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ANOTAÇÕES DE AULA 4 DIREITO CIVIL I

PROF. MARCO CRUZ

ESTA AULA:
- PERSONALIDADE E CAPACIDADE - CC, ARTS. 1° a 10.

PARTE GERAL
LIVRO I
DAS PESSOAS
TÍTULO I
DAS PESSOAS NATURAIS
CAPÍTULO I
Da Personalidade e da Capacidade
Art. 1° Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Art. 2° A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas


a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Art. 3° São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da


vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.

Art. 4° São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os


exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir
sua vontade;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação
especial.

Art. 5° A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa


fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por
sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos
completos tenha economia própria.

Art. 6° A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta,


quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de
sucessão definitiva.

Art. 7° Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:


I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for
encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente
poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações,
devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

Art. 8° Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se


podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-
se-ão simultaneamente mortos.

Art. 9° Serão registrados em registro público:


I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.

Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:


I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o
divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a
filiação.

DA PESSOA NATURAL COMO SUJEITO DE DIREITOS

Toda relação jurídica existe sempre um titular.

Se toda relação jurídica tem por titular a pessoa humana, toda pessoa pode
ser titular de uma relação jurídica, isto é, todo ser humano tem capacidade
para ser titular de direitos.

Dispõe o Código Civil:


Art. 1° Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

A mera circunstância de existir confere ao homem a possibilidade de ser


titular de direitos; a isso se chama personalidade.

INÍCIO E FIM DA PESSOA NATURAL

Afirmar que a pessoa tem personalidade é o mesmo que dizer que ela tem
capacidade para ser titular de direitos.
Essa personalidade se adquire com o nascimento com vida, conforme
determina o Código Civil:

Art. 2° A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida;


mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Nascituro é o ser já concebido, mas que ainda se encontra no ventre
materno. A lei não lhe concede personalidade, a qual só lhe será conferida se
nascer com vida. Mas, como provavelmente nascerá com vida, o
ordenamento jurídico desde logo preserva seus interesses futuros, tomando
medidas para salvaguardar os direitos que, com muita probabilidade, em
breve serão seus.

A personalidade, que o indivíduo adquire ao nascer com vida, termina com


a morte (CC, art. 6°). No instante em que expira, cessa sua aptidão para ser
titular de direitos, e seus bens se transmitem, incontinente, a seus herdeiros
(CC, art. 1.784).

CC, art. 6° A existência da pessoa natural termina com a morte [...].

A lei presume, para os efeitos civis, a morte do ausente, nos casos dos
arts. 37 e 38, CC. Ausente é a pessoa que desaparece de seu domicílio,
deixando de dar notícias por um largo período de tempo = MORTE
PRESUMIDA.

Art. 6° A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta,


quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de
sucessão definitiva. = MORTE PRESUMIDA COM AUSÊNCIA => arts. 22 a
39, CC

Art. 7° Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:


I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for
encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente
poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações,
devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. = MORTE
PRESUMIDA SEM AUSÊNCIA

COMORIÊNCIA
Art. 8° Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-
se-ão simultaneamente mortos.

Se não for possível averiguar qual dos comorientes precedeu aos outros,
presume-se simultaneamente mortos.

Comoriência ==> PRESUNÇÃO LEGAL RELATIVA = JURIS TANTUM


CC, art. 158 ==> PRESUNÇÃO LEGAL ABSOLUTA = JURIS ET DE JURE
PRESUNÇÃO COMUM OU HOMINIS - a mãe ama seu filho; a amiga ama a
amiga.
DAS INCAPACIDADES:
Capacidade Civil é a aptidão para adquirir direitos e os exercer por si

Capacidade de direito ou de gozo - toda pessoa tem.

Capacidade de fato ou de exercício de direitos - embora a pessoa tenha a


prerrogativa de ser titular de direitos, não os pode exercer pessoalmente se
for incapaz.

Sentido protetivo da teoria das incapacidades > o legislador estabelece


um sistema de proteção para os incapazes.

Têm direito à proteção somente as pessoas que a lei define como incapazes,
pois a incapacidade é a exceção e a capacidade é a regra.

INCAPACIDADE CIVIL ABSOLUTA = ausência de discernimento


REPRESENTADOS
Art. 3° São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da
vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.

INCAPACIDADE CIVIL RELATIVA = discernimento reduzido


ASSISTIDOS
Art. 4° São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os
exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir
sua vontade; [psicopatias]
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação
especial.

Se um absolutamente incapaz pratica um ato jurídico, através de sua própria


manifestação volitiva, tal ato é nulo, por faltar a referido negócio um elemento
substancial.
A vontade manifestada é como se não existisse, a lei desconsidera
inteiramente a vontade do absolutamente incapaz, o ato nulo.

CC, art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:


I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz

O absolutamente incapaz é representado.


O relativamente incapaz é apenas assistido por seu pai, tutor ou
curador.
Vide:
Casos de representação legal
CC, art. 1.634, VII
CC, art. 1.747, I
CC, art. 1.774
O ato praticado pelo relativamente incapaz não é nulo, mas anulável.
CC, art. 171. Além dos casos expressamente declarados em lei, é anuIável o
negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente.

PROCESSO DE INTERDIÇÃO:
Formulado o pedido por pessoa interessada, que especificará na inicial os
atos que revelam anomalia psíquica do interditando, o juiz mandará citar este
último para comparecer em audiência que designará, e em que será ele
minuciosamente interrogado pelo magistrado acerca de sua vida, negócios e
ao mais que lhe parecer necessário para avaliar o seu estado mental.

Impugnado ou não o pedido, o juiz nomeará perito médico para proceder ao


exame do interditando; apresentado o laudo, o juiz designará audiência de
instrução e julgamento, em que comparecerá o órgão do Ministério Público,
aliás presente em todo o processo.

Decretada a interdição será nomeado curador ao interdito. A sentença que


decretar a interdição será registrada no Cartório do 1° Ofício de cada
comarca.

REPRESENTAÇÃO
Representação é a relação jurídica pela qual determinada pessoa se obriga
diretamente perante terceiro, por meio de ato praticado em seu nome por um
representante ou intermediário, cujos poderes são conferidos por lei ou
mandato.

LIVRO III
Dos Fatos Jurídicos
TÍTULO I
Do Negócio Jurídico
CAPÍTULO II
Da Representação
Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei [representante
legal] ou pelo interessado [representante convencional].
Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus
poderes, produz efeitos em relação ao representado.
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio
jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem,
celebrar consigo mesmo.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante
o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido
subestabelecidos.
Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar
em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes,
sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem.
Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de
interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento
de quem com aquele tratou.
Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio
ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a
anulação prevista neste artigo.
Art. 120. Os requisitos e os efeitos da representação legal são os
estabelecidos nas normas respectivas; os da representação voluntária são os
da Parte Especial deste Código.

OBS.: CC, art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só
obriga o representado a responder civilmente até a importância do
proveito que teve;

se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado


responderá solidariamente com ele por perdas e danos> culpa in
eligendo; culpa in vigilando

EXCEÇÃO À TEORIA DAS INCAPACIDADES:


Entretanto, uma regra limita o alcance desse princípio, pois ele não incide
sobre o menor que, agindo dolosamente, enganou o outro contratante sobre
sua idade.
CC, art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para
eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou
quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se
maior.

PROTEÇÃO AOS INCAPAZES


Contra os absolutamente incapazes não corre a prescrição (CC, art. 198, I);

o mútuo feito a menor não pode ser reavido, a não ser nas hipóteses do art.
589 (CC, art. 588);

pode o menor, ou o interdito, recobrar a dívida de jogo que voluntariamente


pagou (CC, art. 814).

FIM DA MENORIDADE AOS 18 ANOS


Aos 18 anos, completos, acaba a menoridade, ficando habilitado o indivíduo
para todos os atos da vida civil.
Por mais precoce que seja o menor, continuará ele incapaz (a menos que
venha a ser emancipado), enquanto não completar 18 anos de idade.
Art. 5° A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa
fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
EMANCIPAÇÃO EXPRESSA
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por
sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

EMANCIPAÇÃO TÁCITA
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos
completos tenha economia própria.

Emancipação - É a aquisição da capacidade civil antes da idade legal.

A emancipação assim concedida é irrevogável.

A lei requer escritura pública para a perfeição do ato. O instrumento de


concessão deve ser registrado em livro especial no Cartório do 1° Ofício ou
da V subdivisão judiciária de cada comarca (Lei n. 6.015, de 31-12-1973, art.
89).

A emancipação só deve ser concedida em consideração ao interesse do


menor.

Assim, por exemplo, pode ser anulada a emancipação concedida pelo pai se
ficar provado que ele só praticou o ato para libertar-se do dever de prestar
pensão alimentícia.

Só pode conceder emancipação quem esteja na titularidade do poder


familiar.

REGISTRO PÚBLICO:
Art. 9° Serão registrados em registro público:
I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.

Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:


I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o
divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a
filiação.

LEI N° 6.015, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1973 = LEI DE REGISTROS


PÚBLICOS
Art. 1º Os serviços concernentes aos Registros Públicos, estabelecidos pela
legislação civil para autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos,
ficam sujeitos ao regime estabelecido nesta Lei.
§ 1º Os Registros referidos neste artigo são os seguintes:
I - o registro civil de pessoas naturais;
II - o registro civil de pessoas jurídicas;
III - o registro de títulos e documentos;
IV - o registro de imóveis.

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