previstas na CF/88? → Porque o direito de reunião e de associação
faz parte de um Estado Democrático. A reunião de pessoas é um direito fundamental.
Exceções ao direito de reunião: Estado de Defesa e Estado de Sítio.
* Art. 5°, XIX da CF/88: As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas
ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o
trânsito em julgado.
* Art. 5°, XX da CF/88: Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer
associado (exs: Recreativa de uma empresa; Associação dos Servidores Públicos do
Município etc).
* Art. 5°, XXI da CF/88: As entidades associativas, quando expressamente
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente
(exs: A associação dos aposentados poderá ajuizar uma ação em favor dos aposentados;
Uma associação de defesa dos consumidores poderá defender seus direitos em juízo
etc).
* Associações privadas:
. Estatuto = Contrato social da Associação. Registrado no cartório de registro civil de
pessoas jurídicas.
. Art. 54 do CC: Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:
I – A denominação, os fins e a sede da associação;
. Exs de denominação: Associação dos moradores do Bairro Fátima; Associação
de pais de alunos do Colégio São José etc;
. Exs de Finalidades da Associação:
a) Beneficente ou filantrópica → APAE; Santas Casas; AA etc;
b) Assistência Social → Asilos; creches; reformatórios etc;
c) Utilidade Pública → Escolas; colégios etc;
d) Religiosas;
e) Estudantil → UNE; Grêmios; Associações de ex-alunos etc;
f) Culturais → Literárias; musicais; artísticas etc;
g) Profissionais → Advogados; engenheiros; médicos etc;
h) Desportivas → Tênis; futebol; basquete etc.
i) Recreativas;
j) Sindicatos etc.

. Sede = endereço, domicílio.

II – Os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados ;


. Exs de requisitos para admissão: Ser médico; ser professor; ser estudante etc;
. Exs para demissão ou exclusão: A pedido; destruição do patrimônio da
associação; não pagar a mensalidade por 3 meses etc.

III – Os direitos e deveres dos associados;


. Exs de direitos: Votar; frequentar as reuniões; usar as dependências do clube...
. Exs de deveres: Pagar a mensalidade; cuidar do patrimônio da associação;
participar de 3 reuniões anuais etc.
IV – As fontes de recursos para sua manutenção;
. Exs: Cobrança de mensalidades; venda de refeições; produção de eventos;
venda de rifas; camisetas etc.

V – O modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos ;


. Exs: Presidência; diretorias; departamentos etc.

VI – As condições para a alteração das disposições estatutárias e para a


dissolução.
. Art. 59, II do CC: Compete privativamente à Assembleia Geral alterar o
Estatuto;
. Exs de Alteração do Estatuto: Quorum de votação para alterar o estatuto;
número de reuniões para alterar o estatuto etc.
. Exs de disposições para dissolução da Associação: Para onde vai ser
direcionado o patrimônio em caso de dissolução; Quais os casos de dissolução;
Dissolução pela morte dos fundadores; Dissolve-se com o fim do vestibular etc.

VII – A forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas .


. Ex 1: O Presidente, para fazer despesas em nome da Associação, precisará da
aprovação de um conselho fiscal?
. Ex 2: A prestação de contas será mensal; semestral; anual?

* Dos associados das associações privadas:


. O art. 53, §único do CC menciona que não há, entre os associados, direitos e
obrigações recíprocas. As obrigações dos associados são perante a Associação e não
perante os outros associados. As obrigações dos associados perante a associação estão
previstas no estatuto = Direitos e Deveres Estatutários.
. Art. 55 do CC: Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá
instituir categorias com vantagens especiais (exs: Presidente não pagará a mensalidade;
campeão ganhará uma bolsa de estudos; sócio patrimonial terá direito a voto e o não
patrimonial não terá etc).
. Art. 56 do CC: A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não
dispuser o contrário (ex: Uma associação que tem como requisito de associação ser
jogador de tênis profissional etc).
. Art. 56, §único do CC: Se o associado for titular de quota ou fração ideal do
patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição
da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do
estatuto.

* Exclusão do Associado da Associação Privada:


. Art 57 do CC: A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa,
assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos
termos previstos no estatuto.
. Justa causa: É aquela causa que se insere como requisito de exclusão do
associado, já está no estatuto. Art. 54 do CC → Sob pena de nulidade o Estatuto das
Associações conterá: II – Os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos
associados.
. Exemplos de justa causa:
1) Danificar o patrimônio da Associação;
2) Ofensa física a outro associado;
3) Atitude preconceituosa contra outro associado;
4) Conduta imoral na associação;
5) Falta de pagamento das mensalidades etc.

. Se o associado cometer uma falta e essa falta for definida como justa causa, ele
terá direito a um procedimento. Deverá ser aberto um processo administrativo
contra ele, e nesse procedimento ele terá direito de defesa e, caso ele não concorde
com a decisão final, caberá recurso. Essa forma já estará prevista no estatuto.

* Direito do Associado:
. Art. 58 do CC: Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função
que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na
lei ou no estatuto.
. Ex: O associado de um clube de natação não poderá ser impedido de utilizar a
piscina, se o estatuto prever esse direito. No entanto, o associado poderá ser impedido de
utilizar a piscina caso não tenha realizado exame médico, que é exigido por lei e pelo
estatuto.
. Ex2: O associado não poderá ser impedido de votar, se o Estatuto lhe conferir esse
direito. No entanto, o associado poderá ser impedido de votar caso esteja com as
mensalidades atrasadas e essa previsão estiver no Estatuto.

* Convocação da Assembleia Geral:


. Assembleia Geral: É quando reunimos/convocamos todos os associados de uma
associação.
. Art. 59 do CC: Compete privativamente à assembleia geral:
I – Destituir os administradores;
II – Alterar o estatuto.

. O art. 59 do CC é uma norma cogente, ou seja, o próprio estatuto da associação


não pode trazer uma disposição diversa, ele é obrigado a observar o art. 59, e toda vez
que a associação for destituir os administradores ou alterar o estatuto, ela vai ter que
convocar uma assembleia geral. Essa é uma competência exclusiva da assembleia geral.
. Art. 59, §único do CC: Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste
artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para esse fim,
cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos
administradores (assim, essa associação vai ter que mandar um
comunicado/convocação para os associados e nessa convocação vai ter que constar qual
é a finalidade dessa assembleia geral).
. Art. 60 do CC: A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do
estatuto, garantido a 1/5 dos associados o direito de promovê-la (Direito das Minorias
na Associação Privada).
* Extinção da Associação Privada: Assim como toda pessoa jurídica, a Associação
também poderá ser extinta. No entanto, seu patrimônio não pode ser dividido entre os
associados.
. Se o patrimônio da Associação não pode ser dividido entre os associados, o que
acontece com o patrimônio da Associação no caso de sua extinção? O art. 61 traz 3
possibilidades:
a) Restituição das cotas ou frações dos Associados;
b) O remanescente da Associação deve ser destinado a outra Associação prevista
no Estatuto;
c) Se omisso o Estatuto, a Assembleia Geral decidirá para qual Associação será
destinado o remanescente do Patrimônio.

. Art. 61 do CC: Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido,


depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo
único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto,
ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou
federal, de fins idênticos ou semelhantes.
. Art. 61, §1° do CC: Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos
associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo,
receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem
prestado ao patrimônio da associação.
. Art. 61, §2° do CC: Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no
Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste
artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito
Federal ou da União.

→ Das Fundações:
- Fundações Privadas:
* Conceito: É a dotação de bens livres, destinados a uma finalidade.
* Diferença entre Associação Privada e Fundação Privada:
. Associação Privada: É a reunião de pessoas que se organizam para uma finalidade
não lucrativa;
. Fundação Privada: É a dotação de bens livres, por meio de uma pessoa jurídica,
para atingir uma finalidade.

* Art. 62 do CC: Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou
testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e
declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
* Fundação por escritura pública: Fundação criada em vida pelo seu instituidor (ex:
Fundação Cafú; Fundação Roberto Marinho etc).
* Fundação por testamento: Fundação criada após a morte pelo seu instituidor, por
testamento (ex: Uma pessoa deixa 50% de seus bens para criar uma Fundação após a
sua morte).
* Finalidades da Fundação Privada: Art. 62, §único do CC:
I – Assistência social;
II – Cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III – Educação;
IV – Saúde;
V – Segurança alimentar e nutricional;
VI – Defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável;
VII – Pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização
de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos
e científicos;
VIII – Promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX – Atividades religiosas.
.OBS: Art. 67 do CC → Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister
que a reforma: II – Não contrarie ou desvirtue o fim desta.

* Bens da Fundação Privada:


. Dotação especial de bens livres (mencionado no art. 62 do CC) = Bens livres de
quaisquer ônus. Não podem ser bens alugados; emprestados; penhorados; hipotecados
etc.
. Os bens destinados à criação da fundação deverão ser livres e suficientes.
. Art. 63 do CC: Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela
destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra
fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.
. Quem vai analisar se os bens são ou não suficientes para criar uma fundação será
o Ministério Público.
. A dotação de bens livres é irreversível.
. Os bens disponibilizados podem ser transferidos para a Fundação por Mandato
Judicial.
. Art. 64 do CC: Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor
é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados,
e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial.

* Alteração do Estatuto da Fundação: O Estatuto da Fundação pode ser alterado, para


se adequar a uma nova realidade, observando-se os arts. 67 e 68 do CC.
. Art. 67 do CC: Alteração do Estatuto:
I – 2/3 dos membros da Administração;
II – Não pode contrariar o fim específico da Fundação;
III – Seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 dias,
findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a
requerimento do interessado. O MP poderá aprovar, denegar a aprovação ou propor
modificações.

. Art. 68 do CC: Quando a alteração não houver sido aprovada por votação
unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do
Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se
quiser, em 10 dias.
* Só será usado esse artigo quando tiver uma minoria vencida, ou seja, quando
não for unânime. Nesse caso, quando houver uma minoria vencida, os administradores,
ao submeterem as alterações do Estatuto ao Ministério Público, requererão que se dê
ciência à minoria vencida para impugná-las, se quiserem, no prazo de 10 dias.

* Extinção da Fundação Privada:


. Art. 69 do CC: Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a
fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou
qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo
disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada
pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.
. A fundação poderá ser extinta por:
a) Ilícita a finalidade da Fundação (ex: Pesquisa científica para clonagem de
animais que se tornou proibida por lei);
b) Impossível a finalidade (ex: Defesa do patrimônio histórico e artístico do quadro
A Primeira Missa do Brasil de Victor Meireles, que foi destruído por um incêndio);
c) Inútil a finalidade (ex: Fundação criada para erradicar a Poliomielite);
d) Vencimento do prazo de existência (ex: Fundação criada para existir por 5
anos).

. A extinção da Fundação poderá ser promovida pelo Ministério Público ou por


qualquer interessado.
. O que acontecerá com o patrimônio da Fundação no caso de sua extinção?
* O patrimônio da Fundação não pertence ao seu instituidor e nem aos seus
gestores. O patrimônio serve para alcançar a finalidade da Fundação.
* Poderá constar do Ato Constitutivo, ou do Estatuto, o destino dos bens para
outra Fundação; ou
* O juiz designará outra Fundação de finalidades iguais ou semelhantes.

* O Ministério Público e a Fundação Privada:


. Art. 66 do CC: Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas
(exs: Santa Catarina = MP de Santa Catarina; Mato Grosso = MP de Mato Grosso).
. Art. 66, §1° do CC: Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o
encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
. Art. 66, §2° do CC: Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o
encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público.

→ Fatos Jurídicos:
- Conceito: Fatos jurídicos são os acontecimentos que trazem reflexo para o mundo do
Direito, que produzem consequências jurídicas.
- Fatos naturais = Fatos jurídicos (sentido estrito): Eventos da natureza, são divididos
em:
* Ordinários: Aqueles que naturalmente vão ocorrer:
1 – Nascimento;
2 – Morte;
3 – Maioridade aos 18 anos; etc

* Extraordinários: Aqueles que não sabe se vai ocorrer ou não:


1 – Perda total do veículo pela enchente;
2 – Casa foi destelhada pelo vendaval;
3 – Desvio do curso de um rio; etc

- Fatos humanos = Atos jurídicos em sentido amplo:


* Atos lícitos: São divididos em:
. Atos jurídicos não negociais (atos jurídicos em sentido estrito): São os atos
humanos que não têm intenção negocial e produzem os efeitos que estão previstos na
norma jurídica (ex: Apropriação de um sofá abandonado).
. Atos jurídicos negociais: Atos humanos com a intenção de produzir um efeito
jurídico, um ato negocial (exs: Contrato de compra e venda; contrato de locação;
testamento; contrato de seguro etc).

* Atos ilícitos: São aqueles praticados com negligência, imprudência e imperícia.

- Negócios jurídicos: São atos humanos que demonstram a intenção (vontade) de


produzir efeitos jurídicos (exs: Contrato de compra e venda; contrato de locação; contrato
de financiamento; contrato de permuta etc).
* Princípio da autonomia da vontade.
* Efeitos: a) Adquirir direitos (exs: Comprar uma casa; contrato de honorários etc);
b) Extinguir direitos (exs: Vender uma casa; doação de um terreno etc);
c) Modificar direitos (ex: Testamento etc);
d) Conservar direitos (ex: Fiador de contrato etc).
- Classificação dos negócios jurídicos:
* Quanto ao número de declarantes:
a) Unilaterais: Apenas uma manifestação de vontade, em busca da mesma finalidade
(exs: Promessa de recompensa; testamento; notificação extrajudicial etc);
b) Bilaterais: Manifestação de vontade de duas partes (exs: Contrato de compra e
venda; contrato de locação; contrato de financiamento etc);
c) Plurilaterais: Manifestação de mais de duas vontades dirigidas à mesma
finalidade, porém em sentido contrários (exs: Contrato de seguro coletivo empresarial;
contrato de sociedade etc).

* Quanto às vantagens patrimoniais:


a) Gratuitos (benéficos): Somente uma das partes é beneficiada, sem
contraprestação (exs: doação; comodato; renúncia de posse etc);
b) Onerosos (sinalagmáticos): Ambas as partes obtêm vantagens e têm
contraprestações (exs: Contrato de compra e venda; contrato de trabalho; consórcio etc).
Os negócios jurídicos onerosos podem ser classificados em:
i) Comutativos → Equilíbrio e proporcionalidade nas prestações (exs: Compra e
venda; locação; financiamento etc);
ii) Aleatórios → A prestação das partes não são proporcionais, dependem de fatos
incertos e externos (exs: Contrato de seguro; contrato de plano de saúde; contrato
assistência funeral etc).

c) Neutro: Não são nem gratuitos e nem onerosos, não têm atribuição patrimonial
(exs: Instituição de bem de família; cláusula de incomunicabilidade etc);
d) Bifrontes: Podem ser tanto gratuitos quanto onerosos (exs: Contrato de depósito;
doação etc).

* Quanto à forma:
a) Formais ou solenes: Forma especial prevista em lei (exs: Casamento; cheque;
escritura pública de venda de imóvel etc);
b) Não formais, não solenes ou forma livre: As partes escolhem a forma do negócio
(exs: Recibo; notificação extrajudicial; venda de bens móveis etc).

* Quanto ao momento de produção de efeitos:


a) Inter vivos: Produzem efeitos enquanto as partes estão vivas (exs: Contrato de
compra e venda; contrato de locação etc);
b) Mortis causa: Produzem efeitos após a morte da pessoa (ex: Testamento).

* Quanto à existência:
a) Principais: Existem por si mesmos (exs: Contrato de compra e venda; contrato de
locação; prestação de serviços etc);
b) Acessórios: Existem em razão de um contrato principal (exs: Garantia em um
contrato de compra e venda; fiança em um contrato de locação; multa em um contrato de
prestação de serviços etc).
- Existência, Validade e Eficácia dos Negócios Jurídicos:
* Art. 104 do CC: A validade do negócio jurídico requer:
a) Agente;
b) Objeto;
c) Forma;
d) Manifestação de vontade.

* O negócio jurídico deve ser estudado sob 3 planos:


a) Plano da existência = se o negócio jurídico existe;
b) Plano da validade = se o negócio é válido de acordo com a norma;
c) Plano da eficácia = se o negócio está produzindo efeitos.

* Plano da existência: Para que exista o negócio jurídico, tem que ter 4 elementos:
a) Agente;
b) Objeto;
c) Forma;
d) Manifestação de vontade.
* OBS: Exemplos de negócios inexistentes:
a) Agente = testamento em favor de um cachorro;
b) Objeto = contrato de compra e venda da Torre Eiffel;
c) Forma = certidão de casamento feita em casa;
d) Manifestação de vontade = contrato de compra e venda não assinado pelo
vendedor.

* Plano de validade: Para que o negócio jurídico tenha validade, ele precisa ter (art.
104 do CC):
a) Agente capaz;
b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
c) Forma prescrita ou não defesa em lei;
d) Manifestação da vontade livre.
* OBS: Exemplos de negócios que não teriam validade:
a) Agente incapaz = contrato assinado por menor de 16 anos;
b) Objeto impossível = contrato de prestação de serviços de um pintor que morreu
antes de pintar o quadro;
c) Forma = procuração pública realizada com documentos falsos;
d) Manifestação da vontade não é livre = contrato assinado porque a pessoa está
com uma arma apontada para sua cabeça.

* Plano de eficácia: A eficácia (os efeitos) do negócio poderá estar suspensa por uma
condição suspensiva ou por um termo inicial.
. Exs: a) Somente comprarei o imóvel se for aprovado o financiamento na Caixa
Econômica Federal;
b) Aluguel de um imóvel para a temporada de verão, para daqui a 6 meses.

- Agente Capaz (art. 104, I do CC): A validade do negócio jurídico requer:


I – Agente = quem?
* Agente capaz: Só as pessoas que possuem capacidade plena podem realizar
negócios jurídicos? → R: Não, os incapazes também podem realizar negócios jurídicos
desde que estejam devidamente representadas ou assistidas.
* Quem pode realizar negócio jurídico válido?
. Pessoa natural:
a) A partir dos 18 anos, com capacidade plena;
b) Pessoa absolutamente incapaz representada por seu representante;
c) Pessoa relativamente incapaz assistida pelo seu assistente.

. Pessoa jurídica: Representada por seu representante legal ou voluntário.

- Objeto (art. 104, II do CC):


II – Objeto = o quê?
* O art. 104 exige que o objeto seja:
a) Lícito = De acordo com as normas jurídicas, a moral e os bons costumes.
. Exs de objetos lícitos: Contrato de compra e venda de um terreno; contrato de
locação de veículo; contrato de prestação de serviços de marceneiro etc;
. Exs de objetos ilícitos: Contrato de compra e venda de maconha; contrato de
prestador de serviços de matador de aluguel; contrato de pagamento de propina etc.

b) Possível = É aquele que é exequível, realizável, praticável, viável etc.


. Ex de objetos possíveis: Contrato de prestação de serviços para pintura de um
quadro, sendo que o pintor entregou o quadro;
. Ex de objetos impossíveis: Contrato de prestação de serviços para pintura de um
quadro em que o pintor morreu antes de prestar o serviço.

c) Determinado ou determinável =
. Objeto determinado: É o objeto certo, que é descrito pela: Quantidade; Gênero;
Qualidade (ex: 100 canetas BIC → Quantidade: 100; Gênero: Canetas; Qualidade:
Esferográfica, azul, marca BIC, ponta fina, referência 777).
. Objeto determinável: É o objeto incerto, que é descrito pela: Quantidade; Gênero
(Qualidade = não tem ou está descrito de forma incompleta) (ex: 100 canetas →
Quantidade: 100; Gênero: Canetas; Qualidade: ???).

- Forma prescrita ou não defesa em lei (art. 104, III do CC):


III – Forma = como?
* Forma prescrita em lei = Forma especial. É a forma descrita, escrita, determinada
em lei (ex: Lei do cheque – Lei 7.357/85).
* Forma não defesa em lei = Forma não proibida, vedada por lei (ex: Lei 8.560/92 – Art.
3°: É vedado legitimar e reconhecer filho na ata do casamento).
* Todo negócio jurídico tem uma forma prescrita ou não defesa em lei? A resposta é
não. A regra no Direito Civil é que os negócios jurídicos têm forma livre.
* Forma livre = Art. 107 do CC → A validade da declaração de vontade não dependerá
de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
* A forma do negócio jurídico:
. Se a Lei exigir forma especial = deve ser observada a forma especial.
. Se a Lei vedar uma forma = o negócio não pode ser feito dessa forma.
. Se a Lei não exigir forma = a forma será livre.

- Agente relativamente incapaz (art. 105 do CC):


* Art. 105 do CC: A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada
pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo se,
neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.
* Incapacidade relativa de uma das partes: José (16 anos = relativamente incapaz) e
João (20 anos = capacidade plena). João não pode alegar a incapacidade relativa de
José para invalidar o contrato.

- Impossibilidade relativa do objeto (art. 106 do CC):


* Art. 106 do CC: A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se
for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado (art.
121 do CC → Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da
vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto).
* Impossibilidade Absoluta = É aquela que alcança a todos e não apenas o devedor.
* Impossibilidade Relativa = Alcança apenas o devedor.

- Forma livre ou consensual (art. 107 do CC):


* Art. 107 do CC: A validade da declaração de vontade não dependerá de forma
especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
* A forma é como se externa a manifestação de vontade (exs: Verbal; instrumento
público; instrumento particular; gestos etc).
* Forma:
. Forma especial ou solene = Exceção (exs: Cheque; certificado de propriedade de
veículo; certidão de casamento etc);
. Forma livre ou consensual = Regra (exs: Recibo; carnê de pagamento de loja;
ingresso de cinema; contrato de compra e venda de bens móveis; contrato de locação
etc).

- Forma especial prevista para os bens imóveis (art. 108 do CC):


* Art. 108 do CC: Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à
validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário-
mínimo vigente no País.
* O art. 108 prevê uma forma especial para realização de negócio jurídico que
envolvam direitos reais sobre imóveis.
* Escritura pública e direitos reais:
. Escritura pública é um documento público feito em cartório, elaborado por um
tabelião.
. Direitos reais são aqueles previstos no art. 1.225 do CC, como: propriedade,
servidões, usufruto, hipoteca etc.
. Exs de negócios jurídicos que exigem escritura pública: Venda de bem imóvel;
usufruto sobre bem imóvel; hipoteca sobre bem imóvel; permuta de bem imóvel etc.
- Quando os contratantes exigem escritura pública (art. 109 do CC):
* Art. 109 do CC: No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem
instrumento público, este é da substância do ato.
* A regra em relação às formas do negócio jurídico é que seja livre (art. 107 do CC), a
exceção é a forma especial (art. 104 do CC).

- Reserva Mental (art. 110 do CC):


* Art. 110 do CC: A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito
a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha
conhecimento.
* Conceito: Reserva mental é a divergência que existe entre a vontade declarada e a
vontade íntima da pessoa. A vontade é essencial para a validade do negócio jurídico, mas
se deve levar em conta a vontade declarada pela pessoa e não a sua vontade íntima.
* O art. 110 do CC prevê duas possibilidades:
a) Quando o destinatário tinha conhecimento da reserva mental = A manifestação da
vontade (negócio jurídico) é inexistente;
b) Quando o destinatário não tinha conhecimento da reserva mental = A
manifestação da vontade (negócio jurídico) subsiste.

* Exemplos de reserva mental sem o conhecimento do destinatário:


a) João anuncia uma promessa de recompensa para quem achar seu cachorrinho,
no entanto em seu íntimo não pretende pagar a recompensa (reserva mental). João terá
que pagar essa promessa de recompensa mesmo tendo feito a reserva mental de não
pagar, pois a outra parte que achou o cachorrinho não sabia da sua reserva mental;
b) José vende seu veículo para Pedro porque está precisando de dinheiro, mas após
receber o valor não pretende entregar o veículo (reserva mental). Não adianta José ter
feito a reserva mental, pois a manifestação de vontade declarada foi de venda. Então se
ele vendeu, terá que entregar o produto.

* Quando o destinatário da manifestação de vontade tiver conhecimento da reserva


mental, a manifestação da vontade será inexistente.

* Exemplos de reserva mental com o conhecimento do destinatário:


a) Pedro transfere as suas cotas da empresa para o seu sócio, para não dividir as
cotas com sua esposa no divórcio, mas o sócio tem conhecimento da reserva mental feita
por Pedro. Se o sócio de Pedro quiser reivindicar posteriormente essas cotas para ele,
como ele sabia dessa reserva mental, esse negócio jurídico será inexistente e o sócio de
Pedro não terá direito às cotas sociais;
b) Francisco, famosos jogador de futebol, vai ao programa do Sílvio Santos que lhe
promete um milhão de reais se Francisco jogar a final do campeonato com a bandeira do
Brasil pintada em seu rosto. Mas ao final do programa, o apresentador diz que é apenas
uma brincadeira (reserva mental). Posteriormente, Francisco não terá direito de cobrar o
valor prometido, pois tinha conhecimento da reserva mental.
- Silêncio nos negócios jurídicos (art. 111 do CC):
* Art. 111 do CC: O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o
autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
* O silêncio importa anuência = o silêncio importa concordância.
* Todo tipo de silêncio importa anuência?
. A resposta é não. Para o silêncio trazer alguma consequência para o mundo do
Direito ele deverá ser:
a) Autorizado pela lei; ou
b) Pelas circunstâncias; ou
c) Pelos usos (costumes) e, ainda
d) Não necessitar de declaração de vontade expressa.

* Exs em que o silêncio pode importar anuência: Se o dono do imóvel locado for
vender o imóvel, ele precisa dar o direito de preferência ao locatário. Se o locatário não
manifestar interesse (silêncio), no prazo de 30 dias, é como se ele tivesse manifestado a
sua vontade em não adquirir o imóvel (art. 28 da Lei 8.245/91).

- Conflito entre a intenção e o sentido literal da linguagem nos negócios jurídicos:


* Art. 112 do CC: Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
* Quando houver divergência em um contrato ou em alguma cláusula contratual,
haverá a necessidade de fazer uma interpretação do contrato ou da cláusula.
* Quando a divergência for entre a vontade (intenção) declarada e as palavras
empregadas no negócio = terá preferência a vontade (intenção) das partes.

- Boa-fé (art. 113 do CC):


* Art. 113 do CC: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e
os usos do lugar de sua celebração.
* Interpretação: O art. 113 do CC trata da interpretação do negócio jurídico.
. Art. 113, §1°, III: A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que
corresponder à boa-fé.
. Boa-fé subjetiva: Diz respeito à crença interna da pessoa, a pessoa acredita que
está realizando o negócio jurídico nos termos da lei e não tem ciência do vício que incide
sobre o negócio.
. Boa-fé objetiva: É um modelo de conduta baseado na honestidade, na lealdade
entre as partes contratantes (o art. 113 do CC trata da boa-fé objetiva).

* Regra da confirmação posterior:


. Art. 113, §1°, I do CC: A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido
que for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio.
. O juiz, ao interpretar o negócio jurídico, deve levar em consideração o
comportamento das partes após a realização do contrato, ou seja, como o contrato foi
cumprido pelas partes após ser realizado.
* Regra dos costumes:
. Art. 113, §1°, II do CC: A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido
que corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio.

* Regra do contra proferentem (art. 113, §1°, IV do CC): A interpretação do negócio


jurídico deve ser mais benéfica para a parte que não redigiu o dispositivo (negócio
jurídico).
* Regra da vontade presumível e da razoabilidade:
. Art. 113, §1°, V do CC: A interpretação do negócio jurídico deve corresponder a
qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das
demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas
as informações disponíveis no momento de sua celebração.
. A interpretação do negócio jurídico deve levar em consideração a negociação das
partes antes do contrato.
. Ainda, deve-se levar em consideração a racionalidade econômica das partes,
permitindo ao juiz não só analisar a lei que regula o contrato, mas também os critérios
econômicos e de mercado que envolvem as partes e o contrato.

* Art. 113, §2° do CC: As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de
preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas
previstas em lei.

- Interpretação estrita dos negócios benéficos e renúncia (art. 114 do CC):


* Art. 114 do CC: Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se
estritamente (ex: A empresa Delta oferece creche gratuita às empregadas. Como é um
negócio jurídico benéfico, o direito a creche não se estende aos empregados homens).
* Negócios Jurídicos Benéficos: São os negócios gratuitos, em que somente uma parte
tem ônus e a outra parte tem bônus. Não há contraprestação recíproca entre as partes
(ex: Contrato de doação simples; contrato de comodato).
* Renúncia: Quer dizer abdicar de um direito, abrir mão de um direito.
* Interpretação estrita: É aquela que se limita ao texto. É o contrário de interpretação
ampliativa, que amplia o sentido da palavra ou do texto.

→ Da Representação:
- Art. 115 do CC: Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo
interessado.
* “Por lei” = Representação legal.
* “Pelo interessado” = Representação convencional ou voluntária.

- Tipos:
* Representação Legal: Ocorre quando a lei define quem vai representar a pessoa
(natural ou jurídica).
* Representação Convencional ou Voluntária: Ocorre quando uma pessoa (natural ou
jurídica) escolhe por vontade própria uma outra pessoa (natural ou jurídica) para exercer
direitos e/ou deveres em seu nome. Por ser uma escolha baseada na vontade, é que
chamamos a representação de convencional ou voluntária.
. A forma de exercer a representação convencional é a procuração. A procuração é
o instrumento do mandato, ou seja, é o documento que autoriza uma pessoa a exercer
direitos e/ou deveres em nome de outra pessoa.

- Efeitos da representação (art. 116 do CC):


* Art. 116 do CC: A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus
poderes, produz efeitos em relação ao representado.

- Poder do representante de realizar negócios jurídicos consigo mesmo (art. 117 do CC):
* Art. 117 do CC: Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio
jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo
mesmo.
* O representante, ao exercer o mandato, deve buscar os interesses do representado e
não seus próprios interesses, por este motivo ele não pode celebrar negócios consigo
mesmo.
* Substabelecimento: Art. 117, §único do CC → Para esse efeito, tem-se como
celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes
houverem sido subestabelecidos.
. Substabelecer os poderes quer dizer passar (transferir) para outra pessoa os
poderes.

- Obrigação de provar a representação (art. 118 do CC):


* Art. 118 do CC: O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar
em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de,
não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem.
* Como o representante fará prova da sua qualidade de representante?
. Na representação legal de pessoas naturais, o representante provará a sua
qualidade de representante por meio de documentos de registro civil ou judiciais, tais
como: certidão de nascimento; carteira de identidade; passaporte; termo de tutela etc. O
representante poderá exercer seus poderes conforme determinado por lei ou em
decisão judicial.
. Na representação legal de pessoas jurídicas, o representante provará a sua
qualidade de representante por meio dos documentos de registro, tais como: contrato
social, regimento, estatuto, termo de posse, ata de condomínio etc. O representante
exercerá seus poderes nos termos da lei, ou conforme determinado no contrato social;
regimento; estatuto etc.
. Na representação convencional, tanto de pessoa natural quanto de pessoa
jurídica, o representante provará sua qualidade de representante pelo instrumento do
mandato, que é a procuração.

- Conflito de interesses entre o representante e representado (art. 119 do CC):


* Art. 119 do CC: É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de
interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem
com aquele tratou.
* O conflito de interesses pode ocorrer tanto na representação legal quanto na
representação convencional (voluntária) (exs: entre pais e filhos; entre tutores e tutelados;
entre síndico e condomínio etc).
* O conflito de interesses pode ocorrer por: Abuso de direito ou excesso de poder.
. Abuso de direito: Pode ocorrer em várias situações, como: quando o representante
age sem ter os poderes (falso procurador); quando o representante age em seu próprio
interesse etc.
. Excesso de poder: Ocorre quando o representante age além dos limites de seus
poderes.

* Art. 119, §único do CC: É de 180 dias, a contar da conclusão do negócio ou da


cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista
neste artigo.

- Regulamentação da representação (art. 120 do CC):


* Art. 120 do CC: Os requisitos e os efeitos da representação legal são os
estabelecidos nas normas respectivas; os da representação voluntária são os da Parte
Especial deste Código.
* Representação Legal: Normas respectivas (normas especiais e código civil).
* Representação Voluntária: Código civil (arts. 653 a 692 do CC).

→ Da Condição, do Termo e do Encargo:


- Condição (art. 121 do CC): É uma cláusula que é inserida no negócio jurídico pela
vontade das partes, e que sujeita a eficácia do negócio jurídico (ou parte dele) a um
evento futuro e incerto.
* Eficácia: É a produção de efeitos.
* Art. 121 do CC: Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da
vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
* Elementos da condição:
1) Vontade das partes: As partes voluntariamente inserem no negócio jurídico uma
condição = a condição é voluntária. Por esse motivo, a condição é considerada um
elemento acidental do negócio jurídico, pois ela não é essencial a sua validade.
. Deriva da vontade das partes: Como a condição deve derivar exclusivamente da
vontade das partes, as exigências da lei não são consideradas condições voluntárias,
mas sim condições legais (ex: É exigência da lei ter 18 anos para tirar Carteira de
Habilitação).

2) Evento futuro: A condição tem que estar relacionada a um evento futuro (exs:
Possível aprovação de um financiamento na CEF; possível promoção no emprego etc).
3) Evento incerto: A condição tem que estar relacionada a um evento incerto (exs:
Ser aprovado no exame da OAB; ser sorteado na mega-sena etc).

* Condição Suspensiva: É uma cláusula que pode ser inserida no negócio jurídico e
que suspende a eficácia desse negócio (ou parte dele). Em virtude dessa condição
suspensiva, a eficácia do negócio jurídico está suspensa.
. Art. 125 do CC: Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição
suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
. Até quando ficará suspensa a eficácia do negócio jurídico? → Depende se ocorreu
ou não a condição.
→ Se ocorrer a condição, o negócio jurídico surtirá efeitos:

→ Se não ocorrer a condição, o negócio jurídico não surtirá efeitos:


. Enquanto não se realizar a condição, não haverá a aquisição do direito, e o negócio
jurídico (ou parte dele) não surtirá efeitos (eficácia) (ex: O empregado terá direito a ser
promovido como assessor jurídico da empresa, caso seja aprovado no Exame da OAB).

* Condição Resolutiva: É uma cláusula que pode ser inserida no negócio jurídico.
. Art. 127 do CC: Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará
o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele
estabelecido.
. Art. 128 do CC: Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os
efeitos, o direito a que ela se opõe mas, se aposta a um negócio de execução continuada
ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos
atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e
conforme aos ditames de boa-fé.
→ Se ocorrer, põe fim a eficácia do negócio jurídico:

→ Se não ocorrer, o negócio jurídico permanece produzindo efeitos:

. É aquela que termina a eficácia do negócio jurídico (ex: O aluno perderá a bolsa de
estudos caso tire nota abaixo de 7 no bimestre).
. Na condição resolutiva, enquanto não se realizar a condição, o negócio jurídico (ou
parte dele) produzirá efeitos, podendo-se exercer os direitos provenientes do negócio.
. Assim que implementada a condição, o negócio jurídico (ou parte dele) deixará de
surtir efeitos e cessarão os direitos provenientes do negócio.

* Fases da condição (art. 121 do CC):


. Pendência: A condição está pendente, ainda não ocorreu.
. Implemento: A condição foi realizada, ocorreu.
. Frustração: A condição não se realizou, não ocorreu.

. Exemplo na condição suspensiva em que a condição está pendente e ocorre o


implemento da condição:
. Exemplo na condição suspensiva em que a condição está pendente e não ocorre o
implemento da condição:

. Exemplo na condição resolutiva em que a condição está pendente e ocorre o


implemento da condição:

. Exemplo na condição resolutiva em que a condição está pendente e não ocorre o


implemento da condição:
* Condições Ilícitas (arts. 122 e 123, II e III do CC):
. Art. 122 do CC: São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à
ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que
privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das
partes. Exemplos:
a) Contrárias à lei: Contrato de prestação de serviços = João pagará José
somente após a entrega de um carregamento de drogas;
b) Contrárias à ordem pública: A empresa Delta Ltda. pagará a manifestantes para
fazerem arruaça em frente ao seu concorrente;
c) Contrárias aos bons costumes: Contrato de locação = João alugará um imóvel à
Maria caso ela se prostitua;
d) Condição perplexa (incompreensível): É a condição que impede que o negócio
jurídico produza efeitos, pois é uma condição contraditória, incompreensível (ex: Vou
vender o veículo para você, sob a condição de você não poder dirigi-lo);
e) Condição puramente potestativa: Quando à vontade das partes, a condição
pode ser:
→ Simplesmente potestativa = Depende da vontade de uma das partes, mas
também depende de fatores externos (é permitida).

→ Puramente potestativa = Depende exclusivamente da vontade de uma das


partes (a lei vedou).

. O art. 123, II e III do CC, determina que as condições ilícitas invalidam o negócio
jurídico.
. Art. 123 do CC: Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:
II – As condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita (contrárias à lei; ordem pública;
aos bons costumes e as puramente potestativas);
III – As condições incompreensíveis ou contraditórias (condições perplexas).

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