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TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS

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Agradecimentos

No decorrer deste trabalho de investigação, foram várias as pessoas que me apoiaram


nos momentos de desânimo e de insegurança, que foram muitos, e que, também, partilharam
as minhas alegrias, méritos e conquistas. Pessoas, essas, que sentiram e presenciaram a minha
insistência, luta e dedicação, ao longo deste ano lectivo, após ter conseguido ultrapassar
determinados obstáculos que pareciam não terem um fim. Agora, na meta final, sinto e tenho
profunda convicção que, todo este esforço valeu a pena, na medida em que frequentei um
curso de licenciatura que foi o desejado e porque gostei da aposta que fiz na escolha do tema
para o trabalho de investigação.
Por todos esses motivos, gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos a
todas as pessoas que contribuíram, directa ou indirectamente, para que a realização deste
trabalho fosse possível.
Agradeço:
. Aos serviços académicos pela excelente resposta à solicitação dos dados pretendidos.
. Ao Prof. Dr. Licínio Tomás por ter aceite a orientação do presente trabalho, por toda
a disponibilidade e aconselhamento.
. Aos Directores dos cursos de licenciatura em Sociologia e em Biologia, Prof. Dr.
Rolando Lalanda e a Prof. Dr.ª Maria Ventura, pela disponibilidade e pela interessante
conversa proporcionada.
. Ao Dr. André Craveiro e à Dr.ª Margarida Soares, profissionais da Agência para a
Qualificação e Emprego de Ponta Delgada, pela disponibilidade e pelo fornecimento dos
dados.
. A todos os licenciados em Sociologia e em Biologia que, ao colaborarem, permitiram
a concretização da investigação empírica.
. E, por último, mas não menos importantes, os meus agradecimentos, mais profundos,
vão para a minha família, especialmente para os meus pais, para o meu namorado e para a
minha prima, cuja a compreensão e afectividade foram fundamentais para o equilíbrio
emocional, necessário para a concretização deste trabalho.

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INTRODUÇÃO

A inserção profissional dos licenciados não corresponde, desde meados dos setenta do
século XX até à actualidade, a um momento que decorre entre a obtenção de um diploma e a
aquisição de um emprego estável a curto prazo.
Ao longo dos anos do século XX, tanto o sistema educativo como o sistema produtivo
sofreram modificações. Passamos de uma sociedade predominantemente agrícola para uma
baseada na indústria e seguidamente para uma sociedade assente principalmente nos serviços.
Isto tudo provocou profundas alterações ao nível do mercado de trabalho, “dos perfis
profissionais e qualificacionais e do tipo de emprego”1.
Portanto, o mercado de emprego começou a exigir indivíduos com mais qualificações,
a escolaridade obrigatória exigida por lei aumentou, assistimos à crescente procura de
trajectórias académicas como meio de adquirir um emprego estável, bem remunerado e
qualificado. Mas, devido à crise surgiram novas formas de trabalho, trabalho por contratos, a
termo certo ou indeterminado, “trabalho temporário, part-time ou tele-trabalho”2.
Podemos verificar, actualmente, a existência de um fenómeno de massificação de
diplomas, que pressupõe o aumento da dificuldade de inserção profissional dos jovens
licenciados. Em primeira instância, podemos “pensar que os diplomados apresentam poucas
dificuldades de inserção no mercado de emprego”3, o que efectivamente constitui uma
vantagem em relação aos jovens que não possuem curso superior4. Mas na realidade, não há
uniformidade e estabilidade no processo de inserção profissional para a maioria dos jovens5.
Segundo Quivy e Campenhoudt, a melhor forma de iniciarmos o nosso projecto de
investigação consiste em enunciar a pergunta de partida, através da qual nos tentamos
exprimir o que procuramos saber e compreender melhor6. Assim, a nossa questão inicial
consiste em saber a possível correspondência entre as expectativas de inserção profissional e
as trajectórias de integração no mercado de trabalho dos diplomados em Sociologia e em
Biologia?
1
Cf. Maria das Dores Guerreiro, et al. (coords.), Os jovens e o mercado de trabalho: Caracterização,
estrangulamentos à integração efectiva na vida activa e a eficácia das políticas, Lisboa, Editorial do Ministério
da Educação, 2006, p. 13.
2
Cf. Maria das Dores Guerreiro, et al. (coords.), Os jovens e o mercado de trabalho: Caracterização,
estrangulamentos à integração efectiva na vida activa e a eficácia das políticas, op. cit., p. 13.
3
Cf. Ana Paula Marques, Entre o Diploma e o Emprego: A inserção Profissional de Jovens Engenheiros,
Universidade do Minho, Instituto de Ciências Sociais, Tese de Doutoramento, 2002, p.48.
4
Cf. Ana Paula Marques, Entre o Diploma e o Emprego: A inserção Profissional de Jovens Engenheiros, op.
cit., p. 48.
5
Cf. Ana Paula Marques, Entre o Diploma e o Emprego: A inserção Profissional de Jovens Engenheiros, op.
cit., p.1.
6
Cf. Raymond Quivy, et. al., Manual de Investigação em Ciências Sociais, Lisboa, Gradiva, 1998, p. 32.

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O tema do nosso trabalho de investigação consiste no estudo das trajectórias sociais e


expectativas de inserção profissional dos licenciados. A opção pela referida temática deve-se
ao facto dos jovens diplomados serem confrontados, actualmente, com certas dificuldades no
processo de integração no mercado de emprego.
Concretamente, pretendemos conhecer com este trabalho, teórico e empírico, as
trajectórias sócio-profissionais dos licenciados em Sociologia e as aspirações e expectativas
que orientaram todo o percurso. Optámos por escolher um outro curso de licenciatura,
particularmente, o de Biologia, pelo facto de ser de uma área completamente diferente e de
pertencer a um Departamento distinto, na Universidade dos Açores, no Pólo de Ponta
Delgada, para podermos comparar os aspectos salientados.
O presente relatório, realizado na disciplina de Seminário de Investigação Sociológica,
é composto por sete capítulos, dos quais demonstraremos a investigação empírica.
No primeiro capítulo apresentaremos alguns contributos que servem de fio condutor
para teorizarmos o tema em estudo. Primeiramente, faremos referência às trajectórias sociais,
académicas e de inserção profissional. De seguida abordaremos a transição para a vida activa
e adulta, com o objectivo de clarificarmos, também, o conceito de inserção profissional onde
são descritas as fases desse processo e por fim falaremos de alguns aspectos sobre a trajectória
profissional.
No segundo capítulo enunciaremos o método de investigação, a técnica de
amostragem, que permitiu a investigação empírica, e a construção da amostra, o modo como
efectuamos o tratamento dos dados e a forma como apresentaremos os resultados da
investigação empírica.
No terceiro capitulo analisámos a caracterização social dos licenciados de ambos os
cursos, onde sistematizámos os traços principais bem como a posição social dos diplomados.
No quarto capítulo demostraremos a análise da caracterização da trajectória de
formação académica e profissional antes e após o curso de Sociologia e Biologia, assim como
mostraremos os projectos futuros dos licenciados a esse nível.
No quinto capitulo apresentaremos a transição para o mercado de trabalho após o
curso, frequência de um estágio e no sexto capitulo, o processo de inserção profissional.
No sétimo capítulo daremos a conhecer as expectativas e oportunidades encontradas
pelos diplomados no mercado de trabalho (após o estágio) e as expectativas dos licenciados
sobre a permanência na entidade empregadora após o termo do estágio.
Por fim, demostraremos as considerações finais sobre as expectativas de inserção
profissional e a empregabilidade dos licenciados em Sociologia.

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CAPÍTULO I

TEORIZAÇÃO DA PROBLEMÁTICA EM ESTUDO

1.1. Trajectórias sociais, académicas e de inserção profissional

Dulce Magalhães7 define a trajectória social como uma linha, continua e abstracta,
sendo esta o resultado do percurso do indivíduo ao longo da sua vida, permitindo ou
facilitando a sua identificação social. Estes jovens em estudo encontram-se em processo de
construção da sua trajectória social. Embora tenham concluído a sua licenciatura, não
podemos afirmar que já terminaram a sua trajectória académica, porque podem ter optado
pelo prolongamento dos estudos com o mestrado, com outra licenciatura ou ainda com
formações em escolas profissionais, devido às dificuldades de inserção profissional no
mercado de trabalho ou por ser um projecto de vida. Podemos estar também perante,
trajectórias de inserção profissional marcadas por formas de trabalho precário, trabalhos por
contratos, nomeadamente a termo certo ou a termo indeterminado.
Segundo Jorge Arroteia8, entre outros actores, as trajectórias sociais podem ser, em
sentido amplo, condicionadas por um conjunto de aspirações dos indivíduos, mas, em
qualquer momento, um conjunto de constrangimentos podem causar o seu adiamento ou
desvio. No que diz respeito aos constrangimentos, poderíamos referir, por exemplo, as já
mencionadas, dificuldades na entrada no mercado de trabalho que conduzem, na maior parte
das vezes, à opção dos jovens por outros cursos, adiando a transição para a vida activa.
As aspirações têm um papel fundamental na virtualização das trajectórias sociais e
profissionais dos sujeitos, porque consistem numa óptima estratégia de viabilizar, por um
lado, uma mobilidade ascendente ou por outro lado, probabilizar uma reprodução em relação
à família de origem9.
Na realidade, a situação mais frequente é a de reprodução social, pois existe uma
elevada possibilidade dos filhos darem continuidade às posições sociais ocupadas pelos pais.
Mas isto, não significa que não exista níveis significativos de mobilidade social ascendente ou
descendente10. A probabilidade de algumas trajectórias ascendentes, para Dulce Magalhães11,
podem ocorrer através do recurso de “duas vias institucionalizadas”, nomeadamente a escola e

7
Cf. Dulce Maria Magalhães, “Classes Sociais e Trajectórias Intergeracionais”, in Sociologia, Porto,
Universidade do Porto, 1991, p. 177.
8
Cf. Jorge Carvalho Arroteia, et al., Inserção Profissional dos Diplomados pela Universidade de Aveiro-
Trajectórias académicas e profissionais, Aveiro, Universidade de Aveiro, 1998, p. 18.
9
Cf. Dulce Maria Magalhães, “Classes Sociais e Trajectórias Intergeracionais”, op. cit., p. 200.
10
Cf. João Ferreira de Almeida, et. al., Introdução à Sociologia, Lisboa, Universidade Aberta, 1994, p. 139.
11
Cf. Dulce Maria Magalhães, “Classes Sociais e Trajectórias Intergeracionais”, op. cit., p. 215.

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a empresa. A escola através da obtenção bem sucedida de competências e conhecimentos


transmitidos na universidade e a empresa não só através de “iniciativas individuais (...)
favorecidas por um contexto de maior abertura económica”, como também através “de uma
carreira empresarial iniciada, por vezes, precocemente”. Mas, a situação dos indivíduos numa
empresa terá maior relevância quanto maior for as suas qualificações adquiridas na
universidade.
Do ponto de vista histórico e sociológico, as condições materiais e sociais bem como
as aspirações dos indivíduos têm conduzido à procura de trajectórias académicas que
assegurem posições sociais e profissionais de maior importância. A consequência deste
fenómeno consiste na crescente procura do Ensino Superior e por conseguinte mais
diplomados no mercado de trabalho, provocando, deste modo, o aumento do tempo de espera
que decorre entre a aquisição do diploma e a obtenção de um emprego. Neste espaço de
tempo em que a transição para a vida activa e adulta é adiada, muitos indivíduos querem
aumentar as suas qualificações académicas e profissionais. Esta procura de formação por parte
dos indivíduos pode ser vista como um projecto de vida ou como o resultado de imposições.
Os indivíduos devem ter a capacidade de alterar ou condicionar a trajectória profissional por
eles definida12.
Maria Guerreiro, entre outros autores13, afirmam que o aumento das possibilidades de
acesso ao sistema educativo ocorreu, de modo mais acentuado, após o 25 de abril de 1974. A
educação, nomeadamente a universidade tornou-se, para muitos indivíduos, um meio de poder
pertencer às “novas classes médias”, deixando de ser o local privilegiado das elites. Segundo
estes mesmos autores e de acordo com os dados publicados pelo Instituto Nacional de
Estatística, na década de 70 menos de 5% da população portuguesa, entre os 25 e os 29 anos,
tinham frequentado o ensino superior e, em 2001, nesta mesma faixa etária, a percentagem
rondou os 27%.
Para além da formação inicial, Joaquim Coimbra14, entre outros autores, indicam um
conceito importante, que remonta o inicio da década de 70, nomeadamente o de aprendizagem
e formação ao longo da vida. Este conceito surge como uma das ferramentas capazes de
responder às mudanças impostas pelas reconfigurações das relações e práticas não só sociais e
políticas como também económicas e culturais da actualidade. Sendo assim as estruturas
12
Cf. Jorge Carvalho Arroteia, et al., Inserção Profissional dos Diplomados pela Universidade de Aveiro--
Trajectórias académicas e profissionais, op. cit., p. 18.
13
Cf. Maria das Dores Guerreiro, et al., “Como tornar-se adulto: Processos de transição na modernidade
avançada”, in revista brasileira de Ciências Sociais, Brasil, Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa
em Ciências Sociais, 2005, p. 158.
14
Cf. Joaquim Luís Coimbra, et al., Formação ao longo da vida e gestão da carreira, Lisboa, Cadernos de
emprego n.º 33, 2001, p. 43.

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sociais, as organizações de trabalho e os indivíduos adaptam-se mais facilmente às actuais


realidades diferentes e complexas.
De acordo com Albertino Gonçalves e outros autores15, a universidade não pode ser
considerada como “uma agência” ou “um corredor” de emprego. Nem a universidade nem o
próprio mercado de trabalho lucram com a crescente obtenção de diplomas. A universidade é,
por um lado, para estes mesmos autores, uma instituição socialmente útil, e parte desta
utilidade deriva das competências dos que têm ao seu cuidado os formandos e, por outro lado,
esta não se pode desviar do destino e das experiências de vida dos seus estudantes, onde os
percursos destes, relativamente à actividade profissional, são marcados cada vez mais por
incertezas.
Para vários autores, como para Maria Guerreiro16, podemos distinguir dois tipos de
incertezas: a incerteza ou insegurança psicológica e a incerteza ou insegurança legal,
objectiva. A primeira pode ser consequência da segunda, isto é, a insegurança psicológica
pode resultar do desemprego e das várias formas de trabalho precário. Para estes mesmos
autores, certos indivíduos definem estratégias individuais para gerirem essa incerteza
psicológica que podem ser designadas, umas, por “abordagens centradas no problema” e
outras por “abordagens centradas nas emoções”. Por exemplo, evitar pensar a longo prazo e
procurar objectivos alternativos consistem em duas estratégias para minimizar o stress
(emoção) e por exemplo adiar compromissos como o casamento, ter filhos e comprar uma
casa pode ser uma solução para diminuir o problema.
As expectativas, os projectos profissionais e privados dos jovens permite-lhes
sentirem-se os “autores” dos seus destinos17. Os jovens ao optarem pela continuação dos
estudos, escolhendo uma determinada licenciatura, realizando um certo estágio e aceitando
um determinado emprego, entre outros aspectos, fazem-no porque ao longo da vida têm
aspirações, projectos e vivem rodeados de expectativas de um futuro melhor ou igual ao dos
seus pais, parentes e amigos.

1.2. Transição para a vida activa e adulta

A inserção na vida adulta era caracterizada por “três fases bem definidas e
delimitadas”, nomeadamente a conclusão dos estudos; o acesso ao emprego; a saída de casa

15
Cf. Albertino Gonçalves, et al. (coords.), Da Universidade para o Mundo de Trabalho: Desafios para um
diálogo, Universidade do Minho, Conselho Académico, 2001, p.7.
16
Cf. Maria das Dores Guerreiro, et al., “Percepções dos jovens sobre a insegurança no emprego e as suas
implicações no trabalho e na vida familiar”, in Sociologia, Problemas e Práticas n.º 27, 1998, p. 102.
17
Cf. Ana Paula Marques, Entre o Diploma e o Emprego: A Inserção Profissional de Jovens Engenheiros, op.
cit., p.12.

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dos pais e a formação de uma nova família18. A juventude correspondia a um período


relativamente curto e fácil de identificar, situando-se entre a infância e a idade adulta19.
No entanto, nas sociedades actuais a passagem para a vida adulta tem vindo a sofrer
um conjunto de mudanças, não só devido aos contextos socio-económicos, políticos e
culturais próprios de cada país ou região como também na maneira como são encarados pelos
próprios jovens20.
Actualmente, essas três fases de transição para a vida adulta são cada vez menos
definidas ou menos definitivas e não coincidem no tempo21, ou seja, os jovens podem, por
exemplo, trabalhar antes de concluir os estudos e constituir uma nova família sem sair de casa
dos pais e sem casar. Por isso, não podemos mencionar uma idade precisa de transição22.
Hoje em dia, a transição para a vida activa e adulta traduz-se num problema social
importante pois os jovens são confrontados com dificuldades ao tentar definir um quadro
mínimo de estabilidade que lhes permitam a constituição de nova família e o poder de compra
requerido por bens como uma casa23.
A entrada no mercado de trabalho consiste na etapa mais relevante nesta transição,
porque os jovens podem ter independência financeira face à família, terem a possibilidade de
um estatuto profissional socialmente reconhecido24, e assim podem comprar uma casa e
constituir uma nova família.
Banks e outros autores25 consideram que os jovens, com idades entre os 16 e 20 anos,
ao optarem pelo prolongamento dos estudos ou pela vida profissional contribuem para a
existência de “dois modelos gerais de transição” para a vida adulta. Por um lado, mencionam
as “transições prolongadas”, isto é, os jovens que escolhem a continuação dos estudos,
prolongam a dependência familiar, adquirem mais recursos e mais expectativas face ao futuro
emprego. Por outro lado, Banks e outros autores descrevem as “transições aceleradas”, isto é,

18
Cf. Maria das Dores Guerreiro, et al., Transições incertas – Os jovens perante o trabalho e a família,
Presidência do Conselho de Ministros, Ministério das Actividades Económicas e do Trabalho, Comissão para a
igualdade no trabalho e no emprego, Lisboa, 2004, p. 39.
19
Cf. Rosário Maurriti, Estudantes Universitários: Trajectórias Sociais e Expectativas de Inserção Profissional,
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, Tese de Mestrado em Políticas de Desenvolvimento de
Recursos Humanos, 2000, p. 58.
20
Cf. Rosário Maurriti, Estudantes Universitários: Trajectórias Sociais e Expectativas de Inserção Profissional,
op. cit., p. 57.
21
Cf. Maria das Dores Guerreiro, et al., Transições incertas – Os jovens perante o trabalho e a família, op. cit.,
p. 41.
22
Cf. Rosário Maurriti, Estudantes Universitários: Trajectórias Sociais e Expectativas de Inserção Profissional,
op. cit., p. 57
23
Cf. Joaquim Luís Coimbra, et al., Formação ao longo da vida e gestão da carreira, op. cit., p. 53.
24
Cf. Ana Paula Marques, Entre o Diploma e o Emprego: A Inserção Profissional de Jovens Engenheiros, op.
cit., p. 1.
25
Cf Maria das Dores. Guerreiro, et al., Transições incertas – Os jovens perante o trabalho e a família, op. cit.,
p. 41.

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os que optam pela interrupção dos estudos e iniciam a sua vida profissional, obtêm, mais
depressa, a independência económica, as responsabilidades e um determinado estatuto social.
Uma das diferenças, existente entre estes dois modelos, segundo estes autores, consiste
no facto da maioria dos jovens que ingressaram desde cedo na vida profissional, aos 25 anos,
estão não só perante um emprego estável, como também estão esperando pelo dia do
casamento e pelo nascimento dos filhos. Para os jovens que seguiram o prolongamento dos
estudos, com 25 anos, quase todos, ainda, estão a concluir a licenciatura ou a inserir-se no
mercado de trabalho, e, por conseguinte, o casamento e a paternidade estão longe de ocorrer26.
Deste modo, podemos afirmar que a transição para a vida activa e adulta consiste num
processo cada vez mais longo e difícil para os jovens licenciados.
Estas escolhas são condicionadas pelas condições de existência das famílias de
origem. Bourdieu27 afirma que os jovens da classe média tendem a optar por “percursos
longos de escolaridade e qualificação”, dispondo de maiores oportunidades ao nível “das
sociabilidades, do emprego, do lazer e da família”. Enquanto que, os jovens da classe operária
são obrigados, desde cedo, a transitar para a vida adulta.

1.3. Trajectória de inserção profissional


1.3.1. Do Conceito à prática

Para Trottier28, a inserção profissional era definida, até um período relativamente


recente, como o momento que mediava entre a conclusão da licenciatura e a obtenção de um
emprego estável a tempo inteiro. Estávamos perante um período marcado pela
democratização do acesso ao ensino, por um baixo volume do desemprego, apresentando
mesmo uma situação de “pleno emprego”29. Portanto, a inserção profissional não era encarada
como um problema, até à década de setenta do século XX, e por isso não causava interesse
por parte dos especialistas do mercado de trabalho ou a necessidade de políticas sociais
específicas30.

26
Cf Maria das Dores. Guerreiro, et al., Transições incertas – Os jovens perante o trabalho e a família, op. cit.,
p. 41.
27
Cf. Maria das Dores Guerreiro, et al., Transições incertas – Os jovens perante o trabalho e a família, op. cit.,
p. 42.
28
Cf. Natália Alves, “Da Universidade para o Mundo de Trabalho: Uma inserção rápida mas na precariedade”,
in Albertino Gonçalves et al. (coords.), Da Universidade para o Mundo do Trabalho: Desafios para um diálogo,
Universidade do Minho, Conselho Académico, 2001, p. 107.
29
Cf. Carlos Manuel Gonçalves, et al., “Licenciados em Sociologia: ritmos e formas de transição ao trabalho”, in
Sociologia, Porto, Universidade do Porto, n.º 11, 2001, p.31.
30
Cf. Ana Paula Marques, Entre o Diploma e o Emprego: A Inserção Profissional de Jovens Engenheiros, op.
cit., p. 20.

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Desde meados dos anos setenta até à actualidade, a inserção profissional sofreu
profundas alterações. De uma situação de estabilidade, rapidamente se passou para uma crise
socio-económica, para o desemprego geral, para a crescente dificuldade de inserção
profissional dos jovens que concluíam a escola, conduzindo a alterações nos processos de
entrada na vida activa 31.
Apesar dos constantes investimentos do Estado na área da educação e emprego nas
últimas duas décadas, o crescimento económico quase que se imobilizou, aumentando o
desfasamento entre a formação e as necessidades e exigências do mercado de trabalho, uma
vez que a primeira excedeu amplamente as carências do segundo32.
Assim, o conceito de inserção profissional torna-se mais amplo, incluindo não só as
políticas de emprego, as políticas sociais e as políticas de formação como também os
problemas de acesso ao emprego, ou seja, de “empregabilidade dos trabalhadores”, e “das
vivências e representações do desemprego dos jovens” 33.
Os poderes públicos interessam-se por este contexto económico e social, autorizando
“regras e mecanismos institucionais” para gerir a inserção profissional. Em Portugal,
podemos verificar diversos “programas de preparação para a vida profissional”, “programas
de emprego para jovens” e os “subsídios de protecção no desemprego”34
Segundo Mariana Alves35, para clarificarmos a noção de inserção profissional, teremos
que recorrer a diferentes abordagens teóricas, consideradas, por esta, como sendo pertinentes
e significativas, pois permite-nos compreender a realidade de uma diversidade de perspectivas
de análise sobre a inserção profissional.
Para Olivier Galland36, a inserção profissional consiste, enquanto processo estruturado,
num dos períodos que marcam a entrada dos jovens na vida adulta. Para além deste período,
menciona a saída da escola e da casa dos pais, como também o estabelecimento de relações
matrimoniais e a constituição de uma nova família. Momentos que durante muito tempo
foram quase simultâneos, mas, hoje em dia, estão longe de coincidir. Portanto, segundo o
autor, os jovens passam de um “modelo de instalação”, em que a entrada na vida adulta era
marcada pela simultânea ocorrência destes acontecimentos mencionados anteriormente, para

31
Cf. Carlos Manuel Gonçalves, et al., “Licenciados em Sociologia: ritmos e formas de transição ao trabalho”,
op. cit., p 32.
32
Cf. Joaquim Luís Coimbra, et al., Formação ao longo da vida e gestão da carreira, op. cit., p. 36.
33
Cf. Ana Paula Marques, Entre o Diploma e o Emprego: A Inserção Profissional de Jovens Engenheiros, op.
cit., p. 21.
34
Idem, p. 22.
35
Cf. Mariana Alves, “A inserção profissional de diplomados da FCT/UNL: Abordagens teóricas e
representações de empregadores”, in Albertino Gonçalves et al. (coords.), Da Universidade para o Mundo do
Trabalho: Desafios para um diálogo, Universidade do Minho, Conselho Académico, 2001, p.154.
36
Idem, p. 155.

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um “modelo de experimentação”, em que estes momentos não acontecem necessariamente em


paralelo.
Jose Rose37 defende, por contraposição ao conceito de inserção, o de transição
profissional como um processo complexo relativamente independente em relação às épocas de
formação e emprego, o qual deve ser estudado na perspectiva das políticas e estratégias das
empresas e do Estado, de modo a atribuir ao carácter socialmente organizado deste processo
uma maior importância e uma menor relevância à sua análise enquanto trajectória individual.
Jean Vincens e Claude Trottier38 enfatizam a inserção profissional como um processo
de construção pessoal e social, que engloba não só o período que separa a decisão de entrar na
vida activa e o alcance do primeiro emprego, mas também passa pela concretização de um
projecto profissional e de vida do indivíduo. A inicial abordagem de Vincens parece assentar
no postulado de que o indivíduo tem um projecto profissional e de vida claramente definido,
no momento em que inicia o seu processo de inserção profissional. Trottier procura completar
a abordagem de Vincens, afirmando que este processo de inserção é, também, um período
complicado de socialização e de construção identitária ao longo do qual o indivíduo vai
desenvolvendo o seu projecto de vida.
Claude Dubar, Nicole-Drancourt e Roulleau-Berger39, consideram o período de
inserção profissional como um período simultâneo de socialização e de estruturação
identitária, tal como nas perspectivas de Vincens e Trottier, ou seja, a inserção profissional é
um processo ao longo do qual os indivíduos vão construindo a sua identidade e o seu projecto
profissional e de vida.
Mariana Alves40, tendo em conta estas abordagens teóricas, atribui o “carácter
simplista e reducionista” à noção de inserção profissional, como a aquisição de um emprego
em que se articula com o diploma obtido no sistema educativo. Para além disso, a inserção
profissional, também, deve ser vista como um período da vida dos indivíduos, no qual temos
que ter em conta a “construção da identidade e de um projecto de vida” que engloba
“expectativas, aspirações, motivações e interesses”. Por outro lado, o processo de inserção
profissional envolve não só os diplomados com as suas dinâmicas pessoais e sociais como
também os empregadores com as suas lógicas e necessidades e o ensino superior com os seus
valores e estratégias. O resultado da articulação e interacção entre estes três actores sociais
origina o sucesso da inserção profissional de qualquer indivíduo.

37
Cf. Mariana Alves, “A inserção profissional de diplomados da FCT/UNL: Abordagens teóricas e
representações de empregadores”, op. cit., p.156.
38
Idem, ibidem.
39
Idem, p.157.
40
Idem, ibidem.

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Entre vários, Carlos Gonçalves41 menciona o Estado como outro autor fundamental na
inserção dos jovens na vida activa. Estado é responsável pelas políticas económicas e sociais,
estabelece leis sobre o trabalho, onde regula a forma como essas leis se empregam, para além
de ser redistribuidor de riqueza, por meio da gestão dos impostos42.

1.3.2. Fases da inserção profissional

A obtenção de um diploma no ensino superior, em determinados cursos ou em certas


universidades, continua a garantir percursos profissionais seguros, com condições e
oportunidades, mas outros provocam, nos licenciados, incertezas e ansiedades, em que as
expectativas nem sempre correspondem às oportunidades apresentadas no mercado de
trabalho. Em certos cursos, o recurso às pós-graduações e mestrados surge não só devido à
necessidade de adquirir mais conhecimentos, como também para adiar a entrada no mercado
de trabalho43.
Num período relativamente recente, as trajectórias de educação e formação e de
inserção profissional foram consideradas como sendo independentes e não ocorriam em
paralelo. Entretanto, na actualidade tem-se verificado a importância não só do
estabelecimento de “relações de colaboração e cooperação entre instituições de ensino e
formação e outras instituições”, pertencentes, nomeadamente ao mercado de trabalho, como
também, a importância crescente da formação contínua, assim, os percursos formativos e
profissionais podem desenvolver-se em simultâneo. Nesta linha, a qualificação profissional
constrói-se através “das aprendizagens em contextos formais de ensino e formação”, e,
também, “por meio das aprendizagens noutros contextos, nomeadamente de trabalho”44.
Entre o sistema educativo e o sistema de produção existem, portanto, relações de
interdependência e autonomia, podendo estas constituírem uma das propostas explicativas do
processo de inserção. Laflamme e Baby45 indicam “três entidades”, nomeadamente a
“preparação, a transição e a integração profissional”, sendo interdependentes e limitando o
“campo” da inserção profissional.

41
Cf. Carlos Manuel Gonçalves, et al., “Os jovens, a formação profissional e o emprego: resultados de uma
investigação internacional”, Porto, Fundação da Juventude, Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da
Universidade do Porto, 1997, p. 145.
42
Cf. Maria Teresa Serôdio Rosa, et al., Trabalho precário: perspectivas de superação, Lisboa, “Estudos e
análises” n.º 41, Observatório do emprego e formação profissional, 2003, p. 28.
43
Cf. Maria das Dores Guerreiro, et al., Transições incertas – Os jovens perante o trabalho e a família, op. cit.,
p. 63.
44
Cf. Mariana Gaio Alves,, “Inserção na vida activa de licenciados: A construção de identidades sociais e
profissionais”, in Sociologia, Problemas e Práticas, n.º 26, 1998, p. 132.
45
Cf. Ana Paula Marques, Entre o Diploma e o Emprego: A Inserção Profissional de Jovens Engenheiros, op.
cit., p. 32.

11
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Iremos desenvolver essas três fases mas, antes, seria conveniente salientar que
anteriormente à sucessão destes três acontecimentos, os adolescentes e os jovens definem a
sua orientação escolar e profissional. Há uns anos atrás, a orientação era o resultado de uma
única decisão que determinava o futuro das pessoas. Actualmente, num mundo caracterizado
pela mudança continua e acelerada, os indivíduos são confrontados com a necessidade de
redefinir os seus projectos de formação ou de emprego46.

1.3.2.1. Preparação profissional

A preparação profissional diz respeito, segundo Laflamme e Baby47, aos


conhecimentos adquiridos no sistema de ensino, certificados pela obtenção de um diploma.
Este diploma, sendo legitimamente reconhecido, confere um certo poder sobre o mercado de
trabalho.
Neste sentido, compete ao ensino superior “assegurar uma sólida preparação cientifica
e cultural e proporcionar uma formação técnica que habilite para o exercício de actividades
profissionais e culturais e fomente o desenvolvimento das capacidades de concepção, de
inovação e de análise critica”48. O ensino superior deve responsabilizar-se, tendo em conta a
Lei 46/86, pela formação dos diplomados nas diversas áreas do conhecimento, a fim de
ficarem aptos para a integração em sectores profissionais e para a intervenção no
desenvolvimento da sociedade portuguesa”49.
Natália Alves50, entre outros autores, afirmam que uma das funções aplicadas ao
sistema educativo consiste em hierarquizar os indivíduos que o frequentam. O instrumento
utilizado pelo sistema educativo, para atingir este objectivo, consiste na atribuição de
classificações, através do processo de avaliação. A classificação é atribuída pelos “saberes”
obtidos, pelo “saber-fazer” e pelo “saber-estar”.
Esta hierarquia das classificações pode condicionar não só o acesso ao ensino superior
como também a facilidade de acesso e desempenho de uma actividade profissional. Por
exemplo, entre diversas situações, podemos destacar um licenciado que projecta ser docente,

46
Cf. Joaquim Luís Coimbra, et al., Formação ao longo da vida e gestão da carreira, op. cit., p. 40.
47
Cf. Ana Paula Marques, Entre o Diploma e o Emprego: A Inserção Profissional de Jovens Engenheiros, op.
cit., p. 32.
48
Cf. Jorge Carvalho Arroteia, O Ensino Superior em Portugal, Aveiro, Universidade de Aveiro, 1996, p. 38.
49
Idem, p. 40.
50
Cf. Natália Alves, Trajectórias Académicas e de Inserção Profissional dos Licenciados pela Universidade de
Lisboa (1999-2003), Lisboa, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, 2005, p. 59.

12
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

em que a média final do curso é decisiva no processo de hierarquização dos licenciados no


momento do concurso nacional de colocação de professores51.
De acordo com estudos efectuados, o Director do curso de Sociologia, Rolando
Lalanda assegura que “quanto maior é o grau de formação, independentemente da área, maior
é a probabilidade de encontrar um emprego. E é importante frequentar uma licenciatura não
só pelo emprego, mas também pelas capacidades e pelos conhecimentos que a própria
licenciatura permite, não digo que seja a única forma de atingir esses princípios, ou seja,
muitas pessoas podem ter outro tipo de formação que permite, também, atingir patamares
muito próximos da licenciatura. (...) As formações superiores vão, cada vez mais, incidir nos
mestrados e nos doutoramentos, sendo a licenciatura um grau inicial ou intermédio”.
No livro Branco sobre Educação e Formação, a Comissão Europeia considera que a
formação mais adequada a um emprego assenta em três características principais, sendo estas
as seguintes: 1ª “um conhecimento básico, que deve reflectir um bom equilíbrio entre a
aquisição de conhecimentos e de capacidades metodológicas que permitam, uns e outros, a
auto-aprendizagem”; 2ª “conhecimento técnico, relacionado com uma ocupação especifica”;
3ª aptidões sociais relativas a competências interpessoais, onde se incluem a capacidade para
cooperar e trabalhar em equipa, a criatividade e a busca da qualidade”52.

1.3.2.2. Transição profissional

Para Laflamme e Baby53, a transição profissional remete-nos para a procura de


emprego e para “os seus mecanismos disponíveis de acesso que se situam entre a escola e o
trabalho”, nomeadamente os meios formais como o centro de emprego, o concurso público, os
anúncios em jornais ou na internet, a frequência de um estágio profissional assim como os
meios informais como as redes sociais constituídas por amigos, familiares e colegas.
O estágio pode ser, segundo Ana Marques54, definido não só como “uma ponte” entre
universidade e o mercado de trabalho, mas também como um meio de inserção profissional.
Sendo o estágio considerado, para alguns jovens, como a primeira experiência profissional.
Na maior parte dos cursos, o estágio encontra-se inserido no último ano, mas em certas

51
Cf. Natália Alves, Trajectórias Académicas e de Inserção Profissional dos Licenciados pela Universidade de
Lisboa (1999-2003), op. cit., p. 59.
52
Cf. Sérgio Machado dos Santos, “As responsabilidades da Universidade na formação de agentes para o
desenvolvimento”, in Albertino Gonçalves et al. (coords.), Da Universidade para o Mundo do Trabalho:
Desafios para um diálogo, Universidade do Minho, Conselho Académico, 2001, p. 18.
53
Cf. Ana Paula Marques, Entre o Diploma e o Emprego: A Inserção Profissional de Jovens Engenheiros, op.
cit., p. 32.
54
Cf. Ana Paula Marques, Entre o Diploma e o Emprego: A Inserção Profissional de Jovens Engenheiros, op.
cit., p. 377.

13
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
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licenciaturas não está incluído. Por isso, os alunos pelo menos nos Açores, recorrem ao
“programa Estagiar L”55 (estágio), destinado a jovens dos 17 aos 28 anos finalistas ou já com
a licenciatura.
Para Ana Marques56, o estágio também surge, como uma oportunidade que permite, de
forma mais prática, adquirir competências e conhecimentos, permitindo uma “experiência
formativa” fora do contexto universitário e proporciona, igualmente, uma “experiência
relacional”, enquanto momento importante dos jovens para a entrada na vida activa e dos
adultos. Para além de serem confrontados com responsabilidades, os jovens obtêm
conhecimentos do ambiente de trabalho e das relações laborais. As capacidades e qualidades
individuais de adaptação e de integração numa organização de trabalho são testadas neste
momento. Como nas várias transições, Susana Caires e Leandro Almeida57 afirmam que o
estágio é também vivenciado com uma certa preocupação e expectativa na possibilidade de
ficarem nas empresas onde poderão estagiar.
Numa conversa com Margarida Soares, Orientadora profissional da Agência para a
Qualificação e Emprego, esta disse-nos que “as pessoas inscrevem-se num centro de emprego
como candidatos a formação, estágio, emprego, criação do próprio emprego ou empresa.
Após a inscrição, são atendidos por uma equipa técnica em secções colectivas ou entrevistas
individuais. Certos indivíduos precisam de uma orientação profissional, ou seja, de apoio na
escolha de uma carreira/reconversão profissional, informações e orientações para uma
formação profissional tendo em conta as escolhas feitas, são realizados balanços de
competências, testes de avaliação psicológica bem como um plano pessoal de emprego
(PPE)”.
Para além destes recursos, Carlos Gonçalves58, entre outros autores, revelam-nos que
as redes sociais consistem num dos meios com maior eficácia para aceder a um emprego, pois
a sua aplicação pressupõe simplesmente a mobilização de diversas relações com amigos,
familiares e conhecidos. Assim, na actual conjuntura económica e demográfica das sociedades
ocidentais é fundamental não só investir em capital escolar como também, e cada vez mais,
em capital relacional.

55
Podemos verificar toda a informação sobre este programa no RIAC (Rede Integrada de Apoio ao Cidadão)
disponível online na Direcção Regional do Trabalho e Qualificação Profissional (www.riac.gov.pt).
56
Cf. Ana Paula Marques, Entre o Diploma e o Emprego: A Inserção Profissional de Jovens Engenheiros, op.
cit., p. 378.
57
Cf. Albertino Gonçalves, et al. (editores.), Da Universidade para o Mundo de Trabalho: Desafios para um
diálogo, op. cit., p. 243.
58
Cf. Carlos Manuel Gonçalves, et al., “Os jovens, a formação profissional e o emprego: resultados de uma
investigação internacional”, op. cit., p. 144.

14
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
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1.3.2.3. Integração profissional

Segundo Laflamme e Baby59, a integração profissional, fase seguinte deste processo,


pode caracterizar-se por uma “relativa estabilidade no emprego, por situações de espera
relativamente a um emprego ou por precariedade no mercado de trabalho”. Para Machado
País, os jovens desenvolvem “trajectórias yô yô”, ou seja, percursos marcados por
movimentos oscilatórios relativamente ao desemprego, emprego precário e formação60.
Tendo em conta vários autores61, um emprego envolve uma relação contratual entre os
trabalhadores e a entidade empregadora, no qual são estabelecidos, desde o inicio, os direitos
e deveres de ambos.
Estes direitos e deveres encontram-se disponíveis no artigo n.º 120 e 121 do Código do
Trabalho.62 Para além destes, podemos conhecer outros aspectos geridos por leis como o
contrato de trabalho, a formação profissional, definição do horário de trabalho, as férias entre
outros.
No que diz respeito aos vínculos contratuais, podemos mencionar o mais comum
nomeadamente o contrato a termo. Este tipo de contrato ocorre quando as partes contratantes
determinam uma duração para o seu vigor, sendo que esta duração pode ser certa ou incerta63.
No Código do Trabalho, observamos que o contrato a termo pode ser renovado três
vezes até ao limite de seis anos64. Apesar de pressupor uma situação de instabilidade, os
trabalhadores com este regime, geralmente, encontram-se protegidos no desemprego, na
doença e na velhice, desde que o tempo de trabalho seja suficiente para justificar essa
protecção65.
A referida situação de instabilidade advêm da precariedade e da flexibilidade de
determinadas formas de emprego presentes no mercado de trabalho, no qual observamos
sobrecarga de trabalho, trabalho pouco remunerado e pouco reconhecido, mobilidade
inevitável de empregos, desemprego, para além da restrição dos direitos sociais e das
reduzidas perspectivas de progressão profissional66.

59
Cf. Ana Paula Marques, Entre o Diploma e o Emprego: A Inserção Profissional de Jovens Engenheiros, op.
cit., p. 32.
60
Cf. José Machado Pais, , Ganchos, Tachos e Biscates: Jovens, Trabalho e Futuro, Porto, Ambar, 2001, p. 68.
61
Cf. António Maria Martins, et al., Sistemas de (des) emprego: trajectórias de inserção, Aveiro, Universidade
de Aveiro, 2002, p. 125.
62
Código do trabalho, disponível online (http://www.mtss.gov.pt/docs/Cod_Trabalho.pdf).
63
Cf. Maria Teresa Serôdio Rosa, et al., Trabalho precário: perspectivas de superação, op. cit., p. 49.
64
Código do trabalho, disponível online (http://www.mtss.gov.pt/docs/Cod_Trabalho.pdf).
65
Cf. Maria Teresa Serôdio Rosa, et al., Trabalho precário: perspectivas de superação, op. cit., p. 45.
66
Cf. Guerreiro, Maria das Dores, et al. (coords.), Os jovens e o mercado de trabalho: Caracterização,
estrangulamentos à integração efectiva na vida activa e a eficácia das políticas, op. cit., p. 19.

15
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Iniciar uma actividade profissional com contrato a termo consiste num indicador,
descrito por Ana Marques67, entre outros autores, de como o processo de inserção profissional
não terminou, em que a insegurança, a instabilidade e o risco de serem dispensados após o
termo do contrato são constantes e podem alterar o desenvolvimento de projectos pessoais.
Outra característica do processo de inserção profissional consiste, segundo Natália
Alves68, entre outros autores, na correspondência entre as competências adquiridas ao longo
do curso e o exercício de uma actividade profissional, isto é, a integração é considerada bem
sucedida não só pela obtenção de um emprego como também pelo desempenho de uma
actividade que corresponda à formação académica.
No entanto, determinadas pessoas inserem-se no mercado de trabalho por meio de um
emprego para o qual estão sobrequalificados. Para esta mesma autora69, entre outros, a
sobrequalificação consiste num fenómeno recente e deriva da combinação de três factores
distintos, nomeadamente a massificação dos sistemas educativos; a incapacidade do sistema
económico em acompanhar o aumento das qualificações académicas e por fim as estratégias
dos indivíduos que, não querendo ou não podendo esperar por uma actividade profissional
compatível com a sua área de formação, optam por fugir ao desemprego, aceitando exercer
profissões para as quais possuem habilitações literárias a mais.
Podemos distingir dois tipos de desemprego que representam situações diferentes
como o desemprego de inserção e o desemprego de mobilidade. O primeiro incide no período
que decorre entre o termo do curso e o desempenho da primeira actividade profissional e o
segundo diz respeito ao momento específico do processo de inserção profissional, quando os
licenciados por qualquer razão ficam sem emprego70.

1.4. Trajectória profissional

Certos autores como Cochram71 optam pelo termo carreira, designada como um
processo que permite descrever a progressão dos indivíduos ao nível da aprendizagem e do
trabalho ao longo da vida.

67
Cf. Ana Paula Marques, Entre o Diploma e o Emprego: A Inserção Profissional de Jovens Engenheiros, op.
cit., p. 45.
68
Cf. Natália Alves, Trajectórias Académicas e de Inserção Profissional dos Licenciados pela Universidade de
Lisboa (1999-2003), op. cit., p. 108.
69
Idem, p. 114.
70
Idem, p. 120.
71
Cf. Joaquim Luís Coimbra, et al., Formação ao longo da vida e gestão da carreira, op. cit., p. 38.

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TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
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Para Campos e Coimbra72, entre outros, um indivíduo ao gerir a carreira, desenvolve


os seus objectivos e estratégias provenientes das suas aspirações, desejos e necessidades no
que diz respeito à relação continua entre a aprendizagem e o trabalho.
Ao longo da trajectória profissional, os indivíduos podem passar de uma categoria
profissional para outra dentro da mesma empresa. Esta mudança de categoria é denominada
de mobilidade interna vertical73. No entanto, dentro da mesma empresa os trabalhadores com
a idêntica categoria profissional podem ser, também, transferidos de um posto de trabalho
para outro, o que se designa por mobilidade interna horizontal74.
O que origina o primeiro movimento da mobilidade profissional intra-empresa são, de
acordo com Nachum Sicherman, entre outros autores, as habilitações literárias, as
competências inatas e adquiridas, e a experiência profissional75.
Para Gérard Podevin, os indivíduos inserem-se no mercado de trabalho nos níveis
hierárquicos mais baixos e estes podem progredir profissionalmente, em direcção ao topo da
carreira, aumentando os conhecimentos e as qualificações76.
Quanto à possibilidade do segundo movimento estão associados as habilitações
literárias modestas necessárias para ajudar a ligação entre os dois postos de trabalho77.
Igualmente, durante a trajectória profissional, os indivíduos podem passar de uma
empresa para outra, em que na maioria das vezes estes indivíduos mudam, também, de sector
de actividade económica, referimo-nos à mobilidade profissional inter-empresas78. Por
exemplo, nesta situação, o despedimento e a oferta de emprego podem causar este tipo de
mobilidade.
De acordo com vários autores79, as trajectórias profissionais caracterizadas pela
mobilidade de emprego podem ser explicadas por duas razões distintas: 1ª porque podem ser
consequência de uma estratégia voluntária por parte dos indivíduos que consideram a
mudança de emprego como um meio de melhorar a sua situação profissional, adquirindo,
assim, diversas experiências profissionais (situação encarada com optimismo) e 2ª porque
pode ser o resultado de uma estratégia involuntária onde a troca de empresa ocorre
independentemente do desejo dos indivíduos.

72
Cf. Joaquim Luís Coimbra, et al., Formação ao longo da vida e gestão da carreira, op. cit., p. 39.
73
Cf. Mário G. Bairrada, et al., A mobilidade profissional inter e intra empresas: definição de trajectórias (o
caso português), Lisboa, Cadernos de emprego n.º 19, 1998, p. 36.
74
Idem, p. 38.
75
Idem, ibidem.
76
Idem, ibidem.
77
Idem, p. 39.
78
Idem, p. 40.
79
Cf. Ana Romão, et al., “A inserção profissional dos diplomados no Algarve”, in II Congresso Português de
Demografia.

17
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

1.5. Hipóteses

As hipóteses têm um papel fundamental na organização de um trabalho de


investigação cientifica, pois estas constituem uma resposta provisória à pergunta de partida, e
na sua construção estabelecem-se relações entre variáveis, dimensões e indicadores em estudo
(modelo de análise disponível no anexo n.º V).
As hipóteses depois de formuladas, substituem a questão inicial, servindo de fio
condutor particularmente eficaz à pesquisa.
Na sua formulação, devem indicar de forma directa ou indirecta, não só as
observações a recolher como também averiguar as relações possíveis entre estas observações,
para podermos comprovar a veracidade das hipóteses com os factos80.
Tendo em conta, a pergunta de partida e, por conseguinte, a problemática, as hipóteses
a verificar são as seguintes:
Hipótese 1. – Os percursos dos licenciados em Sociologia e em Biologia no mercado de
trabalho nem sempre correspondem às suas expectativas de inserção profissional no momento
da obtenção do diploma ou ainda enquanto estudantes.
Hipótese 1.1. – As expectativas destes sobre o diploma nem sempre estão associadas às
expectativas de adquirir um emprego estável e bem remunerado.
Hipótese 1.2. – As expectativas destes sobre o estágio nem sempre estão ligadas à
possibilidade de permanência na empresa onde estagiaram.
Hipótese 2. – A formação académica recebida pelos diplomados em Sociologia e em Biologia
na Universidade dos Açores responde satisfatoriamente às exigências de uma actividade
profissional mas o seu desempenho exige formação constante.
Hipótese 3. – A passagem destes por um estágio pode ser um indicador de maior facilidade de
entrar no mercado de trabalho, uma vez que o estágio permite uma experiência profissional,
formativa e relacional.
Hipótese 4. – A mudança de emprego e precariedade contratual são características do início
de uma trajectória profissional após a obtenção do diploma de ambos os cursos de licenciatura
em Sociologia e em Biologia.

80
Cf. Raymond Quivy, et. al., Manual de investigação em ciências sociais, op. cit., pp. 121- 137.

18
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
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CAPÍTULO II

METODOLOGIA PARA UMA PESQUISA EMPÍRICA SOBRE AS TRAJECTÓRIAS


SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS EM ESTUDO

2.1. Método escolhido para a presente investigação empírica

Para recolhermos as informações necessárias para testarmos as nossas hipóteses,


escolhemos a entrevista como método, uma vez que o presente estudo relata histórias de
vidas. De acordo com Quivy e Campenhoudt, a entrevista distingue-se dos outros métodos de
investigação pela “aplicação dos processos fundamentais de comunicação e de interacção
humana”81. Estes processos, correctamente valorizados, permitem-nos, segundo estes mesmos
autores, retirar das entrevistas “informações e elementos de reflexão muito ricos e
matizados”82.
A entrevista do presente trabalho dispõe de um conjunto de questões previamente
preparadas, umas fechadas e outras semi-abertas, assim, no final da entrevista conseguimos
um grupo de respostas facilmente analisáveis.
Antes da aplicação da entrevista a todos os licenciados, foi efectuado um pré-teste a
quatro diplomados, dois de Sociologia e dois de Biologia com o objectivo de verificarmos se
o questionário era compreendido, de igual modo, pelos quatro diplomados e por nós
investigadores. Cumprida a fase do pré-teste, conferimos que não existiam dificuldades de
resposta às nossas questões, ou seja, não existiam problemas com o nosso método de recolha
de informação, e por isso passámos para a aplicação da entrevista a todos licenciados.
Para completar o nosso trabalho de investigação foram efectuadas duas entrevistas aos
directores dos respectivos cursos, com questões abertas, previamente preparadas, sendo a
conversa entre os interlocutores registada num gravador.

2.1.1. Universo comparado dos licenciados de Sociologia com os de Biologia

O universo do nosso trabalho de investigação corresponde aos diplomados em


Biologia e em Sociologia pela Universidade dos Açores, no Pólo de Ponta Delgada, desde
1996/1997 e 1999/200083, anos lectivos de conclusão das respectivas licenciaturas, com uma
população total de 426, dos quais 303 são licenciados em Biologia e 123 em Sociologia (cf.
quadro n.º 2.1.).

81
Cf. Raymond Quivy, et. al., Manual de Investigação em Ciências Sociais, op. cit., p. 191.
82
Cf. Raymond Quivy, et. al., Manual de Investigação em Ciências Sociais, op. cit., p. 192.
83
Ano lectivo dos primeiros licenciados em Sociologia na Universidade dos Açores, no Pólo de Ponta Delgada.

19
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
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Quadro n.º 2.1.:


Total de licenciados, por ano lectivo de conclusão da licenciatura
Licenciatura

Biologia Sociologia Total


1996 - 1997 12 0 12
1997 - 1998 7 0 7
1998 - 1999 11 0 11
1999 - 2000 24 11 35
2000 - 2001 31 24 55
Ano lectivo
2001 - 2002 41 31 72
2002 - 2003 62 12 74
2003 - 2004 50 18 68
2004 - 2005 35 9 44
2005 - 200684 30 18 48
Total 303 123 426

Os dados mencionados no quadro n.º 2.1., foram fornecidos pelos serviços


académicos, após autorização concedida pelo Reitor da Universidade dos Açores.
A escolha dos cursos de Sociologia e de Biologia deveu-se, em primeiro lugar, ao
facto de pertencerem a áreas completamente diferentes e de estarem em departamentos
distintos, nesta mesma universidade. Um outro critério de escolha consistiu no facto de no
curso de Biologia estar incluído, no último ano, um estágio curricular que não é leccionado no
curso de Sociologia, mas estes diplomados podem recorrer a um programa de estágio.

2.1.2. Amostra seleccionada dos licenciados entrevistados

Como não podíamos analisar todo o universo do nosso trabalho de investigação,


porque tínhamos um período de tempo a cumprir, tivemos que recorrer a uma amostra
representativa dos licenciados construída através de uma técnica de amostragem não
probabilística, nomeadamente a técnica “snowball”. Esta técnica foi utilizada porque não
conseguimos a ajuda dos serviços académicos para obtermos os contactos dos diplomados
porque são dados confidenciais e, também, não sabíamos o número de entrevistados que
podíamos encontrar disponíveis na ilha.
A técnica “snowball” consistiu numa estratégia elaborada no projecto de investigação
(Seminário de Investigação Sociológica I) que permitiu um tipo de amostra intencional em
que inicialmente foi escolhido um conjunto de licenciados, sendo estes pessoas conhecidas, a
quem aplicámos a entrevista e, posteriormente, estes diplomados facultaram-nos o nome e o
contacto de outros licenciados e assim sucessivamente. Mas em certos momentos, tivemos

84
Como os serviços académicos não nos forneceram o total de licenciados neste ano lectivo, foi efectuado uma
média em relação aos anos lectivos anteriores.

20
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

que utilizar um outro meio, a lista telefónica, através da qual contactamos certas entidades
locais como as Instituições Particulares de Solidariedade Social, autarquias locais,
laboratórios de análises clinicas, fábricas entre outras, com o objectivo de encontrar os
licenciados. Antes desta pesquisa na lista telefónica, tivemos que conhecer as possíveis saídas
profissionais de ambos os cursos, disponíveis no site desta universidade85 .
Podemos mencionar que a aplicação desta técnica foi mais frequente nos licenciados
em Sociologia do que nos licenciados em Biologia, possivelmente pela permanência das
relações de amizade, desenvolvidas ao longo do curso e, talvez, devido ao desempenho da
actual actividade profissional que proporciona o contacto com outros colegas de trabalho, pois
uma parte dos licenciados em Sociologia encontram-se envolvidos em projectos de
solidariedade social.
Desta técnica de amostragem e do contacto com determinadas entidades locais
resultou a seguinte amostra que apresentamos no quadro n.º 2.2.

Quadro n.º 2.2.:


Total de licenciados, por ano lectivo de conclusão do curso
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Ano lectivo 1992/1993 0 2 2
da ,0% 1,4% 1,4%
conclusão
da 1994/1995 0 1 1
licenciatura ,0% ,7% ,7%
1995/1996 0 1 1
,0% ,7% ,7%
1996/1997 0 3 3
,0% 2,1% 2,1%
1997/1998 0 5 5
,0% 3,6% 3,6%
1998/1999 0 1 1
,0% ,7% ,7%
1999/2000 7 9 16
5,0% 6,4% 11,4%
2000/2001 17 12 29
12,1% 8,6% 20,7%
2001/2002 16 9 25
11,4% 6,4% 17,9%
2002/2003 5 8 13
3,6% 5,7% 9,3%
2003/2004 7 7 14
5,0% 5,0% 10,0%
2004/2005 9 10 19
6,4% 7,1% 13,6%
2005/2006 9 2 11
6,4% 1,4% 7,9%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Assim, nossa amostra é constituída por 140 licenciados entrevistados, de ambos os


cursos, dos quais 70 (50%) são diplomados em Sociologia e os outros 70 (50%) em Biologia.

85
Informações disponíveis online no Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais: licenciatura em
Sociologia (www.dhfcs.uac.pt) e no Departamento de Biologia: licenciatura em Biologia (www.db.uac.pt).

21
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
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2.1.3. Tratamento dos dados: resultado da entrevista a todos os licenciados

A análise dos dados recolhidos através das entrevistas aos licenciados foi efectuada
com o auxilio de um programa informático designado Stastistical Package for Social Sciences
(SPSS) e com a ajuda de outro método de análise de informações, nomeadamente a análise de
conteúdo. Para as informações recebidas por meio das entrevistas aos directores dos
respectivos cursos, optámos por transcrever determinadas considerações que nos ajudam a
caracterizar as decisões do percurso académico e profissional delineado pelos licenciados
entrevistados.

2.1.4. Algumas considerações sobre a apresentação da presente pesquisa empírica

Uma vez mencionados os aspectos estruturantes para o desenvolvimento do nosso


trabalho de investigação, designadamente a pergunta de partida, a teorização da problemática,
as hipóteses e a metodologia, podemos, seguidamente, demonstrar a análise dos resultados da
investigação empírica.
Por um lado, são apresentados os dados relevantes para testarmos as nossas hipóteses e
por outro lado, são apresentados os dados que caracterizam a amostra em estudo e que são
indispensáveis para o tema abordado nomeadamente as variáveis como o sexo (diferença de
género), a idade (diferença entre idades), constituição de uma nova família (fase da transição
para a vida adulta e activa), habilitações literárias e actividade económica dos pais (posição
social), bem como o concelho onde nasceram, residem e trabalham (origem e mobilidade
geográfica). Para além destas variáveis, num outro capítulo, desenvolvemos outra variável
como o principal motivo da escolha do curso, através da qual verificamos as suas aspirações
relativamente à educação e ao trabalho.
A posição social dos diplomados consiste num indicador que determinou a existência
de duas variáveis como as habilitações literárias e a actividade económica dos pais. Assim,
podemos verificar se existe mobilidade social dos licenciados em detrimento da classe de
origem.
No que diz respeito, aos indicadores origem e mobilidade geográfica, introduzimos as
variáveis: concelho onde nasceu, reside e trabalha. Assim, pretendemos caracterizar
geograficamente os licenciados, em relação às suas origens e à situação actual, bem como
pretendemos averiguar a possibilidade de existência de mobilidade geográfica, isto é, o
trajecto geográfico percorrido pelos licenciados, todos os dias, antes e depois do horário da
actividade profissional desempenhada.

22
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

CAPÍTULO III

CARACTERIZAÇÃO SOCIAL DOS DIPLOMADOS EM SOCIOLOGIA E EM


BIOLOGIA

No que concerne, à caracterização social dos licenciados entrevistados, importa


salientar aspectos que considerámos essenciais como o sexo, a idade, a constituição de uma
nova família, bem como as habilitações literárias e a actividade económica dos pais,
finalizando o capítulo, com as seguintes variáveis: concelho onde nasceu, reside e trabalha.

Quadro n.º 3.1.: Tabela cruzada do sexo dos entrevistados


com a licenciatura que frequentaram
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Sexo Masculino 17 32 49
12,1% 22,9% 35,0%
Feminino 53 38 91
37,9% 27,1% 65,0%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Tendo em conta o quadro n.º 3.1., podemos verificar que a nossa amostra é
predominantemente feminina, pois, dos 140 entrevistados 91 (65%) são do sexo feminino, dos
quais 53 (37,9%) são licenciados em Sociologia e 38 (27,1%) em Biologia.
O estatuto das mulheres foi um dos aspectos que sofreu profundas alterações na
sociedade moderna. Há um tempo atrás, estas dedicavam-se principalmente às tarefas
domésticas, no entanto nas últimas décadas do século XX verificamos a expansão das
mulheres não só no mercado de trabalho como também no ensino superior, resultante do
aumento das ambições86. Em 2002 constatava-se uma visível predominância da população
feminina jovem no ensino superior correspondendo a 20,4%, quase o dobro dos jovens do
sexo masculino, registando 10,6%87.

86
Cf. Guerreiro, Maria das Dores, et al. (coords.), Os jovens e o mercado de trabalho: Caracterização,
estrangulamentos à integração efectiva na vida activa e a eficácia das políticas, Lisboa, Editorial do Ministério
da Educação, 2006, 12.
87
Idem, p. 33.

23
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Quadro n.º 3.2.: Tabela cruzada do intervalo de idades


dos entrevistados com a licenciatura que frequentaram
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Idade 20 - 24 1 2 3
,7% 1,4% 2,1%
25 - 29 37 33 70
26,4% 23,6% 50,0%
30 - 34 17 25 42
12,1% 17,9% 30,0%
35 - 39 6 9 15
4,3% 6,4% 10,7%
40 - 44 3 1 4
2,1% ,7% 2,9%
45 e + 6 0 6
4,3% ,0% 4,3%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

No que diz respeito, à idade dos 140 diplomados, podemos observar que estes são
relativamente jovens, porque 115 (82,1%) dos licenciados têm idades compreendidas entre os
20 e os 34 anos, dos quais 55 (39,2%) frequentaram e concluíram o curso de Sociologia e 60
(42,9%) de Biologia.
Quadro n.º 3.3:
Licenciados que constituíram uma nova família
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Constituição Sim 40 36 76
de uma nova
28,6% 25,7% 54,3%
família
Não 30 34 64
21,4% 24,3% 45,7%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Ao analisarmos o quadro n.º 3.3., podemos averiguar que 76 (54,3%) dos entrevistados
constituíram uma nova família, em que a percentagem é significativamente superior nos de
Sociologia, com 28,6% correspondendo a 40 licenciados que transitaram para uma das etapas
que caracteriza a vida adulta e activa, ou seja, constituíram uma nova família.
Não podíamos deixar de salientar, os 64 (45,7%) diplomados que ainda não
concretizaram a sua autonomia face à família de origem.
Jorge Arroteia88 afirma, de acordo com as estatísticas nacionais e internacionais, que
a celebração do casamento é realizado cada vez mais tarde, envolvendo pessoas com idades

88
Cf. Jorge Carvalho Arroteia, et al., Inserção Profissional dos Diplomados pela Universidade de Aveiro-
Trajectórias académicas e profissionais, op. cit., p. 23.

24
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

mais avançadas, e, portanto o número elevado de não casados é característico deste grupo de
idades.
Quadro n.º 3.3.1.:
Período referente à constituição de uma nova família
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Quando Não casei ou const. nova 30 34 64
família (Missing system)
21,4% 24,3% 45,7%
Antes do curso 14 0 14
10,0% ,0% 10,0%
Durante o curso 3 0 3
2,1% ,0% 2,1%
Após o curso 23 36 59
16,4% 25,7% 42,1%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Da análise dos dados do quadro n.º 3.3.1., podemos averiguar que, 59 (42,1%) dos
entrevistados passaram por esta mudança de estatuto de solteiro pela vivência em casal, com
ou sem filhos, num período que mediou entre a conclusão do curso e o momento em que
foram entrevistados. Para os licenciados que, neste período, conseguiram um emprego, a
obtenção do diploma consistiu num marco importante na história de vida destes indivíduos.

Quadro n.º 3.4.: Habilitações literárias dos pais dos diplomados e


da população portuguesa89
População
Pai Mãe
portuguesa
1 0
Sem nível de ensino 8,6%
0,7% 0%
52 58
Ensino Primário 37,4%
37,1% 41,4%
37 36
Ensino Preparatório 25%
Habilitações 26,4% 25,7%
literárias 34 23
Ensino Secundário 16,7%
24,3% 16,4%
3 3
Ensino Médio 0,8%
2,1% 2,1%
13 20
Ensino Superior 11,5%
9,3% 14,3%
140 140
Total 100%
100% 100%

Como se pode observar pelos dados do quadro n.º 3.4., podemos destacar
relativamente às habilitações literárias dos ascendentes dos 140 licenciados, os que
frequentaram e concluíram o ensino primário, ou seja, 52 (37,1%) do sexo masculino e 58

89
Os indicadores das habilitações literárias dos pais dos licenciados foram redigidos de acordo com os
indicadores das habilitações literárias da população portuguesa, publicados na revista designada por indicadores
sociais da população portuguesa, INE, 2001, disponíveis online (www.ine.pt).

25
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

(41,4%) do sexo feminino. Através desta análise, podemos verificar a existência de


trajectórias de mobilidade social ascendente dos diplomados face à família de origem.
Comparando, este nível de escolaridade da classe de origem da nossa amostra com a
população portuguesa conferimos pouca diferença, pois grande parte dos portugueses
possuem apenas o ensino primário, registando 37,4 % (cf. quadro n.º 3.4.).
Também é importante salientar, embora seja em número reduzido, 33 (23,6%) 90 pais
frequentaram o ensino superior, o que nos indicam que estamos perante a mobilidade
estacionária dos pais em relação aos filhos entrevistados, ou seja, ambos têm o diploma do
curso de licenciatura.
No entanto, se analisássemos de um modo mais pormenorizado, especificando o grau
académico dos pais, poderíamos verificar se existe uma significativa mobilidade estacionária,
ascendente ou descendente, porque alguns dos entrevistados já frequentaram ou estão a
frequentar um grau académico superior à licenciatura (cf. quadro n.º 4.6. do capítulo IV e o
quadro n.º 1.2. do anexo I).

Quadro n.º 3.5.: Actividade económica dos pais dos licenciados91


População
Pai Mãe
portuguesa activa
8 0
Agricultura, Silvicultura e Pesca 12,8%
5,7% 0%
Indústria, Construção, Energia e 4 2
33,8%
Actividade Água 2,9% 1,4%
económica 103 82
Serviços 53,4%
73,6% 58,6%
25 56
Não activos92 0%
17,9% 40,0%
140 140
Total 100%
100% 100%

No quadro n.º 3.5., o aspecto de destaque consiste no facto de os “serviços” serem a


actividade económica empregadora da maior parte dos pais dos diplomados, isto é, 103
(73,6%) do género masculino e 82 (58,6%) do feminino.
Comparando com a população portuguesa, podemos também verificar o predomínio
desta actividade económica na maior percentagem da população, correspondendo a 53,4% .

90
Este valor (33) e a respectiva percentagem (23,6%) referem-se à soma dos pais com o ensino superior, ou seja,
13 do sexo masculino correspondendo a 9,3% e 20 do sexo feminino equivalendo a 14,3%.
91
As actividades económicas foram transcritas de acordo com as actividades económicas da população
portuguesa, publicadas na revista designada por indicadores sociais da população portuguesa, INE, 2001;
disponível online (www.ine.pt).
92
Os não activos correspondem ao grupo de domésticos, reformados e falecidos. Agrupamos estes grupos numa
categoria, pois estes não nos permitem tirar conclusões importantes para a caracterização da origem social dos licenciados,
porque doméstica não pertence a nenhuma actividade económica; reformados e falecidos não nos transmitem algo de
relevante, são apenas pessoas não activas e não sabemos mais nada sobre eles.

26
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Seguidamente, podemos mencionar, em primeiro lugar, 5,7 % dos pais no sector da


agricultura, silvicultura e pesca e 4,3%93 no sector da indústria, construção, energia e água.
Em relação ao total da população portuguesa, esta situação observa-se no inverso.

Quadro n.º 3.6.: Concelho de nascimento, de residência e do local de trabalho


dos diplomados (origem e mobilidade geográfica)
o Concelho Concelho Concelho Mobilidade
onde nasceu onde reside onde trabalha geográfica94
N1 % N2 % N3 % N495 N596
Angra do Heroísmo 2 1,43 0 0 0 0 -2 0
Horta 1 0,71 0 0 0 0 -1 0
Lagoa 4 2,86 8 5,71 5 3,57 4 -3
Lajes do Pico 1 0,71 0 0 0 0 -1 0
Nordeste 3 2,14 0 0 0 0 -3 0
Concelho

Ponta Delgada 85 60,71 106 75,71 94 67,14 21 -12


Povoação 3 2,14 0 0 1 0,71 -3 1
Praia da Vitória 1 0,71 0 0 0 0 -1 0
Ribeira Grande 7 5 24 17,14 15 10,7 17 -9
Vários Concelhos 0 0 0 0 2 1,4 0 2
Vila Franca do Campo 1 0,71 2 1,43 4 2,86 1 2
Continente português 23 16,43 0 0 0 0 -23 0
Fora do país 9 6,43 0 0 0 0 -9 0
Não activos97 19 13,6 0 0
(Missing system)
Total 140 100 140 100 140 100 0 0

Através dos dados apresentados no quadro n.º 3.6., verificamos que uma das
características dos 140 diplomados da Universidade dos Açores, do Pólo de Ponta Delgada
reside no facto de se tratar de uma população que demonstra uma reduzida mobilidade
geográfica. Ou seja, dos licenciados que entrevistamos, 85 (60,71%) declararam que residiram
ao nascer no Concelho de Ponta Delgada (origem a nível geográfico), 106 (75,71%)
afirmaram que residem actualmente neste mesmo Concelho e 94 (67,14%) confessaram que
trabalham em Ponta Delgada. Isto é, 21 dos indivíduos entrevistados mobilizaram-se
geograficamente do local de nascimento para o local de residência actual, assim como 12 das
pessoas pertencentes à nossa amostra deslocam-se todos os dias do Concelho de Ponta

93
Esta percentagem resulta dos 2,9% do sexo masculino e 1,4% do feminino nesta actividade económica.
94
Os cálculos apresentados foram utilizados num estudo sociológico de Jorge Carvalho Arroteia, et al., Inserção
profissional dos diplomados pela Universidade de Aveiro: Trajectórias académicas e profissionais, Aveiro,
Universidade de Aveiro, 1998, 26.
95
A obtenção dos dados da coluna N4 foi feita através do cálculo dos dados da coluna N2 menos os dados da
coluna N1(N2-N1). O número negativo corresponde ao número de entrevistados que se deslocaram do Concelho
e o positivo os licenciados que se encontram no Concelho.
96
Os dados da coluna N5 correspondem ao cálculo do N3-N2.
97
Nos licenciados não activos estão incluídos os estudantes, os estagiários e os desempregados.

27
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Delgada para o Concelho do local de trabalho, podendo ser este local não só o Concelho da
Povoação, da Vila Franca do Campo como também vários Concelhos98.

98
Vários Concelhos consistem nos Concelhos dos locais de trabalho de 2 entrevistados, sendo que um destes é
Delegado de informação médica que não têm um local certo para o desempenho da respectiva actividade. O
outro trabalha em dois Concelhos, nomeadamente o Concelho de Ponta Delgada e Ribeira Grande, sendo este
diplomado Técnico Superior de Sociologia.

28
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

CAPÍTULO IV

CARACTERIZAÇÃO DA TRAJECTÓRIA DE FORMAÇÃO ACADÉMICA E


PROFISSIONAL

Neste capítulo apresentaremos a análise do percurso dos 140 diplomados


entrevistados, tendo em conta a formação académica e profissional do período que mediou
entre a entrada no ensino superior e o momento em que foram entrevistados, passando pela
referência dos seus projectos futuros a nível da formação. Com vista a uma melhor percepção,
neste capítulo, inicialmente, apresentaremos a principal motivação para a obtenção dos
diplomas em estudo o que nos indica as aspirações dos licenciados em relação à educação e
ao trabalho.

4.1. Principal motivação para a frequência dos cursos de licenciatura em estudo

Quadro n.º 4.1.


Principal motivo da escolha do curso por parte dos indivíduos entrevistados
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
O principal Vocação 23 45 68
motivo da
16,4% 32,1% 48,6%
escolha da
licenciatura Aconselhamento de familiares, 4 0 4
amigos ou professores
2,9% ,0% 2,9%

Maior facilidade de inserção 4 2 6


profissional
2,9% 1,4% 4,3%
Maior possibilidade de encontrar 5 2 7
um emprego bem remunerado
3,6% 1,4% 5,0%
Progredir no trabalho profissional 7 1 8
5,0% ,7% 5,7%
Adquirir mais conhecimentos 6 2 8
4,3% 1,4% 5,7%
Outros motivos 21 18 39
15,0% 12,9% 27,9%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Quadro n.º 4.1.1. : Outros motivos


Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Outro, Outros motivos 49 52 101
qual? (Missing system)
35,0% 37,1% 72,1%
Curiosidade pela área 3 0 3
2,1% ,0% 2,1%
Interesse pela área 18 18 36
12,9% 12,9% 25,7%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

29
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

A análise do quadro n.º 4.1., permite-nos afirmar que dos 140 diplomados
entrevistados, 48,6%, correspondendo a 66 indivíduos, confessaram que frequentaram um
curso numa área de vocação, sendo 45 (32,1%) licenciados em Biologia e 23 (16,4%) em
Sociologia.
Não podíamos deixar de mencionar, os 36 (25,7%) diplomados (cf. quadro n.º 4.1.1.)
que revelaram que a frequência destas licenciaturas deveu-se ao facto de sentirem interesse
pela área, dos quais 18 (12,9%) são diplomados em Sociologia e os outros 18 (12,9%) em
Biologia.
Maria Ventura, Directora do curso de Biologia, na entrevista realizada transmitiu-nos
a sua opinião relativamente à frequência de uma licenciatura:
“Um indivíduo deve frequentar, em primeiro lugar, um curso que corresponda à sua
área de vocação, independentemente das saídas profissionais, ou seja, em primeiro lugar,
devemos ter em conta a realização pessoal e só depois frequentar um curso de acordo com as
actuais e futuras exigências do mercado de trabalho”.

Quadro n.º 4.2.: Tabela cruzada da decisão dos licenciados relativamente


à escolha do mesmo curso com o principal motivo de escolha
A decisão de ingressar na
mesma licenciatura, hoje
em dia
Sim Não Total
O Vocação 43 25 68
principal
30,7% 17,9% 48,6%
motivo da
escolha da Aconselhamento de familiares, amigos ou professores 2 2 4
licenciatura 1,4% 1,4% 2,9%
Maior facilidade de inserção profissional 2 4 6
1,4% 2,9% 4,3%
Maior possibilidade de encontrar um emprego bem 1 6 7
remunerado
,7% 4,3% 5,0%
Progredir no trabalho profissional 4 4 8
2,9% 2,9% 5,7%
Adquirir mais conhecimentos 5 3 8
3,6% 2,1% 5,7%
Outros motivos 12 27 39
8,6% 19,3% 27,9%
Total 69 71 140
49,3% 50,7% 100,0%

A partir do quadro n.º 4.2. é visível que a decisão de ingressar no ensino superior
frequentando a mesma licenciatura, hoje em dia, conjuga-se em afirmações contrárias mas
com percentagens muito próximas, ou seja, 50,7% (71) dos licenciados não escolheriam a
mesma licenciatura e os outros 49,3% (69) afirmaram que fizeram uma boa opção e, portanto,
escolheriam a mesma área.
Por alguns assumirem decisões opostas antes da frequência do curso e actualmente,
torna-se interessante mencionar que, dos 68 licenciados que frequentaram o curso por ser uma

30
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

área de vocação, 25 (17,9%) não escolheriam a mesma licenciatura, possivelmente devido às


saídas profissionais ou, talvez, porque deixou de ser uma área de vocação nos actuais
contextos profissionais e sociais (cf. quadro n.º 4.2.).

4.2. Trajectória de formação antes do curso de Sociologia e de Biologia

Quadro 4.3.: Formação académica anterior ao curso


Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Formação Sim 13 4 17
académica
9,3% 2,9% 12,1%
anterior a
esta Não 57 66 123
licenciatura 40,7% 47,1% 87,9%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Quadro 4.3.1. Designação da formação académica


Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Qual? Não frequentou 57 66 123
(Missing system)
40,7% 47,1% 87,9%
1º Ciclo 2 0 2
1,4% ,0% 1,4%
Análises Clinicas 0 1 1
,0% ,7% ,7%
Biologia 1 0 1
,7% ,0% ,7%
Economia 1 2 3
,7% 1,4% 2,1%
Educadora de Infância 1 0 1
,7% ,0% ,7%
Engenharia Electrotécnica 1 0 1
e Computadores
,7% ,0% ,7%
Fisica e Quimica 0 1 1
,0% ,7% ,7%
Gestão de Empresas 2 0 2
1,4% ,0% 1,4%
História 1 0 1
,7% ,0% ,7%
Jornalismo 2 0 2
1,4% ,0% 1,4%
Matemática / Informática 1 0 1
,7% ,0% ,7%
Português/Inglês 1 0 1
,7% ,0% ,7%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

A leitura do quadro n.º 4.3., permite-nos afirmar que dos 140 indivíduos entrevistados
17 (12,1%) obtiveram um diploma académico anterior às licenciaturas em estudo, dos quais
podemos destacar 13 (9,3%) entrevistados que frequentaram o curso de Sociologia e os outros
4 (2,9%) de Biologia.

31
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

No quadro n.º 4.3.1., podemos verificar os diversos cursos frequentados por estes 17
indivíduos que compõem uma parte da nossa amostra. Neste grupo, podemos realçar os
licenciados que frequentaram o curso de Sociologia para melhorar o desempenho da actual
actividade profissional, para adquirir mais conhecimentos e não com o objectivo de, através
deste curso, conseguir um emprego.
“Já tinha emprego. Com o curso de Sociologia adquiri conhecimentos em diversas
áreas, que me ajudam a aperfeiçoar o desempenho da minha actividade profissional. Também,
permitiu-me saborear o reconhecimento por parte da entidade patronal de todo o meu esforço
em saber conciliar a formação e o meu emprego” (Licenciatura em Sociologia, entrevista n.º
62, masculino).
Estamos a referirmos aos diplomados que, anteriormente, frequentaram o bacharelato
de 1º ciclo (1,4%), em Educação Pré-escolar (0,7%) e Jornalismo (1,4%). Esta mesma
situação, foi comentada por 1 (0,7%) dos entrevistados que, anteriormente à licenciatura em
Biologia, frequentou o curso de Análises Clinicas.

4.3. Curso de licenciatura em Sociologia e em Biologia

Quadro n.º 4.4.:


Média final da licenciatura em Sociologia e em Biologia
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Média 10 - 12 7 4 11
final de
5,0% 2,9% 7,9%
curso
13 - 15 58 56 114
41,4% 40,0% 81,4%
16 - 18 5 10 15
3,6% 7,1% 10,7%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Como se pode observar pelos resultados do quadro n.º 4.4., 114 (81,4%) dos
indivíduos entrevistados conseguiram obter entre os 13 e os 15 valores como média final de
curso, dos quais 58 (41,4%) são diplomados em Sociologia e 56 (40,0%) em Biologia.
Destes 114 licenciados 72 (51,4%) afirmaram que não sentiram dificuldades na
obtenção do primeiro emprego após a conclusão da licenciatura, no entanto, com uma melhor
média, ou seja, entre os 16-18 valores, 8 (5,7%) diplomados foram confrontados com
determinados obstáculos (cf. quadro n.º 1.1. do anexo n.º 1). Por isso, não podemos relacionar
a média final de curso com a facilidade de acesso a uma actividade profissional.

32
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Quadro n.º 4.5.:


Idade da conclusão do curso dos licenciados
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Idade da 20 - 24 37 46 83
conclusão
26,4% 32,9% 59,3%
da
licenciatura 25 - 29 18 21 39
12,9% 15,0% 27,9%
30 - 34 5 2 7
3,6% 1,4% 5,0%
35 - 39 5 1 6
3,6% ,7% 4,3%
40 - 44 4 0 4
2,9% ,0% 2,9%
45 ou + 1 0 1
,7% ,0% ,7%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

De acordo com os dados do quadro n.º 4.5. podemos afirmar que, 140 dos indivíduos
que frequentaram os respectivos cursos em estudo, 83 (59,3%) concluíram com idades
compreendidas entre os 20 e os 24 anos, dos quais podemos destacar, embora exista pouca
diferença, os 46 licenciados em Biologia correspondendo a 32,9% e os 37 em Sociologia
equivalendo a 26,4%.

4.4. Trajectória de formação após o curso de Sociologia e de Biologia

Quadro n.º 4.6.:


Formação académica posterior às licenciaturas em estudo
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Formação Sim 29 33 62
académica
20,7% 23,6% 44,3%
Não 41 37 78
29,3% 26,4% 55,7%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Ao observarmos o quadro n.º 4.6. constatamos que, 62 (44,3%) deram continuidade à


formação académica, em que 33 (23,6%) são licenciados em Biologia, dos quais 13 (9,3%)
são estudantes a tempo inteiro e 1 (0,7%) é trabalhador-estudante, como poderemos
presenciar no quadro n.º 6.9. no capitulo n.º VI. Relativamente aos licenciados em Sociologia,
29 (20,7%) entrevistados também frequentaram e estão a frequentar mais formação
académica, dos quais 1 (0,7%) também tem o estatuto de trabalhador-estudante (quadro n.º
6.9. do capitulo n.º VI).

33
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Quadro n.º 4.6.1.:


Explicação para a continuação da formação académica
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Se sim, Não frequentou (Missing system) 41 37 78
porquê?
29,3% 26,4% 55,7%
Devido às constantes exigências 3 2 5
do mercado de trabalho
2,1% 1,4% 3,6%

Devido às exigências da actual 19 12 31


actividade profissional
13,6% 8,6% 22,1%
Interesse pessoal e valorização 7 18 25
curricular
5,0% 12,9% 17,9%
Meio de realizar investigação em 0 1 1
Portugal
,0% ,7% ,7%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Os resultados do quadro n.º 4.6.1. transmitem-nos que, dos 62 licenciados que deram
continuidade à formação académica, 31 (22,1%) entrevistados afirmaram que frequência
deveu-se “às exigências da actual actividade profissional” e 5 (3,6%) “devido às constantes
exigências do mercado de trabalho”.
Deste grupo de diplomados, 28 (20,0%) frequentaram ou frequentam o Mestrado,
sendo que 20 são da área de Biologia e 8 de Sociologia, correspondendo a 14,3% e a 5,7%
respectivamente (cf. quadro n.º1.2. do anexo n.º I).
Apesar de ser em número reduzido, 6 (4,3%) licenciados em Biologia frequentaram ou
frequentam o Doutoramento financiado por bolsas de investigação atribuídas pela Fundação
para a Ciência e Tecnologia (FCT). Em Sociologia, podemos observar que, não existe um que
tenha frequentado ou que esteja a frequentar este grau académico. Esta situação pode ser
explicada pelo seguinte: 1º porque esta licenciatura surgiu na Universidade dos Açores há
poucos anos e 2º porque não é leccionado, por enquanto, este grau académico nesta
universidade.
As razões que presidem o desejo de prolongamento dos estudos podem ser divididas
em duas: 1º os licenciados que tendo uma actividade profissional procuram formação para
desempenharem melhor as suas funções. E 2º os diplomados que não conseguem emprego,
definem uma estratégia de continuação dos estudos durante este período e, portanto, esta
situação pode ser encarada como uma solução face ao problema de inserção profissional. Este
último aspecto, no momento da entrevista, pude ser visível em alguns licenciados em
Biologia, pois encontramos 13 (9,3%) estudantes a tempo inteiro em Biologia, dos quais 9
(6,4%) ainda não ingressaram no mercado de trabalho (cf. no quadro n.º 6.1. no capitulo n.º
VI), optando pela continuação dos estudos.

34
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

“Eu estou a frequentar o Doutoramento, por interesse pessoal e valorização curricular,


uma vez que actualmente está difícil encontrar um emprego de acordo com a minha
licenciatura e de acordo com as minhas expectativas. Perante esta situação, devo desenvolver
as minhas competências, frequentando mais formação, pois penso que o mercado de trabalho
exige cada vez mais na área de investigação pessoas com o doutoramento. Assim, posso ter
acesso a formação e a remuneração através de bolsas de investigação da Fundação para a
Ciência e Tecnologia (FCT)” ( Licenciatura em Biologia, entrevista n.º 112, feminino)

Quadro n.º 4.7.


Formação profissional frequentada pelos diplomados
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Formação Sim 64 59 123
profissional
45,7% 42,1% 87,9%
Não 6 11 17
4,3% 7,9% 12,1%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Com base na leitura do quadro n.º 4.7. verificamos que, 64 (45,7%) dos licenciados em
Sociologia frequentaram formações profissionais, dos quais 33 (23,6%) afirmaram que o
recurso a determinada formação deveu-se “às constantes exigências da actual actividade
profissional e por interesse pessoal” (cf. quadro n.º1.3., no anexo n.º 1). E 59 (42,1%)
diplomados em Biologia também recorreram a formações a nível profissional, em que, por
coincidência, 33 (23,6%) dos diplomados deram a mesma razão (cf. quadro n.º1.3. do anexo
n.º I), o que dá um total de 123 (87,9%) dos licenciados entrevistados.

4.5. Projectos futuros a nível da formação

Quadro n.º 4.8.:


Prosseguimento dos estudos dos diplomados
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Formação académica Sim 70 70 140
e profissional futura
50,0% 50,0% 100,0%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Ao olharmos para o quadro n.º 4.8. deparamo-nos que, todos os licenciados


entrevistados desejam continuar a estudar, o que caracteriza a nossa amostra como sendo um
grupo que pretende investir num projecto escolar, consistindo no aumento das qualificações,
seja a nível académico seja a nível de formação profissional.

35
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Quadro n.º 4.8.1. Designação do grau académico


Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Se Curso Livre 2 0 2
sim,
1,4% ,0% 1,4%
qual?
Doutoramento 3 12 15
2,1% 8,6% 10,7%
Formação profissional 22 35 57
constante
15,7% 25,0% 40,7%
Mestrado 22 17 39
15,7% 12,1% 27,9%
Outra licenciatura 16 6 22
11,4% 4,3% 15,7%
Pós-Graduação 5 0 5
3,6% ,0% 3,6%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Ao analisarmos os dados do quadro n.º 4.8.1. salienta-se que, dos 140 indivíduos
entrevistados que, no futuro, procuram investir na formação que se prolonga para além da
obtenção de um diploma de licenciatura, 57 (40,7%) pretende estar em constante formação
profissional, em que 35 (25,0%) são licenciados em Biologia e 22 (15,7%) em Sociologia.
Não podemos deixar de mencionar, os 39 (27,9%) que ambicionam frequentar um grau
académico superior à licenciatura, isto é, o Mestrado, dos quais 22 são licenciados em
Sociologia e 17 em Biologia, equivalendo a 15,7% e a 12,1% respectivamente. Quanto à
explicação para a continuação dos estudos, esta está sempre relacionada com o mercado de
trabalho (cf. quadro n.º 1.5. do anexo n.º I).

36
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

CAPÍTULO V
CARACTERIZAÇÃO DA TRANSIÇÃO PROFISSIONAL:
FREQUÊNCIA DE UM ESTÁGIO

Neste capitulo, pretendemos caracterizar o período de frequência do estágio curricular


dos licenciados em Biologia e da participação em programas de estágios ou de apoio à
inserção profissional de ambos os diplomados.
Podemos caracteriza-los do seguinte modo: dos diplomados em Sociologia agrupámo-
los em três, ou seja, o primeiro grupo recorreu a programas de estágio, dado que no plano de
estudo não está incluído um estágio curricular; o segundo grupo, porque está a desempenhar
uma actividade profissional, não recorre a um destes programas; e por fim o terceiro grupo
preferiu ingressar de imediato no mercado de trabalho, uma vez que teve uma proposta de
emprego. Por outro lado, temos os licenciados em Biologia que podem ser divididos em
quatro grupos, isto é, um grupo frequentou não só o estágio curricular como também um
destes programas, tanto a nível regional e nacional bem como a nível europeu ou
internacional. Observamos num segundo grupo, os que preferiram realizar o estágio curricular
durante a frequência de um programa de estágio e, deste modo, obtiveram uma remuneração
durante este período. O terceiro grupo que frequentou apenas o estágio curricular e o quarto
grupo, dado que durante alguns anos lectivos, o estágio não estava incluído no plano de
estudos, decidiram recorrer a estes programas de estágio da Agência para a qualificação e
emprego, localizada em Ponta Delgada.

Quadro n.º 5.1.: Tabela cruzada da frequência do estágio curricular


com a frequência de um programa de estágio pelos licenciados em Biologia
Frequência de um
programa de estágio
regional/nacional ou de
apoio à inserção
profissional
Sim Não Total
Frequência Sim 37 25 62
do estágio
52,9% 35,7% 88,6%
curricular
Não 7 1 8
10,0% 1,4% 11,4%
Total 44 26 70
62,9% 37,1% 100,0%

Podemos averiguar através do quadro n.º 5.1. que, dos 70 indivíduos entrevistados na
área de Biologia 62 (88,6%) frequentaram o estágio curricular, dos quais 37 (52,9%)

37
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

recorreram a um programa de estágio ou de apoio à inserção profissional, em paralelo ou em


períodos distintos.
Alguns licenciados de Biologia afirmaram que, durante o período de estágio
curricular, frequentaram um programa de estágio com o objectivo de adquirirem remuneração
durante o período.
Quadro n.º 5.2.:
Tabela cruzada da frequência do estágio curricular
com a frequência de um programa de estágio pelos licenciados em Biologia
Frequência de um
programa de estágio a
nível
europeu/internacional
Sim Não Total
Frequência Sim 7 55 62
do estágio
10,0% 78,6% 88,6%
curricular
Não 0 8 8
,0% 11,4% 11,4%
Total 7 63 70
10,0% 90,0% 100,0%

No quadro n.º 5.2., podemos conferir que, dos 70 licenciados em Biologia apenas 7
(10,0%) concorreram a um programa de estágios a nível europeu e/ou internacional, podendo
ter sido também frequentado no mesmo período do estágio curricular, ou em períodos
distintos.
Quadro n.º 5.3.:
Frequência de programas de estágio ou de apoio à inserção profissional
a nível regional e/ou nacional pelos licenciados de ambos os cursos
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Programa de Sim 48 44 92
estágio ou
34,3% 31,4% 65,7%
de apoio à
inserção Não 22 26 48
profissional 15,7% 18,6% 34,3%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Tendo em conta os dados do quadro n.º 5.3. podemos, agora, revelar a frequência
destes programas pelos indivíduos entrevistados de ambos os cursos de licenciatura.
Das 140 pessoas que constituem a nossa amostra, 92 (65,7%) concorreram, em que
48 são licenciados em Sociologia e 44 em Biologia, correspondendo 34,3% e a 31,4%,
respectivamente. Todos os diplomados que se envolveram neste tipo de programas afirmaram
que a sua participação deveu-se ao facto de ser um “meio de inserção profissional” (cf. quadro
n.º 1.6. do anexo n.º I).

38
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Quadro 5.3.1.: Designação do programa de estágio ou


de apoio à inserção profissional a nível regional/nacional
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Designação Não frequentou 22 26 48
do (Missing system)
15,7% 18,6% 34,3%
programa
Programa "Estagiar L" 47 43 90
33,6% 30,7% 64,3%
Programa "Estagiar L" 1 1 2
e o programa "CTTS"
,7% ,7% 1,4%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Face aos dados expostos no quadro n.º 5.3.1. verificamos que, todos os envolvidos
frequentaram o programa regional designado por “Estagiar L”, dos quais 2 (1,4%) inseriram-
se, também, num programa de apoio à integração profissional “CTTS”, em que 1 (0,7%) é
diplomado em Sociologia e o outro (0,7%) em Biologia.
Dos 92 (65,7%) licenciados que frequentaram, 67 (47,9%) informaram-nos que, com o
programa “Estagiar L” obtiveram “uma experiência formativa, profissional e relacional”
(quadro n.º 1.7. do anexo n.º 1), em que 35 (25,0%) são da área de Sociologia e 32 (22,9%) de
Biologia.
Segundo Rui Bettencourt99, Director regional do Trabalho e da Qualificação
Profissional, os programas de estágios estão em vigor desde 1998 e consistem numa estratégia
de transição da escola para o mundo do trabalho.
Tendo em conta o relatório da Direcção Regional do Trabalho e Qualificação
Profissional100, desde 2005, 1094 finalistas e licenciados concorreram ao programa “Estagiar
L”, em que todos foram envolvidos em vários projectos, de acordo com a respectiva
formação.
Quadro n.º 5.4.:
Frequência de programas de estágio a nível europeu
e/ou internacional pelos licenciados de ambos os cursos

99
Cf. Jornal “Correio dos Açores”, 20 de Maio de 2007
100
Cf. Jornal “Correio dos Açores”, 20 de Maio de 2007

39
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Programa de Sim 3 7 10
estágio a
2,1% 5,0% 7,1%
nível
europeu/ Não 67 63 130
internacional 47,9% 45,0% 92,9%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Podemos afirmar, através da análise do quadro n.º 5.4. que, existiu um reduzido
envolvimento dos 140 entrevistados nos programas de estágio a nível europeu e/ou
internacional, podendo estes programas contribuir para o respectivo processo formativo.
Apenas 7,1% (10) dos diplomados participaram, dos quais 5,0% (7) são de Biologia e
2,1% (3) de Sociologia. A explicação para a frequência destes programas foi dada pela
metade dos entrevistados envolvidos como sendo um “meio de conhecer outras culturas e
outros colegas de profissão” (cf. quadro n.º 1.10. do anexo n.º I).

Quadro n.º 5.4.1.: Designação dos programas de estágio


a nível europeu e/ou internacional
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Designação Não frequentou 67 63 130
do (Missing System)
47,9% 45,0% 92,9%
programa
Programa "Eramus" 1 5 6
,7% 3,6% 4,3%
Programa "Eramus" e 0 1 1
"Interreg"
,0% ,7% ,7%
Programa "Eurodisseia" 2 1 3
1,4% ,7% 2,1%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Como se pode presenciar no quadro 5.4.1., 10 (7,1%) envolvidos neste tipo de


programas que pressupõem mobilidade geográfica, 7 (5,0%) frequentaram o programa
europeu, considerado por “Eramus”, dos quais 6 (4,3%) são licenciados em Biologia, e 1
(0,7%) em Sociologia. Incluído neste grupo está 1 (0,7%) de Biologia integrou-se,
igualmente, num programa designado por “Interreg”.
Os outros 3 (2,1%) participaram no programa internacional “Eurodisseia”, do qual a
Agência para a Qualificação e Emprego é responsável, em que 2 são da área de Sociologia e 1
de Biologia, equivalendo a 1,4% e a 0,7%, respectivamente.
Todos os que se encontraram envolvidos disseram-nos que, com este tipo de programa
adquiriram não só uma “experiência formativa e profissional” como também uma
“experiência relacional e cultural” (cf. quadros n.º 1.11, 1.12., 1.13. do anexo n.º I).

40
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Numa conversa com o André Craveiro, Coordenador dos programas de estágios a


nível europeu da Agência para a Qualificação e Emprego, ficamos a saber que, desde 2005 até
ao primeiro trimestre do ano de 2007, 3 licenciados de Biologia e 2 de Sociologia
concorreram a este tipo de programas de intercâmbio.

CAPÍTULO VI

CARACTERIZAÇÃO DA TRAJECTÓRIA DE TRANSIÇÃO/INTEGRAÇÃO


PROFISSIONAL: DESEMPENHO DE UMA ACTIVIDADE PROFISSIONAL

Neste capítulo apresentaremos o percurso de inserção dos licenciados a nível


profissional antes e após a conclusão do curso, isto é, analisaremos uma das etapas mais
importantes de transição para a vida activa e adulta. O desempenho de uma actividade
profissional consiste numa das características do processo de inserção profissional, sendo que
esta actividade pode ser exercida em paralelo com a continuação dos estudos.

Quadro n.º 6.1.: Entrada no mercado de trabalho dos entrevistados


Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Entrada Antes do 39 14 53
no curso
27,9% 10,0% 37,9%
mercado
de Após o curso 31 47 78
trabalho 22,1% 33,6% 55,7%
Ainda não 0 9 9
ingressei
,0% 6,4% 6,4%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Depreendemos pela leitura do quadro n.º 6.1. que, dos 140 indivíduos entrevistados 53
(37,9%) iniciaram os primeiros contactos com o mercado de trabalho antes da conclusão do
curso, dos quais 39 (27,9%) são licenciados em Sociologia, e 14 (10,0%) em Biologia. Após o
curso, verificamos a integração de 78 (55,7%) dos entrevistados, em que 47 são da área de
Biologia e 31 de Sociologia, correspondendo a 33,6% e a 22,1% respectivamente. Não
podíamos deixar de mencionar, os 9 (6,4%) diplomados em Biologia que ainda não
ingressaram no mercado de trabalho, por ser uma opção ou por ser um meio de ultrapassar as
dificuldades de integração profissional.

Quadro n.º 6.2.:


Número de actividades profissionais desempenhadas antes e após o curso

41
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Actividades profissionais desempenhadas depois da


conclusão da licenciatura
Nenhuma Uma Duas Três Total
Actividades Nenhuma 9 56 14 8 87
profissionais
6,4% 40,0% 10,0% 5,7% 62,1%
desempenha
das antes da Uma 4 32 7 0 43
conclusão da 2,9% 22,9% 5,0% ,0% 30,7%
licenciatura
Duas 0 9 1 0 10
,0% 6,4% ,7% ,0% 7,1%
Total 13 97 22 8 140
9,3% 69,3% 15,7% 5,7% 100,0%

No que concerne ao número de actividades profissionais desempenhadas antes e após


o curso pelos 131 licenciados, representadas no quadro n.º 6.2., podemos apurar que, a maior
parte do grupo desempenharam, apenas, uma actividade profissional após a conclusão do
curso até ao momento em que foram entrevistados, estamos a referimo-nos a 97 diplomados
que correspondem a 69,3%, dos quais 49 (35,0%) são da área de Sociologia e 48 (34,3%) da
área de Biologia (cf. quadro n.º 1.16. do anexo n.º I). Assim, pela proximidade entre os
valores, podemos afirmar que a mudança de emprego não depende da área de formação, mas,
talvez, das condições sócio-económicas do mercado de trabalho. Importa salientar, também,
embora seja em número reduzido, 8 (5,7%) indivíduos, deste grupo de entrevistados, não
exerceram uma actividade profissional antes do curso e após este desempenharam 3
actividades.

6.1. Transição/integração profissional antes da conclusão dos cursos em estudo

Quadro n.º 6.3.: Meios de obtenção do 1º emprego


antes da conclusão do curso
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Meios de Não activos (Missing 31 56 87
obtenção system)
22,1% 40,0% 62,1%
do
primeiro Agência de emprego 2 0 2
emprego 1,4% ,0% 1,4%
antes da
Concurso público 11 4 15
conclusão
do curso 7,9% 2,9% 10,7%
Anúncios em jornais 4 3 7
ou na internet
2,9% 2,1% 5,0%
Através de familiares 10 3 13
7,1% 2,1% 9,3%
Através de amigos ou 12 4 16
conhecidos
8,6% 2,9% 11,4%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

O quadro n.º 6.3. indica-nos que, dos 53 (37,9%) licenciados activos antes da
conclusão do curso os meios mais utilizados para a obtenção de uma actividade profissional
foram por intermédio de amigos ou conhecidos (11,4%) (meios informais), seguindo o

42
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

concurso público (10,7%) (meio formal), e através de familiares (9,3%) (meio informal),
equivalendo a 16, a 15 e a 13 diplomados, respectivamente.

Quadro n.º 6.4.: Tempo de espera para o 1º emprego


antes da conclusão do curso
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Tempo de Nenhum 24 11 35
espera para
17,1% 7,9% 25,0%
a 1ª
actividade Menos de um mês 6 0 6
profissional 4,3% ,0% 4,3%
obtida antes
Um mês a três 4 0 4
da
meses
conclusão 2,9% ,0% 2,9%
do curso Três a seis meses 4 2 6
2,9% 1,4% 4,3%
Seis a nove meses 0 1 1
,0% ,7% ,7%
Mais de um ano 1 0 1
,7% ,0% ,7%
Não activos 31 56 87
(Missing system)
22,1% 40,0% 62,1%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

“Nenhum” consistiu o tempo de espera para a 1ª actividade profissional antes da


conclusão do curso por parte de 35 (25,0%) dos 53 (37,9%) activos, dos quais 24 (17,1%)
frequentaram a licenciatura de Sociologia e 11 (7,9%) a de Biologia. Em contrapartida,
apenas 1 esperou entre “seis a nove meses” e outro “mais de um ano”, correspondendo a 0,7%
para ambos (cf. quadro n.º 6.4.).

Quadro n.º 6.5.: Categoria profissional da actividade


exercida antes da conclusão da licenciatura

43
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Categoria Agente da policia 1 0 1
profissional
,7% ,0% ,7%
Assistente administrativo e comercial 15 2 17
10,7% 1,4% 12,1%
Assistente de aulas práticas 0 6 6
,0% 4,3% 4,3%
Comerciante, empregado de balcão e 9 3 12
operador de caixa
6,4% 2,1% 8,6%
Electrótecnico e operador 2 1 3
mecanográfico
1,4% ,7% 2,1%
Guia turistico 0 1 1
,0% ,7% ,7%
Jornalista 2 0 2
1,4% ,0% 1,4%
Professor do 1º ciclo e Ed. de infância 5 0 5
3,6% ,0% 3,6%
Porteiro, segurança e recepcionista 3 1 4
2,1% ,7% 2,9%
Técnico Tipográfico 2 0 2
1,4% ,0% 1,4%
Não activos 31 56 87
22,1% 40,0% 62,1%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Denotamos, tendo em conta o quadro n.º 6.5. que, dos 53 (37,9%) indivíduos activos,
17 (12,1%) desempenharam funções de “assistente administrativo e comercial”, dos quais 15
(10,7%) são licenciados, hoje em dia, na área de Sociologia e 2 (1,4%) na área de Biologia.
Também podemos verificar que, 12 (8,6%) exerciam funções de “comerciante, empregado de
balcão e operador de caixa”, em que 9 (6,4%) obtiveram o diploma de Sociologia e 3 (2,1%) o
de Biologia. Não poderíamos esquecer das pessoas que, antes do curso, já executavam uma
profissão para a qual tinham anteriormente estudado, nomeadamente os Jornalistas (1,4%) e
os Professores do 1º Ciclo e Educadores de Infância (3,6%), sendo que todos são, também,
diplomados em Sociologia.

Quadro n.º 6.6.: Vinculo contratual da 1ª actividade


profissional antes da conclusão do curso
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Vinculo Não activos (Missing system) 31 56 87
contratual
22,1% 40,0% 62,1%
da
primeira Contrato a termo certo 14 5 19
10,0% 3,6% 13,6%
Contrato a termo 11 3 14
indeterminado
7,9% 2,1% 10,0%
Contrato sem 8 1 9
termo/permanente
5,7% ,7% 6,4%
Recibos verdes 6 5 11
4,3% 3,6% 7,9%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

44
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

No que diz respeito ao vinculo contratual da 1ª actividade profissional anterior à


conclusão do curso, podemos averiguar que a maior parte deste grupo trabalhou em regime
precário, característica do actual mercado de trabalho, ou seja, observamos que, 19 (13,6%)
laboraram a “contrato a termo certo”, 14 (10,0%) a “contrato a termo indeterminado” e 11
(7,9%) a “recibos verdes”, mas 9 (6,4%) assinaram “contrato sem termo/permanente” (cf.
quadro n.º 6.6.).

6.2. Transição/inserção profissional após a conclusão dos cursos em estudo ou


trajectória profissional

Tentamos adquirir algumas informações, por parte da Agência de emprego, localizada


em Ponta Delgada, com o objectivo de ajudar-nos a caracterizar a fase de inserção
profissional dos licenciados em estudo. No entanto, apenas nos foi permitido o total de
diplomados que se inscreveram na Agência para formação ou orientação conducente para
obtenção um emprego.
Desde 2001 até ao primeiro trimestre de 2007, de acordo com a base de dados da
Agência para a Qualificação e Emprego, 65 licenciados optaram pela ajuda de profissionais
competentes nesta entidade, dos quais 37 são da área de Biologia e 28 de Sociologia.
Uma vez terminado o curso de licenciatura, a maioria dos diplomados transitam da
universidade para o mercado de trabalho, passando pela frequência de um estágio curricular
ou de um programa de estágio, onde adquirem algumas experiências. Concluída esta fase, os
licenciados continuam a tentar transitar para o mundo do trabalho, onde procuram emprego
pelos diversos meios disponíveis, caso não possam ou não queiram permanecer no local onde
estagiaram.
Quadro n.º 6.7.:
Admissão no emprego após a conclusão do estágio
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Admissão Não frequentaram 23 25 48
no emprego (Missing system)
16,4% 17,9% 34,3%
após ter
terminado o Sim 17 14 31
estágio ou o 12,1% 10,0% 22,1%
programa de
Não 28 31 59
estágio
20,0% 22,1% 42,1%
Ainda não sei 2 0 2
1,4% ,0% 1,4%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Observamos através do quadro n.º 6.7. que, independentemente de ter sido o estágio
curricular ou um programa de estágio, dos 92 (65,7%) entrevistados que estagiaram, 31
(22,1%) permaneceram no local após este período, dos quais 17 (12,1%) são licenciados em
45
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Sociologia e 14 (10,0%) em Biologia. Outros, 59 (42,1%) não tiveram a possibilidade de


permanência ou não ficaram por opção, em que dos diplomados na área de Sociologia
registámos 28 (20,0%) e dos de Biologia 31 (22,1%).
Dos 59 licenciados que não permaneceram na entidade após o termo do estágio,
podemos agrupá-los em dois grupos, isto é, o primeiro grupo não continuaram a exercer a
respectiva actividade profissional após o estágio por opção, em que alguns relatam que não
existia correspondência entre o curso e a actividade profissional e outros porque essa
actividade não era suficientemente motivante. O segundo grupo mencionaram que tinham
feito um bom trabalho, durante este período, mas as condições sócio-ecónomicas da entidade
não permitiram a permanência após o termo do estágio.
“Não continuei a exercer a actividade profissional após a conclusão do estágio porque
a entidade não tinha meios de garantir a minha remuneração no final do mês. Os meus
superiores gostaram de todo o meu trabalho e valeu a pena a experiência” (Licenciatura em
Sociologia, entrevista n.º 11, feminino).
Quadro n.º 6.8.:
Facilidade de inserção profissional através da frequência de um estágio
Admissão no emprego após ter terminado o estágio ou o
programa de estágio
Não frequentou
(Missing system) Sim Não Ainda não sei Total
Considera que Não frequentou 48 0 0 0 48
o estágio (Missing system)
34,3% ,0% ,0% ,0% 34,3%
facilitou a sua
inserção Sim 0 31 45 0 76
profissional? ,0% 22,1% 32,1% ,0% 54,3%
Não 0 0 14 0 14
,0% ,0% 10,0% ,0% 10,0%
Ainda não sei 0 0 0 2 2
,0% ,0% ,0% 1,4% 1,4%
Total 48 31 59 2 140
34,3% 22,1% 42,1% 1,4% 100,0%

Ao observarmos os resultados do quadro n.º 6.8. verificamos que, a maior parte dos
licenciados (54,3%) consideraram que o estágio facilitou, de forma directa ou indirecta, a
inserção profissional porque, para uns, concedeu a permanência na entidade após o termo e
porque, para outros, o estágio permitiu vários tipos de experiências assim como proporcionou
o aumento das relações sociais dos licenciados.

Quadro n.º 6.9.: Situação actual dos licenciados

46
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Situação Estudante 0 13 13
actual do
,0% 9,3% 9,3%
licenciado
Estudante-trabalhador 1 1 2
,7% ,7% 1,4%
Estagiário 2 0 2
1,4% ,0% 1,4%
Empregado 65 54 119
46,4% 38,6% 85,0%
Desempregado 2 2 4
1,4% 1,4% 2,9%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

No quadro n.º 6.9., através dos resultados, podemos verificar a situação actual dos 140
licenciados, ou melhor dizendo, no momento da entrevista, em que, de um modo geral, a
situação apresenta-se estável, pois 119 (85,0%) diplomados estão empregados, 2 (1,4%)
encontram-se com o estatuto de “estudante - trabalhador” e podemos observar a existência de
um reduzido número de licenciados no desemprego, correspondendo a 2,9% (4) do total. Na
situação de estudante a tempo inteiro estão 13 (9,3%), sendo que todos são diplomados em
Biologia e entrevistamos 2 (1,4%) estagiários da área de Sociologia.

Quadro n.º 6.10.:


Meios de obtenção do actual emprego101
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Meios de Não activos (Missing 4 15 19
obtenção da system)
2,9% 10,7% 13,6%
actual
actividade Agência de emprego 2 2 4
profissional 1,4% 1,4% 2,9%
Concurso público 20 13 33
14,3% 9,3% 23,6%
Anúncios em jornais 8 8 16
ou na internet
5,7% 5,7% 11,4%
Através do estágio 17 14 31
12,1% 10,0% 22,1%
Através de familiares 2 2 4
1,4% 1,4% 2,9%
Através de amigos ou 6 7 13
conhecidos
4,3% 5,0% 9,3%
Outros 11 9 20
7,9% 6,4% 14,3%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Quadro n.º 6.10.1.: Outros meios

101
Neste quadro estão incluídos os meios dos licenciados que continuam a exercer a mesma actividade
profissional obtida antes da conclusão do curso de Sociologia e Biologia.

47
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Qual Não activos e os meios 59 61 120
ou já mencionados
quais? (Missing system) 42,1% 43,6% 85,7%
Capacidade de iniciativa 0 2 2
,0% 1,4% 1,4%
Convite 3 4 7
2,1% 2,9% 5,0%
Entrega do curriculo 3 1 4
2,1% ,7% 2,9%
Reclassificação 5 2 7
3,6% 1,4% 5,0%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Com base na leitura dos resultados dos quadros n.º 6.10. e 6.10.1. podemos afirmar
que, os 121 (86,4%) licenciados activos dispuseram de um conjunto diversificado de meios
formais e informais permitindo o acesso ao actual emprego. No entanto, o “concurso público”
foi o mais utilizado, por 33 (23,6%) destes indivíduos, dos quais 20 (14,3%) são diplomados
em Sociologia e 13 (9,3%) em Biologia, o que nos indica que o sector público consistiu num
dos sectores de recrutamento dos diplomados em estudo. O outro mais frequente foi “através
do estágio”, sendo assim, podemos confirmar, a eficácia do estágio, para estes licenciados,
como um importante meio entre a universidade e o mercado de trabalho, onde puderam
demonstrar as suas competências. Um dos meios menos aproveitados consistiu no recurso à
“Agência de emprego”, em que 4 (2,9%) dos que procuraram, metade são da área de
Sociologia e a outra metade de Biologia. Não podíamos deixar de mencionar os licenciados
que recorrerem ao capital relacional, ou seja, ao apoio de familiares, amigos e conhecidos
para a obtenção da actual actividade profissional, referimo-nos a 17 diplomados
correspondendo a 12,2%. Quanto aos indivíduos que já desempenhavam uma actividade
profissional antes da conclusão do curso em estudo, 7 (5,0%) licenciados progrediram na
carreira profissional mediante a reclassificação da categoria profissional. Por exemplo, antes
do curso um entrevistado tinha como categoria profissional Agente da polícia e após a
conclusão do curso tem como categoria profissional Técnico superior, ou seja, foi efectuado a
reclassificação da categoria profissional (Licenciatura em Sociologia, entrevista n.º 50,
masculino).
Depois de mencionados os meios de obtenção do actual emprego, os 140 licenciados
entrevistados revelaram-nos as 2 competências mais importantes para obter uma boa
actividade profissional, em que a 1ª enunciada, por todos, consistiu na “formação académica e
profissional”. Na 2ª competência mais relevante, podemos destacar “experiência profissional,
mesmo que não seja na área”, sendo indicada por 58 (41,1%) dos entrevistados, dos quais 31

48
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

(22,1%) são diplomados em Sociologia e 27 (19,3%) em Biologia. Podemos, também,


verificar a importância de outras competências como a “capacidade oral e escrita” e a
“capacidade de iniciativa”, sendo assinaladas por 20,7% (29) e 12,1% (17) dos licenciados,
respectivamente. Para além destas, podemos referir que, 17 (12,1%) dos indivíduos
entrevistados confessaram-nos que a “ajuda e influência de terceiros” pode ser fundamental
para a obtenção de um emprego (capital relacional) (cf. quadros n.º 1.14., 1.15., 1.15.1., no
anexo n.º I).

Quadro n.º 6.11.:


Tempo de espera para a actual actividade profissional
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Tempo de Nenhum 43 33 76
espera para
30,7% 23,6% 54,3%
a actual
actividade Menos de um 5 4 9
profissional mês
3,6% 2,9% 6,4%

Um mês a três 5 7 12
meses
3,6% 5,0% 8,6%
Três a seis meses 5 7 12
3,6% 5,0% 8,6%
Seis a nove meses 7 2 9
5,0% 1,4% 6,4%
Mais de um ano 1 2 3
,7% 1,4% 2,1%
Não activos 4 15 19
(Missing system)
2,9% 10,7% 13,6%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Olhando para o quadro n.º 6.11. podemos detectar que, 76 (54,3%) dos 121
diplomados activos obtiveram um emprego num período de tempo nulo, estamos a referimo-
nos a 43 (30,7%) licenciados na área de Sociologia e a 33 (23,6%) na de Biologia. Deste
grupo de entrevistados, 12 (8,6%) esperaram de um mês a três meses e um igual número de
licenciados demoraram de três a seis meses até ao desempenho de uma actividade profissional
(desemprego de inserção de curta duração).

Quadro n.º 6.12.:


Correspondência entre o curso e a actual actividade profissional

49
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Correspondência Não activos 4 15 19
entre o curso e a (Missing system)
2,9% 10,7% 13,6%
actividade
profissional Totalmente 15 4 19
10,7% 2,9% 13,6%
Muito 22 15 37
15,7% 10,7% 26,4%
Razoavelmente 18 25 43
12,9% 17,9% 30,7%
Muito pouco 7 6 13
5,0% 4,3% 9,3%
Nada 4 5 9
2,9% 3,6% 6,4%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Dos 121 licenciados activos, 43 (30,7%) consideraram que o seu emprego corresponde
“razoavelmente” à formação, dos quais 25 (17,9%) são da área de Biologia e 18 (12,9%) de
Sociologia. Embora em menor número, 19 (13,6%) admitiram que a actividade profissional
desempenhada adequa-se “totalmente” à licenciatura, em que 15 são diplomados em
Sociologia e 4 em Biologia, equivalendo a 10,7% e a 2,9% respectivamente (quadro n.º 6.12.).
Referimo-nos aos licenciados que passaram por uma integração profissional bem sucedida
devido à correspondência possível entre o curso e a actividade profissional.

Quadro n.º 6.13.: Categoria profissional actual

50
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Categoria Assistente administrativo 5 4 9
profissional e comercial
3,6% 2,9% 6,4%
actual
Chefia e Direcção 4 4 8
2,9% 2,9% 5,7%
Comerciante 1 3 4
,7% 2,1% 2,9%
Delegado de informação 0 1 1
médica
,0% ,7% ,7%
Empresário 0 2 2
,0% 1,4% 1,4%
Electrotécnico 1 0 1
,7% ,0% ,7%
Guia turístico 0 1 1
,0% ,7% ,7%
Gestor e Gerente 2 1 3
1,4% ,7% 2,1%
Jornalista 2 0 2
1,4% ,0% 1,4%
Operador de Call Center 0 1 1
,0% ,7% ,7%
Professor do 1º, 2º e 3º 3 6 9
ciclo e Ed. Infância
2,1% 4,3% 6,4%
Professor do ensino 1 0 1
superior
,7% ,0% ,7%
Técnico superior 47 32 79
33,6% 22,9% 56,4%
Não activos (Missing 4 15 19
system)
2,9% 10,7% 13,6%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Considerando os dados do quadro n.º 6.13. podemos conferir a actual categoria


profissional dos 121 activos, das quais podemos realçar os 79 (56,4%) licenciados que
exercem funções de “técnico superior”, nomeadamente de Sociologia, de Serviço Social, de
Higiene e segurança no trabalho, entre outros. Destes 79 (56,4%), 47 (33,6%) são diplomados
em Sociologia e 32 (22,9%) em Biologia.
No que concerne à entidade empregadora actual, podemos verificar o maior peso das
empresas privadas, sendo receptor de 54 (44,6%) entrevistados activos, em que 40 (33,1%)
são da área de Biologia e 14 (11,6%) de Sociologia. Podemos, também, averiguar um outro
sector empregador relevante, isto é, as instituições sem fins lucrativos, dos quais os
diplomados em Sociologia estão integrados em maior número, referimo-nos a 35 (28,9%), e
apenas 2 (1,7%) de Biologia encontram-se empregados nesta entidade (cf. no quadro n.º 1.17.
do anexo n.º I).

Quadro n.º 6.14.: Vinculo contratual da actual actividade profissional

51
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Vinculo contratual actual da presente actividade profissional


Não activos Contrato a Contrato sem
(Missing Contrato a termo termo/perma
system) termo certo indeterminado nente Recibos verdes Total
Vinculo Não activos (Missing 19 0 0 0 0 19
contratual system) 13,6% ,0% ,0% ,0% ,0% 13,6%
inicial da
presente Contrato a termo certo 0 29 0 42 0 71
actividade ,0% 20,7% ,0% 30,0% ,0% 50,7%
profissional
Contrato a termo 0 1 4 4 0 9
indeterminado ,0% ,7% 2,9% 2,9% ,0% 6,4%
Contrato sem 0 0 0 13 0 13
termo/permanente ,0% ,0% ,0% 9,3% ,0% 9,3%
Recibos verdes 0 8 0 8 12 28
,0% 5,7% ,0% 5,7% 8,6% 20,0%
Total 19 38 4 67 12 140
13,6% 27,1% 2,9% 47,9% 8,6% 100,0%

Através dos resultados do quadro n.º 6.14. observa-se que dos 121 entrevistados
activos, 71 (50,7%) desempenham uma actividade profissional, em que o regime inicial era o
“contrato a termo certo”, dos quais 29 (20,7%) permanecem, pelo menos até ao momento em
que foram entrevistados, com o mesmo vinculo contratual (o processo de inserção
profissional não terminou) e 42 (30,0%) progrediram para o regime de “contrato sem
termo/permanente”. Também, podemos constatar que, 28 (20,0%) dos licenciados activos
iniciaram a presente actividade profissional a “recibos verdes”, 12 (8,6%) continuam com o
mesmo regime (o processo de integração não terminou) e 8 (5,7%) melhoraram a sua
condição na entidade empregadora, passando para o vinculo contratual designado por
“contrato sem termo/permanente”. Para além destes podemos ainda mencionar os 9 (6,4%)
indivíduos activos que começaram a exercer a actual actividade profissional a “contrato a
termo indeterminado”, dos quais 4 (2,9%) mantiveram o mesmo tipo de vinculo (o processo
de inserção profissional não terminou), outros 4 (2,9%) passaram para o “contrato sem
termo/permanente” e 1 (0,7%) para o “contrato a termo certo”(não terminou o processo de
integração profissional). Por fim, dos 121 activos restam 13 (9,3%) que laboram sempre com
o mesmo regime, sendo este o “contrato sem termo/permanente”.
De um modo geral, grande parte dos licenciados mudaram de um vinculo contratual
instável para outro regime mais seguro, não existindo diferenças acentuadas entre os
diplomados da área de Sociologia e Biologia (cf. quadro n.º 1.18. e 1.18.1., anexo n.º I).

CAPÍTULO VII
52
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

EXPECTATIVAS E OPORTUNIDADES ENCONTRADAS PELOS LICENCIADOS


NO MERCADO DE TRABALHO

Neste capítulo pretendemos demostrar as expectativas dos diplomados sobre a


obtenção de um emprego e as respectivas oportunidades encontradas no mercado de trabalho
e, por fim, as expectativas de permanência na entidade empregadora após o estágio.

7.1. Expectativas sobre a inserção profissional e as respectivas oportunidades

Quadro n.º 7.1.:


Tabela cruzada das expectativas dos licenciados relativamente à obtenção de um emprego e a
correspondência entre o curso e o actual emprego (oportunidades encontradas)102
Correspondência entre o curso e o emprego actual
Não activos
(Missing Total- Razoavel- Muito
system) mente Muito mente pouco Nada Total
Expectativas Expectativas 0 0 1 0 0 1 2
sobre a elevadas
,0% ,0% ,7% ,0% ,0% ,7% 1,4%
inserção
profissional Expectativas médias 2 0 2 1 0 0 5
1,4% ,0% 1,4% ,7% ,0% ,0% 3,6%
Expectativas médias 12 14 18 27 12 5 88
baixas
8,6% 10,0% 12,9% 19,3% 8,6% 3,6% 62,9%
Expectativas baixas 5 5 13 13 1 3 40
3,6% 3,6% 9,3% 9,3% ,7% 2,1% 28,6%
Expectativas muito 0 0 3 1 0 0 4
baixas
,0% ,0% 2,1% ,7% ,0% ,0% 2,9%
Não pensava no 0 0 0 1 0 0 1
assunto
,0% ,0% ,0% ,7% ,0% ,0% ,7%
Total 19 19 37 43 13 9 140
13,6% 13,6% 26,4% 30,7% 9,3% 6,4% 100%

Da análise comparativa entre as expectativas e a respectiva correspondência entre o


curso e o emprego podemos salientar que, a “expectativa média baixa”103 consistiu na mais
citada pelos 88 (62,9%) dos 140 licenciados entrevistados. Este tipo de expectativa pertence à
seguinte expressão “depois de concluir a licenciatura, irei obter um emprego próximo da área
de formação académica que frequentei”. No entanto, desses 88 licenciados 14 (10,0%)
mencionaram que o actual emprego corresponde “totalmente” à formação académica e 18
(12,9%) afirmaram “muito” relativamente à respectiva correspondência, o que nos indica que
a realidade excedeu as expectativas destes 32 (22,9%) diplomados. Esta mesma situação
aconteceu com outros licenciados, nomeadamente dos 40 (28,6%) que mencionaram a
“expectativa baixa, ou seja, depois de concluir a licenciatura, irei obter um emprego diferente

102
Neste quadro estão, também, incluídos os que já estavam a trabalhar. Para os que já tinham frequentado outra
licenciatura, através da qual conseguiram um emprego, as expectativas correspondem a este curso e não ao de
Sociologia e de Biologia.
103
Poderá consultar os vários tipos de expectativas com as respectivas expressões no anexo n.º III.

53
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

da formação académica que frequentei”, 37 (26,5%) consideraram a equivalência entre a


licenciatura e o exercício da actual actividade profissional como “totalmente”, “muito”,
“razoavelmente” e “muito pouco” (cf. quadro n.º 7.1.).

Quadro n.º 7.2.:


Expectativas de inserção profissional dos licenciados
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Expectativas Expectativas elevadas 2 0 2
sobre a
1,4% ,0% 1,4%
inserção
profissional Expectativas médias 1 4 5
,7% 2,9% 3,6%
Expectativas médias 46 42 88
baixas
32,9% 30,0% 62,9%
Expectativas baixas 18 22 40
12,9% 15,7% 28,6%
Expectativas muito 3 1 4
baixas
2,1% ,7% 2,9%
Não pensava no 0 1 1
assunto
,0% ,7% ,7%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

O quadro n.º 7.2. evidencia que as expectativas dos licenciados quanto ao desempenho
de uma actividade profissional, após a inicial formação académica, apresentam uma
irrelevante diferença entre os cursos de licenciatura em estudo. Por exemplo, podemos
verificar que as “expectativas médias baixas” foram assinaladas por 46 (32,9%) licenciados
em Sociologia e 42 (30,0%) em Biologia, uma diferença de 4 (2,8%) licenciados. O que nos
indica que as expectativas dos licenciados não dependem das áreas onde se encontram
inseridos, mas, talvez, do contexto sócio-económico da sociedade actual.

7.2. Expectativas sobre o estágio

54
TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
___________________________________________________________________________________________________________________________________________

Quadro n.º 7.3.:


Expectativas sobre o estágio curricular dos licenciados em Biologia
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Expectativas Não frequentou 70 9 79
relativamente (Missing system)
50,0% 6,4% 56,4%
ao estágio
curricular Possibilidade nula 0 46 46
,0% 32,9% 32,9%
Possibilidade 0 7 7
baixa
,0% 5,0% 5,0%
Possibilidade 0 6 6
média
,0% 4,3% 4,3%
Possibilidade 0 2 2
elevada
,0% 1,4% 1,4%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Tendo em conta os dados apresentados no quadro n.º 7.3. podemos averiguar que, dos
62 (88,6%) que frequentaram o estágio curricular, sendo que todos são licenciados em
Biologia, 46 (32,9%) consideraram uma “possibilidade nula” quanto à permanência na
entidade empregadora após este período e 7 (5,0%) admitiram uma “possibilidade baixa”.

Quadro n.º 7.4.:


Expectativas sobre o programa “Estagiar L” dos licenciados de ambos os cursos
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Expectativas Possibilidade nula 16 19 35
relativamente
11,4% 13,6% 25,0%
ao programa
"Estagiar L" Possibilidade baixa 20 13 33
14,3% 9,3% 23,6%
Possibilidade média 9 10 19
6,4% 7,1% 13,6%
Possibilidade 2 2 4
elevada
1,4% 1,4% 2,9%
Possibilidade muito 1 0 1
elevada
,7% ,0% ,7%
Não frequentou 22 26 48
(Missing system)
15,7% 18,6% 34,3%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Através do quadro n.º 7.4. podemos comprovar que, 65,7% (92) dos licenciados que se
envolveram no programa “Estagiar L”, 25,0% (35) confessaram-nos que não pensavam na
hipótese de exercer funções na entidade após o estágio e 23,6 % (33) pronunciaram uma
“possibilidade baixa”.

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TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
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Quadro n.º 7.5.:


Expectativas sobre o programa “Eramus” dos licenciados de ambos os cursos
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Expectativas Possibilidade nula 1 4 5
relativamente
,7% 2,9% 3,6%
ao programa
"Eramus" Possibilidade baixa 0 1 1
,0% ,7% ,7%
Não frequentou 69 65 134
(Missing system)
49,3% 46,4% 95,7%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

Relativamente ao programa “Eramus” podemos revelar que, 5 (3,6%) dos licenciados


responderam “possibilidade nula” à continuidade do desempenho da actividade após o estágio
e 1 (0,7%) “possibilidade baixa” (quadro n.º 7.5.).

Quadro n.º 7.6.:


Expectativas sobre o programa “Eurodisseia” dos licenciados de ambos os cursos
Licenciatura
Sociologia Biologia Total
Expectativas Possibilidade nula 1 1 2
relativamente
,7% ,7% 1,4%
ao programa
"Eurodisseia" Possibilidade média 1 0 1
,7% ,0% ,7%
Não frequentou 68 69 137
(Missing system)
48,6% 49,3% 97,9%
Total 70 70 140
50,0% 50,0% 100,0%

No quadro n.º 7.6. podemos presenciar que, dos 3 diplomados que frequentaram o
programa “Eurodisseia”, 2 avaliaram uma “possibilidade nula” e 1 uma “possibilidade média”
quanto à permanência no local após a conclusão deste programa, correspondendo a 1,4% e a
0,7%, respectivamente.

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TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
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CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE AS EXPECTATIVAS DE INSERÇÃO


PROFISSIONAL E A EMPREGABILIDADE DOS LICENCIADOS EM
SOCIOLOGIA

Com este trabalho de investigação, realizado na disciplina de Seminário de


Investigação Sociológica, procurámos desenvolver uma pesquisa teórica e empírica sobre as
trajectórias sócio-profissionais dos licenciados em Sociologia e as aspirações e expectativas
desses licenciados quanto à educação e ao trabalho. Optámos por escolher um outro curso de
licenciatura, especificamente o de Biologia, por se tratar de uma área completamente diferente
e estar inserido noutro Departamento distinto, nesta universidade, com a finalidade de
compararmos os aspectos mencionados.
No que concerne à metodologia, pensamos numa estratégia para que a investigação
empírica fosse possível, isto é, utilizamos uma técnica de amostragem designada por
“snowball” porque não tínhamos os contactos dos licenciados. Assim, com essa técnica
aplicamos a entrevista, como o principal método utilizado para a recolha de informações, a
todos os licenciados disponíveis que foram surgindo. Desta técnica de amostragem e do
contacto telefónico com determinadas entidades locais, com o intuito de encontrarmos os
licenciados, resultou a seguinte amostra: 140 licenciados, dos quais 70 são da área de
Sociologia e os outros 70 da área de Biologia.
Nas considerações finais, de forma sequencial, serão apresentados os aspectos mais
significativos de toda a investigação empírica que não só permitiram a caracterização da
amostra como também contribuíram para a averiguação das hipóteses elaboradas.
No que diz respeito à caracterização social dos licenciados entrevistados, podemos
referir algumas variáveis como o sexo, a idade, a constituição de uma nova família, e os
indicadores como a posição social e origem/mobilidade geográfica.
Quanto às duas primeiras variáveis mencionadas, podemos afirmar que a presente
amostra é composta por uma população relativamente jovem (82,1% têm idade compreendida
entre os 20 e os 34 anos) e predominantemente feminina (65% dos licenciados) (cf. quadro n.º
3.1. e 3.2. do capitulo III).
Relativamente à terceira variável, podemos observar proporções próximas dos
licenciados que assinalaram o sim e o não quanto à constituição de uma nova família, em que
número superior diz respeito aos diplomados que mudaram do estatuto de solteiro pela
vivência em casal com ou sem filhos, isto é, passaram para uma das etapas da transição para a
vida activa e adulta (cf. quadro n.º 3.3. do capitulo III).

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TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
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Sobre a posição social dos licenciados, quase toda a população em estudo é oriunda de
pais com habilitações literárias inferiores ao ensino superior, dos quais destacamos os que
frequentaram apenas o ensino primário, em que torna-se evidente a presença de trajectórias de
mobilidade social ascendente (cf. quadro n.º 3.4. e 3.5. do capitulo III).
No que concerne à mobilidade geográfica dos licenciados, podemos dizer que, ao
analisarmos o local de nascimento (origem geográfica), de residência e o local para o
desempenho de actividades profissionais, verificamos movimentos pouco significativos entre
os três locais (cf. quadro n.º 3.6. do capitulo III).
No que diz respeito à caracterização da trajectória de formação académica e
profissional, em primeiro lugar, existe um aspecto que importa mencionar e que se refere aos
entrevistados que, anteriormente aos cursos em estudo, frequentaram outra formação
académica, ou seja, bacharelato de 1º ciclo (1,4%), de Educação Pré-escolar (0,7%), de
Jornalismo (1,4%) e de Análises Clinicas (0,7). Estes frequentaram os cursos de Sociologia e
de Biologia para adquirir mais conhecimentos e não com o objectivo de através deste diploma
desempenhar uma actividade profissional (cf. quadro n.º 4.3. e 4.3.1. do capítulo IV).
Um segundo aspecto, consiste no facto dos licenciados darem continuidade à formação
académica (44,3%) e profissional (87,9%), em que podemos verificar uma clara opção pela
segunda mencionada (cf. quadro n.º 4.6. e 4.7. do capítulo IV). A justificação da maior parte
dos diplomados para a frequência de mais formação, tanto académica como profissional,
prende-se com as exigências da actual actividade profissional, em especifico, e com o
mercado de trabalho, em geral (cf. quadro n.º 4.6.1. do capítulo IV e quadro n.º1.3. do anexo
n.º I).
Os dados anteriormente referidos permite-nos confirmar uma das hipóteses,
designadamente a seguinte: A formação académica recebida pelos diplomados em Sociologia
e em Biologia na Universidade dos Açores responde satisfatoriamente às exigências de uma
actividade profissional, mas o seu desempenho exige formação constante. Esta hipótese
remete-nos para o conceito de aprendizagem e formação ao longo da vida, através da qual os
indivíduos podem gerir mais facilmente as exigências de uma actividade profissional.
Relativamente à caracterização da transição profissional no período de realização do
estágio importa salientar três aspectos: 1º aspecto consiste no elevado número de licenciados
que frequentaram um estágio, em que a maior parte adquiriu uma experiência formativa,
profissional e relacional (cf. quadros n.º 5.1., 5.2., 5.3., 5.4. do capitulo V e os quadros n.º
1.7., 1.8. e 1.9., do anexo n.º I), 2º aspecto reside no número significativo de diplomados que
permaneceu no emprego onde realizou o estágio (22,1%) (cf. quadro n.º 6.7. do capitulo VI) e

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o 3º aspecto diz respeito à maioria dos entrevistados que considerou o estágio como um meio
que facilita a inserção profissional, uns pela permanência no local e outros pelas experiências
adquiridas e pelo aumento das redes sociais (cf. quadro n.º 6.8. do capitulo VI).
Assim sendo, podemos comprovar a seguinte hipótese elaborada: A passagem desses
jovens por um estágio pode ser um indicador de maior facilidade de entrar no mercado de
trabalho, uma vez que o estágio permite uma experiência profissional, formativa e relacional.
Sobre a caracterização da trajectória de transição/integração profissional, após o
período do estágio, importa equacionar dois aspectos que não provam a veracidade de uma
hipótese definida, sendo esta a seguinte: A mudança de emprego e a precariedade contratual
são características do início de uma trajectória profissional após a obtenção do diploma de
ambos os cursos de licenciatura em Sociologia e em Biologia.
Quanto à mudança de emprego, medida pelo número de actividades profissionais
desempenhadas, podemos afirmar que esta é pouco significativa, tanto nos licenciados de
Sociologia como nos de Biologia, pois verificou-se uma relativa estabilidade, dado que a
maioria (69,3%) teve apenas um emprego após o curso (cf. quadro n.º 6.2. do capitulo VI e
quadro n.º 1.16. do anexo I).
Quanto à precariedade contratual, transmitida pela designação do vinculo contratual
inicial e actual da presente actividade profissional, podemos referir que esta era muito
significativa, pois a maioria iniciou a presente actividade profissional com contratos precários
ou sem contratos (77,1%), mas actualmente uma parte dos licenciados trabalham com
contrato sem termo/permanente (47,9%), dos quais 31,4% são da área de Sociologia e 16,4%
da área de Biologia. Estes melhoraram a sua condição na entidade empregadora num reduzido
espaço de tempo e no início da trajectória profissional (cf. quadro n.º 6.15., no capitulo VI e
quadro n.º 1.18. e 1.18.1. do anexo n.º I).
Nas últimas décadas, em Portugal, a transição para a vida activa e adulta sofreu
diversas transformações, em que verificamos, cada vez mais, percursos escolares mais
prolongados, inserções profissionais mais tardias e instáveis, incluindo, igualmente, mudanças
na esfera familiar, em que os jovens tendem a prolongar a sua estadia na casa dos pais,
adiando a constituição de uma nova família.
No presente trabalho averiguamos que todos pretendem prolongar os estudos (cf.
quadro n.º 4.8. do capitulo IV). Em relação ao mercado de trabalho e à constituição de uma
nova família, podemos conferir variadas situações: uns integraram-se no mercado de trabalho
e formaram uma nova família antes do curso em estudo, outros iniciaram uma actividade
profissional antes do curso e constituíram uma nova família depois do curso, outros

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TRAJECTÓRIAS SÓCIO-PROFISSIONAIS DOS LICENCIADOS
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ingressaram no mercado de emprego e constituiriam uma nova família depois do curso, entre
outras situações (cf. quadro n.º 1.19., do anexo n.º 1).
No confronto entre as expectativas dos diplomados e a experiência de inserção
profissional, verificamos uma apreciação pouco positiva, pois a maioria pensava que, após a
conclusão do curso, iriam obter um emprego próximo (62,9%) ou diferente (28,6%) da área
de formação académica que frequentaram. Esta situação foi visível na inserção profissional de
metade dos diplomados que expressaram essas expectativas e na outra metade as
oportunidades excederam as expectativas (cf. quadro n.º 7.1. do capitulo VII). Pudemos
observar, também, que as expectativas dos licenciados em Sociologia e em Biologia não são
diferentes e, portanto, as expectativas não dependem da área de formação mas, talvez, da
situação sócio-económica do mercado de trabalho (cf. quadro n.º 7.2., do capítulo n.º VII).
Por esta situação destacada, podemos comprovar outra hipótese, afirmando que os
percursos dos licenciados em Sociologia e em Biologia no mercado de trabalho nem sempre
correspondem às suas expectativas de inserção profissional no momento da obtenção do
diploma ou ainda enquanto estudantes.
Quanto à hipótese derivada que consiste no seguinte: as expectativas destes sobre o
diploma nem sempre estão associadas às expectativas de adquirir um emprego estável e bem
remunerado. Esta hipótese, também, pode ser confirmada pois uma minoria (5%) referiu estas
características quanto ao desempenho de uma actividade profissional após a conclusão do
curso, dos quais 3 (2,1%) são licenciados em Sociologia e 4 (2,9%) em Biologia (cf. quadro
n.º 7.1., do capitulo VII).
Para a maioria dos diplomados, tanto da área de Sociologia como da área de Biologia,
a permanência na entidade após o termo do estágio reside numa possibilidade nula ou baixa
(cf. quadros n.º 7.3., 7.4., 7.5. e 7.6. do capitulo VII), não só pela avaliação das competências
desenvolvidas mas, também, pelas condições sócio-económicas das entidades. Por isso,
podemos provar, igualmente, outra hipótese, nomeadamente a seguinte: as expectativas destes
sobre o estágio nem sempre estão ligadas à possibilidade de permanência na empresa onde
estagiaram.
Apesar da situação sócio-económica da sociedade actual, a maioria dos licenciados em
Sociologia, pela Universidade dos Açores, no Pólo de Ponta Delgada participa em processos
de inserção profissional que, de um modo geral, podemos caracteriza-los como bem
sucedidos, pois a maior parte acederam rapidamente a um emprego, exercem actividades
profissionais correspondentes (totalmente, muito ou próximo) à formação académica e o
vinculo contratual tem vindo a melhorar gradualmente. Quanto às expectativas de inserção

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profissional, como já mencionamos, para alguns licenciados, as expectativas correspondem às


oportunidades encontradas no mercado de trabalho mas, para outros, essas oportunidades são
muito melhores do que esperavam encontrar.

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