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INStituto Português de PSIcologia

ESPECIALIZAÇÃO AVANÇADA PÓS-UNIVERSITÁRIA EM PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NA INFÂNCIA E


ADOLESCÊNCIA

Escala de Holmes e Rahe

Acontecimento de vida Valor


1. Falecimento do cônjuge 100
2. Divórcio 73
3. Separação 65
4. Reclusão 63
5. Falecimento de um familiar próximo 63
6. Doença ou lesão grave 53
7. Casamento 50
8. Despedimento 47
9. Reconciliação conjugal 45
10. Reforma 45
11. Problemas de saúde grave num membro da família 44
12. Gravidez 40
13. Problemas ou dificuldades sexuais 39
14. Aquisição de novo membro na família (nascimento, adoção, familiar sénior que vem viver 39
com a família)
15. Readaptação significativa no trabalho 39
16. Mudança significativa na condição económica (para muito melhor ou muito pior) 38
17. Morte de um amigo próximo 37
18. Mudar de ramo profissional 36
19. Mudanças significativas nas discussões com o cônjuge (aumentam ou diminuem os 35
argumentos, relativamente à educação dos filhos, hábitos pessoais…)
20. Hipoteca (para a casa, o trabalho…) 31
21. Execução de uma hipoteca ou devolução de um empréstimo 30
22. Alterações significativas de responsabilidade no trabalho (promoção ou despromoção) 29
23. Filho/a que sai de casa (casamento, entrada para a universidade…) 29
24. Problemas com os sogros 29
25. Rendimento pessoal excecional 28
26. O cônjuge inicia ou termina uma ocupação laboral 26
27. Início ou fim de escola 26
28. Mudança significativa nas condições de vida (uma nova casa, remodelar o lar, deterioração do 25
bairro ou da habitação…)
29. Revisão dos hábitos pessoais (indumentária ou vestuário, associações, deixar de fumar) 24
30. Problemas com o chefe 23
31. Mudanças significativas no horário ou nas condições de trabalho 20
32. Mudanças de residência 20
33. Mudança de escola 20
34. Mudanças significativas no tipo e na quantidade de tempo recreativo 19
35. Mudança significativa nas atividades da igreja 19
36. Mudanças significativas nas atividades sociais 18
37. Fazer um empréstimo (para um valor menor – carro, TV, eletrodomésticos) 17
38. Mudança significativa nos hábitos de sono 16
39. Mudança no número de reuniões familiares 15
40. Mudanças significativas nos hábitos alimentares (quantidade, horários das refeições) 15
41. Férias 13
42. Natal 12
43. Pequena infração da lei (andar de transportes sem bilhete, atravessar fora da passadeira) 11

Módulo: Perturbações relacionadas com Trauma e Fatores de Stress


Susana Monteiro (14 de maio de 2022)
INStituto Português de PSIcologia
ESPECIALIZAÇÃO AVANÇADA PÓS-UNIVERSITÁRIA EM PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NA INFÂNCIA E
ADOLESCÊNCIA

Grupo I: Impacto de Experiências Vividas


1. Pedimos-lhe que concentre a sua atenção na experiência ou no acontecimento mais difícil,
doloroso ou traumático que tenha vivido directa ou indirectamente ao longo da sua vida pessoal
ou profissional e QUE MAIS O TENHA MARCADO. Descreva, por favor, esse acontecimento e
refira se ocorreu dentro da esfera pessoal ou profissional.
a)

b) Em que medida é que esse acontecimento foi difícil, doloroso ou traumático para si? Por favor,
coloque uma cruz (X) por baixo do número que melhor se aplica a si:
Nada
N Extremamente
1 2 3 4 5 6 7

c) Há quanto tempo ocorreu esse acontecimento? meses/anos (riscar o que não interessa)

d) Ainda sobre essa experiência difícil, dolorosa ou traumática, em que medida apresentou cada
um dos sintomas descritos nas frases que se seguem? Por favor, assinale a sua resposta com o
número que melhor corresponde à sua opinião utilizando a escala apresentada:

1 2 3 4 5
Nada Um pouco Moderadamente Bastante Extremamente

Em que medida teve os seguintes sintomas nos tempos seguintes


à experiência traumática vivida:
1. Recordações, pensamentos e imagens perturbadoras e repetitivas referentes ao incidente?
2. Sonhos perturbadores e repetitivos referentes ao incidente?
3. Agir ou sentir-se subitamente como se o incidente estivesse a acontecer de novo (como se o
estivesse a reviver)?
4. Sentir-se muito preocupado(a) quando algo o(a) relembra do incidente?
5. Ter reacções físicas (ex.: coração acelerado, dificuldades respiratórias, transpiração) quando algo
o(a) relembra do incidente?
6. Evitar pensar ou falar sobre o incidente, evitar ter sentimentos relacionados com esse
acontecimento?
7. Evitar actividades ou situações porque elas lhe relembram o incidente?
8. Ter dificuldade em relembrar aspectos importantes do incidente?
9. Perder o interesse por actividades de que antes costumava gostar?
10. Sentir-se distante ou isolado(a) das outras pessoas?
11. Sentir-se emocionalmente adormecido(a) ou incapaz de sentir afecto pelas pessoas que lhe são
próximas?
12. Sentir que a sua vida futura vai acabar cedo?

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Susana Monteiro (14 de maio de 2022)
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ESPECIALIZAÇÃO AVANÇADA PÓS-UNIVERSITÁRIA EM PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NA INFÂNCIA E
ADOLESCÊNCIA

13. Ter dificuldade em adormecer ou em manter-se a dormir?


14. Sentir-se irritável ou ter ataques de fúria?
15. Ter dificuldade em se concentrar?
16. Estar “super-alerta” ou hiper-vigilante ou em guarda?
17. Sentir-se sobressaltado(a) ou facilmente alarmado(a)?

e) Durante quanto tempo, após a ocorrência da situação, teve os sintomas acima descritos?
Menos de 1 mês
Mais de 1 mês

f) Actualmente ainda tem esses sintomas?


Não
Sim Quais? (indique o número das alíneas correspondentes):

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Susana Monteiro (14 de maio de 2022)
INStituto Português de PSIcologia
ESPECIALIZAÇÃO AVANÇADA PÓS-UNIVERSITÁRIA EM PSICOTERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NA INFÂNCIA E
ADOLESCÊNCIA

Grupo II: Impacto das Experiências Vividas


1. Relativamente a todos os acontecimentos e situações que viveu na sua vida pessoal ou
profissional, registe aquela que foi a mais perturbadora, adversa ou traumática para si e indique se
ocorreu dentro da esfera pessoal ou profissional.
a)

b) Há quanto tempo ocorreu esse acontecimento? meses/anos (riscar o que não interessa)

2. Relativamente a essa situação ou acontecimento indique, por favor, o quanto sente que mudou em
consequência de tal situação/acontecimento.
Não Mudei
ou
Mudei muito Mudei Mudei Mudei Mudei muito
Mudei mas não foi
ligeiramente ligeiramente moderadamente acentuadamente acentuadamente
devido a esse
acontecimento

3. Para as afirmações que se seguem, indique o grau em que essa mudança ocorreu na sua vida
como resultado desse acontecimento, usando a seguinte escala:
Não Mudei muito Mudei Mudei Mudei Mudei muito
Mudei ligeiramente ligeiramente moderadamente acentuadamente acentuadamente
0 1 2 3 4 5

1. Mudei as minhas prioridades (mudei o valor) acerca do que é importante na vida.


2. Dou mais valor à minha vida.
3. Tenho novos interesses.
4. Confio mais em mim próprio/a.
5. Compreendo melhor a espiritualidade.
6. Percebo mais claramente que posso contar com as outras pessoas nos momentos difíceis.
7. Estabeleci um novo rumo para a minha vida.
8. Sinto-me mais próximo/a das outras pessoas.
9. Consigo transmitir mais as minhas emoções.
10. Agora sei que sou capaz de lidar com situações difíceis.
11. Sou capaz de fazer coisas melhores com a vida.
12. Aceito melhor a forma como as coisas são.
13. Aprecio mais cada dia da vida.
14. Apareceram oportunidades que não teriam aparecido de outra forma.
15. Sinto mais compaixão pelas outras pessoas.
16. Esforço-me mais nos meus relacionamentos.
17. É mais provável eu mudar as coisas que precisam ser mudadas.
18. Tenho uma fé religiosa mais forte.
19. Descobri que sou mais forte do que pensava.
20. Aprendi que as pessoas podem ser maravilhosas.
21. Aceito melhor o facto de precisar dos outros.

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Susana Monteiro (14 de maio de 2022)
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CASO JOÃO: o menino que não falava…

João tem 7 anos e é encaminhado para psicologia porque, na escola, a Professora queixa-
se de que a criança não comunica com os pares nem com os adultos. É o segundo ano que a
Professora está com o João e poucas vezes ouviu a sua voz. Apesar de ter um rendimento
escolar aceitável, a Professora está preocupada com o desenvolvimento e bem-estar da
criança pelo que alertou a avó materna, encarregada de educação do aluno.
A mãe de João, tem outra criança, três anos mais nova que João, de um outro progenitor, e
encontra-se atualmente grávida de um outro parceiro. A mãe de João tem 25 anos e trabalha
ocasionalmente, pelo que não tem rendimentos suficientes para cuidar dos filhos. Desde os
dois anos de idade que João ficou entregue à avó materna, a quem trata por mãe.
Os pais do João separaram-se pouco depois dele nascer e o progenitor tem pouca relação
com o filho. O avô materno, padrasto da mãe do João é a figura masculina de referência
para a criança.
Por vezes, João vai de fim de semana com o progenitor, para casa dos pais deste. Durante
as férias de um verão, há cerca de três anos, o avô paterno e um tio paterno terão abusado do
João, colocando uma caneta no ânus e pressionando brinquedos (um carro e um helicóptero)
no órgão genital da criança. Quando regressou aos avós maternos, João contou o sucedido e
a avó não sabia como reagir. No fim de semana seguinte em que teria de ir para casa do pai,
a criança recusou-se a tal, chorando e chegando mesmo a vomitar. A avó materna alertou a
progenitora deste comportamento do filho e a mesma levou de imediato a criança ao
hospital. Foi aberto processo na Comissão de Proteção de Crianças e Jovens do Porto, o
qual foi arquivado por falta de provas do alegado abuso. Na altura, a guarda da criança foi
oficializada, tendo sido entregue à avó materna. A CPCJ implementou uma medida de
promoção e proteção (apoio junto de outro familiar), no sentido de continuar a acompanhar
o desenvolvimento do João e ajudar a avó materna nesse processo.
Atualmente, o progenitor continua a acusar a progenitora de lhe negar a criança e de
prejudicar a sua relação com o filho, alegando que ela faz isso por vingança. Quando o casal
vivia junto, eram frequentes as discussões e agressões verbais entre os dois. Pouco depois de
João nascer o pai chegou a agredir fisicamente a mãe, tendo sido esse momento que levou à
rutura da relação.
João, segundo a avó, conversa normalmente em casa com ela e com o seu marido. A
criança não fala da mãe (não pergunta pela mãe nem pede para ir para junto dela) e recusa-
se a ir com o pai para casa dos avós paternos. Não está inserido em atividades
extracurriculares. Segundo a avó, João brinca normalmente como uma criança de 7 anos, é
muito meigo, mas apresenta alguns retrocessos no desenvolvimento (como enurese noturna)
e recusa em dormir sozinho.

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Susana Monteiro (14 de maio de 2022)
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CASO MARIA: a jovem que perdeu a avó na guerra

Maria, 17 anos, frequenta o 11º ano pela segunda vez em humanidades e pensa repetir
todo o secundário na área de saúde para vir a ser enfermeira.
A avó materna, ucraniana, faleceu recentemente na guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Como enfermeira, prestava cuidados de enfermagem aos combatentes ucranianos e na
maternidade em Mariupol, cidade onde Maria chegou a passar algumas férias de verão com
a família. Os bombardeamentos a Mariupol causaram a morte da avó da Maria.
Apesar de Maria já não estar com a avó há alguns meses, falava com ela diariamente e,
segundo relata, a avó era a mãe que nunca teve. A relação de Maria com a mãe sempre foi
conflituosa e tensa e era a avó materna quem demonstrava ter maior compreensão pela vida
da neta e interesse no seu dia-a-dia. Era também a avó que potenciava a aproximação entre
Maria e mãe após estas discutirem.
Maria culpabiliza a mãe por não ter impedido a violência doméstica que sofreram do pai
de Maria quando esta era criança. O pai, muitas vezes alcoolizado, agredia fisicamente a
esposa e era verbalmente agressivo para ambas. Verbalizações como “Tenho vergonha que
sejas minha filha.”, “Vocês as duas deviam era desaparecer da face da terra.” eram ouvidos
regularmente na casa da Maria. Quando Maria tinha 10 anos, o pai foi trabalhar para longe e
a mãe aproveitou essa oportunidade para sair da Ucrânia e vir para Portugal onde tinha já
algum apoio familiar. A adaptação de Maria a Portugal foi difícil, tendo sofrido de bullying
nos primeiros anos. Só depois de dominar a língua portuguesa, pelos 13, 14 anos, é que
Maria conseguiu enfrentar os colegas e deixou de sofrer de bullying.
Atualmente pratica dança e é voluntário num canil/gatil onde colabora todos os sábados.
A mãe é funcionária de limpeza numa autarquia em Lisboa e muito regrada nas despesas,
uma das causas de conflito entre mãe e filha.
Sem contacto com o pai desde que vieram para Portugal, teme que ele apareça a qualquer
instante e cause sérios danos à mãe e também a ela “Estou sempre à espera do dia em que
ele nos encontra…”.
Não se sente confortável na presença de desconhecidos do sexo masculino, sobretudo se
estiver sozinha. Refere que gostava de namorar, mas que nunca se interessou por nenhum
rapaz. Sabe que tem colegas na escola que estão interessados nela e que gostariam de a
conhecer melhor, mas “não lhes dou hipótese nenhuma.”
Desde que avó faleceu, Maria perdeu peso, tem pesadelos e teme ficar sozinha na vida. Já
se assustou bastante pelas ruas de Lisboa quando, enquanto caminha, ouve barulhos fortes e
estrondosos (como o tubo de escape das motas). Diz regressar a Mariupol nesses momentos
e achar que está no meio da guerra. Revela enorme frustração por não voltar a passar férias
com a avó em Mariupol. Tem pensado frequentemente em comprar um voo de ida para a
Ucrânia, sem a mãe saber, para se ir despedir da avó e continuar o seu trabalho como
voluntária junto dos civis e de quem aceitar o seu apoio. Mas teme a possibilidade de se
cruzar com o pai…

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Susana Monteiro (14 de maio de 2022)
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Cronograma de Acontecimentos de Vida:

Nome da criança/jovem: _____________________________________________________________________ D.N. ___/___/______

Fontes de recolha de informação: _______________________________________________________________________________

Data Acontecimentos Entidades envolvidas Medidas adotadas Consequências / Observações


resultados

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Susana Monteiro (14 de maio de 2022)

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