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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL


CAMPUS DE PATOS
UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA VETERINÁRIA
ANATOMIA DESCRITIVA E TOPOGRÁFICA DOS ANIMAIS
DOMÉSTICOS I

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE ANATOMIA ANIMAL

2019
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE ANATOMIA

1 CONCEITO DE ANATOMIA

Anatomia é a ciência que estuda a arquitetura e a estrutura do corpo animal. A


estrutura é a constituição das diversas partes do corpo, enquanto arquitetura é a forma do
corpo e de suas partes. Anatomia deriva do grego e significa “cortar em partes” (Ana =
partes e tomein = cortar), dessa forma a palavra anatomia define um método de estudo do
corpo e é sinônimo de dissecar (do latim dissecare = cortar em partes), mas atualmente
anatomia é considerada uma ciência e dissecação é um dos principais métodos de estudo do
corpo.

2 PRINCIPAIS DIVISÕES DA ANATOMIA

 Anatomia sistemática: direcionada ao estudo dos grupos de órgãos, ou seja, os


sistemas: tegumentar, esquelético, muscular, circulatório, respiratório, digestivo,
endócrino, urinário, reprodutor e nervoso.
 Anatomia topográfica ou regional: direcionada ao estudo do corpo por regiões, ou
seja, cabeça, pescoço, tórax, abdome, dorso, membros torácicos e membros
pélvicos.
 Anatomia aplicada: o estudo da anatomia é direcionado para a clínica, a cirurgia, a
reprodução, a radiologia, etc.
 Anatomia especial: direcionada ao estudo da anatomia de uma única espécie, ou
seja, anatomia humana, anatomia canina, anatomia equina, etc.

3 CONCEITO DE VARIAÇÃO ANATÔMICA E NORMAL

A simples observação de um grupo de animais evidencia de imediato diferenças


morfológicas entre os elementos que compõem o grupo. Estas diferenças são denominadas
de variações anatômicas e podem apresentar-se externamente ou em qualquer dos
sistemas do organismo, sem que isto traga prejuízo funcional para o indivíduo. O material
usado para o estudo de anatomia é o cadáver, de forma que o estudante deve ter sempre em
mente a possibilidade de variações anatômicas: o que ele observa em um cadáver pode não
reproduzir exatamente o que as figuras do Atlas de anatomia representa. Em dois
cadáveres, um mesmo elemento pode apresentar-se diferentemente, por exemplo: uma veia
pode dividir-se em duas em uma determinada região do corpo em um indivíduo e, em
outro, a divisão pode não ocorrer ou ocorrer em um nível diferente. As variações
anatômicas estão sujeitas a alguns fatores como: idade, sexo e raça.
As descrições anatômicas obedecem, necessariamente, a um padrão que não inclui a
possibilidade das variações. Este padrão corresponde ao que ocorre na maioria dos casos,
ao que é mais frequente, ou seja, para o anatomista isto é o normal, uma conceituação
puramente estatística. Este conceito anatômico do normal difere do conceito médico, que
normal tem outro sentido: não é o que se apresenta na maioria dos casos, mas sim o que é
sadio ou com saúde.
Também é importante diferenciar variação anatômica de anomalia e
monstruosidade. Anomalia é uma alteração que modifica o funcionamento dos órgãos, por
exemplo: um coração hipertrofiado que impede o funcionamento normal. Monstruosidade
é uma modificação que deforma profundamente a construção do corpo do indivíduo, sendo,
em geral, incompatível com a vida, por exemplo: a agenesia (não formação) do encéfalo. O
estudo de monstruosidades é feito em Teratologia.

4 NOMENCLATURA ANATÔMICA

Nomenclatura anatômica é o conjunto de termos usados para designar e descrever o


organismo ou suas partes, que tem o objetivo de evitar confusão no uso de termos
diferentes para as mesmas partes. A primeira Nomina Anatomica Veterinaria (NAV) foi
criada em 1968. Já ocorreram muitas reuniões para revisões da nomenclatura, a Nomina
atual é a de 2017. Os termos anatômicos são expressos em latim e traduzidos para as
línguas oficiais de cada país. No Brasil essa tradução é realizada pela Comissão de
Terminologia Anatômica da Sociedade Brasileira de Anatomia. Algumas abreviaturas são
usadas na terminologia anatômica: A. = artéria, Aa. = artérias, V. = veia, Vv. = veias, Lig.
= ligamento, Ligg. = ligamentos, M. = músculo, Mm. = músculos, N. = nervo, Nn. =
nervos, Art. = articulação, gl. = glândula, gll. = glândulas, Linf. = linfonodo.

5 POSIÇÃO ANATÔMICA DO CORPO ANIMAL

Com intuito de evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatômicas,


padronizou-se uma posição anatômica, no animal quadrúpede a posição é quando está em
pé, olhando para frente, os membros estendidos e com toda a palma da mão e a planta
(sola) do pé tocando o solo.

6 PLANOS DE DELIMITAÇÃO DO CORPO ANIMAL

Tomando como base a posição anatômica definida, pode-se delimitar o corpo


animal com planos imaginários tangentes à sua superfície. Os planos formam um
paralelepípedo. As faces dessa figura imaginária são os planos:

 Plano dorsal: horizontal e tangencia acima da cabeça e do dorso.


 Plano ventral: horizontal e tangencia a palma da mão e planta do pé,
representado pelo solo.
 Plano cranial: vertical e tangencia a frente do corpo.
 Plano caudal: vertical e tangencia atrás do corpo.
 Planos laterais: verticais e tangenciam o lado esquerdo e o lado direito do
corpo.

7 EIXOS DE CONSTRUÇÃO DO CORPO ANIMAL

São linhas imaginárias que unem o centro de um plano de delimitação a outro:

 Eixo dorsoventral: entre o plano dorsal e o ventral.


 Eixo crâniocaudal: entre o plano cranial e o caudal.
 Eixo láterolateral: entre os planos laterais.
8 PLANOS DE SECÇÃO O CORPO ANIMAL

São planos que seccionam o corpo em partes:

 Plano mediano: divide o corpo em metades direita e esquerda (antímeros);


toda secção do corpo feita por planos paralelos ao mediano é uma secção
sagital, portanto o plano chama-se sagital ou plano paramediano.
 Plano frontal: divide o corpo em metades dorsal e ventral (paquímeros).
 Plano transversal: divide o corpo em metades cranial e caudal (metâmeros).

9 TERMOS DE POSIÇÃO E DIREÇÃO

Para o estudo do corpo animal num todo ou em suas partes é necessário ter em
mente a posição anatômica e os planos e eixos definidos acima. Assim, conforme o órgão,
são descritos faces, margens, extremidades ou ângulos, designados de acordo com os
correspondentes planos para os quais estão voltados. Por exemplo, uma face que está
voltada para o plano mediano é dita medial, e a que está voltada para um dos planos
laterais é dita lateral. Desta forma os termos mais usados são:

 Mediano: estrutura ou órgão situado exatamente no plano mediano.


 Medial: estrutura ou órgão voltado ou próximo do plano mediano.
 Lateral: estrutura ou órgão voltado ou próximo do plano lateral.
 Intermediária ou intermédio: estrutura ou órgão situado entre medial e
lateral.
 Cranial: estrutura ou órgão voltado ou próximo do plano cranial.
 Caudal: estrutura ou órgão voltado ou próximo do plano caudal.
 Dorsal: estrutura ou órgão voltado ou próximo do plano dorsal.
 Ventral: estrutura ou órgão voltado ou próximo do plano ventral.
 Proximal: usado para membros e diz respeito à estrutura ou órgão voltado
ou próximo a raiz (parte fixa) do membro.
 Distal: usado para membros e diz respeito à estrutura ou órgão voltado ou
próximo a extremidade livre do membro.
 Médio: estrutura ou órgão situado entre os planos mediano e lateral ou entre
proximal e distal.
 Palmar: usado para superfície (palma) da mão que toca o solo;
 Plantar: usado para a superfície (planta) do pé que toca o solo.
 Dorso da mão e do pé: usado para as superfícies opostas à palma da mão e a
planta do pé.
 Superficial e profundo: usado para camadas das partes sólidas do corpo (p.
ex.: músculos).
 Interno e externo: usado para as cavidades corporais, aquelas estruturas
voltadas para o interior da cavidade são ditas internas e aquelas voltadas para
o exterior da cavidade são ditas externas (p. ex.: faces externa e interna da
costela).
BIBLIOGRAFIA:

DYCE, K.M., SACK, W.O. & WENSING, C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinária. 4ª
edição. Rio de Janeiro-RJ. Elsevier Editora Ltda. 2010. 856p.
GETTY, R. Sisson & Grossmans. Anatomia dos Animais Domésticos. Rio de Janeiro-RJ.
5ª edição. G. Koogan. 1986. Volumes I e II. 2000p.
KÖNIG, H.E. & LIEBICH, H.G. Anatomia dos animais domésticos: Texto e atlas
colorido.4ª edição. Porto Alegre-RS. Editora Artmed. 2011. 788p.

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