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Copyright©2021 Wilma Heck

Capa: Bárbara Dameto


Diagramação: Fran Nanii
Revisão: Fernanda Carraro

Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, datas


ou acontecimentos reais é mera coincidência.

Todos os direitos reservados.

É proibido armazenamento e/ou reprodução total ou parcial desta


obra através de quaisquer meios sem a autorização da autora.

A violação autoral é crime, previsto na lei nº 9.610/98, com


aplicação legal pelo artigo 184 do Código Penal.
Ele caiu em uma armação e mandou seu grande amor embora. Três anos
depois descobre a verdade e vai atrás do perdão de sua amada.
Mas nessa busca ele encontra não só ela como também uma filha que ele
nunca soube que existia.
O lutador de MMA, Nícolas Sullivan foi desafiado a defender seu
cinturão e para fugir dos paparazzi, vai treinar na fazenda de sua tia Ruth. Só não
esperava encontrar lá a loira de olhos cor de violeta que roubaria seu coração
em segundos.
Os dois vivem um tórrido e arrebatador romance e o casamento em tempo
recorde.
Em Los Angeles uma armadilha é arquitetada e Nícolas acredita que foi
traído.
Anos depois a verdade vem à tona e o reencontro com sua amada
acontece.
Ele descobre que tem uma filha e agora ele vai enfrentar a luta mais
importante de sua vida.
Reconquistar o amor de sua vida e a família que sempre sonhou.
Livro dedicado aos meus irmãos, vocês que são meus esteios e meu
apoio.
Márcia, Schaiana, Graziela, Thiago, Alessandra, Carolina, Jaciara e
Janaina.
Amo vocês...
Estou aqui em frente ao lago, sentada embaixo de uma árvore, um
Salgueiro enorme que fica bem à margem.
À minha frente um píer de madeira se estende em direção ao centro do
lago, amarrado nele tem dois barcos a motor e uma canoa a remo.
Deitada sob a sombra da árvore, penso um pouco sobre minha vida. Eu
acabei de completar dezenove anos, estou cursando agronomia há dois anos e
ainda não tenho um namorado. Não que eu seja feia, pois bem, eu tenho espelho
em casa e sei que sou bonita, o fato é que nunca nenhum garoto me chamou a
atenção. Então sigo focada nos estudos. Em breve seremos meu irmão e eu a
tomar conta da Fazenda "Senhora Francesca".
Esse era o nome da minha bisavó e depois que minha mãe herdou a
fazenda de seu avô, decidiu deixar com esse mesmo nome. Mas talvez tudo fique
para meu irmão, pois eu também herdarei uma vinícola em Portugal.
Aqui trabalhamos com gado de corte.
Estamos perto do verão e em breve minhas primas Amanda e Samantha
virão me visitar. Elas passarão os próximos três meses conosco e não vejo a
hora de revê-las.
A última vez que nos vimos foi há cinco anos quando fui para a Europa
visitar minha avó materna biológica. Ela mora em Portugal e é dona da vinícola
mais famosa daquela região. A Vinícola Santa Luzia e um dia eu serei a dona de
tudo aquilo também. Como sua única descendente viva, tudo será meu por
direito.
Meu pai e minha mãe se conheceram quando ele jogava futebol no Porto.
Uma equipe portuguesa. Infelizmente minha mãe faleceu quando nasci.
Então meu pai voltou para o Brasil onde se reencontrou com minha mãe
de criação, Ruth Sullivan.
Os dois já haviam namorado quando eram adolescentes e este reencontro
reacendeu o amor que ambos sentiam. Minha mãe diz que se apaixonou por mim
assim que me viu, eu tinha quase dois anos quando isso aconteceu e desde então
ela tem sido a melhor mãe do mundo.
Por causa de um acidente que sofreu quando era criança, ela ficou
impossibilitada de ter filhos, mas isso não a impediu de me amar, nem a mim
nem a meu irmão Fabrizio.
Ele é cinco anos mais velho que eu. Quando meus pais o adotaram ele
tinha nove anos. Havia sido abandonado por seus pais e vivia vendendo balas no
sinal.
Um dia ele foi atropelado e minha mãe e meu avô Júlio, que era
bombeiro, o socorreram. Mamãe conta que se apaixonou pelo garoto na mesma
hora que ele abriu os olhos no hospital. Sabendo que ele não tinha família, ela o
adotou. Eu o amo muito. Mas ele é super protetor comigo e às vezes me sufoca.
Assim como meu pai, se eu não soubesse que Fabrizio era adotado diria que ele
realmente era filho biológico de meu pai, pois os dois tem o mesmo gênio forte.
E além do mais, foi muita coincidência ele ter o mesmo nome do irmão falecido
da vovó Giovanna. Como vovó sempre diz, Fabrizio é um presente de Deus para
nossa família.
Este ano as festas serão comemoradas aqui na fazenda. Meus avós,
paternos e maternos, meus tios e primos e alguns parentes de minhas tias estarão
aqui para a comemoração do Natal e Ano Novo.
Tio Caleb e tia Helena estão voltando para o Brasil depois de anos
morando na Europa. Tio Renan e tia Sabrina ainda moram em Porto Alegre, onde
ele se tornou empresário da música. Meu avô agora é aposentado do corpo de
bombeiros e ajuda a vovó na floricultura. Vitória está com quinze anos, assim
como os gêmeos de tia Sabrina, Valentina e Francesco. Meu primo Renato, está
com dezesseis e já joga na equipe de base do Manchester United. Tio Caleb
disse que quer tentar uma vaga no Grêmio, time de seu coração.
Esse fim de ano será bem agitado, o único que não estará aqui é meu
primo Nícolas, que mora na Califórnia, onde tem uma equipe que o treina para as
lutas de MMA.
Ele é a estrela da família. Ficou muito famoso por suas lutas no octógono
e é detentor do cinturão de campeão dos meio-pesados.
A última vez que o vi, acho que eu tinha uns doze anos e ele vinte. Foi
quando ele assinou o contrato e foi para os Estados Unidos definitivamente, já
que passava temporadas por lá desde os dezoito anos. Suas visitas se tornaram
esporádicas e ele nunca veio até a fazenda.
Tudo o que eu sei dele, é o que minha mãe me conta, ou o que vejo pela
internet ou pela TV. Eu não gosto muito dele, o acho esnobe e exibido, sempre
aparece nas revistas ou programas de TV, acompanhado por mulheres
lindíssimas, mas dificilmente ficava muito tempo com elas.
Olho em meu relógio e já passam da quatro da tarde, disse a minha mãe
que só iria dar uma cavalgada e já estou fora há três horas. Monto em meu cavalo
e cavalgo novamente para casa. No caminho admiro a paisagem, este lugar é tão
bonito, me sinto tão bem aqui. Amo tudo por aqui, o ar puro, a natureza, os
animais, o lago, a casa.
Ah! A casa é linda! Uma construção do século XIX, mas totalmente
reformada e tem todas as comodidades dos tempos de hoje, inclusive Wi-Fi e TV
a cabo. É muito grande e tem no andar de cima doze quartos. Isso mesmo, doze
quartos. Mas graças a isso poderemos acomodar tantas pessoas neste fim de ano.
Cavalgando o garanhão negro, que tem o nome Ventania, passo pelas
pastagens onde os peões estão cuidando do gado. Alguns acenam com a mão,
pois a maioria me conhece desde garota. Meu irmão Fabrizio e meu pai também
estão lá, montados em seus cavalos. Assim que me vê, Fabrizio vem cavalgando
em minha direção. Ele puxa as rédeas do seu cavalo e eu também puxo as do
meu, até que paramos frente a frente.
— Manu, a mãe tá preocupada com você, onde se meteu? — ele fala
retirando seu chapéu e me encarando com seus olhos castanhos.
— Maninho, eu estava no lago. Sabe quanto eu adoro aquele lugar!
— E como sempre perdeu a noção do tempo.
— Pois é!
— Sabe quem está vindo para passar uma temporada por aqui?
—Brizio! Estou careca de saber, toda a família está vindo! — digo
tirando meu chapéu e me abanando com ele para espantar o calor.
—Não bobinha! O primo Nick! Ele vem com toda sua equipe. Sabia que
eles vão ficar nos bangalôs perto do lago. Parece que ele precisa treinar sem se
incomodar com a imprensa. E pediu permissão pro pai para ficar aqui por quatro
meses — meu irmão diz entusiasmado, pois também é um fã de Nícolas. — Dá
pra acreditar? Nick "Punhos de Aço", treinando aqui na fazenda?
— Quando eles chegam?
— Se já não estiverem aqui, estão quase chegando! O pai falou com ele
há umas duas horas e eles já estavam a caminho. Acho melhor você voltar pra
casa, a mãe tá precisando de sua ajuda, ela quer preparar um jantar para todo
aquele pessoal.
— Como assim? Quantas pessoas vem?
— No mínimo quinze, mas podem ser mais.
— Ótimo! Agora vou ter que aturar o primo esnobe e toda sua corja —
digo revirando os olhos.
— Não esqueça que o primo esnobe salvou sua vida quando você era
garotinha.
— Por causa disso agora terei que lamber suas botas? — me sinto
chateada, já que sempre que podem, eles se lembram disso.
— Não deixe o pai te ouvir falar assim, sabe o quanto ele gosta do primo
Nick.
— Ele nem é nosso primo de verdade — vejo meu pai se aproximando
em seu cavalo.
— Manu querida, sua mãe me ligou e pediu para você ir para casa agora!
Seu primo acabou de chegar!
— Tudo bem pai, estou a caminho — puxo as rédeas e guio meu cavalo
em direção à casa grande. — Ele não é meu primo! — grito cavalgando Ventania.
Antes de chegar em casa passo pelo pomar que está cheio de frutos dessa
época e depois passo pela horta que também está cheia de uma diversidade de
legumes e verduras.
Perto da casa já consigo avistar cinco caminhonetes de luxo paradas ali
em frente e também um pequeno caminhão baú, que tem três homens parados em
frente dele conversando. E um deles eu reconheço como meu primo. Eu tinha
esquecido o quanto ele é grande e lindo! Mas o que é que estou pensando?
Lindo? Era só o que me faltava.
Puxo as rédeas do cavalo, que relincha e empina, ficando sobre as patas
traseiras, chamando a atenção de todas as pessoas paradas em frente à casa.
— Oooo! Oooo! — puxo novamente as rédeas, agora com mais força,
tentando acalmar Ventania, depois que ele se coloca novamente sobre as quatro
patas. Acaricio seu pescoço musculoso, deixando-o mais tranquilo.
— Calma garoto! Calma! — assim que ele se acalma apeio de cima dele,
retirando meu chapéu.
Nícolas me olha dos pés à cabeça me deixando encabulada e percebendo
o rubor de meu rosto, ele dá um sorriso maroto que arrepia cada fio de cabelo de
meu corpo.
Simplesmente fico paralisada diante desse olhar tão intenso, ainda
segurando as rédeas de Ventania, ficamos assim presos um no olhar do outro sem
dizer nada. Como se uma energia invisível me prendesse ali e por mais que tente
eu não consigo sair. Meu coração bate acelerado e parece que a qualquer
momento ele vai saltar de meu peito. Ele é tão alto e tão forte, na TV não dá para
perceber. Mas agora que estamos frente a frente, me sinto minúscula perto dele.
Ventania começa a ficar inquieto e um dos peões vem para levá-lo de
volta para o estábulo. Entrego as rédeas a ele e minha mãe desce a escada da
frente da casa.
— Manuela! Filha até que enfim você apareceu!
— Desculpe mãe! Acabei perdendo a noção do tempo.
— Sei! Você quando vai pro lago esquece de tudo! — ela deposita um
beijo em minha testa. — Ei filha! Lembra do seu primo Nícolas?
— NÃO SOMOS PRIMOS! — falamos ao mesmo tempo, Nícolas e eu.
Depois rimos disso.
— Uou! Você é a Manu? Meu Deus como você cresceu! — ele diz e
estende a mão amistosamente. Seguro sua mão e sinto uma onda de energia
disparar do meu braço e indo direto para meu peito. Tenho certeza que ele sentiu
o mesmo, pois no instante em que nossas mãos se tocaram seus olhos vieram
diretamente para encarar os meus.
— É já faz muito tempo — Nícolas fica segurando minha mão tempo
demais e acho que todos ali perceberam.
— Não vai nos apresentar, essa moça linda? — um cara alto, magro, de
cabelos negros e olhos bem escuros que segura um boné em sua mão pergunta.
Não gosto da maneira que ele olha para mim, me deixa desconfortável, é como
se estivesse me despindo com os olhos.
— Manuela, esse é Bryan O'Connor, meu empresário.
— Muito prazer, senhorita! — ele diz com seu sotaque americano
carregado estendendo a mão para mim. A seguro e sinto ele apertar
exageradamente a minha.
— Depois você conhece o resto da equipe, tudo o que preciso agora e de
bom banho! — Nícolas disse e Bryan solta minha mão, a muito contragosto. Mas
não para de me lançar aquele olhar faminto. Que me causa calafrios de medo.
— Nícolas, querido! Seu quarto já está pronto! Toda sua equipe pode
acompanhar o José, nosso capataz ele vai mostrar a todos os bangalôs que ficam
perto do lago — minha mãe diz. — Quero que saibam que as nove da noite será
servido o jantar, aqui mesmo na nossa casa!
Todos seguem José até os bangalôs perto do lago. São cinco cabanas
muito confortáveis que ficam perto do lago, não rente ao lago, mas perto. São
grandes e cada uma acomoda, confortavelmente até seis pessoas. Estão
equipadas com dois banheiros e uma cozinha. Dando privacidade e autonomia
para quem as habitar. Fiquei me perguntando porque Nícolas não quis ficar com
uma das cabanas e ficou instalado aqui em casa.
Entramos e minha mãe foi logo mostrar o quarto para Nícolas. Alguns
minutos depois, ela desce e me encontra na cozinha descascando batatas.
— O que foi aquilo que aconteceu lá fora entre Nícolas e você? — ela
pergunta pegando uma faca e me ajudando a descascar as batatas.
— Não sei do que a senhora está falando! — tento desconversar, mas
minha mãe é astuta e me conhece como ninguém.
— Filha eu vi o jeito que vocês se olharam lá fora. Aliás, todos vimos
— Mãe! Vamos trabalhar! Ou esse jantar não sai hoje! — minha mãe só
fica me olhando. — E eu nem gosto dele, Nícolas é um exibido, um esnobe!
— E também muito lindo!
— Também muito lindo! — rimos e continuamos a descascar as batatas.
Mas nem por um instante consigo tirar Nícolas de meus pensamentos.
Debaixo do chuveiro não consigo tirar da minha mente a bela loira de
olhos azuis e corpo escultural que chegou em seu cavalo como uma deusa e
mexeu com sentimentos que eu nem mesmo sabia que existiam dentro de mim.
Nunca antes desejei tanto uma mulher, nunca ninguém havia ficado em
minha mente, em tão pouco tempo. É como se ela tivesse sido feita especialmente
para mim, como se estivéssemos destinados a sermos um do outro.
Jamais em meus vinte e sete anos senti ciúmes de alguém, mas hoje
experimentei essa sensação e não gostei nenhum pouco quando Bryan pediu para
ser apresentado a ela. Tudo o que eu mais queria naquele momento era acertar-
lhe um soco que o deixasse caído no chão.
Mas usei todo o autocontrole que eu tinha para não demonstrar o quanto
ele estar segurando a mão de Manu me deixava furioso. Foi a primeira vez que
me senti assim tão possessivo por alguém. E isso está me assustando.
Depois do banho, desço e vou até a cozinha onde encontro minha deusa
descascando batatas.
— Querem ajuda? — pergunto, Manu me olha e levanta suas
sobrancelhas, não acreditando que me ofereci para ajudá-las.
— Você sabe descascar batatas? — ela pergunta com desdém. Minha tia
fica apenas nos observando.
— Quer ver? — desafio.
— Por que não? — ela fala me entregando uma faca e pousando em
minha frente uma bacia contendo algumas batatas. Esfrego minhas mãos e pego a
faca começando a descascar as batatas, vejo que ela está surpresa e provoco.
— Achou que eu não soubesse fazer isso, não é?
— Só achei que um cara, com tanto dinheiro, nunca precisasse fazer
nada.
— Achou que eu estalava os dedos e tudo aparecia em passe de mágica,
não foi? — ela ficou vermelha e aquilo me deixou ligado, louco para apertá-la
em meus braços, beijá-la e jogá-la na primeira cama que encontrasse, onde a
faria minha de uma vez por todas.
— O que foi? — ela pergunta me tirando de meus pensamentos.
— Hã?
— Você parou de descascar as batatas e está me olhando de um jeito
esquisito! — Manuela se olha procurando se há algo errado nela.
— Seus olhos, são os mais lindos que já vi. Nunca vi um azul neste tom
antes.
— São violeta! Olhos com essa cor são extremamente raros — minha tia
diz.
— São perfeitos para você — digo sem tirar os olhos dela.
— Acho melhor continuarmos a descascar as batatas ou esse jantar não
sai hoje! — ela desconversa e tia Ruth começa a falar comigo.
— Seu tio Caleb vai ficar muito feliz em te ver aqui. Sua tia Helena
então! Quanto tempo faz que vocês não se veem? Dez anos?
— Mais ou menos, mas sempre nos falamos por vídeo chamadas.
— Soube o que houve com Amanda? — tia Ruth pergunta, enquanto Manu
nos observa.
— Sim, eu falei com ela. Mandy ficou arrasada.
— Mas agora que ela está vindo para cá, ela vai se animar! Farei o
possível, para ajudá-la — Manu fala enfática.
— Espero que consiga! Tio Caleb disse que depois do acidente, tudo o
que ela faz é ficar trancada no quarto. Ela nem queria vir para o Brasil.
— Dançar era tudo para ela, Nick. E agora sabendo que nunca mais
poderá subir novamente em um palco. Deve ser muito difícil — tia Ruth fala um
pouco triste.
Nem posso imaginar o que Amanda está passando. Se eu não pudesse
mais estar no octógono seria a morte para mim. Nasci para lutar. Vivo para lutar.
E sei que Mandy se sente assim em relação à dança. Ela foi para um colégio
interno na Inglaterra com treze anos só porque era o melhor na arte da dança. Lá
se tornou conhecida! A primeira bailarina de uma famosa companhia de Balé.
Agora próximo de completar vinte e seis anos, essa tragédia a acometeu. Ao
atravessar uma rua, foi atropelada por um carro que furou o sinal vermelho a
deixando com duas pernas quebradas e não há esperança de que ela volte a
dançar. Além de perder dois amigos que faleceram neste acidente e outro ter
ficado tetraplégico.
Duas mulheres entram na cozinha e começam a ajudar tia Ruth com o
jantar.
— Filha, pode deixar que eu e as meninas daremos conta do jantar agora.
Vá fazer companhia para Nick enquanto esperam.
Manu me acompanha até a sala, onde há uma TV enorme. Ela percebe
como eu olhava para a enorme tela e comenta.
— É do papai. Ele gosta de assistir os jogos aqui.
— Eu também tenho uma dessas em casa!
— Homens! — ela diz e senta.
— O que você gosta de fazer, Manu? — pergunto querendo saber mais
um pouco sobre a garota que com certeza vai invadir meus sonhos esta noite.
Ela me encara com aqueles olhos lindos, cruza as pernas, que
infelizmente estão cobertas por uma calça jeans, que por sorte é bem justa em seu
corpo, deixando suas curvas bem à mostra. Sua camisa xadrez com os botões de
cima abertos dando uma pequena visão de seus belos seios. Acho que ela
percebe que estou olhando para eles e abotoa mais um botão e cruza os braços
sobre eles.
— Quando não estou na universidade, gosto disso aqui. A fazenda é
melhor lugar do mundo para mim. Toda essa natureza, essa paz. Andar a cavalo,
comer a fruta direto do pé, tem algo melhor que isso? — ela diz entusiasmada.
— Deve ser mesmo muito bom, mas eu não tenho como dizer sempre
morei na cidade, essa é a primeira vez que vou passar mais que dois dias em um
lugar assim.
— Você vai gostar muito de passar esta temporada aqui. — Manuela
ostenta um belo sorriso nos lábios. E tudo o que eu consigo pensar e em beijá-
los. Em apertá-la em meus braços e nunca mais soltá-la. De ficar a noite toda
sentindo o cheiro de seus cabelos, aqueles lindos fios que me lembram o brilho
do sol, ela é simplesmente a mulher mais linda que já vi em minha vida.
— Você está me olhando esquisito mais uma vez — ela diz mudando a
posição de suas pernas.
— Só admirando sua beleza! — digo sem rodeios. — Você sabe o quanto
é bonita, não sabe? — vejo sua face tomar a cor avermelhada e isso me deixa
louco por ela.
— Nick, por favor! — ouvir ela me chamando assim só me faz desejá-la
mais e imagino ela falando meu nome na hora do amor. Cara! Eu tenho que parar
de pensar nisso, ou quando os outros chegarem aqui vão perceber, o meu pau que
já está duro. Somente por estar ao lado dela. Preciso me controlar, mas com ela
tão perto fica impossível. — Você é bem direto, não é?
— Sim, gosto de ser sincero e falar que você é muito bonita ainda é
pouco perto de sua beleza. Eu estava lembrando aquele dia em que salvei você
na piscina.
— Isso tem tanto tempo!
— Quinze anos, eu nunca vou esquecer!
— Pois eu não consigo lembrar!
— Sim você era muito pequena, apenas uma garotinha de quatro anos.
Estávamos brincando em volta da piscina quando senti sua falta. Olhei para a
piscina e você estava boiando de bruços. Não pensei duas vezes antes me jogar e
te tirar de lá.
Sorte que o vô Júlio estava lá e fez os primeiros socorros, tia Ruth
mesmo sendo médica estava muito nervosa e nada pode fazer.
— Sim meu pai já me contou essa história umas mil vezes e já que você
está aqui, vou aproveitar e te agradecer, obrigada por salvar minha vida! — ela
diz descruzando os braços, se inclinando para a frente estendendo a mão para
mim.
Mas ao invés de pegar em sua mão também, me inclino para a frente e
deposito um beijo em seus lábios.
— De nada! — digo sorrindo e ela fica apenas me olhando com sua boca
levemente aberta, fazendo um O. Depois leva a mão aos lábios e a vejo corar
novamente. Tenho vontade de beijá-la outra vez, mas desta vez será um beijo
mais demorado, eu sentirei o seu gosto em minha língua e saberei que nunca mais
conseguirei ficar sem. Porém antes que eu faça qualquer coisa ouço tio Rodrigo
falando:
— O cheiro está ótimo! — então ele olha para mim que estou sentado no
sofá, levanto e ele vem em minha direção.
— Nick, seja bem-vindo, meu sobrinho! — diz ele me abraçando.
— Obrigado tio! Espero não estar incomodando trazendo tanta gente para
ficar aqui.
— Imagina, esse lugar é enorme tem espaço de sobra. Depois seu primo
Brizio ficou eufórico ao saber que você vai treinar aqui. — Nisto entra Brizio
deixando seu chapéu pendurado perto da porta.
— Primo! Que bom te ver! — ele vem e me dá um abraço. — Cara! Eu
nem acredito! Nick “Punhos de Aço”, aqui na fazenda!
— Ei! De onde saíram tantos músculos? Da última vez que te vi você era
um garoto franzino e magrelo! — Brizio está quase do meu tamanho.
— O trabalho na fazenda é duro e pesado, é uma malhação todos os dias
— ele diz.
— Faço ideia!
— Filha. Por que está tão vermelha? — tio Rodrigo pergunta a Manuela,
ela levanta do sofá meio sem jeito e diz:
— Está muito calor aqui, acho que vou subir e tomar uma ducha. — Para
quê dizer isso? Agora a imagem dela nua, com o corpo todo molhado não vai
sair da minha cabeça.
Ela sobe e ficamos ali meu tio e Brizio. Em poucos minutos a casa fica
cheia, pois o pessoal da equipe chega para o jantar e começamos uma conversa
animada.
Então Manuela desce usando um vestido que era feito para deixar um
homem louco, totalmente colado em seu corpo escultural, deixando bem evidente
cada curva, eu não consigo tirar meus olhos dela. Olhei para o pessoal da equipe
e o único que não prestava atenção nela era meu amigo David, os outros estavam
babando por ela. Principalmente Bryan.
— Temos uma festa para ir na cidade! — Brizio falou. — É a festa do
frigorífico, todos os anos eles fazem uma festa para os funcionários e fomos
convidados, pois somos um dos principais fornecedores e o pai é sócio deles.
— Mas esse ano, não vou, Manu e Brizio vão me representando. Vocês
podem ir também, são jovens e a festa é bem animada tem uma banda tocando,
muita música, comida e bebida.
— É uma boa ideia, meu treinamento só começa depois das festas mesmo
— digo.
— Amanhã, Amanda e Samantha chegam e provavelmente também vão à
festa— Brizio fala.
— Talvez Amanda ainda não esteja preparada para ir a festas... — tio
Rodrigo fala.
— Pai, vou levá-la nem que seja amarrada! Tia Helena disse que ela vem
pra cá pra se distrair, portanto nada de deixar ela ficar trancada no quarto —
Manuela fala.
— Eu concordo, vamos todos a essa festa — digo e já estou planejando
um jeito de grudar em Manuela e não sair do lado dela um minuto sequer.
— O jantar está servido! — tia Ruth avisa e nos dirigimos para a enorme
mesa de jantar. Deve ter uns vinte lugares nessa mesa.
— Uau! Que mesa enorme! — meu preparador físico fala admirado.
— Recebemos muita gente para comer então mandei fazer essa mesa, mas
temos um salão de festas que comporta mais pessoas e neste fim de ano vai valer
a pena usá-lo — tio Rodrigo diz animado.
A mesa está posta com uma variedade de saladas, carne assada, batatas
coradas, arroz e feijão, o cheiro está maravilhoso e meu estômago ronca na
expectativa de provar algo tão bom.
— Nícolas não vá sair da dieta! — meu nutricionista me alerta.
— Vou comer só a salada e a carne, ok? — ele concorda.
Durante o jantar, Manuela e eu ficamos lançando olhares furtivos um ao
outro, quando ela acha que eu não estou olhando, ela me olha, assim que eu viro
para ela, a vejo desviar o olhar.
Como é bonita essa mulher! E de uma coisa eu tenho certeza, ela será
minha, de um jeito ou de outro, eu me casarei com ela. Essa possibilidade nunca
havia me passado pela cabeça, namorei com muitas mulheres, mas nenhuma me
prendeu tão rápida e intensamente como Manuela. E de alguma forma, eu sei que
ela é a mulher que veio para mudar minha vida. Um homem sabe quando encontra
a mulher certa e quando a vi em cima daquele cavalo, foi instantâneo, dos olhos
ao coração, em um segundo ela já se tornou dona de tudo em mim, eu o cara que
nunca se apaixonou, estou aqui totalmente rendido aos pés dela.
Depois do jantar, alguns foram para as cabanas dormir, pois a viagem foi
longa e cansativa. Outros ainda ficam conversando, bebendo ou fumando na
varanda que fica em frente à casa.
Manu está sentada em uma namoradeira que é fixada por correntes e se
parece com um balanço. Ela só fica observando enquanto o pessoal conversa.
Percebo que Bryan não tira os olhos dela e vou me sentar ao seu lado
antes que ele o faça.
— Entediada? — pergunto. Ela sorri e sinto meu coração parar em meu
peito por dois segundos.
— Só pensando. Amanhã Mandy e Sam estarão aqui, tem tanto tempo que
não nos vemos, a última vez foi quando eu tinha quatorze anos e fui ver minha
avó em Portugal, depois passei alguns dias na Inglaterra com elas.
— É faz tempo. Samantha eu vejo de vez em quando, ela até ficou
hospedada em minha casa algumas vezes, mas Mandy a última vez que vi tem uns
seis anos. — Sinto saudade do tempo que convivíamos em Porto Alegre.
— Agora nossas vidas tomaram rumos tão diferentes, você é um lutador
famoso, Mandy era uma bailarina conceituada, Samantha uma modelo famosa.
Somente eu que não tenho vontade de me tornar conhecida? Até o Brizio se
pudesse seria um lutador famoso, ele só não seguiu carreira para não deixar o
pai tomando conta sozinho da fazenda. Já que eu um dia vou tomar conta dos
vinhedos da vovó.
— Eu gosto de você assim mesmo, que sua beleza fique escondida e
somente eu tenha acesso a ela. Sou um cara possessivo e ciumento com o que é
meu! — digo olhando bem em seus olhos.
— Nick, por favor. Eu não sou sua!
— Ainda! Mas em breve será! — pego em suas mãos e não me importo
se estão nos olhando quero mesmo que todos saibam: Manu é minha! Porque
estou acostumado a ter tudo o que quero e ela é o que eu quero!
— Já disseram pra você que é um convencido?
— Só sei o que quero e não desisto antes de conseguir. E quero você,
Manuela! Acostume-se a isso! Ficará mais fácil, não lute contra, você só vai
perder seu tempo — ela tira suas mãos das minhas e levanta.
— Convencido eu sabia que você era assim, quase me enganou, mas é o
mesmo arrogante que vi na televisão — ela fala e entra em casa.
Fico ali sentado com um sorriso bobo nos lábios, ela é a mulher perfeita
para mim, gênio forte. Uma mulher submissa demais não me atrairia tanto. Gosto
de desafios e esse eu aceitei de pronto. Manuela será minha e eu me casarei com
ela. Isso é um fato!
Nick me agarra pela cintura e me beija de forma possessiva, invadindo
minha boca com sua língua e me deixando sem ar. Depois começa a
desabotoar minha blusa, mas está se atrapalhando um pouco com os botões e a
abre num puxão, fazendo os botões saltarem por todos os lados, retirando a
peça de meu corpo em seguida. Ele me olha com fome e volta a me beijar, uma
de suas mãos está em meu pescoço a outra em minha cintura e me puxa mais
para perto, se é que isso era possível. Então ele para de me beijar e nos
olhamos, ambos ofegantes.
— Você será minha, não tem como ser diferente, entendeu? Tenho tudo
o que quero e quero você! — Depois volta a me beijar, suas mãos agora
passeando por minhas costas, ele abre o fecho de meu sutiã e retira a peça
deslizando lentamente as alças por meus braços, mais uma vez ele para de
beijar e fica olhando para mim. — Lindos! — fala enquanto olha para meus
seios e esse olhar intenso causa arrepios em todo meu corpo. Então ele os
segura, um em cada mão, sem tirar seus olhos dos meus, depositando beijos em
meu pescoço e vai descendo devagar até chegar ao meu colo onde captura um
dos meus mamilos em sua boca, sugando-o, mordiscando-o, me fazendo sentir
coisas que jamais imaginei, fazendo em seguida o mesmo com o outro, já não
aguento mais e o quero dentro de mim, mas ainda estou usando calças e ele
está totalmente vestido.
— Diga que será minha e vou dar o que você quer... Diga "Eu sou sua "
— ele me ordena, alguma coisa dentro de mim diz que se eu disser essas
palavras estarei perdida, então eu não falo. Nick vai se afastando me deixando
ali, nua da cintura para cima.
— Onde você vai? — pergunto frustrada.
— O quando disser que é minha, eu também serei seu.
Acordo suada, não acredito que tive um sonho erótico com ele! Eu só
posso estar ficando maluca! O que ele tem que me deixa assim?
Isso não pode estar acontecendo, só o vi por um dia e já estou
fantasiando com ele!
Levanto de minha cama e vou até a janela, sinto a brisa fresca que sopra
em mim, me fazendo esfriar a temperatura do corpo, que está queimando neste
momento.
Olho por um momento para a escuridão da noite, já passam das quatro da
manhã e tenho certeza de que não vou mais conseguir dormir.
Decido ir até a cozinha ver se encontro algo para comer, desço a escada
devagar, para não acordar ninguém. Ao passar pela sala vejo a TV ligada, será
que Brizio esqueceu de desligar? Isso é bem a cara dele.
Vou até lá e tento desligar no próprio aparelho, pois não quero acender a
luz para encontrar o controle remoto
— Ei, estou assistindo — ouço alguém falar atrás de mim, bem em meu
ouvido e tomo um susto! Ao me virar bruscamente perco o equilíbrio e só não
caio porque dois braços musculosos me seguram.
Olho para ver quem é e dou de cara com um par de olhos verdes olhando
intensamente para mim.
— Não deveria andar por aí, usando isso! É um verdadeiro atentado a
sanidade de qualquer homem! — Nick fala olhando para meus seios que estão
quase saindo para fora de minha camisola e um flash do sonho que acabei de ter
vem a minha mente, justamente a parte onde ele acaricia meus seios com suas
mãos enormes.
Droga! Outra vez! Empurro ele, que me deixa em pé e me solta. Ajeito
minha camisola e percebo que meus mamilos estão duros e bem visíveis pelo
tecido fino da roupa. Nick não tira os olhos de meus seios e tem aquele
sorrisinho arrogante nos lábios, cruzo os braços em frente ao meu corpo,
tentando esconder de seu olhar a minha excitação.
— O que você faz aqui na sala a uma hora dessas? — pergunto meio
irritada, porque cada vez que olho para ele ali parado sem camisa, meu sonho
vem à minha mente. E percebo que queria que não tivesse sido só um sonho. Ele
é lindo demais!
— Estava sem sono, pois uma certa loira de olhos violetas, não sai dos
meus pensamentos — ele se aproxima. — Quando consegui dormir tive um sonho
erótico com ela e acordei tendo que ir direto para o chuveiro, tomar uma ducha
fria e acabei perdendo o sono — ele fala a última parte em meu ouvido e posso
sentir sua respiração em meu pescoço e me arrepio toda. —Está com frio? — ele
olha para meus braços que tinham os pelos eriçados. — Ou isso é por mim? —
Nick fala agora com sua boca quase colada na minha, passando a ponta de seus
dedos sobre meus braços delicadamente e depois me beija, mas não é igual a
primeira vez.
O beijo agora é como no meu sonho, possessivo, faminto e invasivo. Ele
explora minha boca com sua língua, eu correspondo com a mesma paixão, pois
era exatamente isso que eu desejava desde o primeiro momento que o vi.
Nick me agarra pela cintura e me aperta a seu corpo me deixando
praticamente sem fôlego, eu o enlaço pelo pescoço, ficando na ponta dos pés, ele
me levanta e fico igualmente a sua altura.
Ele é muito forte e me leva para o sofá onde me deita bem devagar me
cobrindo com seu corpo, sem parar de me beijar um só instante.
Estamos os dois tão envolvidos nessa nuvem de luxúria que nem nos
damos conta de onde estamos, neste momento tudo o que importa são nossos
corpos que se encaixam em nossa química perfeita. Sinto seu membro ereto
demonstrando o quanto ele me quer.
Nick começa uma trilha de beijos que vai do meu pescoço até meu ombro
esquerdo, onde ele dá uma mordida de leve, não consigo segurar e solto um
gemido, ele me olha e vejo que seus olhos agora estão mais escuros.
Somente a claridade da TV ilumina o cômodo e o som que preenche o
lugar é o de nossa respiração acelerada.
Ele baixa as alças de minha camisola e fico nua da cintura para cima, ele
olha para mim com admiração, nunca havia recebido um olhar assim e me sinto a
mulher mais bonita do mundo. Como no meu sonho. Só que agora as sensações
são muito mais intensas.
— Céus! Você é linda! — ele começa a beijar meu colo até começar a
explorar meus seios, eu nunca tinha chegado a esse ponto com ninguém, o
máximo foram alguns beijos sem graça, mas nada assim, nunca ninguém me fez
sentir o que Nick está provocando em mim, essa coisa carnal, crua. Eu tenho que
ser dele e será aqui mesmo!
Meu corpo todo arde por ele, anseia e necessita dele. Ele baixa minha
camisola deslizando por minhas pernas fiquei somente com a calcinha de
algodão que eu usava. Ele está sem camisa e usa apenas uma bermuda solta em
seu corpo que ele tira, ficando somente com sua cueca boxer e eu agora além de
sentir, posso ver o quanto ele também me deseja.
Mas eu nunca tive relações sexuais com ninguém e se ele me achar sem
graça? O medo toma conta de mim, eu não posso fazer isso, não assim, não aqui,
na sala de minha casa!
Ele deita sobre mim novamente e começa a me beijar, eu tenho que parar
com isso, mas de onde tirar forças? Quando meu corpo está totalmente entregue.
Então suas mãos começam a percorrer minhas coxas e seus dedos engancham na
borda de minha calcinha, eu compreendo que isso realmente está acontecendo e
tenho que parar.
Mas eu não posso, não quando ele está me deixando louca com seus
beijos. Retirando minha calcinha e a jogando no chão ele ainda me olha nos
olhos antes de começar a me beijar entre os seios e ir descendo pelo meu
estômago e quando ele estava chegando "lá", uma onda de lucidez dissipa a
névoa de luxúria em que estou e falo:
— Pare! — ele olha para mim incrédulo. — Por favor, pare! Não
podemos fazer isso, o empurro de cima de mim pego minha camisola e a visto,
ele não fala nada fica apenas olhando para mim, enquanto procuro por minha
calcinha pela sala.
— Por que me pediu para parar? — ele me pergunta frustrado.
— Nick! Você chegou em minha casa ontem e já quer transar comigo no
sofá? As coisas não são assim!
— Mas você também queria eu sei! — ele se aproxima me abraçando por
trás.
— Sim e não sei o que acontece comigo quando estou perto de você,
perco a noção de tudo — sinto seus beijos em meu pescoço, me tirando a razão
novamente. — Mas eu nunca fiz isso e quero que minha primeira vez seja
especial, não em uma noite furtiva no sofá da casa de meus pais — ele deposita
um beijo em meu pescoço e diz:
— Tem razão! Me desculpe! Mas nunca me senti tão atraído por uma
mulher como me sinto por você. Me toque e veja o que faz comigo — ele coloca
minha mão sobre sua ereção, e que ereção!
— Também me sinto atraída por você, o que houve agora entre nós foi o
mais longe que já fui com qualquer cara — me viro e dando-lhe um beijo
apaixonado. — Agora por favor, me ajude achar minha calcinha! — digo e
rimos. Ele levanta minha camisola e acaricia-me intimamente, soltando um
gemido.
— Ahhh! Eu daria qualquer coisa para afundar meu pau todinho em você
Manuela, mas vou respeitar seu tempo —ele me beija. — Vamos procurar sua
calcinha. Se eu encontrar primeiro ela será minha! — Nick diz e começa
procurar. — Aha! Achei! Agora ela é minha, uma lembrança desta noite — ele a
cheira.
— Tudo bem! Agora preciso voltar para a cama, daqui a pouco todos
começam a levantar e não quero que me vejam aqui com você.
— Por quê? Manu, quero algo sério com você e planejo falar logo com
tio Rodrigo — ele me abraça e olha em meus olhos.
— Fico feliz em saber, porque não sou mulher para ser o passatempo de
ninguém. Não sou como aquelas ring girls que você está acostumado.
— Eu sei e tenha a certeza que você será minha esposa mais cedo do que
imagina.
— Não acha que está indo muito rápido?
— Eu sei que você é a mulher certa para mim, o destino já havia cruzado
nossas vidas, naquele dia em que te salvei na piscina. Você nasceu pra mim! —
Então ele me aperta novamente pela cintura colando nossos corpos e me beija.
Novamente sinto minhas pernas moles. Oh meu Deus! Eu quero me sentir assim
para sempre! Nos separo por alguns instantes só para eu dizer:
— Espere um pouco mais para falar com meu pai. Ele vai achar estranho
você chegar ontem e já falar com ele. Assim nos conhecemos melhor.
— Tudo bem, mas só porque você está pedindo — nos beijamos
novamente e o fogo acende novamente entre nós. Envolvo sua cintura com minhas
pernas ele me deita novamente no sofá. Esfregando sua ereção enorme em mim,
bem em meu ponto sensível, é tão bom.
— Continua, está tão bom...
— Como você desejar meu amor... — ele continua com seus movimentos
e chego ao clímax arranhando suas costas.
— Isso! É assim que você vai se sentir sempre que estiver em meus
braços. Porém acho melhor pararmos antes que eu não consiga te deixar ir e
afunde meu pau em sua bocetinha toda melada. Só de pensar nisso estou quase
gozando — Nick fala ofegante, me levanta e me solta. Eu sigo para meu quarto e
tenho certeza que não vou mais conseguir pegar no sono. Pois esse latejar
insistente entre minhas pernas não vai permitir. Deito em minha cama, sentindo
seus beijos e o seu gosto em minha boca, sentindo suas mãos em cada parte de
meu corpo.
Afundo a cabeça em meu travesseiro e fico ali lembrando dos momentos
quentes que tivemos agora pouco e das palavras excitantes que ele disse em meu
ouvido.
De manhã, durante o café, Nick não tira os olhos de mim. Toda sua
equipe está distraída falando das coisas da fazenda, mas ele e eu estamos em
silêncio, apenas nos olhando e cada vez que nossos olhares se encontram eu sinto
meu coração dar um salto em meu peito e um calor entre as minhas pernas
aumentar. Minha mãe, que é muito esperta, já percebeu e eu sei que depois ela
me fará passar pela inquisição espanhola.
— Daqui a pouco, Amanda e Samantha estão chegando. Você avisou a
elas que Nick está aqui? — minha mãe pergunta ao meu pai.
— Sim falei com a Sam ontem à noite, elas já estão no Brasil e me disse
que viriam de carro bem cedo, já devem estar na estrada a uma hora dessas.
— Estou com muita saudade da Mandy, a Sam eu via de vez em quando
em Los Angeles — Nick fala enquanto bebe seu shake de proteínas, um cara com
o físico dele tem que se cuidar e ele é muito responsável quanto a isso. Nem
bebida alcoólica ele bebe. Percebi isso ontem durante o jantar, enquanto todos
da equipe se esbaldavam comendo e bebendo, ele só comeu alguns pedaços de
carne e salada e não bebeu nenhuma cerveja.
— Sim, eu também não a vejo faz muito tempo — minha mãe diz. — Por
que você não pega um cavalo Nick? Brizio pode te mostrar a fazenda.
— Pode ser! Você não vem também, Manu?
— Não, vou ajudar a mãe por aqui e as primas devem estar chegando em
breve, amanhã eu prometo fazer um passeio com você, Brizio não mostra pra ele
a cachoeira, eu quero mostrar tá? — meu irmão me olha de um jeito estranho. —
Mandy e a Sam estarão aqui e iremos todos juntos lá.
— Tá! Mas não esqueça de convidá-las para a festa do frigorífico —
Brizio sai com Nick e David para dar um passeio a cavalo.
Na hora de tirar a mesa, minha mãe está me olhando de um jeito esquisito
e rindo.
— Por que está assim? — pergunto.
— Filha, seu pai pode ser lento para perceber as coisas, mas eu captei
tudo no ar. Você e Nícolas...
— Está assim tão na cara?
— Mais do que na cara, ele não parava de olhar para você e você,
ficando vermelha o tempo todo. Sou tua mãe e te conheço como a palma de
minha mão. Você gosta dele, não é?
— É tudo tão novo pra mim. Nunca me senti assim antes. Tenho até
medo, pois tudo é tão arrebatador e intenso.
— Só quero que vá com calma, paixões assim arrebatadoras, costumam
machucar e não quero que você sofra — minha mãe me dá um beijo na testa. Um
calafrio percorre minha espinha. Como se fosse um tipo de aviso, uma
premonição. Será que Nícolas me faria sofrer? Entre nós tudo é tão intenso.
— Eu vou tomar cuidado — digo, mas não sei se posso cumprir, porque
sinto que já é tarde demais para mim. Já estou completamente nas mãos de
Nícolas Sullivan e não tem mais volta.
Minhas primas chegam e me sinto muito feliz, estava com tanta saudade.
Sam como sempre é o centro das atenções, uma mulher linda e
exuberante, chama a atenção onde quer que vá por sua beleza. Já Mandy é
totalmente o oposto, sim ela é linda, mas muito tímida e introvertida, ainda mais
agora depois do acidente, ela se fechou em uma concha, não permite que
cheguem muito perto.
As recebo assim que chegam e mostro onde fica o quarto delas, depois
desço e peço a José que suba as malas. Espero alguns minutos para que se
instalem e subo. Elas estão no quarto que fica ao lado do meu, na parte frontal da
casa, e tem uma varanda, assim como o meu. São os únicos quartos da frente que
possuem varanda. O quarto de meus pais também tem, mas fica do outro lado da
casa.
Quando entro as encontro na varanda conversando, Sam está muito
animada e Mandy toda vermelha por algo que ela falou. Vou até lá e descubro a
causa do rubor de Mandy. David está conversando com Nick e Bryan. Eu fiquei
sabendo que quando era menina, Mandy teve uma paixonite por David. Pelo
visto ele ainda mexe com ela.
Ele está olhando fixamente para ela e até sorri, coisa que vejo pela
primeira vez desde que chegaram aqui. Nick olha para a varanda também e assim
que nossos olhos se encontram sinto aquela energia magnética que nos atrai
novamente percorrer meu corpo.
Certamente temos química, não há como negar, ainda mais depois do que
aconteceu noite passada. Só de lembrar sinto um calor queimando meu corpo
inteiro.
Então Samantha quer saber o nome do cara que Mandy não consegue
parar de olhar.
— É David Baker —digo.
— Espera, esse é o David Baker que a Mandy foi apaixonada quando
menina? Não dá pra acreditar! — Samantha fala, mas eu nem presto muita
atenção no que ela diz, pois, meus pensamentos estão em Nick, na noite passada,
na forma como ele me fez sentir.
O toque de suas mãos, seus lábios nos meus e nós quase fazendo amor
bem ali no sofá da sala. Como pode ele me fazer perder a cabeça desse jeito?
Como se meu raciocínio se transformasse em nada, meu autocontrole
simplesmente desaparecesse e eu não fosse mais dona de mim. Então ele olha
para mim e sopra um beijo.
— Mas o que está acontecendo aqui? É a temporada dos corações
apaixonados e ninguém me avisou? — Samantha fala ainda na sacada. — Oh meu
Deus! Acabei de ser avisada! Quem é aquele deus grego que vem chegando a
cavalo? — Sou tirada de meus devaneios por Sam que está encantada com meu
irmão.
— É Brizio! — digo sem entusiasmo.
— Desde quando ele tem tantos músculos? — ela pergunta quase
babando.
— O trabalho aqui na fazenda é pesado. Meu irmão trabalha duro aqui!
— explico.
— E acho que quero que ele trabalhe duro em mim — ela diz encarando
Brizio. — Mais alguém aqui precisa de um banho frio? Eu com certeza preciso!
— Sam se abana com uma revista que encontra ali pelo quarto.
— Samantha eu conheço esse seu olhar — Amanda diz — Brizio é nosso
primo! Ele não é como os caras que você está acostumada — as duas ficam
discutindo, Samantha dizendo que está cansada dos caras que ela conhecia e que
queria um amor de verdade. Ou coisa assim, eu dou mais uma olhada na varanda,
mas os rapazes já não estão lá.
— Então você e Nick hein? — Samantha fala me cutucando.
— Ele me beijou ontem e eu gostei!
— Uau! Você e Nick! Eu nunca imaginaria! — Samantha pega uma toalha.
— Mas o amor é assim mesmo, cheio de surpresas! — Mandy fala
sentando ao meu lado na cama. — Só vai devagar, nosso primo é muito
impulsivo, quando ele põe algo na cabeça, não desiste até conseguir. E ele tem
todo aquele jeitão explosivo. Tenha cuidado! Não quero que se magoe.
— Obrigada por se preocupar Mandy! Mas acho que já me apaixonei por
ele, foi inevitável.
— Sei bem do que está falando — ela diz com tristeza no olhar.
— Diz isso por causa de David?
— Sim! Me apaixonei por ele quando ainda era uma menina. Nunca
consegui esquecer aqueles olhos! E hoje o destino nos colocou no mesmo lugar,
sabe o que isso significa?
— Que chegou o momento de vocês! Era pra ser agora! Como a vovó
Giovanna sempre diz, tudo tem um propósito e NADA É POR ACASO! —
falamos juntas e rimos.
Mandy e eu ainda conversamos mais um pouco até que Sam sai do
banheiro.
— Preciso ajudar a mãe lá em baixo. Vejo vocês depois, na hora do
almoço.
— Vou tomar um banho e descemos em seguida, também vamos ajudar —
Mandy diz e Samantha a olha de soslaio.
— Já vou avisando, não sei fritar nem um ovo! — ela fala com as duas
mãos para cima, em sinal de rendição.
O almoço foi muito animado, Samantha é muito alegre e nos divertiu
muito contando suas aventuras em Nova Iorque e Los Angeles.
Durante a tarde nos reunimos em meu quarto para nos arrumarmos para a
festa. Cabelo e maquiagem foi o que nos tomou mais tempo.
Samantha é claro vestiu um lindo vestido preto que tinha um decotão na
frente, e marcando todas as suas curvas generosas. Seus longos cabelos negros
estavam soltos em cachos sobre suas costas, ela estava simplesmente
deslumbrante como sempre.
Amanda com um vestido azul, tomara que caia, e também era bem justo
até a cintura depois a saia caía solta em suas pernas e ia até os tornozelos, ela
não gosta que vejam suas cicatrizes, vi como ela ficou desconfortável quando
David olhou para suas pernas na hora do almoço. Ela prendeu os cabelos em
uma trança lateral, está lindíssima! Como ela se parece com tia Helena! Até as
covinhas se formavam em suas bochechas quando ela sorria.
Eu optei por um tubinho vermelho com decote em formato de coração e
alças grossas. Ele vai até um palmo acima dos meus joelhos e deixei meu cabelo
solto.
— Ei! Já são oito e meia, devíamos estar na festa há uma hora — meu
irmão grita socando a porta.
— Sempre tão delicado, irmãozinho! — digo abrindo a porta. Ele olha
para Samantha e fica de queixo caído.
—Vê algo que gosta, bonitão? — Sam pergunta dando uma voltinha.
— E como! — ele responde sem tirar os olhos dela. Que engancha em
seu braço e saem porta a fora. Mandy e eu os seguimos.
Saímos para a varanda, onde Nick, David e Bryan estão nos esperando.
Assim que me vê, Nick vem ao meu encontro. Pega em meu braço e diz:
— Você está maravilhosa! — sinto meu rosto esquentar. — Quando você
fica com as bochechas rosadas tenho vontade de te jogar novamente naquele
sofá, só que desta vez não pararia por nada nesse mundo — ele diz em meu
ouvido e fico toda arrepiada.
— Sim, você está linda! — Bryan diz e me olha daquele jeito que não
gosto. Nick também não, pois percebo ele apertando os dentes para não dizer
nada.
— Obrigada! — agradeço e seguimos para o carro. Nick, Mandy e eu
vamos no mesmo carro. David, Bryan, Samantha e Brizio vai no outro. Percebo a
tristeza no olhar de minha prima ao ver que David não quis ir no mesmo carro
que ela.
— Não fique triste Mandy, a noite só está começando — digo a ela.
— Prima, eu notei o jeito que você olha para David. Sei que você é
adulta e sabe se cuidar, mas ele é complicado. Você vai acabar se machucando,
está por sua conta e risco!
— Pois é Nick, como você disse, sou adulta e sei me cuidar, mas
obrigada pelo aviso! — Mandy fala aborrecida e segue em silêncio durante o
trajeto até o salão de festas.
Nick o tempo todo dá um jeito de me tocar, uma de suas mãos está no
volante a outra sempre me acariciando, nos braços, nas coxas.
— Ei! Estou no carro, não façam nada obsceno! — Mandy grita do banco
de trás.
— Como você mesma disse, você já é adulta e pode testemunhar uns
amassos. — Nick estaciona o carro. Depois me beija daquele jeito que me deixa
de pernas bambas.
— Ah! Vou sair daqui — Mandy nos deixa a sós no carro. Eu interrompo
o beijo.
— Nick! Você borrou todo o meu batom!
— Nem passa isso de novo! Eu vou tirar mesmo — ele fala me beijando
outra vez e de novo.
Depois que me recomponho, saímos do carro, os outros já estão dentro
do salão, que está lotado.
Uma decoração natalina e uma banda que toca todos os ritmos fazem
parte da festa. Assim que entro, algumas pessoas vêm nos cumprimentar. Afinal
há dez anos participamos desta celebração de fim de ano, desde que o papai
entrou de sócio do frigorífico e também todos conhecem nossa mãe, ela foi
médica na cidade por dez anos. Agora ela só atende os funcionários da fazenda e
do frigorífico, duas vezes por semana ou quando há alguma emergência.
Nícolas fica ao meu lado o tempo todo, enquanto as pessoas me
cumprimentam. Noto seu jeito possessivo quando um cara se aproxima e ele faz
uma carranca.
Enfim conseguimos chegar à nossa mesa.
— Você conhece muita gente aqui, não é? — percebo amargura em sua
voz.
— Sim, cresci aqui e papai é sócio do frigorífico, participamos desta
festa há dez anos, é natural que eu conheça muita gente aqui. E não esqueça que
estamos aqui representando nossos pais.
— É claro, mas que tolo eu fui — ele sorri, mas vejo o desgosto em seu
olhar.
Mandy senta ao meu lado e Bryan ao seu. David está ao lado de Nick,
Brizio e Sam sentaram a nossa frente e meu irmão não consegue nem disfarçar
seu interesse nela, que estava adorando isso.
Começam a tocar uma música animada e ela puxa Brizio pelo braço e os
dois seguem para a pista de dança.
Bryan convidou Mandy que ficou sem graça de dizer não e acabou
aceitando. David lança um olhar mortal para ele, mas continuou em seu lugar.
— Você também quer dançar? — ele pergunta pegando em minha mão.
— Ainda não, acho que quero algo para beber antes.
— O que você quer? Vou até o bar pegar! — Nick prontamente se
oferece.
— Uma Coca diet, por favor!
— Volto em um minuto.
— Vou com você! Preciso de uma bebida! — David fala e sai com Nick.
Fico ali sentada observando as pessoas dançando, até que Pedro, um
colega da faculdade, senta na mesa.
— Manuela?
— Pedro! Como você está?
— Bem! Achei que este ano vocês não viriam! — ele diz sentando em
uma das cadeiras.
— Meus pais, não vieram, mas meu irmão e eu os estamos representando.
— Meu pai está aqui, e sabe como é, me obrigou a vir também. — Pedro
é o filho de um dos sócios de meu pai no frigorífico, que são quatro no total. Nos
conhecemos há dez anos desde que nossos pais entraram na sociedade no mesmo
ano e sempre participamos das comemorações de fim de ano que eram realizadas
para os funcionários. Ele é um rapaz alto, magro, magro demais para meu gosto.
Moreno de olhos castanhos, faz sucesso com as garotas da faculdade, mas para
mim sempre foi apenas um amigo.
Estávamos em uma conversa animada quando Nick chega na mesa
pigarreando para chamar nossa atenção.
— Querido, este é Pedro Soares, ele é filho de um dos sócios de meu pai
e meu colega na Universidade. Pedro esse é...
— Nick "Punhos de Aço”! Eu não posso acreditar! — Pedro fala com um
brilho nos olhos. — É um prazer conhecer você, sou seu fã, cara! Assisti todas
as suas lutas! — Nick aperta a mão dele, que reluta em soltar.
— É muito bom saber disso. Pedro, não é? — ele fala simpático.
— Sim, você pode tirar uma selfie comigo?
— Claro! Por que não? — Nícolas tira a selfie e mais pessoas o
reconhecem e também vem tietá-lo. Fico ali por uma meia hora até que as
pessoas se acalmem. David senta ao meu lado.
— É bom você se acostumar a isso, se quer algo sério com ele — diz
percebendo minha cara de tédio. Ele me convida para dançar, eu aceito só para
não ficar ali como um enfeite sentada à mesa.
Chegamos à pista de dança e começa a tocar uma música romântica.
David segura minha cintura e eu o abraço pelo pescoço. Dançamos até a metade
da música quando ele, morrendo de ciúmes, pede para trocar de par de par com
Bryan e começa a dançar com Mandy.
Eu não gosto do jeito que Bryan me aperta contra seu corpo, durante a
dança ele o tempo todo tenta baixar suas mãos para perto de minha bunda e eu
tenho que ergue-las novamente para minhas costas.
Dou graças a Deus quando a maldita música acaba. Me separo dele e
volto para minha mesa. Nick ainda não voltou, o procuro e o encontro tirando
uma selfie com uma moça peituda, que faz questão de esfregar seus seios nele.
Furiosa e vou até lá.
— Amor! Já chega de tirar fotos, não é? — falo languidamente, passando
as mãos em seu peitoral. — Quero dançar com você agora — ele me olha e
levanta uma sobrancelha interrogativamente, mas vem comigo até a pista de
dança.
— Então eu sou seu amor? — me pergunta apertando meu corpo ao dele,
enlaçando minha cintura. Eu também o abraço apertado e ficamos ali dançando,
eu com a cabeça descansando em seu peito, ouvindo as batidas de seu coração.
A música acaba e continuamos abraçados, dançando a nossa música.
— Não consigo encontrar a Mandy em lugar nenhum! — Sam aparece
ofegante e dispara.
— Como assim? — pergunto preocupada.
— Vocês viram David por aí? — Nick pergunta e eu entendo o que ele
está insinuando.
— Você acha que estão juntos? — pergunto sorrindo.
— Manu, isso é uma má ideia. David é um cara complicado. Mandy vai
acabar se magoando — Nick fala e vejo que ele realmente está preocupado com
Mandy. — Ela está frágil emocionalmente e vai acabar sofrendo.
— Por que você diz isso? — Sam indaga Nick o puxando pelo braço. —
Esse cara é algum maníaco psicopata?
— Não é para tanto, ele só é complicado. Acho melhor irmos procurá-la.
— Nick, Mandy não é uma criança, ela não vai gostar de ver a gente atrás
dela como se ela fosse uma garotinha. Ela tem vinte e seis anos e sabe o que faz!
— digo e os dois concordam.
— Tudo bem! Então vou voltar para aquele gatão que está me esperando
bem ali — ela diz apontando para Brizio que levanta um copo de cerveja. —Até
mais — ela diz e vai rebolando os quadris sensualmente para provocar meu
irmão.
— Eu acho que deveríamos encontrar um local mais calmo, para
ficarmos um pouco sozinhos, concorda? — Nick fala em meu ouvido e depois dá
um beijo em meu pescoço.
— Sei exatamente onde podemos ir — digo o puxando pela mão e sei
bem onde vamos e o que vamos fazer. Ele está lindo com aquela camisa social
que fica apertada em seu corpo mostrando cada músculo. Estou cansada de ficar
só olhando, chegou a hora de agir e me aproveitar desse corpo gostoso e todinho
meu!
Eu a sigo enquanto me puxa pela mão. Desviando das pessoas até
estarmos na parte de fora. Ela me dá um olhar cheio de desejo me levando para
longe do salão.
Entramos em uma mata que há ali, quase um bosque. Então ela se apoia
em uma árvore e me enlaça pelo pescoço me puxando em sua direção e me beija
loucamente.
— Ei! Vai com calma! — me afasto um pouco e quase sem ar.
— Eu quero te beijar, por favor, naquele salão você e eu quase não
ficamos juntos. Quero que me toque, que me faça sentir o que me fez ontem —
ela pede e eu não posso negar, até porque é justamente isso o que também quero.
Capturo seus lábios em um beijo ardente, onde minha língua invade sua
boca sentindo seu gosto. Ela enlaça meus quadris com suas coxas e eu a prendo
entre a árvore e meu corpo.
— Mulher! Você ainda vai acabar me matando! — digo entre beijos.
Depois passo a beijar seu pescoço e ela também me beija. Levo minha mão entre
suas pernas e sinto o quanto ela me deseja. — Eu não vou aguentar assim! —
digo, seus gemidos estão me deixando louco enquanto acaricio sua buceta
molhada fazendo-a delirar em meus braços.
— Não para! Por favor! — ela fala e depois me dá um beijo quente
gemendo em minha boca sinto quando goza. Depois de estremecer em meus
braços, ela descansa a cabeça em meu ombro.
— Uau! Isso foi incrível! — Manu fala e depois me beija.
— Sempre ao seu dispor madame! — falo em tom de brincadeira e ela ri
e o som de sua risada é como um afrodisíaco para mim. Tenho que me conter
para não a possuir ali mesmo sob aquela árvore.
— Vamos sair daqui! — digo a descendo com cuidado.
—Mas você...
— Amor hoje vamos pensar só em você, ok? É melhor voltarmos para a
festa antes que venham nos procurar, igual fizeram com Amanda.
— Será que ela e David tiveram a mesma ideia que a gente?
— Duvido, do jeito que David é, deve estar a vigiando de longe — digo
enquanto ajeito minhas roupas e ela também ajeita seu vestido, passando as mãos
em seus cabelos para deixá-los no lugar. — Ainda bem que veio com os cabelos
soltos ou todos iriam perceber o ar estávamos fazendo —digo e a beijo. —
Vamos voltar! — Andamos abraçados de volta para o salão, quando uma
confusão nos chama a atenção.
—O que está havendo ali? — ela pergunta e vamos ver. Abrindo caminho
entre as pessoas, encontro David dando uma surra em um cara. Vou até lá e o
separo do cara que está quase desmaiado no chão.
— Me solta! Vou matar esse desgraçado! — ele tenta se soltar, mas o
seguro firme, outros dois caras levam o homem que não aguenta nem ficar de pé.
— Calma Baker! Você ficou louco! — grito com ele.
— Esse desgraçado agarrou Amanda a força, se eu demorasse mais um
pouco para encontrá-la ele a teria estuprado!
— Oh meu Deus! Onde ela está? — Manu pergunta preocupada.
— Está com Samantha, acho que foram até o banheiro, ele rasgou o
vestido dela — David falou ainda furioso. O solto e a polícia chega. Explicamos
para os policiais o que aconteceu, Amanda também se explicou e levaram o cara
sob custódia.
Amanda não para de chorar, ela sentou em uma cadeira e David está
agachado a sua frente a acalmando. Nunca o vi agir assim. Acho que minha prima
realmente mexeu com ele.
— Acho que a festa acabou pra gente, vamos voltar pra casa! — Brizio
fala.
Seguimos para casa, mas desta vez David vem no mesmo carro em que
estamos e abraça Amanda o tempo todo. Manu me lança alguns olhares de
cumplicidade e eu sei o que ela quer dizer com isso. Pelo jeito não somos os
únicos apaixonados por aqui.
Sem contar Brizio e Samantha que não se desgrudaram a noite toda, em
um momento os vi se beijando no salão. Parece que a febre do amor nos pegou a
todos.
O único que ficou de vela foi Bryan que estava mais bêbado que um
gambá e foi no outro carro com Samantha e Brizio que estavam aguentando suas
lorotas, o cara já é o maior pé no saco estando sóbrio, imagina bêbado?
Mas no momento o que me preocupa é minha prima Amanda. Ela não
parece nada bem.
— Está tudo bem? — pergunto olhando pelo espelho retrovisor.
— Sim estou bem. — David a abraça e ela se aconchega em seu corpo,
não gosto disso, minha prima está se envolvendo com ele e isso é uma péssima
ideia. Eu conheço David há quase dez anos e sei muito bem como ele é
complicado. Cheio de complexos e tem algo sombrio dentro dele. Não acho que
ele seja a melhor escolha para Amanda, que é tão frágil e sensível. Mas nada
posso fazer, isso é uma escolha que só cabe a ela.
Chegamos na fazenda, tudo está silencioso. Todos já estão dormindo.
Estaciono o carro e desço. David se despede de Amanda e vai para as cabanas
onde a equipe está hospedada. Ele e Bryan ficaram com uma cabana menor
enquanto o resto do pessoal ocupou as duas maiores. Amanda foi para o quarto e
fico ali com Manu, na varanda.
A noite está quente e decidimos ficar ali mais um pouco.
Brizio chegou com o outro carro e ajudou Bryan a chegar até a cabana,
Samantha ficou com a gente esperando por ele.
— Como a Mandy está? — ela pergunta.
— Agora está bem, David a acalmou — Manu diz.
— Gente eu achei que ele fosse matar o cara, vocês viram, ele parecia
um bicho! — Samantha fala gesticulando muito, em seguida chega Brizio.
— Cara, o teu empresário é muito louco. O doido se jogou no lago! Tive
que me jogar atrás dele ou acho que ele ia se afogar, olhe como fiquei! — ele diz
apontando para si mesmo, que estava todo encharcado, Manu e eu apenas rimos e
Samantha vai até ele.
— Oh, querido! Vem vou ajudar você atirar essas roupas molhadas — ela
diz toda dengosa.
— Samantha, acho que meu irmão é bem grandinho e pode tirar as roupas
dele sozinho!
— Porra Manu! Não seja uma empata foda! — Brizio fala e fico de boca
aberta sem saber o que dizer, olho para Manu e a expressão em seu rosto é de
igual incredulidade que a minha.
— Eu não falei nada sobre foda alguma, seu safadinho! Falei sobre tirar
essas roupas molhadas. — Samantha diz já desabotoando a camisa de Brizio e o
beijando no peito.
— Ei! Vão pro quarto! Não somos nenhum tipo de voyer! — digo e
Brizio puxa Samantha pela mão e ela vai tropeçando para dentro com ele.
— Não sabia que Samantha se interessava por cowboys.
— Parece que meu irmão mexeu mesmo com ela, só não sei se isso vai
dar certo, eles são tão diferentes.
— Dizem que os opostos se atraem — digo puxando-a para mais perto de
mim. Ela senta em meu colo e enlaça meu pescoço. — Mas agora vamos deixar
todos para lá, nossos primos e irmãos e vamos pensar só na gente — começo a
beijando e como sempre foi como dinamite explodindo. O fogo acende
imediatamente, não sei o que Manu tem que me deixa assim louco por ela.
Estamos juntos há dois dias, mas é como se ela fosse minha desde sempre.
Nos encaixamos perfeitamente, nossas bocas foram feitas para estarem
unidas e agora eu entendo porque nunca nenhuma mulher conseguiu me fazer
sentir assim. Só de sentir o seu cheiro, de tocar em sua pele, meu sangue ferve.
Ela continua me beijando apaixonadamente e se vira de frente para mim
abrindo suas pernas, me montando.
— Amor! Você vai acabar me matando assim! — digo sem separar
nossas bocas e a aperto mais em meu corpo.
— Quero tanto você! — ela diz também sem parar de me beijar. — Você
me faz sentir coisas que eu nunca senti. Como se meu corpo todo estivesse
ardendo em chamas, um calor que começa aqui... —ela coloca minha mão sobre
seu coração — e termina aqui! — ela leva minha mão sobre sua buceta. — Você
me entende? — ainda com minha mão entre suas pernas digo a acariciando.
— Entendo, quer saber como te entendo? — pego sua mão e deposito
sobre meu pau. — Viu?
Ela abre a boca e arregala os olhos surpresa. Aproveito que sua boca
está aberta e a tomo em um beijo quente, sentindo-a estremecer sob meu toque.
Sério, eu tenho que me controlar ou vou acabar fazendo amor com ela aqui nesta
varanda.
— Amor! Vamos parar!
— Não! Está tão bom!
— Eu sei, mas se você não quer que a sua primeira vez seja bem aqui
nesta varanda, porque eu juro estou a poucos momentos de te jogar no chão e te
foder a noite toda, é melhor parar agora.
Lentamente ela me solta e sai de cima de mim. Mas assim que nos
separamos ela volta e me monta novamente me beijando loucamente.
Eu apenas a correspondo, com meu autocontrole chegando ao limite.
Enquanto ela rebola em cima de mim, ela está realmente testando minha
sanidade. Não resistindo mais eu abro seu vestido e suas costas ficam nuas,
passo minhas mãos por sua pele macia subindo até os ombros, onde encontro as
alças de seu vestido e abaixo por seus braços.
Ela me encara com seus olhos azuis que agora estão negros, suas
bochechas coradas e sua respiração ofegante me mostram o quanto ela me quer.
Tiro o vestido a deixando com a parte de cima do corpo completamente
nua. Manuela é maravilhosa e tem os seios mais bonitos do mundo, minhas mãos
são grandes, mas mesmo com elas espalmadas eles não cabem inteiros nelas.
Seguro-os em minhas mãos e a provoco, friccionando meus polegares em
seus mamilos que ficam rígidos ao meu toque.
Ela geme e se contorce em meus braços. Não, eu não estou mais
aguentando essa tortura. Começo a explorar seu corpo com meus beijos,
lambendo, chupando e mordendo. Com uma de minhas mãos eu acaricio sua
bocetinha, depois seu clitóris e sinto Manu chegando ao seu orgasmo, então a
beijo e ela estremece em meus braços. Ela tira sua calcinha e levanta o vestido
até a cintura, depois abre o zíper da minha calça, põe as mãos por dentro
segurando meu pau e sentindo toda minha excitação, depois senta novamente
sobre mim o posicionando em sua entrada, vendo o que está prestes a acontecer e
eu a seguro.
— Manu! Você tem certeza? Aqui na varanda?
— Eu não aguento mais, por mim isso já teria acontecido lá na festa,
embaixo daquela árvore — ela me beija, depois vai descendo aos poucos e
nossos corpos vão se tornando um só. Seu calor apertado e molhado me deixa à
beira da loucura. Deixo que ela dite o ritmo que meu pau entra nela. Então Manu
fica rígida quando a barreira de sua virgindade me faz parar.
— Isso vai doer um pouco, ou muito — digo não deixando ela se mover.
— Pode continuar, eu acho que aguento — ela responde e eu a solto e ela
desliza sobre mim de uma vez só, gemendo alto e ficando parada.
— Tudo bem? — pergunto, ela está com sua cabeça enterrada em meu
pescoço e me olha com lágrimas nos olhos.
— Doeu mais que eu pensava, só vamos esperar um pouco.
— Sei como fazer você se sentir melhor — começo a beijá-la, ela
corresponde e aos poucos sinto seu corpo relaxar sobre o meu e ela mesma
começa a se movimentar sobre mim, a sensação é maravilhosa, seu corpo colado
ao meu, todo suado, ela tem um cheiro tão bom. Separo nossas bocas e começo a
beijar seu corpo enquanto ela cavalga em mim, eu já estou quase gozando,
quando ela explode em cima de mim e seu gemido me leva também ao clímax
mais intenso que já senti na vida.
Ficamos assim abraçados até que nossas respirações ofegantes voltem ao
normal. Meu coração bate acelerado dentro do peito e sei que Manuela Amaral é
a mulher de minha vida.
A aperto mais forte em um abraço apertado e ela aconchega sua cabeça
em meu ombro.
— Nunca pensei que um dia diria isso a alguém, mas eu amo você! —
falo e tenho um pouco de medo pela facilidade com que essas palavras saem da
minha boca. Ela me olha e emocionada diz:
— Que bom! Porque eu também amo você Nícolas Sullivan! Isso parece
impossível, eu sei. Mas é assim que me sinto.
Suados e exaustos, Nícolas e eu continuamos ali na varanda, sentindo a
brisa fresca da madrugada.
Nunca pensei sentir as coisas que senti quando nos amamos, foi
maravilhoso! E eu soube porque esperei tanto tempo. Me guardei para ele, para
esse momento.
Estar em seus braços fortes, sentindo seu corpo junto ao meu. Seus beijos
quentes e possessivos em meus lábios. Eu o desejo tanto, que tenho até medo, do
que pode acontecer se não der certo entre nós. Nícolas já está sob minha pele e
totalmente em meu coração.
Hoje quando me entreguei a ele, tive a certeza de que ele é o homem de
minha vida.
Uma vez minha mãe me contou sua história de amor com meu pai. Ela me
disse que o conheceu ainda criança, mas que se apaixonou por ele quando tinha
quatorze anos e ele dezesseis e que nunca teve coragem de falar nada para ele.
Meu pai era o melhor amigo do meu tio Caleb e vivia na casa deles, pois os dois
jogavam futebol juntos. Até que um dia quando ela tinha dezessete anos, ele se
declarou para ela, dizendo que era apaixonado por ela desde que era um menino
e os dois começaram a namorar.
Depois de um tempo namorando, eles tiveram a primeira vez deles,
minha mãe disse que tudo foi muito romântico. Eles haviam ido até um baile, era
aniversário da tia Helena.
Depois do baile, meu pai a levou para um hotel e os detalhes é claro que
ela não me contou. Só que depois de um tempo juntos meu pai começou a falar
sobre casar, ter filhos. Ele sempre dizia que ele não via a hora de ser pai e
queria muito que ela fosse a mãe de seus filhos. E aquilo começou a deixar ela
para baixo. Porque ela sabia que nunca poderia gerar uma criança. Então os dois
foram se distanciando cada vez mais. Até que meu pai recebeu a proposta para
jogar no Porto, uma equipe de futebol portuguesa, ele a pediu em casamento e
minha mãe não aceitou. Ela me disse que queria que meu pai tivesse a
oportunidade se se apaixonar por alguém que pusesse lhe dar a única coisa que
ela nunca poderia lhe dar, um filho.
Mamãe disse que sofreu muito, quando meu pai embarcou para a Europa,
que pensou que iria morrer de tanta dor. Porque ela sabia que meu pai era o amor
de sua vida.
Então veio o desaparecimento de tia Helena e ela se dedicou totalmente a
cuidar de Amanda. E anos depois quando, tia Helena estava de volta, meu pai
apareceu na casa de tio Caleb comigo em seus braços, ela disse que se
apaixonou por mim imediatamente. Ela e meu pai tiveram uma segunda chance de
ser felizes juntos. Mas o destino mais uma vez tentou separa-los, quando ela foi
acometida por uma leucemia.
E por milagre Vitória, minha tia, nasceu e doou sua medula, salvando a
vida de minha mãe. Ela e meu pai passaram por muitas coisas para ficar juntos.
Mas tudo isso só serviu para mostrar o quanto o amor deles e forte e verdadeiro.
Tudo o que eu queria era a viver esse amor verdadeiro com Nícolas.
Ele me aperta mais em seus braços e me dá um beijo no pescoço.
— No que você está pensando? Espero que não tenha se arrependido.
— Nunca vou me arrepender! Foi tudo maravilhoso! Estar em seus
braços, te sentir por inteiro. Foi tudo perfeito! — seguro seu rosto entre minhas
mãos.
— Pra mim também foi perfeito! Você é a mulher mais linda e gostosa
que já tive em meus braços. E agora que foi minha, nunca a deixarei ir. Amanhã
mesmo vamos falar com tio Rodrigo. Não quero fazer nada escondido. Eu te amo
e quero que todos saibam — depois de dizer isso ele me beija. — Vista-se amor,
não quero correr o risco de alguém aparecer por aqui e te ver, somente eu posso
vê-la assim. Toda bagunçada depois do amor — ele me ajuda a vestir novamente
as peças de roupa. Depois vamos para nossos quartos.
Ele para na porta de meu quarto e me agarra pela cintura, eu envolvo seu
pescoço com meus braços, e como sempre tenho que ficar na ponta dos pés.
— Não queria me separar de você nunca mais — Nick diz em meu
ouvido e depois me beija e esse beijo acende novamente a chama entre nós.
Abro a porta de meu quarto e entramos sem parar de nos beijar.
Ele fecha a porta com o pé, eu o solto e me separo dele, indo em direção
a porta.
— Ah, amor! Não me diga que vai me colocar pra fora? — ele pergunta
suplicante, mas ao invés de abrir a porta para ele sair, eu a tranco com a chave,
depois me viro para ele, abrindo meu vestido e o deixando deslizar até meus pés,
ficando nua em sua frente, já que minhas peças íntimas estão em suas mãos.
Ele me dá aquele olhar de cobiça, ando lentamente até onde está e
começo a desabotoar sua camisa. A cada botão aberto eu deixo um beijo sobre
seu corpo.
Ele é totalmente lambível e tem o melhor corpo. Agora vou até suas
calças e as retiro, ele está descalço assim como eu, pois nos vestimos às pressas
na varanda, mas ainda está usando suas cuecas boxer, o que agora é a única coisa
que impede que nossos corpos estejam completamente nus.
Posso ver que ele já está pronto para mim mais uma vez. Ele me agarra e
me aperta contra ele, com sua excitação esfregando em meu corpo. Depois me
arrebata em um beijo quente, me jogando na cama, caindo sobre mim.
— Agora quem está no comando sou eu! — Nick diz abocanhando um de
meus seios me deixando completamente louca de desejo por ele. — Vou te foder
de um jeito que você nunca mais vai esquecer.
Ainda explorando meu corpo com suas mãos e boca, Nícolas continua
essa tortura excitante. Meu corpo arde por ele e cada parte onde ele toca,
queima. Livre da única peça que ainda veste ele me penetrou. Senti-lo dentro de
mim é com estar completa. Finalmente me sinto realizada. E sim, ele é o homem
de minha vida.
Seus movimentos são lentos sobre mim e dentro mim. Quase me fazendo
implorar por mais. Sem dúvidas ele sabe o que está fazendo. Então meu quarto é
preenchido, pelo som de nossas respirações ofegantes e nossos gemidos de
prazer.
Nícolas me faz sentir sensações tão arrebatadoras e intensas, me amando
com maestria, força e ao mesmo tempo delicadeza. Me fazendo chegar ao clímax
ele diz:
— Olhe pra mim, quero ter seus olhos nos meus neste momento, pra não
esquecer a expressão em seu rosto enquanto te dou prazer — ele realmente gosta
de comandar na hora do amor e não podia ser diferente, alguém tão forte e tão
másculo, só poderia ser o alfa em uma relação e eu adoro isso nele. Mas só
quando eu quiser ele vai mandar em mim. Somente na cama.
Quando alcanço meu clímax, ele me encara com seus olhos verdes
orgulhosos de seu trabalho, então me beija e se entrega também ao seu prazer.
— Manuela Amaral, você ainda será minha ruína! — ficamos ali
abraçados, suados e exaustos do que sem dúvida é apenas o início de nossos
momentos maravilhosos de amor, acabamos adormecendo um nos braços do
outro.
Acordo com a luz do sol entrando no meu quarto. Nícolas me tem bem
apertada a seu corpo. Me movo tentando sair de seu abraço, olho em meu celular
e já são quase sete da manhã. Droga! Meus pais já estão acordados, tenho que
dar um jeito de Nícolas sair daqui, antes que alguém perceba.
Olho para ele que está dormindo profundamente e tem seus cabelos todos
bagunçados, inevitavelmente as lembranças da noite maravilhosa que tivemos
vêm à minha mente. E sinto meu corpo esquentar somente com a lembrança de
seus beijos, de suas carícias, de seu toque firme e ao mesmo tempo suave. Mas
agora o mais importante é tirá-lo daqui sem que ninguém perceba.
Me levanto e vou até a porta dar uma espiada. Não vejo ninguém no
corredor. Minha mãe só não veio me chamar porque ela sabe que chegamos tarde
ontem.
Volto para a cama e tento acordar Nícolas.
— Nick! Nick! — o chamo baixinho e o sacudo de leve. Ele acorda.
— Bom dia! — diz me agarrando e me jogando sobre a cama. Olhando
em meus olhos continua. — A melhor manhã de minha vida! Quero acordar assim
todos os dias! — E me beija. E mais uma vez é como nitroglicerina, basta um
toque para que meu corpo todo vibre por ele. Mas eu tenho que voltar a razão e
interrompo o beijo.
— Amor! Eu juro que tudo o que mais quero é continuar aqui em seus
braços. Mas já são quase sete horas e daqui a pouco minha mãe vai subir e me
acordar — digo e ele me dá um beijo bem demorado.
— Eu sei, não quero que tio Rodrigo se sinta ofendido — ele levanta e
meu corpo reclama a falta de seu calor na mesma hora. Veste suas calças, pega o
resto de sua roupa e vai até a porta. Eu o acompanho, usando um penhoar que
encontro pendurado perto da porta mesmo.
Ele abre a porta e antes de sair me beija mais uma vez.
Ouvimos uma porta se abrindo e damos de cara com Samantha saindo do
quarto de Brizio, usando a camisa dele e ele está a beijando também.
Nícolas e eu nos olhamos, não vai dar tempo de ele voltar para o quarto.
Meu irmão vê a gente! E vem em nossa direção pisando duro.
— O que você faz saindo de fininho do quarto de minha irmã? — ele
pergunta furioso.
— Provavelmente a mesma coisa que Samantha, saindo de seu quarto
usando sua camisa! — digo ficando na frente de Nícolas.
— Eu não acredito que você teve coragem! Está aqui há apenas dois dias
e já foi parar na cama de Manu — ele diz chegando mais perto. — E você, não
vergonha na cara? Essa é a casa dos nossos pais! — ele vocifera apontando para
mim.
— Olha lá! Veja como fala com Manu! — Nícolas passa por mim indo
até meu irmão, a esta altura ele já largou a camisa e os sapatos que segurava nas
mãos.
— Que comentário machista, Brizio! — Samantha fala o puxando pelo
braço. — Não percebeu ainda, que Manuela não é mais uma menininha? Olhe
pra ela, Manu é uma mulher, e linda por sinal! Por que Nícolas não se
interessaria por ela?
— E você não se meta nisso! — ele responde de forma grosseira
Samantha que lhe dá um tapa na cara e vai para o quarto que divide com
Amanda.
— Acho que alguém aqui precisa de umas aulas de como tratar as
mulheres — digo para ele.
— E você de como se dar valor e não ir para a cama com qualquer um!
— ele nem bem termina de falar e Nícolas parte para cima dele. Os dois rolam
pelo chão, eu sei que Nick está se controlando para não machucar Brizio, já que
é um lutador profissional, mas meu irmão também é muito forte.
—Parem! — eu grito, mas eles não me ouvem. Samantha e Amanda saem
do quarto e ficam apavoradas. Eu faço a última coisa que queria.
— Paaaai! — grito a plenos pulmões torcendo para que ele ainda não
tenha saído para o campo.
Ele vem imediatamente e vê a cena.
— Mas o que... — ele diz e vai até os dois tentando separá-los.
Minha mãe vem logo em seguida.
— Oh meu Deus! — ela diz com uma das mãos sobre o coração.
Samantha, Amanda e eu ficamos ali olhando sem poder fazer nada. Então David
aparece e com sua ajuda os dois são separados.
— Me solta! — meu irmão diz ainda furioso. Nick está mais contido.
— Pare com isso agora, Brizio! — minha mãe grita. — Por que estão
brigando?
— Esse folgado tava saindo do quarto da Manu de fininho agora pela
manhã! — meu pai nos olha incrédulo na mesma hora.
Meu rosto pega fogo, eu quero que o chão se abra e que me engula nesta
hora.
— Por que você não diz pro tio Rodrigo que você viu isso quando eu
estava saindo do teu quarto pela manhã, Brizio? — Samantha fala deixando meu
irmão tão vermelho quanto eu. Agora meu pai olha para ele e para Samantha.
— Tio, eu ia falar com o senhor hoje, não pense que traí sua confiança...
— Cale-se! Estou digerindo isso tudo ainda! — meu pai falou olhando
duro para todos nós. — Quero que você pegue suas coisas e saia! — ele diz a
Nícolas e eu me desespero.
— Pai, não! Não mande o Nick embora! Eu o amo! Se ele for eu vou com
ele! — grito com meu pai e minha mãe começa a chorar. Mas então ela chama
meu pai e começa a falar com ele.
— Rodrigo, Renan e Sabrina estão chegando entre hoje e amanhã, como
vai explicar a eles que expulsou o filho deles daqui? — ele olha para mim. — E
depois, é de Nick que estamos falando. Quem melhor que ele para nossa filha?
Lembra, ele a salvou? — minha mãe realmente sabe lidar com meu pai. Ela vai
direto ao ponto, pois papai sempre diz que tem uma dívida eterna com Nícolas
desde que ele me salvou naquele dia na piscina.
O rosto de meu pai muda instantaneamente. Pensando no que minha mãe
falou.
— Quero você em meu escritório, agora! — ele fala para Nícolas em um
tom sério. — E você —ele aponta para Brizio —, assim que eu terminar de
conversar com ele, nós teremos uma conversa! — Meu irmão vai para o quarto,
Samantha estava indo atrás dele quando minha mãe a segurou pelo braço.
—Nana nina não! Você fica aqui mocinha quero conversar com você,
quero conversar com vocês. As três agora pro meu quarto.
— Mas tia eu não fiz nada! — Mandy fala.
— Não fez ainda, porque do jeito que você olha pra aquele bonitão ali,
vai fazer já já.
David olha para Mandy que está vermelha feito um tomate maduro.
Seguimos as três para o quarto onde minha mãe nos espera. E eu sei que
lá vem um sermão daqueles. Será que é tão difícil ver que eu não sou mais uma
menina? Sou uma mulher! E é isso que direi a ela.
Nícolas veste a camisa e vai até o escritório falar com papai, mas antes
me deu um beijo daqueles que transforma minhas pernas em macarrão cozido.
— Não fique preocupada, vou resolver tudo! — e sai.
Vou para o quarto onde minha mãe me espera com minhas primas, antes
de abrir a porta respiro fundo esperando pelo sermão, mas ouço alguns gritinhos
e risadas antes mesmo de entrar, então abro a porta e dou de cara com minha mãe
abraçando Samantha.
— Até que enfim meu filho encontrou alguém capaz de domar aquele
cavalo chucro que existe dentro dele!
— Mãe? Eu achei que iria ouvir um sermão daqueles...
— Filha, nem estou surpresa com o que aconteceu entre Nick e você, eu
já esperava por isso, o jeito como vocês se olhavam quando achavam que
ninguém estava prestando atenção.
— Pelo visto a senhora estava prestando bem atenção!
— Claro! Você é minha filha! — ela diz e vem me abraçar. — Agora a
Sam e o Brizio? Isso sim que é surpresa e das boas! — ela termina e todas
rimos.
Estou mais tranquila, pelo menos o apoio de minha mãe eu tenho e como
papai não sabe dizer não a ela, eu sei que meu pai não vai expulsá-lo daqui,
muito menos separar a gente.
Desço a escada como se meus pés fossem feitos de chumbo. Jamais
pensei em fazer Manuela passar por isso. Vi em seus olhos o constrangimento
que ela sentiu.
Mas não me arrependo de nada, pois com ela tive o melhor momento da
minha vida, nunca imaginei que um dia fosse sentir algo tão intenso por alguém.
O que sinto por ela é tão forte que até me assusta. É o sentimento mais puro e
verdadeiro que eu já senti e em tão pouco tempo ela se tornou tudo para mim.
Tudo de repente ficou em segundo plano, minha carreira, meus
treinamentos, tudo. Ela agora está no topo da minha lista e nada é mais
importante que ela.
É isso! Vou falar para meu tio como me sinto em relação a Manuela e ele
vai entender.
Paro em frente a porta do escritório, tomo uma respiração profunda e
bato duas vezes.
— Entre! — meu tio fala lá de dentro. Abro a porta devagar, ainda
tomando coragem para encará-lo. Eu gosto muito dele e sinto muito que tudo isso
tenha acontecido dessa maneira. Então decido ir direto ao assunto.
— Tio, eu sinto muito que as coisas tenham acontecido assim...
— Sente-se, vamos conversar com calma. — Ele aponta para a cadeira.
— Você me decepcionou. Te recebi em minha casa e você desrespeitou minha
filha.
— Tio, me desculpe, mas eu não fiz nada que Manuela não quisesse. Não
faltei com respeito a ela...
— Ainda não acabei de falar! — ele me interrompe. — Sei que vocês
são jovens, também já fui jovem. Mas não acha que estão indo rápido demais?
Você chegou ontem em minha casa!
— Sei que tudo foi repentino, mas realmente estou apaixonado por
Manuela. Nunca imaginei sentir algo tão forte por alguém. Quando a vi chegando
naquele cavalo, eu soube naquela hora que ela era a mulher da minha vida! Não
me pergunte como eu sei, eu só sei. Sou jovem, mas nem tanto. Sei que tive
muitas mulheres e nenhuma entrou aqui. — Bato no meu peito. — Pode ser que o
tempo foi curto, mas eu sei. Eu amo a Manuela — abro meu coração para ele.
Por um tempo ele fica em silêncio, apenas me estudando.
— Vejo sinceridade quando você fala de Manu e pela maneira que ela te
defendeu, suponho que ela também se sinta assim.
— Eu creio que sim ou não teria acontecido nada entre nós, ela era
virgem e...
— Nícolas, por favor! É de minha filha que estamos falando! — ele me
repreende. — Não preciso saber os detalhes! Mas quero pedir uma coisa, vão
com calma!
— Desculpe, só quero ser o mais sincero possível. Tio, estou apaixonado
por sua filha. Realmente quero ter um relacionamento sério com ela e eu ficaria
muito feliz em ter a sua aprovação — espero por sua resposta.
— Já é a hora de entender que minha menina, não é mais uma menina e
você sabe o quanto gosto de você. Só sinto, porque do jeito que ela olhava pra
você, em breve minha garotinha irá embora — ele diz isso e posso perceber a
tristeza e ao mesmo tempo alegria em sua voz. Em seguida ele dá a volta em sua
mesa e vem me dar um abraço.
— Agora só tenho que me entender com meu primo — tio Rodrigo
concorda.
— Não se preocupe, deixe isso comigo. Agora vá falar com minha filha,
se a conheço bem, ela deve estar esperando bem ali — ele aponta para a porta
—, aflita achando que estou te escorraçando daqui.
Saio daquele escritório bem mais aliviado e encontro Manuela me
esperando do lado de fora. Assim que me vê ela vem correndo e me abraça.
— Fique calma, tudo já foi resolvido! Não precisamos nos preocupar.
Tio Rodrigo aceitou que estamos juntos agora — ela me beija. Ouvimos alguém
pigarreando atrás de nós e nos separamos.
Manuela vai até o pai e o abraça.
— Obrigada, paizinho! Eu te amo!
— Também te amo, meu amor!
Depois que tio Rodrigo nos deixa a sós, eu preciso falar com Manu, algo
que está me preocupando.
— Amor, vem cá! — ela senta em meu colo enquanto estamos no
escritório. — Sobre o que aconteceu entre nós, foi ótimo, maravilhoso, mas não
tomamos nenhum tipo de precaução. Você está me entendendo?
— Sim! — ela fala séria.
— Não me entenda mal, se você ficar grávida de um filho meu, eu seria o
homem mais feliz do mundo, mas não creio que seja o que quer agora.
— Amor, não se preocupe com isso, eu tomo pílula para amenizar as
cólicas menstruais e quanto a doenças, você sabe que eu nunca estive com
ninguém.
— Quanto a mim, também está segura, faço exames periódicos e nunca
transei sem usar preservativo.
— Só ontem!
— Sim, só ontem, pra você ver o que faz comigo. Nem consigo pensar
direito quando estou com você — a beijo e agora estou mais tranquilo, pois
tenho a aprovação de tio Rodrigo, sei que isso é importante para Manu, pois ela
ama demais o pai.
Depois de tudo resolvido, vou até o meu quarto e tomo um banho. Tudo o
que mais quero é ficar dormindo o dia todo, mas meu treinador tem algo bem
diferente em mente. Ele me levou para a corrida de cinco quilômetros, só para
não perder o costume. Alguns membros da equipe me acompanham, inclusive
David.
— E então como foi a conversa com o sogro? — ele pergunta enquanto
corremos.
— Foi mais fácil do que pensei.
— Você deve estar mesmo envolvido com Manuela, nunca te vi agindo
assim e olha que nos conhecemos há muitos anos.
— Nick, movimenta esses braços, jebs no ar! — o treinador grita. Então
começo a correr fazendo o que ele mandou.
— Quem diria que eu teria que sair de Los Angeles e vir para o Brasil,
mais precisamente o interior de Santa Catarina, para conhecer a mulher da minha
vida?
— Nem me fale! — David diz um pouco desanimado.
— Nick! Jebs, jebs! — o treinador continua gritando. — Que moleza é
essa? Baker chega de conversa! Foco! Foco! — Paramos de conversar e nos
concentrados nos exercícios. Depois da corrida o treinador ainda montou um
tatame no salão de festas onde fizemos um treinamento básico, só para não ficar
parado durante as festas de fim de ano.
É quase meio-dia quando Manu aparece em nossa academia improvisada.
Os rapazes ainda estão montando alguns equipamentos. Como esteiras e
bicicletas, aparelhos para musculação etc.
— Isso aqui está realmente parecendo uma academia! — ela diz
chegando perto e me abraçando.
— Estou todo suado! — digo tentando a afastar.
— Não me importo! — ela me beija e todos que estão ali começam a
assoviar. — Acho melhor te deixar treinar, não quero ser expulsa daqui.
— Ninguém se atreveria — a puxo para mais perto e a beijo
apaixonadamente, quero que todos saibam que ela é minha e que tem liberdade
de estar comigo no momento em que quiser.
— Sério, tenho que ir, vim aqui apenas pra te convidar pra ir até a
cachoeira mais tarde. Todos iremos. Inclusive meu irmão, aquele teimoso, quero
muito que vocês se entendam.
— Eu vou, já estamos acabando por hoje.
— Não quero te atrapalhar.
— Amor, você nunca vai me atrapalhar! O treinamento sério só começa
depois das festas — ela está em minha frente e passa as mãos em meus cabelos.
— Saímos as duas — ela diz e sai enquanto os homens ficam ali babando
por ela. Por falar em babar, quem eu ainda não vi hoje foi Bryan.
— Ei, Baker onde está o Bryan? — pergunto.
— Provavelmente ainda dormindo, ontem ele bebeu todas, acho que não
o veremos tão cedo hoje — David me responde deixando o saco de pancadas de
lado.
— O que você acha desse passeio até a cachoeira? Estou um pouco
receoso, não sei qual será a atitude de Brizio. — Retiro minhas luvas, David
também está parando o treinamento. Gosto de trabalhar com ele. Não sei porque
ele não tentou fazer carreira como lutador, ele realmente é muito bom. Mas ele
disse que depois que saiu do último emprego, que era na CIA, queria algo mais
calmo, que não tivesse tantos riscos e começou a trabalhar em minha equipe
fazendo a segurança e me ajudando nos treinos.
— Também vou, assim evitamos maiores problemas — ele fala, mas sei
muito bem o motivo que o levou a ir nesse passeio também.
— Certo! Então você ao vai nesse passeio só para me ajudar? Uma certa
bailarina de cabelos negros não tem nada a ver com isso?
— Isso nem me passou pela cabeça!
— Não quero ser intrometido, mas vai com calma, ela é como uma irmã
pra mim. Não quero que ela sofra e se te conheço bem, é o que vai acabar
acontecendo — ele me dá um olhar duro.
— Cara podemos ser amigos, mas isso não te dá o direito de falar como
devo agir.
— Me desculpe, você tem razão. Não quis me intrometer, esqueça o que
eu disse. Vamos almoçar estou morrendo de fome.
— Nick! Não vá sair da dieta! — meu nutricionista fala. — Baker, fique
de olho.
É dia vinte e três de dezembro e hoje toda minha equipe está indo passar
as festividades com suas famílias e nos veremos somente no dia cinco de janeiro,
que é quando o treinamento de verdade começará.
Nos despedimos de todos que deixaram os equipamentos em condições
se uso e o treinador fez um cronograma para que eu não fique sem treinar.
David e Bryan ficarão comigo.
Bryan só tinha a irmã dele, que neste momento estou muito ocupada
gastando o dinheiro de seu ex-marido. E David, sua família está toda em
Washington para passar o Natal e Ano Novo juntos, seus pais, irmão, tios, avós e
primos, mas ele preferiu não ir. Eu sei o motivo, mas sempre que toco no assunto
acabamos brigando e eu não estou afim disso.
Estamos andando há uma meia hora, Brizio nem olha para mim e anda
bem a nossa frente. Parece que ele e Samantha ainda não tinham se entendido.
David e Amanda andam juntos, ele sempre a auxilia quando tem algum obstáculo
para atravessar no meio do caminho. Manu e eu andamos lado a lado de mãos
dadas.
— Vocês vão amar a cachoeira, é um lugar maravilhoso! — Manu fala
empolgada. — Já estamos chegando, conseguem ouvir o barulho da água?
—Sim, já dá pra ouvir — Samantha fala.
—Fica logo depois daquelas árvores.
Nos embrenhamos no meio da mata. O local era de difícil acesso. Muito
mato e insetos. Samantha não para de reclamar.
— Estou ouvindo o barulho da água tem um tempão, mas a gente não
chega nunca! Oh meu Deus! Isso aqui é incrível! — ela diz quando se depara
com a clareira. Vamos todos em sua direção e a paisagem é de tirar o fôlego!
A cachoeira fica bem no meio da mata rodeada por árvores enormes.
Tem uma queda de uns cinco ou seis metros e cai formando uma lagoa tão
transparente que é possível ver o fundo. É lindo demais!
— Agora digam se a caminhada não valeu a pena? — Manu diz me dando
um beijo. — Podemos deixar nossas coisas ali — ela aponta para um lageado,
onde se forma uma plataforma de pedras.
Deixamos as mochilas e o cooler com a comida e as bebidas ali. Tiramos
nossas roupas e ficamos com as roupas de banho.
Vou correndo e me jogo na lagoa. A água está ótima, as mulheres
demoram um pouco mais para entrar na água, vejo Sam e Manu conversando com
Mandy. Parece que estão tentando convencê-la a tirar a calça. David vai até lá e
as duas os deixam a sós.
Manu está linda usando seu biquíni vermelho, não sei o que ela tem com
essa cor, ontem usava um vestido vermelho e sua lingerie era também nesta cor.
Ela entra devagar na água e nada até o meio da lagoa onde eu estou.
— Oi!
— Oi! — respondo.
— Você vem sempre aqui, bonitão?
— Na verdade essa é a minha primeira vez.
— Hum, o que acha de algum dia virmos juntos aqui e sozinhos? — ela
pergunta com um sorriso maroto nos lábios, depois me beija. — Eu adoraria! —
ela fala em meu ouvido. E se estivéssemos sozinhos aqui, faríamos amor
primeiro dentro da água e depois sobre aquelas pedras. Mas por hoje o que me
resta é nadar.
David ainda não entrou na água, está fazendo companhia para Mandy que
também não quis entrar, Brizio ainda emburrado, está no topo da cachoeira e dá
um salto de lá. Assim que ele emergiu, Samantha vai até ele e lhe dá uns tapas.
— Seu idiota! Poderia ter se machucado! — ele a puxa para perto e a
beija em seguida.
— Está preocupada comigo? — pergunta e ela ao invés de responder o
agarra e o beija.
— Ei! Vão para outro lugar! — Manu grita e eles realmente saem de
nossa vista.
— Eles são loucos! — Manu fala.
— Nick! Amanda e eu estamos voltando. Ela está com um pouco de dor
na perna e não vamos entrar na água mesmo — David fala.
— Tudo bem! — eles saem levando suas mochilas.
Manu e eu ficamos sozinhos na cachoeira, já que Brizio e Sam
desapareceram no meio da mata.
— Vem comigo quero te mostrar uma coisa — ela me puxa pela mão me
levando para trás da cachoeira, onde há uma gruta. — Aqui teremos privacidade,
mesmo que meu irmão volte não vai nos ver.
— E por que você quer privacidade? — pergunto sabendo a resposta,
mas quero ouvir de sua boca. Ela não diz nada, apenas desamarra a parte se cima
de seu biquíni, deixando seus seios livres em minha frente. —Manu!
— Shiii — ela deixa o dedo indicador sobre minha boca. — Estou
pensando nisso desde o momento que chegamos aqui e você com esse corpo, não
me ajuda muito a pensar em outra coisa! — ela começa a beijar meu corpo. —
Quero que faça amor comigo aqui, agora! — ela não espera por minha resposta e
me devora em um beijo ardente. Envolvendo meu corpo com suas pernas, ainda
estamos dentro da água que chega até minha cintura.
A abraço e a deixo sobre uma pedra onde ela fica sentada, mas com as
pernas ainda rodeando meu corpo e continua a me beijar loucamente.
Passeio com minhas mãos por seu corpo sentindo a maciez de sua pele.
Ela se afasta, só o suficiente para me olhar e diz:
— Quero você agora, não me faça esperar, meu irmão pode voltar a
qualquer momento — ela começa a me beijar novamente, na boca, no pescoço
não resisto mais e desamarro a parte se baixo de seu biquíni. Ela me ajuda a tirar
a bermuda. A apoio contra as pedras, ela se abre para mim e mais uma vez
deslizo meu pau dentro dela e novamente a sensação quente me atinge como uma
droga e fico alucinado.
Manuela segura-se em mim enquanto eu me movimento, metendo nela sem
pensar em mais nada. A não ser em sua buceta apertada e molhada para mim.
— Tão gostosa! Manu eu nunca vou me satisfazer por completo com
você, sempre quero mais. — Seus seios maravilhosos que me dão água na boca,
não resisto e capturo um de seus mamilos com a boca, dando leves mordidas que
a fazem estremecer.
A seguro forte e acelero meus movimentos, ouvindo o barulho de minha
pélvis batendo na sua. Sentindo o quanto ela está perto, ela me agarra pelos
cabelos e me beija, invadindo minha boca com sua língua e com esse beijo
quente ela chega ao clímax, gemendo dentro de minha boca. Ela se separa de
mim ofegante e vejo seus olhos azuis se tornarem totalmente negros.
— Ai, meu Deus! Isso é muito bom — ela diz e se joga para trás,
deixando todo seu corpo a minha mercê.
E nesse momento gozo e é ainda melhor que antes. Ficamos ali olhando
um para o outro, ofegantes e saciados.
Meu coração acelerado e eu não posso estar mais feliz, tendo Manuela
em meus braços, por inteiro e sabendo que ela será somente minha.
Depois daquele dia na cachoeira as coisas mudaram um pouco, Brizio
acabou pedindo desculpas a Nick e os dois voltaram a ser amigos. Ele e
Samantha estão namorando firme, jamais imaginei que duas pessoas tão
diferentes pudessem se completar como eles.
Mandy e David que ainda estão naquele chove não molha. Naquele dia
em que saíram antes de nós na cachoeira, Mandy e ele estavam estranhos, não se
falavam mais e depois ele foi embora. Voltando somente um mês depois.
Mandy foi para Porto Alegre para a casa dos pais e acabou de voltar,
mas já disse que é por pouco tempo, pois ela e Samantha estão de viajem
marcada para a Califórnia onde Sam tem um trabalho. Isso tem deixado meu
irmão um pouco nervoso, pois descobrimos há quinze dias que Samantha está
grávida. E ele não quer se afastar dela, mas ela já explicou que este será seu
último trabalho e que ela já havia assinado um contrato.
O Natal e Ano Novo foi muito agitado por aqui. A família toda estava
presente. Meus avós, Júlio e Giovanna, meus tios Caleb e Helena, Renan e
Sabrina, pais de Nícolas e todos os primos adolescentes. O avô de Nick e sua
esposa também estavam aqui. Mas as filhas dele, Deborah e Sarah, não vieram,
pois estavam na África, em uma missão humanitária, aquelas duas sempre andam
por aí em algum lugar remoto, ajudando os mais necessitados.
Depois de alguns dias aqui todos partiram e voltamos a nossa rotina.
Já estamos no mês de março, o verão acabou e em breve Nick também
estar voltando para Los Angeles, a luta foi adiada, pois o seu adversário acabou
sofrendo uma lesão.
Mas ele terá que voltar em abril, pois tem alguns compromissos a
cumprir e eu estou morrendo de medo de que o que está acontecendo entre nós,
não seja apenas um amor de verão.
David e ele saíram pela manhã e ainda não voltaram, já passa das cinco
da tarde e daqui a pouco eu tenho que ir para a universidade. Devo sair logo,
pois as aulas são na cidade de Lages, e é um bom pedaço de chão pela frente.
Ele tem me levado todos os dias e depois vem me pegar, mas acho que
hoje vou dirigindo.
— Brizio! Não adianta, eu tenho que ir! Já assinei esse contrato há seis
meses! — Samantha entra na sala parecendo um furacão e Brizio vem atrás
segurando o chapéu nas mãos, bufando feito um touro bravo.
— Já te falei que não quero mulher minha tirando foto de biquíni pra
marmanjo ver! — ele fala e joga o chapéu no chão.
— E o que você vai fazer? Me amarrar ao pé da cama? — Samantha fala
colocando as duas mãos na cintura. — São só quinze dias! Eu até te convidei pra
vir comigo, mas você não quis!
— Amor, você está grávida, não deve fazer bem uma viagem longa como
essa — ele diz a abraçando.
— Ah não! Você não vai começar com isso de novo — Samantha diz se
soltando do seu abraço e saindo da sala.
— Mulher! Mulher! Volta aqui! — Brizio sai correndo atrás dela.
Eu fico na sala, sem acreditar no que vi. Eles estavam discutindo e nem
perceberam minha presença.
Amanda, desde que voltou, fica a maior parte do tempo trancada no
quarto. Só sai depois que os treinos de Nícolas acabam, aí ela vai para a
academia improvisada, correr um pouco na esteira e fazer seus alongamentos,
mas anda calada e fechada. Quase não conversamos desde o dia na cachoeira e
isso já tem três meses.
Vou para o meu quarto, tomo um banho e me arrumo para ir à
universidade.
Desço a escada e encontro minha mãe me esperando.
— Filha, já vai?
— Já! E estou super atrasada — digo saindo.
Pego a caminhonete e sigo dirigindo até a universidade.
Não consegui me concentrar na aula, pensando em Nícolas. Me acostumei
a sua presença nesses últimos meses. Sempre o vendo correr pela manhã e seu
treinamento pesado durante o resto do dia, mas a noite ele é todinho meu.
No começo meu pai implicou um pouco, mas logo se acostumou e vivia
repetindo: "Quando vocês vão casar? Não acho certo vocês dormirem juntos
todas as noites sem serem casados!"
Minha mãe sempre dizia que ele estava exagerando e que era para nos
deixar em paz.
Ainda bem que eles mudaram o foco, para Sam e Brizio assim que
descobriram que ela estava grávida.
A aula enfim terminou, estou indo para o estacionamento, quando
encontro Nícolas escorado no carro me esperando.
Lindo, de calças jeans uma camisa polo e um boné, que ele sempre usa
quando sai em público para não ser reconhecido, o que não adianta na maioria
das vezes.
Assim que me vê ele vem em minha direção, me aperta em seus braços e
me dá um daqueles beijos que faz meu cérebro virar mingau.
— Tava, morrendo de saudade! — ele cheira meu pescoço. — Um dia
inteiro sem ver você, sem sentir seu cheiro, foi uma tortura pra mim.
— Fiquei te esperando, chegou a hora de sair e nada de você voltar.
— Tive uns assuntos pra resolver e demorou um pouco mais do que
pensei. Mas agora vamos sair daqui. Quero te levar a um lugar especial.
— Hum! O que me espera essa noite?
— Uma surpresa! — ele diz e pega as chaves da caminhonete.
Vamos para um restaurante e temos um jantar super romântico, desde que
estamos juntos essa e a segunda vez que ele me leva para jantar, devido aos seus
treinos quase não tivemos tempo para sair. O restaurante é bem romântico. Tem
até música ao vivo.
Depois do jantar Nícolas me convida para dançar. Dançamos duas
músicas e voltamos para a mesa.
— Você está estranho! — digo percebendo seu nervosismo.
— Estranho? Estou normal! — ele desconversa, então vejo um violinista
se aproximar de nossa mesa e não acredito! Será o que estou pensando?
Não, estamos juntos há apenas três meses. Mas então minhas suspeitas se
tornam realidade, quando vejo Nícolas levantar de sua cadeira e se ajoelhar em
minha frente segurando uma caixinha de veludo aberta e dentro eu vejo o anel
mais lindo do mundo. É um solitário lindo! Mas no lugar do diamante há uma
safira maravilhosa!
— Manuela, sei que pode achar que é precipitado, mas eu tenho certeza
de que você é a mulher da minha vida! Desde o dia em que te vi chegando sobre
aquele cavalo, eu soube aqui dentro de mim—ele aponta para seu coração—,
que fomos feitos um para o outro e nunca haverá mais ninguém pra mim. Você é
meu sol, meu mundo, o ar que respiro e não quero voltar para Los Angeles sem
você! Você é a primeira pessoa em que penso ao acordar e a última a ocupar
meus pensamentos antes de dormir. Se isso não é amor, então não sei o que é! Eu
te amo! Quero que seja minha esposa! Aceita se casar comigo? — a essa altura
em meus olhos já há uma inundação causada pelas lágrimas. Meu coração bate
em meu peito tão depressa que eu mal consigo respirar. A resposta está presa em
minha garganta, mas eu não consigo falar, tamanha a emoção. Eu também o amo e
sei que ele é o amor de minha vida.
— Sim! — finalmente digo, ele coloca o anel em meu dedo e me beija
apaixonadamente. — Eu te amo! — o beijo novamente.
Em seguida ele me leva para um hotel, onde havia reservado uma suíte
para nós. Ao entrar, me deparo com um quarto completamente decorado com
rosas vermelhas por todos os lados, sobre a cama há um coração formado por
pétalas de rosas e dentro está escrito "eu te amo", também com as pétalas das
rosas.
— Que lindo! Não sabia que vice era tão romântico! — o abraço e
ficando na ponta dos pés, esfregando nossos narizes.
— Por você, eu faço qualquer coisa! Eu nunca pensei que um dia iria
amar alguém ao ponto de não ser mais dono de mim e isso aconteceu em tão
pouco tempo que confesso que tenho um pouco de medo — ele diz e me beija.
No começo um beijo terno e gentil, mas que logo se torna quente e faminto, com
Nícolas invadindo minha boca com sua língua. Eu retribuo o beijo com a mesma
paixão, segurando em seus cabelos o trazendo para mais perto de mim, colando
nossos corpos. Ele me abraça pela cintura me erguendo e ficamos os dois ao
mesmo nível.
Então ele me olha nos olhos e posso ver que ele está emocionado. E não
é a única coisa que vejo, também tem paixão, desejo e acima de tudo, amor. Sim,
eu vejo o quanto ele me ama e isso me faz a mulher mais feliz do mundo!
Ele me beija e começa a tirar minha blusa, soltando meu cabelo em
seguida. Sentindo o cheiro dele.
— Eu amo sentir o seu cheiro — me beija no pescoço —, sua pele macia
— passa o polegar em meus lábios —, beijar essa sua boca carnuda e gostosa —
e me devora em um beijo.
Ele retira o resto de minhas roupas e me deita delicadamente sobre a
cama e fica de pé em minha frente admirando meu corpo. Com esse seu olhar de
desejo me sinto a mulher mais linda do mundo!
O vejo tirar lentamente cada peça de roupa, ficando nu em minha frente,
eu admiro seu corpo perfeito e me sinto tão sortuda por ele ser todo meu.
Levanto meus braços o convidando para deitar comigo, ele vem e começa
a me beijar, primeiro na boca, descendo para meu pescoço e depois para meus
seios, onde ele me deixa louca com suas carícias, mas não se demorando muito
ali e ele continua com sua trilha de beijos por meu estômago e barriga, descendo
ainda mais sinto sua respiração em minha pélvis, ele me beija intimamente me
fazendo sentir coisas indescritíveis, só parando quando eu sinto uma explosão de
prazer tão forte que não consigo segurar minha voz e acabo gritando, tamanho o
orgasmo que ele me faz sentir.
Meu coração ainda está acelerado e minha respiração ofegante quando
ele se posiciona sobre meu corpo, me beijando e me preenchendo
completamente, me amando como se essa fosse a última vez.
Me entrego a ele sem reservas sabendo que ele será o único para sempre
em minha vida. O enlaço com minhas pernas e braços sentindo sua pele suada
sob meu toque. A cada movimento eu me sinto mais perto de outro orgasmo e ele
sabe muito bem o que está fazendo.
Mais uma vez chegando ao clímax e sentindo meu coração batendo a mil
por hora, o aperto mais em meus braços, sem nem perceber que minhas unhas
estavam rasgando sua pele. Ele também chega ao seu prazer final e cai exausto a
meu lado.
— Será que vai ser sempre assim? Tão bom entre a gente? — pergunto
me apoiando em meu cotovelo.
Ele se vira ainda ofegante e fala olhando em meus olhos.
— Eu sei que vai! — ele me agarra e me deita sobre seu corpo. — Eu te
amo!
— Eu também te amo! — Ficamos assim abraçados e eu ouvindo as
batidas de seu coração.
Ao chegarmos em casa vejo que a família toda estava reunida na sala,
como se estivessem nos esperando.
— Vocês sabiam, não sabiam? — pergunto para meus pais.
— Pra quem você acha que ele pediu a sua mão? — meu pai fala vindo
em nossa direção. — Sinceramente, acho isso um pouco precipitado, mas
Nícolas acabou me convencendo do quanto ama você e quero que seja muito
feliz minha filha — dizendo isso ele me abraça.
— Obrigada pai! Mas o senhor vivia dizendo pra gente casar logo —
papai ri.
— Querida, nem posso acreditar que em um mês vocês estarão casados!
— minha mãe diz e eu quase caio dura no chão.
— O quê? Um mês? — pergunto sem acreditar. — Nícolas, um mês?
— Amor, em maio devo estar de volta a Los Angeles e queria que quando
voltasse, estivéssemos casados.
— Mas é tão pouco tempo!
— Não se preocupe querida, vamos conseguir organizar tudo — minha
mãe fala.
— Mas e a universidade?
—Amor, você pode estudar lá.
— Você tem razão. Depois tudo se ajeita! O importante é estarmos juntos
—digo e nos beijamos.
No dia seguinte Samantha e Amanda foram para a Califórnia, elas ficarão
hospedadas na casa de Nícolas por quinze dias, é claro que meu querido e
teimoso irmão foi junto.
Mamãe e eu estamos preparando tudo para o casamento, marcamos para
o dia vinte de abril e temos que correr já que é vinte e cinco de março.
Nícolas e sua equipe continuam com seu treinamento a luta foi marcada
para quinze de julho e ele me prometeu que depois dela, iremos para Portugal
passar uns dias com minha avó.
Tranquei minha matrícula na universidade e agora estou me dedicando
totalmente ao meu casamento. Já comecei umas pesquisas para estudar em Los
Angeles. Nem pensar ficar dependendo de Nícolas. Quero ser independente.
Depois que passar a luta e voltarmos de Portugal, vou à luta com minha carreira.
Quanto ao casamento, quero uma cerimônia simples, só para a família,
nunca fui muito fã de festas e isso será o máximo que vou aguentar.
Graças a Deus, minhas primas retornaram! Eu não aguento mais minha
mãe. “De que cor você quer as flores?” “O bolo deve ter que recheio?” Eu vou
acabar ficando louca, para mim bastava o pastor e alguns parentes presentes, mas
para minha mãe isso tem que ser o acontecimento do ano. Então deixei que ela
organizasse tudo. O importante para mim é casar com Nícolas.
— Mãe, o que a senhora fizer pra mim está bom. Sabe que eu não
entendo dessas coisas. Pra mim basta que eu tenha um vestido e tudo estará bom.
A única coisa que exijo é que a decoração seja com rosas vermelhas.
— Mas filha o casamento é seu!
— Desde que o noivo não falte, o resto deixo contigo, juro que não tenho
paciência pra isso! — digo.
— Tudo bem eu cuido de tudo! Só não quero que venha reclamar depois.
— Mãe, eu sei que tudo vai ser perfeito! — digo a abraçando.
Os dias passam rápido e já faltam quinze dias para o meu casamento.
Meu Deus! Quanta ansiedade. Meu vestido já está pronto, mamãe e minhas
primas foram comigo para me ajudar a escolher.
Ele é perfeito, simples, mas elegante e é a minha cara. Um tomara-que-
caia com um corpete bordado em renda francesa e a saia rodada, lindo.
Agora é torcer para não chover, pois teremos uma cerimônia ao ar livre.
A cerimonialista que minha mãe contratou disse que a fazenda é linda e ideal
para um casamento a tarde.
Estamos chegando em casa depois de ter ido buscar nossos vestidos e
claro que minhas primas serão minhas damas de honra, quando estaciono o carro
em frente à nossa casa dou de cara com uma mulher agarrada a Nícolas.
— Mas, quem é aquela? — Amanda pergunta.
— É a irmã de Bryan, Lily Ann. Aquela vaca! — Samantha fala com
raiva.
— Sam! — gritamos as três ao mesmo tempo com ela.
— Sim, é isso o que ela é! A única coisa que interessa a ela, é dinheiro e
Nícolas tem isso de sobra. Ela vive dando em cima dele e agora que está
divorciada, vai pra cima dele com tudo! Preste atenção! É só um aviso!
Quando Sam me fala aquelas coisas, sinto um calafrio percorrer minha
espinha e meus pelos do braço arrepiam.
— Mas esse risco minha filha não corre, Nícolas é apaixonado por ela!
— minha mãe esclarece.
Saímos do carro e Nícolas imediatamente afasta a mulher que estava o
abraçando e vem em minha direção. Me beijando em seguida.
— Estava morrendo de saudade! — ele diz me abraçando e cheirando
meu cabelo. Ouvimos alguém pigarreando atrás de nós. — Ah, quero te
apresentar. Esta é Lily Ann, ela é irmã de Bryan e uma grande amiga. Lily essa é
Manuela, minha noiva.
— Prazer querida! Quando Bryan disse que Nick ia se casar eu quase caí
da cadeira, mas agora vendo você, entendo o porquê, você é linda! — ela diz me
abraçando e me dando dois beijos, um em cada lado de meu rosto, mas posso
sentir a falsidade em sua voz.
— Muito prazer, obrigada! Vamos entrar, você já foi acomodada em um
dos quartos?
— Sim, aquele moço lindo ali, já deixou minhas malas em um dos
quartos — ela fala apontando para Brizio que fica sem jeito. Assim que
Samantha vê isso, ela vai imediatamente para o lado de meu irmão.
Lá dentro minha mãe pede para uma das funcionárias da casa que nos
traga uma limonada. Nos acomodamos na sala e Lily Ann faz questão de sentar
ao lado de Nick e fica a todo momento passando a mão nele. Estou sentada do
outro lado e acabo percebendo seu desconforto. Ela aproveita cada mínima
oportunidade para estar tocando em Nick e isso já está me irritando.
— Amor, vamos até a varanda? — Nick me convida. Vou com ele e não
consigo disfarçar meu descontentamento com essa visita da irmã de Bryan. —
Por que está com essa cara? — ele me pergunta assim que sentamos na
namoradeira.
— Que cara? — pergunto virando para o outro lado.
— Esse bico enorme, aqui! — diz virando meu rosto para ele e passando
o dedo indicador em meus lábios. — Se tem alguma coisa a ver com Lily Ann,
foi ideia do irmão dela que viesse.
— Não gosto dela, me parece falsa e intrometida.
— Ela é uma boa pessoa, um tanto quanto fútil, mas não é má — Nick me
puxa para mais perto e me aperta ao seu corpo.
— Vocês já tiveram algum envolvimento? — pergunto, mas sei que a
reposta será positiva. Percebi isso pela maneira com que ela o olhava e pela
intimidade com a qual o tratava.
— Manuela, por que você quer saber isso?
— Me responde! — ele se afasta e levanta, ficando de costas para mim.
— Pelo jeito, a resposta é sim!
— Isso foi há muito tempo — ele fala virando novamente para mim. —
Foi um caso sem importância...
— Quero que ela vá embora! — digo a ele, enfática.
— Mas amor, ela é irmã de Bryan, não posso expulsá-la daqui, só porque
você está com ciúmes.
— Ciúmes? Se coloque em meu lugar. Vamos nos casar em alguns dias e
quem está aqui, entre os convidados? Sua ex-namorada. E se fosse eu? E se um
ex-namorado meu, ficasse hospedado debaixo do mesmo teto que eu, você iria
gostar?
— Não! Entendo você, mas me diga o que fazer? Ela veio de Los
Angeles para o casamento e você só tem que aguentar alguns dias, eu juro que
nunca senti nada por ela além de amizade! O que aconteceu entre nós foi logo
que cheguei em Los Angeles e foi depois de uma festa, eu bebi e...
— Não precisa me contar os detalhes, Nícolas! Eu vou fazer um esforço,
mas só porque não quero gerar constrangimentos.
— Obrigado amor! — ele diz me abraçando e me beijando e como
sempre com seus beijos eu esquecia até o que eu estava falando.

Eu nem acredito que finalmente chegou o dia! Toda a família está reunida
para o nosso casamento. Mas não pensem que foi fácil manter a calma esses
quatro dias. Essa Lily Ann é capaz de tirar qualquer um do sério. A toda hora se
intrometendo nas minhas escolhas, já não era fácil aguentar minha mãe a todo
minuto pedindo minha opinião, aí quando eu escolhia algo, ela vinha se meter,
com sua voz enjoativa e extremamente fina. Dizer que minha escolha não era boa.
Por várias vezes tive vontade de apertar o pescoço dela, mas Samantha me
impediu, até ela mesma querer estrangular Lily Ann, aí foi a vez de Mandy
segurá-la.
Está uma algazarra lá fora com todos os convidados se colocando em
seus lugares. Apenas a família e alguns amigos íntimos foram convidados.
Mandy, Sam e mamãe estão ajudando a me vestir, o maquiador e
cabeleireiro acabaram de sair do meu quarto. São três da tarde, o casamento está
marcado para as quatro.
Tudo está tão lindo, até mesmo o dia está maravilhoso.
Montaram um toldo e decoraram tudo com rosas vermelhas, como pedi.
Essa foi minha única exigência, queria rosas vermelhas. Inclusive meu buque é
de rosas vermelhas, igual a noite em que ele me pediu em casamento e eu
lembrarei dela para sempre.
— Chegou a hora! — Samantha fala segurando meu vestido. Retiro meu
robe e começo a vesti-lo. Meu coração começa a bater em minha garganta.
— É isso mesmo? Estou me casando hoje? — falo com a voz embargada.
—Prima! Um pouco tarde para ter dúvidas! — Sam fala e mamãe e
Mandy me olham imediatamente.
— Não estou em dúvida, só um pouco nervosa! — falo enquanto minha
mãe me ajuda a abotoar o vestido. Depois me vira para ela e diz:
— É normal se sentir assim, afinal é um passo muito grande. Mas você e
Nícolas se amam e serão felizes! — ela diz e meus olhos se enchem de lágrimas.
— Ah não! Nem pense em chorar, você vai borrar toda sua maquiagem
— finalmente ouço Amanda falar alguma coisa.
— Tudo bem! Hoje é o dia mais feliz de minha vida! — respiro fundo. —
Tudo está perfeito, tenho um homem lindo e maravilhoso me esperando no altar e
serei muito, muito feliz ao seu lado! — pego meu buquê.
Alguém bate na porta, mas antes que digamos qualquer coisa, Lily Ann
entra no quarto.
—Você está lindíssima! — ela fala segurando um copo de vinho. —
Consigo entender porque Nícolas te escolheu.
—O que você quer Lily? — Samantha pergunta rispidamente. — Por que
não está lá em baixo com os outros convidados?
— Calma, Samantha! Só vim desejar felicidades e eu não estava me
aguentando de curiosidade. Eu adoro vestidos de noiva.
— Tanto é que você já se casou três vezes — Sam completa.
— Confesso que apesar da simplicidade, o vestido é lindo e... — Ela
tropeça em não sei o quê e joga todo o vinho de sua taça em meu vestido. — Oh
meu Deus! Me perdoe! Eu não queria...
— Não queria uma ova! Você é mesmo uma vadia! — Samantha parte
para cima dela e agarra em seus cabelos. Aí está instaurada a confusão, minha
mãe tentando separar a briga, eu chorando pelo meu vestido, a Mandy tentando
me acalmar.
—O que está acontecendo aqui? — Brizio entra no quarto e separa Sam e
Lily, que estão completamente descabeladas. — Como você ousa bater em minha
mulher? Ela está grávida! — ele fala todo protetor.
— Mas foi ela quem veio pra cima de mim! — ela tenta se defender.
Então Nícolas entra no quarto e todas vêm para minha frente.
— Nícolas! O que faz aqui? Não sabe que dá azar o noivo ver a noiva
com seu vestido antes da cerimônia? — minha mãe fala.
— Eu ouvi a gritaria! — Ele está lindo usando seu terno e com os
cabelos penteados para trás, olhando para ele por um momento esqueço o que
aconteceu.
— Essa vadia derramou vinho no vestido de Manu, de propósito! — Sam
fala e Nick olha para Lily.
— Não é verdade Nick! Foi um acidente! — Lily se defende falando com
sua voz melosa. — Você acredita em mim, não acredita?
— Creio que deva ter sido só um acidente... Mas o que faz aqui? Deveria
estar lá em baixo com os outros convidados.
— Ah você vai dizer que acredita? — Sam fala furiosa. — Tira logo essa
desequilibrada daqui, antes que eu lhe dê umas bofetadas!
Nícolas tira Lily do quarto, mas antes de sair ele me olha e diz:
— Você está linda! Te espero lá em baixo! — depois me joga um beijo,
eu jogo outro e posso jurar que vi um sorrisinho cínico estampado na cara de
Lily.
Assim que eles saem, todas olhamos para o vestido, ele está totalmente
arruinado. Mamãe sai do quarto. Sam vai até o espelho e começa a arrumar
novamente o cabelo.
— Aquela vaca! Quem acredita que ela não fez de propósito? Eu que
não! — Samantha ainda estava resmungando quando mamãe entra no quarto
segurando um vestido lindo!
— Que vestido mais lindo! — Mandy fala.
— Sim! Mãe ele é maravilhoso!
— Eu tinha a esperança que usasse, mas aí você quis comprar um novo.
Eu até tinha mandado pra lavanderia. Não quis impor isso a você. Esse é o
vestido que me casei com seu pai — ela fala me entregando. — Pelo jeito era
pra você usá-lo mesmo!
— Mãe, ele é lindo! Se tivesse me dito que ainda tinha o vestido é claro
que eu aceitaria usá-lo, será uma honra! — Mandy já está desabotoando meu
vestido, eu o retiro, vestindo o outro em seguida.
— Parece que foi feito pra você! Ficou prefeito! — Sam fala ajeitando a
saia. Eu me viro para o espelho e vejo o quanto estou bonita, o outro vestido nem
se compara a esse. É um tomara que caia com decote reto, corpete todo bordado
com algumas flores e bem apertado, terminando em uma saia bem volumosa, é
perfeito!
— Você está maravilhosa! — mamãe fala com lágrimas nos olhos.
— Sim! Tudo está perfeito! — então ela olha para o meu rosto. — Só que
não! Veja essa maquiagem!
— Sam, deixa que eu vou chamar o maquiador novamente, enquanto isso
dá um jeito nesse vestido. — Mandy sai e volta em seguida com o maquiador que
me deixa novamente linda e impecável.
Respiro fundo e vou até a porta do quarto. Minha prima Amanda abre e
meu pai está ali me esperando. Quando ele olha para mim, vejo seus olhos
brilhando.
— Seriam lágrimas o que vejo nos olhos de Rodrigo Amaral? —
pergunto em tom de brincadeira. Todas saem, mamãe dá um beijo nele antes de
nos deixar a sós.
— Foi um cisco que caiu em meus olhos — ele diz limpando-os.
—Sei.
— Você está linda! — meu pai fala emocionado.
— Obrigada! Mas é tudo por causa do vestido.
— Antes de irmos, tenho algo para você. —Ele pega uma caixa de
veludo e abre. O que tem dentro é o colar mais lindo que já vi. É um colar de
diamantes que tem bem no centro um pingente em formato de gota, uma safira
linda! — Você já está usando algo velho —eu pego o lencinho que minha avó
biológica materna me deu. — Algo emprestado —ele diz olhando para o vestido
de mamãe —, e agora algo azul. — Ele coloca o colar em meu pescoço.
— Obrigada pai! É lindo! Eu te amo!
— Também te amo! — ele fala com a voz embargada pela emoção e me
abraça. — Então, pronta?
— Pronta! — Descemos a escada e se não fosse o braço de meu pai
talvez eu já tivesse caído dura no chão, tamanha é a tremedeira de minhas pernas.
— Calma, filha! Nunca se esqueça, eu sempre estarei aqui pra você —
meu pai diz e me dá um beijo na testa.
—Eu sei! Eu sei!
Depois que deixo Manu no quarto com a mãe e nossas primas, saio com
Lily Ann e acho um lugar onde podemos ficar a sós.
— Nem pense que por um segundo acreditei no que você disse! Acha que
não percebi que fez aquilo de propósito? — a empurro para longe de mim.
— Você não pode se casar, ainda dá tempo, meu amor! — ela fala se
jogando em cima de mim.
— Nunca mais ouse me tocar e quero que fique bem longe de Manuela!
Assim que acabar a festa, quero que vá embora! — Só de pensar que ela pode
fazer mal à minha mulher, meu sangue ferve.
— Você não sente mais nada por mim? Lembra o quanto nos divertimos
juntos? — Lily agora se agarra em meu pescoço. — Dois anos, não foram dois
dias, nem duas semanas, foram dois anos! E você era louco por mim!
— Isso foi há muito tempo! — Tiro suas mãos de mim. — E se não me
engano você me deixou para ficar com um cara rico.
— Mas como eu ia saber que você também se tornaria riquíssimo?
— E isso é o que mais te interessa, não é? Só que eu nunca te amei. Hoje
eu sei o que significa amar verdadeiramente alguém e o que senti por você não é
nem um por cento do que sinto por Manuela. Eu seria capaz de qualquer coisa
por ela, de matar ou de morrer, minha vida é totalmente dela. Então pense muito
bem antes de tentar fazer algo contra ela. — Aponto o dedo indicador para ela.
— Agora vá e não chegue muito perto de nós.
— Isso não vai ficar assim! — ela diz e sai.
— Ei! Onde você estava? — a cerimonialista me chama. — O casamento
vai começar e sem o noivo não dá, né? — Ela me pega pelo braço e me leva até
o altar, onde o pastor já está nos esperando e advinha só quem é? Meu avô
Sebastião, sim o próprio! Ele fez questão de celebrar o casamento.
Ao contrário do que todos acham, estou muito tranquilo, como não
estaria? Estou me casando com a mulher de minha vida. E não vejo a hora de vê-
la pisando nesse tapete vermelho, andando em minha direção.
Olho para as cadeiras onde estão todos os convidados. Minha amada
família, meus irmãos, Valentina e Francesco. Meus avós Carlos e Laura, Júlio e
Giovanna. A esposa do meu avô Esther. Meus pais estão ao meu lado no altar.
Tia Ruth já ocupa seu lugar como a mãe da noiva. Toda a minha equipe e alguns
amigos, poucos amigos da família.
Então vejo Manuela vindo de braços dados com seu pai, ela está
maravilhosa! É simplesmente a mulher mais linda do mundo e toda a minha
tranquilidade cai por terra ao vê-la sorrindo para mim.
Meu coração dispara e minha respiração está presa na garganta,
formando um nó, difícil de engolir.
Quando ela se posiciona na ponta do tapete vermelho, meu pai começa a
cantar uma música, eu nem havia percebido que ele segurava seu violão. A
música é muito bonita e é tudo o que eu queria dizer a ela. "Just the way you
are" do Bruno Mars.
Ela vem andando lentamente, olhando fixamente para mim, sorrindo e
lágrimas caindo de seus olhos, devido a emoção.
Eu mesmo não percebo que também estou chorando. Nunca imaginei que
seria assim vê-la vestida de noiva. Meu peito chega a doer de tão forte que meu
coração bate.
Aquele sorriso que de hoje em diante eu verei todos os dias ao acordar e
todas as noites antes de dormir e eu serei a causa dele sempre, sempre!
Ela chega perto e tio Rodrigo a solta de seu braço.
— Estou entregando a você o meu maior tesouro! — ele diz estendendo a
mão de Manuela a mim.
— A partir de hoje será o meu maior tesouro também! — digo beijando a
mão de Manuela sem tirar meus olhos dos seus.
De braços dados andamos até o altar onde meu avô Sebastião nos espera
com um sorriso largo.
Manuela entrega o buquê para Amanda que está no altar ao lado de
David. Do outro lado estavam Samantha e Fabrizio. Meu pai terminou de cantar
a música e se posicionou ao lado de minha mãe.
— Estamos todos aqui reunidos, neste belo fim de tarde, para celebrar a
união, de Manuela Amaral e de meu neto Nícolas Sullivan — meu avô começa a
celebração.
Todos seremos testemunhas desta união, que tem como base, o amor!
De todas as coisas que Deus nos deixou, três são muito importantes: a
fé, a esperança e o amor. Mas destas três a mais importante é o amor, pois sem
amor não há fé e sem a fé não há esperança. Assim como está escrito na Carta
de Paulo aos Coríntios. Onde ele fala sobre o amor:
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse
Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse
o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda
que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse
Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento
dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não
tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o
Amor não é invejoso, não trata com leviandade e não se ensoberbece, não se
porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita
mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão
aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que
é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino,
falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo
que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora
vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço
em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois,
permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o
Amor.”
Então ainda que tudo se acabe, o amor permanece. E aqui estão
Manuela e Nícolas que estão unindo suas vidas em matrimônio. Virem-se de
frente um para o outro, segurem suas mãos. Manuela repita comigo:
Eu Manuela Amaral...
— Eu Manuela Amaral, te aceito Nícolas Sullivan, como meu legítimo
esposo, para amá-lo e respeitá-lo, por todos os dias de minha vida. — Ao
terminar de falar ela pegou a aliança e colocou em meu dedo, beijando minha
mão em seguida.
— Agora você Nícolas, repita comigo: Eu Nícolas Sullivan...
— Eu Nícolas Sullivan, te aceito Manuela Amaral, como minha legítima
esposa, para amá-la e respeitá-la por todos os dias de minha vinha vida. — Foi
minha vez de pegar a aliança, minha mão treme tanto que quase a deixo cair, mas
com muito esforço e concentração consigo colocar no dedo de Manuela e assim
como ela, deposito um beijo em sua mão.
— Então eu agora os declaro, marido e esposa. Pode beijar a noiva! —
meu avô enfim diz, eu a seguro mais perto, acaricio seu rosto com as costas da
mão e lhe dou um beijo cheio de amor e todos aplaudem.
Descemos do altar sob uma chuva de pétalas de rosas e seguimos para a
tenda onde será realizada a festa.
Depois de intermináveis fotos para o álbum de casamento, enfim
pudemos ir aproveitar a festa. Meu pai contratou uma banda para tocar em nosso
casamento. Eles inclusive já estavam tocando algumas músicas.
Agora é chegada a hora dos cumprimentos e um a um, todos fazem
questão de nos parabenizar.
— Quero desejar toda a felicidade do mundo para vocês! — ninha mãe
diz pegando em nossas mãos.
— Se eles forem felizes, só a metade do que eu sou ao teu lado, já será o
bastante — meu pai fala e me abraça, depois abraça a Manu.
E continuamos ali enquanto a fila de pessoas para nos cumprimentar
diminuía.
— Enfim, acabou! — ela diz me abraçando e como sempre ficando na
ponta dos pés para me beijar. — Obrigada! Você está me fazendo a mulher mais
feliz do mundo. Eu te amo tanto! — e me beija novamente.
— Tenha certeza que você também está me fazendo o homem mais feliz
do mundo!
—Ei, casal! Vamos logo! A festa já começou! — Samantha vem correndo
e nos puxa pelas mãos até a pequena pista de dança que havia sido montada bem
no centro da tenda.
Olhamos para o pequeno palco onde a banda toca e Amanda está lá
segurando o microfone. Ela está linda usando seu vestido azul, igual ao de
Samantha.
—Eu não acredito! — Manu fala admirada. — Mandy sua louca! O que
você está fazendo aí?
— Eu sei que deve ser uma surpresa para todos eu estar aqui! Mas como
eu não sabia o que dar de presente para vocês, então decidi dar uma canção. E
nesta canção quero desejar toda a felicidade do mundo pra vocês. Nícolas meu
querido primo que amo como um irmão mais velho. E Manu, minha querida, que
é também como uma irmã, opa! Isso soou estranho! — todos riram. — Sem mais
delongas, pois já estou quase desistindo aqui. Tio Renan solta o som. — Meu pai
começa a tocar junto com a banda e por incrível que pareça, minha prima tem
uma bela voz. Ela e meu pai fazem um dueto.
Levo Manu para o centro da pista de dança e começamos a dançar nossa
primeira música como casal. Enquanto dançamos, eu aperto bem Manu em meus
braços e juro que posso sentir as batidas de seu coração.
— Acho que não é bem pra nós que Mandy está cantando essa música —
Manu fala ao meu ouvido. Olho para onde Mandy está olhando e vejo David
sentado em uma cadeira, olhando fixamente para ela.
— Sim, agora entendo.
— O que não está me contando? — ela pergunta curiosa.
— Ontem eu fiquei dormindo na mesma cabana que David e Bryan e
David chegou quando o dia estava quase amanhecendo.
— Eu vi Mandy chegando no quarto dela quase pela manhã também, você
acha que...
— Não quero achar nada! Muito menos pensar, ela é como minha irmã!
— ela ri e o som de sua risada encheu meu coração de alegria, quero ouvir
aquele som para sempre.
Depois da nossa dança, todos vêm para a pista e a festa segue noite a
dentro. Já passava da meia-noite quando Manu decide jogar o buquê.
Todas as garotas solteiras vão para a frente para ver quem pegará.
— Todas prontas? — Manu grita. Ela sobe no palco e fica de costas. —
Um, dois, três e... — Ela jogou o buquê e quem pegou foi Mandy, e olha que ela
nem estava junto com as outras garotas. Ela ficou bem escondida, mas mesmo
assim ela foi a felizarda. Todos aplaudiram e ela olhou diretamente para David,
que estava com cara de poucos amigos e depois saiu. Amanda que tinha um
sorriso estampado em seu rosto ficou séria e também saiu.
— Vamos sair daqui, pra mim essa festa já deu o que tinha que dar.
Quero ficar logo sozinho com você.
— Então vamos sair à francesa? — ela diz me dando um beijo.
— Só se for agora.
Chegamos à cabana que foi arrumada e decorada para nós. Uma cama
toda enfeitada com pétalas de rosas vermelhas. Champanhe no gelo.
— Mamãe achou que seria romântico! — ela diz e começa a desabotoar
o vestido. Vou em seguida até ela e a interrompo.
— Será um prazer fazer isso por você, meu amor! — digo enquanto
começo a desabotoar os milhares de botões. Quem em sã consciência, faria um
vestido assim? Me atrapalho um pouco, pois os botões são minúsculos e meus
dedos grandes demais!
— Algum problema aí? — ela pergunta virando levemente a cabeça para
me olhar.
— Não, já peguei o jeito! Abro um a um os botões do vestido,
deslizando-o por seu corpo até que ela esteja fora dele. O coloco delicadamente
sobre uma cadeira, mulheres gostam de guardar essas coisas, então cuido para
não o estragar. Me viro novamente para ela que está usando espartilhos e salto
alto. Nem em um milhão de anos eu verei cena mais sexy que essa em minha
frente.
Me aproximo, ela começa a me despir.
— Sua vez! — ela tira minha gravata e a joga longe. — Pronto para
nossa noite de núpcias, meu marido? — ela pergunta abrindo minha camisa e
depositando beijos a cada botão aberto.
— Mais do que pronto, minha esposa!
Acordo com a luz do sol em meu rosto. Nícolas não está ao meu lado,
abraço seu travesseiro que ainda está com seu cheiro, lembrando de nossos
beijos, de suas carícias que me deixaram louca!
Ontem ele foi maravilhoso, me amando com loucura, com paixão, mas
também foi tão terno e amoroso. Deito em seu travesseiro e fico mais um pouco
com as lembranças da noite passada. Ainda não posso acreditar que estou casada
com ele, apenas quatro meses depois de começarmos a namorar.
— Mas que loucura! — falo comigo mesma.
Ouço o barulho do chuveiro levanto e vou até o banheiro.
O encontro no box, ensaboando os cabelos, ele não percebe que estou ali.
Ando na ponta dos pés e entro no box com ele que está de costas para
mim. O abraço e então ele me vê. Se vira e me abraça também, me beijando em
seguida. Depois da noite de ontem achei que ele demoraria a acordar, mas ele
acordou primeiro que eu.
— Não é um pouco cedo para um cara da cidade?
— Contando que quase não dormi noite passada? Sim! E a culpa é toda
sua. Você é insaciável! — ele diz me puxando para perto.
— Pedindo arrego, bonitão? — falo o provocando.
— Jamais. Estou sempre pronto pra você — ele diz e me beija segurando
na parte traseira de minhas coxas e me erguendo sobre seu corpo. Eu o abraço
com braços e pernas. Nícolas me cola na parede sem parar de me beijar. —
Basta ver você para o meu corpo te desejar, você é linda! — ele diz descendo
com sua boca para meus seios, onde com uma mão ele acaricia um e com a boca
o outro. Oh meu Deus, ele é bom nisso!
— Amor, por favor! Não posso esperar mais! — digo ofegante segurando
seu rosto entre minhas mãos o beijando em seguida. Então o sinto dentro de mim
e como sempre ele me leva até o céu. Neste momento tudo o que quero é que ele
me ame e me faça sentir como a mulher mais desejada do mundo. E com seus
movimentos vigorosos é assim mesmo que me sinto. Aqui neste chuveiro, me
entrego totalmente a ele e ele a mim.
Quando chego ao orgasmo mais uma vez vejo um sorriso de satisfação se
formar em seu rosto.
— Como eu disse —fala ofegante —, sempre à disposição — ele
continua me amando até encontrar seu próprio prazer e ficamos ali parados sob
os jatos de água, ofegantes e saciados depois de mais um ato de amor.
— Eu te amo! — ele me beija.
— Também amo você!
Voltamos para a casa grande onde todos nos esperam. Ainda hoje
partiremos para Florianópolis, onde pegaremos o voo para os Estados Unidos.
Nick tem muitos compromissos por lá e não dava mais para adiar a viagem.
Depois do café da manhã, vou verificar se não esqueci de nada.
— Vou sentir tanto sua falta filha! — minha mãe me abraça chorando.
— Nós também! — Amanda e Samantha vieram me abraçar.
— Ei, vamos parar com essa choradeira ou eu também vou começar a
chorar — diz Brizio entrando no quarto. — E eu só vim ajudar com as malas.
— Onde está o papai?
— Está no escritório, adiando o inadiável — minha mãe fala.
Desço correndo a escada e bato na porta do escritório abrindo-a em
seguida. Olho lá dentro e encontro meu pai parado em frente à janela, segurando
um porta-retratos.
— Parece que foi ontem que você era aquela menina magricela de tranças
que vivia correndo por este lugar — ele fala sem olhar para mim. — Lembro
como se fosse ontem, o dia em que você caiu daquele salgueiro e quebrou o
braço.
— E você ficou tão nervoso, me vendo chorar. Ainda brigou com a
mamãe por ela estar tão calma — digo o abraçando.
— Sim, eu senti sua dor como se fosse a minha e me senti um inútil por
não ter evitado aquela dor. E agora estou com meu coração apertado. Você vai
pra tão longe. E se você precisar de mim? Como vai fazer? — ele começa a
chorar.
— Pai, eu não sou mais aquela garotinha que quebrou o braço!
— Pra mim você sempre será aquela menininha de tranças — ele dá um
beijo no topo de minha cabeça. — Eu sempre estarei aqui pra você, meu amor.
—Eu sei pai, eu sei!
Nícolas conversa com sua equipe e combinou tudo para a volta deles a
Los Angeles. Em seguida, partimos para o aeroporto de Florianópolis.
O voo saiu sem atrasos, o que é um milagre, já que voos sempre atrasam.
Partimos as onze da manhã. A viagem seguiu bem tranquila, sem maiores
transtornos, a não ser por Nícolas que teve que tomar um calmante. Só na hora
em que embarcamos ele me disse que tinha pavor de voar.
— Como você faz em suas viagens? — pergunto.
— Eu tomo um calmante — ele diz já com suas mãos trêmulas.
—E onde está esse calmante?
—Aqui!
—Por que não me disse antes? — pergunto chamando a comissária de
bordo.
— Fiquei com vergonha!
—Nícolas, por favor! Promete que nunca mais vai me esconder nada. —
A comissária entrega a ele o copo de água que pedi e ele toma o calmante.
—Eu juro! — ele diz assim que ela sai. Depois eu seguro em sua mão
enquanto o vejo suar frio durante a decolagem. Assim que o calmante faz efeito
Nícolas dorme, o que é melhor para ele.
Depois de doze horas de viagem, estamos no saguão do aeroporto de Los
Angeles. Aqui o dia está chegando ao fim, pois eram sete horas, mas ainda está
claro, por ser quase verão. E faz muito calor.
O motorista de Nícolas já está nos esperando e leva o carrinho com
nossas malas.
Eu nunca estive aqui, os únicos lugares fora do Brasil para onde já
visitei, foram quando fui visitar minha avó portuguesa no Alentejo, que é uma
região no sul do país, famosa por suas vinícola, e minha avô Luzia é dona de uma
delas. Depois fui para a Inglaterra fazer uma visita para minhas primas Samantha
e Amanda. Para os Estados Unidos é a primeira vez. E já estou vindo para morar
definitivamente aqui, pois meu marido, mora aqui.
Quando penso em Nícolas como meu marido não posso evitar de olhar
para meu dedo anelar onde estão o anel de noivado com aquela enorme pedra
azul e nossa aliança de casamento.
— Tudo bem? — ele pergunta me abraçando logo que senta ao meu lado.
— Só cansada — digo descansando minha cabeça em seu peito.
— Chegaremos logo em casa.
— Onde você mora? — pergunto percebendo que só agora me bateu a
curiosidade de saber onde ele mora.
—Em Malibu — ele fala como se algo natural.
—É claro que você mora em Malibu! — digo.
Enquanto seguimos rumo à nossa casa, fico olhando pela janela, a
paisagem linda. Passamos pelas praias e Nick vai me mostrando tudo.
— Vê ali em frente, é a praia de Santa Mônica, assim que tivermos um
tempinho quero trazer você aqui. É um dos meus lugares favoritos! — ele diz
enquanto aprecio a vista, a praia é linda e tem um píer enorme com aquela
imensa roda gigante. E é super movimentada.
— É linda! Vou cobrar de você, hein!
— Você vai gostar nossa casa! Eu espero. Tem uma vista maravilhosa e
basta abrir a porta para ter acesso à praia.
—Até parece que estou sonhando, quando ouço você dizer "nossa casa".
Mal posso acreditar que estamos mesmo casados! — ele me olha nos olhos e
diz:
— Manuela Amaral Sullivan, pode ter certeza que isso tudo é real e que
nunca uma mulher vai ser tão amada quanto você! — e me beija como sempre,
apaixonadamente.
— Chegamos! — ele diz e eu não posso acreditar no quanto a casa é
linda! Depois que passamos os portões, seguimos por uma pequena alameda de
palmeiras paramos na maior e mais bonita casa que já vi. Toda branca, com
janelas enormes que vão de uma parede a outra, arquitetura moderna e design
futurista.
— Oh meu Deus, ela é maravilhosa! — digo parando em frente à casa e
olhando admirada para tudo. Nick apenas me olha.
— Vem, vamos entrar — ele me convida e lá dentro é ainda mais bonito
o rol de entrada é enorme e o pé direito da casa então, é muito alto. — Isso é
perfeito! Tudo tão claro e iluminado! O que você tem com a cor branca? — digo
observando que a maioria dos móveis e estofados são nessa cor.
— Eu gosto, dá impressão de limpeza, de calmaria. Mas você pode
mudar tudo se quiser, afinal agora tudo isso é seu.
— Não vou mudar nada, eu gosto assim. A única coisa que vou mudar
será a nossa cama. Não vou dormir na mesma cama, onde você dormiu com
outras mulheres!
— Amor! Aqui nesta casa a única que vai ocupar minha cama será você,
eu nunca dormi com mulher nenhuma nesta casa.
— Melhor assim! — o abraço e olho bem dentro de seus olhos e vejo
cada tom de dourado que colore o verde deles. — Porque quero ser a única em
sua vida, sempre!
— Você já é! — nos beijamos.
Ele me leva até a porta que dá para a praia e não posso acreditar, é lindo,
apenas alguns passos nos separam da areia branca da praia. Tiro minhas
sandálias e saio correndo até chegar na areia.
— ISSO AQUI É LINDO! — grito a plenos pulmões enquanto giro com
meus braços abertos. Nícolas me ergue em seus braços e me leva para o mar
onde nos jogamos de roupa e tudo.
— Eu te amo! — ele diz e nos beijamos dentro do mar e eu não poderia
estar mais feliz!
Entramos completamente molhados e vejo um enorme labrador vindo em
nossa direção.
— Não acredito! Krypto? — falo me agachando e ele me deixa fazer um
carinho nele. — Veja só, ele tem quantos anos?
— Dezesseis! Já está velho e cansado, mas ainda é o meu companheiro.
— Ele é o cachorro mais velho do mundo! Mas é lindo! Não é Krypto?
— ele late e começa a me lamber. — Isso faz cócegas!
— Acho que ele gosta mais de você que de mim.
— Ciúmes?
— Sempre! Mas eu já esperava por isso, você é bonita demais para
competir por atenção, onde você entra se torna o centro das atenções. Você é,
sem dúvida, a mulher mais bonita do mundo!
— Exagerado! — Nícolas me ergue e me beija. Krypto late. — Acho que
ele está com ciúmes agora! — digo.

Já estamos aqui há duas semanas e nada poderia ser melhor, Nícolas é


super atencioso e me mima muito.
Como havia me prometido ele me levou ao píer de Santa Mônica, onde
almoçamos, depois andamos e tiramos várias fotos.
Todas as manhãs eu saio para correr na praia, Nick as vezes me
acompanha, mas quase sempre ele preferia ir sozinho, já que as seis da manhã
ele já começava seu treinamento e eu acordo um pouco mais tarde. Aqui em Los
Angeles fiquei mais preguiçosa e durmo até as nove, com os vários
compromissos que ele tem, vamos para a cama tarde.
E Bryan não sai do pé dele, sempre arrumando esses eventos para ir.
Outro dia ouvi os dois discutindo, Nick dizia que isso estava
atrapalhando seus treinos e era para diminuir um pouco o ritmo dos eventos.
Bryan não gostou nenhum pouco disso, mas acabou aceitando.
O dia da luta está chegando e Nick está muito tenso, pois o seu
adversário estava indo em todos os meios de comunicação, para provocá-lo. E
em todos os eventos de apresentação que os organizadores os colocavam
acabavam em confusão, pois o lutador Simon Stevens, mais conhecido como
"Hammer", era um cara que procurava confusão e vivia provocando Nick. Mas
ele sempre estava sob controle e nunca caía nas provocações, até hoje.
Estamos em Las Vegas, há um dia da luta e é chegada a hora da pesagem.
Simon começou a provocar Nick logo que se viram.
— Você está acabado! Esse é o meu ano, esse cinturão já é meu! — diz
provocando-o. Depois da pesagem tudo está em ordem, com os dois lutadores
aptos para a luta.
Eu fiquei junto com o pessoal da equipe, enquanto David e mais dois
seguranças estavam Nick.
Na hora da encarada, Simon disse algo, Nick olhou para mim e pude ver
o quanto ele estava furioso. Depois partiu para cima de Simon e David entrou em
ação, separando os dois. Todos os que estavam ali para ver a pesagem, vibraram
com isso.
Eu fiquei super preocupada, nunca vi Nick agir assim. Ele teve que ser
retirado de lá a força por David. Toda a equipe foi atrás e eu também. Quando
chegamos à sala que foi reservada para Nick ele estava furioso, parecia um
louco quebrando tudo!
— Eu vou matar aquele desgraçado! — ele grita socando as paredes. —
Ele não devia ter dito aquilo!
— Cara, fique calmo, você está assustando sua esposa! — David fala.
Nick olha para mim e imediatamente sua expressão muda.
— Me desculpe, amor! Não quis assustar você — ele me abraça.
— O que foi que ele disse? — pergunto curiosa e realmente preocupada,
o que foi que esse cara falou para que tirasse Nick do sério.
— Não foi nada, não se preocupe!
— Como assim? Nick você prometeu não me esconder nada, lembra?
— Pessoal vamos sair, o casal precisa de privacidade — o treinador fala
e todos saem.
— Ele disse que depois que acabasse comigo... ele... — Nick está
excitando.
— Nícolas, fala de uma vez!
— Ele falou que iria comer você em todas as posições a noite toda! E
isso me deixou louco! — ele diz e eu fico ali de boca aberta. — Você não vai
falar nada?
— Eu quero que você quebre a cara dele e exijo ver muito, mas muito
sangue dele amanhã no chão do octógono!
Estou me aquecendo para a luta enquanto Manu está sentada em meio à
torcida, junto com David. Pedi que ele ficasse ao lado dela o tempo todo e a
deixasse sentar bem na frente. Logo nas primeiras fileiras. Quero estar de olho
nela o tempo todo.
Minha luta será a última, pois é a disputa de cinturão e é a principal da
noite. Simon tem me provocado de todas as maneiras, no intuito de me tirar do
sério, ontem ele até conseguiu, pois faltou com o respeito à minha mulher e isso
eu não admito.
Mas hoje eu não preciso mais me segurar, hoje ele verá quem é o
verdadeiro Nícolas "Punhos de Aço!" Como me pediu Manuela, hoje terá muito
sangue dele neste octógono.
Chega a hora da luta, não posso dizer que estou tranquilo, porque tudo
pode acontecer dentro do octógono.
— Sullivan! Está na hora! — meu treinador diz. Depois de estar com as
luvas e calções prontos, visto o meu roupão e cubro minha cabeça com o capuz.
Meu adversário já está me esperando. Certo que vai acabar comigo hoje. Mas o
que ele não sabe é que estou mais que preparado para ele e não o pouparei.
Chegando à arena sou ovacionado pela torcida, enquanto ando pelo
corredor, ouvindo a música Numb do Linkin Park, a mesma que escuto desde a
primeira vez que entrei no octógono.
Meu coração bate a mil por hora, chego ao octógono e os árbitros me
verificam e veem que está tudo certo, estou usando o protetor bucal e genital,
todos estão em ordem, assim como as luvas. Passam um pouco de vaselina no
rosto para que o contato das luvas do outro lutador deslize e não me cause cortes
profundos. Subo os degraus e piso com o pé direito, no chão do cage.
Vou para meu canto e espero o locutor apresentar meu adversário.
— Senhoras e senhores hoje estamos aqui para assistir esta luta incrível.
A disputa do cinturão dos meio-pesados. Do meu lado esquerdo está o
desafiante, ele que tem em seu cartel, doze lutas, todas vencidas por nocaute!
Pesando noventa e dois quilos, com um metro e noventa de altura,
alcance de dois metros. Nascido em Dallas no Texas, Simon "Hammer " Stevens.
Neste momento toda a torcida começa a vaiá-lo, poucos são os que o
aplaudem, devido as suas provocações Simon acabou jogando a torcida contra
ele.
Chegou a hora de me apresentar.
"E agora do meu lado direito o campeão dos pesos-meio-pesados, com
um cartel invejável de vinte e quatro lutas e nenhuma derrota, venceu dezoito
por nocaute, dessas onze no primeiro round, quatro por nocaute técnico e duas
por finalização.
Pesando noventa e um quilos, com um metro e oitenta e sete de altura e
com um alcance de um e noventa e três. Ele nasceu na cidade do Rio de
Janeiro, estado do Rio de Janeiro, Brasil! Nícolaaaaas "Punhos de Aço
"Sullivan.”
Quando ouço meu nome, meu coração acelera e a torcida vai à loucura.
Tem muitos brasileiros aqui, apesar de estarmos em Las Vegas. O barulho é
ensurdecedor. Eu levanto meus braços e olho para todos os lados até encontrar
Manuela, que está ao lado de David, sorrindo para mim e me joga um beijo.
Eu o pego no ar e coloco a mão sobre meu coração e aponto para ela,
quero que ela saiba que a vitória de hoje é para ela, por ela.
Depois de apresentar o árbitro eles nos chamam no centro do octógono e
o árbitro nos fala as regras e é dado o início a luta.
Simon começa bem cauteloso, não vem procurar luta, ao contrário espera
que eu vá até ele.
O início da luta foi assim, os dois estudando um ao outro, até que ele
parte para cima de mim com jebs e cruzados e eu consigo me esquivar bem, lhe
acertando os contragolpes.
Eu quero acabar logo com essa luta, mas tenho que ser cauteloso, pois ele
é bom, estudei por meses seu estilo de luta. Um ótimo boxeador e também um
expert em muay thay.
Mas ele não conta que eu também tenho um ótimo boxe e sou especialista
em jiu jitsu. Treinei durante meses e esta será minha estratégia, levá-lo para o
chão e tentar uma finalização.
No primeiro round, tudo foi muito calmo, com poucos golpes
contundentes.
Mas no segundo, ele veio mais para cima de mim. Tentando a todo custo
me acertar, com socos e chutes, porém eu estou atento.
Em um momento da luta ele começa a me provocar, entre o protetor bucal
eu o ouço falar de Manu, do quanto ela é gostosa e isso me tira do sério.
Vou para cima dele como um louco e esse é meu pior erro, pois ele
aproveita esse momento de desconcentração, me acertando vários golpes. Meu
treinador grita como um louco.
— Sullivan, levanta essa guarda! Contragolpe!
Mas eu estou com muita raiva e quando acaba esse round, estou muito
machucado e com um corte no supercílio esquerdo.
—O que deu em você? — o treinador está furioso. — O que
conversamos? Ele vai te provocar, não caia nas provocações dele. Mantenha a
concentração, tente derrubá-lo, o jiu jitsu dele é fraco. Vamos acabar logo com
isso. Cara, você está deixando ele crescer na luta! Bora, concentre-se!
O terceiro round começa e desta vez fico mais atento, já é a hora desse
louco saber quem luta de verdade. Quando ele vem para cima de mim, consigo
acertar um chute alto e o derrubo no chão. Aproveito que ele ficou atordoado e
parto para cima dele com tudo, lhe acertando vários socos e é quando o árbitro
interfere acabando com a luta.
Eu saio correndo em direção as grades, pulo por cima delas procurando
por Manu, assim que a encontro corro até ela e a beijo.
Depois volto para o octógono onde o apresentador anuncia o resultado da
luta. Estamos um em cada lado dele. Simon com sua cabeça baixa, decepcionado
consigo mesmo, enquanto o apresentador ergue meu braço e o árbitro coloca o
cinturão em mim. Manu entra no octógono e nos abraçamos, comemorando juntos
com a equipe.
Após as entrevistas, fomos para o vestiário onde tomei um banho e
depois para o meu quarto de hotel. Quer dizer uma suíte presidencial no
Bellagio. Tudo um exagero de Bryan.
Ao chegarmos a nossa suíte eu tomo o maior susto quando encontro muita
gente lá dentro, bebendo dançando e uma música muito alta toca.
— Mas o que está acontecendo? — Manu grita em meu ouvido.
— Deve ter sido Bryan, ele sempre organiza essas festas depois que
venço uma luta. Me Esqueci de dizer para ele que desta vez não teria.
— Tudo bem, você merece! — ela diz e me beija. Eu me sinto orgulhoso
por tê-la ao meu lado, pois sei o quanto ela odeia festas, mas por mim ela está
aqui.
Enquanto andamos pela festa, sou parabenizado por muitas pessoas e nem
percebo que Manu se afasta de mim. Procuro por ela e a encontro conversando
com David e o pessoal da equipe, fico um pouco mais aliviado e posso dar
atenção aos meus patrocinadores que estão presentes na festa.
Após meia hora conversando com eles, enfim, posso ficar com minha
esposa.
A procuro por todos os lados, mas não a encontro.
— Hei, David! Você viu a Manu por aí? — pergunto já preocupado.
— Ela disse que ia até a varanda tomar um ar — ele me diz segurando
uma lata de refrigerante. Ele não bebe álcool, nunca!
— Obrigado, vou até lá! — Sigo pelo meio das pessoas em direção à
varanda, quando me aproximo, vejo um cara indo até ela. Espero para ver o que
ele pretende.
— Oi! — ele diz perto demais para o meu gosto. Manu se afasta e olha
para ele. — Estive olhando você a noite toda.
Ela olha para ele e sorri e meu coração aperta, acho que vou explodir,
tamanha a raiva e ciúme que sinto.
— É? — ela continua sorrindo e tenho vontade de matar os dois. —
Então volta pra lá e continua olhando. Não estou interessada! — quando a ouço
dizer isso sinto como se uma tonelada fosse tirada de cima de mim. Então vou até
a varanda.
— Oi amor, algum problema? — pergunto a abraçando e depois lhe dou
um beijo.
— Desculpa cara, não sabia que era sua esposa — ele diz e sai.
— Não posso deixar você por alguns minutos e já tem alguém totalmente
hipnotizado por sua beleza!
— Sugiro que você fique bem perto e não me deixe tanto tempo sozinha.
Sei bem me cuidar, mas prefiro você ao alcance de minhas mãos — ela fala e me
beija.
Durante a festa encontramos com Lily Ann, que faz questão de me
parabenizar, me dando um beijo, na boca! Manuela na mesma hora a empurra e a
joga longe, fazendo-a cair no chão.
— Sua louca! — Lily grita levantando do chão com a ajuda de Bryan. —
Eu só o cumprimentei pela vitória, sempre fiz isso! Diga a ela Nick!
— Lily, eu agora sou casado, não fica bem... — eu começo a falar, mas
Manu nem me deixa terminar e foi logo falando.
— Escute aqui, vadia! Esse homem é meu! Está vendo esse anel aqui? —
Ela mostrou a mão onde estavam o anel de noivado e a aliança de casamento. —
Isso aqui diz que ele é meu! E o que é meu eu não divido com ninguém! — Nunca
vi Manuela tão furiosa.
— Aproveite enquanto pode, ele também foi meu, por dois anos! Vamos
ver quanto tempo ele leva pra se cansar de você, assim como se cansou das
outras e acabou voltando pra mim! — Lily termina de falar e vi os olhos de
Manuela passarem do azul para o negro em segundos, ela dá uma bofetada em
Lily que a faz virar o rosto para o lado. Depois sai pisando duro sem olhar para
mim. Eu soube na hora que estava encrencado.
Dias antes do nosso casamento eu menti para ela dizendo que estive
apenas uma vez com Lily quando na verdade namoramos por dois anos, sem
contar as recaídas. Na hora só quis evitar aborrecimentos e agora ela está
magoada. Eu vi em seus olhos quando me olhou antes de atacar Lily.
— Bem pessoal, acho que a festa acabou, vamos, vamos saindo — David
fala e vai tirando todos dali.
Manuela se trancou no quarto.
— Não sabia que Manuela era tão ciumenta! — Bryan fala.
— Eu faria pior se um cara a beijasse em minha frente — digo. — Por
que fez isso Lily? Não fui claro o suficiente no dia do meu casamento? — Ela
está chorando, mas eu não acredito em suas lágrimas de crocodilo. — Não pense
que Manuela é como as outras garotas que você botou pra correr. Ela é a mulher
da minha vida e não vou desistir dela entendeu? Eu me casei com ela, porque a
amo! Fique longe de nós! — digo, caminhando até a porta e a abrindo. — Saia
daqui! — digo para Lily.
— Mas Nick eu...
— Agora! — grito com ela.
— Vem! Vamos embora! — Bryan a pega pelo braço e a tira dali.
— Manu tem toda a razão em estar magoada, Lily tentou humilhá-la —
David fala. — Vai até lá, vocês precisam conversar. Vejo você amanhã no
aeroporto. — Ele sai com o resto da equipe, mas antes de sair, cada um me dá
um tapa no ombro, como se soubessem o que eu enfrentaria me fazendo sentir
coragem.
— A Manu é uma menina legal, não merece ser magoada Nick — o
treinador fala e os rapazes da equipe me olham com consternação. — Pede
perdão. — Então todos saem.
Vou até a varanda e respiro a ar seco que vem do deserto, tomando
coragem para ir até o quarto e olhar aqueles olhos violeta, cheios de mágoa e
decepção.
Mas antes que eu vá até lá, Manu vem até a varanda falar comigo.
— Por que você mentiu? — ela pergunta atrás de mim. Não sei se
consigo encarar seu olhar agora. — Você prometeu que nunca me esconderia
nada — me viro para ela e vejo que seus olhos estão vermelhos de chorar e
aquilo me desmonta.
— Amor, não foi minha intenção, eu só não queria estragar nosso
casamento. Você estava tão feliz...
— Mas depois, por que não me contou? Você ainda a ama? — ela está
chorando.
— Não! Tivemos um relacionamento logo que eu vim para os Estados
Unidos, quando Bryan aceitou ser meu empresário. Eu era muito jovem...
— Também sou jovem. Isso significa que meu amor por você não
importa?
— Não é isso, Manuela. Eu estava deslumbrado com tudo isso, a fama
repentina, o dinheiro, tudo era novo para mim. Ela era bonita e cobiçada pelos
outros lutadores. Mas nunca a amei realmente, ela era mais como um troféu. Tudo
sempre foi muito turbulento com ela, nunca passávamos mais que dois dias sem
brigar, até que eu descobri que ela me traía com outro lutador.
— Mas vocês nunca mais ficaram juntos, não foi? — Manu chora, eu
acho que ela já sabe a resposta para essa pergunta.
— Sim, tivemos algumas recaídas, mas era só sexo. É você que eu amo!
Com você me sinto bem, me sinto completo — eu tento abraçá-la, mas ela se
afasta. — Amor, por favor...
— Não posso ficar com você essa noite. Me desculpe, mas não dá! Não
posso deitar ao seu lado sabendo que mentiu para mim! — Manuela limpa as
lágrimas com as costas da mão. — Preciso ficar sozinha!
— Não! Não aceito! Já pedi perdão! Não posso e não vou passar nem
mesmo uma noite longe de você! — corro até ela e a abraço, mas ela só fica ali
parada, não faz um movimento sequer. Seus braços pendem ao lado do corpo. Me
afasto e olho para ela, que não diz uma palavra, apenas entra no quarto e tranca a
porta.
Estamos de volta à Califórnia e há três dias Nick e eu não nos falamos.
Com a correria dos eventos e entrevistas que ele tem de comparecer só nos
vemos à noite e sempre faço questão de estar na cama quando ele chega. Finjo
que estou dormindo, para não ter que encará-lo.
O que ele fez me magoou muito. Mentiu para mim sobre ele e Lily. Isso
sem falar na humilhação que me fez passar naquele dia da luta.
Voltamos para casa e eu não disse uma palavra desde então.
O dia está muito bonito e como em todas as manhãs pego Krypto e vou
andar com ele pela praia.
Gostaria de correr, mas ele já está velhinho e mal aguenta caminhar.
O solto um pouco e ele brinca na areia com sua bolinha, me sento na
areia fofa e fico ali curtindo um pouco do sol da manhã.
Está muito difícil ficar sem falar com Nícolas, pois sinto sua falta a cada
segundo do meu dia. Sinto falta de seus beijos, de suas carícias, de fazer amor
com ele, de estar em seus braços fortes.
Quero esquecer isso, mas não consigo, é como se algo dentro de mim
tivesse quebrado. Aprendi desde pequena que confiança é um dos pilares de um
relacionamento, assim como o amor, o respeito e a admiração. Destes os
primeiros três eu tinha até demais por ele, mas a minha confiança está abalada.
Meu coração permanece apertado, eu preciso dele, mas sou orgulhosa
demais para ir até ele.
Papai sempre disse que esse meu jeito turrão ainda iria me fazer sofrer,
pois não aceito erros e tenho dificuldade em perdoar.
Algumas pessoas andam pela praia, são poucas, já que essa praia é
frequentada somente por quem tem casas por aqui. Krypto continua brincando
com sua bolinha, totalmente alheio ao que acontece ao seu redor.
— Bom dia! — um cara para em minha frente e me cumprimenta. Não
posso ver seu rosto, pois o sol está ofuscando minha visão. Levanto limpando a
areia de meus shorts e de minhas mãos, só então consigo ver seu rosto. Ele é
moreno, por pegar muito sol, eu acho. Ele é alto, atlético, muito bonito por sinal,
mas isso não é novidade por aqui. Acho que é o lugar onde tem mais pessoas
bonitas por metro quadrado.
— Bom dia! — respondo o cumprimentando.
— Você é nova por aqui, não é?
— Sim, moro logo ali! — aponto para minha casa, que deve estar a uns
trezentos metros.
— Aquela é a casa do lutador de MMA Nícolas Sullivan!
—Sim, ele é meu marido! Sou Manuela Sullivan! — digo.
—Uau! Eu não sabia que ele havia se casado! Tenho visto você quase
todas as manhãs na praia, mas só hoje tive coragem de vir falar com você, meu
nome é Alan, Alan Walker. Moro logo ali, naquela casa azul — ele me mostra
onde fica sua casa. — Diga a seu marido que estão convidados a me fazer uma
visita a qualquer momento. — Alan é muito simpático, gostei dele. — A vida por
aqui tende a ser solitária, um pouco de companhia sempre faz bem.
— Nem me fale! Ainda mais para alguém que nem é desse país.
— Você é brasileira?
— Sim. Nos casamos há quatro meses e como ele mora aqui...
— Você abandonou tudo e veio para cá com ele. Tem que ter muita
coragem para abandonar toda uma vida e vir para um país tão distante do nosso.
Com uma cultura bem diferente.
— No meu caso foi amor mesmo! — respondo. Algumas pessoas
passaram correndo por nós e nos acenavam.
Ficamos quase toda a manhã conversando, quando me dei conta já eram
onze da manhã e voltei para casa. Ao chegar encontro Nick arrumando as malas.
— Tenho que fazer uma pequena viagem, são só dois dias, mas não
queria ir assim, brigado com você. Amor me perdoa, estou arrependido. Eu te
amo! Não quis te magoar, só não queria estragar o nosso casamento, depois
acabei esquecendo, não fiz nada pensando em esconder algo de você, eu juro! —
ele me diz com seus belos olhos verdes suplicantes, já não aguento mais ficar
sem ele.
Então me jogo em cima dele mesmo estando suja de areia e o beijo. Ele
cai de costas sobre a cama comigo sobre seu corpo. Começo a abrir o botão de
sua calça e retiro sua camisa que estava por dentro dela. Ele também começa a
me despir, parecemos dois desesperados. Em questão de segundos estamos
completamente nus e não sei como aguentei ficar tanto tempo sem tocar em seu
corpo prefeito, ainda em cima dele, o olho nos olhos e digo:
— Eu amo tanto você! — e o beijo como uma louca desesperada, quero
senti-lo em meu corpo inteiro.
— Isso quer dizer que me perdoa? — ele me afasta para olhar para mim.
— Sim! Agora a única coisa que quero é que me foda, me foda com toda
a paixão e loucura que sentir, porque estou morrendo de saudade de ter você
dentro de mim — ele segura a parte de trás de minha cabeça, emaranhando os
dedos em meus cabelos e puxando-me para baixo onde juntamos nossas bocas
em um beijo ardente, uma confusão de dentes, línguas e lábios, tamanha a nossa
necessidade.
Nick inverte nossas posições ficando sobre mim me penetrando de uma
vez e me amando com loucura. E assim fazemos as pazes depois de nossa
primeira briga.
— Tava com tanta saudade de você. De sentir essa boceta apertando meu
pau. Ah Manuela você ainda vai acabar comigo. — Suas estocadas fortes me
levam a picos de prazer. Sua mão deslizando entre nós, acariciando meu clitóris
e então encontro meu prazer, gritando seu nome.
— Nícolas! — mordo seu ombro e o sinto gozar desabando seu corpo
sobre o meu.
Tomamos um banho juntos e ali no box do banheiro nos amamos mais
uma vez, eu adoro o quanto ele é forte, pois consegue me carregar nos braços de
um lado para outro.
— Conheci um cara na praia hoje, ele é nosso vizinho, Alan Walker. Ele
foi muito simpático comigo e nos convidou para lhe fazer uma visita qualquer dia
desses. — Eu estava ajudando Nick a arrumar a mala. Ele guarda uma camisa,
mas ao ouvir isso para e olha para mim.
— Não conheço ninguém com esse nome que more na vizinhança.
— Mas ele te conhecia e disse que estava me observando andar pela
praia há dias, mas só agora tinha tomado coragem de falar comigo — digo
fechando sua mala.
— Arrume sua mala, você vem comigo!
— Mas Nick, amanhã eu vou até a universidade fazer minha matrícula.
Para o próximo semestre! — argumento com ele.
— Manu, não discuta comigo, apenas arrume sua mala! — ele diz
autoritário. Não gosto nem um pouco da maneira como ele fala.
— Por que está falando assim, como um homem das cavernas? Eu já falei
que não vou, tenho um compromisso amanhã.
— Será que não quer ficar de papinho com o “senhor simpático”? — ele
diz segurando em meu braço.
— Larga meu braço agora! — ordeno e ele o faz. — Em primeiro lugar
eu não vou viajar com você, porque já marquei um compromisso para amanhã.
Em segundo lugar eu te amo e te respeito como meu marido. E em terceiro e
último lugar, mas não menos importante, você não manda em mim, Nícolas
Sullivan, nós temos um contrato de casamento e não de compra e venda, você
não me comprou, estou aqui de livre e espontânea vontade e não sou obrigada a
nada, nada! — digo muito brava, dessa vez ele conseguiu me tirar do sério.
— Você tem razão, me perdoe, mas quando ouvi você dizendo que falou
com outro homem, meu sangue ferveu, morro de ciúme de você, tenho tanto medo
de te perder! — ele diz me abraçando.
— Amor, eu amo você. Confie em mim. Afaste essa insegurança que só te
faz mal. Só nos faz mal e acaba nos fazendo brigar. Acabamos de fazer as pazes e
você já quer arrumar motivos para brigar outra vez.
— Sim, vou me esforçar, não quero mais brigar. Ficar sem você esses
dias foi uma tortura... Eu te amo demais, tanto que chega a doer! — Então me
beija possessivamente. — Vou sentir saudade!
— Eu também, mas o que são dois dias? — digo afagando seus cabelos.
— Passei três dias sem tocar em você e pra mim foi uma eternidade — o
beijo e ele me agarra pela cintura me apertando em seu corpo.
— Sullivan! Vamos perder o voo, anda logo! — Bryan grita.
— O dever me chama! — ele fala ofegante.
— Me liga assim que chegar! — digo e ele me beija mais uma vez e sai.
No dia seguinte o motorista me levou até a universidade. A U.C.L.A,
Universidade da Califórnia em Los Angeles. Dou uma olhada e decido cursar
administração, pois quando eu herdar a vinícola da vovó terei que saber como
gerir o negócio.
Depois de fazer minha matrícula volto para casa um pouco decepcionada,
pois só poderei começar em novembro, que é quando começava o semestre.
Almoço e depois de uma longa conversa com Nick ao telefone fui correr
na praia, desta vez Krypto não vai junto, ele está dormindo, exausto, em minha
cama.
Coloco um boné, óculos escuros e passo o protetor solar. Assim que
chego na praia começo os alongamentos e parto para a corrida.
Corro toda a extensão da praia e volto, quando estou quase chegando em
casa, Alan me alcança.
— E aí. Tudo bem? — ele pergunta correndo ao meu lado.
— Oi, tudo bem! Você também corre?
— Só as vezes, sou um preguiçoso, como todos os artistas! — paro de
correr para conversar com ele.
— Ah, é? E qual sua arte? — diminuo o ritmo para conversarmos.
— Sou pintor!
— Que legal, admiro muito quem consegue pintar, eu mal consigo
desenhar aqueles bonecos palitos, sabe? — ele ri. — Tenho uma tia que é uma
pintora famosa.
— Ah é? E qual o nome dela? — ele pergunta sentando na areia. Me
sento também.
— Helena Sullivan. Ela fez várias exposições em Londres.
— Sim já ouvi falar dela, não posso acreditar, Helena Sullivan é sua tia.
— E um tio cantor e outro que foi um jogador de futebol famoso, assim
como meu pai.
— Família importante!
— É bem difícil ser normal no meio de tanta gente famosa! — digo.
— Normal, você? Nunca! Não com esses raríssimos olhos e beleza
extraordinária!
Fico um pouco encabulada e tenho a leve impressão de que Alan está
dando em cima de mim.
— Acho melhor voltar pra casa! — me levanto e limpo a areia de meu
corpo.
— Me perdoe se te ofendi. Mas tudo o que falei foi como olhar de artista.
Não me leve a mal... — ele fala se desculpando.
— Não você não me ofendeu, mas tenho coisas a fazer. Tenha um bom
dia!
Volto correndo para casa e pensando bem é melhor não falar mais com
Alan, só hoje me dei conta do jeito que ele me olha e isso me deixou
desconfortável.
Nick volta de viagem e eu estou morrendo de saudade. Já estava deitada
quando ele chegou. Ele foi correndo tomar um banho vindo logo em seguida para
cama. Onde me amou apaixonadamente.
— Conseguiu se inscrever na U.C.L.A? — ele me pergunta me abraçando
e eu me aconchego em seu peito.
— Sim, mas em administração e o semestre começa em novembro — falo
e ele me aperta ainda mais em seus braços.
— E esse tal de Alan, não falou mais com ele? — penso se será melhor
contar ou não sobre a impressão que tive. Do jeito que Nícolas é ciumento, o
melhor é não dizer nada.
— O vi ontem. Mas não conversamos muito! — prefiro não contar.
Nos dias seguintes, Nícolas me acompanhava em minhas corridas e em
nenhuma das vezes, Alan apareceu. Achei estranho, pois ele sempre aparecia
nesse horário.
Estou em uma loja comprando algumas coisas para a casa, quando
saindo, acabo esbarrando em alguém e derrubando todas as sacolas.
—Perdão, não vi você e... — só quando olho para cima percebo em
quem esbarrei. — Alan?
— Manuela? Que coincidência! — Até demais! Penso. — Deixa eu te
ajudar! — ele pega minhas sacolas. — Posso te convidar para um café?
—Me desculpe, mas estou com muita pressa!
— Então posso te oferecer uma carona? — ele insiste.
— Olha só Alan! Quero deixar uma coisa bem clara. Sou casada e amo
meu marido e não fica bem eu tomar um café, ou aceitar sua carona! — digo
pegando minhas sacolas que estão em suas mãos. — Com licença!
—Algum problema, senhora? — Juan chega pegando minhas sacolas e
encarando Alan. Ele é enorme e causa medo nos bandidos com certeza. Já havia
servido no exército, mas há alguns anos trabalha para Nick como segurança. É
muito amigo de David, os dois se conheceram através do pai de David que era
um SEAL americano.
— Vamos para casa! — entro no carro e muito gentilmente Juan torna a
perguntar:
— Tudo bem, senhora?
— Tudo, Juan. Obrigada! Vamos pra casa por favor.
Durante o trajeto penso sobre as atitudes de Alan. Ele só aparece quando
Nick não está por perto o que acaba me causando desconfiança.
O que será que ele quer comigo?
Mas até agora, nada do que tenha feito me ofendeu ou me fez pensar que
ele quer ser mais que um amigo e decido dar uma chance a essa amizade, afinal
me sinto muito sozinha aqui, mas vou manter o pé atrás com ele, pois todo o
cuidado é pouco.
Quem sabe quando as aulas começarem, eu me sinta melhor. Estarei mais
ocupada.
— Aqui estão as informações que pediu sobre Alan Walker. — David
deixa um envelope sobre a mesa. — Só não entendi ainda o porquê disso tudo.
— Esse cara tem cercado minha mulher! Me condene por tentar protegê-
la! — digo enquanto examino a ficha dele.
— Bem, pelo que consegui investigar, ele não passa de um pintor
fracassado, está devendo até as cuecas e a casa dele vai a leilão em dois meses.
Ele até teve fama no início de sua carreira, mas o empresário ficou com a
maioria dos lucros e ele não conseguiu pintar mais nenhum quadro relevante —
David me conta. — Ah e durante os últimos anos ele vive se envolvendo com
mulheres mais velhas que tenham dinheiro para sustentar seus luxos.
— Um gigolô! — completo.
— Você vai contar para Manu?
— Não! Imagina a reação dela ao saber que estou investigando o cara?
— Quando vai ser a viagem para San Diego?
— Em dois ou três dias, estou esperando pela resposta de Bryan.
— E Lily?
— Nunca mais vi! Graças a Deus!
— Senhor, mandaram entregar isso! — Juan entra com um pacote. É um
envelope, parecido com o que David acabou de me entregar.
— Pode deixar aí na mesinha, depois eu vejo do que se trata! — ele faz o
que digo e sai. — Pronto para voltar ao Brasil?
— Sim, desta vez vou me acertar com Amanda, ela terá que me ouvir.
— David, Amanda não está no Brasil! — digo, mas é claro que ele já
sabe. Ela sumiu do mapa e há dois meses ninguém sabe onde ela está.
— Eu sei! Ela sumiu, não diz nem para a família onde está. Mas vou falar
com meu pai e Jake, eles ficaram de me ajudar a encontrá-la.
— Boa sorte! Espero que vocês realmente se entendam. Mantenha
contato! — nos despedimos e vou para o quarto, é estranho que Manu ainda
esteja deitada, já passa das dez da manhã.
Ontem ela estava bem, fizemos amor e ela logo pegou no sono. Será que a
cansei demais?
Abro a porta do quarto e vou até a cama, toco em seu rosto e ela está toda
molhada de suor e ardendo em febre. A enrolo nos lençóis e desço a escada com
ela nos braços.
— Juan! — chamo.
— Senhor!
— Tire o carro! Manuela tem que ir para o hospital agora!
Chegamos lá e ela é atendida imediatamente. Fico na sala de espera com
o coração na boca. Ando de um lado para outro e só depois de quarenta minutos
o médico vem falar comigo.
— Senhor Sullivan?
— Sou eu! — digo indo em direção ao médico.
— Sua esposa já está sendo medicada. Ela está com uma infecção no
ouvido e faz algum tempo. Ela não reclamava de dor?
— Não ela nunca disse nada! Mas não se preocupe, não é nada grave.
Basta ela tomar os antibióticos e ficará bem!
— Onde ela está?
— Está no ambulatório sendo medicada para baixar a febre, mas em duas
horas ela poderá ir para casa. Este aqui é o medicamento que ela deve tomar. —
O médico me entrega a receita e me leva até onde Manu está sendo atendida. A
vejo e percebo que ela está um pouco abatida.
— Amor, que susto você me deu! — digo a beijando. — Por que não me
disse que estava sentindo dor?
— Achei que fosse algo passageiro, por causa da água do mar.
— Graças a Deus, não foi nada grave. Mas quando vi você na cama
ardendo em febre, senti tanto medo! — a abraço e lhe dou um beijo em sua
cabeça.
Chegamos em casa e a deixo na cama para que fique em repouso, assim
como o médico mandou. Ela pega no sono logo em seguida.
Ligo para Bryan.
— Bryan, sou eu!
— Diga Nick!
— Preciso que você adie a viagem.
— Mas por quê? Marcamos isso há meses atrás e...
— Manu está doente e não posso deixá-la.
— O que ela tem? É grave?
— Infecção no ouvido, o médico falou que não é grave, mas não posso
deixá-la.
— Vou conversar com os patrocinadores e ver se consigo adiar, uma
semana está bom?
— Sim, creio que ela estará bem até lá.
— Ok!
— Me liga depois! — desligo o telefone e vou até o quarto, me deito ao
lado dela e fico ali velando seu sono enquanto acaricio seus belos cabelos.
Manu se recuperou bem da infecção e saímos para jantar. A levo a
restaurante que fica no píer de Santa Mônica, ela adora esse lugar. Depois que
jantamos, fomos andar pela orla.
— Esse lugar é lindo! — ela diz sorrindo.
— É sim!
— Amor quando vamos visitar minha avó em Portugal?
— Tenho que falar com os patrocinadores de San Diego, assinar esse
contrato, e estamos livres pra ir. Podemos ficar um mês inteiro por lá.
— Jura?
— Sim, e finalmente teremos nossa lua de mel!
— Que maravilha! — ela diz e me beija.
— Hoje não posso correr com você, tenho uma entrevista em um canal de
esportes, devo estar de volta à tarde — digo lhe dando um beijo. Ela se
espreguiça.
— Tudo bem, hoje vou apenas dar uma caminhada com Krypto. Estou um
pouco preguiçosa.
Termino de me vestir e saio. Estou no meio do caminho quando, Bryan
me liga.
— Cara, a entrevista foi cancelada! Parece que o apresentador do
programa não pode ir a mulher dele acabou de dar à luz. Ficou marcado para a
próxima semana.
— Tudo bem, obrigado por me avisar.
Na volta para casa, passo por uma floricultura e compro um buquê de
rosas para Manu, eu sei que ela ama rosas vermelhas.
Chego em casa e não encontro ela e nem Krypto, com certeza ainda não
voltaram da praia. Troco de roupa e vou procurar por eles.
E a cena que vejo me deixa fervendo de raiva. Manuela está de
conversinha com aquele gigolô desgraçado!
Vou até lá e a vontade que tenho é de quebrar todos os seus dentes por
estar sorrindo para minha esposa. Mas mantenho meu autocontrole.
— Oi! — digo chegando perto e a abraçando por trás e a beijando.
— Amor! O que houve?
— A entrevista foi cancelada! Não vai me apresentar seu amigo? — digo
olhando para o dito cujo.
— Esse é Alan Walker, Alan esse é...
— Nícolas Sullivan! Cara sou um grande fã! — ele diz pegando minha
mão. — A sua última luta foi demais!
— Obrigado! Foi um prazer é... Alan?
— Sim!
— Até qualquer dia! — me viro para Manu o ignorando completamente.
— Amor, vamos voltar, Krypto está muito velho pra passar tanto tempo fora de
casa! — pego em sua mão e sigo a puxando até em casa.
— Me solta! O que deu em você? — ela pergunta esfregando seu pulso.
— O que você fazia com aquele cara lá na praia? — pergunto furioso.
— Estávamos apenas conversando! — ela diz.
— Não quero que fale mais com ele! — digo.
— E o que vem depois? Vai me dizer como devo me vestir, vou precisar
de sua permissão para sair? Teremos grades nas portas e janelas? Você terá as
chaves de casa e só abrirá a porta, quando achar conveniente? Nícolas me
poupe! Não me venha com essa conversa machista da idade média! — ela fala
muito brava. Depois vira as costas para mim e sobe a escada.
— Manuela, não é isso! Espera, eu não acabei de falar! — vou correndo
atrás dela. Entro no quarto e ela está tirando as roupas. — Me escute, por favor!
— Nícolas, se você não quer brigar comigo, encerre esse assunto. Não
gosto que mandem em mim! Você é meu marido e não meu pai! Tá? — Manuela
passa por mim e vai ao banheiro. Vou atrás.
— Eu não gosto dele! Não gostei do jeito como ele olhava pra você, tive
vontade de socá-lo. Você é minha! Entendeu? Minha! — entro no box de roupa
mesmo e a agarro a beijando possessivamente, a seguro pela parte de trás de
suas coxas e ela me enlaça, prendendo suas pernas em minha cintura, abro o
zíper de minha calça e tiro meu pau. Encaixo em sua boceta e entro em seu
corpo. Ela agarra meus cabelos enquanto eu chupo seus mamilos com
voracidade. Ouço seus gemidos e estoco com força. Quero que ela sinta que seu
corpo é meu, neste momento eu quero extravasar toda a raiva e ciúme que senti
ao vê-la sorrindo para aquele cara e não sou nenhum pouco delicado, ao
contrário a amo com desespero, entrega, paixão e seus gritos e gemidos
preenchem o banheiro e me fazendo a querer mais e mais.
A viro de costas voltando seus seios na porcelana gelada das paredes.
Ela geme ao contato. Enfio meu pau e agora seguro seus cabelos.
— Você é minha, Manuela. Minha — bato minha pélvis com força em sua
bunda. A água do chuveiro caindo sobre nós enquanto a fodo com todo meu
tesão.
Minha mão está sobre seu clitóris, o estimulando, pois quero que ela goze
para mim e é o que acontece. Sinto ela estremecer de prazer, ofegando pedindo
por ar. Viro seu rosto para mim e a beijo, gozando logo em seguida, abafando
nossos gemidos de prazer nesse beijo.
Seguro sua cintura para que ela não caia e olho para ela que está ofegante
e toda marcada, dos beijos e mordidas que lhe dei.
— Me desculpe, não sei o que deu em mim! — digo e ela me abraça, sem
dizer uma única palavra, apenas me abraça e ficamos ali sob os jatos de água do
chuveiro, até acalmarmos as batidas de nossos corações.
Ela vai para o quarto enrolada na toalha e a sigo.
— Amor, me desculpe.
— O que foi aquilo Nícolas? O que fizemos no banheiro? Amor não foi...
— Eu não sei o que deu em mim.
— Você não estava me amando, parecia algum tipo de punição. Foi isso?
— Amor, eu jamais faria qualquer coisa que machucasse você. Me
perdoe — me aproximo dela e a beijo.
Retiro a toalha que cobre seu corpo, seguro seus seios em minhas mãos,
passando os polegares por seus mamilos. Desta vez quero amá-la como ela
merece. A ergo em meus braços e a deito na cama.
— Eu te amo. Vou demonstrar fazendo amor do jeito que você merece —
ela segura meu rosto entre as mãos.
— Então me ame Nícolas. Estou pronta pra você...
O aniversário de Manuela chega e a levo para jantar em um restaurante,
desses românticos que mulher gosta. Ela está linda usando um vestido vermelho,
sempre que a vejo usando essa cor eu fico louco! Parece ser sua cor favorita.
— Sabe que adoro quando você usa vermelho? — digo em seu ouvido e
depois lhe dou um beijo no pescoço.
— Por que você acha que uso? — ela diz me provocando.
— Eu tenho um presente — e entrego uma caixinha que ela abre e sua
expressão de espanto fez valer a pena todo o esforço que tive para encontrar esse
colar.
— Esse é o colar mais lindo que já vi! — ela diz passando os dedos
pelas pedras.
— Sei que não dá pra concorrer com o colar que tio Rodrigo te deu de
presente de casamento, mas esse escolhi para que sempre se lembre do seu
primeiro aniversário ao meu lado.
— Oh meu amor! Que coisa mais romântica! — ela diz dando a volta na
mesa, sentando no meu colo e me dando um beijo. Sem se importar com o que as
pessoas presentes ali vão achar. — Eu te amo!
— Também te amo! Posso? — pergunto pegando o colar. Ela afasta os
cabelos e eu o coloco em seu pescoço, dando um beijo em seguida.
Nesta noite dançamos, namoramos e como sempre depois de fazermos
amor, dormimos abraçados um ao outro.
Em dois dias eu tenho aquela maldita viagem para San Diego. Hoje
haverá uma festa aqui em casa para os patrocinadores, equipe e alguns
jornalistas.
Tudo organizado por Bryan. Manu não gostou muito, pois ele avisou em
cima da hora e não deixou que ela participasse da organização.
Alguns de nossos vizinhos famosos também foram convidados, inclusive
Alan Walker e eu não gostei nada disso.
— Você convidou aquele cara? — pergunto a Bryan.
— Não, quem é? — ele dá um gole em sua bebida.
— Um idiota, que tá dando em cima da Manu! — digo olhando fixamente
para o cara que está em uma rodinha de pessoas.
— Será que não está exagerando? Quem em sã consciência vai dar em
cima de sua mulher sem correr o risco de morrer? Só um louco, um demente! —
ele diz. — Relaxa Sullivan, vai se divertir.
Procuro Manu pela casa, mas antes que a encontre o patrocinador quis
dar uma palavrinha comigo. Ele é dono de uma das marcas de energético mais
conhecidas dos Estados Unidos e me escolheu como garoto propaganda. Esse
contrato me renderia milhões, o que não é ruim, já que e eu tenho uma equipe
inteira que depende de mim.
Ficamos conversando um tempo, um tempo muito longo e eu só consigo
pensar em minha esposa no meio de tanta gente desconhecida, fora Bryan e o
pessoal da equipe, que já tinha ido embora faz tempo, ela só conhece aquele
mala do Alan e eu não posso nem pensar nela conversando com ele, que meu
sangue já ferve.
Quando finalmente o empresário me libera, vou à procura de Manu. E a
encontro lá fora conversando, sabe com quem? Ele mesmo, o idiota-mor. Esse
cara gosta de viver perigosamente ou está querendo morrer.
Não penso duas vezes antes de ir até lá. Me aproximo, mas não consigo
ouvir o que o idiota está falando.
Ele fala algo colocando a mão no ombro de Manu e vejo tudo vermelho e
vou até eles.
— Tire a mão de cima dela! — falo enraivecido. Esse cara é mesmo um
folgado! e quer morrer!
— Nick? O que foi? — ela pergunta com seus olhos arregalados.
— Esse cara está com a mão em você e você não fala nada! — digo um
pouco exaltado, sorte que a música dentro da casa está alta e ninguém percebe o
que se passa aqui.
— Amor, quer parar com isso! Que vergonha! — ela fala e lágrimas
escorrem por seu rosto.
— Cara, me desculpe, mas Manu e eu somos apenas amigos, não existe
maldade na nossa amizade. Sinto muito se deu essa impressão! — Alan fala
colocando suas mãos em frente ao corpo. — Manu acho melhor eu ir embora
agora! — ele sai e Manu continua chorando.
— Eu falei que não gosto desse cara, mas você insiste em falar com ele.
O que ele fazia aqui? — a questiono.
— Eu sei lá! Bryan deve tê-lo convidado! — ela vira de costas para
mim, olhando para o mar.
— Ele me disse que não convidou, ou você convidou ou ele veio de
penetra — pronuncio.
— O que está insinuando Nícolas? Fala! Está desconfiando de mim? —
ela vira e me encara. — Sério? Está desconfiando de mim? — ainda olhando
fixamente para mim ela pergunta. Não consigo sustentar seu olhar e agora sou eu
quem lhe dá as costas. Ela sai e fico ali olhando para o mar, sentindo a brisa
morna que ele traz.
— O que aconteceu cara? Manu passou por mim feito um furacão e foi
para o quarto? — Bryan pergunta.
— Tivemos uma discussão! — digo.
— Ela ficou brava, por causa da festa? Não foi minha intenção deixá-la
de fora da organização, mas os patrocinadores quiseram isso e me falaram em
cima da hora, não achei justo dar tanto trabalho para Manu e contratei um
pessoal especializado.
— Bryan, a festa é o menor dos meus problemas. Aquele cara, o Alan... o
encontrei aqui conversando com ela.
— E daí? — ele pergunta como se fosse algo normal.
— E daí que não consigo controlar meu ciúme e brigamos por isso! —
falo sentando em uma cadeira de bambu que fica na área perto da piscina onde os
dois estavam.
— Cara, a Manu te ama! Pare de pensar coisas sobre ela. Quem
abandonaria tudo para ficar com um cara que começou a namorar tão pouco
tempo? Ela casou com você e veio para os Estados Unidos!
— Eu sei! Mas ela é tão jovem! Tem só vinte anos!
— Nunca ouviu falar que as mulheres amadurecem primeiro que os
homens? E depois para o amor não tem idade. Vá lá e peça desculpa para ela. Eu
me encarrego da festa. O senhor Gustav já foi embora, agora podemos encerrar a
festa.
— Espere mais uma hora, para não soar estranho. Ok?
— Ok!
Subo a escada e bato na porta do quarto, já que Manu a trancou.
— Amor, me perdoe! Abra a porta, temos que conversar! — digo batendo
na porta.
— Me deixe sozinha! — ela fala e pelo seu tom de voz sei que ela está
chorando. — Volte para a sua festa e aproveite bastante ao lado dos seus amigos
muito confiáveis!
— Não faz, assim. Abra a porta! — fico ali um tempo até ouvir o clique
da fechadura. Entro e a abraço. — Perdão! Sou mesmo um estúpido, mas quando
vejo você perto de qualquer outro homem perco a capacidade de raciocinar e
acabo fazendo burrada. Mas tudo isso é porque te amo demais!
— Eu também te amo! Muito! Pra mim nunca vai existir outro homem! —
quando ela diz isso a arrebato em um beijo quente e faminto e a jogo na cama
onde fazemos amor e como sempre me perco em seu corpo perfeito e é como se
ela fosse meu paraíso.
Nícolas e eu fazemos as pazes mais uma vez e ele foi nessa tal viagem
para San Diego, mas me levou com ele.
Gostei muito de ter conhecido a cidade.
Ele teve algumas reuniões para assinar o contrato e depois ficamos por
ali aproveitando a cidade.
Após dois dias estamos de volta e começamos os preparativos para a
nossa viagem a Portugal.
Eu não posso estar mais feliz. Finalmente iremos passar um mês inteiro,
sem treinos, nem entrevistas e nem reuniões para nos atrapalhar.
Fui às compras, pois precisamos de algumas coisas como botas e
casacos, já que nesta época começa a esfriar na região onde minha querida vovó
Lucinda tem a vinícola.
Estamos bem, não temos nenhuma briga há dias, e parece que Nícolas,
está mais calmo, mais carinhoso e atencioso.
Já demos férias para alguns empregados, somente Juan e a governanta
Samara ainda estão trabalhando.
Nick saiu para resolver algumas coisas com a equipe na academia.
Estou sozinha em casa, Juan foi levar Nick e Samara saiu. Sento no sofá
para ler um pouco, quando ouço alguém bater na porta que dá para a praia.
Vou ver quem é e Alan está parado ali.
Fico indecisa se devo abrir ou não, Krypto vem comigo e começa a latir
feito um louco. Abro a porta.
— Alan, tudo bem? — pergunto parada na soleira da porta.
— Sim, só vim saber como está? Não te vi mais correndo pela praia.
— Estou muito ocupada, estamos de viagem marcada e sabe como é,
muita correria.
— Sim eu sei. Só vim me despedir, estou me mudando.
— Ah é? Que pena! — acho que é o melhor, penso.
— É. Minha casa foi leiloada e tenho que sair amanhã, então adeus! Você
foi uma ótima amiga, pena que não tive tempo de pintar você em um quadro. Diz
pro Nick que eu deixei um abraço.
— Tá eu digo — ele aperta minha mão e sai.
Até que ele é um cara legal, eu no começo achei que ele estava dando em
cima de mim, que tola eu fui!
Mas isso é o melhor, Nick morre de ciúmes dele e quando eu voltar de
Portugal o semestre na universidade começará e não terei tempo para nada.
Logo depois Nick chega.
— Então como foi? Tudo bem? Você está com uma cara!
— O treinador Cláudio está no hospital, ele foi assaltado e levou um tiro!
— Meu Deus! — digo espantada.
— Ele me chamou lá na academia disse que descobriu algo sobre
estarem me roubando. Mas quando cheguei lá ele não estava, então recebi uma
ligação de Bryan dizendo que ele estava no hospital. Estou vindo de lá.
— Mas como ele está?
— O estado dele é grave. Só vim tomar um banho e vou voltar pra lá. —
Nick sobe a escada correndo, vou com ele e o ajudo a encontrar uma roupa.
Assim que está pronto ele me dá um beijo e sai.
— Me liga pra dizer se houver alguma mudança no quadro dele — falo
da porta.
Dois dias depois o quadro dele melhorou, mas teve um problema, como
ele levou dois tiros, um no abdome e outro pegou de raspão na cabeça, ele teve
uma perda de memória recente. Acordou perguntando sobre a luta que aconteceu
meses atrás, como se ela não tivesse acontecido. Os médicos disseram que isso
era temporário devido a perca de sangue ou ao impacto da bala que pegou de
raspão.
E mais uma vez adiamos nossa viagem, já estamos no final de setembro.
Nick deu toda a assistência à família do treinador Cláudio.
Meu pai ligou outro dia para dizer que Samantha e Brizio se casaram,
fizeram uma cerimônia simples no cartório, Samantha não quis as frescuras de
um casamento chique demais. Bem a cara dela.
A gravidez está quase no fim, pouco mais de um mês nascerá o menino.
Sim ela terá um menino. Estou super feliz por eles.
— Amor! — Nícolas me chama. — Onde está minha carteira! — como
sempre ele não encontra nada. A carteira está sempre no mesmo lugar, mas ele
nunca procura lá.
Vou até o quarto e pego a carteira que está sobre a mesinha de cabeceira.
— Aqui! — entrego a ele.
— Como nunca consigo achar?
— Você é muito distraído — digo lhe dando um beijo. — Quero te
perguntar uma coisa há dias, mas com toda essa confusão acabei esquecendo.
David deu notícias?
— Falei com ele três dias atrás, mas ainda não encontrou Mandy. Parece
que ela foi engolida pela terra.
— Não diga uma coisa dessas! Ele vai encontrá-la, eu sei.
— É o que eu espero — ele diz. — Estou indo, tem certeza que não quer
ir comigo?
— Não, hoje não estou me sentindo bem. Acordei com meu estômago
revirando. Devo ter comido algo que não me fez bem.
— Então também não vou!
— Amor, deve ser TPM. Pode ir, essa é a última reunião antes da nossa
viagem! Termine de resolver tudo. Não quero pendências estragando nossa lua
de mel.
—Então tá! — ele me beija e sai.
Vou para a cama, pois não me sinto bem. Krypto está na casa de um dos
rapazes da equipe, pois amanhã seguimos viagem.
Acabei pegando no sono, acordo e o sol já está se pondo. Meu estômago
ronca e vou até a cozinha preparar algo para comer.
Estou preparando um sanduíche quando meu telefone toca.
— Alô!
— Manuela, é o Bryan.
— Está tudo bem? — pergunto já preocupada. —Aconteceu algo com
Nick?
— Nick está bem, não se preocupe, quero te pedir um favor, eu deixei os
passaportes de vocês na gaveta da mesa do escritório, mas acabei trocando o de
Nick pelo meu. Estou quase chegando aí, mas estou com um pouco de pressa, dá
pra você pegar e me entregar no portão, por favor?
— É claro, assim que você chegar dá uma buzinada e eu levo.
— Obrigado! — desligo o telefone e vou até o escritório. Estou
procurando pela gaveta, quando tomo o maior susto ao ver Alan ali dentro
comigo! Mas de onde ele saiu?
— Alan, o que está fazendo aqui? Como entrou aqui? — pergunto
assustada.
— Eu estava com saudade! — ele fala chegando perto.
— Quero que saia da minha casa! — digo indo até a porta. Mas ele é
mais rápido e me agarra antes que eu chegue lá. Me aperta muito forte e me
beija.
— Eu acabei trocando nossos passa...
— Mas o que é isso? — Nick chega bem na hora e Alan me solta.
— Manu, não dá mais pra esconder, conte pra ele! — Alan fala.
— Contar o quê? — Nick pergunta. Bryan está ao seu lado.
— Você é louco! Ele invadiu nossa casa, quando entrei no escritório ele
já estava aqui! — digo indo em direção de Nick, mas Alan segura meu braço.
— Manu, não precisa mais fingir, sei que você tem medo dele, mas eu
não deixarei que te faça mal. Conte a ele! Diga de uma vez que estamos juntos,
que estamos apaixonados! — Meu Deus! Esse homem é louco! Olho para Nick
que está furioso, suas mãos estão fechadas em punho, parece que vai partir para
cima de Alan e de mim a qualquer momento.
— Do que esse cara está falando, Manuela? — ele me chamou de
Manuela, Nick só faz isso quando está nervoso. Meu coração está acelerado e
estou tão nervosa que sinto náuseas.
— Nick, meu amor! Não sei do que ele está falando, ele só pode estar
louco! — digo segurando em sua mão. — Amor, por favor, acredita em mim! —
imploro. Ele não pode estar acreditando mais nesse cara que em mim.
— Manu, pare! Não me magoe mais. Então você só me usou quando se
sentia sozinha aqui? — Alan se faz de magoado e aquilo me enoja. — Todas as
tardes que passamos juntos. E hoje, foi só fingimento? — Isso é um pesadelo, só
pode ser um pesadelo! — Veja, aqui! Ele pega o celular e tem uma foto minha
dormindo.
— Mas esse é o nosso quarto, nossa cama! — Nick diz. — Eu vou matar
você seu desgraçado! — Ele parte para cima de Alan e lhe acerta um soco,
jogando-o do outro lado do escritório.
— Nick! Pare com isso cara! — Bryan tenta segurá-lo, mas ele está
descontrolado. Juan entra e segura Nick, afinal ele é muito grande.
— Me solta! Me solta! Vou matar esses dois! — O quê? Ele está
acreditando em Alan? — Tire ela daqui! Não quero olhar pra sua cara nunca
mais! Vá embora! Vá embora! — ele grita olhando para mim.
— Nick, meu amor, você tem que me ouvir...
— Não me chame de amor! Eu fui um tolo! Acreditei quando disse que
me amava!
— Mas eu amo!
— Cale-se! Vá embora! Bryan tire ela daqui, antes que eu faça uma
besteira! — Nesse ponto Alan já tinha fugido, com medo de apanhar mais. Meu
coração fica apertado e eu não consigo mais respirar direito.
— Meu amor...
— Vá embora! — ele grita sem nem ao menos olhar para mim e isso me
despedaça por dentro. E é como se meu coração estivesse sendo moído,
triturado!
— Manu, vem comigo, eu te levo para um hotel e amanhã com a cabeça
fria, vocês conversam. — Bryan me leva para fora do escritório, nem sinto
minhas pernas. Como se tivesse dopada, entorpecida.
Olho uma última vez para Nick e seus olhos estão cheios de raiva, fúria
nem mesmo consigo reconhecê-lo.
— Vai logo embora... — ele fala entredentes e termina de destruir o que
resta de meu coração.
Bryan pega as malas, que deixei prontas para nossa lua de mel e leva
para o carro.
Enquanto ele faz isso, eu vou correndo até o escritório.
— Espero que não se arrependa do que está fazendo. Porque não sei se
algum dia poderei te perdoar! — digo, com lágrimas escorrendo por meu rosto e
apontando o dedo para ele. Que olha para mim, segurando um copo de uísque e
bebe um gole.
— Nunca vou me arrepender, de tirar alguém como você da minha vida,
uma mulher baixa, leviana e vagab... — ele não termina de falar, porque lhe
acerto o rosto com uma bofetada.
— Te odeio! Queria esquecer o dia em que você me fez te amar! — grito
e saio. Entro no carro de Bryan e sigo aos prantos o trajeto todo até o hotel.
Deixo que ele faça o check-in.
— Vou acompanhar você até o quarto — Bryan oferece.
Já dentro do quarto eu sento na cama e choro compulsivamente. Bryan me
abraça.
— Eu não creio que ele acreditou naquele homem! — digo entre soluços.
— Depois que eu abri mão da minha vida por ele.
— Vamos esperar a poeira baixar! Talvez com a cabeça fria ele
reconsidere.
— Bryan, pode me deixar sozinha, por favor? — peço.
— Sim, é claro! Você vai ficar bem? — ele pergunta e eu apenas aceno
com a cabeça.
Bryan vai embora e fico ali, eu e meu coração partido.
Me deito na cama e a única coisa que consigo fazer é chorar! Choro tanto
que todas as minhas lágrimas secam.
Oh meu Deus! O que foi que fiz? Por que não dei ouvidos a Nícolas
quando disse que não gostava de Alan?
Mas ainda assim isso não justifica que ele não tenha acreditado em mim!
Que tenha me dito aquelas palavras horríveis. Cada palavra foi como uma faca
cravando em meu peito.
Eu o amo tanto! Mas terei que esquecê-lo, o que aconteceu hoje não dá
para perdoar. Não posso, me conheço, sou orgulhosa demais para voltar atrás.
Acordo com batidas em minha porta. Devo ter pegado no sono depois de
me desidratar de tanto chorar.
As batidas estão mais fortes, olho pelo olho mágico e é Nick. Fico ali
escorada na porta, com meu coração aos saltos sem saber o que fazer.
Respiro fundo, e abro a porta. Nick fica ali parado, sem dizer nada.
— O que você quer? — pergunto segurando a porta não permitindo que
ele entre.
— Precisamos conversar — ele fala e posso sentir o cheiro de álcool em
seu hálito. Ele bebeu? Nícolas nunca bebe. Ele segura meu braço que impede sua
passagem, e como sempre basta um simples toque para que meu corpo reaja a
ele. Baixo o braço e ele entra.
— Espero que tenha vindo me pedir desculpas! — digo fechando a porta
com a chave. E realmente tenho esperanças de que ele tenha se arrependido de
ter me falado aquelas coisas e tenha vindo me pedir perdão.
— Quero ouvir de você o que aconteceu e peço que seja sincera, eu
prometo que vou acreditar no que me disser.
— Já te disse a verdade, Nícolas! Dormi a tarde toda, não estava me
sentindo bem. Bryan me ligou pedindo que pegasse o passaporte dele que havia
trocado com o seu e que estava no escritório, quando entrei para pegar Alan
estava lá e começou a dizer umas coisas, eu o expulsei e ele me agarrou, neste
momento você e Bryan chegaram.
— Mas e a foto, que ele tinha no celular?
— Nick, como eu disse, essa tarde tomei um remédio, não me sentia bem,
você sabe como essas coisas baixam minha pressão, simplesmente apaguei.
Amor, eu te amo, jamais faria algo que te magoasse, acredita em mim, por favor!
— seguro seu rosto com as duas mãos e olho dentro de seus olhos. — Você foi o
único homem pra quem me entreguei, nunca nenhum outro tocou em mim! —
Lágrimas escorrem por meu rosto e sim estou implorando! Eu a orgulhosa! Ele é
o amor de minha vida, não posso deixar que uma intriga nos separe. Nossos
rostos estão tão próximos, sei que ele vai me beijar, fico esperando por esse
beijo, mas antes que ele aconteça, Alan entra no quarto. Não sei como conseguiu
as chaves, mas está ali parado na porta.
— Querida, trouxe as coisas que me pediu e... — ele fala segurando
sacolas de compras em uma mão e na outra a chave do meu quarto.
— O que ele faz aqui?
Nick olha para mim e vejo raiva e decepção, estampados em sua face.
— Você quase conseguiu me enganar! — ele fala segurando meus pulsos.
— Você é mesmo uma vagabunda! — Meu coração dói, com suas palavras duras.
Com a força de Nick apertando meus braços, perco o equilíbrio e caio de
joelhos. Ele ainda me segura.
— Não sei o que ele está fazendo aqui, eu juro! — estou chorando. Alan
decidiu destruir meu casamento e eu nem sei o porquê! — Vá embora Alan! Saia
daqui! — grito com ele.
— Amor eu...
— Vá embora! — grito mais uma vez.
— Não se preocupe! — Nícolas diz me soltando. — Quem vai embora
sou eu — ele vai até a porta—, ficar aqui está me causando náusea, tenho nojo
de você! — ele diz e sai batendo a porta.
Alan fica ali parado, me olhando enquanto estou no chão, destruída. Olho
para ele e nunca senti tanto ódio de alguém.
— Por que está fazendo isso? O que eu fiz pra que você me odeie tanto?
— Manuela eu... — ele se aproxima.
— Não chegue mais perto! Saia daqui ou vou chamar a polícia! Eu odeio
você! — ele sai e fico ali naquele chão frio com meu coração aos pedaços. Sem
forças para levantar. Sinto que nunca mais vou me recuperar dessa dor. Meu
peito dói, não consigo respirar. Algo está sendo rasgado dentro de mim e é o meu
coração, dói muito, acho que não vou suportar. E nesse momento realmente
entendo o que significa a expressão coração partido. Porque é assim que o meu
está, partido em vários pedacinhos e não sei se algum dia vou conseguir
consertar!
Nick volta para casa totalmente bêbado, um taxista o deixa na porta de
casa. Confesso que não sabia que ele ficaria assim tão arrasado e acabado.
Ele nunca se embebedou, nem mesmo quando pegou a vadia da minha
irmã na cama com outro cara.
Quando Lily veio com essa ideia de separar os dois, eu fui contra no
começo, mas aquela vaca começou a me chantagear e não tive escolha.
Ela sabia que eu estava roubando dinheiro de Nick, as academias
rendiam bem mais do que eu declarava a ele e a desgraçada descobriu, então não
tive escolha, a não ser planejar tudo.
Conheço Alan de algumas mesas de pôquer, eu sabia que ele estava
devendo uma grana alta para um pessoal bem barra pesada. Paguei trezentos mil
dólares a ele por esse servicinho.
Eu não tenho nada contra Manu, ela é uma garota legal, mas meus
negócios estão em primeiro lugar.
O treinador Cláudio levou sorte, o tiro que era para matar pegou de
raspão e o velho ainda está vivo!
Merda! Não sei como errei tão de perto.
Agora eu tenho que torcer para que ele nunca se lembre. O desgraçado
descobriu sobre o desfalque e ia contar tudo para Nick, não tive outra escolha a
não ser apagar o velho de vez.
Mas ele sobreviveu. Enquanto ele não se lembrar não corro perigo, tenho
que ficar de olho aberto com ele.
Mas agora que Nick está acabado depois do que aconteceu com a Manu,
ele não vai se preocupar em ver contas e o caminho continua livre para mim.
Disse tudo o que Alan precisava fazer para se tornar amigo dela. Aí foi
com ele.
A ideia inicial era que Manu traísse Nick, mas ela o ama e é fidelíssima
a ele. Então tivemos que armar tudo. Mandei tirar umas fotos dos dois enquanto
conversavam na praia, mas Nick nunca viu as fotos.
Então o convidei para aquela festa, aqui mesmo na casa dele e disse para
que Alan a cercasse por todos os lados.
Enquanto eu tratava de distrair Nick, não permitindo que ficasse muito
perto dela. E foi tudo como planejei, os dois brigaram feio.
Eu sei qual é o ponto fraco de Nícolas. Quando era um menino seu pai
adotivo, Renan Sullivan, traiu a mãe dele enquanto ainda eram noivos e aquilo o
deixou com dificuldade de confiar nas pessoas, principalmente em
relacionamentos amorosos. Por medo de ser traído e sofrer como a mãe sofreu.
Aí foi só plantar a sementinha da desconfiança para minar aos poucos o
relacionamento dos dois.
E hoje foi tiro certeiro. Nick tinha uma última reunião com os
patrocinadores, entreguei uma cópia da chave da casa para que Alan entrasse
escondido. Ele entrou e disse que Manuela estava dormindo.
Então disse para ele se esconder no escritório, mas que antes tirasse uma
foto dela dormindo. Ele me mandou uma mensagem dizendo que ela tinha
acordado então liguei para ela e inventei aquela história do passaporte e pedi
que ela fosse pegar.
Alan sabia que quando estivéssemos chegando eu mandaria uma
mensagem para ele. E tudo deu certo, Nick e eu chegamos bem na hora que Alan
estava a beijando.
Nick ficou furioso e a expulsou de casa. Mas isso ainda não era
suficiente, ainda faltava a pá de cal, para enterrar de uma vez por todas qualquer
chance de reconciliação.
A levei para um hotel. Depois que a instalei no quarto, paguei uma boa
quantia para a recepcionista me dar a cópia da chave. Eu disse que minha amiga
estava muito triste e que talvez precisasse de mim. Até fiz um drama dizendo que
ela era depressiva e podia atentar contra a própria vida. A boboca da
recepcionista estava quase chorando, o dinheiro foi o toque final.
Volto para a casa de Nick.
— Ela já está no hotel — digo, me fazendo de preocupado. — Cara, acho
que você exagerou! E se ela disse a verdade? E se o cara invadiu a casa? —
Nick está jogado no sofá do escritório, com um copo de uísque na mão e ele
nunca bebe. Ainda sem dizer uma palavra, tudo o que faz é beber. — Você
deveria ir até lá e falar com ela — continuo.
— Quero que vá embora! — ele diz.
— Cara, você não tá bem! Aqui está o nome do hotel e número do quarto,
caso mude de ideia. — Deixo o cartão do hotel sobre a mesa do escritório.
— Me deixe sozinho, porra! — ele grita e joga o copo na parede e cacos
voam por todos os lados.
Saio e vou para frente do hotel.
—Alan, quero que venha agora para o hotel que te falei! Estou parado
aqui em frente!
Vinte minutos depois Alan chega e entra em meu carro.
— Qual o motivo da demora? — pergunto.
— O trânsito, cara!
— Tá! Comprou o que te falei?
— Sim as sacolas estão aqui! Ele ainda não apareceu?
— Não! Mas tenho certeza que ele vem! O cara é louco por ela!
— Quem não seria? A mulher é uma deusa! — ele diz cafajeste como é,
claro que está de olho em Manu. Mas eu tenho que concordar, ela é linda e sua
beleza chama muito a atenção. Lembro que me senti atraído por ela no dia em
que a vi pela primeira vez. Aquela deusa loira sobre o cavalo parecia que eu
estava vendo alguma cena de filme. Mas Nick também a notou e eu sabia que não
dava para competir com ele, então deixei para lá.
— É verdade, ela é muito bonita!
— Olha! É o carro dele! — Alan me mostra e Nick para o carro no
estacionamento do hotel. Pelo visto ele pegou o endereço que deixei para ele.
— Tudo está saindo como planejei!
— Por que ele não sai do carro? — Alan pergunta impaciente.
— Deve estar tomando coragem.
Ficamos ali cerca de meia hora, até que finalmente Nícolas sai do carro e
entra no hotel.
— Finalmente! — digo aliviado por um momento achei que ele não iria
sair do carro. — Espere alguns minutos e vá. Faça exatamente como
combinamos. — Entrego a chave do quarto a Alan. Ele vai, e fico ali no carro
esperando. Queria ser uma mosquinha para saber o que está acontecendo lá
dentro.
Não demora muito e vejo Nícolas saindo furioso do hotel. Ele dá um
chute no carro. Depois entra e sai dirigindo feito um louco.
Em seguida Alan também sai e vem até meu carro.
— Feito! Tudo saiu como planejamos. Quero meu pagamento!
— Está aqui — entrego a ele um envelope contendo cento e cinquenta mil
dólares. — A outra metade. Bom trabalho.
— Foi bom fazer negócio com você! — ele pega o dinheiro e sai. Eu
também saio dali. Vou direto para o apartamento de Lily lhe contar as boas
novas.
O barulho da rolha do champanhe estourando faz com que eu tome um
susto. Lily abre o champanhe para comemorarmos o sucesso do nosso plano.
— Finalmente Nick está livre daquela ratinha! — ela diz bebendo um
gole.
— O cara tá destruído, nem quando vocês terminaram ele ficou tão
arrasado!
— Logo ele esquece! — ela fala com desdém.
— Não sei. Confesso que fiquei preocupado, ele estava bebendo! Ele
nunca bebe!
— Preocupado, você? Ah, Bryan me poupe! Você só se preocupa com
seus bolsos cheios de dinheiro. Você é um maldito egoísta! — Lily diz e bebe
agora no gargalo da garrafa.
— E você não é uma puta egoísta? Só pensa em dinheiro. Tanto é que já
enfiou todo o dinheiro do seu divórcio com aquele velho no rabo! Sua vadia, se
conseguisse manter essas pernas fechadas, agora estaria casada com Nick,
desfrutando dos milhões dele. Entreguei o cara pra você de bandeja e o que você
faz? Como uma maldita cadela no cio, foi parar na cama daquele lutador de
merda que agora deve estar limpando latrinas sujas, pois não chegou a lugar
nenhum. E ainda quase estragou meu negócio, por sorte Nick conseguiu separar
as coisas. Ou ele não amava você mesmo!
— Cale a boca, Bryan! Nick será meu novamente! Pode escrever o que
digo! — ela fala e se joga no sofá ainda com a garrafa nas mãos. — Um brinde a
nós! Porque tudo deu certo! — ela levanta a garrafa e depois bebe outro gole.
— Bom já que você ficou sabendo que tudo deu certo, vou pra casa. Mas
no caminho pegarei uma vadia para me aliviar, porque também não sou de ferro!
Meu coração está moído dentro do peito.
Estou bebendo há dois dias para tentar anestesiar meu corpo e não sentir
mais essa dor que me rasga por dentro.
Nunca pensei que sofrer por amor doesse tanto!
Estou neste escritório e garrafas de bebidas estão espalhadas por todos
os lados.
Eu deveria ter matado aquele maldito, mas eu não ia dar esse gostinho
àquela vagabunda! Eu acabaria na cadeia e ela rindo de mim.
Como eles devem ter feito isso! Riram pelas minhas costas enquanto me
faziam de palhaço!
E eu que entreguei meu coração a ela!
— Como fui idiota! — jogo a garrafa na parede e ela se parte em mil
pedaços.
Meu escritório está um completo caos, assim como a porra da minha
vida!
Sou um fodido desgraçado! Mais uma vez caí na lábia de uma mulher e
essa foi a última vez. Nunca mais, nunca mais mulher nenhuma terá o meu amor.
— Aaaaahhhhhh! Manuela, por que fez isso? — digo chutando a cadeira
que vai parar no outro lado da sala.
Me ajoelho no chão e choro como uma criança, eu nunca chorei por
ninguém!
Saio finalmente do escritório, subo cambaleando os degraus da escada e
tenho que me segurar no corrimão para não cair.
Entro no nosso quarto, no meu quarto! Sim, porque de agora em diante
este será somente o meu quarto. Ele ainda tem o cheiro dela por todos os lados.
Encontro uma blusa que ela esqueceu sobre a cama, que ainda está desarrumada
desde a última vez que ela dormiu aqui.
Seguro a blusa em e inalo sentindo seu cheiro e o ar entra rasgando meus
pulmões, pois a lembrança dela invade a minha mente. Deito na cama e me
enrolo nos lençóis que tem seu aroma. Fico assim sentindo pena de mim mesmo e
odiando Manuela por tudo o que me fez.
Acordo com alguém abrindo as cortinas, a claridade que entra no quarto
me dói os olhos.
— Feche isso! — digo cobrindo minha cabeça.
— Que cheiro é esse? Alguém morreu aqui? — Bryan fala.
— Se não percebeu eu morri! Basta pegar meu corpo e enterrar! — falo
me cobrindo mais.
— Vamos cara, você tem que levantar e tomar um banho! Está fedendo!
— ele puxa as cobertas. — Nossa! Está pior do que pensei, veja essa barba!
— Me deixe em paz!
— Não posso! Infelizmente você é valioso demais para ser enterrar vivo,
muitas pessoas dependem de você, ou esqueceu isso? Isso sem contar os
contratos que assinou — ee tem razão, não posso só pensar em mim, na minha
decepção. Tenho meus colaboradores e minha equipe que confiam e dependem
de mim.
É isso! Vou me enfiar de cabeça nos treinos e tentar esquecer que
Manuela um dia fez parte de minha vida.
Levanto e vou até o banheiro, realmente estou fedendo. Quando saio,
Bryan ainda está no meu quarto, com uma cara estranha.
— O que foi? — pergunto secando meus cabelos.
— Manu, ela embarcou ontem para Portugal! Ela pediu que eu levasse o
passaporte dela que estava aqui. Eu o entreguei — ele diz e sinto o chão
desaparecer sob meus pés. Ela foi embora e agora tudo parece tão real.
Finalmente cai a ficha de que tudo o que vivemos não passou de uma
mentira, uma ilusão. Quanto tempo perdido ao lado de uma mulher mentirosa.
Que dormia ao meu lado, pensando em outro.
Sinto nojo ao pensar que beijei aquela boca, que beijou outro, que ele
tocou em seu corpo, o corpo que deveria ter sido só meu!
Sinto muita raiva só de imaginar outro fazendo amor com ela. De outro
passeando com as mãos por sua pele alva e macia. Só de saber que aqueles
olhos azuis olhando para outro com desejo.
— Foi melhor assim! — digo mostrando desinteresse, quando a verdade
é que estou morto por dentro.
— Então é sério? Vai se divorciar dela? — Bryan pergunta.
— Sim! Quero que cuide disso para mim. Só me traga os papéis que
assino.
Saio para correr pela praia, quem sabe assim eu consiga pensar em outra
coisa que não seja naquela maldita! Mas até mesmo areia da praia me faz
lembrar ela.
Droga! Por que o amor tem que doer tanto? Não sei se algum dia
esquecerei de Manuela, mas eu irei me esforçar bastante para que isso aconteça.
Eu preciso tirar ela do meu coração de uma vez por todas, nem que para
isso eu tenha que arrancá-lo para fora do meu peito. Afinal quem não tem
coração não pode amar, mas também não pode sofrer!

Esta luta já está durando a madrugada toda! E mais uma acabou e eu


venci, é claro.
Esses caras me desafiam, e falam demais, mas quando chega a hora de
mostrar quem luta de verdade eles se borram todos no octógono.
Minha casa está cheia, não conheço a maioria das pessoas que está aqui.
Essa tem sido minha vida há três anos.
Um mês depois que Manuela foi para Portugal, Bryan foi encontrá-la com
os papéis do divórcio nas mãos e voltou com tudo assinado.
Disse que não encontrou dificuldades em convencê-la a assinar e que
inclusive Alan estava lá com ela e que os dois pareciam muito apaixonados. Ela
não quis nada de mim, pois ela tem o dinheiro dela e que de mim não queria nem
as lembranças! Desgraçada! Como pude ser tão tolo?
E eu vivo de festa em festa, com uma mulher aqui e outra ali. Mas esse
vazio que ficou em meu peito nunca foi preenchido. Nada me traz satisfação,
nada é bom o suficiente.
Posso beijar várias bocas, nenhuma tem o seu sabor. Posso ter mulheres
variadas em minha cama, mas nenhuma tem seu cheiro, nenhuma me acaricia
como ela. Nenhuma geme de prazer como ela fazia em meus braços.
Manuela me destruiu, destruiu meus sonhos de um dia formar uma
família.
Agora para mim as mulheres são descartáveis e aqui mulher é o que não
falta. Eu tenho uma diferente em minha cama todas as noites, às vezes duas e ou
até três de uma vez.
E faço questão que seja na cama onde dormíamos juntos. Na cama que
ela disse que não queria que outra mulher deitasse.
Já perdi a conta de quantas mulheres fiz estremecer de prazer nessa
mesma cama, onde fiz amor tantas vezes com ela. Com elas é só sexo! Nada
comparado ao que tive com Manuela!
Faço questão de aparecer nas revistas de celebridades, nos sites de
fofoca, sempre acompanhado de uma bela mulher. Quero que ela veja que não
conseguiu me destruir, que minha vida está ótima, melhor impossível. Mas isso
tudo é fachada, pois a única que um dia me fez sentir vivo foi ela.
Três anos se passaram e ainda têm noites onde acordo e tenho que tomar
um banho frio para esquecer algum sonho erótico que tive com ela. Com seu
corpo perfeito, cheio de curvas e com aqueles seios maravilhosos.
Tenho que parar de me torturar assim.
— E aí bonitão? Quer companhia para a noite? — uma mulher morena e
esbelta pergunta se esfregando em mim. Usando um vestido vulgar e com batom
vermelho nos lábios, me toma de assalto em um beijo.
É um beijo vazio e não sinto nada. Ela nem faz o meu tipo. A verdade é
que nenhuma faz meu tipo. A única que meu coração quer é ela. A maldita
feiticeira que me aprisionou em suas teias.
Levo a mulher, que nem sei o nome, para o meu quarto. Vou tirando suas
roupas já no corredor quando chegamos ao quarto ela está praticamente nua,
usando apenas uma calcinha fio dental e sapatos de salto. A jogo na cama, tiro
minhas roupas. Ela tenta me beijar, mas não permito, não vou sentir nada mesmo.
A viro de costas e retiro sua calcinha, depois de colocar o preservativo, a
penetro assim mesmo, com ela de costas para mim.
Sou bruto, elas não querem romance, só uma foda sem compromisso e é o
que dou a elas. Não preciso ver seu rosto, nem mesmo saber seu nome, para quê?
Não vou ligar mesmo! E só mais uma que passou em minha cama.
A ouço gemer ao sentir minhas estocadas cada vez mais fortes, ela chega
ao clímax gritando meu nome.
Não ligo, só quero saber de mim, de me aliviar, e elas só servem para
isso, uma foda casual.
Termino e vou até o banheiro descartar o preservativo, quando volto, ela
ainda está deitada em minha cama fazendo aquela cara de safada pra mim.
— Se você quiser pode ficar aqui, eu vou voltar pra festa — digo
vestindo minhas roupas e saindo em seguida.
Minutos depois a mulher que nem sei o nome desce a escada com a cara
fechada. Não ligo. Não prometi nada, dei a ela o que queria, uma foda. Isso é
tudo o que elas terão de mim.
Vou até o bar, me sirvo de uma bebida. O treinador Cláudio não gosta
quando bebo. Mas essa noite é minha! Sou um campeão e quero comemorar!
O dia já está amanhecendo quando a última pessoa sai da minha casa e é
Bryan.
Tudo volta ao normal, sou trazido na marra para a minha realidade. Uma
vida vazia, uma merda de vida fodida! Ando por essa mansão enorme, tem copos
e tocos de cigarro espalhados por todos os cantos.
Tudo aqui está diferente, mandei redecorar tudo. Não queria nada que me
lembrasse do tempo que Manuela morou aqui. Os móveis que antes eram
brancos, agora são todos pretos.
A única coisa que eu deixei foi a cama, a nossa cama e cada vez que eu
transo com uma mulher ali, é para feri-la.
Aquele que deveria ser o nosso ninho de amor, completamente maculado
pelas orgias que fiz aqui. Cada mulher que fodi era como se estivesse me
vingando dela! Só que essa vingança, doía mais em mim do que nela.
Nunca mais soube nada de Manuela. Samantha me mandou um cartão de
Natal com uma foto dela e de Brizio segurando seu menino nos braços.
David e Amanda não vejo faz tempo. Ele até tentou falar comigo, mas eu
disse que não queria saber nada de minha família. Minha mãe e meu pai não vejo
desde o casamento. Ela sempre me liga para perguntar como estou.
Desconverso dizendo que estou bem. Por vezes ela tentou falar de Manu
para mim, mas a cortei no meio da frase dizendo que não queria saber nada dela.
Cortei relações com todos, não quero ter nada a ver com ninguém que
seja ligado a ela, o problema é que a família dela é a minha família. Então optei
pela solidão, sem visitas familiares e sem notícias de ninguém.
Subo a escada com uma garrafa na mão. Vou bebendo pelo caminho e seu
líquido acaba antes que eu chegue ao meu quarto, a jogo no chão e caio na cama
de roupa e tudo.
Estou lá jogado na cama depois de mais uma noite de bebedeira e orgias,
quando ouço baterem na porta.
— Quem é! — pergunto sem levantar.
— Senhor! Telefone, parece que é urgente! — uma das empregadas diz.
Não sei seu nome, pois ultimamente elas vêm e vão, ninguém aguenta ficar muito
tempo aqui por causa das festas e do comum mau humor.
— Tá eu atendo aqui no quarto — pego o telefone.
— Alô?
— Filho sou eu! — meu pai está com a voz embargada.
— O que aconteceu, a mamãe ela está bem? — pergunto logo.
— Sua mãe está bem, é sua avó Giovana, ela acaba de falecer! Você tem
que vir para o Brasil. O funeral será em três dias — meu pai está chorando
muito.
— O quê? Mas como? — pergunto atônito.
— Ela teve um ataque cardíaco, os médicos disseram que foi fulminante.
Não tiveram tempo de salvá-la.
— Pai, eu sinto muito.
— Quero você aqui o mais rápido possível! — ele diz.
— Sim, pegarei o primeiro voo que conseguir. Força pai! Em breve
estarei aí — digo e desligo. Meu coração aperta e não posso segurar as lágrimas.
Vó Giovanna, sempre tão alegre e gentil. Que me amou como a um verdadeiro
neto, nunca fez diferença entre mim e seus netos biológicos. Não posso acreditar
que nunca mais verei aqueles olhos azuis da cor do céu em um dia de verão e
aquele sorriso meigo e caloroso.
Eu tenho que conseguir uma passagem urgente para embarcar para o
Brasil, nem que para isso eu tivesse que fretar um avião. Ligo para Bryan e aviso
para cancelar todos os meus compromissos, pois estou de partida para o Brasil.
Explico o que aconteceu e ele quer me acompanhar, mas disse a ele que
não precisava.
Não consegui uma passagem para sair imediatamente, então aluguei um
jatinho.
Começo a arrumar minhas coisas. Agora tudo é mais fácil, já que eu estou
completamente sozinho nessa casa, meu único companheiro, meu querido Krypto,
havia morrido.
Ele morreu um mês depois que Manu foi embora. Quando voltava para
casa, ficava o tempo todo deitado perto da porta que dava para a praia. Como se
estivesse esperando ela voltar. Uma noite cheguei em casa e uma das empregadas
me falou que ele tinha morrido.
Sofri muito, afinal ele estava comigo há mais de dezesseis anos. Eu
sempre vou lembrar do meu velho amigo com amor. Bryan quis comprar outro
cachorro, mas o impedi. Krypto é insubstituível.
Depois de doze horas de voo chego finalmente ao aeroporto de Porto
Alegre.
Há quantos anos não coloco meus pés aqui? Nessa cidade onde cresci.
No lugar onde encontrei um pai. Onde minha paixão por artes marciais começou.
Aqui foi o início de tudo. Onde ganhei meu primeiro campeonato de jiu jitsu. E
daqui saí para o mundo me conhecer como um grande campeão!
Pego um táxi e vou direto para a casa dos meus pais. Saio do carro e
pego minha mala, indo até a porta. Toco a campainha e quem abre é minha irmã
Valentina. Ela está agora com dezoito anos e se parece muito com minha mãe.
Ela me abraça e chora.
— A vovó, Nick! Ela se foi! — largo a mala no chão e aperto em meus
braços.
— Eu sinto muito! — digo afagando suas costas. Ela chora de soluçar ali
abraçada a mim.
Ainda estou abraçado a Tina, quando vejo uma menina linda vir correndo
para a sala, deve ter em torno de dois anos. Seus cabelos loiros, cheios de
cachinhos e seus olhos muito azuis me encaram. Ela me lembra alguém, mas não
consigo desvendar quem.
Logo em seguida alguém vem correndo atrás dela e quando vejo quem é
meu coração para!
É Manu, ela está linda usando uma saia que é bem colada ao corpo e um
terninho na parte de cima, em seus pés ela usa sapatos de salto agulha. Seu corpo
tem mais curvas que da última vez que a vi. Seus cabelos estão maiores também.
Ela pega a menina nos braços e só então percebe que estou ali na porta.
Ela fica ali parada com a pequena menina nos braços, me encarando sem
saber o que fazer.
Tina me solta.
— Manu! Ela fugiu outra vez? Deixa que eu cuido dela! — ela diz
pegando a menina dos braços de Manu. — Vem com a titia, Nicole. — A
garotinha chora querendo o colo de Manu. — Não chora! A tia Tina vai cuidar
de você. — Tina sai com a menina. Manu continua parada lá me encarando.
Só então me dou conta de que minha irmã chamou a menina de Nicole e
disse que era titia! Ah meu Deus! Acabei de descobrir de quem eu lembrei
quando vi a menina. Ela é filha de Manu e se Tina disse que é sua tia, com esse
nome, só podia ser! Aquela menina linda loirinha de cabelos cacheados e olhos
azuis é minha filha!
Quando vi Nícolas parado ali naquela porta abraçado a Tina, achei que
iria cair dura no chão! Minhas pernas ficaram bambas e por pouco não derrubo
minha filha dos meus braços! Ele ainda é o homem mais bonito que já conheci e
continua mexendo da mesma maneira com todos os meus sentidos. Bastou um
olhar para que meu corpo o reconhecesse e o desejasse.
Droga! Por que eu não posso ser indiferente a ele, como ele é a mim?
Sim, porque eu vejo todas as notícias que saem sobre ele na mídia e
sempre aparece acompanhado de belas mulheres e isso me machuca muito.
Lembro como se fosse ontem o dia que Bryan chegou à Quinta de minha
avó trazendo os papéis do divórcio. Eu ainda tinha esperança de que ele
percebesse seu erro e viesse me pedir perdão, mas aconteceu exatamente o
contrário.
Chorei por dias depois que assinei os papéis. Fiquei doente, tive muitos
enjoos e desmaiei por vezes seguidas, então vovó chamou um médico e depois
de lhe contar o que estava sentindo, ele me deu um teste de gravidez, desses
comprados em farmácia.
Foi um choque para mim quando descobri que estava grávida, pois eu
tomava pílula, mas o médico disse que elas não são cem por cento eficazes e me
perguntou se fiz uso de algum medicamento nos últimos meses. Contei que tive
uma infecção no ouvido e ele me falou que alguns antibióticos podem interferir
na eficácia da pílula.
Pensei por várias vezes ligar para Nick e lhe contar sobre a gravidez,
mas acabava desistindo, sempre que o via na TV acompanhado de alguma
mulher. Então pedi a todos da família que não contassem a ele. Pois Nicole é
somente minha filha. Ele não tem nenhum direito sobre ela!
Assumi os negócios da minha avó, que apesar de estar bem e em pleno
uso de suas faculdades mentais, disse que era hora de descansar e ficar curtindo
a bisneta.
Aprendi tudo o que precisava sobre o negócio dos vinhos e hoje somos
um dos maiores produtores de Portugal.
Sou uma mulher de negócios, bem sucedida e não preciso de ninguém,
sou autossuficiente. Amo minha filha e ela tem todo o amor que precisa, pois
faço tudo por ela, que é minha prioridade. Ela vem antes de qualquer coisa!
Quando recebi o telefonema, fiquei muito triste, pois vovó Giovanna era
um amor de pessoa. Ela nem era minha avó biológica, mas em seu coração eu
ocupava o mesmo espaço que seus netos de sangue.
Todos estavam sofrendo muito com sua morte, mas quem estava arrasado
mesmo era o vovô Júlio, afinal ele perdeu a companheira de uma vida inteira.
Estava saindo da sala quando Nícolas me chama.
— Manuela, espere! — meu coração dá um salto no peito ao ouvir sua
voz. — Quero falar com você.
— Não temos nada pra falar! — digo secamente e volto para a cozinha
onde encontro Tina dando uma papinha para Nicole. A pego nos braços, depois
encontro minha bolsa e saio da casa o mais rápido possível com minha filha nos
braços.
Vou até meu carro e a coloco na cadeirinha afivelando o cinto. Mas não
sou rápida o suficiente, pois Nícolas me alcança antes que eu entre no carro,
segura meu braço e me vira para ele. Nossos rostos estão a centímetros um do
outro. Sinto sua respiração em minha face.
Oh meu Deus! Ele é lindo! Mas eu o odeio!
— Solta meu braço, Nícolas! — falo o puxando, mas ele continua
segurando.
— Precisamos conversar! — ele diz aproximando ainda mais seu rosto
do meu. Minha respiração está ofegante e meu coração, esse traidor, começa a
bater acelerado.
— Já disse, não temos nada a dizer um para o outro. Agora solta meu
braço!
— Solta ela! — Brizio aparece. — Nunca mais toque em minha irmã seu
canalha! — Meu irmão se interpõe entre nós, me protegendo com seu corpo.
Quando Brizio soube o que aconteceu ele queria ir até Los Angeles para
quebrar a cara de Nick, mas Samantha entrou em trabalho de parto e ele teve que
ficar com ela.
Eu nunca mais voltei para a fazenda, fiquei morrendo de vergonha. Como
encarar meu pai depois de tudo?
Mas para a minha surpresa, dois meses depois ele e minha mãe chegaram
à Quinta.
Papai me abraçou forte e eu não sabia até aquele momento o quanto
precisava dele. Chorei litros, abraçada ao meu querido pai, ele insistiu para que
eu voltasse para casa com eles, mas eu já tinha decidido ficar em Portugal, ali eu
recomeçaria minha vida.
Nicole nasceu e eles me fizeram outra visita, desta vez com Samantha e
Brizio, que traziam nos braços seu filho Júlio. Nome dado em homenagem ao
nosso querido avô.
Ficaram um mês comigo e só os vi novamente agora, quando esse triste
fato aconteceu.
— Não se meta Brizio! Esse assunto é entre Manuela e eu! — Nícolas
diz. Brizio o segura pelo colarinho.
— Parem! Respeitem a dor de seu avô! — tio Renan grita com eles e
Brizio solta Nick.
— Diga pro seu filho ficar longe de minha irmã! — Brizio diz.
Enfim consigo entrar em meu carro e saio dirigindo em direção à casa de
tio Caleb e tia Helena. Estou hospedada lá, já que mamãe, papai, Brizio e
Samantha estão na casa do vovô Júlio.
Lágrimas embaçam minha visão, paro o carro no acostamento e choro.
Choro de raiva de mim. Por que ele ainda mexe tanto comigo? Que merda! Três
anos e ainda sou completamente apaixonada por Nícolas Sullivan. Eu sentia isso
em cada poro de minha pele que se arrepiou sob o toque de sua mão.
Devo ser uma idiota, enquanto ele seguiu em frente com sua vida,
namorando com várias mulheres, eu não tive ninguém, nem mesmo um único
beijinho. Preenchi o vazio que ele deixou em mim me dedicando de corpo e alma
à minha filha e meu trabalho.
Tenho muito orgulho de ter me tornado uma empresária de sucesso, mas
no campo afetivo eu sou um fiasco. Me sinto solitária e todas as noites meu
corpo reclama a falta de Nícolas me abraçando, beijando e me amando com
ardor. Deitada em minha cama enorme eu chorava por ele, queria que ele
estivesse ali e me segurasse em seus braços fortes.
Que idiota eu era! Ficava sonhando com algo que nunca mais aconteceria.
Porque eu nunca perdoaria Nícolas, ele não acreditou em mim e me expulsou de
sua vida como se eu fosse um cão sarnento. E isso eu jamais esquecerei. Ainda
sinto aquela dor que cortou meu coração ao ouvi-lo me chamando de vagabunda!
Eu ali de joelhos em sua frente, nunca vou esquecer a raiva e o asco em seus
olhos que estavam vermelhos de tanto ódio. Ele me deixou jogada, no chão frio
daquele quarto de hotel e saiu sem olhar para trás.
Naquele dia nossos destinos foram traçados, eu segui para um lado e
Nícolas para outro e nossos caminhos nunca mais voltariam a se cruzar.
— Mamãe! Mamãe! — Nicole me chama de sua cadeirinha e só então me
lembro que ela está ali e me vê chorando.
— Oh meu amor! Está tudo bem! Vamos ouvir uma música? — coloco
uma música infantil e ela logo se distrai. Seco minhas lágrimas e ajeito minha
maquiagem. Não posso chegar à casa dos meus tios toda borrada, Mandy
desconfiaria na hora do que está acontecendo e eu não quero preocupá-la com
isso. Estamos reunidos aqui para nos despedir da vovó e nada é mais importante
que isso.
Dois dias depois chegou a hora mais triste, a despedida para sempre de
nossa querida avó. O pastor disse umas palavras bonitas. Que deixou a todos
emocionados. Tio Renan cantou uma música a mais bonita que já ouvi.
— Mamãe adorava esse hino da Harpa Cristã, lembro que ela cantava
pra gente dormir todas as noites. Ela sempre dizia que devemos estar sempre
perto de Deus, pois nas horas mais difíceis é somente a Ele que podemos
recorrer. “Mais perto quero estar” é o nome. Mamãe hoje sou eu quem canto para
que a senhora descanse em paz — tio Renan pega o violão e com a voz
embargada, começa a cantar.
"Mais perto quero estar
Meu Deus de ti...”
Todos nós estávamos emocionados, pois quem ali, nunca ouviu a vovó
cantar essa música? Quando estava feliz, triste, preocupada ou só por cantar
mesmo. Sempre adorando seu Deus.
Vovô Júlio estava chorando muito, minha mãe não saiu de seu lado, um só
minuto. Assim como Vitória.
Seguimos para o cemitério onde demos o nosso último adeus à nossa
amada vovó Giovanna. Foi difícil segurar as lágrimas e o coração doía demais,
ela fará muita falta. Ela era o pilar dessa família, a alegria que nos unia e a força
que nos mantinha em pé.
— Vai com Deus, vovó querida! — digo depositando uma margarida
sobre seu túmulo. Essa era a sua flor favorita e assim todos repetem o mesmo
gesto. Deixando uma margarida no túmulo de vovó.
— Adeus meu amor! Logo estaremos juntos, me espera! — vovô Júlio
disse dando um beijo na flor antes se depositá-la delicadamente ali.
Tio Caleb o abraçou e os dois choraram, tio Renan, mamãe e Vitória
também se juntaram ao abraço e choraram juntos a perda daquela que os amou e
os colocou sempre em primeiro lugar durante a vida toda.
Mamãe decidiu passar um tempo com vovô e meu pai ficou com ela.
Brizio e Samantha voltaram para a fazenda, ele tinha que cuidar dos
negócios. Amanda e David também ficariam por aqui uns dias a mais com seu
filhinho Marcos.
Eles estão morando lá na Quinta comigo, Amanda tem uma escola de
dança onde dá aulas para crianças e David trabalha para mim, quem diria que ele
é um ótimo negociador, depois de mim ele é quem manda na vinícola e cuida dos
negócios com mãos de ferro.
Ele me ajudou muito e juntos conseguimos reerguer a vinícola que estava
mal financeiramente e hoje é uma das maiores do país.
Em breve teremos que voltar, pois os negócios nos esperam.
Dois dias depois do funeral, David e Amanda voltaram para Portugal.
Recebemos uma ligação e alguns assuntos urgentes precisavam de atenção. Eu
até queria voltar, mas eles me impediram dizendo que eu precisava passar mais
um tempo no Brasil e eles tiraram férias pouco tempo atrás.
Mamãe e papai queriam ficar mais um pouco com Nicole, pois só tinham
visto ela logo que nasceu e Marcos esteve aqui dois meses antes.
Aceitei ficar, mas já avisando que em breve voltaria para a Quinta.
Continuei hospedada na casa de tio Caleb. Tia Helena é uma pessoa muito gentil
e adora Nicole.
Mesmo de longe eu estava de olho nos negócios. David me ligava para
contar as novidades me deixando sempre a par de tudo.
— Querida, vamos à casa do vovô, você não vem? — tia Helena
pergunta.
— Só vou trocar de roupa! Podem ir, eu vou de carro com a Nicole
depois.
Eles saem, vou para o quarto e escolho um vestido, retoco a maquiagem e
desço. Nicole está brincando com uma boneca que ganhou de tio Caleb. A
campainha toca, vou até lá e quando abro Nícolas está ali. Meu coração
novamente bate como um louco, minha respiração fica presa na garganta.
— Os tios acabaram de sair — digo com dificuldade.
— Eu sei, quero falar com você — ele fala ainda parado na porta, pois
não o convidei para entrar.
— Nícolas, já falei, não temos mais nada para falar e já estou de saída
— ele não me ouve e entra, andando direto até onde minha filha brinca.
Ele fica parado lá olhando para ela e sinto que ele sabe! Dentro de seu
coração ele sabe que é filha dele. Ele olha para mim com os olhos marejados.
— Por que não me disse? Por que escondeu que tenho uma filha? —
Agora lágrimas escorrem por sua face. Não posso evitar que as minhas caiam
também.
— Você acreditaria em mim? Você não acreditou quando te contei a
verdade sobre Alan, porque acreditaria quando te contasse sobre nossa filha? —
ele não diz nada, sabe que falo a verdade.
— Mas isso se resolveria com um teste de paternidade.
— E depois? Você a veria entre uma festa e outra? Quer fazer esse tal
teste? Como pode ter a certeza de que ela é sua filha? Afinal, em sua cabeça eu
tive um caso com outro homem?
— Manuela! Pare com isso! Sei que ela é minha filha! Meu coração me
diz!
— Esse seu coração só não te disse que eu nunca te enganei, que nunca
tive algo com Alan, além de amizade! — falo magoada. Ainda dói muito tocar
nesse assunto.
— Manuela, não precisa mais mentir, um mês depois mandei Bryan com
os papéis do divórcio e ele me disse que Alan estava lá com você — ele fala
furioso.
— Por que Bryan disse isso? Quando ele chegou à Quinta, eu estava na
cama. Os sintomas da gravidez estavam me deixando muito fraca. Vovó Lucinda
e todos os funcionários da Quinta são testemunhas. A última vez que vi Alan, foi
naquele dia no hotel. Sabe Nícolas, agora descobri quem armou tudo pra nos
separar. Bryan e com certeza teve a ajuda de Lily e você caiu como um idiota! —
digo.
Ele cai sentado no sofá segurando seu rosto entre as mãos.
— Aquele desgraçado me enganou direitinho! Meu Deus, ele me fez
perder esses anos da vida da minha filha. Me fez perder você! — Nícolas
levanta e vem em minha direção. Minhas pernas estão tremendo e minhas mãos
suando frio. — Manuela...
— Nícolas, por favor, não chegue perto de mim e não me toque! O fato de
você ter se dado conta de que foi enganado, não por mim, mas por Bryan, não
apaga todas aquelas palavras duras que disse para mim!
— Eu sei, mas...
— Saia, por favor! — aponto para a porta. — Ao menos estou sendo
educada, estou te convidando a sair. Ao contrário de você que me expulsou da
sua casa. Da nossa casa. Vá embora, por favor! — ele passa por mim me
encarando e sai.
Vou até minha filha, a pego nos braços e choro. Choro com a convicção
de que ele foi tão enganado quanto eu, mas agora é tarde demais! Meu coração
está muito ferido e perdoá-lo é impossível!
Ainda não posso acreditar, a ficha está demorando a cair.
Uma filha!
Eu sou pai de uma linda menina! E perdi dois anos de sua vida, não a vi
nascer, sair seu primeiro dentinho, dar o seu primeiro passo, falar sua primeira
palavra. Perdi a gravidez de Manu. Eu que sonhei tanto com esse momento. Ver
seu ventre crescido com um bebê nosso ali dentro. Ela deve ter ficado linda.
Eu imaginei tantas vezes essa cena. Ela sentada passando as mãos na
barriga e nosso bebê mexendo dentro dela.
Como fui tolo! Meu ciúme me fez ver coisas onde não existiam.
Lembro dela de joelhos implorando que eu a ouvisse que acreditasse
nela. Mas eu estava tão louco de ódio que não percebi que ela dizia a verdade.
Perdi tanta coisa e tudo por causa de meu orgulho bobo. Tantas pessoas
tentaram me fazer ver a verdade, mas eu estava tão cego de raiva, que não quis
ver, muito menos ouvir.
Quando vi Manuela segurando nossa filha nos braços, meu coração quase
parou tamanho o choque que senti. Assim que ela saiu da casa dos meus pais, fui
direto falar com minha mãe.
Ela me contou que todos sabiam que Nicole era minha filha e por várias
vezes tentaram me falar, mas assim que eu ouvia o nome de Manuela pedia para
mudar de assunto.
Ela estava tão magoada que não permitiu que mais ninguém contasse
sobre a gravidez.
Bryan vai pagar caro pelo que me fez.
David vem falar comigo.
— E aí cara! Pelo visto já descobriu!
— Sim! Sou pai! Por que não me contou? — pergunto irado.
— Saiba que tentei por várias vezes, mas você estava irredutível.
Bastava falar o nome de Manuela que você desligava o telefone. Depois
começou com aquela loucura de festas, mulheres e bebedeiras — ele fala e tem
razão em tudo e isso é o que me deixa com mais raiva! Saber que o único
culpado por tudo isso fui eu com meu orgulho e desconfiança desmedidos. Se
realmente eu confiasse em Manuela, teria acreditado nela. — Ela sofreu muito,
Nick! Amanda e eu acompanhamos de perto. Quando nos mudamos para a
Quinta, Nicole já havia nascido e Manuela ainda chorava por você não estar ao
seu lado.
— Isso não é justo! — levanto e dou um soco no encosto do sofá.
— Não, não é! Eu investiguei e descobri tudo! Mas Manuela me impediu
de te contar, ela também queria te esquecer. O que era normal, pois nós sempre
víamos você nas festas, acompanhado de mulheres diferentes a cada fim de
semana. E parecia tão feliz! Ela me fez prometer que não te diria nada!
— Eu tinha o direito de saber! Ela é minha filha! — ando de um lado
para outro na sala. Meu pai chega.
— Meu filho! David não tem culpa de nada! Os únicos culpados de tudo
são Bryan e Lily.
—Lily? Como fui tolo! Caí direitinho na armadilha! E esse cara, o Alan?
— pergunto a David.
— Como eu havia dito a você, ele era um gigolô e estava precisando de
dinheiro. Bryan pagou a ele trezentos mil dólares, no início era para que ele
conquistasse Manu, mas ela te amava e nunca deu mole pra ele. Então armaram
tudo. — David me explica.
— Como descobriram?
— O pai de Manu contratou os serviços da agência do meu pai. Jacob
investigou e descobriu tudo! Temos inclusive uma gravação com Alan
confessando tudo! — David me explica.
— Quando? Quando descobriram tudo isso?
— Tem quase um ano. Mas nós apenas confirmamos o que já sabíamos,
que Manu era inocente. Sempre acreditamos nela! — meu pai diz. — Fiquei
muito envergonhado com o que você fez meu filho — ouço meu pai falar com
desgosto e amargura na voz. — Você a expulsou de sua casa! A humilhou!
Nenhuma mulher merece ser tratada da forma que a tratou — meu pai continua
falando e me sinto um desgraçado, se eu pudesse chutaria minha própria bunda
agora. — Se ela não amasse você acha que teria ido para Los Angeles. Ela tinha
planos, mas não pensou duas vezes antes de abandonar tudo e seguir com você!
— Eu sei de tudo isso pai! Como acha que estou me sentindo? Neste
momento sinto como se as escamas de meus olhos estivessem caindo e posso ver
claramente o que antes não via. Meu Deus! O que foi que fiz? Destruí o meu
casamento! Magoei a mulher que amo, tudo por uma mentira! Mas por que Bryan
faria isso? Lily até entendo, mas ele? — David tira um relatório de uma pasta e
me entrega. — O que é isso?
— É o relatório da investigação, as coisas são mais graves do que
imagina! — começo a folhear o relatório. — Bryan está desviando dinheiro das
academias e colocando em uma conta na Suíça.
— Aquele desgraçado, como não percebi?
— E tem mais, Jacob continuou investigando Bryan e descobriu há um
mês que ele é o culpado pelo atentado que quase matou o treinador Cláudio! —
David completa.
— Mas por quê? Não entendo! — estou perplexo, não posso acreditar
que Bryan foi capaz de tudo isso!
— Nick, o treinador Cláudio descobriu que ele estava roubando dinheiro
das academias e ia contar tudo, mas Bryan o encontrou antes e você sabe o que
aconteceu — David continua falando e fico cada vez mais perplexo.
— Meu filho, você tem que denunciar esse cara, ele tem que pagar por
tudo o que fez — meu pai fala revoltado, mas não tanto quanto eu!
Depois que aconteceu o funeral de vovó Giovanna esperei que se
passassem dois dias, antes de procurar por Manuela.
Paro o carro em frente à casa de tia Helena e tio Caleb. Fiquei lá dentro
do carro tomando coragem para falar com Manu.
Vejo meus tios saindo de casa com Renato. Esse é o momento.
Vou até a porta e toco a campainha. Meu coração bate acelerado dentro
do peito. As mãos suam frio e as pernas tremem, nunca me senti tão nervoso
quanto agora.
Manuela abre a porta e em seus olhos posso ver a raiva e a decepção
refletidos, e isso doeu. Doeu muito ver que aqueles olhos cor de violeta, hoje
não tem mais aquele brilho do amor de antes. Agora são vazios e frios como
gelo.
— Os tios acabaram de sair — ela me diz e sinto um leve tremor em sua
voz.
Entro e digo que sei e quero falar com ela. Mas Manuela está irredutível
e não quer me ouvir.
Olho para minha filha que brinca no chão da sala alheia a tudo o que está
acontecendo.
Tento argumentar com ela, mas não adianta, Manuela não me permite
sequer que eu chegue perto.
Deve ter sido assim que ela se sentiu quando tentava me explicar e eu não
dei ouvidos. Ela suplicou, me implorou que a ouvisse e eu lhe dei as costas.
— Vá embora, Nícolas! Saia por favor!
São as últimas palavras que ouço dela antes de sair.
Sei que não será fácil, mas vou reconquistá-la, mesmo que para isso eu
tenha que pedir perdão de joelhos todos os dias. Mas antes tenho que voltar para
Los Angeles, Bryan vai me pagar com juros por tudo o que me fez.

Arrumo minhas malas, pego o relatório que David me deu. Me despeço


de minha família com a promessa de que vou recuperar minha família, minha
filha e a mulher que amo e vou para o aeroporto, nem meu medo de voar vai me
impedir de consertar todos os meus erros.
Chego em casa exausto depois de doze horas em um avião. Juan vem me
pegar no aeroporto. Ligo para Bryan e digo para ele me encontrar em casa.
Quando chego lá, ele já está me esperando sentado no sofá, bebendo um
copo de uísque.
— Cara meus pêsames, sei o quanto você amava sua avó! — ele me dá
um abraço. Tenho que usar todo meu autocontrole para não o matar agora mesmo.
— Você sabe muita coisa sobre mim, não sabe? — falo mais calmo do
que gostaria.
— Mas é claro! Nos conhecemos há mais de dez anos!
— Você sabe o quanto eu amava Manuela, não sabe? Sabe o quanto sofri
quando tudo aquilo aconteceu, não sabe? — o seguro pelo colarinho.
—Cara! O que você tem? — vejo o medo estampado em seu rosto.
— Você destruiu minha vida! — aperto sua garganta o levantando do
chão. — Como foi capaz? Junto com a vadia da sua irmã planejaram tudo e
acabaram com meu casamento!
— Nick! As coisas não são assim, cara! Foi a Lily! — ele fala com
dificuldade, pois o aperto de minha mão em sua garganta o impede até mesmo de
respirar.
— Senhor, não vá cometer nenhuma loucura! — Juan entra e tenta me
impedir de matar Bryan, pois nesse momento, essa é a minha vontade!
— Juan! Saia daqui! Não se preocupe, a morte seria muito fácil pra esse
desgraçado, fodido do caralho! — ele me obedece. —Então, o salário que eu
pagava pra você, não bastava? Você tinha que me roubar?
— Nick! Nick, me escuta, cara! Deve haver um mal-entendido...
— Não há mal-entendido algum! Eu tenho provas! Você é um maldito e
vai para a cadeia! Sabe o que fazem com caras como você na cadeia, não sabe
Bryan? Com essa sua carinha de playboy? — vejo seus olhos esbugalharem
quando se dá conta do que eu quero dizer.
— Nick, cara você não pode me mandar pra cadeia! Eu te devolvo tudo!
— o jogo contra a mesa de centro, que se quebra com o impacto.
— Me devolve tudo? Me devolve tudo? — o seguro novamente pelo
colarinho e desfiro dois socos em sua cara. — Você pode me devolver o amor de
Manuela? — soco. — O tempo que perdi longe da minha filha? — soco — Me
diz Bryan! Você pode?
— Cara! Não me bate mais! — Esse covarde agora começa a chorar.
— Não, vou deixar isso para os teus colegas de prisão. Porque é pra lá
que você vai. Por roubo e por tentativa de assassinato! — ele arregala
novamente os olhos. —Sim, eu já sei! Foi você quem atirou no treinador
Cláudio. Quanto tempo será que você pega por isso? — Ele levanta e tenta fugir,
cambaleando. — Nem pense nisso! — O seguro e jogo novamente no chão. —
Só agora entendo porque Lily vivia me cercando logo depois que Manu foi
embora. Aquela vaca achou mesmo que eu voltaria pra ela! Nunca tive tanto nojo
de alguém quanto tenho dela! Se a humanidade fosse dizimada e restassem
apenas ela e eu, os humanos seriam extintos! — Bryan fica ali no chão limpando
o sangue que sai de sua boca. —Agora, vou ligar para a polícia. Você enfim terá
o que merece.
Assim que os policiais chegam e mostro a eles todas as provas, levam
Bryan sob custódia.
— Isso não vai ficar assim Nick! Você vai me pagar! Você vai me pagar!
— ele grita enquanto é levado para a viatura. O cara me rouba, destrói minha
vida, tenta matar uma pessoa e ainda acha que está sendo injustiçado. É mole!
Esse problema está resolvido. Agora tenho que resolver o minha vida
com Manuela e isso será bem mais difícil e trabalhoso. Mas custe o custar vou
recuperar minha esposa e filha. Sei que não será uma tarefa fácil, mas nada no
mundo é mais importante para mim.
Antes de partir atrás de Manuela, deixei o treinador Cláudio responsável
por todas as academias. Ele fez uma queixa formal contra Bryan. Apesar de não
se lembrar de nada, ele viu o vídeo da câmera de segurança que gravou o
momento em que Bryan lhe acerta o primeiro tiro. Ele tentou apagar as imagens,
mas não sabia que eram mandadas para um banco de dados na empresa de
vigilância. David conseguiu acessar as gravações e recuperou as imagens do dia
do suposto assalto.
Liguei para a casa dos meus pais e falei com minha mãe. Ela me disse
que Manuela já tinha voltado para Portugal e é para lá que eu vou. Já é chegada a
hora de colocar as coisas em seus devidos lugares e meu lugar é ao lado de
minha mulher e de minha filha!
Embarco nesse avião com o coração cheio de medo e esperança. Medo
de que por mais que eu me esforce, me humilhe e suplique, Manuela não me
perdoe. E isso para mim será a morte.
Pensar que éramos tão felizes e por uma mentira fomos separados.
Manuela é a mulher da minha vida, nunca amei e nem vou amar outra
como a amo.
Durante esses três anos em que estive afastado, apenas sobrevivi longe
dela, que era minha luz, minha alegria. Sei que cometi muitos erros, nem sei se
realmente mereço seu perdão, mas vou fazer até o impossível para tê-la
novamente em meus braços.
Estou angustiado, morro de medo de voar, mas desta vez vou embarcar
sem tomar o medicamento. Quero estar bem lúcido e talvez meu pavor de voar,
me distraia um pouco do que está por vir, pois essa será a luta de minha vida. e
Manuela será o prêmio que devo conquistar. Ela e minha filha.
Por ela sou capaz de desistir até mesmo de lutar no octógono. Faço o que
ela quiser, se ela me quiser, me jogo aos seus pés para conseguir seu perdão.
Sei que o que fiz lhe causou muita dor e que as feridas ainda estão
abertas, mas se for necessário passarei o resto de meus dias cuidando e amando
para que elas cicatrizem.
Quantas noites passei em nossa cama, lembrando os momentos felizes
que tivemos, de todas às vezes em que nos amamos. Noites de solidão, quando
tudo o que eu mais desejava era estar com ela em meus braços.
Ela deve ter sofrido tanto com todas aquelas palavras duras que eu disse.
Só de lembrar sinto meu coração se rasgando. Quanta dor lhe causei. Será
possível ela me perdoar?
Sinto tanta raiva ao pensar que ela passou por tudo sozinha, a gravidez, o
nascimento de nossa filha e ainda sofrendo com todas aquelas coisas que fiz. Me
vendo desfilar com outras mulheres. Sou um maldito fodido!
Por que eu tenho que ser assim tão explosivo? Não pensei direito, é claro
que ela não seria capaz de fazer aquilo. Ela sempre me amou, eu é que fui um
idiota. Não acreditando em sua palavra.
O voo para Portugal está decolando e dentro deste avião vou levando
minha última esperança de ainda ser feliz!
— David. Aquele contrato com o restaurante do Pierre já foi redigido?
— Já! Manu você tem uma reunião com dois distribuidores, eles querem
levar algumas amostras para a França. Lembra que te avisei? — David me
lembra.
— É claro! As duas, não é?
— Sim.
— Obrigada! Se não fosse por você, estaria perdida — digo e é a
verdade. Quem diria que David seria um ótimo executivo? Eu poderia deixar
tudo nas mãos dele de olhos fechados.
Aprendeu tudo o que precisava sobre o negócio em tão pouco tempo e
ainda vai aos parreirais supervisionar a produção das uvas, parece que nasceu
para isso. Minha prima Amanda teve muita sorte por conhecê-lo. Apesar do
começo conturbado, hoje eles são muito felizes e David sempre demonstra o
quanto é apaixonado por ela.
— Nick ainda não te procurou? — ele pergunta.
— Não quero falar sobre ele!
— Manuela, uma hora vocês vão ter que se falar. Nicole é filha dele
também!
— Ela é minha filha! Só minha! — digo sentando atrás de minha mesa.
— Eu sempre fui contra você esconder dele a existência de Nicole, você
sabe! Ele foi enganado, Assim como você — David começa com aquele discurso
de sempre.
— David, por favor, vamos nos ater aos assuntos profissionais — digo
mudando de assunto, ainda me dói muito falar de Nick.
— Amanda está preocupada com você. Desde que voltamos do Brasil se
enfiou de cara no trabalho. Não falou o que Nick disse quando viu Nicole, você
se fechou nesse mundo de negócios. Isso não é bom!
— O que você quer saber David? Quer saber se meu coração bateu
acelerado quando vi Nick em minha frente, depois de anos? Sim, ele bateu! Quer
saber se ainda o amo, mesmo depois de tudo o que me fez? Sim, amo! Mas não
posso perdoá-lo! Ele me magoou muito! Me machucou demais e nunca
poderemos ficar juntos. Agora pode ligar para seu amiguinho e falar para ele
tudo o que te falei. Porque por mais que eu o ame, meu ódio e meu rancor são
maiores que esse amor. Ah! E diga também que não quero que ele chegue perto
de mim nunca mais.
— Do que está falando? — ele se faz de sonso.
—Ah David! Por quem me toma? Acha que não sei que você e Nick tem
se falado durante esses dias? Negue, negue se eu estiver errada! — o desafio.
— Você está certa! Mas ele está arrependido — David intervém a favor
de Nick, mas eu já esperava por isso.
— O que você é? O advogado do diabo?
— Manu, ele mandou Bryan pra cadeia! Foi ele quem tentou matar o
treinador Cláudio! — Tá, isso é novidade. Olho para David e não posso evitar
minha expressão de surpresa. — E tem mais uma coisa! Nick está vindo pra cá!
— ele fala deixando alguns documentos para que eu assine sobre minha mesa.
— O quê? — deixo cair a caneta que usava para assinar vários
documentos.
— Uma hora dessas deve estar desembarcando no aeroporto da capital.
— Não acredito! O que ele quer? — Fico em pé apoiando as duas mãos
na mesa o encarando.
— Não é obvio? Ele quer falar com você e se despencou lá de Los
Angeles pra cá. Pelo menos vamos lhe dar o crédito de ter entrado novamente
em um avião. O que para ele é um sacrifício, sabe que ele odeia voar e em
menos de um mês essa é a terceira vez que ele entra em um voo longo. — Isso é
verdade, lembro de nossa viagem do Brasil para os Estados Unidos, ele até
passou mal.
— Isso não me interessa! Não o quero perto de mim.
— Acho que não posso te ajudar com isso! Sabe que quando Nick põe
algo na cabeça ele tenta até conseguir. Só estou te avisando para que esteja
preparada! Ele atravessou o oceano pra te pedir perdão — dizendo isso David
sai e me deixa aqui, com essa bomba nas mãos.
Eu sabia que uma hora ou outra ele viria reclamar seus direitos de pai.
Sei que Nicole merece ter o pai por perto, mas para isso eu também terei
que vê-lo e não acho que esteja pronta para estar tão perto dele.
Se nos poucos momentos que estivemos juntos no Brasil meu coração
quase saltou para fora do meu peito, como seria ter ele sempre perto de mim?
O amo, não deveria, mas o amo! Queria odiá-lo, como venho dizendo a
todos, mas não posso! Esse meu coração idiota se derrete somente ao ouvir sua
voz! Sentir seu cheiro ou com o toque de suas mãos.
Mas eu tenho que ser forte, não posso me deixar levar por meus
sentimentos de amor. e sim pelos meus sentimentos de dor.
Quando eu estiver cedendo, basta lembrar das palavras duras que ele me
disse, dele me expulsando de sua casa como um cão sarnento e depois dele me
deixando jogada lá naquele chão frio de quarto de hotel dizendo que eu era
mesmo uma vagabunda!
Isso dói demais. Essas lembranças são como um espinho em minha alma.
Nunca alguém amou tanto, como amei Nícolas! Por ele desisti de tudo,
abandonei a vida que eu amava na fazenda e fui para um país estranho.
Entreguei minha vida totalmente a ele, e ele não soube valorizar. Preferiu
acreditar na palavra de um desconhecido que na minha!
E isso eu não posso perdoar! Posso até permitir que ele veja a filha,
afinal ele é o pai e compreendo que têm direitos, mas quanto a mim, nunca mais
haverá nada entre nós.

Chego em casa depois de um dia exaustivo de trabalho, duas reuniões


enfadonhas que na verdade não foram produtivas, se não fosse por David creio
que os empresários não teriam fechado negócio.
Tiro meus sapatos e jogo minha bolsa no sofá.
Moro em um chalé que fica bem afastado da casa de vovó. Depois que
Nicole nasceu decidi mudar para cá, eu me sinto melhor tendo minha casa, minha
privacidade, além do mais, a casa de minha avó era muito grande, o chalé é bem
mais aconchegante.
David e Amanda moram em outro que fica próximo à casa de vovó. No
início eles não queriam aceitar, mas vovó os convenceu, pois David tinha que
verificar os parreirais e isso seria mais fácil se ele morasse aqui na Quinta.
Estou tão cansada, preparo um banho aproveitando que a essa hora
Nicole está com minha avó. Todas as tardes ela fica com vovó que faz questão
de passar este tempo com ela.
Fico lá na banheira aproveitando a sensação da água quente em meu
corpo e me sinto relaxar.
Ouço alguém batendo na porta, pego meu celular e vejo a hora, devo ter
cochilado, pois se passou uma hora desde que entrei na água, nem percebi que
ela tinha até esfriado.
As batidas continuam. Pego um robe e saio da banheira. Estão batendo
insistentemente.
— Calma! Já vou! — desço a escada correndo e abro a porta. Sinto meu
coração ir parar em minha boca ao me deparar com Nick bem ali olhando para
mim.
— Nick? O que faz aqui? — pergunto fechando mais o meu roupão.
— Precisamos conversar — ele diz entrando.
— Ei! Eu não disse que podia entrar! — falo andando atrás dele —
Nícolas, saia da minha casa agora! — grito para ele, mas quem disse que ele me
ouve.
— Precisamos conversar e só saio daqui depois que você me ouvir —
então ele me encara com aqueles olhos verdes que já foram a minha perdição,
mas que agora são a minha dor, a minha mágoa, o meu rancor.
— Como eu disse quando estávamos no Brasil, não temos mais nada pra
falar. Tudo foi dito. Ou não se lembra? — a minha raiva está à tona novamente
através das minhas lembranças. — Pois eu me lembro de tudo, como se fosse
hoje. Lembro de você me expulsando da nossa casa. Lembro da dor em meu
peito ao ver o ódio em seus olhos. Lembro de implorar, de suplicar e você não
me ouvir. Lembro de estar caída no chão frio e você sair dizendo que tinha nojo
de mim — lágrimas caem dos meus olhos, Nick também está chorando. —
Esqueci de alguma coisa? — toda a minha mágoa vem à tona e não posso evitar,
quero feri-lo tanto quanto ele me feriu. Quero que sofra tanto quanto me fez
sofrer!
— Manu, meu amor! — ele fala se aproximando de mim.
— Não me chame de amor! Me lembro de te pedir para me ouvir, de te
chamar de amor e você me empurrar e eu cair. Como sou seu amor, se você não
acreditou em mim? Que tipo de amor é esse que acredita em qualquer um menos
na pessoa que se diz amar?
— Eu fui enganado! Eles planejaram tudo para nos separar!
— E só conseguiram porque você não confiava em mim! Nícolas a única
coisa que fiz foi amar você, e como te amei, me entreguei por inteiro a esse amor
louco, por esse amor, por você desisti de muitas coisas. Demonstrei a você todos
os dias e todas as noites o quanto te amava, com meus beijos, com minhas
carícias, quando me entregava a você com paixão. Ainda assim você achou que
eu estive com outro! Que eu te engava — Nick se ajoelha em minha frente e o
vejo chorar olhando para mim, da mesma maneira que estive no hotel quando ele
me segurou pelos pulsos e caí de joelhos em sua frente.
— Eu faço qualquer coisa pra que você me perdoe! Eu imploro, me
perdoe! — ele agarra minhas pernas. — Amor, por favor, me dê mais uma
chance! — tento me desvencilhar de seus braços.
— Não toque em mim! —o empurro. — Nick me solta! — ele me solta.
Sento no sofá e ele continua ali de joelhos.
— Sei que está magoada, ferida e que tudo o que fiz ainda dói. Mas estou
aqui, me humilhando, jogado aos teus pés, implorando para que me perdoe!
— Não posso! Entenda! Não posso esquecer tudo o que me fez e tudo o
que me disse — estou quebrada, despedaçada, destruída. Meu coração está
partido em mil pedaços e cada um deles está espalhado pelo chão.
Nícolas foi, é e sempre será o grande amor de minha vida, mas as mágoas
e rancores estão entre nós como uma muralha intransponível.
— Vá embora Nícolas! — digo ficando em pé e olhando para ele de
cima, como ele me olhou naquele dia. Seus olhos verdes estão mais intensos,
sinto como se um punhal estivesse atravessando meu peito ao vê-lo assim tão
vulnerável, jogado aos meus pés.
Quantas noites desejei ver ele assim humilhado da mesma maneira como
fui humilhada. Mas agora que ele está aqui, não é como imaginei, não me sinto
vingada, nem me sinto melhor. Ao contrário, isso me machuca. Dói muito vê-lo
assim.
Achei que quando isso acontecesse eu daria gargalhadas e me sentiria
vencedora e só agora me dou conta de que em nossa história não há vencedores,
tanto ele quanto eu saímos perdendo. Então me viro de costas, não posso mais
encarar seus olhos suplicantes.
— Por favor, Nícolas, vai embora!
— Eu vou, mas saiba que ainda não desisti de você. Eu te amo e vou lutar
todos os dias da minha vida se for preciso para conseguir o teu perdão e ter de
volta o seu amor. — Não olho mais para ele, apenas ouço o barulho dos seus
passos se distanciando e depois a porta se fechando atrás de mim. E quando isso
acontece me permito desabar. De joelhos no chão da sala choro tudo o que não
me permiti durante esse tempo.
— Manu! Manu! — Amanda entra em minha casa e me encontra ali
deitada no chão. — Oh meu Deus, vem cá! — ela me ajuda a levantar. — Senta
aqui!
— Por que ele voltou Mandy? Por quê? — choro abraçada à minha
prima.
— Eu não sei o que dizer. Sabe que eu amo você, não sabe? —ela me
diz. — Mas amo Nick da mesma maneira! Não sei como agir, de que lado ficar.
— Por agora, só peço que fique do meu lado, só um pouquinho. Só me
abrace mais um pouco, eu juro que tô precisando! — Amanda fica ali até que eu
me acalme.
Flora chega com minha garotinha nos braços e sou obrigada a me
recompor.
— Tudo bem? — ela pergunta.
— Sim! — digo limpando as lágrimas. — Ei meu amor! Se divertiu muito
com a bisa?
— Mamãe! — minha linda menina vem correndo para os meus braços.
Olhando para seu rostinho lindo e inocente e por ela não me arrependo de
tudo o que vivi, do amor que senti, faria e viveria tudo novamente, só por saber
que o resultado seria tê-la em meus braços.
Então olhando em seus olhinhos azuis tenho forças para continuar a viver,
mesmo com essa dor que me dilacera por dentro a cada minuto dos meus dias!
Saio da casa de Manuela desolado, eu sabia que não seria fácil obter o
seu perdão. Ela está muito magoada e ferida, não é para menos, o que fiz foi
terrível, não sei se algum dia ela vai me perdoar, eu mesmo não me perdoo.
Mas eu não posso desistir, não quando ela é tudo para mim. A minha
felicidade está com Manuela, meu coração está com ela.
Quando a abandonei naquele quarto de hotel deixei com ela o meu
coração, e ele só retornou à vida quando a vi naquele dia na casa dos meus pais
segurando nossa filha nos braços. Naquele momento tomei um choque de
realidade, bastou olhar para Nicole para saber que era minha filha, não sei se foi
a voz do sangue, mas eu sabia.
E ver novamente aqueles olhos cativantes que agora eram replicados em
minha filha, despertou em mim aquilo que estava adormecido, morto! Tudo por
causa de pessoas más e gananciosas. Por dinheiro e inveja!
Eu espero que Bryan pague com juros, lá na prisão, por tudo o que me
fez. O dinheiro não é importante, mas minha vida, os anos perdidos, as mágoas.
Ele me via sofrendo, me abraçava dizendo que era meu amigo!
David já estava de viagem marcada para Los Angeles para me contar
tudo o que havia descoberto, mas teve alguns problemas na vinícola. Ele queria
me entregar tudo pessoalmente, sabendo que eu não acreditaria em mais ninguém.
Depois vovó acabou falecendo, então após o funeral ele me entregou o
relatório. Tio Rodrigo não se conformou com o que aconteceu e demorou a tomar
a decisão de pedir uma investigação. Ele e meu pai ficaram sem se falar por
quase um ano. Só voltaram a conversar depois que Nicole nasceu. Quando ela
fez um ano os dois contrataram a empresa do pai de David para investigar tudo.
O primeiro que conseguiram encontrar foi Alan depois de seis meses de
investigações, a partir daí foi fácil descobrir o que Bryan fez.
Vou até a casa de David e Amanda.
— Então? Conversaram? — ela pergunta.
— Sim, mas ela está irredutível. Não quis nem me ouvir!
— Vou até lá — Mandy fala —, amor, fica de olho em Marcos.
— Vai tranquila — David lhe dá um beijo e Amanda sai. — Você sabia
que não seria fácil — David me diz.
— Sim, mas é duro ver tanta dor nos olhos dela! Ela está muito ferida.
Não sei se algum dia vai me perdoar — falo desanimado.
— Ei cara! Essa foi só a primeira tentativa. Já está pensando em desistir?
— Nunca! Manuela é a mulher da minha vida! Nem que seja a última
coisa que faça, vou conseguir o seu perdão!
— Quer beber algo?
— Não, obrigado! A bebida não é uma boa conselheira! Não viu quantas
cagadas eu fiz? Porra! Como fui idiota! O Bryan me deixava distraído com
aquelas festas e bebedeiras. Aproveitava minha amargura jogando mulheres pra
cima de mim. Fui burro demais. Estava tão cego, perdido em minha dor, que fui
me afundando cada vez mais. Confesso que estou com medo! Eu enfrentaria mil
viagens de avião, mas não sei se posso encarar os olhos de Manu novamente e
ver tanta decepção e sofrimento.
— Sei do que está falando. Você não sabe, mas Amanda e eu também
enfrentamos muitos desafios para ficar juntos. Eu reneguei meu próprio filho,
sem nem ao menos vê-lo uma única vez e isso machucou muito a Amanda. Mas
eu a amava tanto que me permiti ver meu filho uma vez e foi o que bastou para
que meu coração se enchesse se ternura e eu pensei que um pedaço meu e dela,
foi feito em um momento de amor, não podia ser mau. O peguei nos braços e
entendi de uma vez por todas que minha vida só faria sentido se eu estivesse ao
lado de minha família — David diz emocionado. — Mas antes de tudo isso
acontecer, eu também vi a dor nos olhos da mulher que amo. Isso às vezes ainda
dói saber que rejeitei meu filho, que Amanda preferiu fugir de mim por medo de
me contar. Que tipo de homem rejeita o próprio filho? — ele respira fundo. —
Mas ela não desistiu de mim, graças ao amor puro que ela sente por mim, eu fui
salvo.
— Entendo, foi assim que me senti quando vi Nicole pela primeira vez,
bastou um olhar e eu sabia que ela era minha filha. Meu coração sabia! E naquele
momento me dei conta da burrada que fiz. De tudo o que perdi — coloco as suas
mãos na cabeça e solto o ar pesadamente. — Agora é correr atrás, sei que não
será fácil, mas tenho que tentar!
Amanda volta.
— Como ela está? — pergunto logo.
— Quando cheguei ela estava chorando muito e te maldizendo. Mas
quando saí ela estava mais calma — ela pega o filho, que já estava dormindo no
sofá. — Nick, Manu te ama, mas está muito magoada, dê tempo ao tempo, seja
paciente com ela. Ela vai te perdoar, eu sei — ela leva o garotinho para o quarto.
— Amanda preparou o quarto de hóspedes. Ainda bem que ficamos com
esse chalé, ele é maior que o outro onde Manu mora. Lá tem só dois quartos,
enquanto esse tem quatro. Hoje não tem mais nada que você possa fazer, vem vou
te mostrar o quarto — sigo David por um pequeno corredor e ele me acomoda
em um quarto muito aconchegante. —Esse fica aqui em baixo, acho que terá mais
privacidade. Amanda e eu dormimos no quarto lá em cima, nosso filho tem um
quarto lá também. Boa noite!
— Boa noite! — David sai e me deixa ali com meus pensamentos. O
quarto tem uma enorme porta de vidro que dá para uma varanda e uma vista
muito bonita da propriedade, mesmo a noite somente com a luz da lua é possível
ver os parreirais ao longe.

A Quinta é um lugar muito bonito. A avó de Manuela fez questão de me


mostrar tudo durante a tarde quando cheguei.
Achei que ela me trataria com hostilidade, mas foi ao contrário, ela me
recebeu de braços abertos.
— Já sei de tudo o que aconteceu, meu filho — ela disse com seu sotaque
lusitano. — Minha neta ainda o ama, ela acha que eu não a ouvia chorar baixinho
todas as noites quando chegou aqui.
— Dona Lucinda, estou muito arrependido, eu amo sua neta e quero pedir
perdão! — falei e ela me abraçou.
— Eu sei meu filho, eu sei! Vamos andar por aí, quero conversar com
você e te mostrar esse lugar!
Andamos por todos os lugares, ela fez questão de me mostrar tudo e
conversamos.
Ela me contou que a Quinta foi um presente de seu bisavô para a esposa
que era apaixonada por uvas e vinhos. Começaram com uma produção pequena
apenas para consumo próprio e hoje eram um dos maiores exportadores de vinho
do país.
— Agora tudo isso é de minha neta, e o homem que ficar com ela vai ter
que ficar aqui! A ajudando a cuidar dos negócios! Entende? — ela perguntou e
só então percebi que seus olhos também eram violetas, como os de Manu. — A
amas?
— Mais que tudo no mundo! — ela segurou em minhas mãos.
— Então vá à luta! Manuela é uma mulher de opinião forte e gênio mais
forte ainda, terás uma tarefa árdua pela frente, mas vais conseguir. És um homem
forte e bonito e sei que minha neta o ama. Use seu charme, mulher nenhuma
resiste a um homem charmoso. Tens atributos físicos o que já é meio caminho
andado — ela falou bem pertinho do meu ouvido. — Basta que pegues ela de
jeito, sabes do que estou falando, não sabes? — ela me cutucou com o cotovelo,
fiquei um pouco encabulado, mas entendi do que ela estava falando.
Depois do passeio, fiquei o resto da tarde com minha filha. Ela é um
anjinho, muito inteligente e astuta. Meu coração não cabe no peito tamanha a
alegria que sinto ao segurá-la em meus braços, sentir seu cheirinho, a maciez de
seus cabelos cacheados.
Minha filha! Eu nem sabia que um sentimento como esse pusesse existir.
Um amor incondicional, seria capaz de tudo por ela, daria minha vida por ela.
Temor por sua vida, instinto de proteção tão primitivo quanto a existência da
humanidade! Isso deve ser amor paterno.
Quando chegou a hora de Manuela retornar do trabalhar, a avó dela me
mostrou onde ela morava, me pediu que esperasse um pouco e depois fosse até
lá.
E foi o que fiz, mas não deu muito certo.
Estou rolando nessa cama, há horas. Estamos no final de setembro,
finzinho do verão, dona Lucinda, me explicou que essa época é de muito trabalho
por aqui, pois é época da vindima, ou seja, época da colheita das uvas.
O ar está gostoso, não faz calor e nem frio, me levanto e decido andar um
pouco.
Quando dou por mim estou parado em frente à casa de Manu, a uma hora
dessas ela deve estar dormindo. Fico lá olhando para a janela que pode ser a do
seu quarto.
— O que ainda está fazendo aqui? — a ouço perguntar atrás de mim. Me
viro e a vejo me encarando com aquele bico que sempre fazia quando estava
brava comigo. Linda usando uma mini camisola de seda e seus cabelos enormes
bagunçados pelo vento.
— Também está sem sono? — ela dá um passo para trás quando me
aproximo.
— Não é da sua conta! O que ainda faz aqui, Nícolas? — me aproximo
mais, ela continua andando para trás. Estou sem camisa e percebo seu olhar de
desejo para mim e acho que chegou a hora de colocar o conselho de dona
Lucinda em prática.
— Manuela, eu não vou desistir de você, quero ter você novamente em
minha vida, em minha cama!
— Por que, as vadias não são mais suficientes? — ela pergunta com a
respiração ofegante, é bom saber que ainda mexo com ela.
— Nunca foram, elas não eram você! — Suas costas agora estão
encostadas em uma árvore e ela não tem para onde correr, deixo meus braços ao
lado de sua cabeça, a prendendo ali. — Sinto tanto a sua falta. Falta do seu
cheiro — abaixo a cabeça e cheiro seu pescoço e sinto ela se arrepiar, bom
sinal. — Falta do seu gosto — agora passo a língua por seu pescoço e a ouço
gemer baixinho. — Falta de beijar essa boca que me deixava louco — passo a
ponta do polegar por seus lábios, ela está ofegante, seu peito sobe e desce e
posso ver seus mamilos intumescidos pelo tecido da camisola. A beijo, um beijo
quente cheio de saudade e ela corresponde timidamente ainda relutante em se
entregar, mas acaba cedendo abrindo mais a boca permitindo minha entrada e a
invado agora com mais paixão, estou faminto por ela, tanto tempo longe e
percebo que todo esse tempo só fez aumentar meu desejo por ela. Ela me enlaça
com seus braços o meu pescoço e com as pernas a minha cintura. Estou perdendo
o controle, meu corpo arde por ela, anseia por estar dentro dela. Abaixo minhas
mãos para seus seios e os seguro firme, senti tanta falta de tocá-los, eles são
perfeitos, sempre fui fascinado por eles. Paro de beijá-la e abaixo minha cabeça
capturando um mamilo em minha boca por cima da camisola mesmo, a ouço arfar
e gemer, Manuela não tem como negar que ainda me deseja como antes. Passei
para o outro seio, seus gemidos me levam a loucura.
— Nícolas! Por favor!
— Meu amor! Estou aqui, inteiro pra você — a beijo novamente. Então,
de repente, ela começa a me empurrar.
—Pare! Por favor, me solta! Me solta! — faço o que ela pede. Manuela
sai correndo e entra em casa, me deixando ali sem saber o que fazer. Acerto um
soco na árvore.
— Merda! — começam a cair alguns pingos de chuva. — Ótimo, talvez
água gelada me ajude agora — falo Sozinho ajeitando meu pau nas calças.
Ando de volta para a casa de Amanda e David enquanto a chuva aumenta.
Vou direto para o banheiro, onde tomo um banho e caio na cama, frustrado.
Ao menos a noite de hoje me mostrou uma coisa, Manuela ainda é
apaixonada por mim e ainda me deseja. E como disse a avó dela, isso é meio
caminho andado.
Eu tenho que bolar um plano, para estar sempre por perto e usar esse
desejo ao meu favor e creio que já sei como proceder.
Dona Lucinda disse que por esses dias, Manuela ficará por aqui por
causa da vindima e que muitos trabalhadores são contratados para a colheita, eu
vou trabalhar aqui. Assim estarei sempre por perto.
Está certo que não entendo nada de trabalho rural, mas não deve ser tão
difícil, se até David já ajudou na colheita, por que eu não posso?
Manuela me aguarde, pois de agora em diante você vai me ver todos os
dias por aqui!
Fecho a porta às minhas costas e fico escorada nela, com o coração
batendo acelerado e respiração ofegante.
Não creio que cedi assim tão fácil a ele.
Bastou um beijo, um beijo e eu me derreti em seus braços. Que tola eu
sou! Mesmo depois de tudo o que ele me fez ainda me sinto tão atraída por ele!
Meu corpo traidor não obedeceu ao meu cérebro e já foi logo se
entregando. Idiota! Idiota! Mil vezes idiota!
Sou mesmo uma fraca, minha resistência não durou nem um dia!
Ele deve estar rindo de mim agora, do quanto foi fácil me ter em seus
braços. De como me entreguei a ele e ele precisou de apenas um beijo! Um beijo
e já estou completamente desarmada por ele.
— Idiota! — digo socando a parede. — Que raiva de mim! — lágrimas
escorrem por meu rosto, mas não são de tristeza e sim de raiva. Raiva de mim!
Estou lá divagando e me lamentando quando ouço Nicole chorar. Subo a
escada correndo e vou direto para a cama.
— Shiii! A mamãe está aqui! — a embalo em meus braços, tentando fazer
ela pegar no sono, o que não acontece. — O que você tem meu amor?
— Papai! — a ouço dizer e não posso acreditar.
— O que você disse amor?
— Papai! — ela repete, mas não entendo! Desde quando ela dizia essa
palavra? A não ser que... vovó, tem o dedo dela nesta história.
Amanhã bem cedo eu vou tirar essa história a limpo.
— Ouça meu amor! Agora você precisa dormir. (Eu também). Vamos
dormir um soninho — a embalo novamente e canto uma canção de ninar e
finalmente consigo com que ela durma.
A deito na cama delicadamente e a cubro. Saio pé ante pé do quarto e
deixo a porta entreaberta.
Vou para o meu quarto, ando de lá para cá, sem saber o que fazer, pois
com certeza amanhã terei que encarar Nícolas outra vez.
Me olho no espelho e vejo a marca que ele deixou em meu pescoço.
Passo a mão por ela e não posso evitar que as lembranças me venham à mente.
E mais uma vez meu corpo me trai o desejando, querendo estar em seus
braços, sentindo o peso de seu corpo sobre o meu. Meu Deus! Por que não posso
odiá-lo? Eu tento, eu juro que tento, mas não posso! Nícolas ainda é o meu amor!
Meu coração idiota ainda o ama!
Vou para a cama, mas sei que vou demorar a pegar no sono. E eu estava
certa, rolei a noite toda, sem conseguir dormir, e quando conseguia tinha aqueles
sonhos com Nícolas me amando. Acordando frustrada ao perceber que tinha sido
só um sonho.
Acordo com Nicole pulando em minha cama.
— Mamãe! Mamãe, acoda! Acoda! Tô tum fome!
— Tudo bem! A mamãe já acordou! — levanto tropeçando e vou até o
banheiro fazer minha higiene pessoal e pentear os cabelos.
Depois descemos juntas para preparar o café da manhã. Faço um mingau
de aveia para ela e para mim só uma xícara de café. Ela come tudo, depois sirvo
uma maçã com banana picadas. Ela adora comer frutas.
Troco suas roupas e amarro seus cabelos, em um rabo de cavalo.
Hoje o dia vai ser cheio, começamos a vindima. David ficou responsável
pela contratação dos trabalhadores.
E por esses dias da minha vida estarei focada aqui, na colheita. David
fará o trabalho dele, a partir do computador daqui da Quinta mesmo. Eu também,
não marquei nenhuma reunião no escritório. Por que por agora toda a minha
atenção estará voltada para os parreirais.
Na previsão do tempo, vimos que vêm muitas chuvas para essa região em
breve. Então a colheita deveria ser feita o mais breve possível.
Dobramos o número de trabalhadores em relação ao ano passado,
justamente por causa das chuvas. No ano passado elas chegaram quando
estávamos quase no fim da colheita, e até mesmo David, Amanda e eu fomos
ajudar a colher os últimos cachos de uvas.
Assim que preparo Nicole, a levo até a casa de vovó. Que nos espera na
sala lendo uma revista.
— Mas, vejam se não são meus dois amores! — Nicole corre para os
braços dela.
— Bibi! — ela chama.
— Vem para o colo da Bibi — vovó a segura e já vai logo a enchendo de
beijos.
— Bom dia querida, como passou a noite?
— Bem! Dormi muito bem! — digo e percebo que ela quer saber se falei
com Nick.
— Sozinha?
— Vó! Por favor! — ela dá uma risadinha. —Sim, dormi sozinha e é
assim que vai ser. Não quero mais ninguém em minha cama, além de mim.
— É uma pena! Com um homem bonito e forte como aquele dando sopa
por aí! — ela fala deixando Nicole no chão.
— Vó, não começa! Nícolas me fez sofrer muito! Não posso perdoá-lo!
— Quem aqui tá falando de perdão? Estou falando de sexo!
— Vó! Pelo amor de Deus!
— Ué, vai dizer que ele não te deixa toda molhada? Porque as
empregadas da casa ficaram todas babando por ele ontem. Se eu fosse uns vinte
anos mais jovem...
—Vó! — a repreendo. Amanda entra com Marcos que vem correndo para
brincar com Nicole. — Não vou falar sobre isso com a senhora.
— Ai que meu martírio vai começar! — Amanda diz se jogando no sofá.
— Vocês viram quantas mulheres chegaram para a vindima? É o dobro do ano
passado!
— Amanda, não sei porque tanto ciúme, todo mundo sabe que David é
louco por você! — falo.
—Sim, mas é cada portuguesinha linda! Acho que vou arrancar todos os
meus cabelos antes da colheita acabar!
— Não seja dramática! Seu marido só tem olhos pra você menina e
depois é só mantê-lo ocupado a noite que durante o dia ele só vai pensar em
trabalhar, para as horas passarem logo e chegar a noite novamente — vovó fala.
— Mas, meu Deus vó, hoje a senhora tá que tá, hein? — David entra.
— Os trabalhadores chegaram. Já os reuni no refeitório para
conversarmos com eles. Você vem?
— Sim. Vamos. Tenham um bom dia! — David dá um beijo em Amanda e
Marcos, eu dou um beijo em Nicole e em vovó e saio com ele.
Chegamos ao refeitório, que está lotado de trabalhadores. Há um zum
zum zum que para assim que entramos.
— Bom dia! Bom dia! — passo cumprimentando alguns que já são
nossos conhecidos.
Ficamos a frente deles e David começa a falar:
— Bom dia a todos! — eles respondem. — Sejam bem-vindos! Estamos
reunidos aqui mais uma vez para começarmos a vindima. Esperamos que tudo
ocorra bem! Tão bem quanto no ano passado! Para aqueles que já trabalharam
aqui e sabem como tudo funciona, peço que ajudem aqueles que ainda não
sabem, pois neste ano as chuvas vão chegar mais cedo e precisamos agilizar os
trabalhos — ele passa a palavra para mim.
— Bem creio que tudo já foi dito, quero desejar a todos um bom trabalho
e uma boa colheita! Aqueles que ainda não assinaram os contratos para trabalhar,
fiquem aqui. Quem já assinou, pode seguir para os parreirais. Bom dia!
A maioria dos trabalhadores seguiu para os parreirais, poucos ainda não
haviam assinado o contrato de trabalho. Ficamos, ali mesmo no refeitório,
colocando os documentos em ordem.
Perto das dez da manhã terminamos e David me convida para andarmos
pelos parreirais.
— Vamos pegar os cavalos? — David pergunta.
— Não prefiro ir a pé. Quero andar pelos parreirais, conversar com os
trabalhadores.
— Tudo bem! Vamos?
Começamos a andar e me sinto muito feliz ao ver isso aqui cheio de
pessoas. Eu gosto muito dessa época do ano. A pequena vila fica cheia de
pessoas que visitam os parreirais e de trabalhadores que vêm de todas as partes
do país e até de fora.
À noite, depois do trabalho, sempre tem alguém que toca e canta um fado
e eu amo ouvir essas canções.
David fica conversando com um dos encarregados, eu continuo andando e
mais a frente vejo um alvoroço, um grupo de mulheres que deveria estar
trabalhando, mas estão paradas cochichando e rindo. Me aproximo e então
descubro do que elas tanto falam.
Nícolas está lá colhendo uvas e sem camisa, o que é proibido. Ando até
ele.
— O que faz aqui? — pergunto e ele que está de costas, e que costas! Ele
vira para mim, aí eu quase caio dura porque ele me mostra "tudo" aquilo. Por
que ele tem que ser tão gostoso? Olho e por pouco não estou babando. Pare com
isso Manuela! Se recomponha! — Não vai me responder?
— Não te parece óbvio? Estou trabalhando — ele diz com aquele sorriso
que me desmonta.
— Nícolas, você não precisa desse trabalho!
— Mas você precisa de trabalhadores.
— Temos muita gente aqui, não vê? — ele olha em volta e vê as mulheres
que suspiram por ele. Olho na mesma direção e elas voltam ao trabalho. — Por
que tem que ser tão exibido?
— Mas o que foi que eu fiz? — ele pergunta levantando as mãos.
— Nícolas, é contra as regras trabalhar sem camisa!
— Me desculpe eu não sabia — ele pega sua camiseta e veste. — Tudo
bem agora?
— Não! Ainda não me disse o motivo de você ainda estar aqui!
— Sua avó me disse que vocês estavam precisando de trabalhadores e
como tenho dois braços fortes... — sim e que braços! — vim ajudar e assim
aproveito para passar mais tempo perto da minha filha. Isso te incomoda?
— Sim! E muito! Você não tem que treinar para uma luta qualquer? Por
que não volta logo para Los Angeles, para sua vida boa e feliz de festas e orgias
e me deixa em paz? — digo o encarando bem de perto.
— Por que Manuela? Tem medo de quê? De não resistir à minha
presença tão perto de você? — ele aproxima ainda mais o rosto do meu.
— Ora! Não seja presunçoso! Você não é irresistível!
— Não foi o que deu a entender ontem à noite quando você estremecia
em meus braços — ele me aperta em seus braços e imediatamente seu cheiro me
invade, aguçando todos os meus sentidos.
— Me solte! Estão todos olhando — olho para todos os lados e os
trabalhadores pararam de colher as uvas para ficar olhando. — Veja, estamos
dando um espetáculo!
— Quero que todos olhem e que todos saibam que eu te amo! — então me
beija e novamente, não posso resistir e me entrego a esse beijo. Esqueço até
mesmo onde estou sentindo seus braços apertando meu corpo bem rente ao seu,
sua língua invadindo minha boca e explorando todos os cantos me fazendo perder
os sentidos.
— Agora tenho que trabalhar! — ele diz me soltando, perco o equilíbrio
e quase caio, mas ele me segura. — Tome cuidado não quero que se machuque!
Se você quiser a noite pode ter mais dos meus beijos! É só pedir — acerto um
tapa na sua cara e saio pisando duro. Olho para trás e ele está lá com aquele
sorriso arrogante, debochando de mim.
Ai, que raiva! Por que eu sou tão idiota! O que as pessoas vão pensar?
Que sou uma qualquer que fica se agarrando com um trabalhador no meio do
parreiral? Droga, Nícolas!
Volto para casa de vovó e fico o resto do dia trabalhando no escritório.
No meio da tarde paro com tudo, pois é o momento de estar com minha
filha. Amanda também está aqui com Marcos. Ficamos ali no jardim observando
nossos filhos brincarem.
— Como é que estava tudo por lá? Muitas vadias dando em cima dos
nossos homens? — ela pergunta bebendo um pouco de limonada.
— Várias — digo e ela espirra o líquido da boca.
— Eu sabia! Vou pra lá agora mesmo! Não posso deixar meu marido a
mercê dessas vacas! — ela diz levantando da cadeira. — Cuide de meu filho pra
mim.
— Você não tá falando sério, tá?
— Manuela, sabe o quanto foi difícil conquistar meu homem? Não posso
deixar que uma rapariga qualquer o leve de mim!
— Amanda! David te ama! Pare com essas bobagens, ele está
trabalhando — digo a puxando novamente para a cadeira.
— Você tem razão! Tenho que me controlar melhor. Mas ele é tão bonito!
Sério não sei como você aguenta olhar para Nick e se manter afastada dele. Mal
consigo manter minhas mãos longe de David. Se eu pudesse não o deixava sair
da nossa cama!
— Nossa Mandy, como você é tarada!
— Não me culpe! David é o único responsável.
— Sei! — De repente Amanda sai correndo para um arbusto que tem ali
perto e começa a vomitar. — Ei o que você tem? — corro até onde ela está e a
ajudo.
— Não é nada demais, só estou grávida! — ela fala casualmente.
— Ah, que maravilha! David já sabe?
— Vou contar hoje à noite. Sabe, depois que a gente...
— Amanda! Me poupe dos detalhes sórdidos!
— Ai Manuela como você está chata! Agora vou falar como a Sam
costuma falar, acho que você está precisando de um orgasmo e a solução para
esse problema está bem perto de você.
— Até tu Amanda? — rimos, mas ela está certa, desde que Nick chegou
meus hormônios estão em polvorosa. — Por falar em Sam, eu soube que ela
também está grávida!
— Pelo visto teremos mais um baby boom na família. Se você e Nick se
entenderem podem ser os próximos.
— Isso não é tão simples assim. — Nicole vem correndo e se joga em
meus braços.
— Papai!
— Ela agora fala isso o tempo todo! — Amanda diz. — Deve ser porque
ela e Nick passaram a tarde toda juntos ontem.
— E como foi? — estou realmente curiosa.
— Ele se emocionou muito e ela agiu como se o conhecesse desde
sempre, sabe afinidade mesmo.
— Era de se imaginar, Nick consegue conquistar qualquer um — digo e
fico ali me lembrando do que ele disse no parreiral. Eu tive que usar todas as
minhas forças para me afastar.
Não será fácil resistir a ele, não quando meu corpo é atraído para ele
como um imã. É como se eu tivesse sido feita especialmente para ele e ele para
mim. Meu corpo só aceita ele e mais ninguém, como em um transplante de
coração que somente ele é compatível comigo, qualquer outro causa rejeição e
corro o risco de morte.
Nunca pensei que colher uvas fosse tão cansativo, estou quebrado.
Mesmo sendo acostumado a exercícios físicos, isso me derrubou.
São seis da tarde, alguns trabalhadores vão para suas casas, outros ficam
por aqui mesmo nos alojamentos.
Vou para casa de minha prima, não vejo a hora de tomar um banho e cair
na cama.
Chego e Amanda está terminando de preparar o jantar. Eu nem sabia que
ela cozinhava.
— Nick, vai logo tomar banho, o jantar está quase pronto — ela diz. Vejo
Marcos brincando com alguns carrinhos no chão da sala, David chega em
seguida e o garoto vai correndo até ele e o recebe com um abraço. Ao ver essa
cena, não posso deixar de sentir uma ponta de inveja da família que ele e minha
prima construíram.
De repente Amanda sai correndo para o banheiro. David deixa o menino
no chão e sai correndo atrás dela.
— Amanda! Amor está tudo bem? — ela sai do banheiro secando a boca.
— Estou bem! Foi só mais um enjoo!
— Como assim, só mais um enjoo?
— Isso é normal no meu estado — ela diz pousando as mãos em seu
ventre e com um sorriso enorme estampado no rosto. David a abraça e a ergue a
rodopiando. — David, cuidado, vai me derrubar!
— Tem razão. Temos que tomar cuidado. Estou tão feliz! Obrigado meu
amor! — Os dois se beijam.
— Parabéns aos dois! — digo os abraçando.
— Sabe quem mais está grávida? Samantha! — ela fala, rindo alto.
— Mais um baby boom — David comenta.
— Foi o que eu disse a Manu hoje. Talvez se ela e você se acertarem,
vocês também encomendam mais um bebezinho.
— Creio que no meu caso será mais difícil. Já que Manuela me odeia! —
falo e vou para o banheiro deixando os dois ali comemorando a chegada de mais
um filho. Fico imaginando como teria sido se não tivesse me separado de Manu,
como ela me daria a notícia de que estava grávida. Eu agiria como David? Isso
eu não sei e nunca vou saber. Essa felicidade me foi tirada e o tempo não volta
para que possamos consertar nossos erros.
Depois do jantar, David e Manu me convidam para ir até os alojamentos,
eles levam Marcos.
Lá os trabalhadores estão tocando e dançando músicas típicas de
Portugal.
Sento em um banco, David e Amanda foram para a roda dançar o vira e
não é que ele a acompanhou direitinho?
Minutos depois Manuela chega com Flora, a babá de Nicole, e dona
Lucinda.
Nicole vem correndo para os meus braços assim que me vê.
— Papai!
— Sim meu amor, sou seu papai! — a aperto em um abraço e dou beijo
em suas bochechas.
Ficamos ali sentados e ela não quis sair do meu colo até adormecer.
— Deixa seu Nícolas, eu levo ela pra casa — Flora a pega dos meus
braços, dou mais um beijo na minha garotinha antes que a babá a leve até
Manuela.
Flora vai para casa com minha filha, Manu fica mais um pouco
aproveitando as músicas. Agora um dos trabalhadores toca um fado e uma mulher
baixinha canta. É uma música muito bonita que fala de um coração partido.
Assim que a ela canta as primeiras notas vejo Manuela se afastar. A
procuro e a encontro escondida em um canto, chorando.
Penso bem se devo ir até ela, não quero mais lhe causar dor, não mais do
que já lhe causei. Enquanto a música triste continua a ouço soluçar e me
aproximo.
— Me deixe sozinha, Nick — ela diz sem olhar para mim.
— Não quero que chore mais! Me diz o que posso fazer para que me
perdoe, amor? Me diz, faço qualquer coisa — ela vira lentamente e vejo seu
rosto molhado pelas lágrimas e me sinto um monstro, pois sei que sou o causador
delas. Passo a ponta dos meus dedos por sua face secando-as.
— Eu quero que vá embora — ela diz com seus olhos azuis suplicantes.
— Você me pediu a única coisa que eu não posso fazer. Entenda de uma
vez por todas. Estou aqui porque te quero de volta e não vou desistir nem de
você, nem da nossa filha! — sento ao seu lado.
— Por que Nícolas? Por que não pode simplesmente ir embora e me
deixar viver minha vida?
— Não posso! Já desisti de você uma vez, não vou fazer isso novamente.
— Eu nunca vou perdoar você! Eu te odeio! Você me feriu de uma forma
que nunca mais vou esquecer! — ela fala com fúria no olhar. — Nícolas você
matou nosso amor. Hoje meu coração é como um deserto, nada mais pode nascer
aqui, a não ser escorpiões e bichos peçonhentos. Tudo é sombrio e frio dentro de
mim. Aquela Manuela que você conheceu não existe mais, você fez questão de
destruir naquele quarto de hotel. A única coisa que sinto quando estou perto de
você, é raiva, ódio e desprezo — lágrimas caem de seus olhos e cada palavra me
queima como ferro em brasa. — Se você quiser ficar aqui para conviver com sua
filha, tudo bem, mas saiba que eu não quero nada com você. Todos parecem ter
esquecido o que passei, mas eu não!
— Manuela eu...
— Se quiser ver sua filha será assim, fique longe de mim. Se não volto
para o Brasil. Fico na fazenda com meus pais e lá você não entra — ela me dá
um ultimato. Não tenho alternativa, a não ser aceitar, quero ficar com minha filha.
Veremos se com o tempo Manuela consegue me perdoa. Confesso que a cada dia
que passa minhas esperanças de obter o seu perdão diminuem.
Manuela vai embora, fico ali ouvindo aqueles fados tristes que são
cantados e sentindo meu coração despedaçar minuto a minuto.
Quando todos estão indo para suas camas, eu também volto para meu
quarto na casa de Amanda e David. Eles já estão dormindo. Deito e só consigo
dormir pelo cansaço do meu corpo, porque minha cabeça e meu coração não
conseguem sossegar.
Estou trabalhando há dias aqui. Às vezes vejo Manuela andando pelos
parreirais, conversando com os trabalhadores, às vezes a pé, outras a cavalo. Só
a tenho visto de longe, não posso correr o risco de ela ir embora e levar minha
filha para a fazenda e lá tio Rodrigo e Brizio não me permitiriam vê-la.
Todas as noites depois do trabalho eu ficava ali em frente aos
dormitórios vendo os trabalhadores se divertir, dançando o vira e cantando
fados. Flora sempre trazia minha filha até aqui e esse era o melhor momento do
meu dia. Manuela não veio mais, Flora me disse que ela ficava em casa, preferia
ouvir as músicas de lá.
Pelo jeito essa batalha eu realmente perdi, ela nunca me perdoará. É
chegada a hora de aceitar que a perdi para sempre!
O tempo começou a mudar, pelo jeito as chuvas de que tanto se falavam
estavam chegando. Ventos mais fortes açoitam os parreirais e mais trabalhadores
foram contratados. David, Amanda e Manuela também estavam trabalhando na
colheita.
Ontem ouvi quando David e Amanda discutiam. Nunca pensei que minha
prima fosse tão ciumenta. Estava em meu quarto e pude ouvir a discussão.
Amanda estava acusando David de estar conversando com uma mulher. Ele por
sua vez explicou que falava sobre trabalho.
Então Amanda disse que hoje estaria trabalhando nos parreirais e David
virou uma fera, pois ela estava no início da gestação e era perigoso. Mas
Amanda não lhe deu ouvidos e pela manhã estava pronta para ir.
Agora ela está lá trabalhando. David não sai do lado dela com medo que
ela não se senta bem e ele não esteja por perto.
Manuela estava em um setor bem afastado do meu. Ela o fez de
propósito.
— Ei, senhor Sullivan — um dos encarregados me chama —, precisamos
de pessoas para trabalhar no lado norte, lá ainda tem muitas uvas, estamos
remanejando todo o pessoal para lá. Vamos!
O sigo e vejo que é lá que Manuela está, sou deixado para trabalhar bem
próximo a ela, que não gostou muito disso.
David e Amanda também estão próximos e discutem novamente, estou
distraído colhendo as uvas e ouvindo a discussão quando ouço Manuela gritar.
Vou correndo para ela.
— O que foi? — ela me mostra sua mão.
— Uma cobra me picou — olhei para sua mão que já estava ficando
vermelha. — Está doendo muito!
— O que foi? — David pergunta e Amanda está com ele.
— Uma cobra picou Manu — ele observa a mordida
— Escute, aqui em Portugal não existem cobras com venenos mortais,
deve ter sido uma víbora, conhecida como cornuda, como eu falei o veneno não é
mortal, porém, é muito dolorido, temos de ir para casa lavar com água e sabão,
colocar gelo e ir para o hospital — David explica.
— Como você sabe essas coisas? — pergunto.
— Nick, é do David que estamos falando! — Amanda completa, eu tinha
esquecido o quanto ele é inteligente. — Você vai levar ela, amor? — Amanda
pergunta.
— Não! Preciso que fique aqui, o trabalho deve continuar, ai — ela fala
e reclama da dor em sua mão.
— Eu levo — digo e eles olham para mim e depois para Manu.
— Tudo bem, prima? — Amanda questiona sabendo que ela não
aceitaria. Manuela olha para mim e depois para os dois.
— Tudo bem, David quero essas uvas colhidas ainda hoje — ela vem
andando ao meu lado, ainda estamos longe de sua casa. Ela começa a cambalear
e tento ajudá-la.
— Não me toque Nícolas! Só aceitei que me acompanhasse, porque
preciso de David aqui e não quero tirar nenhum encarregado do serviço, mas em
nenhum minuto pense que estou gostando disso — ela diz muito brava e se escora
em uma videira, percebo o quanto ela está tonta e, mesmo contra sua vontade, a
pego nos braços.
— Você não está em condições de andar — ela se debate tentando sair.
— Me deixe no chão. Não preciso se sua ajuda.
— Fique quieta mulher! Assim vamos cair os dois — ela para. Ando com
ela nos braços até chegar em sua casa e a deito no sofá.
— Onde fica a caixa de primeiros socorros? — pergunto.
— No corredor a esquerda, nesse banheiro tem um armário aéreo, é lá
que está.
Vou até lá, encontro a caixa facilmente, mas quando volto para a sala
Manu está suando frio e tremendo. Começo a limpar o ferimento que está ainda
pior que antes.
— Isso aqui tá ficando feio — falo enquanto limpo. Manuela está
ardendo em febre.
— Está doendo muito — ela diz. Vou até a cozinha pego gelo e volto.
— Isso deve aliviar um pouco a sua dor — deixo o gelo sobre o
ferimento. — Onde estão as chaves do carro?
— Estão ali — ela aponta para um pote que fica sobre um balcão perto
da porta. As pego e levo Manu nos braços até o carro, ela senta e eu fecho o
cinto de segurança.
Depois seguimos para o hospital. Tive que usar o GPS, mas encontrei
com facilidade. Durante o trajeto, Manuela começou a reclamar de dor
abdominal e a febre aumentou. Ela dizia coisas sem nexo, já começando a
delirar.
Chegando ao hospital e ela foi atendida imediatamente.
Fiquei na sala de espera, eu odiava isso. Essa angústia, por não saber o
que está acontecendo. Andei de um lado para outro. Até que o médico veio falar
comigo.
— Senhor Sullivan?
— Sim!
— A paciente está estável, mas ela terá que passar a noite aqui, em
observação. São raros os casos de mordeduras por essa víbora, mas não são
fatais. Porém, a paciente sente muita dor. A ferida levará alguns dias para
melhorar, mas logo ela estará bem novamente. O senhor quer vê-la?
— É claro doutor — ele me leva até o quarto onde Manuela está. Ela
dorme.
— Ela foi sedada e provavelmente só vai acordar amanhã!
— Posso ficar aqui com ela doutor? — não quero sair um minuto do seu
lado.
— Pode, mas não aconselho, pois ela vai dormir a noite inteira.
— Vou ficar assim mesmo. Obrigado doutor — apertamos as mãos e ele
sai.
Sento na cadeira que fica ao lado da cama onde Manu dorme
profundamente. Seguro em suas mãos.
— Como eu gostaria que o tempo voltasse e que nada daquilo tivesse
acontecido! Meu amor, como eu queria! Mas isso não é possível e perdi você
para sempre. Tínhamos tantos planos e tudo foi destruído pela ganância e pela
inveja de Bryan e Lily. Agora aqui estou eu, com todo esse amor que sufoca meu
peito e não posso te dar. Não posso, porque você não o quer. Não te culpo, pois
sei que está muito ferida e talvez essas feridas nunca cicatrizem, mas saiba que
vou amar você para sempre — respiro fundo, tentando tirar a dor que sinto em
meu coração. — Tomei uma decisão, assim que a colheita acabar vou embora
para sempre de sua vida. Vou deixar você viver sua vida em paz, como tantas
vezes me pediu. Minha filha eu verei de vez em quando. Infelizmente é tudo o
que resta para mim, já que te perdi para sempre — digo isso convicto da minha
decisão, chegou a hora de desistir, essa luta eu perdi. Manuela nunca vai me
perdoar é o melhor e seguir com a minha vida e deixá-la viver a sua.
A colheita está quase no fim, e quando acabar também colocarei um
ponto final na minha história com ela. Mesmo que isso me destrua por dentro.
Acordo e vejo Mandy sentada ao meu lado.
— Bom dia, bela adormecida! — ela me diz com seu sorriso lindo e me
dá um beijo na testa.
— Bom dia? Que horas são? — tento levantar, mas estou tonta.
— Ei! Ainda não pode levantar! Você passou a noite no hospital. Foi
mais sério do que imaginamos. Se Nick não tivesse te trazido teria
comprometido seriamente seus rins — ela diz e só agora percebo que Nick não
está aqui.
— Onde ele está?
— Voltou para a Quinta, ele queria ficar mais um pouco com Nicole antes
de partir.
— Partir? — pergunto intrigada.
— É, ele vai voltar para Los Angeles. Não era isso o que você queria?
— Sim, mas...
— Mas agora que ele está partindo não tem tanta certeza, não é?
— Tenho sim. É o melhor. Entre nós nunca mais haverá nada, não posso
perdoá-lo Mandy. Simplesmente não posso. As palavras que ele me disse
naquele dia ainda estão ecoando em minha mente e ainda doem muito. Eu queria
perdoá-lo, porque sei que nunca mais vou amar alguém como o amo, mas minha
dor é muito maior. Meu coração ainda está muito ferido e não sei se algum dia
vai curar — Amanda me abraça.
— Sabe, quando David e eu nos reencontramos eu escondi nosso filho,
mas é claro que ele descobriu logo que ele era pai. No começo ele o rejeitou e
aquilo me doeu demais. Eu também o expulsei da minha vida, mas aí eu lembrei
de uma promessa que fiz a ele. Eu prometi que nunca desistiria dele. Fui à luta
prima, eu sabia que sem ele eu teria uma vida miserável, porque nunca amaria
outro, David é o amor da minha mocidade, juventude, vida adulta e da minha
velhice, ele é tudo pra mim! Me feriu muito quando ele rejeitou nosso bebê. Mas
eu o queria e para isso tive que engolir o meu orgulho e mostrar a ele que nosso
amor era possível junto do nosso filho. Se eu tivesse deixado meu orgulho ferido
falar mais alto hoje eu não viveria tão feliz ao lado dele e não estaria esperando
nosso segundo filho. David se arrependeu e lhe dei uma segunda chance. Quer
pecado maior que um pai rejeitar o próprio filho?
— Mandy, a história de vocês é diferente — tento argumentar, mas a
verdade é que as palavras de minha prima estão entrando em meu coração como
uma espada afiada!
— Sim, mas uma coisa eu fiz e sei que você nunca fez. Me coloquei no
lugar dele. Senti seus medos, suas angústias, suas dores e só aí eu consegui
entender o porquê daquilo tudo! Você se fechou em sua dor e não pensou um só
minuto no que Nick sentiu. Ele sempre foi louco por você, faria qualquer coisa
por você, qualquer um via. Nícolas foi enganado Manu! E reagiu da única forma
que ele sabia, com raiva! E se fosse você no lugar dele? Se você chegasse em
casa e uma mulher estivesse beijando Nick na boca? Como reagiria com ela ali
dizendo que passaram a tarde juntos e você morresse de ciúmes dessa mulher.
Ela anda com ele, diz que é apenas uma amiga. Me diz Manu, você já se colocou
no lugar dele? — Amanda segura minhas mãos e encara meus olhos.
— Isso não justifica! — falo já irritada. Será que ninguém entende o
quanto sofri?
— Não, mas é compressível! Depois Nick foi até o hotel, ele queria
ouvir sua versão dos fatos, ele confiava em você e estava quase te pedindo
perdão quando aquele cara entrou no seu quarto e tinha as chaves. Não vê, foi
tudo muito bem planejado desde o início? Sabiam o ponto fraco dele e usaram
contra vocês. Sabiam o que ele passou quando era criança, que ele tem
dificuldade em confiar. E foi isso, eles conheciam as inseguranças de Nick. Você
é uma mulher muito bem resolvida. Ele não.
— Mas e depois as festas, as mulheres?
— Manuela ele também estava ferido, magoado e fez tudo aquilo para se
vingar. Bryan contou a ele que aquele Alan estava com você aqui na Quinta!
Mais uma vez eu peço se coloque no lugar dele! Você pode estar jogando fora a
sua chance de ser feliz por causa desse seu orgulho bobo. — As palavras de
Amanda me balançam um pouco, mas sou muito orgulhosa e sei que não vou
conseguir perdoar Nick.
— Ele nem tentou saber se era verdade, apenas acreditou no Bryan. Não
posso. Mandy, não posso perdoá-lo.

Volto para a Quinta e todos estão comemorando o sucesso da colheita.


Algumas tinas estão espalhadas em frente ao refeitório e os funcionários festejam
pisando as uvas e dançando.
Estão todos muito felizes. Vovó sempre fez questão de oferecer uma festa
com muita comida, bebida e música para os trabalhadores no fim da colheita.
Vou direto para minha casa, Nícolas está lá junto com nossa filha, que ao
me ver vem correndo para meus braços.
— Mamãe!
— Eu também estava morrendo de saudade, meu amor! — digo apertando
bem ao meu corpo e sentindo seu cheirinho que agora está misturado ao do pai.
— Como você está? — ele pergunta.
—Bem, pronta para outra — tento parecer casual, mas Nick mexe demais
comigo. — Soube que vai embora.
— Sim, amanhã pela manhã, vou para Lisboa e depois de amanhã
embarco para Los Angeles! Agora você vai se livrar de mim para sempre — ele
diz sem graça. Sento no sofá com Nicole em meu colo. — Só gostaria de saber
se posso ver minha filha de vez em quando? — Nick pergunta olhando para
nossa menina que brinca com meu colar alheia a tudo. Vi lágrimas se formarem
em seus olhos.
— Sim ela é sua filha e eu nunca o impediria de vê-la — digo.
— Eu já falei com meus advogados e eles estão cuidando dos trâmites
pra que meu nome conste na certidão de nascimento como pai de Nicole e ela
vai receber um dinheiro mensal para ajudar na sua criação.
— Não quero esse dinheiro, minha filha não precisa...
— Nossa filha! — ele me corrige. — E sim ela vai ter esse dinheiro, é
meu dever como pai. Se não quiser gastar, guarde em uma conta, assim quando
ela for adulta poderá usá-lo quando e como quiser — ele senta no sofá e pega
nossa filha dos meus braços.
— Vem cá, meu amor! — ele a aperta nos braços e beija seu rostinho, já
vejo lágrimas escorrendo por seu rosto. Minha filhinha passa as mãos secando-
as.
— Papai, cholando! Num chola...
— Minha linda! Sei que você não entende ainda, mas quero que saiba que
te amo muito e sempre, sempre que precisar o papai vai estar aqui para você —
ele a beija e me entrega Nicole que chora muito.
— Papai! Papai! Quelo papai...
— Adeus Manuela. Espero que seja muito feliz! Sempre vou amar você e
por te amar tanto, vou embora. Não suporto mais te ver sofrer e saber que eu sou
a causa desse sofrimento. Por isso vou partir. Espero, sinceramente, que um dia
você possa me perdoar! — Ele me dá um beijo na testa e sai, sem olhar para
trás. Nicole continua chorando em meus braços, a aperto ao meu corpo e sinto
meu coração sangrando dentro do peito.
Pensei que quando ele fosse embora iria me sentir aliviada, mas não, está
doendo, doendo muito!
Dizer adeus não é fácil e machuca. Agora cá estou eu com esse vazio que
me rasga por dentro e não me permite sequer respirar.
Essa dor lancinante que corrói como ácido, derretendo meu coração, não
deixando sobrar nada, a não ser um buraco escuro e vazio.
Nicole chora até dormir. Como eu queria ser ela neste momento para
dormir e esquecer. Esquecer que o único homem que amei não pode ser meu,
pois sempre haverá esse espinho entre nós. Porque a mágoa é como uma pedra
que é jogada em lago, ela agita as águas formando um turbilhão, depois tudo se
acalma, as águas voltam ao normal, aparentemente, mas lá em baixo, no fundo do
lago, aquela pedra continua e ela mudou de alguma forma o fundo do lago que
nunca mais será o mesmo. Ainda que por cima as águas tenham voltado ao
normal.
No dia seguinte todos os trabalhadores, estão reunidos no refeitório, para
receber seu pagamento, meu dia será cheio já que David foi levar Nick para
Lisboa e provavelmente só voltará no fim do dia, ele irá aproveitar para
conversar com um empresário de lá que havia marcado uma reunião.
Nuvens escuras estão tomando conta do céu.
— Você viu a previsão do tempo? Dizem que vem uma tempestade por aí,
espero que David volte antes! — Amanda fala aflita.
—Ele já deve estar chegando Mandy — tento acalmá-la.
— E você como está se sentindo.
— Mandy, aqui não é lugar e nem hora para falar sobre isso — digo
entregando mais um cheque.
— Você tem razão. Só queria entender como pode estar tão calma quando
o homem de sua vida está indo embora? Para sempre — ela fala me encarando!
— Amanda! Nick e eu acabamos com o nosso relacionamento três anos
atrás. Por que ninguém entende isso? — falo mais alto que deveria e alguns
trabalhadores me olham curiosos. — Viu só? Agora eles pensam que sou louca
— Sussurro para ela.
— Eles não são os únicos! — ela fala debochada.
— Escute aqui Amanda, você só está aqui para me ajudar a fazer os
pagamentos, se ficar enchendo meus ouvidos, prefiro trabalhar sozinha — a
repreendo.
— Tudo bem, rabugenta! Não está mais aqui quem falou, mas se ele
estivesse aqui talvez você não ficasse com esse humor do cão!
— Amanda! — ela faz sinal de zíper na boca e continuamos o trabalho.
Quando enfim o último funcionário recebeu seu pagamento, grossos
pingos de chuva começam a cair.
— Já começou, esse vento vai ficar mais forte! — Amanda fala olhando
para a porta que está aberta, algumas janelas começam a bater e os funcionários
começam a fechar tudo, a tempestade não demora a chegar.
— Parece que essa vai ser feia — David entra e Amanda corre para seus
braços o beijando.
— Graças a Deus, você voltou! Estava com tanto medo de que a
tempestade pegasse você no meio do caminho — eles se beijam novamente e me
sinto tão triste de repente e aquela sensação de vazio me invade.
—Tudo certo por aqui? — David pergunta.
— Sim, Amanda e eu demos conta de tudo! E a reunião?
— Tudo certo também, conseguimos fechar o negócio! Eles vão distribuir
o nosso vinho! — ele fala com um sorriso.
— Mas isso é maravilhoso, sabe que eles são os maiores distribuidores
de Portugal, não sabe? — digo. — Oh meu Deus eu não acredito, Vovó tem que
saber. — Estamos comemorando quando ouvimos o barulho das telhas do
refeitório sendo levadas pelo vento.
— Ahhhh! — Amanda e eu gritamos.
— Vamos, todos para a casa de sua avó, a construção lá é mais sólida! —
David nos leva.
O céu está tão escuro e parece noite, mas ainda são quatro da tarde.
Rajadas de vento açoitam as vinhas e a casa.
Nunca presenciei uma tempestade como essa durante o tempo em que
estive aqui. A energia acaba, ficamos sem telefone e internet. Por sorte temos um
gerador, mas não sei quanto tempo ele aguentará.
As crianças estavam assustadas, Flora tentava distrai-los com
brincadeiras, mas ela também está com medo.
David tenta de todas as maneiras reestabelecer a internet, até que ele
consegue, mas ainda estávamos sem energia, enquanto a tempestade castiga a
região do Alentejo, David acompanha tudo pelo computador. O sinal está ruim,
mas conseguimos algumas atualizações.
Passamos a madrugada em claro, ouvindo o uivo que o vento faz quando
açoita a casa.
— Não fiquem preocupados, essa casa é forte, já aguentou muitos
temporais piores que este — Vovó fala. — Amanhã temos que nos preparar para
ajudar as pessoas da vila, teremos muitos desabrigados.
— Temos bastante água e comida estocadas — David diz. — Fiz tudo
como a senhora pediu, também mandei comprar os colchões e cobertores.
— Por isso aqueles caminhões chegaram semana passada! — Amanda
observa.
— Sim, dona Lucinda já sabia que iríamos precisar ajudar os moradores
da vila. Os meteorologistas estavam prevendo que está será a pior tempestade
dos últimos dez anos — David completa.
— Vamos dormir, amanhã será um dia cheio! — vovó diz.
Todos vamos para nossos quartos, eu, é claro, não consigo pregar os
olhos. Nicole dorme como um anjinho. Me deito ao seu lado e abraço seu
corpinho e fico assim pelo resto da noite, ouvindo sua respiração.
Não consigo evitar de pensar em Nick, no que está fazendo, se está
pensando em mim.
E novamente as palavras de Mandy, ecoam em minha mente.
Será que ela está certa? Como eu reagiria se estivesse no lugar de Nick?
Quando descobri que ele me escondeu o relacionamento que teve com Lily,
fiquei tão magoada. E aquilo aconteceu muito antes de estarmos juntos.
Ele esteve no quarto de hotel disposto a me ouvir e estava acreditando
em mim, mas então Alan entrou. Qualquer um acreditaria em Alan, afinal ele
tinha a chave do quarto e falava como se tivéssemos mesmo um caso. Tudo foi
planejado nos mínimos detalhes. E se eu estivesse no lugar dele talvez tivesse
agido pior.
Oh meu Deus, será que estou sendo muito injusta com Nick? Ele parecia
tão arrependido. E se por meu orgulho perdi a única oportunidade de ser feliz?
Feliz ao lado do amor da minha vida. E agora, é tarde demais para voltar atrás!
David me levou para Lisboa, levamos pouco mais de uma hora para
chegar. O distrito de Vendas Novas não fica muito longe da capital. Ele tem uma
reunião à tarde, então me fez companhia durante a manhã e acabamos almoçando
juntos.
— Então você desistiu? Vai embora? É isso, acabou? — ele começa. —
Evitei falar sobre isso até agora, mas cara! Não posso me calar!
— David, não quero falar sobre isso! — falo deixando os talheres no
prato.
— Esse é o problema de vocês e essa parece ser a frase preferida dos
dois. "Eu não quero falar sobre isso!"
— O que você quer David? Está estragando meu almoço!
— Seu almoço é o menor dos seus problemas — ele fala dando um soco
na mesa. — Você e Manuela estão jogando fora a segunda chance que o destino
está dando a vocês por causa desse orgulho bobo — ele aponta para mim. — E
você é um covarde! Um maldito covarde! Vai embora na primeira dificuldade
que encontra!
— Cara, não é tão simples! — tento argumentar.
— Aí é que está! Nunca é, Nick! Temos que lutar para conquistar a
felicidade! Ela não vem de mão beijada — ele bebe um gole de água e continua.
— Se Amanda tivesse desistido de mim, hoje não estaríamos juntos e felizes.
Não pense que foi fácil para ela. A magoei por muitas vezes, ela chegou a dizer
que me odiava. Mas lutou por nós, por nossa família e eu não fui fácil, a feri da
pior maneira quando rejeitei nosso filho. Eu nunca quis ter filhos, isso para mim
era inadmissível! Era impensável, inaceitável! Mas ela ficou grávida e se sentiu
tão apavorada, que preferiu fugir a me contar! Quando a encontrei meu filho
estava com três meses, e eu o rejeitei. Isso me assombra até hoje!
— Eu não sabia, de tudo isso!
— Sim, mas Amanda insistiu e se não fosse por isso, não estaríamos
juntos hoje. Não desista da Manu! Ela é orgulhosa demais para voltar atrás! Mas
ela te ama, eu sei! E tem a Nicole, você vai deixá-la assim? — ele fala e tem
razão, mas não vejo alternativa. — Três anos foram mais que suficientes para
que ficassem separados. Já foi sofrimento demais.
— Não sei mais o que fazer! Já pedi perdão! Até me ajoelhei na frente
dela, mas parece que nada surtiu efeito! Desta vez creio que perdi Manuela para
sempre. Eu não terei o meu final feliz, como você e a Mandy.
David seguiu para sua reunião e eu fui para o meu quarto de hotel.
Pensei nas palavras de David. Eu sou mesmo um covarde? Desisti muito
fácil. Talvez, mas de uma coisa tenho certeza, Manuela está muito ferida e a
conhecendo como conheço, sei que ela nunca vai esquecer o que aconteceu.
Talvez ela até me perdoasse se eu não tivesse transado com metade das
mulheres de Los Angeles. Mas fui um idiota!
Bem atingi meu objetivo, eu queria feri-la, consegui. Agora esse
ferimento não quer cicatrizar. Olho pela janela e o tempo virou de repente.
Parece que vem tempestade por aí! Bom, eu gosto de dormir com o barulho da
chuva. Se é que vou conseguir dormir.
No dia seguinte desci para o café da manhã e estou me servindo no buffet
quando o noticiário da TV chama minha atenção. Não só a minha, mas também
dos outros hóspedes. Me aproximo para ouvir melhor o que o âncora do
noticiário fala enquanto imagens de um lugar devastado passam ao fundo.
"— O distrito de Vendas Novas foi o mais atingido pela tempestade de
ontem que assolou a região do Alentejo, mais precisamente a região de Évora.
Muitos moradores estão desabrigados devido ao vendaval que destelhou
muitas casas, hoje pela manhã as imagens eram impressionantes. Parecia que
estávamos passando por uma zona de guerra. Algumas pessoas estão
auxiliando os desabrigados, mas não é o suficiente, então se você puder enviar
doações de água, roupas e mantimentos, entre em contato com a defesa civil de
Évora. O número está aparecendo na tela do seu televisor..."
— Não fiquei para ouvir o resto, pois assim que vi Manuela e David no
meio dos escombros ajudando as pessoas, fui até a recepção, eu preciso de um
helicóptero urgente.
Ela ainda usava a bandagem na mão, que mulher teimosa, ela deveria
estar em repouso.
— Olá! Eu preciso de uma informação — falo a recepcionista. — Sabe
onde consigo um helicóptero urgente?
— Senhor, aguarde um momento vou falar com o gerente — ela pega o
telefone e em questão de minutos o gerente do hotel vem e me auxilia. Explico a
ele para onde quero ir e ele consegue o helicóptero. Lógico que o fato dele ter
me reconhecido ajudou muito.
Em vinte minutos, estamos voando em direção a Vendas Novas.
Em menos de trinta minutos o piloto está pousando o helicóptero na
Quinta de dona Lucinda.
Muitas pessoas estavam sendo acomodadas no alojamento dos
trabalhadores. Famílias inteiras.
— Nick! O que faz aqui? — Mandy pergunta vindo me abraçar.
— Vi na TV o que aconteceu, quero ajudar.
— Bem então você deve pegar um dos jipes e descer até a vila, Manu e
David estão lá! Pegue as chaves com a dona Lucinda. Ela está na casa grande.
— Onde está minha filha? — fico preocupado ao ver que aqui a
tempestade também causou estragos.
— Ela está com dona Lucinda. A casa mais atingida foi a minha e de
David! Ela fica mais exposta, a casa de Manu não sofreu nenhum dano, mas
estávamos todos na casa grande que é mais sólida e foi construída para resistir a
esses desastres — ela me explica e fico mais aliviado, o piloto deixa minha
bagagem comigo e decola novamente.
Corro em direção à casa grande, dona Lucinda está saindo quando chego.
— Ora, Nícolas, meu filho, fico feliz que tenha voltado — ela me recebe
com um abraço.
— Vim ajudar! Mas antes quero ver minha filha. — Não sei se ela ouviu
minha voz, mas assim que digo isso, Nicole aparece na porta e se joga em meus
braços, envolvendo meu pescoço com seus bracinhos e beijando minha
bochecha.
— Papai! — ela diz me encarando com seus belos olhinhos, tão azuis
como uma noite de lua cheia. Sim são de um tom escuro, quase violetas, mas nem
tanto quanto os de Manuela. — Saudade papai!
— Sim meu amor, o papai voltou! Eu também fiquei com saudade. —
Flora aparece na porta.
—Seu Nícolas? — ela pergunta curiosa.
—Sim Flora, ele voltou para nos ajudar. Corra pegar as chaves do jipe
— Dona Lucinda diz e a jovem sai correndo voltando em seguida com as chaves
na mão. Dona Lucinda as pega e me entrega. — Aqui e vê se traz a teimosa da
minha neta. Ela deve repousar, mas quem disse que me obedeceu?
— Só não sei como convencê-la! Se tem uma coisa que Manuela não faz
é me ouvir — falo desanimado.
— Mas o que é isso homem! Você sabe como convencer minha neta,
afinal, não a convenceu a casar contigo em apenas quatro meses? Tenha
confiança! Aja como um homem, chega de ser um garoto mimado. É chegada a
hora de crescer. Você teve três anos de vivência de garoto, agora cresça e corra
atrás do tempo perdido. Minha neta ainda o ama. Então vá a luta! — ela diz.
Me despeço e subo no jipe.
Chegando à vila vejo que de perto o estrago é menor que o noticiado.
Mas muitas casas foram atingidas. Tenho que estacionar o jipe, pois os destroços
estão espalhados pelas ruas estreitas.
Sigo a pé e vejo algumas pessoas consertando os telhados de suas casas,
mais à frente vejo Manu e David conversando com alguns moradores. Sigo até
lá.
Manu me vê e posso jurar que vi um sorriso escondido no canto de sua
boca.
— Nick! O que faz aqui? Não deveria estar indo para o aeroporto? —
David fala surpreso com minha presença ali.
Manu continua em silêncio apenas observando.
— Vi na TV o que aconteceu e vim ajudar — digo. — Por onde posso
começar?
Passamos o dia todo percorrendo a pequena vila, alguns agentes da
defesa civil chegaram e trabalhamos juntos durante todo o dia. Levamos algumas
pessoas para a Quinta, mas a maioria não quis deixar suas casas, então
deixávamos água potável e mantimentos.
São quatro da tarde, percebo Manu um pouco pálida, não a vi se
alimentar e ela ainda não tinha se recuperado da mordida da cobra. Me
aproximo.
—Você está bem? Não a vi comer nada — digo.
— Estou bem. Só um pouco cansada — ela põe a mão na testa e fecha os
olhos. Ela não está bem! Mas é teimosa demais para admitir.
— Não acha que por hoje você já ajudou o bastante? Agora o pessoal da
defesa civil assume. Precisa descansar!
— Ainda tem muita coisa para fazer... — ela quase desmaia, a seguro
evitando que caia. Tocando sua pele vejo que ela está febril.
— Manuela, você está com febre, vou te levar pra casa agora — a seguro
nos braços.
— Não eu não posso — ela tenta se desvencilhar.
— Escute bem Manuela Amaral! Ao menos uma vez na sua vida você vai
me ouvir! Vamos voltar pra casa agora. Você precisa de repouso. — Sigo a
levando até o jipe, onde a sento no banco. Ela está tão mal que nem argumenta.
Dirijo de volta até a Quinta, paro o jipe em frente ao chalé!
— Onde estão suas chaves? — pergunto, ela me entrega. Abro a porta,
depois volto para pegá-la, levando-a em meus braços para dentro, ela está
sonolenta e nem reage. — Você precisa de um banho!
Vou até o seu banheiro e vejo que ele tem uma banheira, abro a água e
jogo aquelas coisas cheirosas que as mulheres gostam, acho que coloquei muito,
mas não importa, só quero que ela relaxe. Desço a escada e a encontro
cochilando.
— Manu! Amor! Acorde! — ela abre os olhos. — Vou levar você até o
banheiro — a ergo nos braços subindo a escada.
Já no banheiro começo a tirar suas roupas.
— O que está fazendo? — ela pergunta meio grogue.
— Você tem que tomar um banho!
— Eu posso tirar minhas roupas!
—Tudo bem — digo levantando minhas mãos. Fico ali esperando. Ela
ergue uma sobrancelha em indagação. — O quê? — pergunto.
— Vai ficar aí?
— Sim! Você pode cair como aconteceu momentos atrás. E depois Manu,
não tem nada aí que eu já não tenha visto — digo gesticulando em direção ao seu
corpo.
— Mas agora é diferente — ela diz cruzando os braços em frente ao
corpo.
— Tudo bem, vou virar de costas, mas não vou sair daqui.
— Então vira — faço o que ela pede, ela não deve ter percebido que o
espelho está bem a minha frente e começa a tirar a roupa.
Vejo suas costas brancas com aquelas sardas que eu adoro. Vejo ela abrir
o sutiã, depois tirar as botas, as calças e por último a calcinha, tenho que ter
muito autocontrole, para não a tocar. Porque tudo o que eu mais desejo neste
momento é isso! Meu pau anseia por estar dentro dela, mas no momento devo
pensar no seu bem estar.
Ela entra na banheira. Me viro em seguida.
— Não precisa ficar aí, estou bem! Já falei — ela diz com aquele bico
enorme na boca, eu sempre adorei quando ela fazia isso.
— Já falei que não vou sair, Manuela!
Ela balança os ombros e começa a se banhar.
— Por que voltou? — ela pergunta.
— Já falei, vi na TV o que aconteceu e quis ajudar.
— Já viu nossa filha?
— Sim assim que cheguei — me aproximo. — Como está se sentindo? —
pergunto sentando na borda da banheira e colocando minha mão na água.
— Me sinto melhor!
— Quero ver sua mão — ela me mostra o curativo todo sujo.
— Temos que trocar isso — começo a puxar com cuidado o esparadrapo.
— Está doendo — ela choraminga.
— Você deveria ter ficado em repouso. Mas é teimosa demais para isso,
não é? — retiro o curativo e sua mão está avermelhada. — Onde estão os
medicamentos?
— Ali, naquele armário — ela me mostra. Vou até lá e pego a caixa de
primeiros socorros.
— Lave sua mão e depois saia da banheira, para que eu possa fazer outro
curativo — digo entregando uma toalha para ela, que fica em pé. Não consigo
evitar em percorrer seu corpo com meus olhos, tenho a leve impressão de que
Manuela está me provocando, mas deve ser apenas impressão. Ela se enrola na
toalha e eu a ajudo a sair da banheira.
— Sente ali — ela senta sobre a borda da banheira enquanto eu começo a
fazer o curativo.
— Você é bom nisso — ela diz com seu rosto muito próximo do meu.
— Tive que aprender, pois me machucava muito nos treinos — respondo.
— Pronto! — ela levanta bruscamente e acaba escorregando, tento segurá-la e
acabamos caindo dentro da banheira.
— Você está bem? — pergunto olhando para ela que está sobre mim! E
estamos com nossas bocas muito próximas. Manuela não diz nada, apenas me
encara com seus olhos violetas que agora estão escuros. Nossa respiração
ofegante é o único som que se ouve no banheiro.
Não aguentando mais, seguro seu rosto entre as mãos e a beijo.
Lentamente, dando oportunidade a ela para me afastar ou me corresponder. E ela
me corresponde, então aprofundo meu beijo, explorando sua boca com minha
língua e a apertando mais ao meu corpo.
O banheiro foi totalmente inundado pela água que caiu da banheira.
Manuela tira minha camisa e volta a me beijar. Tiro meus sapatos, ela abre
minhas calças, eu a ajudo a retirá-las, ela joga a toalha que rodeava seu corpo,
no chão e volta a me beijar, estamos desesperados um pelo outro. E ali naquela
banheira finalmente nos entregamos ao que sentimos.
Minhas mãos passeiam por seu corpo, sentindo sua pele macia e seu
corpo quente. Enfim estou dentro dela, meu pau entrando em sua maciez quente,
quantas vezes sonhei com isso, nem acredito que está realmente acontecendo. Ela
começa a se movimentar lentamente sobre mim. Sem parar de me beijar.
A água continua caindo para fora da banheira com nossos movimentos.
Manuela cessa com seus beijos e fica me olhando nos olhos e posso ver tanta
paixão neles, sei que ela queria isso tanto quanto eu.
— Ohhhh! Como isso é bom... Hummm — ela geme alto.
Seguro em um dos seus seios e a vejo arfar, sei que ela sempre gostou
quando eu os acariciava, e eu sempre adorei tê-los em minhas mãos e boca,
então tomo um em minha boca e a vejo jogar sua cabeça para trás, me dando total
acesso a eles enquanto os exploro com minha boca.
Depois tomo sua boca em um beijo faminto onde sinto Manuela
estremecer, me dizendo que havia chegado ao clímax e não pude mais me
segurar, firmo meus pés na banheira e estoco mais forte e mais rápido, jogando
água por todos os lados.
— Isso, mais rápido, não para.
— Como senti sua falta. Falta desse corpo maravilhoso. Desses seios
fartos que são deliciosos — tomo novamente um mamilo em minha boca.
Ela chega ao orgasmo mais uma vez e então me entrego ao prazer e gozo
também.
Ela se deixa cair sobre mim e ficamos assim, com nossas respirações
ofegantes e corações acelerados.
Nenhuma palavra foi dita. No silêncio do banheiro o único som que se
ouve é o som dos nossos corações que bate um pelo outro.
A aperto bem ao meu corpo e juro para mim mesmo que desta vez nada
nem ninguém vai me afastar de Manuela. Porque vivi um inferno longe dela e
agora que encontrei novamente o paraíso em seu corpo, eu não perderei isso por
nada nesse mundo.
Nesta banheira de água já fria, estamos Nícolas e eu, com nossos corpos
enroscados. Quanta falta senti de estar assim com ele, pele contra pele!
Começo a deslizar minhas mãos por seu corpo todo musculoso e forte.
Me sento sobre ele e vou delineando os contornos de seu abdome rasgado,
subindo para seu peitoral perfeito descendo novamente por seus braços enormes.
Seu corpo todo é uma perdição, com essa pele cor de oliva, herança da tia
Sabrina, que contrasta com seus cabelos quase loiros e seus olhos verdes
esmeralda.
Seguro seu rosto entre as minhas mãos e deposito um beijo cálido em
seus lábios. Colando nossas testas em seguida, respirando sua respiração.
— Senti tanto sua falta — finalmente digo em voz alta, aquilo que por
tanto tempo estava fechado em meu coração e neste momento deixo todas as
mágoas e tristezas para trás, tudo o que me importa são nossos corpos, corações
e alma entrelaçados como se fossem um só!
Nícolas passa a ponta dos dedos por meu rosto e só então me dou conta
que lágrimas estão rolando. Ele me aperta forte em seus braços e choramos
juntos, por todo tempo que perdemos, por tantas mentiras contadas e por tanta
dor que passamos.
— Me perdoe meu amor. Sei que te fiz sofrer muito, mas quero passar o
resto dos meus dias te recompensando por tanto sofrimento. Manuela você é a
mulher da minha vida, você tem o poder de fazer de mim o que quiser. Está em
suas mãos ficar comigo ou me mandar embora de vez — ele diz isso com a voz
embargada e me olha com expectativa esperando por minha resposta. Chegou a
hora de tomar uma decisão, mas estou eu preparada para decidir?
Saio da banheira e vou para o meu quarto aonde encontro duas toalhas,
uma para mim outra para ele que vem atrás de mim. Entrego a toalha a ele que a
enrola na cintura.
— Me desculpe, não quis te pressionar — ele diz inseguro.
— Antes de qualquer resposta minha temos que conversar, mas não
agora, não ainda, agora só quero que me ame, preciso de você. Sem pensar nas
dores, mágoas e sofrimentos. Vamos pensar só no agora. Deixemos lá fora todos
os problemas e vamos nos amar como se não existisse o amanhã — me aproximo
e envolvo seu pescoço com meus braços ficando na ponta dos pés. — Me ame
Nícolas! Só me ame! — ele me segura nos braços e me deita delicadamente
sobre a cama, onde cobre o meu corpo com o seu, me beijando apaixonadamente.
—É claro meu amor! — ele fala descendo com sua boca por meu
pescoço e colo, encontrando meus seios, onde me faz delirar com suas carícias,
chupando meus mamilos e mordiscando levemente, descendo por meu estômago
e depois para meu abdome, encontrando o meu centro de prazer, me beijando
intimamente. Fazendo meu corpo pegar fogo.
Meus gemidos são altos enquanto ele me deixa na borda, não aguento
mais e explodo em um prazer intenso que fazia tanto tempo que eu não sentia,
sentindo meu corpo estremecer com essa corrente elétrica que atravessa meu ser.
Estou arfante quando ele sobe novamente com seus beijos por meu corpo
até chegar à minha boca, onde me beija e sinto meu gosto nesse beijo e aumenta o
meu desejo por ele.
Nícolas me penetra e me preenche tão potente e másculo como só ele
consegue ser, seus movimentos firmes e apaixonados me levam ao céu, tamanho
prazer que me proporcionam. O envolvo com meus braços e pernas e a medida
que me aproximo do clímax, aperto meus dedos em sua pele, sentindo-a se
romper sob minhas unhas e em mais uma explosão de prazer intenso, me deixo
levar por essa nuvem de luxúria que nos cobre.
Sinto seu corpo convulsionar sobre o meu e tenho a certeza que ele
também chegou ao seu prazer final. Desabando sobre mim completamente
exausto, por alguns segundos, me virando em seguida e me deitando sobre seu
corpo.
Aproveito ao máximo esse momento, não quero que a realidade, venha e
nos acorde desse sonho bom. Me aconchego a seu peito onde, me deixo levar,
pelo cansaço e durmo.
Acordo e Nícolas não está aqui, será que tudo não passou de um sonho,
como tantos que já tive com ele?
Levanto e procuro vestígios de que o que aconteceu foi real e o primeiro
é que o meu banheiro está completamente alagado. Não consigo evitar de sorrir
ao lembrar de nós na banheira. Entro ali e a minha toalha ainda está jogada no
chão, piso no chão molhado a recolhendo e deixando no cesto de roupas sujas.
Ao abri-lo encontro as roupas de Nick ali, todas encharcadas.
Me olho no espelho e marcas dos nossos momentos de paixão estão
espalhadas por meu corpo. Mais um fato comprovando que o que aconteceu foi
real. Ainda estou me olhando no espelho quando Nick entra e me abraça pelas
costas, beijando meu pescoço.
Ele usa apenas uma toalha cobrindo sua cintura e mais uma vez me pego
admirando seu corpo escultural e prefeito.
— Tudo bem? Não fui muito bruto com você? — ele pergunta me
encarando no espelho. Me viro e o olho nos olhos.
— Você foi perfeito! Tudo foi perfeito! — digo o beijando e colando meu
corpo ao dele, que me aperta, me esmagando contra si. Me beija daquele jeito
que tira meu fôlego.
— Manuela, temos que conversar — ele fala ofegante e enfim chegou o
momento de encarar a realidade.
Pego um robe e visto, cobrindo meu corpo. Vamos até meu quarto onde
sento na beirada da minha cama.
Nícolas fica em pé e anda de um lado para outro, posso ver que está
muito aflito.
— Nick eu...
— Manuela, quero que me ouça até o fim e depois pode dizer a decisão
que tomou — ele fala e eu concordo. — Quando estávamos em Los Angeles eu
me sentia o homem mais sortudo do mundo por ter encontrado você, uma mulher
linda, deslumbrante, meiga carinhosa e inteligente. Todos os dias antes de você
acordar eu ficava te observando dormir, e me beliscava para ter certeza que você
estava realmente ao meu lado. Eu sempre tive muito medo de ser traído, quando
eu era menino, vi tudo o que minha mãe sofreu quando Renan, meu pai a traiu e
aquilo me marcou demais. Tive minhas namoradas, mas nunca me entreguei
completamente em um relacionamento, todos eram superficiais. Eu tive meu
relacionamento com Lily — fico com raiva só de ouvir esse nome — e ela me
traiu, que me deixou ainda mais inseguro. Então reencontrei você. E com você
foi tudo tão arrebatador e intenso, confesso que fiquei apavorado com o que você
provocava em mim, e ainda provoca, e assim eu me entreguei sem reservas. Você
era tudo pra mim. Era o meu motivo para acordar e o único desejo para voltar
para casa depois de um dia exaustivo de treinos. E quando tinha você em meus
braços, era como se tivesse encontrado o meu lar. Você era meu lar! — ele se
ajoelha em minha frente, segura minhas mãos entre as suas e continua com seus
olhos brilhando pelas lágrimas não derramadas. — Então aquele cara apareceu e
seus sorrisos não eram mais meus somente. Aquilo me deixou louco de ciúmes,
saber que seus belos olhos que deveriam olhar somente para mim, também
olhavam para ele, me deixava insano. Eu nem conseguia raciocinar direito.
Bastava que você estive perto dele para que meu sangue fervesse. Então pedi a
David que o investigasse — puxo minhas mãos das suas. — Você disse que iria
me ouvir até o fim — ele pega as minhas mãos novamente. — Eu achei muito
estranho aquele cara querendo falar com você somente quando eu não estava por
perto, mas nunca desconfiei de você. David é testemunha disso. Naquele dia da
festa quase não tive tempo de ficar com você e então a vi novamente falando com
ele. Confesso que fui um idiota inseguro, mas eu sempre tive tanto medo de te
perder. Com as viagens e os compromissos que Bryan me arrumava, mais os
treinos, você ficava tanto tempo sozinha! Então naquele dia vi vocês se
beijando...
— Ele me agarrou! — digo e Nícolas fica em pé novamente.
— Eu sei! Hoje eu sei, mas na hora parecia tão real que estivessem
juntos. Depois que Bryan te levou embora, ele voltou e me deu o endereço do
hotel e o número do seu quarto. Eu não quis acreditar no que estava acontecendo,
meu coração doía tanto. Fui até lá. Fiquei sei lá quanto tempo parado em frente
ao hotel, criando coragem para falar com você. Finalmente tomei coragem e fui.
Quando abriu a porta e vi o estado em que você se encontrava, tudo o que eu
mais queria era te apertar em meus braços, mas meu orgulho me impediu. Você
me disse o que aconteceu eu estava acreditando e já ia pedir para que voltasse
para casa comigo, então ele entrou te chamando de amor com a chave do quarto
nas mãos. O que você faria se estivesse em meu lugar? Saí de lá furioso, me
sentindo um idiota, achando que fui enganado. Comecei a beber, fiquei
influenciável e Bryan ao meu lado me dando conselhos tortos. Depois quando ele
veio pedir a assinatura do divórcio, chegou me dizendo que você e Alan estavam
juntos aqui, aquilo me destruiu! Fiquei com tanta raiva de você. Sem saber que
tudo não passou de um plano de Bryan e Lily. Por isso eu te peço perdão! — ele
novamente se ajoelha aos meus pés. — Amor uma vida sem você não é vida!
Volta pra mim, eu prometo te fazer feliz todos os dias e te compensar por tudo o
que te fiz sofrer! — olho para ele de cima e vejo que ele realmente está sendo
sincero. E agora? Se eu não o perdoar conseguirei ser feliz algum dia, como sou
quando estou em seus braços? Quando ele me beija, me acaricia, me faz sair de
órbita?
Somente em seus braços me sinto amada, realizada! E agora? Fico com
meu orgulho ou com meu amor?
Nick percebe que estou relutante e levanta.
— Você ainda não conseguiu me perdoar, não é? — ele me olha com seus
olhos suplicantes.
Eu o amo, m as não sei se posso conviver com o que aconteceu.
Como não digo nada, ele solta minhas mãos.
— Então creio que este é o fim! — Nícolas vai até o banheiro e pega
suas roupas molhadas e começa a vesti-las!
Fico ali olhando, enquanto ele se veste. Lágrimas rolam por meu rosto.
Não posso, não posso! Se o perdoar, essa mágoa estará sempre entre nós. Como
uma muralha nos impedindo de sermos completamente felizes.
E não quero uma felicidade incompleta, com ele eu quero tudo, quero me
entregar por inteiro.
— Adeus Manuela! — ele diz saindo cabisbaixo enquanto eu fico lá
parada, com meus pés colados no chão, vendo os pedaços do meu coração
caindo no chão.
Então me dou conta que uma vida sem ele para mim não é vida. Onde
mais eu poderia estar se não em seus braços? Que outra boca eu poderia beijar
se não a dele? Para quem mais eu poderia me entregar se não para ele? Então
finalmente percebo que já o perdoei e fui idiota o suficiente para não notar.
Estive acostumada a esse sentimento de mágoa por tanto tempo que quando meu
amor foi finalmente capaz de nos redimir eu nem me dei conta.
Com o coração aos saltos, saio correndo do quarto gritando por ele.
— Nick! Nick! — ele para na porta e olha para mim. Me jogo sobre ele
enlaçando seu corpo com os braços e pernas e o beijo. — Te amo e quero ficar
com você o resto dos meus dias! — o beijo novamente. — Fica comigo amor!
Ele me carrega até o sofá onde senta comigo por cima dele.
—S ou o cara mais feliz do mundo! Amor, tem certeza? — ele ainda está
inseguro. Então novamente com seu rosto entre as minhas mãos o olho bem nos
olhos.
— Certeza absoluta! Você é o meu amor, o único! Nunca vou conseguir
amar outro, me entregar a outro. Eu amo você, só você! — Mais uma vez nos
beijamos e nesse beijo deixamos para trás todas as mágoas e as dúvidas. E enfim
nos perdoamos mutuamente, para assim poder viver nosso amor plenamente.
Estamos no sofá quando Flora entra com Nicole nos braços.
— Perdão, eu não sabia que vocês estavam... — ela fica vermelha feito
um tomate maduro.
— Tudo bem! —Nick diz. Eu saio de cima dele que vai pegar nossa filha.
Ela se joga nos braços dele. — Vem com o papai!
— Já vou! Boa noite — Flora diz e nos deixa a sós.
— Você está com a roupa toda encharcada, vai molhar ela — digo.
Ele me entrega Nicole.
— Vou até a casa de David e Amanda pegar minhas coisas — ele para na
porta e me olha. — Posso?
— Sim! Pode ficar aqui — ele volta e me enlaça pela cintura me
beijando em seguida, me deixando sem fôlego. — Volto em um minuto — me dá
um selinho e sai.
— Papai! — Nicole aponta para a porta.
— Sim meu amor, é o papai e de agora em diante ele vai morar aqui com
a gente — abraço minha filha e me sinto leve pela primeira vez em muito tempo.
Agora sim posso dizer que me sinto viva, pois meu coração voltou a
bater dentro do peito. O amor transbordava me fazendo esquecer toda a dor.
Então o que Amanda me disse finalmente faz sentido. O amor é muito
melhor que orgulho! O orgulho vem sempre acompanhado da solidão, enquanto o
amor vem com a realização!
— Ei cara! O Ivan quer falar com você — um cara todo tatuado e maior
que o Dwayne Johnson vem falar comigo na hora do banho de sol.
Esses caras não aprendem, da última vez que me deram uma surra foram parar na
solitária, e agora que paguei um bom dinheiro aos guardas, eles me protegem
aqui dentro.
Tive que fazer isso ou a essa hora já estaria morto! Na última surra perdi
dois dentes e tive quatro costelas quebradas, além de ter vários hematomas pelo
corpo.
Falei com aquela vadia da Lily para conseguir proteção para mim aqui
dentro, se ela quisesse continuar desfrutando do meu dinheiro. É claro que a
polícia não conseguiu descobrir onde escondi todo o dinheiro. Mas Lily sabia,
ao menos me era fiel e estava me ajudando. Ela odiava tanto Nícolas quanto eu.
Agora tem esse cara, Ivan Belikov, desde que descobriu que eu conheço
David, vive me perguntando sobre ele.
Ele chegou transferido, pois a máfia russa tem contatos por aqui e dizem
que o diretor recebe propina para proteger os caras da BRATVA.
Eu não acreditava muito, mas esse Ivan já me deu muitas provas de que é
verdade. Se não fosse por ele eu não saberia a quem pagar por proteção aqui.
Ele me mostrou as pessoas certas, mas ele quer minha ajuda para matar
David!
Só que Ivan quer que ele sofra e sofra muito!
— Olá Ivan — falo me sentando em uma das mesas de concreto
espalhadas pelo pátio. Alguns detentos jogam basquete, outros fazem musculação
e outros apenas observam e conversam.
Ivan está sentado e dois capangas enormes fazem a sua segurança.
— Olá, Bryan! Já pensou em minha proposta? — ele pergunta tragando
um cigarro e jogando a fumaça em minha cara.
— Pensei e tenho um plano que vai fazer David sofrer o pior dos
pesadelos! Mas tem que cumprir sua promessa, quero Nícolas Sullivan tão
destruído quanto.
— Trato feito! Me diga seu plano...
Estou há dois meses planejando tudo. Lily já contratou os caras que Ivan
recomendou.
A vagabunda já conseguiu conquistar o cara. Ele tem direito a visitas
íntimas e está fodendo minha irmã agora, aquela vadia! Dá para qualquer um. Até
um presidiário mafioso. Mas ele só tem essas regalias por causa da grana preta
que paga para o diretor.
Ele não pode sair, a CIA está de olho nele, mas comanda tudo daqui.
Desde que Dimitry foi morto e Petrus também, ele ficou como segundo no
comando. Ninguém sabe quem é o chefão. Mas o cara é poderoso, importante e
está acima de qualquer suspeita, acho que nem mesmo Ivan sabe quem ele é.
Porque senão a CIA já estaria sabendo, pois pelo que ouvi um dos
primos de David, fez ele contar tudo o que sabia e só por isso ele continua vivo,
se entregou enquanto os outros enfrentaram os agentes.
Ivan sai do quarto de visitas íntimas, com minha irmã toda sorridente
agarrada a ele!
Tive que ficar aqui do lado de fora, ouvindo todos os gritos e gemidos
deles lá dentro, ordens são ordens e eu não estou a fim de morrer, pelo menos
não antes de saber que Nícolas e David pagaram com juros por todas as surras
que levei nesse maldito inferno!
Eu quero que eles sofram, agonizem, mas antes vou arrancar aquilo que
eles mais amam. Suas adoradas esposas e até aqueles pirralhos que eles chamam
de filhos.
A máfia russa não poupa ninguém, nem homens, nem mulheres e nem
crianças, eles são sanguinários e cruéis, eu tive muita sorte de Ivan ser
transferido para cá e termos interesses em comum.
— Belikov! A vadia tem que sair, ordens do diretor — um dos guardas
fala.
— Adeus querido, nos vemos em breve — Lily diz e os dois se beijam,
quer dizer fodem a boca um do outro, viro para o lado, aquilo me dá náuseas!
Quando Lily está saindo ele dá um tapa na bunda dela. O guarda a
acompanha até a saída.
— Tudo pronto para colocar o plano em prática O'Connor? — Ivan me
pergunta com seu sotaque carregado.
— Sim! Pode mandar os homens para Portugal! Lily vai acompanhá-los
para que nada dê errado — digo.
— Quero que ele sofra! Fui torturado por aquele Baker, mas ele também
está na minha lista! Thomas Baker, ainda não descobri um ponto fraco daquele
maldito. Ele não tem mulher, nem filhos.
— Mas tem mãe e pai — digo a ele.
— Sim, mas o pai também trabalha na CIA. É toda uma maldita família
de agentes. Mas não se preocupe ele ainda vai ter o que merece, assim como
todos os Baker — ele apaga o cigarro na mesa de concreto.
— Cara você odeia mesmo essa família — digo.
— Só vou descansar quando não sobrar nenhum para contar história.
Estamos bem, finalmente Manuela me aceitou de volta. Já decidi, vou
parar de lutar. Tenho só mais uma luta em meu contrato e não irei renová-lo!
Vou ficar aqui com Manuela, a ajudarei na vinícola e criaremos nossa
filha neste lugar pacato e tranquilo.
Só agora entendo porque David quis ficar aqui com Amanda e o filho.
Depois de tudo o que passaram em Londres por conta da máfia russa,
viver aqui não é má ideia.
Eu não sabia de nada, minha prima enfrentou a morte de frente e
sobreviveu, David ainda tem a cicatriz do tiro que levou para salvar Amanda!
Eu faria o mesmo por Manuela. Ela é tudo para mim e não pensaria duas
vezes em levar uma bala em seu lugar. Assim como David.
Eles me contaram tudo o que aconteceu, mas esconderam isso de tio
Caleb, ele surtaria se soubesse o que aconteceu.
— Vocês passaram por tanta coisa — Digo enquanto bebemos um licor
após o jantar na casa de dona Lucinda. Que fez questão de dar esse jantar para
comemorar a nossa reconciliação.
— É! E pensar que quase a perdi! Acho que não suportaria — David fala
olhando para Amanda que está conversando com Manu enquanto cuidam dos
nossos filhos. — Eu daria minha vida por ela. Só em pensar que ela ou meu filho
correm perigo meu coração gela!
— Sei como é, eu faria qualquer coisa por Manu também.
— Vamos, amor, o Marcos está com sono e eu também — Amanda
convida David que levanta na mesma hora.
— Vamos sim. Boa noite — ele diz.
— Boa noite a todos — Amanda também diz.
— Boa noite — respondemos todos ao mesmo tempo.
—Amor vamos também, Nicole já está dormindo — Manuela fala a
segurando nos braços e Nicole descansa a cabeça em seu ombro.
— Boa noite dona Lucinda, boa noite Flora — Vou até Manu e pego a
menina de seus braços.
— Boa noite vovó — Manuela dá um beijo na avó.
— Agora chega de pensar em coisas ruins. Viva o seu amor minha
querida, isso só acontece uma vez na vida — Dona Lucinda abraça Manu.
Depois de deixar nossa menina na cama, vamos para o nosso quarto.
— Manuela, vem cá — a chamo e ela vem e senta sobre minhas pernas.
— Eu sei que você me perdoou, mas temos que conversar. Temos que falar com
tio Rodrigo! Ele ainda está muito magoado comigo e seu irmão nem se fala!
— Amor, não se preocupe com isso, assim que meu pai ver que estou
feliz, tudo isso vai passar. Você vai ver — ela diz depositando um beijo delicado
em minha boca. —Eu senti tanto a sua falta! Falta de seus braços envolvendo
meu corpo. Suas mãos enormes deslizando por minha pele. Sua boca ávida
explorando cada recanto do meu ser — ela diz enquanto beija meu pescoço
abrindo os botões da minha camisa. — Agora quero que me ame, me ame bem
lentamente, para ver se aplaca essa saudade que senti de você durante esses anos
— ela me beija e abro o zíper de seu vestido, baixando-o até sua cintura, seus
seios saltam livres a minha frente. Sempre fui louco por eles. Manuela respira
pesadamente em antecipação ao meu toque. Com uma das mãos massageio um
deles enquanto o outro abocanho avidamente, mordendo, lambendo, chupando!
Seus gemidos ficam mais altos, à medida que a acaricio. Passo para o outro seio
e com minha mão livre passeio por suas coxas, encontrando sua boceta, onde
percebo que ela já está preparada para mim.
A deito sobre a cama, admirando o quanto ela é bonita e sensual. Seus
cabelos loiros espalhados sobre o lençol, seus seios à mostra subindo e
descendo rápido com sua respiração arfante.
Puxo seu vestido a deixando só com sua calcinha de algodão. Seu corpo
está diferente, seus seios maiores, para meu deleite, e seus quadris mais
arredondados. Meu pau ganha vida na hora que admiro seu corpo delicioso.
— Meu corpo mudou não foi? — ela diz cruzando os braços sobre os
seios os escondendo de mim.
— Não esconda. Você está linda — tiro seus braços de frente do seu
corpo. — Eu já tinha percebido e sabe o que pensei quando a vi? — ela nega
com a cabeça — Uau, como é possível que ela tenha ficado mais gostosa? — ela
dá um sorriso e me sinto novamente em casa. Porque aqui com ela estou em casa,
Manuela sempre foi meu lar. Sem ela eu estava perdido, pois ela é o meu Norte.
— Eu amo tanto você. Esses anos sem você, eu tinha uma vida vazia e sem
sentido. Eu não sentia mais nada, a vida perdeu a cor, o sabor, tudo o que eu
comia tinha gosto de papel! Sabe por quê? Você é o meu sal, o tempero da minha
vida! O que dá sabor a tudo! — Vejo lágrimas escorrendo pelo canto se seus
olhos. Me deito sobre ela apoiado em meus cotovelos. — Amor, eu prometo que
no que depender de mim sua vida vai ser só felicidade. Quero te compensar por
cada lágrima, cada soluço, cada gemido de dor, que você passou esse tempo em
que estivemos separados.
— Eu te amo! — ela diz passando a mão sobre meu rosto. A beijo
apaixonadamente. Quero demostrar o quanto a amo, explorando cada canto de
sua boca com minha língua, sentindo seu sabor. Ela geme em minha boca. Então
nos separo, estamos ofegantes. Tiro o resto de nossas roupas e ela observa tudo
atentamente.
— Você é tão bonito! — ela fala ficando de joelhos sobre a cama,
passando as mãos por meu peito, descendo por meu abdome e segurando meu
pau em suas mãos, inevitavelmente um gemido sai de minha boca ao sentir o
toque macio de suas pequenas mãos, acariciando-me lentamente, da base até a
ponta enquanto me beija na boca.
Então ela começa a descer com seus beijos até chegar onde suas mãos me
acariciam e sinto sua boca quente envolver meu pau, me deixando louco. Ela
lambe a glande e olha bem para mim, essa é a cena mais sensual que já vi, então
ela o toma entre os lábios e começa a chupar bem devagar, tomando um pouco
mais a cada vez que suga. Ela acelera os movimentos e quando vejo que não vou
aguentar a separo de mim.
— O quê? — ela pergunta.
— Sua vez! — a deito na cama e abro suas pernas beijando sua boceta
que está toda melada com seu mel. Como ela fez comigo momentos antes, mas
ela vai gozar quando eu acabar. A beijo, lambo, encontro seu clitóris e começo a
estimular com minha língua, os gemidos de Manuela preenchem o quarto, enfio
dois dedos em sua vagina. Ela se contorce e geme, por sorte a porta está fechada
ou nossa filha já estaria acordada com o barulho.
Então Manuela goza e eu quero todo seu mel em minha boca, quero tudo
dela. Subo por seu corpo a beijando pelo caminho, até chegar em seus lábios
macios. Ela está arfante e a arrebato em um beijo ardente. Me posicionando
sobre ela, entre suas pernas a penetrando em seguida.
Minhas estocadas são potentes, ela me agarra com suas pernas e braços.
Sinto suas unhas cravando em minhas costas, aumento a velocidade dos meus
movimentos e a cabeceira da cama começa a bater com força na parede. Manuela
chega ao orgasmo mais uma vez, então me permito explodir em um gozo
poderoso que consome toda a minha energia.
— Uau! Isso foi... foi... — ela não consegue completar a frase, pois
roubo seu ar com um beijo.
Deitados frente a frente, ficamos olhando um para o outro, como que
querendo confirmar que estamos realmente juntos, que o que aconteceu não foi
um sonho.
— Eu te amo! — ela diz e se aconchega em meu peito.
— Eu também! — beijo sua cabeça inspirando o cheiro bom de seus
cabelos.
—Amor eu tenho uma coisa pra te dizer — ela fala.
— Diga!
— Sabe, as vezes que fizemos amor na banheira, depois aqui na cama e
agora outra vez na cama?
— Sim!
— Não usamos proteção e eu estou no meu período fértil — ela ergue a
cabeça para me encarar.
— Você não toma pílulas?
— Não, desde que descobri que estava grávida de Nicole, não tomei
mais! Então hoje, por três vezes, tivemos a oportunidade de gerar um bebezinho
— meu coração se enche de esperança, isso seria como a cereja do bolo. Viria
coroar esse momento de felicidade. Manu está sorrindo, o que me diz que ela
quer isso tanto quanto eu!
— Isso seria maravilhoso. Mais um filho seu. Eu seria o homem mais
feliz do mundo, se é que dá pra ser mais feliz do que já sou — a beijo e ouvimos
Nicole chorar. — Acho que acordamos nossa bonequinha.
— Vou até lá — ela levanta.
— Deixa que eu vou.
— Tem certeza? Ela fica muito manhosa quando acorda no meio da noite
— ela fala vestindo uma camisola.
— Eu vou! Tenho que cumprir minha parte de pai — coloco a calça do
pijama e sigo até o quarto de Nicole.
Ela está sentada sobre a cama, esfregando os olhinhos e chorando.
— Meu amor! O que foi? Vem com o papai! — a seguro nos braços.
— Papai! — ela diz rodeando meu pescoço com seus bracinhos.
— Pronto! Não chore mais — levo ela até nosso quarto, Manu está no
banheiro. Deito minha princesa em meu travesseiro e me deito ao seu lado.
— Nícolas! Ela deve dormir na cama dela! — Manuela vem até a cama.
— Só hoje amor! Ela tá muito assustada — digo abraçando o corpinho
de Nicole que olha para a mãe com seus olhinhos arregalados.
— Mamãe, deixa Nicole, quelo dumi tom o papai.
— Tudo bem, mas só por hoje — ela deita conosco. Eu não poderia me
sentir mais feliz com as duas mulheres mais importantes da minha vida!
Os dias têm sido muito trabalhosos por aqui. David tem me ensinado tudo
sobre a vinícola, confesso que é um pouco mais difícil do que pensei. Acho que
vou me dar melhor cuidando das vinhas, esse negócio de escritório não é
comigo.
Vou deixar isso para David e Manuela.
Falei com meu empresário em Los Angeles que disse não há nenhuma luta
marcada para mim. Talvez no próximo ano. O que me deixava com tempo para
organizar o nosso segundo casamento.
Manuela já ligou para tio Rodrigo, falando que nos entendemos, ele ainda
está meio desconfiado, mas acabou respeitando a decisão de Manu.
Amanda não vem se sentindo bem por causa da gravidez, dona Lucinda
diz que ela terá uma menina por causa desses enjoos intensos. Eu não entendo
nada disso, mas David disse que deseja muito uma menina. Já que na família
dele em sua maioria nascem meninos, o único que teve uma menina foi Jake. Bela
teve o terceiro filho deles e era mais um menino. Ana foi a única menina que
nasceu em anos na família. Os primos Carl e Andrew também são pais de
meninos. Andrew inclusive é pai de gêmeos. O único que ainda não tem filhos é
Thomas, esse não sei se algum dia se casará, confesso que sempre o achei um
pouco estranho. Mas David jura que ele é um cara legal.
Eles foram convidados para o nosso casamento, só não sei se virão.
A cerimônia acontecera em um mês. O tempo já está bem frio por aqui,
estamos quase no início do inverno e nosso casamento pode acontecer em um dia
bem frio, podendo até nevar.
Manuela queria esperar até passar o inverno, mas eu quero me casar o
quanto antes. Já perdemos muito tempo e não vejo motivos para adiarmos ainda
mais o casamento.
Dona Lucinda e Amanda estão ajudando na organização da cerimônia,
nossos familiares vão chegar alguns dias antes e como sempre haverá muitas
risadas e histórias para contar, pois quando a família Sullivan se junta é sinal de
festa animada e divertida, regada a muita música.
E eu estou muito ansioso por isso! Só sinto pela vó Giovanna não estar
aqui. Ela vai fazer muita falta.
Ansiedade me define!
Hoje é o meu recasamento com Nick! Palavra engraçada essa né? Mas foi
um jeito que achamos para nomear esse dia. Já que estamos nos casando pela
segunda vez.
Ele me pediu que usasse o mesmo vestido do nosso primeiro casamento.
Mamãe fez questão de trazer do Brasil. Ela estava muito emocionada.
Meu pai e Brizio sabatinaram Nick por duas horas assim que chegaram
três dias atrás, mas agora está tudo bem. Todos entenderam que fomos vítimas da
ganância e da inveja de Bryan e Lily!
Agora estou aqui no meu chalé esperando Amanda e Samantha que foram
até a farmácia às escondidas.
Essa semana toda me senti mal e meu ciclo está atrasado, Nick acertou
em cheio, logo quando nos reconciliamos conseguiu me engravidar. Mas ele não
suspeita de nada, é desligado demais para essas coisas.
Ando de um lado para outro no quarto, muito nervosa. Esperando por
elas.
Já estou com meu vestido de noiva, minha mãe está lá no refeitório, que
foi decorado, para a cerimônia e festa depois. Já que a neve cobriu tudo e não
pudemos realizar ao ar livre.
Elas entram em meu quarto.
— Finalmente! Que demora — digo nervosa.
— Pega e faz esse teste logo! Não aguento mais essa dúvida — Samantha
fala me entregando o pacote. Ela está linda com sua barriga de sete meses,
esperando outro menino. Amanda está com cinco e descobrimos que ela terá
duas meninas, realizando o sonho de David que queria uma menina e terão logo
duas de uma vez.
— Samantha! O Brizio tá te chamando lá na casa da dona Lucinda,
parece que aconteceu alguma coisa com o filho de vocês — David fala.
— Ai o Brizio não consegue fazer nada sem mim — ela fala indo até a
porta. —Me mande uma mensagem daqui a pouco — ela fala e pisca um olho
para gente.
—Por que estão tão misteriosas? — David pergunta! Abraçando Amanda
e pousando suas mãos sobre o ventre dela.
— Nada, David! Coisas de mulher! Agora vai lá cuidar do nosso filho,
daqui a pouco eu vou — ela diz empurrando-o para a porta.
— Todos estão indo para o salão — ele diz.
— Ótimo, daqui a pouco iremos também —ela o beija. — Eu te amo! —
e o empurra para fora do quarto e fecha a porta.
— É agora ou nunca, faz logo esse teste — Amanda diz.
Entro no banheiro e faço o teste. Três minutos que parecem três horas.
Olho e o resultado é positivo! Saio do banheiro com o teste na mão e tomo o
maior susto ao ver dois homens encapuzados em meu quarto. Um segura Amanda
e tapa sua boca.
Ele tem uma arma apontada para sua cabeça e o outro aponta a arma para
mim. Deixo o teste cair e quando vou gritar ele me agarra e tapa minha boca
também.
— Fique bem quietinha ou sua amiguinha, morre aqui mesmo — ele fala
com uma voz medonha e um sotaque carregado! Olho para Amanda que está
chorando, sua maquiagem dos olhos está borrada.
— Vamos sair logo cara, já temos as mulheres — o outro homem diz,
também com o sotaque carregado.
— Vamos sair pelos fundos, peguei uma van do buffet nem vão
desconfiar — eles nos conduzem escada abaixo e nos jogam na traseira da van,
um deles fica ali conosco, apontando a arma o tempo todo para nós. Amanda está
assustada, ela protege sua barriga com os braços e se encolhe em um canto junto
a mim.
Quem são esses homens e o que querem conosco? Será que querem
dinheiro?
Meu coração está aos saltos no peito. Estou apavorada, mas tenho que
manter a calma, pois Amanda precisa de mim. Ficamos em silêncio, mas Amanda
chora muito, sei que ela está temerosa pelas filhas que estão em seu ventre. Até
mesmo eu estou assim, já que estou levando um filho em meu ventre também!
A van para, e a porta é aberta, está muito frio e não estamos vestidas para
enfrentar uma temperatura tão baixa.
— Saiam suas vadias — um dos homens nos puxam. Amanda pelo braço,
bruscamente, e a mim pelos cabelos. Somos levadas para um barracão
abandonado. Parece um depósito de barris. Mas há muito tempo não é usado.
— O que vocês querem? Quem são vocês? — pergunto enquanto somos
amarradas em uma pilastra de madeira. Está muito frio. Amanda e eu começamos
a tremer.
— Cale a boca, cadela — ele me acerta um tapa que faz o meu rosto
virar para o outro lado e fica latejando.
— Não bate nela, seu maldito —A manda acerta um chute no homem que
me deu o tapa.
— Sua vaca! Você vai ver agora — ele vai para cima dela, mas o outro o
impede.
— Cara! Deixe isso pra lá! Fomos contratados só para trazê-las até aqui.
Lembre-se, elas devem estar vivas.
— Estamos com frio — digo com meus dentes batendo.
— Isso é bom, assim vocês não vão tentar fugir — o cara que bateu em
mim arranca minhas botas e as botas de Amanda. — Agora sim! Fiquem
quietinhas!
Meus pés começam a doer de tanto frio, e não consigo parar de tremer, o
pior é que não consigo chegar mais perto de Amanda para nos aquecer. Ela treme
incontrolavelmente.
— Tá muito frio cara! E se elas morrerem?
— Não importa! Elas vão morrer de qualquer jeito. Ordens do Ivan!
— Não! Não! Não! — Amanda começa a chorar! Os homens saem e nos
deixam ali naquele barracão velho, congelando. — Manuela! Temos que tentar
fugir ou vamos morrer!
— Não entendo, sabe quem são eles?
— Lembra dos russos que te falei? — aceno com a cabeça, está difícil
até para falar, devido a tremedeira do meu corpo. — Esses caras trabalham para
eles e com certeza querem se vingar de David e dos primos dele!
— Mas como eles sabiam que eles estariam aqui para o casamento?
— Talvez não saibam e isso é bom pra nós. Eles vão nos encontrar! Os
caras são fodas e vão nos achar! Só temos que nos manter vivas!
— Isso vai ser tão fácil — zombo dela.
— Escute! David, me ensinou algumas coisas, mas só posso usar quando
um deles estiver por perto! Vou tentar me soltar — ela começa a raspar a corda
com seu anel de brilhante. — Isso pode demorar um pouco! — Ela fala cinco
minutos depois ofegante. — David fez parecer tão fácil! Merda! — ela continua
em sua tentativa de cortar a corda que é muito grossa com seu anel. Estou
tremendo muito! Meu corpo não consegue ficar parado. Ouço o barulho dos meus
dentes batendo, meus pés estão dormentes e minhas mãos também, olho para elas
e a ponta dos meus dedos estão roxas. — Consegui! — ela diz já de noite!
Mas antes que ela se solte a grande porta é aberta e o ar mais gelado
entra no barracão, nos causando arrepios. Ouvimos uma conversa, mas não
entendo o que falam, devem falar em russo. Estão discutindo, estou com muito
sono, meus olhos estão pesados!
— Manuela! Não dorme! Você está com hipotermia, se dormir não vai
acordar, fica acordada — Amanda me acerta um chute na coxa para que eu me
desperte.
— A nerdisse do David pegou em você — falo meio grogue. Estou mais
exposta, só uso meu vestido de noiva, também uso uma meia grossa, mas a parte
de cima, está quase nua, só o corpete do vestido. Amanda está mais agasalhada,
ela usa um casaco por cima do vestido, mas ainda assim não a mantém aquecida
totalmente.
— Escute aqui! Você tem que ser forte por Nícolas, por Nicole e pelo
filho que está esperando — ela diz.
E me esforço para me manter acordada, mas isso está ficando cada vez
mais difícil. Meu corpo não está mais aguentando.
Os homens saem e fecham a porta novamente. Mas vemos que alguém
anda em nossa direção e não posso acreditar no que vejo!
— Lily? — falo num fio de voz.
— Ora! Ora! Se não é a cadela que tirou Nick de mim e junto com ela a
prima cadela — ela fala, chutando meus pés e cruzando os braços.
— Aqui a única vadia e cadela é você, Lily — Amanda diz. — A que
ponto você chegou? Se juntar com a máfia! O que você é? A puta do Ivan?
Porque é só pra isso que você serve, pra foder e jogar fora! — ela acerta um
tapa em Amanda, que não reage! Mas por quê? Ela está solta.
— Você vai ser a primeira a morrer e esse seu moleque também — ela
passa a mão na barriga de Amanda!
Meus olhos estão muito pesados, tenho que fazer um esforço enorme para
me manter acordada.
— E quanto a você. Faço questão de te torturar pessoalmente — ela pega
uma faca e passa com ela por meu rosto, lentamente, mas sem cortá-lo. — Vou
destruir esse seu rostinho lindo. Vamos ver se Nick vai te querer depois que eu
destruir essa carinha de boneca! Você mantém marcas o suficiente — ela fala
para Amanda —, não sei como David não sente asco quando olha pra essa sua
cicatriz horrível!
— Ele me ama! Você sabe o que é isso, Lily? Ah, claro que não, os
homens só te querem pra foder e não para amar! Olhe para você com essa
maquiagem vulgar e essas roupas de prostituta! Você é um lixo e por mais que
seja linda por fora, sua podridão ressalta em sua aparência! — Mais um tapa na
cara de Amanda.
— Cale-se, sua vadia! — Vou deixar vocês aqui por esta noite, o frio as
fará pagar por todas as coisas que me disseram — ela vai até os homens e fala
algo com eles, que nos olham e reclamam. Depois ela sai. Apenas um dos
homens fica nos vigiando!
Já está tarde da noite, não aguento mais ficar com os olhos abertos, nem
sinto mais meus pés e mãos. Olho para o lado e Amanda está levantando. Ela vê
que o bandido está dormindo e vai até ele, pega uma faca, mas ele acorda!
— O que você está fazendo? — ele pergunta e antes que ele perceba ela
acerta uma facada em seu braço e ele grita!
— Sua vadia! O que pensa que está fazendo? — ele acerta um tapa em
Amanda que cai no chão.
— Você vai morrer! Eu cortei uma de suas artérias principais e você vai
sangrar até morrer — ela diz limpando a boca que está com um pouco de sangue!
— Vagabunda! Vou matar você! — Amanda levanta e corre o cara
começa a ficar fraco, e cai agonizando no chão. Ela vem e me desamarra.
— Manu, temos que aproveitar pra fugir, o dia está amanhecendo. Vamos
— ela me ajuda, mas estou muito fraca, não tenho me alimentado direito por
esses dias devido aos enjoos.
Saímos do barracão e o que vemos é mata. Não uma floresta, mas um
matagal coberto de neve, sem os nossos sapatos nossos pés ficaram molhados e
ainda mais congelados.
— Espere aqui — Amanda entra novamente no barracão, voltando em
seguida com o casaco do bandido todo sujo de sangue. — Coloque isto!
— Não posso usar esse casaco, está todo ensanguentado — digo me
recusando a usá-lo.
— Me escute Manuela, não é hora pra frescura! Está muito frio e o dia
vai amanhecer daqui a pouco. Estivemos no carro por no mínimo uma hora,
estamos distantes da Quinta! Se quiser continuar viva terá que usar isto — ela
amarra a manga onde está sujo de sangue e coloco o casaco sem colocar o meu
braço na manga.
Saímos, estamos há poucos metros do barracão quando um carro chega.
—É Lily! — Amanda diz e me puxa para baixo. — Droga, tínhamos que
estar longe. — Vamos andar até lá — ela aponta para uma casinha bem ao longe
que provavelmente também está abandonada. Andamos até o local, ainda está
escuro e eles não nos veem.
A casinha é velha, mas temos um teto sobre nossas cabeças. Estamos
relativamente longe do barracão, mas ainda corremos perigo.
— Vou encontrar algo para nos aquecer — Amanda começa a procurar e
vem com um cobertor poeirento, batendo-o para tirar a sujeira ou algum bicho
que esteja ali e nos enrolamos uma ao lado da outra.
— Quem é você? O que fez com a minha prima frágil e tímida? Você é o
Rambo ou o Magaiver? — falo tremendo e batendo os dentes — ela ri.
— David me ensinou muitas coisas depois que fui sequestrada, junto com
as garotas da Red, ele disse que eu tinha que estar preparada pra tudo. Até lutar
eu sei, acredita?
— Mas você matou aquele homem?
— Manu, era ele ou a gente! David me disse quais locais do corpo
humano são mais fáceis e rápidos para matar uma pessoa.
— Quando vocês fazem isso?
— Geralmente depois que Marcos está dormindo. Ultimamente não está
dando muito certo.
— Por quê?
— Sempre acaba em sexo! Não me culpe! São os hormônios e aquele
corpo gostoso!
— Amanda! Como consegue pensar em sexo em uma hora dessas? —
chamo sua atenção.
— Tem razão... — ouvimos um barulho. —Shiiii! — ela coloca o
indicador na boca e faz sinal para que eu me abaixe, ficamos em um canto da
casa, abaixadas e ouvimos alguém abrir a porta!
Ai meu Deus eles nos acharam!
Hoje é para ser um dos dias mais felizes da minha vida! Aqui reunido
com minha família e amigos para testemunharem novamente minha união com
Manuela.
Estamos juntos há quase três meses e agradeço por ela ter me perdoado.
Hoje sou o homem mais feliz do mundo. Faz muito frio e organizamos a
cerimônia aqui mesmo no salão da Quinta.
Tive mais uma conversa com tio Rodrigo que depois de me olhar de cara
feia por um bom tempo, ouviu novamente minhas explicações e entendeu meus
motivos, compreendeu que também fui enganado. Não justifica jamais o que fiz
com Manuela, mas dá para compreender.
David está ao meu lado ele e Amanda serão nossos padrinhos juntos com
Samantha e Brizio.
Estou estranhando um pouco já era para Amanda ter voltado e Manuela
estar entrando. Percebendo meu nervosismo Samantha fala.
— Nick, vou até lá ver o que aconteceu! — ela sai e todos já estão
cochichando.
—Tem algo errado — David fala e vai até os primos voltando em
seguida. — Uma das vans do pessoal do buffet desapareceu.
— Como assim? — pergunto e sinto gotas de suor se formar em minha
testa.
Samantha entra correndo.
— Elas não estavam no quarto, só encontrei isso caído no chão — ela
segura algo parecido com um termômetro digital, mas reconheço como um teste
de gravidez. Meu coração dá um salto ao ver o sinal de positivo nele. Manuela
está grávida. — Ela estava fazendo o teste quando as deixei no quarto.
— Mas onde elas estão? — pergunto e Thomas, o primo de David, o
chama. Vou atrás quero saber o que está acontecendo. — O que foi?
— Encontramos o motorista da van, ele está morto, foi degolado! —
Thomas fala.
— Mas o que está acontecendo? — pergunto já desesperado. Vejo os
primos de David falando ao telefone, sei que eles são agentes americanos, David
me contou tudo sobre eles serem super treinados e até sei o que ele e Amanda
passaram em Londres, mas o que Manu e eu temos a ver com isso? — David, me
explica cara! Onde estão nossas mulheres?
— Ainda não sei! Mas vou descobrir — ele pega o telefone. — Pai!
Amanda foi sequestrada. Sim, provavelmente. Quero que investigue pra mim
onde Ivan está preso. Sim, eles levaram a esposa do Nick também, veja se ela foi
por engano ou tem algo a mais nisso. OK aguardo — ele desliga o telefone e
percebo o quanto está preocupado. Não é para menos, Amanda está grávida,
esperando gêmeas e já tem uns cinco meses de gestação.
— David! Por favor, cara! Me explica o que está acontecendo — peço a
ele.
— Eu ainda não sei, Nick! Mas te garanto que vou descobrir — Vamos lá
para casa — ele convida a mim e aos primos — Samantha, você avisa para os
seus pais e para os pais de Manu. Tenho que cuidar disso. Diga para irem até a
minha casa.
— Tudo bem! — ela diz e sai.
— Nick vamos até lá em casa — David me convida.
Estamos todos aqui. David, seus primos, tio Rodrigo, tio Caleb e meu
pai. Todos muito nervosos.
— Onde é que está minha filha, Baker? — Tio Caleb pergunta muito
alterado. — Você me prometeu que cuidaria dela e veja só, novamente ela está
em perigo! Isso tudo é sua culpa, se não tivesse entrado na vida dela, Amanda
estaria segura! — Ele parte para cima de David. Meu pai e tio Rodrigo o
seguram.
— Pare com isso irmão. Ele não tem culpa, David ama Amanda. Ele vai
encontrá-la.
— Senhor Sullivan, sei que está nervoso. Não pense que também não
estou desesperado! Mas sou treinado para lidar com situações como essa. Porém
por dentro estou tão desesperado quanto o senhor — David fala.
— Então faça alguma coisa porra! Ela está grávida — Tio Caleb começa
a chorar.
— David — Andrew o chama. — Tio Alessandro descobriu que Ivan
está na mesma cadeia que Bryan O'Connor. Aquele cara que você tava
investigando.
— Bryan? Ele não fez isso? — falo incrédulo.
— Ele e Ivan se juntaram, só pode ser isso — David fala dando um soco
na mesa. — Amanda tirou o localizador que dei a ela, seria bem mais fácil
encontrá-la agora.
— Mas para onde as levaram? — meu coração está apertado, não
consigo raciocinar direito. Minha Manuela está esperando um filho, corre perigo
e eu não posso fazer nada. Essa sensação de impotência está me matando.
As horas passam devagar, os ponteiros do relógio se arrastam e não
temos notícias.
David continua naquele computador e seus primos não saem do celular.
Não aguento mais essa espera interminável. Preciso de notícias. Não quero nem
imaginar o que ela deve estar passando.
Meu celular toca! O número é desconhecido. David observa.
— Atenda no viva-voz — ele diz.
— Alô! — falo.
— Olá, Nick querido! — é a voz irritante da Lily.
— Lily?
— Sim meu amor! Sentiu saudades?
— Onde está minha mulher? Sua louca! — ela dá uma gargalhada.
— Elas ainda estão vivas, mas não sei por quanto tempo, está fazendo
muito frio! Sei lá, vai que elas não resistam até ao amanhecer — ela ri
novamente.
— O que você quer Lily? É dinheiro, eu pago o que for!
— Nick, Nick! Desta vez não será tão fácil. Eu o odeio mortalmente e
quero que sofra! Vou destruir você como fez com meu irmão, tirando aquilo que
ele mais amava! E avisa pro seu amiguinho, o David, que aquela horrorosa cheia
de marcas vai primeiro, por ser tão insolente e o bastardinho que ela carrega no
ventre não verá a luz do dia. Ivan manda dizer que ele será o primeiro a sentir o
peso de sua vingança depois, seus primos, um a um, vão pagar por tudo o que
fizeram ele passar. Agora que já sabem quem pegou suas vagabundas! Tenho que
voltar para elas. Vamos nos divertir um pouquinho... — ela desliga.
— Não! Lily! Meu Deus! Quem é esse tal de Ivan? — pergunto a David.
— É um mafioso russo. Ele nos odeia por ter ido para a cadeia, mas
Thomas o fez sofrer bastante antes — Andrew fala.
— Meu Deus, minha filha! — tio Caleb está desesperado.
— Deem um jeito de trazer nossas filhas sãs e salvas, ou eu juro que
mato você David! — tio Rodrigo vocifera.
Thomas e Carl entram em casa com duas bolsas enormes, elas estão
abarrotadas de armas.
— Vamos nos preparar — Carl fala pegando uma arma.
— David, um dos funcionários disse que a van tem sistema de
rastreamento por satélite, aqui está o código — Andrew fala e David vai
imediatamente para o computador. — Tome! — Andrew me entrega um colete a
prova de balas. — Se quiser ir conosco terá que vestir um. Sabe manusear uma
arma?
— Sei! Treinei tiro com David.
— Então você sabe, David é um dos melhores — ele me entrega uma
Glock e essa arma é a que tenho mais familiaridade. — Lembre-se, ao menor
sinal de perigo atire! Antes eles do que você!
— Consegui! Consegui a localização da van! — David levanta. — Só
espero que eles tenham sido idiotas o suficiente para ficar com ela.
— Pai, você precisa manter todo mundo calmo! Tio Rodrigo e tio Caleb,
precisam de você, isso sem contar que as mães delas devem estar desesperadas
— falo para meu pai enquanto ajeito a arma no cós da calça.
— Não se preocupe, filho! Pense apenas em trazê-las de volta! Daqui eu
tomo conta — meu pai me abraça.
— Vamos, não temos tempo a perder — Carl fala.
Thomas ajeita suas facas e dá um daqueles sorrisos sinistros que ele tem.
Andrew vai dirigindo. Somos cinco caras dentro desse carro, mas apenas David
e eu temos algo a perder nisso tudo.
Já estamos rodando há duas horas.
— O sinal está perto! — David diz.
Estamos longe da Quinta. É um lugar isolado, cheio de casas e barracões
abandonados.
— Que fim de mundo é esse? — Carl fala.
— É melhor esconder o carro e seguir a pé, não podemos ser vistos —
Andrew fala.
— Vamos logo! Quero sair logo desse gelo — Carl reclama.
O carro é estacionado atrás de um dos barracões e seguimos a pé. A neve
está alta no chão e afundamos nossos pés nela. Está muito escuro, mesmo com as
lanternas fica difícil enxergar. Mas para os Baker tudo parece tão fácil.
O dia já está amanhecendo e eu oro para que Amanda e Manuela
continuem vivas. Elas não estavam vestidas para enfrentar um frio tão rigoroso.
— Parem! — Thomas fala e todos nos abaixamos. Ele aponta para a sua
esquerda. Lá tem quatro SUVs estacionados, quinze homens estão andando por
ali como se procurasse alguém.
A van do buffet está lá. Lily sai do barracão irada gritando com os
homens.
— Seus idiotas! Procurem, elas não devem estar longe! — ela olha em
todas as direções e os homens se espalham.
— Elas conseguiram fugir! — digo.
— Sim, mas temos que encontrá-las antes deles! — é a vez de Andrew
falar. — Vamos nos dividir. David e Nick vocês vão pela direita, eu vou pela
esquerda com Thomas, e Carl...
— Deixa comigo! — ele fala engatilhando a arma.
David e eu seguimos pela direita, pego a arma e engatilho também.
Dois homens nos avistam e atiram. Nos escondemos atrás da parede,
David faz sinal para que eu dê cobertura a ele, que sai atirando com duas armas
uma em cada mão e mata os dois.
— Vamos, eles agora sabem que estamos aqui — David e eu vamos para
o outro lado, de onde ouvimos mais tiros. E estamos em meio a um tiroteio.
Então vejo Manu e Amanda, elas estão sob a mira de uma arma. Cada
uma presa por um homem diferente
— Larguem as armas! — Lily grita. — Vamos Nick, se você quiser sua
adorada mulher com vida, me obedeça! — Ficamos nos encarando enquanto os
homens que sobraram do lado deles miravam as armas para nós e nós para eles.
— Lily, isso não vai acabar bem pra você. Veja bem, estamos em cinco e
você tem três homens. Por mais que tentem, vocês vão morrer! Por que não se
entrega! — David tenta negociar. Meus olhos estão em Manuela que está muito
abatida, seu vestido de noiva completamente destruído, cheio de fuligem,
manchas de sangue e todo rasgado. Seus cabelos agora bagunçados e sua
maquiagem borrada me mostram que ela chorou.
Amanda não está melhor, suas roupas também estão sujas e rasgadas e ela
tem o rosto machucado, olho mais atendente para Manuela e só então percebo
que ela também está ferida.
Estou morrendo de medo, não posso me enganar, quem disse que tenho
sangue frio para enfrentar uma situação dessas? Minhas mãos começam a tremer
e não é de frio.
— Eu posso até morrer, mas levo essas duas comigo! — Lily está
escondida atrás de um dos homens. David faz um gesto para Thomas e Carl.
Andrew muda a posição da arma e a deixa no chão.
— Estamos deixando nossas armas no chão. Só não faça nada,
precipitado! Nícolas deixe sua arma no chão! — observo David também
deixando sua arma no chão, seguidos por Thomas e Carl, mas então em um
movimento super rápido, os dois jogam duas facas, que acertam em cheio os
homens que seguram Amanda e Manu e eles caem mortos na hora! O outro que
está perto de Lily, atira em nós, mas também é alvejado e morre. Lily corre e
pega uma arma e aponta para Manu.
— Eu posso não ficar com ele, mas você também não vai ficar! — ela
atira, mas é atingida e erra o alvo.
Todos olhamos para descobrir quem atirou e Amanda está com a arma
nas mãos. David vai correndo até ela e a abraça.
Passado o meu choque, corro em direção a Manu e a abraço, apertando-a
junto ao meu corpo.
— Meu amor, fiquei com tanto medo! — digo a apertando em meus
braços. Ela está muito gelada. Tiro meu casaco a cobrindo.
— Foi horrível, eu pensei que iria morrer! — Manuela diz chorando
muito.
— Vamos sair logo daqui elas têm que ir para o hospital — Andrew fala.
Ando de um lado para outro na sala de espera do hospital. Ninguém vem
dar uma notícia. David também está muito nervoso e a sala de espera fica lotada,
todos os convidados do casamento estão aqui.
Até tentaram nos fazer sair, mas que disse que conseguiram?
Tio Caleb está muito preocupado, tia Helena não sai de seu lado um
segundo sequer.
Não muito diferente de tio Rodrigo que está ansioso e anda de um lado
para outro também. Isso que ele ainda não sabe sobre a gravidez de Manu.
O médico finalmente vem falar conosco.
— Com quem eu falo? — ele pergunta confuso com tanta gente ali.
— COMIGO! — falamos ao mesmo tempo, David, tio Rodrigo, tio Caleb
e eu.
O médico fica ainda mais perdido e eu falo.
— Manuela é minha esposa e Amanda esposa dele! — digo.
— Elas estão bem, mas muito cansadas e terão que passar esta noite aqui!
E só poderá ficar um acompanhante para cada paciente.
— E as meninas estão bem? — David pergunta.
— Sim! Elas estão perfeitamente bem!
— E o meu filho? — pergunto e todos olham para mim surpresos.
—O bebê está bem, sua esposa está no terceiro mês de gestação, com
aproximadamente doze semanas. Está tudo bem, não se preocupe — o médico
fala e só então consigo respirar aliviado.
Entro no quarto e Manuela está dormindo. Seu rosto tem um hematoma na
bochecha esquerda, passo os dedos delicadamente por seu ferimento.
Ela se mexe e abre os olhos. Meu coração dispara, ao ver seus belos
olhos violeta e me vendo refletido neles.
— Amor! Estou com sede! — pego um copo d'agua com um canudo e a
ajudo a beber, ela engasga tentando tomar muito rápido.
— Calma, vai devagar — ela para de tossir.
— Nossa filha onde está?
— Nicole está bem, não se preocupe, dona Lucinda ficou com ela.
— Meu pai e minha mãe?
— Daqui a pouco eles vem até aqui pra te ver — ela passa a mão por
meu rosto.
— Tive tanto medo de não ver esses olhos verdes novamente! Eu só
pensava em você e em Nicole. Amanda foi tão corajosa! Ela matou aquele
homem!
— Eu sei, mas agora esqueça tudo isso. O importante é que estamos aqui,
juntos, e nosso bebê está bem, pouso minha mão sobre seu ventre.
— Você já sabe?
— Sim! E você não sabe como estou feliz, teremos mais um filho, fruto
do nosso amor.
— Sim, fruto daquela noite em que nos reconciliamos — ela me puxa
para um beijo. — Eu te amo!
—E u te amo mais! E terei muita promessa para pagar depois do dia de
hoje, mas pagarei tudo de bom grado, porque sua vida para mim não tem preço.
Você e nossa filha são o que tenho de mais precioso e eu faria qualquer coisa por
vocês. Hoje foi o pior dia da minha vida! Nunca mais quero passar por isso! O
simples pensamento de não ter você ao meu lado me faz ter calafrios — beijo
suas mãos. —Você é o meu coração! E como alguém pode viver sem o seu
coração? — lágrimas caem dos seus olhos. Limpo cada uma com a ponta dos
meus dedos e a beijo em seguida, e nesse beijo quero que ela sinta o quanto
significa para mim. Quero passar para ela a intensidade e a profundidade do que
sinto.
Sem ela minha vida não tem mais sentido, e o que aconteceu hoje só
serviu para confirmar isso. Que Manuela é a mulher da minha Vida. E sei que
vou amá-la para sempre!
Dois meses se passaram desde aquele dia! Hoje estou novamente em meu
quarto me maquiando para o meu casamento com Nick, mas desta vez estou na
Fazenda dos meus pais.
Achamos melhor realizar a cerimônia aqui no Brasil desta vez. No lugar
onde tivemos nossos momentos mais felizes.
Na sala, logo ali em baixo, demos nosso primeiro beijo, e, puxa, como
foi quente!
Aqui mesmo na varanda eu fui sua pela primeira vez. O senti por inteiro e
também fui dele por completo. Ainda lembro de nossas respirações ofegantes
depois do ato de amor, nossos corpos suados e nossos cheiros misturados.
Lembro de olhar em seus olhos verdes, encontrá-los escuros e ver tanto
amor e desejo refletidos neles me fazendo sentir a mulher mais feliz do mundo.
Termino de passar o batom e coloco o vestido, que desta vez é algo bem
mais simples, já que o vestido de mamãe ficou completamente destruído. Ela
ficou muito triste, mas a felicidade de eu ter voltado viva foi maior que a tristeza
de ter o vestido rasgado.
Este é marfim, totalmente colado ao corpo e de um ombro só. Minha
barriga está começando a ficar aparente, mas, mesmo assim, o vestido ficou
lindo em meu corpo.
Decido por deixar meus cabelos soltos com cachos bem volumosos.
Me sinto linda! Pego o colar que meu pai me deu no dia em que me casei
com Nick a primeira vez e inevitavelmente memórias daquele dia me
assombram.
Ainda tenho pesadelos com aquele horror.
Lembro de Amanda matando aquele homem e me ajudando a fugir.
Encontramos aquela casinha velha, onde nos escondemos. Eu estava congelada,
fazia muito frio. Ela encontrou um cobertor velho e empoeirado e com ele nos
aquecemos. Mas fomos encontradas. A porta foi escancarada e Lily veio
acompanhada por três homens armados, que nos levam para fora, o vento gelado
atingiu meu rosto e braços que estavam desnudos.
Os homens estavam com armas apontadas para nossas cabeças e eu achei
que era o meu fim. Mas então vi Nick e os Baker, todos ali para nos resgatar.
A negociação se arrastou e, em um dado momento, parecia que os homens
iam se render. Então senti o aperto em meu pescoço diminuir e vi o homem que
me segurava cair aos meus pés com uma faca encravada na testa. Depois disso
uma confusão se formou e vi Lily apontando uma arma para mim. Ela atirou e
fechei meus olhos achando que aquele era o meu fim. Mas não senti a bala me
acertar e quando abri os olhos vi Amanda segurando uma arma e Lily caída no
chão, com um tiro do lado direito da cabeça.
Minha prima salvou minha vida por duas vezes. E tenho essa dívida
eterna com ela. Nunca vou conseguir pagar por isso. Amanda foi tão corajosa!
Hoje não tem como olhar para ela e não pensar nela como uma heroína,
eu a amo e sempre serei grata.
Pouso as mãos em meu ventre e penso em minha menina que cresce aqui.
Sim, Nick e eu teremos mais uma menina.
Seu nome será Giovanna, em homenagem àquela que não era nossa avó
de sangue, mas que sempre nos amou como tal. Tão linda e tão amorosa e que
neste momento nos faz tanta falta!
Minha visão fica embaçada devido as lágrimas que se formam ao lembrar
da minha querida avozinha.
— Ei! O que pensa que está fazendo? Seque essas lágrimas agora mesmo!
— mamãe entra e vem me abraçar.
— Eu tava lembrando da vovó! Queria tanto que estivesse aqui comigo e
com Nick. Ela o amava tanto — falo emocionada.
— Sim, ela tinha muito orgulho dele! E ai daquele que dissesse que ele
não era seu neto — minha mãe fala também com a voz embargada!
— Você se parece muito com ela, os mesmos olhos, o mesmo sorriso e
aquele jeito meigo no olhar que ela tinha — a abraço.
— Filha! Hoje é pra ser um dia feliz. Onde mamãe estiver, ela está feliz
por vocês!
— A senhora tem razão. Vou retocar a maquiagem e desço em seguida —
ela me dá um beijo e sai.
Me olho no espelho mais uma vez depois de retocar a maquiagem e
desço.
Nick me espera no pé da escada. Ele está lindo usando seu terno claro,
combinando com meu vestido.
— Você está linda! — ele fala com seus olhos brilhando e aquele sorriso
enorme estampado no rosto.
—Obrigada, amor! Você também está muito bonito — ele me enlaça pela
cintura e me beija, tirando meu fôlego como sempre.
Andamos juntos pelo tapete vermelho que foi estendido no jardim todo
enfeitado por rosas vermelhas, como da última vez.
No altar estão nossos pais, nossos padrinhos e o avô de Nícolas que
realizará a cerimônia.
Enquanto ando pelo tapete olho para todos os meus convidados. Pessoas
que são tão importantes para mim.
À nossa frente Nicole, com vestido de daminha, jogando pétalas de rosas.
Impossível segurar as lágrimas que insistem em rolar por meu rosto.
Enquanto meu tio Renan canta a música "From this moment."
Passamos por tantas coisas, nos amamos intensamente, depois nos
odiamos com a mesma intensidade por culpa da maldade e da ganância que
quase destruíram nosso amor.
Olho para Nick que também está emocionado. Sei que por sua mente
também deve estar passando esse filme. Onde somos os protagonistas.
Meu coração bate acelerado. Parece mentira que depois de tanto tempo
separados, estejamos aqui, juntos novamente!
Eu soube que seria ele o meu amor, desde que pousou os seus olhos
verdes em mim e vi o desejo estampado neles. Sei que ele sentiu a mesma
atração que senti por ele quando me viu. Em pouco tempo me entreguei a ele e
me apaixonei profundamente. Foi tudo tão intenso e arrebatador que em pouco
tempo nos casamos.
Estar com ele é como ser completa. Nick é o meu lar.
Quando ficamos separados, por mais que eu tentasse, o vazio que ele
deixou não me abandonava. E cada vez que eu deitava em minha cama sozinha,
aquela dor em eu peito insistia em me acompanhar.
Quantas noites acordei molhada de suor, ao ter sonhado estar em seus
braços, mas a frustração vinha em seguida ao perceber que tinha sido somente
um sonho e eu passava o resto da noite chorando por ele não estar ali.
Mas agora estamos aqui, ele e eu, renovando nossos votos de amor. E sei
que ele me ama tanto quanto eu o amo!
O avô de Nick começa a cerimônia. Estou tão emocionada que quase não
ouço o que ele diz.
Tudo o que sei é que ele fala em amor, que o amor é o mais importante.
E concordo plenamente com ele.
Nosso amor venceu e hoje estamos aqui, reunidos. Nick, Nicole e eu,
mais esse bebê que ainda não nasceu.
Finalmente as mágoas foram deixadas para trás e hoje sou a mulher mais
feliz do mundo.
— Chegou a hora de renovar os votos — o avô de Nick diz. — Nícolas
meu neto primeiro você.
Nick segura em minhas mãos e olha bem no fundo dos meus olhos.
— Bem! Todos aqui sabem que não sou muito bom com as palavras, mas
vou tentar dizer o que quero. Manuela, nos conhecemos ainda crianças e creio
que desde esse tempo, Deus já tinha traçado nosso caminho, pois quando te
salvei naquele dia na piscina, Ele sabia que estaríamos aqui hoje. Precisamos de
alguns anos para amadurecer e só então nos dar conta disso. E quando cheguei
aqui mesmo, nesta fazenda, e a vi sobre o cavalo, eu pensei "essa mulher vai ser
minha"! Você olhou para mim com esses olhos lindos e foi como uma flecha
atingindo meu coração e ficou aqui para sempre — ele pega a minha mão a
descansa sobre seu coração. — A maldade e a inveja de certas pessoas tentaram
nos separar, mas o nosso amor venceu, contra todas as probabilidades estamos
aqui! Construímos a nossa família e sou o homem mais feliz do mundo por ter
você em minha vida, eu te amo e quero passar todos os dias de minha vida te
amando e te adorando! — neste momento já estou com meu rosto inundado por
lágrimas. Nick as seca com a ponta dos dedos. — E quero que saiba que as
únicas lágrimas que irá derramar a partir de hoje, serão de alegria.
— Manuela! — o pastor fala para mim. Limpo um pouco as lágrimas e
começo:
— O que dizer depois disso? — todos riem. — Bem, Nick
primeiramente, obrigada por ter me salvado aquele dia na piscina. Eu nunca
agradeci você por isso! — todos riem novamente com a reverência que faço a
ele. — E com certeza naquele dia, nossos destinos foram cruzados e eu fui
prometida a você. Depois de anos nos encontramos e nos casamos, passamos por
tantas coisas, boas e ruins e hoje estamos aqui para celebrar nosso amor, que
venceu apesar de tudo. Por algum tempo, meu orgulho me manteve em pé, o que
eu não sabia era que o perdão me faria feliz. E entre o orgulho acompanhado da
solidão e o perdão acompanhado da felicidade eu escolhi o perdão, porque com
ele eu tive você e hoje posso dizer que sou feliz! Porque você me deu os
tesouros mais preciosos que eu tenho. Nicole e Giovanna — quando falo o nome
de nossa filha que ainda vai nascer, todos se emocionam. Ninguém, além de Nick
e eu, sabia o nome que havíamos escolhido. — Eu te amo e quero passar todos
os dias de minha vida com você. Acordar todas as manhãs e me ver refletida em
seus olhos, pois sei que através deles também vou morar em seu coração. —
Nick me toma em um beijo que me pega de surpresa e nesse beijo selamos nossa
promessa de amor.
Durante a festa Amanda sobe no pequeno palco onde a mesma banda que
tocou em nosso primeiro casamento está, sei o que ela vai fazer, foi um pedido
meu.
—Boa noite! — ela fala e todos param de dançar para prestar atenção
nela. — Hoje, atendendo a um pedido de Manuela, vou cantar uma música
especialmente para o casal, já que Manu é um desastre cantando! — todos riem,
mas é a mais pura verdade. Quando vamos a esses barzinhos com karaokê, eu
expulso os clientes com minha voz. — Então já que eu não quero que ela passe
vergonha no dia de seu casamento, vou atender seu pedido.
Essa música é especial para vocês, meus queridos primos — ela começa
a cantar a música da Shania Twain."You're still the one."
E a letra da música é perfeita, fala tudo o que Nick e eu sentimos e
vivemos. Nos abraçamos e começamos a dançar no ritmo da música.
Ele afasta um pouco o rosto colando nossas testas e quase sem fôlego me
diz.
— Eu te amo! Manuela nunca mais vamos nos separar, isso é uma
promessa!
A minha resposta é tomá-lo em um beijo terno e apaixonado! Entregando
a ele novamente o meu coração. E desta vez sei que será para sempre.
O perdoei e nem por um segundo me arrependi de tê-lo feito, pois
Nícolas demonstra todos os dias o quanto me ama. É um ótimo pai e um marido
apaixonado.
Ele terá uma luta daqui alguns meses e já me disse que será a última, que
de agora em diante vamos apenas cuidar da vinícola e das vinhas. Quem diria
que ele gostaria tanto de trabalhar ali.
Saímos da pista de dança e vamos para a varanda da casa dos meus pais.
— Aqui neste lugar me entreguei pela primeira vez a você e aqui eu
soube que nunca amaria mais ninguém. Você sempre será o único! — digo me
sentando sobre suas pernas na namoradeira. — E eu estava certa.
— Se não fosse por Bryan... — descanso o dedo indicador sobre seus
lábios.
— Shiii! Hoje não quero pensar em coisas tristes! Estamos aqui, juntos,
você e eu. O que importa é de agora para frente. Vamos deixar as dores e magoas
para trás. Eu te perdoei! Não acha que está na hora de se perdoar também?
— Mas você sofreu tanto, por minha culpa! — ele fala e vejo lágrimas se
formarem em seus olhos. Pego sua mão e a pouso sobre meu ventre.
— Isso já não importa! Veja que presente lindo nós ganhamos. —Nossa
filha se movimenta dentro de mim. — Sentiu?
— Sim, ela mexeu.
— Ela sabe que é a sua mão que está aqui. Nícolas, meu amor, deixe tudo
para trás. Hoje é um recomeço para nós, ganhamos mais uma chance para ser
feliz. Quantas pessoas têm isso o que nós temos? Nosso amor é mais importante.
— Flora chega com Nicole.
— Ela não quis ficar mais na festa e estava chorando por vocês — ela
fala. Nicole solta de sua mão e vem correndo até nós.
— Obrigada Flora! — Nick fala.
Ela sai em seguida.
— Papai, papai...
Nicole vem para os braços do pai e essa cena foi a que sonhei por tanto
tempo. Nick, minha filha e eu sentados aqui neste lugar onde tudo começou.
Nícolas me abraça e aqui em seus braços sinto que estou no meu lugar,
porque desde o dia em que ele me salvou naquela piscina, ele se tornou meu lar!
— Nícolaaaas! — tomo um susto ao ouvir Manu gritando. Subo correndo
as escadas do chalé.
Sim, ainda estamos morando aqui na Quinta! Eu agora administro as
vinhas, nunca pensei que trabalhar na terra fosse tão prazeroso.
David administra os negócios lá do escritório junto com Manu. Eu fico
aqui na Quinta mesmo.
Tive minha última luta há dois meses. Depois de mais essa vitória, decidi
que era chegada a hora de parar e me dedicar somente à família.
Giovanna está agora com quatro meses, é linda e se parece comigo. Ao
contrário da irmã que se parece com a mãe. Giovanna nasceu com muitos
cabelos castanhos e um par de olhos verdes, como os meus.
Entro no quarto e Manuela está lá, com um teste de gravidez na mão,
batendo o pé no chão.
— O que houve? — pergunto.
— O que houve? Nícolas eu não acredito! Você me engravidou outra vez
— ela está furiosa. — Meu corpo ainda nem voltou ao normal. Olhe para isso!
— ela segura os seios nas mãos.
— Estou olhando! — digo já com água na boca!
— Você não entendeu. Eu pareço uma vaca leiteira. E essa bunda imensa!
Minhas roupas não me servem, estou usando os seus calções de treinamento
Nick! Pelo amor de Deus! E você vem e me coloca outro filho em minha barriga!
— ela começa a chorar.
— Amor, você está linda! Seus seios estão maravilhosos, você sabe que
eu os adoro. E essa bunda linda! — a puxo para perto segurando suas nádegas.
— Estou adorando tudo do jeito que está.
— Está mentindo! — ela continua chorando.
— Por que está chorando? — pergunto a ela.
— Eu não sei! Devem ser os hormônios!
— Você não está feliz por termos mais um filho?
— Não é isso, é só que... me sinto horrível, engordei dez quilos. Minhas
roupas não cabem mais em mim e agora que eu pensava em emagrecer... — ela
senta na beirada da cama e me ajoelho em sua frente.
— Meu amor! Para de pensar nisso. Você está linda! E não vão ser uns
quilos a mais, que vão me fazer te desejar menos — começo a tirar sua camiseta.
— O que está fazendo?
— Vou mostrar a você o quanto é desejável — a beijo e a deito sobre a
cama. Tirando nossas roupas rapidamente. Não temos muito, pois as meninas
estão com dona Lucinda, mas logo estarão de volta. A beijo apaixonadamente. —
Amo você de qualquer jeito. Manuela, amo você por você! A mulher forte e
decidida de nariz empinado que me chamou a atenção imediatamente quando
nossos olhos se cruzaram. Esse seu jeito meigo e ao mesmo tempo autoritário.
Seu sorriso lindo. Sua voz, seus olhos maravilhosos. Isso sem contar a mãe
dedicada e amorosa que você é! Manuela, você é o meu amor! — lágrimas rolam
por seu rosto e eu seco com a ponta dos dedos, ela me dá um beijo terno e
amoroso, que em um segundo se torna ardente e faminto. É sempre assim
conosco. Basta um toque, uma carícia para que estarmos completamente em
sintonia. Sua pele branca como leite e suas sardas que eu amo me fazem sentir
meu corpo queimar inteiro desejando-a. Começo a trilhar seu corpo com beijos o
adorando,
Sim, ela está diferente, tem algumas marcas sobre seu ventre, mas isso
para mim a tornava ainda mais bonita, pois foi ali que ela abrigou nossas filhas e
me fez o homem mais feliz do mundo ao saber que era pai. Deixo um beijo bem
ali, onde já cresce mais um pedacinho de nós dois.
— Aqui dentro está mais uma bênção que vai servir para nos unir ainda
mais — me encaixo em seu corpo e a beijo, ela me abraça com braços e pernas.
— Eu te amo tanto! — e me beija. Neste momento entro em seu corpo
sentindo seu calor apertado me abraçando e como em todas as vezes sou levado
ao paraíso em seu corpo.
Nós nos amamos ardentemente naquela tarde e Manuela mais uma vez
soube que ela é a única para mim. Passamos por tantas coisas para estarmos
aqui, desfrutando desse momento.
Primeiro a inveja e a ganância de Bryan e Lily.
Lily morreu pelas mãos de Amanda e Bryan foi encontrado morto
misteriosamente em sua cela, enforcado. David acha que foram os caras da
máfia, pois o tal de Ivan foi encontrado da mesma maneira alguns dias antes.
Mesmo quando fui para Las Vegas para minha última luta, as levei
comigo e encerrei minha carreira para me dedicar totalmente à minha família.
Essa vida badalada não me servia mais. Tudo o que me bastava era estar
neste pequeno chalé e ter a companhia das mulheres da minha vida. Manu e
minha duas filhas, Nicole e Giovanna.
Como eu havia previsto pouco tempo depois Flora voltou com nossas
meninas. Nicole veio correndo e se jogou em meus braços.
— Papai!
— O que foi meu amor? — pergunto a ela.
— A vovó disse que eu vou ganhar mais um irmãozinho! É verdade? —
Manuela me olha espantada.
— Você contou a ela, amor? — pergunto curioso.
— Não, as vezes vó Lucinda me assusta com essas coisas! — Manuela
diz. — É verdade sim, meu amor! Dentro da mamãe tem mais um irmãozinho.
— E como ele foi parar aí? — ela pergunta e novamente teremos que ter
essa conversa. Da outra vez ela ficou muito curiosa e também queria saber como
a irmã tinha ido parar dentro da barriga da mãe.
— O papai te explica, preciso trocar as fraldas da Giovanna — Manuela
sobe correndo a escada com a bebê nos braços. Ela é esperta e me deixa com
essa bomba nas mãos.
Nicole está me encarando com seus grandes olhos azuis esperando por
uma resposta minha.
Não sei o que dizer, da outra vez eu consegui me safar, mas agora ela está
maior e mais esperta. Sento ela no sofá e ando de um lado para outro.
Passo minhas mãos pelo rosto. Eu prefiro enfrentar dez caras ao mesmo
tempo no octógono a responder essa pergunta.
— A mamãe vai te explicar — digo.
— Nem pense nisso Nícolas Sullivan! — Manuela grita lá de cima.
Como ela me ouviu?
Droga! Desta vez estou encrencado!
— Bem querida, o bebê é uma sementinha na barriga da mamãe.
— E quem colocou ela lá? — Nicole pergunta e fica mais uma vez
esperando pela resposta. Estou suando frio! Nocauteado pela pergunta de uma
menina de quase cinco anos.
— Fui eu!
— Como?
— Manuela! — grito.
— Você não lembra papai, como colocou a sementinha na mamãe?
—Lembro! Só que... Escute aqui Nicole, quando você for maior eu te
conto ou sua mãe, agora você não vai entender.
— Por que papai? A mamãe engoliu a sementinha? — Ah meu Deus ela
não vai desistir!
—Filha, não é assim... Como eu posso te explicar?... O papai e a mamãe
se amam muito... Então quando duas pessoas se amam muito é normal elas terem
bebezinhos.
— Então Marcos e eu vamos ter um bebezinho?
— O quê? Não! De onde tirou essa ideia? — fico surpreso com o que ela
fala.
— Eu amo ele! E quando crescer vou me casar com ele!
Ah meu Deus! Estou ferrado, minha menina nem completou cinco anos e
já escolheu o marido! Quero esganar aquele moleque!
Só espero que Manuela tenha um menino desta vez, outra menina e eu vou
morrer antes dos quarenta de um ataque cardíaco.
— Meu amor, você ainda é muito pequena, para pensar nisso não acha?
— Não papai! Eu vou casar com ele! — ela fala e sobe a escada
correndo, passando por Manuela que desce os degraus segurando Giovanna nos
braços.
— O que você disse?
— Nada! Você já ouviu o que ela anda falando?
— Não!
— Manuela, nossa filha está falando que vai se casar com Marcos! —
Manu ri. — Do que você está rindo?
— Nick, precisa ver a sua cara! Se você está assim agora que ela tem
apenas cinco anos e fala de brincadeira que vai se casar com Marcos, imagine se
ela vier apresentar um namorado, quando for adolescente? — sinto uma pontada
no coração ao imaginar a cena. Sento no sofá com a mão sobre o peito.
— Nem me fale! Só de pensar em um marmanjo chulezento encostando o
dedo na minha princesa, meu coração para de bater no peito!
— Exagerado! — ela fala me entregando Giovanna. — Vai ver foi assim
que papai se sentiu quando soube que passamos a noite juntos aquele dia na
fazenda! — ela fala e lembro da confusão. Então entendo como tio Rodrigo se
sentiu, se fosse eu no lugar dele, teria me matado.
— Agora o entendo — Deixo Giovanna em sua cadeirinha e vou até a
cozinha, onde Manuela prepara o jantar. — Precisa de ajuda?
— Sim. Quero que corte os tomates. — Pego os tomates que ela já havia
lavado e começo a cortar. Nunca imaginei que esta cena doméstica pudesse me
fazer tão feliz!
E ali enquanto preparamos o jantar, tudo me parece tão certo.
— Por que está me olhando assim? — ela pergunta.
— Só admirando sua beleza e constatando o quanto te amo! Parece que
estou vivendo algo irreal com você e minhas filhas nesta casa.
— Pois se isto for um sonho! Não quero acordar jamais, vamos dormir
para sempre você e eu! — ela diz e me rodeia o pescoço com seus braços.
Depositando um beijo suave em minha boca.
— Se a felicidade pudesse ser pintada em um quadro, a imagem que
estaria nele seria essa. Você, nossas filhas e eu aqui em casa, preparando o
jantar. Para mim não poderia existir nada melhor que isso. Ouvir a sua voz
ecoando pela casa quando me chama, ou à nossa filha. Ver o seu sorriso quando
ela diz algo engraçado ou as lágrimas que descem de seus olhos quando fazemos
amor. Você é tudo pra mim, não quero sair do seu lado nunca mais...

Fim.
Então você chegou até aqui.
Você acompanhou toda a SÉRIE REAPRENDENDO A AMAR.
ÚNICO AMOR
ALMAS FERIDAS
MAKTUB
O SOM DO CORAÇÃO
CICATRIZES — um bebê para você
PERDOA-ME — Uma filha para o lutador.
Espero que tenham gostado.
E para as leitoras que tanto pediram, vem aí o livro dos Baker.
CORAÇÕES EM PERIGO!
SINOPSE
Eles vão se apaixonar pelas filhas do inimigo.
Carl, Andrew e Thomas Baker vão protagonizar uma história cheia de
ação e muito hot.
Vem muito tiro, porrada e bomba. E aquelas cenas quentes que a gente
tanto ama.
Por fim, conhecer esses homens apaixonados e super protetores se
aliando ao homem que é o inimigo número um da CIA apenas para salvar suas
mulheres.
Três filhas do mafioso Russo Mikhail Novak apaixonadas pelos agentes
que pretendem prendê-lo.
Enemies to lovers, diferença de idade e um Dark romance. Tudo reunido
em um livro só.

Vejo vocês em breve...

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