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DIREITO CIVIL

PARTE GERAL
Bibliografia
• DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro –
volume 1

• GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo


Curso de Direito Civil – volume 1

• GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro –


volume 1

• PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil –


volume 1

• VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil – volume 1


Para que serve o Direito Civil?
Direito Civil
VENOSA: “O Direito Civil disciplina as
relações jurídicas concernentes às pessoas,
aos bens e a suas relações”. (Direito Civil, I,
Parte Geral, 10ª edição, Atlas, 2010)

E ainda: “é um poder de ação que tem cada


indivíduo”, em seu aspecto subjetivo, uma
vez facultar às pessoas o uso das
prerrogativas que a lei confere em seu
favor.
Contextualização do Direito
DIREITO PÚBLICO DIREITO PRIVADO

Regulamenta a relação Tem por objeto ditar as


entre Estados, nos normas relativas às
diversos níveis, e relações entre os
também as relações do indivíduos, dando mais
Estado com o indivíduo. importância ao fator
particular.
Organização dos ramos do Direito
Organização dos ramos do Direito
Por que existe um Código Civil?

Segundo GAGLIANO e PAMPLONA


FILHO, a existência de um código permite
“o estudo sistematizado do direito, que
passa a se encontrar de forma
cientificamente organizada, gozando o
ordenamento de maior estabilidade nas
relações jurídicas”.
Novo Curso de Direito Civil. v. 1: parte geral. São
Paulo: Saraiva, 2003.
Direito Civil - legislação
CÓDIGO CIVIL – vigência a partir de 2003
Substituiu o Código Civil de 1916 (Código
Beviláqua), buscando maior proximidade com
a sociedade atual.

Normas complementares esparsas, como


Lei de Alimentos, Lei de Alimentos
Gravídicos, Lei do Divórcio, Lei de Registros
Públicos, Código de Defesa do Consumidor,
etc.
DIREITO CIVIL
Parte Geral
Destina-se a estabelecer um conjunto de
normas para a organização do direito, não
limitando seu alcance apenas às relações
civis.
Divisões:
Pessoas
Bens
Fatos Jurídicos
Princípios do Código Civil
•Socialidade
Os valores coletivos devem prevalecer sobre o
interesse individual.
•Eticidade
Exige-se a observância dos valores éticos no
funcionamento das relações jurídicas, como a
boa-fé, a equidade, a lealdade.
•Operabilidade
A norma deve-se pautar pela destinação, pela
prática e efetividade.
Questão problema
OAB - 2007 (Primeiro Exame Unificado)
Direito Civil e Processo Civil

92ª Questão:

Numa maternidade, foram realizados os partos de três


crianças: Antônio, João e Pedro. Antônio nasceu com
um grave problema cardíaco e faleceu depois de dois
dias. João nasceu morto, em virtude de complicações
ocorridas ainda no ventre materno. E, felizmente,
Pedro nasceu saudável.
PESSOA
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem
civil.

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento


com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos
do nascituro.

ESPÉCIES
Natural
Jurídica
Art. 2º A personalidade civil da pessoa
começa do nascimento com vida; mas a lei
põe a salvo, desde a concepção, os direitos
do nascituro.
Questão problema
Gumercindo, 35 anos, está em viagem com sua
esposa, Ilicínea, 32 anos, e com os dois filhos,
Gumercindo Júnior (13 anos) e Porfírio Neto (7 anos).
Ilicínea está no sétimo mês de gestação.
Sofrem acidente ao trafegarem pela BR-381, e
Gumercindo morre.
O seguro de vida do mesmo (R$ 1.000.000,00) não
especifica os beneficiários.
Defina quem deverá receber, quanto receberá e
justifique a sua decisão.
NASCITURO
Teorias vigentes sobre a personalidade civil:
•Natalista
Somente se inicia no nascimento com vida.
•Personalidade Condicional
O nascituro é pessoa condicional, uma vez que
apenas o nascimento com vida permite a
aquisição da personalidade civil.
•Concepcionista
A personalidade surge na concepção, ressalvados
direitos cuja eficácia dependem do nascimento,
como os direitos patrimoniais (ex.: sucessão).
I Jornada de Direito Civil
Coordenador-Geral
Ministro Ruy Rosado de Aguiar
Comissão de Trabalho
Parte Geral
Coordenador da Comissão de Trabalho
Humberto Theodoro Jr.
Número
1
Enunciado
A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que
concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e
sepultura.
Referência Legislativa
Norma: Código Civil de 2002 - Lei n. 10.406/2002
ART: 2;
Palavras de Resgate
PERSONALIDADE CIVIL DA PESSOA, DIREITOS DO NASCITURO

CONSELHO FEDERAL DE JUSTIÇA


EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL.
PREVIDÊNCIA PRIVADA. PENSÃO POR MORTE.
NASCITURO. INCLUSÃO NO ROL DE BENEFICIÁRIOS.
DIREITOS ASSEGURADOS. RECURSO NÃO PROVIDO.
 
- "A personalidade civil da pessoa começa do nascimento
com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os
direitos do nascituro.“

-Exigir-se a prévia inscrição de filho ainda não nascido,


mas já concebido, é incorrer em discriminação deste em
relação aos demais filhos incluídos, mormente
considerando que seu genitor/participante do plano de
previdência privada faleceu antes do nascimento do filho.
(Apelação Cível  1.0024.09.519307-4/002, Relator(a): Des.
(a) José Flávio de Almeida , 12ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 05/06/2013, publicação da súmula em
14/06/2013)
EMENTA: APELÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE COBRANÇA - SEGURO OBRIGATÓRIO
DPVAT - NEXO CAUSAL ENTRE A LESÃO E O SINISTRO - COMPROVAÇÃO -
MORTE DO FETO - DEVER DE INDENIZAR PRESENTE. Demonstrado o nexo de
causalidade entre a morte do feto da autora e o sinistro noticiado, deve ser
reconhecido o direito ao recebimento do seguro obrigatório, já que o ordenamento
jurídico brasileiro assegura os direitos do nascituro desde a concepção, não havendo
como excluir o direito da genitora vítima de acidente ao recebimento do seguro
DPVAT. (TJMG - Apelação Cível 1.0702.15.073734-5/001, Relator(a): Des.(a) Alberto
Henrique , 13ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 02/02/2017, publicação da súmula
em 10/02/2017)

EMENTA: DIREITO CIVIL - SEGURO OBRIGATÓRIO DPVAT - REQUERIMENTO


ADMINISTRATIVO - INTERESSE PROCESSUAL - ÓBITO DE NASCITURO -
EVENTO COBERTO.
Em autos de ação de cobrança, que tem em mira diferença de cobertura decorrente
do seguro obrigatório DPVAT, ajuizada a partir de 04.09.14, demonstrada a prévia
provocação administrativa da seguradora demandada, não há falar-se em ausência de
pretensão resistida a importar falta de interesse processual. O direito à indenização
por danos pessoais prevista na Lei nº 6.194/74 configura-se também quando o óbito
decorrente de acidente de trânsito alcança nascituro. (TJMG - Apelação Cível
1.0431.15.000970-9/001, Relator(a): Des.(a) Saldanha da Fonseca , 12ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 16/08/2017, publicação da súmula em 23/08/2017)
PERSONALIDADE JURÍDICA
Aptidão para adquirir direitos e deveres na
ordem civil;
Depende da existência da própria pessoa;
Refere-se aos aspectos inerentes aos direitos
de natureza civil.

CAPACIDADE é o montante da força que o


indivíduo tem para adquirir direitos e responder
por deveres no âmbito do Direito Civil.
CAPACIDADE - Espécies
INCAPACIDADE

Espécies

ABSOLUTA RELATIVA

Atua-se por meio de Atua-se, com uso da


Representação Assistência
Capacidade Civil
Código Civil
Código Civil Código Civil
2002
1916 2002
(Redação dada pelo Estatuto da
(Redação original) (Redação original)
Pessoa com Deficiência)

Art. 3o São absolutamente


Art. 5. São absolutamente
incapazes de exercer
incapazes de exercer
pessoalmente os atos da vida
pessoalmente os atos da vida
civil:
civil:
I - os menores de dezesseis anos; Art. 3o São absolutamente
I. Os menores de dezesseis anos.
incapazes de exercer
II - os que, por enfermidade ou pessoalmente os atos da vida
II. Os loucos de todo o gênero.
deficiência mental, não tiverem o civil os menores de dezesseis
necessário discernimento para a anos;
III. Os surdos-mudos, que não
prática desses atos;
puderem exprimir a sua vontade.
III - os que, mesmo por causa
IV. Os ausentes, declarados tais
transitória, não puderem exprimir
por ato do juiz.
sua vontade.
Capacidade civil
Art. 6o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa,
inclusive para:
I - casar-se e constituir união estável;
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter
acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento
familiar;
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização
compulsória;
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como
adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais
pessoas.
Capacidade Civil
Código Civil Código Civil
1916 2002 Código Civil
(Redação original) (Redação original) 2002
(Redação dada pelo Estatuto da
Pessoa com Deficiência)

Art. 6. São incapazes, relativamente Art. 4o  São incapazes, Art. 4º São incapazes,
a certos atos (art. 147, n. 1), ou à relativamente a certos atos ou à relativamente a certos atos ou à
maneira de os exercer: maneira de os exercer: maneira de os exercer:
I. Os maiores de dezesseis e I - os maiores de dezesseis e I - os maiores de dezesseis e
menores de vinte e um anos (arts. menores de dezoito anos; menores de dezoito anos;
154 a 156). II - os ébrios habituais, os viciados II - os ébrios habituais e os viciados
II. As mulheres casadas, enquanto em tóxicos, e os que, por em tóxico;
subsistir a sociedade conjugal. deficiência mental, tenham o III - aqueles que, por causa
III. Os pródigos. discernimento reduzido;   transitória ou permanente, não
IV. Os silvícolas. III - os excepcionais, sem puderem exprimir sua vontade;
Parágrafo único. Os silvícolas desenvolvimento mental IV - os pródigos.
ficarão sujeitos ao regime tutelar, completo;  
estabelecido em leis e regulamentos IV - os pródigos.
especiais, e que cessará à medida
de sua adaptação.
INCAPACIDADE
•Indígenas
Lei nº 6001/73 – Estatuto do Índio
Sujeitam-se à tutela da União até o momento em
que se adaptarem à civilização, sendo
considerados nulos os atos praticados entre índios
não adaptados e os não índios.
Classificação dos indígenas:
•Isolados;
•Em vias de integração;
•Integrados.
INCAPACIDADE

MAIORIDADE EMANCIPAÇÃO

VOLUNTÁRIA JUDICIAL LEGAL

Emprego público Colação de grau


Casamento Estabelecimento comercial,
efetivo em ensino superior civil com economia própria
ou relação de emprego
EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL. CONCURSO
PÚBLICO. FIXAÇÃO DE IDADE MÍNIMA. PREVISÃO EM LEI E NO
EDITAL. LEGALIDADE. EMANCIPAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. RECURSO
PROVIDO.

É dado à Administração Pública instituir os requisitos que entende


necessários para o provimento de seus cargos, desde que a natureza
deste e suas atribuições justifiquem a imposição de tais limitações. 
Prevendo o Estatuto dos Servidores Públicos do Município de São
Domingos do Prata e o edital de concurso público que um dos requisitos
para a investidura em cargo público é a idade mínima de 18 anos, não
pode ser dada posse àquele candidato que descumpre a exigência.
A emancipação apenas torna o emancipado capaz para todos os atos da
vida civil, sendo certo, porém, que a capacidade civil plena não se presta a
atestar a maturidade e responsabilidade necessárias para o exercício de
cargo público que exige do seu ocupante 18 anos completos, e não a
maioridade.
(Ap Cível/Reex Necessário  1.0309.10.003071-2/002, Relator(a): Des.(a)
Dídimo Inocêncio de Paula , 3ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
18/08/2011, publicação da súmula em 26/08/2011)
EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL

•Morte Real
•Comoriência
Apelação Cível 1.0183.06.118706-2/001
Relator(a): Des.(a) Caetano Levi Lopes
Data de Julgamento: 19/08/2008
Data da publicação da súmula: 09/09/2008

Ementa: Apelação cível. Ação cominatória. Cumprimento de disposições


testamentárias. Testamento. Formalidade essencial. Inobservância.
Invalidade. Comoriência. Legado não transmitido ao comoriente.
Representação. Impossibilidade. Recurso não provido. 1. A sucessão
testamentária constitui-se em ato de última vontade do testador, e a
observância das formalidades legais em sua manifestação é essencial à
validade. 2. Assim, não observadas as formalidades legais, o documento é
inapto para a transmissão dos direitos nele expressos. 3. Ocorrendo o óbito
simultâneo de pessoas que têm relação de sucessão hereditária, e na
impossibilidade de precisar qual deles faleceu primeiro, presumir-se-ão
simultaneamente mortos. Em conseqüência, não há transmissão de direitos
hereditários entre os comorientes. 4. O instituto da representação consiste
no chamamento dos parentes em linha reta, do herdeiro legítimo falecido
antes do autor da herança, para suceder em seu lugar. Porém, não existe a
mesma disposição na sucessão testamentária. 5. Inexistindo documento
válido para a sucessão testamentária e ocorrendo a comoriência entre a
autora da herança e o herdeiro invalidamente nomeado, não têm os
sucessores do beneficiado direito à sucessão por representação. 6.
Apelação cível conhecida e não provida, mantida a sentença que rejeitou a
pretensão inicial.
EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL
•Morte Real
Comoriência

•Morte Presumida

Espécies
Com declaração de ausência
Sem declaração de ausência:
2.1 – Extremamente provável a morte de quem se encontrava
em perigo de vida;
2.2 – Não há retorno, em até 2 anos após o fim da guerra, do
indivíduo que foi feito prisioneiro ou se encontrava desaparecido
durante o confronto.
Ausência
O requisito primordial da ausência é o DESAPARECIMENTO DO
INDIVÍDUO, seja consciente ou inconscientemente, voluntário ou não.

EVOLUÇÃO

Código Civil de 1916


Decretação de incapacidade da pessoa
Administração dos bens
Código Civil de 2002
Administração dos bens

Conclusão: foco no patrimônio, essência do Direito Civil.


https://g1.globo.com/mundo/noticia/jovem-que-desapareceu-ha-15-anos-em-buenos-aires-e-encontrado-em-li
ma-no-peru.ghtml
13/06/2018
Ausência
Código Civil
Art. 22 Desaparecendo uma pessoa do seu
domicílio sem dela haver notícia, se não
houver deixado representante ou procurador a
quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a
requerimento de qualquer interessado ou do
Ministério Público, declarará a ausência, e
nomear-lhe-á curador.

Requisitos
Curadoria dos bens
Requerimento judicial para declaração de
ausência e nomeação de curador.
Ordem de preferência (art. 25):
I - o cônjuge não separado judicialmente ou
de fato a mais de dois anos;
II - pais do ausente;
III - descendentes, preferindo os mais
próximos aos mais remotos;
IV - alguém à livre escolha do juiz.
Curadoria dos bens
Fases do processo (CPC, arts. 1.160/1.161):
1.Declaração da ausência;
2.Arrecadação dos bens do ausente, que ficarão sob a
responsabilidade do curador nomeado;
3.Publicação de editais durante um ano, de dois em dois
meses, anunciando a arrecadação e chamando o ausente a
retomar na posse de seus bens.

Fim da curadoria (CPC, art. 1.162):


1.Comparecimento do ausente, de seu procurador ou de
quem o represente;
2.Certeza da morte do ausente, circunstância que o óbito
será registrado em registro público, na data provada ou
provável, e terá todos os efeitos do fim da personalidade
jurídica;
3.Abertura da sucessão provisória.
Sucessão Provisória
Art. 26 Decorrido um ano da arrecadação dos
bens do ausente, ou, se ele deixou representante
ou procurador, em se passando três anos,
poderão os interessados requerer que se declare
a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.

Conforme Sílvio Rodrigues, “convém que se


comece a ter em vista não apenas o interesse do
desaparecimento, que provavelmente está morto,
mas também o de terceiros, a saber, o de seu
cônjuge, de seu companheiro, de seus herdeiros e
de pessoas com quem ele eventualmente viesse
mantendo relações negociais”.
Sucessão Provisória
Pessoas que podem pedir a abertura da
sucessão provisória do ausente:
I - O cônjuge não separado judicialmente;
II - Os herdeiros presumidos, legítimos ou
testamentários;
III - Os que tiverem sobre os bens do
ausente direito dependente de sua morte;
IV - Os credores de obrigações vencidas e
não pagas.
Sucessão Provisória
A sentença que determinar a abertura da
sucessão provisória só produzirá efeitos depois de
180 dias de publicada pela imprensa.

Abre-se o testamento, se houver, ou procede-se


com o inventário e a partilha de bens, como se o
ausente tivesse de fato morrido.

Bens móveis ou os sujeitos a deterioração ou a


extravio, podem ser convertidos em bens imóveis
ou em títulos, que podem ser públicos ou
privados, garantidos pela União.
Sucessão Provisória
Herdeiros que quiserem se imitir na posse dos bens do ausente
deverão prestar garantias da restituição deles, através de
penhores ou hipotecas.

Descendentes, ascendentes e o cônjuge, desde que provada a


qualidade de herdeiros necessários, não precisarão prestar
garantias para se imitirem na posse dos bens do ausente.

Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, de posse dos


bens do ausente, terão direito a TODOS os frutos e rendimentos
dos bens que lhes caibam.

Os outros sucessores só terão direito à metade desses frutos e


rendimentos. A outra metade deverá ser capitalizada.
Sucessão Provisória
Cessa com: (1)o aparecimento do ausente; (2)com a prova
da sua existência com vida; (3)com a transformação em
sucessão definitiva.

Se o ausente aparecer, mandar notícias suas, ou se lhe


provar a existência, cessarão imediatamente as vantagens
dos sucessores provisórios, que continuarão obrigados a
tomar as medidas conservatórias necessárias até a
entrega dos bens ao ausente.

Se, o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi


voluntária e injustificada, ele perderá, em favor dos
sucessores provisórios, a parte que lhe caberia nos frutos
e rendimentos, como espécie de sanção, tendo direito
apenas ao patrimônio original.
Sucessão definitiva
Necessidade da sucessão definitiva:
Caso os sucessores não tomem essa providência,
os bens reverterão em favor do Poder Público,
Município/DF ou União, dependendo de onde
estiverem localizados (Cód. Civil, art. 39, único)

Lapso temporal:
1) DEZ ANOS do trânsito em julgado da decisão
de abertura da sucessão provisória;
2) Ausente já tem 80 anos de idade e há cinco
anos não há notícias de seu paradeiro.
Sucessão Definitiva
EFEITOS

Levantamento (extinção) das garantias prestadas pelos


herdeiros ou sucessores na fase da sucessão provisória,
conforme o art. 37 do Código Civil.

Os sucessores que capitalizaram metade dos frutos e


rendimentos terão direito a resgatá-los, e poderão utilizá-los
como quiserem.

Situação do cônjuge casado

1)Pleitear divórcio antes da sucessão definitiva;


2)Aguardar a abertura da sucessão definitiva e ser declarado
viúvo em virtude da morte presumida do ausente.
SUCESSÃO DEFINITIVA
Retorno do Ausente

Nos 10 anos seguintes da abertura:


Ausente terá direito aos bens existentes, no
estado em que se acharem, ou aos sub-rogados
em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e
demais interessados houverem recebido pelos
bens alienados depois daquele tempo.

Após 10 anos da abertura da sucessão definitiva:


Ausente não terá direito a nada, como é o
entendimento de Maria Berenice Dias e Arnaldo
Rizzardo, pois o prazo de dez anos a que se
refere o art. 39 do Código Civil é decadencial.
Efeitos da decretação da morte
presumida do indivíduo

A sentença que declarar a morte presumida tem


eficácia erga omnes, mas não faz coisa julgada
material, podendo ser revista a qualquer tempo,
desde que surjam novas provas, se tenha notícia
da localização do desaparecido ou se dê o seu
retorno.

Caso o declarado morto regresse, ou provando-se


sua existência com vida, a sentença que declarou
a morte presumida, da mesma forma, perderá a
eficácia ex tunc, desaparecendo todos os efeitos
da extinção da personalidade.
OAB Unificada – Julho/2011 - Rodolfo, brasileiro, engenheiro, solteiro,
sem ascendentes ou descendentes, desapareceu de seu domicílio há 11
(onze) meses e até então não houve qualquer notícia sobre seu paradeiro.
Embora tenha desaparecido, deixou Lisa, uma amiga, como mandatária
para a finalidade de administrar-lhe os bens. Todavia, por motivos de
ordem pessoal, Lisa não quis exercer os poderes outorgados por Rodolfo
em seu favor, renunciando expressamente ao mandato. De acordo com os
dispositivos que regem o instituto da ausência, assinale a alternativa
correta.
a) O juiz não poderá declarar a ausência e nomear curador para Rodolfo,
pois Lisa não poderia ter renunciado o mandato outorgado em seu favor,
já que só estaria autorizada a fazê-lo em caso de justificada
impossibilidade ou de constatada insuficiência de poderes.
b) A renúncia ao mandato, por parte de Lisa, era possível e, neste caso, o
juiz determinará ao Ministério Público que nomeie um curador
encarregado de gerir os bens do ausente, observando, no que for
aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.
c) Os credores de obrigações vencidas e não pagas de Rodolfo, decorrido
1 (um) ano da arrecadação dos bens do ausente, poderão requerer que se
determine a abertura de sua sucessão provisória.
d) Poderá ser declarada a sucessão definitiva de Rodolfo 10 (dez) anos
depois de passada em julgado a sentença que concedeu a sucessão
provisória, mas, se nenhum interessado promover a sucessão definitiva,
nesse prazo, os bens porventura arrecadados deverão ser doados a
entidades filantrópicas localizadas no município do último domicílio de
Rodolfo.
Direitos da personalidade
São direitos que asseguram ao homem o domínio sobre parte de sua própria
personalidade (Otto von Gierke).

Teorias

Corrente Positivista: direitos da personalidade correspondem a modalidades de


direitos subjetivos dispostos em torno da personalidade civil, ou seja, são
elementos que conferem conteúdo e concreção à noção abstrata e vazia de
personalidade civil. Referem-se aos direitos reconhecidos pelo Estado.

Corrente Naturalista; não há qualquer tipo de limitação relativamente aos


direitos da personalidade uma vez que os mesmos se relacionam,
intrinsecamente, com os atributos inerentes à própria noção de pessoa.
Evolução histórica
Direito Romano
Ordenamento baseado em três pilares:
Religião, que através da imposição de crenças comuns estabelecia regras de
conduta sociais, uniformizando costumes e comportamentos;
Família, elemento estrutural e ordenador da sociedade;
Propriedade: elo entre os outros dois.
As relações sociais eram constituídas por pessoas e coisas, sendo que estas
últimas afetavam o modo de ser das primeiras. A vida privada, quando
existente, inseria-se em uma face maior que era a vida pública.

Idade Média
Cristianismo: o homem é a personificação da imagem do criador, passando
então à qualidade de sujeito dotado de valores intrínsecos a sua própria
humanidade, simplesmente por ser imagem e semelhança de Deus.

Idade Moderna e Contemporânea


O racionalismo (Descartes = cogito ergo sum) concebe a pessoa como ser
intelectual capaz de duvidar e de elaborar ideias claras e distintas. Os direitos
da personalidade passam a ser conceituados como os direitos da pessoa
humana, inerentes aos indivíduos.
Direitos personalíssimos amparados no
Código Civil

Características:
Oponíveis erga omnes;
Intransmissíveis;
Irrenunciáveis;

São organizados em três grupos:


Direito ao NOME;
Direito ao CORPO;
Direito à IMAGEM.
Casuística
Processo: Apelação Cível
1.0024.07.792779-6/001
7927796-63.2007.8.13.0024 (1)
Relator(a): Des.(a) Saldanha da Fonseca
Data de Julgamento: 03/02/2010
Data da publicação da súmula: 22/02/2010
Ementa: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ACIDENTE - QUEDA DE
FACHADA DE IMÓVEL SOBRE TRANSEUNTE - DANOS
ESTÉTICO E MORAL - CUMULAÇÃO - POSSIBILIDADE. São
cumuláveis os danos estético e moral, ainda que oriundos do
mesmo fato, quando atingidos valores pessoais distintos. A
queda de parte da fachada de imóvel acarreta no dever do
proprietário ou do responsável por sua conservação de
indenizar o transeunte atingido.
Legitimidade
Graus de parentesco
Vermelho: linha direta - Verde: linha colateral
Direito ao nome
Conceito:
Sinal distintivo essencial e obrigatório que identifica e individualiza a
pessoa natural em todos os tempos e lugares, em caráter permanente,
unindo-a como ser individual à sociedade, à família, ao comércio e aos
atos jurídicos.

Características:
• Fora do comércio;
• Imprescritível;
• Não se adquire por usucapião;
• Inestimável;
• Irrenunciável;
• Oponível erga omnes;
• Intransmissível;
• Ubíquo (pertence tanto ao direito privado como ao direito público);
• Imutável, como regra geral.
Formação do nome

Nome de Nome de
PRENOME família família
materno paterno
Elementos secundários (ou
circunstanciais) do nome
Agnome
Apelido ou alcunha ou epíteto ou vulgo ou cognome
Hipocorístico
Nome Vocatório (nome adotado pela própria pessoa)
Pseudônimo (nome fictício) ou Heterônimo ou Codinome
Títulos ou Axiônimos ou Axiônios
a) títulos nobiliárquicos ou honoríficos
b) títulos eclesiásticos
c) títulos qualificativos de identidade oficial
d) títulos acadêmicos e científicos
e) títulos de tratamento, de cortesia ou de reverência
Alterações referentes ao nome
São hipóteses de alteração do PRENOME:
a) Art. 55, parágrafo único LRP;
b) Equívocos de grafia;
c) Art. 58, parágrafo único LRP;
d) Adoção. art. 47, §5° ECA;
e) Homonímia depreciativa, causando embaraços
profissionais/sociais;
f) Tradução: ‫קְ ֶלנִיאֹו‬

São hipóteses de alteração do NOME DE FAMÍLIA:


a) Adoção;
b) Casamento (art. 1565,§ 1º).
Transgenitalização
A cirurgia de mudança de sexo do transexual, por Resolução
nº 1.955/2010 do Conselho Federal de Medicina (CFM) é
dispensada de autorização judicial para sua realização.

Pela Resolução, “a cirurgia de transformação plástico-


reconstrutiva da genitália externa, interna e caracteres
sexuais secundários não constitui crime de mutilação previsto
no artigo 129 do Código Penal brasileiro, haja vista que tem o
propósito terapêutico específico de adequar a genitália ao
sexo psíquico.”

COMO SÃO RESGUARDADOS OS DIREITOS DE


TERCEIROS?
Transgenitalização
ADIN 4275-DF
Decisão: O Tribunal, por maioria, vencidos, em parte, os
Ministros Marco Aurélio e, em menor extensão, os Ministros
Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski e Gilmar
Mendes, julgou procedente a ação para dar interpretação
conforme a Constituição e o Pacto de São José da Costa Rica
ao art. 58 da Lei 6.015/73, de modo a reconhecer aos
transgêneros que assim o desejarem, independentemente da
cirurgia de transgenitalização, ou da realização de
tratamentos hormonais ou patologizantes, o direito à
substituição de prenome e sexo diretamente no registro civil.
Impedido o Ministro Dias Toffoli. Redator para o acórdão o
Ministro Edson Fachin. Presidiu o julgamento a Ministra
Cármen Lúcia. Plenário, 1º.3.2018.
Processo: Apelação Cível 1.0480.08.115647-7/002
1156477-37.2008.8.13.0480 (1)
Relator(a): Des.(a) Albergaria Costa
Data de Julgamento: 27/09/2012
Data da publicação da súmula: 05/10/2012

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE MUDANÇA DE PRENOME E


GÊNERO DE REGISTRO CIVIL. CIRURGIA DE
TRANSGENITALIZAÇÃO. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA. PREPONDERÂNCIA.

Havendo colisão entre valores e princípios, é possível ao Julgador,


segundo o método de ponderação, mitigar a aplicação de uma norma
em benefício da outra, cuja carga axiológica, naquele caso específico,
recomenda a adoção da medida de restrição.

Hipótese em que a carga axiológica do princípio que assegura a


promoção da dignidade humana prepondera sobre o princípio da
imutabilidade dos registros públicos.

Recurso conhecido e provido.


Exercício
OAB Unificada – Junho/2010 – CESPE - Considere que o filho de
Mário Lins de Souza e de Luna Ferreira de Melo tenha sido registrado
com o nome de Paulo de Souza. Nessa situação hipotética,
a) Paulo, se assim o desejar, poderá, no prazo de até um ano após
atingir a maioridade, introduzir em seu nome um patronímico materno,
sem que precise justificar sua vontade.
b) é obrigatória, em razão da abolição do traço patriarcal da legislação
civil brasileira, a adoção do sobrenome materno, de modo que o
registro de nascimento de Paulo poderá ser alterado a qualquer
momento e, até mesmo, de ofício.
c) apenas por meio do casamento será possível a Paulo alterar seu
nome, o que será feito com a inclusão de sobrenome da esposa.
d) Paulo poderá, se assim o desejar, incluir em seu nome apelido que
seja notório, o que deverá ocorrer por meio de pedido devidamente
instruído e dirigido ao oficial do cartório de registro civil.
Direitos da Personalidade
Direito ao corpo

•Disposição de parte do corpo.


Cabimento: exigência médica;
Vedações: que cause inutilidade do órgão;
que contrarie os bons costumes.

•Disposição onerosa de parte ou da totalidade do corpo


(Lei nº 9.437/97).
Possibilidades: fins altruísticos;
fins científicos.

•Realização de tratamento médico ou intervenção cirúrgica


que implique em risco de vida.
Somente nos casos em que o paciente expressamente anuir.
Casuística
Processo: Agravo de Instrumento
1.0701.07.191519-6/001 1915196-21.2007.8.13.0701 (1)
Relator(a): Des.(a) Alberto Vilas Boas
Data de Julgamento: 14/08/2007
Data da publicação da súmula: 04/09/2007
Ementa: PROCESSO CIVIL. CONSTITUCIONAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
TUTELA ANTECIPADA. CASO DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ.
PACIENTE EM TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO. TRANSFUSÃO DE
SANGUE. DIREITO À VIDA. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA. - No contexto do
confronto entre o postulado da dignidade humana, o direito à vida, à
liberdade de consciência e de crença, é possível que aquele que professa
a religião denominada Testemunhas de Jeová não seja judicialmente
compelido pelo Estado a realizar transfusão de sangue em tratamento
quimioterápico, especialmente quando existem outras técnicas alternativas
a serem exauridas para a preservação do sistema imunológico. - Hipótese
na qual o paciente é pessoa lúcida, capaz e tem condições de
autodeterminar-se, estando em alta hospitalar.
Casuística
Mandado de Segurança
1.0000.08.477682-2/000 4776822-06.2008.8.13.0000 (1)
Relator(a): Des.(a) Brandão Teixeira
Data de Julgamento: 09/09/2009
Data da publicação da súmula: 23/10/2009
Ementa: MANDADO DE SEGURANÇA - TRANSFUSÃO DE SANGUE -
CRENÇA RELIGIOSA - DIREITO À VIDA - LIMINAR DEFERIDA
AUTORIZANDO O HOSPITAL REALIZAR A TRANSFUSÃO NEGADA PELA
PACIENTE - ABUSO - SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA LIMINAR
DEFERIDA - AÇÃO PRINCIPAL JÁ JULGADA - MANDAMUS
PREJUDICADO POR PERDA DO OBJETO.
Direito à imagem
Tutela legal:
•Imagem retrato
(aspecto físico da imagem, a fisionomia de alguém)
•Imagem atributo
(repercussão social da imagem da pessoa)
Atenção aos efeitos da ADIN 4815

Exceções:
a)Administração da Justiça;
b)Manutenção da ordem pública.
Ausência de autorização
Apelação Cível
1.0290.04.019702-9/001 0197029-88.2004.8.13.0290 (1)
Relator(a): Des.(a) Luiz Carlos Gomes da Mata
Data de Julgamento: 27/08/2009
Data da publicação da súmula: 14/09/2009
Ementa: INDENIZAÇÃO - PUBLICAÇÃO DE FOTOGRAFIA SEM
AUTORIZAÇÃO - DANO MORAL CONFIGURADO - DEVER DE
INDENIZAR. O direito à imagem tem caráter personalíssimo e visa
resguardar a privacidade do indivíduo, na medida em que este pode se
opor à divulgação de sua imagem, sem precisar explicitar suas razões.
A partir do momento que é facultado à pessoa, e somente a ela, o
poder de decisão acerca do uso de sua imagem, para que ocorra o
dano moral basta que esta imagem seja veiculada de maneira
indevida, sem a autorização necessária. A indenização por dano moral
não pode ser inexpressiva a ponto de estimular a repetição de fatos,
tais como os narrados nos autos, nem ser exorbitante ao ponto de
ocasionar enriquecimento sem causa.
Internet
Processo: Apelação Cível Relator(a): Des.(a) Wagner Wilson
1.0109.07.009368-6/001 0093686-32.2007.8.13.0109 (1)
Data de Julgamento: 19/08/2009 Data da publicação da súmula: 04/09/2009
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DIVULGAÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO, VIA INTERNET, DE
FOTOS ÍNTIMAS. DEVER DE INDENIZAR. LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ. INOCORRÊNCIA.
1. A divulgação, via Internet, de fotografias de momentos íntimos da autora sem a sua
autorização constitui ato ilícito e enseja o dever de indenizar. 2. Quanto à caracterização
do dano moral, em casos como o dos autos, a ocorrência é ""ipso facto"". A prova do
dano é dispensável. Situação como a presente dispensa demonstração de espécie
alguma, pois o fato fala por si, já que a veiculação de imagens em momentos íntimos,
envolvendo a identificação do telefone e nome da vítima, acarreta, sem dúvida, abalo à
honra e à dignidade pessoal desta. 3. Tratando-se de dano moral, o conceito de
ressarcimento abrange duas forças: uma de caráter punitivo, com vistas a castigar o
causador do dano pela ofensa praticada e outra de caráter compensatório, destinada a
proporcionar à vítima algum benefício em contrapartida ao mal sofrido. Assim, tal
ressarcimento presta-se a minimizar o desequilíbrio e aflição suportados pela vítima, não
podendo, em contrapartida, constituir fonte de enriquecimento injustificado. 4. Para a
configuração da litigância de má-fé, com a conseqüente aplicação dos arts. 17 e 18 do
CPC, é imprescindível que se prove, de forma cabal, que a parte estava agindo imbuída
de dolo processual, o que não se verificou no caso dos autos.
Exposição danosa
Processo: Apelação Cível 1.0024.06.931219-7/001
Relator(a): Des.(a) Alberto Henrique
Data de Julgamento: 12/07/2012
Data da publicação da súmula: 18/07/2012

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ACUSAÇÕES


PROFERIDAS EM PROGRAMA DE TELEVISÃO. INOBSERVÂNCIA DOS LIMITES DA
LIVRE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO. DEVER DE INDENIZAR RECONHECIDO.
SENTENÇA MANTIDA.

Deve-se ter em vista que a manifestação do pensamento não é um direito absoluto e tem
como limite lógico a fronteira dos direitos alheios, de modo que não pode ser praticada com
excesso em detrimento dos direitos dos indivíduos.

O apelante excedeu-se em sua manifestação imputando ao apelado a prática de crimes


contra a Administração Pública e qualificando-o com adjetivos ofensivos e desabonadores de
sua conduta, o que gera abalos anormais, perturbadores da tranqüilidade e sossego que
devem ser indenizados.

Desse modo, constatada a ilicitude da conduta do apelante e comprovado o dano dela


decorrente, não há como afastar o reconhecimento da responsabilidade civil atribuída a ele.
Uso comercial
Súmula 403 do STJ
Independe de prova do prejuízo a indenização pela
publicação não autorizada da imagem de pessoa com
fins econômicos ou comerciais.

A simples veiculação de fotografia para divulgação,


feitas no local de trabalho, não gera, por si só, o dever
de indenizar o fotografado, mesmo sem prévia
autorização.

(STJ - Resp 803.129): “Nesse contexto, constato que não houve dano algum à
integridade física ou moral, pois a Universidade não utilizou a imagem do técnico em
situação vexatória, nem tampouco para fins econômicos. Desse modo, não há porque
falar no dever de indenizar”.
Uso comercial
Apelação Cível
1.0024.07.544041-2/001 5440412-64.2007.8.13.0024 (1)
Relator(a): Des.(a) Hilda Teixeira da Costa
Data de Julgamento: 09/06/2011
Data da publicação da súmula: 17/08/2011
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DIREITO DE IMAGEM -
FOTOGRAFIA DE JOGADOR DE FUTEBOL EM ÁLBUM DE FIGURINHAS - CESSÃO
DE DIREITOS - AUSÊNCIA DE REPASSE DO VALOR DEVIDO AO ATLETA -
INDENIZAÇÃO DEVIDA - DENUNCIAÇÃO A LIDE DO CLUBE - ACOLHIDA -
RECURSO PRINCIPAL PARCIALMENTE PROVIDO E RECURSO ADESIVO
PROVIDO. Ficando expresso que o percentual de 20% do que o clube recebesse seria
repassado aos atletas, e restando incontroverso a utilização sem autorização da
imagem do jogador autor, entendo restar presente o dever de indenizar ao apelante,
haja vista que sua imagem foi utilizada sem autorização e qualquer recebimento em
razão da sua divulgação.

APELANTE(S): HERALDO GONCALVES DA SILVA


APTE(S) ADESIV: EDITORA ABRIL S/A
APELADO(A)(S): HERALDO GONCALVES DA SILVA
EDITORA ABRIL S/A
CRUZEIRO ESPORTE CLUBE
Imagem de falecido
A dona de casa Vera Lúcia Araújo, de
44 anos, que já era conhecida em
Camocim, agora é notícia em vários
países. O seu desejo excêntrico de ser
velada viva despertou curiosidade.
Depois de muita insistência, no dia de
finados (2) ela finalmente realizou o
sonho. Após a matéria do Tribuna do
Ceará, a história teve alcance nacional,
sendo reproduzida por vários portais de
notícias, pelo site Surrealista e ganhou
uma versão do humorístico
Sensacionalista.
Imagem de falecido
Divisão da imagem:

1)Semblante da pessoa, aparência física;


2)Partes distintas de seu corpo (exteriorizações
da personalidade do indivíduo em seu conceito
social).

(Resp 1.005.278):“Desta forma, inexistindo autorização dos familiares para a


publicação de imagem-retrato de parente falecido, certa é a violação ao direito
de personalidade do morto, gerando reparação civil”.
Exercício
TJ/SC – 2009. Analise as proposições abaixo:
I. É vedada, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do
próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
II. É defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição
permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes, salvo por
exigência médica.
III. O pseudônimo adotado para atividades ilícitas goza da proteção que se dá
ao nome.
IV. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer
proteção à imagem o cônjuge, ascendentes, descendentes e colaterais.

a) Todas as proposições estão incorretas.


b) Apenas as proposições II e IV estão corretas.
c) Apenas a proposição III está correta.
d) Apenas as proposições I e III estão corretas.
e) Apenas a proposição I está correta.

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