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PLANOS DE CONSTRUÇÃO DO CORPO HUMANO

Prof. Antônio Rogério Crespo

INTRODUÇÃO

As estruturas do corpo humano podem ser estudadas a partir de técnicas que incluem: a
ectoscopia (exame externo do corpo ou de suas partes – consiste em olhar); a endoscopia
(significa olhar para o interior, utilizando-se, como via de acesso, uma das aberturas naturais, com ou
sem ajuda de equipamentos); a dissecação (abordagem cirúrgica do corpo ou de peças anatômicas);
a obtenção de imagens (radiologia geral – Raios X, tomografia computadorizada, ultra-sonografia,
angiografia ou angiotomografia, ressonância nuclear magnética, cintilografia). Seja qual for o método,
as descrições das estruturas em anatomia humana obedecem a princípios, baseados na Posição
Anatômica e em planos, considerando três dimensões.

EIXOS E PLANOS
Ao analisarmos uma estrutura do ponto de vista tridimensional, consideramos três eixos: um
horizontal (X), um vertical (Y) e um de profundidade (Z), todos perpendiculares entre si.

● Eixo longitudinal ou crâniocaudal, vertical ou principal (Y)

Inicia-se na cabeça e desce até os pés. É dito heteropolar ou bi-polar, pois
suas extremidades alcançam porções morfologicamente não correspondentes do corpo
humano.

● Eixo horizontal ou láterolateral (X)

Atravessa o corpo de um lado ao outro. É homopolar, pois suas extremidades
alcançam porções morfologicamente correspondentes do corpo.

● Eixo ou ânteroposterior ou sagital ou de profundidade (Z)

Eixo que parte da região anterior ou ventral e segue em direção à região dorsal.
O sinônimo sagital, advém do Latim sagitta, que significa Seta. É também heteropolar,
pois seus pólos não guardam correspondência morfológica.

A partir destes três eixos podem ser construídos planos, através do deslocamento de um
eixo sobre outro.

PLANO SAGITAL

Assim denominado devido à sutura sagital do crânio. É formado pelo deslocamento do eixo
sagital ou ântero-posterior (Z) sobre o eixo longitudinal (Y), dividindo o corpo em duas metades
denominadas antímeros: direito e esquerdo. Ao princípio de construção determinado pela formação
do plano sagital dá-se o nome de Antimeria. Inúmeros planos sagitais podem ser estabelecidos,
dependendo da posição em que ocorre o deslocamento dos eixos. Quando este plano se encontra na
linha média do corpo, é denominado plano sagital mediano ou simplesmente plano mediano.
Este conceito relaciona-se ao corpo inteiro, excluindo-se as mãos e os pés. Nas mãos, o plano
mediano passa na altura do dedo médio (3º dedo) e nos pés na altura do 2º dedo.Dotados de uma
simetria aparente, os antímeros são assimétricos em relação à forma ou à posição de determinados
órgãos (a simples presença de um órgão ímpar, já determina a assimetria).

Obs.: Para a produção desta apostila foram utilizadas figuras do Atlas de Anatomia – Frank Netter. Esta apostila somente poderá
ser reproduzida por alunos da FFFCMPA, sem fins lucrativos.
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ASSIMETRIAS NORMAIS E ASSIMETRIAS ANORMAIS

Tanto as assimetrias normais, quanto as anormais não são patológicas. Podem ser de forma
ou de posição.

● Assimetrias Normais
o Forma- Os lados da face não são exatamente iguais. Existem pequenas,
milimétricas diferenças, que usualmente não são notadas. Traçando-se três
linhas imaginárias, duas horizontais, uma passando pelas comissuras
palpebrais e outra pela fenda labial, e uma vertical, passando na linha
média, observamos que os ângulos formados pelas horizontais em relação
à vertical, não são retos. Fossem ângulos retos a face seria, absolutamente,
simétrica (Figura ). O pulmão direito é algo maior que o esquerdo e possui
um lobo a mais (Figura ).

o De Posição- O rim direito é um pouco mais inferior, em relação ao rim

esquerdo, pela presença do fígado (Figura ).

Obs.: Para a produção desta apostila foram utilizadas figuras do Atlas de Anatomia – Frank Netter. Esta apostila somente poderá
ser reproduzida por alunos da FFFCMPA, sem fins lucrativos.
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● Assimetrias Anormais
o Forma- O Fígado apresentando um lobo pediculado ao lobo direito – Lobo
de Riedel. Este tipo de assimetria anormal é chamada Inversão Morfológica.
(Figura ).

o De Posição- As assimetrias anormais de posição recebem o nome genérico

de distopia. Três são os tipos de distopia: transposição, inversão parcial e
inversão total.

▪ Transposição: o apêndice cecal pode assumir 8 posições diferentes.

As mais freqüentes são a retrocecal (atrás do ceco) e a pélvica
(Figura ).
▪ Inversão Parcial: quando os órgãos de uma das grandes cavidades
encontram-se em posição invertida. Na Figura 6, observa-se a
inversão dos órgãos abdominais.
▪ Inversão Total: quando os órgãos das grandes cavidades
encontram-se em posição invertida (Figura ).

Obs.: Para a produção desta apostila foram utilizadas figuras do Atlas de Anatomia – Frank Netter. Esta apostila somente poderá
ser reproduzida por alunos da FFFCMPA, sem fins lucrativos.
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PLANO FRONTAL OU CORONAL

O termo coronal vem do Latim coronale, que significa coroa. É formado pelo deslocamento
do eixo láterolateral (Z) sobre o eixo longitudinal (Y), dividindo o corpo em duas partes denominadas
paquímeros. O princípio de construção determinado pelo plano frontal é chamado de Paquimeria.
O paquímero anterior ou ventral também é denominado de esplâncnico, pois a maior parte das
vísceras e órgãos está disposta na metade anterior do corpo; o paquímero posterior ou dorsal tem
como sinônimo a expressão paquímero neural, face às estruturas do sistema nervoso central
estarem nele contidas.

PLANO HORIZONTAL OU TRANSVERSAL

É perpendicular aos planos sagital

e coronal e forma-se pelo deslocamento
do eixo láterolateral (X) sobre o eixo
sagital (Z), dividindo o corpo em duas
partes, uma superior e outra inferior. Um
sucessivo deslocamento deste eixo, em
diferentes alturas, dará origem a
verdadeiras fatias, denominadas de
metâmeros. O princípio de construção
determinado pelo plano horizontal é
chamado de Metameria. Cada segmento
de pele, que recebe inervação sensitiva de
uma única raiz nervosa, segundo o
princípio da metameria, é denominado de
DERMÁTOMO.

É comum ouvirmos o plano horizontal ser

referido como plano transversal. A
exemplo do corrido com o plano sagital,
exceção se estabelece em relação aos pés.
Uma secção transversal da mão esta no
plano horizontal, enquanto que uma
secção transversal do pé, está no plano
frontal.

Obs.: Para a produção desta apostila foram utilizadas figuras do Atlas de Anatomia – Frank Netter. Esta apostila somente poderá
ser reproduzida por alunos da FFFCMPA, sem fins lucrativos.
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Figura 9 Figura 10

OUTROS CONCEITOS RELATIVOS A CONSTRUÇÃO DO CORPO.

ESTRATIGRAFIA

Todo o corpo humano, assim como os órgãos que o compõe, são constituídos por camadas
concêntricas. Então, temos externamente a pele, depois a tela ou fáscia subcutânea, camada
constituída de tecido gorduroso. Ao conjunto formado pela pele e tela subcutânea dá-se o nome de
fáscia superficial. Profundamente à fáscia superficial, tem-se a fáscia ou tecido fibroso, os
músculos e, profundamente, os ossos. Todas as estruturas que estão postadas na fáscia superficial,
portanto antes da fáscia profunda, são ditas estruturas superficiais. Todas as estruturas que estão
além da fáscia profunda são classificadas em estruturas profundas. Exemplo de estrutura
superficial: a veia safena magna, no membro inferior. Exemplo de estrutura profunda: os ossos.

Figura 11. Corte Horizontal da Coxa.

Obs.: Para a produção desta apostila foram utilizadas figuras do Atlas de Anatomia – Frank Netter. Esta apostila somente poderá
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HOLOTOPIA

Posição de um determinado órgão em relação ao todo. Exemplo: o coração localizado dentro

do tórax; o estômago está contido na cavidade abdominal; o encéfalo está no interior da cabeça.

SINTOPIA

Posição de uma determinada estrutura em relação aos elementos que se encontram nas suas
proximidades. Exemplo: o coração está localizado no mediastino anterior do tórax, posteriormente ao
esterno, adiante das vértebras, acima do diafragma, tendo de cada lado os pulmões; a veia cava
inferior localiza-se anterior e lateralmente à coluna vertebral; as artérias intercostais posteriores
ocupam a posição central no feixe vásculo-nervoso intercostais; a veia subclávia é imediatamente
anterior ao tubérculo escalênico e a inserção do músculo escaleno anterior, enquanto que a artéria
subclávia é posterior, ou a inserção do músculo escaleno anterior está interposta entre a veia
subclávia, na frente, e a artéria subclávia atrás. Portanto, Sintopia é a relação de vizinhança de uma
estrutura qualquer.

IDIOTOPIA

É a relação entre as partes de um mesmo órgão. Exemplo: O coração possui quatro

cavidades, dois átrios e dois ventrículos. A câmara mais anterior é o ventrículo direito, a mais posterior
é o átrio esquerdo.

ESQUELETOPIA

É a relação de determinada estrutura com o esqueleto. Exemplo: o eixo longitudinal do baço

segue, aproximadamente, a orientação do décimo arco costal (costela); a veia safena magna transita
pela frente do maléolo medial do tornozelo.

HISTIOTOPIA

É a “estratigrafia” aplicada a uma víscera. Exemplo: O estômago constitui-se por camadas, de

fora para dentro: serosa, muscular, submucosa e mucosa.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

GARDNER, A. ANATOMIA.
MOORE. ANATOMIA ORIENTADA PARA CLÍNICA.
HOLLINSHEAD. ANATOMIA.

Obs.: Para a produção desta apostila foram utilizadas figuras do Atlas de Anatomia – Frank Netter. Esta apostila somente poderá
ser reproduzida por alunos da FFFCMPA, sem fins lucrativos.