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Teoria do Direito

Fontes do Direito
REALE, MIGUEL. CAPÍTULOS XII, XIII E XIV - FONTES DO DIREITO
GUSMÃO, Paulo Dourado de. CAPÍTULOS IX A XIII

TD– Gabriella Beltrame


TRILHA:
• Compreender a definição de fontes materiais e
fontes formais.

• Compreender as espécies de fontes formais: lei no


sentido amplo, demais espécies normativas,
jurisprudência, costumes, doutrina, princípios
gerais do Direito, vontade do particular.

TD– Gabriella Beltrame


Fontes do Direito
De onde vem o direito?
De onde vem as normas jurídicas?
Fonte – Latim fons, fontis = nascente = tudo o
que origina ou produz algo.

“DIREITO DE DIZER O DIREITO” (BOURDIEU, 1989)

TD– Gabriella Beltrame


Conceitos e Classificação de Fontes do Direito
• A expressão Fontes do Direito indica de onde o direito se origina e as
formas pelas quais o Direito surge e se manifesta.
• As fontes, assim, são compreendidas como a origem da normatividade jurídica
vigente numa sociedade.
• Dentre as várias classificações das fontes do Direito, aqui
destacaremos as fontes materiais e fontes formais:
Materiais/Genética
são as matérias-primas para a elaboração do Direito.
Formais/Cognição
os meios pelos quais o direito positivo pode ser conhecido.

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Fontes materiais: matéria do Direito
• No sentido próprio de fontes, as únicas fontes do Direito seriam as materiais,
pois fonte, como metáfora, significa a origem do Direito, ou seja de onde ele
provém.
• As fontes materiais não são ainda o Direito pronto, perfeito, mas para a
formação deste contribuem sob a forma de fatos sociais, econômicos, políticos,
religiosos, morais, ambientais, como os ideais predominantes em uma época.
• As fontes materiais são as circunstâncias fáticas que determinam a elaboração de
certa norma jurídica.
• Um exemplo de fatos inspiradores do Direito: Desastre da Samarco, Incêndio no
Museu Nacional. A influência religiosa que marcava a indissolubilidade do
vínculo conjugal. A Segunda Guerra Mundial inspirando a Declaração Universal
dos Direitos Humanos. Perseguição potencializada pelas novas tecnologias,
subsidia a criação do tipo penal “crime de stalking”, art. 147-A do CP.
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Fontes materiais: matéria do Direito
• Autoridades/grupos/situações que impulsionam/influenciam a criação,
modificação e/ou extinção do direito em determinada sociedade
• Desigualdade  programas sociais
• Copa do Mundo  Lei Geral da Copa
• Eleição  Lei 4737 de 1965
• COVID-19  MP 927, MP 936 ...
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/Portaria/quadro_portaria.htm

• Conjuntura histórica em sentido amplo (política, econômica, social)


• História do Direito, Sociologia do Direito

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Fontes materiais: matéria do Direito
Teoria funcionalista- fontes materiais seriam a expressão dos interesses
gerais da sociedade.
Teoria do conflito social- fontes materiais expressam a luta contínua de
interesses opostos.

Exposição de Motivos ou Justificativa:


É um texto que acompanha os projetos de lei e outras proposições de autoria
do Poder Executivo com a mesma função de uma justificativa: explicar a
proposta e/ou expor as razões de se editar a norma. Em geral, encontra-se no
corpo da Mensagem (MSC) encaminhada pelo Poder Executivo ao Poder
Legislativo e é identificada pela sigla EM.
https://www2.camara.leg.br/transparencia/acesso-a-
informacao/copy_of_perguntas-frequentes/processo-legislativo##7

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Ano: 2016 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XX - Primeira Fase (Reaplicação Salvador/BA)
“O direito não é uma simples ideia, é uma força viva.”
(Rudolf von Ihering)
Em seu texto “A Luta pelo Direito”, o jurista alemão Rudolf von Ihering apresenta o conceito de
direito a partir da ideia de luta social.
Assinale a afirmativa que expressa o sentido que, no trecho citado, Ihering confere ao direito.
Alternativas
a) Trabalho incessante e uma luta sem tréguas nos quais participam o Poder Público e toda a
população, isto é, qualquer pessoa que se veja na contingência de ter de afirmar seu direito.
b) Uma luta permanente que é travada por parlamentares no âmbito da arena legislativa, que
o fazem em nome da população a partir das eleições que configuram o processo democrático
de legitimação popular.
c) O resultado dinâmico da jurisprudência que cria e recria o direito a partir das demandas de
cada caso concreto, adaptando a lei ao mundo real.
d) O produto das relações industriais e comerciais que são livremente travadas por agentes
econômicos, trabalhadores e empregadores e que definem, no contexto de uma luta concreta,
o sentido próprio das leis.
Mais sobre a questão anterior
"O objetivo do direito é a paz. A luta é o meio de consegui-la. Enquanto o direito tiver de repelir
o ataque causado pela injustiça - e isso durará enquanto o mundo estiver de pé - ele não será
poupado. A vida do direito é a luta, a luta de povos, de governos, de classes, de indivíduos. Todo o
direito do mundo foi assim conquistado, todo ordenamento jurídico que se lhe contrapôs teve de
ser eliminado e todo direito, assim como o direito de um povo ou o de um indivíduo, teve de ser
conquistado com luta.
O direito não é mero pensamento, mas sim força viva. Por isso, a Justiça segura, numa das mãos,
a balança, com a qual pesa o direito, e na outra a espada, com a qual o defende. A espada sem a
balança é a força bruta, a balança sem a espada é a fraqueza do direito. Ambas se completam e o
verdadeiro estado de direito só existe onde a força, com a qual a Justiça empunha a espada, usa
a mesma destreza com que maneja a balança.
O direito é um labor contínuo, não apenas dos governantes, mas de todo o povo. A vida inteira
do direito, vista de relance, mostra-nos o mesmo espetáculo sem descanso e o trabalho de uma
nação, que se baseia no que oferece a produção econômica e intelectual. Cada um que se
encontra na situação de precisar defender seu direito participa desse trabalho nacional, levando
sua contribuição para a concretização da ideia de direito sobre a terra."
A Luta Pelo Direito. Rudolf Von Ihering.
Fontes formais
• São os meios ou formas pelas quais o direito positivo se apresenta ou seja, os
meios pelos quais o direito positivo pode ser conhecido.
• Fontes formais do Direito, então, é quando a norma se materializa mediante
o exercício do poder normativo do Estado e através de procedimento
previamente determinado.
• Em nossa tradição qual seria a fonte formal do Direito por excelência?
• A Lei ou mais tecnicamente a norma jurídica.
 E quem produz a norma jurídica?
o O Estado- O Estado é, portanto, a fonte formal de produção do Direito.
o Toda fonte de direito implica uma estrutura normativa de poder.

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Fontes formais
• Procedimentos dotados de autoridade, pelo direito, para criá-lo, modificá-
lo, extingui-lo.

4) Do 1) De onde
direito vem o
direito?

3) De onde
2) De normas jurídicas
vêm essas
que o dizem
normas?

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Tradição romanística- Civil Law
• Pode-se dizer, simplistamente, que há no Ocidente dois tipos de sistemas
jurídicos, o da tradição romanística ou civil law (nações latinas e
germânicas) e o da tradição anglo-americana (common law).
• A Civil Law caracteriza-se pelo Primado do processo legislativo, com
atribuição de valor secundário às demais fontes do direito. A tradição
latina ou continental (civil law) acentuou-se especialmente após a
Revolução Francesa, quando a lei passou a ser considerada a única
expressão autêntica da Nação, da vontade geral, tal como verificamos na
obra de Jean-Jacques Rousseau, Du Contrat Social.
• O Direito em vigor nas Nações latinas e latino-americanas, assim como
também no restante Europa continental (Civil Law), funda-se,
primordialmente, em enunciados normativos elaborados através de órgãos
legislativos próprios.

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Tradição anglo-americana- Common law
• Na tradição dos povos anglo-saxões, o Direito se revela muito mais pelos
usos e costumes e pela jurisdição do que pelo trabalho abstrato e
genérico dos parlamentos. Trata-se, mais propriamente, de um Direito
misto, costumeiro e jurisprudencial.
• Se, na Inglaterra, há necessidade de saber-se o que é lícito em matéria
civil ou comercial, não há um Código de Comércio ou Civil que o diga,
através de um ato de manifestação legislativa. O Direito é, ao contrário,
coordenado e consolidado em precedentes judiciais, isto é, decisões
baseadas em usos e costumes prévios.

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Tradição anglo-americana- Common law
• Assim, o Common law, também conhecido como direito
consuetudinário, baseia-se em decisões judiciais anteriores para
resolver casos semelhantes.
• Ao contrário do civil law, que é baseado, preponderantemente, em
códigos e leis escritas, o common law é baseado, preponderantemente,
em precedentes estabelecidos em decisões judiciais anteriores. Os
tribunais interpretam e aplicam a lei com base em decisões anteriores
em casos semelhantes, criando assim um corpo de jurisprudência que é
utilizado para resolver questões legais futuras.
Tradição anglo-americana- Common law
• Caso "Brown v. Board of Education" de 1954
• Este caso foi apresentado à Suprema Corte dos
Estados Unidos e envolveu a questão da segregação
racial nas escolas públicas. A decisão da Suprema
Corte declarou que a segregação nas escolas
públicas era inconstitucional e violava a Cláusula de
Proteção Igualitária da 14ª Emenda da Constituição
dos Estados Unidos. Esta decisão acabou com a
doutrina "separados, mas iguais" que permitia a
segregação racial nas escolas públicas. A decisão de
Brown v. Board of Education teve um grande
impacto na sociedade americana e influenciou
outros casos subsequentes que buscavam acabar https://www.gse.harvard.edu/sites/default/files//content-images/1500x750-

com a discriminação racial em outras áreas. Este ed-brown-cover.jpg

caso é um exemplo da capacidade do sistema de


common law de evoluir e adaptar-se às mudanças
sociais e políticas
Classificação das Fontes Formais
• Não há um consenso doutrinário acerca da classificação das fontes
formais do Direito. Paulo Dourado de Gusmão, classifica-as em:
Fontes Estatais do Direito- Norma jurídica (Lei, regulamento, decreto,
resolução, medida provisória)- Jurisprudência
São fontes constituídas, diretamente, pelo Estado.
Fontes Infraestatais do Direito- Costume, convenções em geral ou
negócios jurídicos, doutrina.
São fontes não constituídas, diretamente, pelo Estado.
Fontes Supraestatais do Direito- Tratados Internacionais, costumes
internacionais.
São fontes do Direito que estão acima do Estado.

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Fonte estatal: Lei lato sensu ou sentido amplo
• O Direito positivo, como normas jurídicas escritas, oriundo de atos estatais, é o centro
de atenção do Direito (NUNES, 2016). A lei é a forma moderna de produção do Direito
positivo (NADER, 2021). E o conjunto de normas jurídicas emanadas pelo Estado, por
meio de seus vários órgãos, denomina-se legislação (NUNES, 2016).
• CRFB, art. 5º, II: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei”.
• Escritas;
• Autoridades (legalmente) competentes;
• Procedimentos (legalmente) definidos;
• Gerais e abstratas.
Todo procedimento formal que cria deveres e obrigações exigíveis pelas instituições
oficiais.
• Decretos, portarias, Medidas Provisórias...
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Processo Legislativo na CF 1988
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I-emendas à Constituição;
II -leis complementares;
III -leis ordinárias;
IV -leis delegadas; Espécies Legislativas
V -medidas provisórias;
VI -decretos legislativos;
VII -resoluções.

• Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação,


alteração e consolidação das leis. – LC 95/98 e LC 107/2001.

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Fontes formais estatais: tipos de atos normativos
Temos as normas jurídicas secundárias, • As circulares consistem em normas jurídicas
que consistem em normas subordinadas à que visam ordenar de maneira uniforme o
lei, em atos de hierarquia inferior à lei, serviço administrativo.
que às vezes, lhes dá eficácia, pois se • As portarias são normas gerais que o órgão
reportam, implícita ou explicitamente, a superior (desde o Ministério até uma simples
ela, e que compreendem: repartição pública) edita para serem
observadas por seus subalternos. Veiculam
• Os decretos regulamentares, que são normas comandos administrativos gerais e especiais,
jurídicas gerais, abstratas e impessoais servindo ainda para designar funcionários
estabelecidas pelo Poder Executivo da União, para o exercício de funções menores, para
dos Estados ou Municípios, para desenvolver abrir sindicâncias e inaugurar procedimentos
uma lei, minudenciando suas disposições, administrativos.
facilitando sua execução ou aplicação.
• As ordens de serviço, que constituem
• As instruções ministeriais, previstas na estipulações concretas para um certo tipo de
Constituição Federal, art. 87, parágrafo único, serviço a ser executado por um ou mais
II, expedidas pelos Ministros de Estado para agentes credenciados para isso.
promover a execução de leis, decretos e
regulamentos atinentes às atividades de sua
pasta.

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Fontes formais estatais: tipos de atos normativos
A legislação que é o processo pelo qual um ou vários órgãos estatais formulam e
promulgam normas jurídicas de observância geral. A atividade legiferante, é tida,
portanto, como a fonte primacial do direito.
Entendendo-se a lei em sentido amplo, abrange todos os atos normativos contidos
no processo legislativo (CF, art. 59, I a VII), que são:
• A norma constitucional, sobrepondo-se a todas as demais normas integrantes do
ordenamento jurídico.
• Emenda constitucional: A EC, altera o próprio texto constitucional e é discutida e votada
em dois turnos, em cada Casa do Congresso, e será aprovada se obtiver, na Câmara e no
Senado, três quintos dos votos dos deputados (308) e dos senadores (49).
• A lei complementar, alusiva à estrutura estatal ou aos serviços do Estado, constituindo
as leis de organização básica, cuja matéria está prevista na Constituição e, para sua
existência, exige-se o quórum qualificado do art. 69 da Constituição Federal, ou seja, a
maioria absoluta nas duas Casas do Congresso Nacional, para que não seja fruto de uma
minoria.
• A lei ordinária, editada pelo Poder Legislativo da União, Estados e Municípios, no campo
de suas competências constitucionais, com a sanção do chefe do Executivo.
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Fontes formais estatais: tipos de atos normativos
• A lei delegada, que, estando no mesmo plano da lei ordinária, como pondera Michel Temer, deriva de
exceção ao princípio do art. 2º da Constituição Federal. A lei delegada é elaborada e editada pelo
Presidente da República (delegação externa corporis-CD/1988, art. 68, §2º), por Comissão do Congresso
Nacional ou de qualquer de suas Casas (delegação interna corporis-CF/1988, art. 68), em razão de
permissão do Poder Legislativo e nos limites postos por este.
• As medidas provisórias, que estão no mesmo escalão hierárquico da lei ordinária, embora não sejam leis.
São normas expedidas pelo Presidente da República, no exercício de competência constitucional (CF, art.
84, XXVI) em caso de relevância do interesse público e urgência.
• O decreto legislativo é norma aprovada por maioria simples pelo Congresso, sobre matéria de sua
exclusiva competência (CF, art. 49), como ratificação de tratados e convenções internacionais e de
convênios interestaduais, julgamento de contas do Presidente da República etc.
• As resoluções do Senado, que têm força de lei ordinária, por serem deliberações de uma das Câmaras, do
Poder Legislativo ou do próprio Congresso Nacional sobre assuntos do seu peculiar interesse, como
questões concernentes à licença ou perda de cargo por deputado ou senador, à fixação de subsídios, à
determinação de limites máximos das alíquotas do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação (CF, art. 155, II, e § 2º,
IV), por proposta de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos senadores.
Fonte estatal: Lei stricto sensu ou sentido estrito)
Norma jurídica escrita emanada de poder competente.
 Lei – latim légere = ler. Lei é texto escrito, feito para ser lido
Produto conjunto do Poder Legislativo e Executivo (sanção), por decisão
majoritária.
• Caráter geral e abstrato
• Prospectivas (regras para o futuro)
• Leis não devem retroagir (segurança jurídica)
Processo de elaboração previsto na Constituição.

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Leis em sentido estrito
• Lei Complementar (LC)
• Maioria absoluta: mais da metade dos membros
• 513D/2= 256,5 (257)
• 81S/2= 40,5 (41)
• Matérias designadas na Constituição
• VIDE: http://www4.planalto.gov.br/legislacao/portal-legis/legislacao-1/leis-
complementares-1/todas-as-leis-complementares-1
• Lei Ordinária (LO)
• Maioria simples: mais da metade dos presentes, estando presente mais de
metade dos membros
• 257 presentes/2=128,5 (129)
• Matérias reguláveis por lei, não reservadas a lei complementar
• VIDE: http://www4.planalto.gov.br/legislacao/portal-legis/legislacao-1/leis-
ordinarias
TD– Gabriella Beltrame
Quando designa a si própria como ‘pura’ teoria do Direito, isto significa que ela se propõe
garantir um conhecimento apenas dirigido ao Direito e excluir deste conhecimento tudo
quanto não pertença ao seu objeto, tudo quanto não se possa, rigorosamente, determinar
como Direito. Isto quer dizer que ela pretende libertar a ciência jurídica de todos os
elementos que lhe são estranhos. Esse é o seu princípio metodológico fundamental. Isto
parece-nos algo de per si evidente. Porém, um relance de olhos sobre a ciência jurídica
tradicional, tal como se desenvolveu no decurso dos sécs. XIX e XX, mostra claramente
quão longe ela está de satisfazer à exigência da pureza. De um lado inteiramente acrítico, a
jurisprudência tem-se confundido com a psicologia e a sociologia, com a ética e a teoria
política. (KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. São Paulo: Martins Fontes, 1987, p. 06)
Considerando-se o excerto apresentado e o pensamento de seu autor julgue a assertiva.
Comporta a teoria de Kelsen uma validação da norma jurídica inferior pela norma
jurídica superior, não cabendo, uma validação externa, de cunho sociológico.

a) Certo
b) Errado
Fontes Infraestatais do Direito: Costume
• O costume, no sentido jurídico, é a fonte mais antiga do Direito.
• Surge de maneira lenta e espontânea.
• Pode ser definido como a regra de conduta usualmente observada em um
meio social por ser considerada juridicamente obrigatória e necessária.
• Cessa a vigência do costume com o desuso ou com a regulamentação de
sua matéria por lei.
É a forma de expressão do direito decorrente da prática reiterada e
constante de certo ato, com a sua convicção de sua necessidade jurídica.
(Maria Helena Diniz, Introdução ao Estudo do Direito).

TD– Gabriella Beltrame


Fontes Infraestatais do Direito: Costume
É a norma jurídica que não faz parte da legislação. É criado espontaneamente pela
sociedade, sendo produzido por uma prática geral, constante e reiterada.
• “a norma jurídica que resulta de uma prática geral constante e prolongada,
observada com a convicção de que é juridicamente obrigatória” (Montoro, 1995).
• “a regra de conduta criada espontaneamente pela consciência comum do povo,
que a observa por modo constante e uniforme, e sob a convicção de corresponder a
uma necessidade jurídica” (Sandoval, 1999).
• O costume secundum legem está previsto na lei, que reconhece sua eficácia
obrigatória. No nosso direito tal é o caso do:
• art. 597 do Código Civil que dita: “A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se,
por convenção, ou costume, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações” e
• art. 615 do Código Civil que afirma: “Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume
do lugar, o dono é obrigado a recebê-la. Poderá, porém, rejeitá-la, se o empreiteiro se afastou
das instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal
natureza”. É óbvio que nesses casos o preceito costumeiro não se encontra contido na lei civil,
mas é por ela admitido.
TD– Gabriella Beltrame
FCC - JE TJSC/TJ SC/2015
Deste modo, quando surge no seu logrador um animal alheio, cuja marca conhece, o
restitui de pronto. No caso contrário, conserva o intruso, tratando-o como aos demais.
Mas não o leva à feira anual, nem o aplica em trabalho algum; deixa-o morrer de velho.
Não lhe pertence. Se é uma vaca e dá cria, ferra a esta com o mesmo sinal desconhecido,
que reproduz com perfeição admirável; e assim pratica com tôda a descendência
daquela. De quatro em quatro bezerros, porém, separa um, para si. É a sua paga.
Estabelece com o patrão desconhecido o mesmo convênio que tem com o outro. E
cumpre estritamente, sem juízes e sem testemunhas, o estranho contrato, que ninguém
escreveu ou sugeriu. Sucede muitas vêzes ser decifrada, afinal, uma marca sòmente
depois de muitos anos, e o criador feliz receber, ao invés da peça única que lhe fugira e
da qual se deslembrara, uma ponta de gado, todos os produtos dela. Parece fantasia
êste fato, vulgar, entretanto, nos sertões.
(Euclides da Cunha – Os sertões. 27. ed. Editôra Universidade de Brasília, 1963, p. 101).
O texto acima, sobre o vaqueiro, identifica:
a) espécie de lei local, de cujo teor ou vigência o juiz pode exigir comprovação.
b) a analogia, como um meio de integração do Direito.
c) um princípio geral de direito, aplicável aos contratos verbais.
d) o uso ou costume como fonte ou forma de expressão do Direito.
Costume no Decreto-Lei 4.657/1942
• Artigo 4º do Decreto Lei 4.657/1942 (“Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro” (LINDB), ou a antiga “Lei de Introdução ao Código Civil” –
LICC) :
•Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com
a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
• No aspecto formal, o costume é considerado apenas como fonte subsidiária
do Direito em nossa tradição. Isso quer dizer que ele somente será aplicado
quando não houver lei que discipline a questão. E, mais do que isso, que o
costume não pode ser aplicado contra a lei (o que se chama de costume
contra legem).

TD– Gabriella Beltrame


Espécies de Costumes
CONTRA LEGEM É o costume que é contrário à norma jurídica.
Por opor-se à lei, a priori, não têm admissibilidade em
nosso Direito.
SECUNDUM A própria norma jurídica prevê que em certas ocasiões
LEGEM será regulamentada segundo os costumes
PRAETER LEGEM É utilizável quando a lei for omissa para preencher a
lacuna existente. Este último; é o costume considerado
como supletivo do direito.

TD– Gabriella Beltrame


Principais diferenças: costume e norma
jurídica
COSTUME NORMA JURÍDICA
É espontâneo Emanada do Estado, através de um
processo próprio de elaboração
Expressa-se oralmente Expressa-se, predominantemente, por
fórmula escrita

A aplicação do costume varia conforme o ramo do Direito. Em Direito


empresarial, o costume tem considerável importância. No Direito Penal, o
costume, com força de lei, é radicalmente proibido. Segundo o Código Penal,
não há crime sem lei anterior que o defina. Dessa maneira, ninguém pode ser
criminalmente condenado por ter desrespeitado apenas um costume.

TD– Gabriella Beltrame


Exemplo de costume reconhecido
LEI Nº 5.889, DE 8 DE JUNHO DE 1973.

Estatui normas reguladoras do trabalho rural.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e


eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 5º Em qualquer trabalho contínuo de duração superior a seis horas, será


obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação observados os
usos e costumes da região, não se computando este intervalo na duração do trabalho.
Entre duas jornadas de trabalho haverá um período mínimo de onze horas
consecutivas para descanso.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5889.htm
Exemplo de costume reconhecido
Artigo 445 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002Institui o Código Civil.
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no
preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,
contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da
alienação, reduzido à metade.
§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo
contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e
oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos
serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais,
aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras
disciplinando a matéria.

TD– Gabriella Beltrame


Exemplo de costume reconhecido
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002
Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer
modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a
proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados
e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente
entre os interessados as respectivas despesas.
§ 1º Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas de
arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário, pertencer a
ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade com os costumes
da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as despesas de sua construção e conservação.
§ 2º As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de marco divisório, só podem
ser cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre proprietários.
§ 3º A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequeno porte,
ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário,
que não está obrigado a concorrer para as despesas.

TD– Gabriella Beltrame


Fontes Infraestatais do Direito: Jurisprudência
• Latim jurisprudentia – jus (Direito) e prudentia (sabedoria) = direito aplicado com
sabedoria.
• São regras gerais que se extraem das reiteradas decisões dos tribunais num mesmo
sentido, numa mesma direção interpretativa.
• Em regra, não vincula o juiz, mas costuma dar-lhe importantes subsídios na solução
de cada caso.
• É o conjunto uniforme e reiterado de decisões judiciais (julgados), ou seja, de
soluções contidas nas decisões dos tribunais sobre determinadas matérias.
• Os Tribunais que compõem o Judiciário brasileiro editam Súmulas, que representam
a interpretação oficial do Direito segundo estas Cortes.
• A súmula é, portanto, uma síntese do entendimento jurídico a respeito de
determinados temas a partir de reiteradas decisões sobre mesma matéria.

TD– Gabriella Beltrame


Fontes Infraestatais do Direito: Jurisprudência
• Há, na tradição de civil law, uma discussão histórica acerca da possibilidade de se
considerar a jurisprudência como fonte formal do Direito. No entanto, cada vez mais o
Brasil tem acolhido a força obrigatória de determinadas decisões judiciais. É o caso dos
recursos especiais repetitivos e do regime da repercussão geral no recurso extraordinário
(que também dispõe de uma técnica de julgamento de casos repetitivos), situações
disciplinadas pelos artigos 1.035 a 1.040 do Novo CPC (Código de Processo Civil).

• A jurisprudência constitui um costume judiciário que se forma pela prática dos


tribunais. (REALE, 2011)

TD– Gabriella Beltrame


EXEMPLO DE SÚMULA DO TST
Súmula nº 460 do TST
VALE-TRANSPORTE. ÔNUS DA PROVA - Res. 209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e
03.06.2016
É do empregador o ônus de comprovar que o empregado não satisfaz os requisitos
indispensáveis para a concessão do vale-transporte ou não pretenda fazer uso do benefício.

Conheça mais: https://www.tst.jus.br/web/guest/sumulas

TD– Gabriella Beltrame


EXEMPLO DE SÚMULA DO TJMG
• Precedentes:Mandado de Segurança 1.0000.18.112784-6/000, Relator Des. Edilson Olímpio
Fernandes, Órgão Especial, Data de Julgamento 27/02/2019. Data da publicação da súmula:
07/03/2019;

Enunciado 77 • Mandado de Segurança 1.0000.18.098446-0/000, Relator Des. Amorim Siqueira, Órgão


Especial, Data de Julgamento 28/01/2019. Data da publicação da súmula: 12/02/2019;
Órgão Julgador: Órgão Especial • Mandado de Segurança 1.0000.18.001715-4/000, Relator Des. Edgard Penna Amorim,
Órgão Especial, Data de Julgamento 25/10/2018. Data da publicação da súmula:
30/10/2018;
Data do Julgamento:22/07/20
• Mandado de Segurança 1.0000.17.069365-9/000, Relator Des. Alberto Vilas Boas, Órgão
Data da Publicação/Fonte:DJe de 21/01/2021, Especial, Data de Julgamento 23/08/2018. Data da publicação da súmula: 21/09/2018;
28/01/2021 e 04/02/2021. • Mandado de Segurança 1.0000.16.021724-6/000, Relator: Des. Belizário de Lacerda, Órgão
Especial, Data de Julgamento 13/07/2016. Data da publicação da súmula: 22/07/2016;
Enunciado: O mandado de segurança que visa à • Mandado de Segurança 1.0000.17.082027-8/000, Relator Des. Armando Freire, Órgão
nomeação de candidato aprovado em concurso público, Especial, Data de Julgamento 23/08/2018. Data da publicação da súmula: 12/09/2018;
no âmbito do Poder Executivo do Estado de Minas • Mandado de Segurança 1.0000.17.085657-9/000, Relator Des. Caetano Levi Lopes, Órgão
Gerais, deve ser impetrado exclusivamente em face do Especial, Data de Julgamento 25/07/2018. Data da publicação da súmula: 06/08/2018;
Governador. • Mandado de Segurança 1.0000.17.017420-5/000, Relator Des. Edilson Olímpio Fernandes,
Órgão Especial, Data de Julgamento 11/04/2018. Data da publicação da súmula:
20/04/2018;
• Mandado de Segurança 1.0000.17.057920-5/000, Relator Des. Kildare Carvalho, Órgão
Especial, Data de Julgamento 28/02/2018. Data da publicação da súmula: 09/04/2018;
Referência Legislativa: Constituição do Estado de Minas
Gerais – artigo 90, inciso III. • Mandado de Segurança 1.0000.16.061908-6/000, Relator Des. Dárcio Lopardi Mendes,
Órgão Especial, Data de Julgamento 14/03/2018. Data da publicação da súmula:
• 23/03/2018;
• Mandado de Segurança 1.0000.16.046809-6/000, Relator Des. Evandro Lopes da Costa
Teixeira, Órgão Especial, Data de Julgamento 05/05/2017. Data da publicação da súmula:
08/06/2017;
• Mandado de Segurança 1.0000.16.076226-6/000, Relatora Desa. Áurea Brasil, Órgão
Especial, Data de julgamento 22/02/2017, Data da publicação da súmula 10/03/2017.

TD– Gabriella Beltrame


EXEMPLO DE SÚMULA DO TJMG
• Enunciado 71
• Órgão Julgador: Órgão Especial
• Data do Julgamento:28/08/19
• Data da Publicação/Fonte: DJe de 16/10/2019, 23/10/2019, 30/10/2019
• Enunciado: Compete a juiz cível o processamento e o julgamento de ações
reguladas pelo Estatuto do Idoso, na ausência de vara especializada na comarca
ou de juiz expressamente designado pela Corregedoria-Geral de Justiça.
• Referência Legislativa: Constituição da República de 1988, artigo 230;
• Código de Processo Civil de 2015, artigo 66;
• Lei Federal nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso), artigo 45;
• Lei Complementar Estadual nº 59, de 18 de janeiro de 2001, artigos 57, 58, 59, 60
e 62, ”c”.

TD– Gabriella Beltrame


EXEMPLO DE SÚMULA DO TJMG
Enunciado 68
Órgão Julgador: Órgão Especial
Data do Julgamento:28/06/19
Data da Publicação/Fonte:23/09/2019, 30/09/2019 e 07/10/2019
Enunciado: No âmbito dos Juizados Especiais, é cabível, no prazo de quinze dias, a interposição
de agravo interno, a ser julgado pela Turma Recursal, contra a decisão monocrática que nega
seguimento a recurso extraordinário, bem como a que determina o sobrestamento de recurso
que versa sobre matéria submetida à sistemática da repercussão geral.
Referência Legislativa:- Código de Processo Civil de 2015, art. 1.003, §5º; art. 1.021; art. 1.030;
art. 1.046, §2º e art. 1.070;
- Lei nº 9.099. de 26 de setembro de 1995, art. 2º;
FONTE: https://www.tjmg.jus.br/portal-tjmg/jurisprudencia/consulta-de-
jurisprudencia/enunciado-68.htm#.Xa79uZJKiUk

TD– Gabriella Beltrame


• Enunciado 65
• Órgão Julgador: Órgão Especial.
• Data do Julgamento:22/05/19
• Data da Publicação/Fonte: DJe de 31/07/2019, 07/08/2019, 14/08/2019
• Enunciado: A isenção de recolhimento do Imposto de Renda concedida ao servidor
inativo portador de moléstia grave (art. 6º da Lei Federal 7.713/88) não exige
contemporaneidade com a manifestação dos sintomas da doença.
• Referência Legislativa: Lei Federal 7.713, de 22 de dezembro de 1988, artigo 6º, XIV.
• Precedentes: Órgão Especial
• Agravo Interno Cv n° 1.0000.14.010936-4/001. Rel. Des. Antônio Sérvulo, Órgão
Especial, julgamento em 30/05/2014, DJe de 27/06/2014;
• FONTE:https://www.tjmg.jus.br/portal-tjmg/jurisprudencia/consulta-de-
jurisprudencia/enunciado-65.htm#.Xa7-XJJKiUk

TD– Gabriella Beltrame


Jurisprudência: Súmulas vinculantes
• A Súmula vinculante é uma inovação introduzida pela Emenda Constitucional-
EC n.º 45/04
• De acordo com esse instituto, o "Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício
ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir
de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta,
nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou
cancelamento, na forma estabelecida em lei" (CF, art. 103-A, instituído pela EC
45/04).
Por este instituto, a decisão do Supremo, obrigatoriamente, deve ser
obedecida pelos tribunais e juízes, assim como pelos agentes do Poder
Executivo, em caráter cogente (obrigatório).

TD– Gabriella Beltrame


Exemplo de súmula vinculante
• SÚMULA VINCULANTE 5 (2008)
• A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não
ofende a Constituição.
• SÚMULA VINCULANTE 11 (2008)
• Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga
ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de
terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de
nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado.

• http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=jurisprudenciaSumulaVin
culante

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Fontes Infraestatais: Jurisprudência
• “Entendimento judicial sobre uma matéria”
• Decisão isolada – fonte entre as partes.
• Uso argumentativo, mas não vinculante
• “Jurisprudência” – entendimento reiterado
• Uso argumentativo, mas não vinculante
• Alto grau de persuasão
• Súmula – formalização de teses aceitas por um tribunal (CPC. Art. 926)
• Não vinculantes, mas “pontos de referência”
• Não aplicação: “ônus argumentativo” (CPC art. 489, VI)
• Repercussão Geral vide:
http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=465224
• Súmula vinculante – STF (Pleno), matérias constitucionais, vinculando juízes
de instâncias inferiores e Administração Pública
TD– Gabriella Beltrame
Fontes Infraestatais do Direito: Doutrina
• Doutrina- do latim docere- ensinar
• Doutrina são os estudos e teorias desenvolvidos pelos juristas, com o
objetivo de sistematizar e interpretar as normas vigentes e de
conceber novos institutos jurídicos reclamados pelo momento
histórico.
• Para Paulo Nader (2014): Os estudos científicos reveladores do direito
vigente não obrigam os juízes, mas a maioria das decisões judiciais
em sua fundamentação resulta apoiada em determinada obra de
consagrado jurista (2014).

TD– Gabriella Beltrame


Fontes Infraestatais: Doutrina
• Conjunto de investigações e reflexões teóricas e princípios metodicamente
expostos, analisados e sustentados pelos autores, tratadistas, jurisconsultos, no
estudo das leis (Max e Édis, 2017).
• É o conjunto sistemático de teorias sobre o Direito elaborado pelos juristas. É
produto da reflexão e do estudo que os grandes juristas desenvolvem sobre o
Direito (Cotrim, 2008).
• ATENÇÃO: Aprendemos sobre o prisma da doutrina
• Não há definição oficial ou jurídica do que é doutrinador, nem
hierarquia entre eles.

TD– Gabriella Beltrame


TD– Gabriella Beltrame
Doutrina nas decisões judiciais (exemplo)
• APELAÇÃO CÍVEL 2009.001.41668 TJ/RJ
• OITAVA CÂMARA CÍVEL
• APELAÇÃO CÍVEL Nº 2009.001.41668
• APELANTE: FERNANDO GONÇALVES DE ALMEIDA
• APELADA: MARIA APARECIDA CIRINO CORRÊA DE SÁ
• RELATOR: DES. ANA MARIA PEREIRA DE OLIVEIRA
Responsabilidade civil. Ação de indenização por dano moral que a Autora teria sofrido em razão
do abandono material e afetivo por seu pai que somente reconheceu a paternidade em ação
judicial proposta em 2003, quando ela já completara 40 anos. Procedência do pedido, arbitrada
a indenização em R$ 209.160,00. Provas oral e documental. Apelante que tinha conhecimento
da existência da filha desde que ela era criança, nada fazendo para assisti-la, diferentemente do
tratamento dispensado aos seus outros filhos. Dano moral configurado. Quantum da
indenização que adotou como parâmetro o valor mensal de 2 salários mínimos mensais que a
Apelada deixou de receber até atingir a maioridade. Indenização que observou critérios de
razoabilidade e de proporcionalidade. Desprovimento da apelação. Continua...

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O Código Civil de 1916, em seu artigo 358, proibia de forma absoluta, o reconhecimento do
filho adulterino, tendo a Lei nº 883, de 21 de outubro de 1949, passado a permitir o
reconhecimento, voluntário ou forçado, dos filhos havidos fora do matrimônio, mas apenas
depois de dissolvida a sociedade conjugal.
A condição jurídica do filho adulterino suscitava profundas divergências entre os juristas,
havendo quem sustentasse que seu reconhecimento não devia ser admitido para proteção
da família, visando desestimular a prática de uniões contrárias aos costumes.
A propósito, vale citar os ensinamentos de Gabriel Antônio Rebêlo, quando se manifesta a
respeito da matéria:
“... O filho adulterino, como indivíduo que é, tem o mesmo direito de viver que
qualquer outro produto da espécie humana. E o autor de sua vida, pelo fato de
o haver trazido para o mundo, assume a responsabilidade de garantir-lhe, em
toda a sua plenitude, as condições de vida, traduzidas na sua criação, educação,
subsistência e bem estar no seio da coletividade. (In, A FAMÍLIA BRASILEIRA E O
RECONHECIMENTO DO FILHO ADULTERINO. Ed. A Manhã — 1943, págs.
133/136)

TD– Gabriella Beltrame


Doutrina nas decisões judiciais (exemplo)
MANDADO DE SEGURANÇA 37.097 DISTRITO FEDERAL RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE
MORAES
IMPTE.(S) :PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA
ADV.(A/S) :MARCOS ALDENIR FERREIRA RIVAS
IMPDO.(A/S) :PRESIDENTE DA REPÚBLICA
PROC.(A/S)(ES) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
LIT.PAS. :ALEXANDRE RAMAGEM RODRIGUES
ADV.(A/S) :SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS
A característica básica do Presidencialismo é a centralização e a personificação do Poder
Executivo Central na figura do Presidente da República, exercente da mais alta magistratura
do país – como a ele se referiram JAY, HAMILTON e MADISON – e da maior liderança
política nacional (MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO. Curso de direito constitucional.
27. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 140; PAULO BONAVIDES. Ciência política. 10. ed. São
Paulo: Malheiros, 2000. p. 296).
Fontes Supraestatais do Direito: Tratados
• Tratado é o acordo concluído por escrito entre Estados soberanos,
contendo regras gerais disciplinadoras de suas relações e de seus
posicionamentos a respeito de determinada questão.
• A obrigatoriedade dos tratados funda-se no princípio fundamental do
direito internacional: pacta sunt servanda, segundo o qual os Estados
devem respeitar os pactos por ele estabelecidos.

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Exemplo de convenção internacional
• CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (1969)
• (PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA)
• Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal
Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de
autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de
obrigação alimentar.

TD– Gabriella Beltrame


Princípios do Direito
• Latim principium = origem, começo, base
• Princípios são proposições básicas que informam as ciências, orientando-as. Para
o Direito, o princípio é seu fundamento, a base que irá informar e orientar as
normas jurídicas.
• Ideias de justiça, liberdade, igualdade, democracia, dignidade, etc.
• Atualmente, os princípios gerais de Direito são, em grande parte, escritos,
porque já foram incorporados ao sistema legal (positivados).
• Todo Princípio geral de Direito escrito (inserido na legislação) é norma jurídica.
Exemplos: princípio da boa-fé, da precaução, da prevenção, do contraditório,
igualdade, legalidade.

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Fontes Infraestatais: Contratos
Contratos: normas individuais e concretas
• “Normação privada”
• Autonomia da vontade
• Formas não proibidas ou não exigidas em lei
• Brocardo: “O contrato é lei entre as partes”
CC, Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos
negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos
reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
CC, Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor,
se lhe seguir incontinenti a tradição.

TD– Gabriella Beltrame


FONTES MATERIAIS FONTES FORMAIS (no direito federal brasileiro)
Diretas Indiretas
Escritas Não escritas

 Valores sociais  Constituição Costumes Doutrina


 Emenda à Constituição
 Necessidades humanas  Lei no sentido estrito jurídicos
 Elementos culturais  Tratados internacionais Precedentes

 Costumes sociais Medida provisória
Princípios judiciais e
 Decreto legislativo
 Vontade do povo  Resolução gerais do súmula não
 Vontade de certas classes  Decreto e regulamento direito vinculante
 Instrução
sociais  Portaria
 Vontade dos grupos de  Circular Vontade dos
poder  Ordem de serviço particulares
 Decisões do Judiciário (incluindo
súmulas vinculantes, exercício do
poder normativo da justiça de
trabalho e declarações de
inconstitucionalidade)

Tipologia das fontes do Direito. Dimoullis, 2013, p. 187


TD– Gabriella Beltrame
Faculdade de Direito, Programa de Pós-graduação em Direito - Mestrado e Doutorado- UFPR
Questão: no tocante às fontes do Direito:
I. Um dos sentidos possíveis para a expressão fontes do direito é o de que estas representam os
meios pelos quais o Direito se manifesta em um ordenamento jurídico, sendo divididas em
fontes formais e fontes materiais;
II. A lei e os costumes são considerados fontes formais do direito;
III. Dois requisitos são necessários para que um costume se converta em fonte do direito – um de
ordem objetiva ou material (o uso continuado, a percepção concreta de uma prática ou conduta)
e outro de ordem subjetiva ou imaterial (a consciência coletiva da obrigatoriedade desta prática;
IV. De acordo com a teoria monista o Estado e diversos agentes sociais podem produzir o direito.
Assinalar a alternativa correta:
a) Somente a afirmativa I é correta.
b) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
d) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
e) As afirmativas I, II, III e IV são corretas. TD– Gabriella Beltrame
Fontes
• DINIZ, Maria Helena. Fontes do direito. Enciclopédia jurídica da PUC-SP.
Celso Fernandes Campilongo, Alvaro de Azevedo Gonzaga e André Luiz
Freire (coords.). Tomo: Teoria Geral e Filosofia do Direito. Celso Fernandes
Campilongo, Alvaro de Azevedo Gonzaga, André Luiz Freire (coord. de
tomo). 1. ed. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
2017.
• GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. Rio de
Janeiro: Forense, 2012.
• Introdução ao estudo do Direito. Solange Ferreira de Moura [organizador].
— Rio de Janeiro: Editora Estácio, 2013.
• REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. São Paulo: Saraiva, 2002.
• XAVIER, Carlos Eduardo Rangel. Introdução ao Estudo do Direito, 2017.

TD– Gabriella Beltrame

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