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PERIGOSAS NACIONAIS

LIS SANTOS
1ª. Edição
2018

PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS

Copyright © Lis Santos


Todos os direitos reservados.
Criado no Brasil.
Edição Digital: Criativa TI
Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é
entreter as pessoas. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova
Ortografia da Língua Portuguesa.
Todos os direitos reservados. São
proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de
qualquer parte dessa obra, através de quaisquer
meios — tangível ou intangível — sem o

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consentimento escrito da autora.


Criado no Brasil. A violação dos direitos
autorais é crime estabelecido na lei n°. 9.610/98 e
punido pelo artigo 184 do Código Penal.

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Capítulo Um
Valentina Mello
Já sei que será uma loucura hoje, daqui há
dois dias teremos um festival na cidade. Sempre na
época do festival a doceria fica uma doideira,
muitas pessoas encomendam bolos e os mais
diversos doces.
Monte Belo do Sul fica muito
movimentada, pelo menos minha irmã ajuda e
muito! Herdamos a doceria Mello’s dos nossos
pais, meu pai construiu esse lugar para presentear
minha mãe. Quando ele nos deixou, foi muito
difícil seguir em frente, minha mãe ficou muito mal
e acabou que seu coração não aguentou e ela nos
deixou um ano depois.

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— Nem comece com esse discurso, Sophia!


— Não estou com saco para ficar ouvido os
conselhos da minha irmã.
Ela, às vezes, esquece que eu sou a mais
velha, inventou de ficar me dando conselhos sobre
homens. Já disse milhares de vezes, que não
preciso de um homem, quando estou a fim de um
orgasmo, recorro ao meu grande e grosso vibrador.
No quesito sexo casual, ainda sou muito antiquada,
os caras só querem uma foda e pronto, na manhã
seguinte nem olham na nossa cara e eu não sou
desse estilo.
Gosto de conquista, uns amassos e troca de
carinho. Por isso que, desde que meu marido
morreu há cinco anos, não me envolvo com
ninguém. Ainda não encontrei um homem que me
despertasse interesse.
— Maninha, já te falei que esse seu estresse

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é necessidade de um bom e quente sexo — fala na


maior naturalidade. — Quando você encontrar um
cara para te virar do avesso, tenho certeza de que
vai ficar calminha.
Farta desse assunto, pego um punhado de
farinha e jogo em sua direção. Essa peste não me
deixa trabalhar em paz, a doceria cheia de
encomendas e ela preocupada se eu transo ou não.
— Bah, enlouqueceu, Valentina? — Dirige
um olhar enfurecido. — Como vou atender os
clientes suja de farinha?
— Para de cena, Sophia, é só passar um
pano que sair! — Jogo um pano de prato em sua
direção. — Isso é para você parar de me encher o
saco, da próxima vez não será farinha, vai ser ovos.
Ela sai da minha cozinha resmungando.
Minha irmã é boa em administrar, então ela ficou
responsável por essa parte na doceria e eu com a

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cozinha, amo cozinhar, principalmente doces.


Ainda temos a ajuda de dois funcionários, a
Catarina e o Murilo. Bernardo, meu cunhado,
também nos ajuda quando pode, mas ele trabalha
mesmo é na vinícola dos Bianchi.
Quando meu marido Jonas morreu, entrei de
cabeça na doceria, os bolos e doces foram minha
terapia. Eu vivia uma das melhores fases do meu
casamento, mas de uma hora para outra ele
começou a beber, até que em uma noite ele
combinou álcool e direção. Seu carro ficou
irreconhecível e eu fui obrigada a conviver com o
luto e a perda do meu amor. Foram cinco anos
casados, vivia o meu conto de fadas, mas como
dizem, nada é perfeito e eu tinha que o perder para
o álcool.
Tenho trinta e três anos, diferença de três
anos para minha irmã Sophia, que foi peça chave

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na minha vida. Ela passou muitas noites me


consolando em minha casa deixando seu marido
sozinho. Tinha momentos que eu deixava o luto
tomar conta, não queria saber de nada, nem da
cama queria sair. Quando minha irmã percebeu os
sintomas de uma possível depressão, começou a
pegar mais ainda no meu pé, sempre levava os
meus sobrinhos para uma visita, segundo ela, eu
precisava de um pouco de felicidade. Sou muito
grata por tudo que ela fez, dou minha vida por ela,
não sei o que seria de mim sem minha irmã.
— Sonhando com o príncipe encantado,
cunhada? — Sou tirada de meus pensamentos com
a chegada de Bernardo, minha irmã soube escolher
bem seu companheiro. Meu cunhado é um homem
alto, de cabelos curtos e dono de um par de olhos
verdes, além de ser um ótimo amigo.
Depois da minha pequena discussão com

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Sophia, o tempo voou que só percebi quando meu


cunhado chegou.
— Não me diga que se contaminou com a
chatice da minha irmã? — Reviro os olhos para ele.
— Talvez um pouquinho. — Sorri de canto.
— Precisa de alguma ajuda?
— Não. Consegui dar conta de tudo, todas
as encomendas já estão prontas. — Suspiro
aliviada, hoje o dia foi bem cansativo. — Sobrou
esses docinhos aqui. — Estendo um prato com
brigadeiro de leite ninho e vinho tinto a ele.
— Valentina, você merecia um prêmio por
essa oitava maravilha — fala apreciando o
brigadeiro de vinho, esse é um dos que mais saem
aqui na doceria. — Posso levar todos?
— Pode sim. — Sorrio enquanto Bernardo
devora os doces. — Esses são todos seus, pode
aproveitar.
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— Cunhada, é por isso que te amo. — Beija


minha bochecha e sai da cozinha.
Vejo que já são 17h, está na hora de fechar
e descansar um pouco. Hoje não verei mais minha
irmã, ela foi até a escola do Alexandre. Meu
sobrinho, apesar de ter apenas dez anos, apronta
que é uma beleza. Despeço-me dos funcionários e
sigo para casa, tenho a comodidade de morar no
andar de cima da doceria. É uma casa
aconchegante, as paredes verdes foram escolhidas
para combinar com os poucos móveis claros que
tenho, que se resume a um sofá e uma estante com
os meus livros. Não preciso de muita coisa na sala,
mas em compensação, minha cozinha é equipada
com os mais modernos utensílios.
Já fiz diversos cursos de culinária, então,
era necessária uma cozinha a altura dos pratos
maravilhosos que aprendi a fazer. Eu sei cozinhar

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de tudo, desde a culinária rica do nosso Brasil à


pratos refinados da Europa, porém, minha grande
paixão sempre serão os doces.
A conversa na cidade era que eu tinha
conquistado meu marido pela boca. Jonas era um
homem alto, musculoso, seus cabelos eram longos
e criava um contraste maravilhoso com seus belos
olhos azuis. Não vou mentir, sempre fui insegura
quanto a isso, para mim Jonas era muita areia para
o meu caminhão. Sempre gostei de cozinhar para
ele, então, se as pessoas achavam que eu tinha o
conquistado pelo estomago, que assim seja.
Entro no meu quarto e jogo o celular na
cama, vou até a varanda e abro a porta de vidro.
Tenho numa visão privilegiada da vinícola onde
Bernardo trabalha. Gosto de sentar aqui com uma
taça de vinho, assistir uma boa série ou ler um
livro. O cheiro de terra molhada e o aroma de uva

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fresca me transmite uma paz absurda.


Sento-me na poltrona e admiro o horizonte,
às vezes bate aquele desanimo. Droga, tenho trinta
e três anos e ainda não tive o prazer de ser mãe.
Jonas nunca quis ser pai, esse era um assunto meio
que proibido na nossa casa, toda vez que era
iniciado, brigávamos feio. Tinha esperança de que
fosse conseguir mudar seu pensamento, não ia
conseguir abrir mão do sonho de ser mãe. Continuo
com esperanças, só tenho medo de que seja tarde
demais para isso.

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Capítulo Dois
Lorenzo Bianchi
— Não me conformo que você vai embora,
Lorenzo! — Antonella fala pela milésima vez.
Sei que ela vai sentir saudades, também irei,
mas minha decisão já está tomada, não aguento
mais Isabela no meu pé, já se passou um ano desde
que, assinamos os papéis do divórcio. Já não
aguentava mais viver na mesma casa que ela. Não
sei como, mas passei a enxergar todos os defeitos
de Isabela, uma mulher fútil e muito mesquinha,
chegou ao ponto de não aguentar ouvir sua voz.
— Você sabe que isso é necessário, minha
amiga. — Tento consolar Antonella, mas sem
sucesso. — O Brasil nem é tão longe, quando a

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saudade apertar, pega um avião e vai me ver.


— Seu bobo — bate em meu ombro —, é
só umas 14 horas de distância, nada demais.
— Vamos fazer assim, sempre que sentir
saudades, me liga, não importa o horário. — Puxo-
a para um abraço.
— Se eu não te conhecesse — escuto a voz
do Enrico, meu primo e marido da Antonella —
quebraria sua cara nesse exato momento, não é
nada agradável ver minha mulher chorando nos
braços de outro homem.
— Meu amigo, lembre-se que, se não fosse
por mim — abro meu melhor sorriso — vocês não
teriam se conhecido.
— Eu tenho é que te matar, não sei onde
estava com a cabeça quando me apresentou a essa
maluca. — Começa a rir, esse realmente não tem
medo de morrer. — Caralho, Antonella. — Leva a
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mão ao braço, onde ela lhe acertou com um peso de


papel.
— Era para ter acertado na sua cabeça. —
Cruza os braços com a cara emburrada. — Como
pode falar isso de mim?
Enrico abraça Antonella, ela sempre teve
um gênio forte, por isso fiz questão de juntar os
dois. Sempre tive certeza de que meu primo
conseguiria domar a fera, me enganei, ela continua
azeda.
Os dois me deixam a sós e eu preparo os
últimos ajustes para minha viagem. Amanhã à noite
embarco para o Brasil, espero que Isabela não
descubra o meu destino, estou rezando para que
isso não aconteça. Fiz todo mundo prometer que
em hipótese alguma falariam o meu paradeiro,
mesmo sobre forte ameaça.

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Finalmente em solo brasileiro, gosto do


clima desse país. A última vez que estive aqui foi
em 2010, há exatos 8 anos. Foi difícil encontrar um
voo direto para o Rio Grande do Sul, então precisei
fazer conexão em São Paulo, daqui há duas horas
pegarei o voo para meu destino. Do aeroporto
Salgado Filho até Monte Belo do Sul são cerca de 2
horas de carro. Não vejo a hora de tomar um bom
banho quente e me jogar na cama.
Os minutos foram passando até que escutei
a chamada do meu voo. Agora falta pouco para
encontrar minha cama quentinha. Pedi para que
Bernardo me buscasse no aeroporto, além de
amigos, ele também administra toda vinícola, posso
confiar de olhos fechados.
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No aniversário de 26 anos de casados, meu


pai presenteou minha mãe com a vinícola. Minha
mãe era brasileira, então a cada dois anos
estávamos aqui no Brasil. Por isso tenho dupla
cidadania e sei falar os dois idiomas, às vezes o
português sai um pouco misturado com o italiano.
Depois de duas horas finalmente cheguei
em Porto Alegre, agora é só esperar Bernardo e
aguentar mais algumas horas de estradas. Monte
Belo do Sul tem uma particularidade que gosto
muito, o cheiro de uva é muito forte, isso se dá pelo
fato da cidade ser repleta de plantações de uvas.
Pego minha mala e vou para o saguão,
espero que Bernardo não demore. Pego meu celular
e envio uma mensagem para os meus amigos
avisando que cheguei bem. Começo a olhar as
pessoas ao meu redor, algumas caminham
calmamente, outras com passos mais largos. É

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difícil de acreditar no rumo que minha vida tomou,


porém, é mais fácil do que aturar Isabela. Ela é
brasileira, mas já mora na Itália há dez anos,
lembro-me que logo que a conheci me encantei,
todo mundo sabe que as brasileiras são as melhores,
lindas e com corpos exuberantes.
No começo foi tudo maravilhoso, tinha
certeza de que ela era a mulher perfeita, só que não,
ela começou a se mostrar aquela pessoa que eu
mais odiava, fútil, mesquinha e totalmente sem
humildade. Ela tinha uma mania horrível de
humilhar os funcionários, a gota que faltava para
minha paciência se esgotar foi quando ela chamou
Antonella de empregadinha. No momento que
escutei suas palavras, tive vontade de fazer uma
loucura, mas Antonella não permitiu.
— Arrependido de estar aqui, patrãozinho?
— Sou tirado dos meus pensamentos com a

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chegada silenciosa de Bernardo.


— Não me arrependo fácil das coisas, meu
amigo. — Cumprimento com um abraço caloroso.
— Você demorou um pouco, já estava cansado de
ficar nesse aeroporto.
— Foi mal, Lorenzo, além de você ter
escolhido chegar há dois dias da Festa da Vindima.
Valentina me pediu um favor com urgência — fala
um pouco sem graça.
Uma vez participei dessa Festa da Vindima,
que nada mais é que um período festivo que celebra
a colheita da uva e uma espécie de valorização da
cultura e tradições trazidas pelos italianos. Mais um
motivo para eu amar essa cidade, me sinto
praticamente em casa.
— Valentina? — Olho para ele com cara de
interrogação. — Que eu me lembre o nome da sua
ragazza era Sophia — falo um pouco confuso.

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— E ainda é, Valentina é minha cunhada,


irmã da Sophia.
— Ah, sim, pensei que tinha trocado de
mulher. Lembro da beleza dela — falo para
provocar meu amigo.
— Realmente lindíssima, mas é toda minha.
— Bate em meu ombro. — Não troco minha
Sophia por nada nesse mundo. Pronto para ir?
— Bernardo, estava contando os minutos,
nesse momento só quero uma cama quente.
Bernardo me ajudou com as malas e
entramos no seu carro. Ele veio me explicando o
caminho, sabe que não confio nesses GPS.
Conversamos sobre a vinícola e ele me contou um
pouco sobre sua família, digamos que ele me
deixou a par de tudo. Em pouco mais de uma hora e
meia já estávamos em casa. A fachada que me
lembrava era totalmente diferente, o que antes era

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um branco e pálido, se transformou numa bela


paisagem, as paredes vermelhas contrastam
perfeitamente com o verde do campo, as portas e
janelas também foram substituídas, agora são de
vidro.
— No ano passado fizemos uma reforma, a
casa precisava de um trato. Com a ajuda da
Valentina — estranho, toda vez que escuto esse
nome uma sensação esquisita me atinge —
arrumamos tudo aqui, um toque feminino faz toda
diferença.
— Realmente amigo, já quero conhecer essa
ragazza e agradecer o belo trabalho, ficou
maravilhoso.
— Será um prazer te apresentar minha
cunhada, tenho certeza de que vocês se darão bem.
— Sorri de uma forma um pouco maliciosa.
Não sei o motivo, mas estou louco para

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conhecer essa Valentina, seu nome está se tornando


uma espécie de música para meus ouvidos. Algo
me diz que gostarei muito dessa ragazza.

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Capítulo três
Valentina Mello
Ah não, esse maldito despertador tinha que
tocar justo agora. Estou tão cansada, a rotina nos
últimos tempos tem sido muito puxada, acho que
tenho uns dois anos que não tiro férias, assim que
as festividades passarem tirarei um tempinho para
descansar. Não costumo fazer isso, gosto de seguir
meu cronograma certinho, mas aperto o modo
soneca, mais alguns minutinhos não fazem mal a
ninguém.
Trim!
Que inferno! Não é possível que uma
pessoa não possa dormir em paz, agora é o toque
chato do meu celular, quem será o louco que está

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me ligando às oito da manhã?


— Valentina, onde diabos você se meteu?
— Claro, tinha que ser a chata da Sophia.
— Onde mais eu estaria, Sophia? — Deixo
transparecer todo meu mal humor. — Estava
dormindo, mas você fez o favor de me acordar. O
que você quer?
— Como assim o que eu quero? — grita do
outro lado da linha.
— Para de enrolar, Sophia, fala logo.
Já estou perdendo a paciência com a minha
irmã.
— Faz um favor para mim, Valentina, olha
a porra do relógio.
Caralho! Dormi demais já são quase onze
da manhã, tenho várias encomendas para entregar
às duas da tarde. Merda, era para ser apenas dez
minutinhos de sono. Nem me dou ao trabalho de
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responder a minha irmã, desligo o telefone e corro


para o banheiro. Ainda tenho um ponto ao meu
favor, moro em cima da doceria.
Depois de um banho rápido, já estou pronta
para mais um dia de trabalho. Hoje está um pouco
frio, então optei por uma calça de moletom e
camisa de manga cumprida. Ainda bem que sempre
deixo algumas coisas pré-prontas, dessa forma não
corro o risco de ficar sem entregar nenhuma
encomenda.
— Bom dia, bom dia. — Passo correndo
por todos e entro na cozinha.
Confiro a minha agenda, hoje tenho que
entregar seis bolos e trezentos docinhos, fora os que
ficam a venda no balcão. Bora lá Valentina, mão
na massa que o dia vai ser longo.
Começo pelos bolos, eles precisam de mais
atenção. Como amanhã é o festival, muita gente

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encomenda bolos e doces para suas festas, antes eu


pegava muitas encomendas e com isso deixava de
curtir a festa. Então, esse ano decidimos não pegar
muitas encomendas e não iremos abrir amanhã.
— Olha, a dorminhoca apareceu. —
Bernardo entra na minha cozinha. — Perdeu a noite
cunhada?
— Nem começa, Bernardo, estou sem um
pingo de paciência hoje. — Olho para ele de cara
feia. — Já pode ir avisando a sua mulher, é melhor
ela nem vir me encher o saco.
— Nossa, hoje você está totalmente azeda,
uma verdadeira cópia da sua irmã. — Rimos com
seu comentário. — Mais tarde vou trazer Lorenzo
para conhecer a loja, então melhore esse humor
cunhadinha.
Não lhe digo uma palavra, apenas lhe dirijo
o olhar e ele bem que entende, pois sai correndo me

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deixando sozinha. Hoje vai ser necessário muito


controle, não sei o que me deu, mas acordei virada
do avesso. Preciso tomar cuidado para que meu
estresse não passe para meus bolos.

Graças a Deus terminei tudo, estou


morrendo de fome, não tomei café da manhã nem
almocei. Pelo menos terminei tudo, acho que
Bernardo deu o recado a Sophia, aquela chata não
apareceu na minha cozinha hoje, deve estar com
medo de que lhe jogue farinha de novo.
Limpo toda a cozinha, coloco tudo no lugar,
agora posso respirar aliviada, vou comer alguma
coisa em paz, por isso vou para o balcão de pedidos
da doceria.
— Irmãzinha, ficou com m... — Não
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consigo concluir a frase, Sophia está conversando


com um homem, na verdade um puta homem.
Nunca o tinha visto por aqui, ele é alto, magro,
porém um pouco musculoso, barba por fazer,
cabelos castanhos e um furinho no queixo. Santo
Deus, tenho tara por homens com furinho, sem
falar na boca encantadora.
— Pode parar de babar agora, irmãzinha —
Sophia fala próximo ao meu ouvido, nem tinha
visto essa peste chegar.
— Eu não estava babando coisa nenhuma.
— Tento me recompor e voltar a minha dignidade.
— Pode confessar, Valentina — fala em um
sussurro — esse Lorenzo é um homão, se eu não
fosse casada...
Essa Sophia só pode ser louca, se Bernardo
escuta uma coisa dessas, tadinha da minha irmã, ia
ouvir até umas horas do meu cunhado.

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— Cunhada, preciso lhe apresentar uma


pessoa. — Por puro instinto, dou uma checada
rápida na minha aparência, já estive melhor, mas
fazer o quê? — Lorenzo, essa aqui é a Valentina.
— Prazer, Valentina. — Puta que pariu, o
diabo do homem tinha que ter uma voz
extremamente sexy? — Estava ansioso para te
conhecer, ragazza.
Lindo. Gostoso. E Italiano...
— A mim? — pergunto surpresa. — Posso
saber o motivo?
— Sim, Bernardo falou algumas coisas de
você. Ainda me disse que tem o seu toque feminino
na minha casa — ouço sua voz rouca ecoar pelo
ambiente, nossa senhora, que voz maravilhosa esse
homem tem.
— Espero que tenham sido só coisas boas.
— Sorrio de canto, um pouco envergonhada. —
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Estou em desvantagem, ele não me falou nada


sobre você, Lorenzo.
— Não se preocupe, ragazza, você ainda
terá oportunidade de me conhecer. — Sorri e eu
fico meio que hipnotizada na beleza desde homem.
— Pode apostar.
— Agora que vocês já se conhecem,
Lorenzo, você precisa provar dos dotes culinários
da minha cunhada. — Bernardo acaba me trazendo
a realidade. — Ela é responsável por todos os
doces, se você provar, vai ficar viciado.
— Tenho certeza que sim. — Pode ser coisa
da minha cabeça, mas Lorenzo não estava se
referindo ao doce.
Minha ideia de sair para comer foi por água
abaixo, Lorenzo quer provar alguns doces e seria
muito feio da minha parte não ficar. Minha nossa,
ainda estou encantada com a beleza desse homem,

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não me lembrava que ele era italiano, o que é uma


grande burrice da minha parte, já que a maioria dos
donos de vinícolas são italianos ou descendentes.
Lorenzo me parece um deus grego, um
sotaque maravilhoso e uma voz deliciosa de se
ouvir. Tenho que parar de ficar babando nesse
homem, Sophia não para de me olhar, tenho certeza
de que vai me encher o saco, maldita. Servi alguns
doces para Lorenzo, ele me pareceu apreciar os
sabores, cada gesto que fazia, eu ficava mais
encantada.
Já vi que a tarde vai ser longa.

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Capítulo quatro
Lorenzo Bianchi
Agora sim sou um novo homem, tudo que
precisava era de uma boa cama e noite de sono.
Ontem, quando chegamos, Bernardo queria me
mostrar as coisas na vinícola, mas meu corpo só
pedia cama. Enfrentar mais de doze horas de voo
não era brincadeira, precisava ter força para
aguentar.
Hoje de manhã dei uma volta pela casa,
depois caminhamos pela plantação. Graças a Deus
vai ser uma boa colheita, os funcionários estão
preparando tudo para a Festa da Vindima, confesso
que estou ansioso para esse momento. Quando eu
era criança, contava os minutos para o grande dia.

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Era maravilhoso quando pisávamos nas uvas, hoje


adulto, já penso nos futuros vinhos deliciosos que
serão feitos com essas belezuras.
Quando Bernardo me convidou para
conhecer a doceria Mello’s, confesso que só
conseguia pensar na Valentina, tenha uma leve
impressão de que gostaria dela, mais uma vez não
me decepcionei. Quando ela saiu da cozinha, fiquei
encantado com tanta beleza, uma morena não muito
alta, um corpão de dar inveja e dona de belos e
intrigantes olhos verdes.
Imediatamente fiquei encantado com seu
jeito, ela me parece forte e determinada, porém tem
algo em seu olhar que ainda não consegui decifrar.
Além de linda, tem mãos de fadas, nunca comi
doces tão maravilhosos, já imagino como Antonella
se sentiria no paraíso nessa loja.
— Viu que te falei, Lorenzo, minha irmã

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não é apenas um rostinho bonito — Sophia fala e


percebo que está provocando a irmã.
— Sim, ragazza Valentina é uma mistura
perfeita. — Fixo os olhos no dela. — Linda,
competente e tem mãos de fada.
— Sophia, é melhor você ficar caladinha,
minha irmã. — Olha feio para ela. — Muito
obrigada, Lorenzo, quando a gente ama o que faz,
tudo fica perfeito.
— Já ia esquecendo, amanhã à noite darei
um jantar em minha casa. Decidi de última hora,
mas Bernardo está me ajudando com algumas
coisas. Gostaria de contar com a presença de vocês,
você vai ragazza? — Direciono a pergunta a
Valentina.
— E-eeuu... — Encaro à espera de sua
resposta. — Sim, eu vou.
— Opa, não sei o que é, mas estou dentro.
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— Somos interrompidos com a chegada de um


homem muito parecido com Bernardo.
Observo a reação de todos, pelo visto
Valentina não ficou muito contente com a chegada
desse cara, sua postura mudou totalmente. E já não
fui muito com a cara dele.
— Breno, isso são modos de você chegar?
— Bernardo o repreende.
— Nem vem, Bernardo, eu vim apenas ver
minha doce Valentina. — Fixa os olhos nela, é
possível ver malícia neles.
— Eu já mandei você parar de me chamar
desse jeito. — Revira os olhos para ele. — Já estou
ficando sem saco para isso, Breno.
— Eu estava apenas brincando. — Levanta
as mãos para o alto, em um falso sinal de rendição.
— Mas para onde vocês vão?
— Lorenzo nos convidou para um jantar em
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sua casa — Sophia se adiante e começa a falar, dá


para ver claramente que ela não é muito fã do
cunhado —, estávamos acertando as coisas, mas
você fez questão de chegar atrapalhando, como
sempre.
— Estou dentro desse jantar também. — Se
alto convida, na maior cara de pau.
— Não me lembro de ter lhe convidado. —
Esse cara é um babaca, em momento nenhum me
dirigiu o olhar, agora fica aí se convidando.
— Eu não preciso de convite, cara. —
Cruza os braços e me encara. — Eu entro onde bem
quiser, na hora que eu tiver afim.
— Sinto muito, cara — forço a ironia no
meu tom, faço questão de lhe mostrar que não fui
com a sua cara —, mas na minha casa você não vai
entrar, não é bem-vindo.
— Bernardo, quem esse seu amigo pensa
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que é? — dirige a palavra ao irmão, não é possível


que esse babaca não saiba quem eu sou.
— Bah, não é possível que você não saiba
nem o nome do seu patrão, Breno — Valentina fala
em desaprovação.
Ora, então esse babaca trabalha na vinícola?
Não costumo fazer um pré-julgamento das pessoas,
mas esse cara não me desce. Admiro muito que ele
seja irmão de Bernardo, realmente toda família tem
sua ovelha negra. Desde o primeiro momento que
ele pisou aqui, algo me dizia que não prestava e eu
sempre acerto.
— Não estou nem aí para o nome dele,
Valentina, eu só quero saber é do meu pagamento
no final do mês — fala na maior naturalidade.
É claro que ele não ficaria calado, ele
conseguiu ser um babaca maior ainda. Minha
vontade nesse momento é de mandar esse palhaço

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embora, mas pela consideração que tenho pelo


Bernardo, tentarei aturar esse babaca.
— Você tem sorte que considero muito o
seu irmão — levanto e paro em sua frente — senão,
nesse momento, você continuaria sendo um babaca,
porém desempregado.
— Olha aqui, seu italiano de mer... —
Bernardo não deixa que ele termine, sai arrastando
o irmão até a saída.
— Esse cara é sempre um babaca? —
pergunto a Sophia.
— Sim, ele é a própria ovelha negra da
família.
— A cada dia ele consegue se superar. —
Valentina que observava tudo, se pronuncia. —
Não sei como ele consegue ser tão babaca desse
jeito. Tem trinta e cinco anos, porém suas atitudes
são de moleque imaturo.
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Despedi e fui caminhar pela cidade, tenho


certeza de que fiz uma boa escolha ao vir para Belo
Monte do Sul. O ar da cidade me parece limpo, as
pessoas andam tranquilamente nas ruas, todo
mundo se conhece e o aroma das uvas é
predominante. Bem diferente da Itália, o centro da
cidade era uma loucura, as pessoas viviam
apressadas pelas ruas e o único aroma que eu
conseguia sentir era do carburador dos carros.
Escolhi um banco da praça para sentar e
apreciar o resto do dia.
Recebi uma mensagem do meu primo
Paolo, Isabela foi atrás dele procurando
informações sobre minha viagem. Ele jurou que
não tinha dito nada para ela, e espero que
continuem assim. Só queria entender por que essa
sua perseguição, ela tem todo dinheiro que precisa,
quando nos separamos lhe dei uma boa quantia.

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Não acredito que seja amor, aquela ali só pensa em


quantos zeros sua conta bancaria pode ter.
Às vezes sinto falta da vida que eu levava,
antes da Isabela, confesso que eu não era um bom
exemplo. Minha cama não passava uma noite sem
uma mulher, acho que tive o prazer de desfrutar a
companhia das mais variadas mulheres, de todas as
nacionalidades possíveis. Quando conheci Isabela
fiquei tão encantado que em seis meses já
estávamos casados, hoje vejo a loucura que fiz.
Levamos três anos casados, um verdadeiro teste de
resistência.
— Oi, bonitão. — Sou distraído dos meus
pensamentos com a chegada de uma bela loira, de
curvas maravilhosas.
— Olá, ragazza.
Ora, ora, acho que o momento pede o
retorno do velho Lorenzo.

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— Não me lembro de ter lhe visto por aqui.


— Senta-se ao meu lado em um banco de madeira
de um lado mais afastado da praça.
— Não me viu mesmo, cheguei ontem na
cidade.
— Realmente, um homem bonito como
você não passaria despercebido. — Suas mãos
começam a passear pela minha coxa.
Uau, não estava esperando por essa, pelo
menos não agora.
— Gostei muito de você, posso te dar um
presente? — fala sussurrando ao meu ouvido.
— Presente? — pergunto um pouco
confuso. — Que tipo de presente?
— Só receba e aprecie, boy, é um presente
de boas-vindas a Monte Belo.
Pegando totalmente de surpresa, ela se
agacha e começa a desabotoar os botões da minha
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calça. Não vou negar, não faço a menor ideia de


que porra esteja acontecendo, mas um boquete a
gente não dispensa. Em poucos segundos, suas
mãos macias envolvem o meu pau, ela começa um
vai e vem gostoso pra cacete. Olho ao redor, não
quero ser acusado de atentado ao pudor, graças a
Deus estamos em um lugar pouco iluminado, então
posso aproveitar meu boquete em paz.
CARALHO!
Sem que eu espere, ela cai de boca no meu
pau, o choque térmico de seus lábios quentes com a
temperatura gelada me causa um arrepio gostoso.
Ela começa a me chupar com gosto, me controlo
para não cometer uma loucura aqui e agora. Ver
essa mulher com os lábios em volta do meu pau,
não tem preço.
— Isso, ragazza. — Empurro sua cabeça
para que meu pau vá mais fundo, o que faz com

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que ela se engasgue um pouco.


Pensei que ela fosse parar, mas por conta
própria enfia meu pau mais fundo em sua garganta,
e santo Deus, nunca tinha recebido um boquete de
uma completa estranha do nada.
— Ragazza, se você não quer que eu goze
em sua boca, é melhor parar agora mesmo.
Mostrando ser uma mulher de atitude, a
loira intensifica os movimentos, sua língua sobe e
desce em toda minha extensão. Ela começa a
chupar lentamente a cabeça do meu pau ao mesmo
tempo que fixa os olhos nos meus. Sinto meu gozo
se aproximando, ela combina a chupada com um
subir e descer de suas mãos, então, é quando gozo
deliciosamente em sua boca.
— Espero que tenha aproveitado o presente,
bonitão — fala enquanto limpa um pouco do meu
gozo que escorreu pela lateral de seus lábios. —

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Foi um prazer, adeus.


E da mesma forma que chegou, se vai.
Agora estou aqui que nem um bobo, sem saber o
que foi que acabou de acontecer. Recebi um
boquete no meio de uma praça, o mais estranho é
que foi de uma completa estranha.

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Capítulo cinco
Valentina Mello
Não imaginei que Breno fosse fazer toda
essa cena, nem o próprio patrão ele foi capaz de
respeitar, acho que já passou do tempo de Bernardo
parar de passar a mão na cabeça dele. Porra, o cara
tem mais de trinta anos e fica com essas atitudes
infantis. Eu nunca fui muito fã dele, toda vez que
nos encontramos ele não perdia a chance de dar em
cima de mim. O pior é que já falei para parar, e não
foi uma vez só. Ele tem sorte que respeito e
considero o meu cunhado, senão já tinha dado
queixa há muito tempo.
Desde que o Lorenzo saiu que Sophia me
enche a paciência, tive que vir correndo me trancar

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no banheiro. Sei que dei muita bandeira olhando


para ele, mas não tinha como não olhar, um homem
lindo como ele não podia passar despercebido.
Sempre disse que nenhum cara tinha me despertado
interesse, pois bem, em apenas alguns minutos
Lorenzo conseguiu essa proeza. Agora preciso
pensar no que vestir, não posso ir de qualquer jeito
a esse jantar. E espero que o Breno não apareça, já
deu para perceber que Lorenzo tem um gênio forte.
Lembro de uma vez que o Breno cismou
com um cliente que vinha sempre aqui. Segundo
ele, o cara estava de olho em mim, mesmo eu
dizendo que era coisa da sua cabeça, e que ele não
tinha nada com isso, ele armou a maior cena.
Resultado, o rapaz nunca mais pisou por aqui.
Confesso que na maioria das vezes tenho medo
dessas atitudes, ele age como se fosse meu dono ou
algo do tipo, eu nunca tive absolutamente nada com
ele.
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— Valentina, vai sair desse banheiro que


horas? — Sophia começa a bater na porta. — Não
pense que vai fugir de mim, precisamos escolher
sua roupa para o jantar.
Foi Lorenzo sair para que ela começasse a
falar no meu ouvido. Minha única alternativa foi
correr e me trancar no banheiro.
— Não se preocupe, Sophia — grito de
dentro do banheiro —, eu sei me virar sozinha,
pode ficar tranquila.
— Até parece que vou deixar você escolher
sozinha, te espero lá em cima, não demore.
Escuto os passos da minha irmã se
afastando.
Não terei escolha, sempre foi assim.
Quando éramos adolescentes e eu tinha um
encontro, Sophia e mamãe ficavam me enchendo o
saco, eu sempre cedia e acabava indo com a roupa
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escolhida por elas. Certo que não sou um exemplo


em pessoa quando o assunto é moda, mas sabia me
virar bem, pelo menos eu achava que sim.
Vamos lá Valentina, você não tem escolha
mesmo!
Saio do banheiro e a passos lentos sigo até
minha casa, como a maioria das encomendas já
foram despachadas, a loja se encontra na mais
perfeita calmaria, por isso minha irmã resolveu me
ajudar agora. Entro, e nenhum sinal da Sophia na
sala, passo rapidinho na cozinha e encho uma taça
de vinho. Chego no meu quarto e o que vejo me
deixa louca, todas as minhas roupas jogadas pelo
quarto e Sophia enfiada no meu guarda-roupas.
— Posso saber que diabos você está
fazendo, Sophia? — Tento me controlar para não a
jogar da janela.
— Não está vendo? — fala como se fosse

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óbvio.
Levo um tempo tentado assimilar o que está
acontecendo, não quero ser grossa com a minha
irmã, sei que ela faz com as melhores intenções.
Mas ela precisa entender que não sou criança,
posso muito bem escolher minha própria roupa.
— Não vai adiantar eu falar nada com você
né? — Ela acena que não. — Você venceu, Sophia,
bora acabar com isso de uma vez.
E parecendo uma criança, Sophia começa a
dar pulinhos no meio do meu quarto. Só muita
paciência com essa minha irmã. Eu não tenho mais
idade para sonhar com o príncipe encantado, a
única coisa que me permito sonhar é com um filho.
Desse sonho não abrirei mão, mesmo que precise
recorrer a inseminação com um pai desconhecido.
Depois de muitas roupas para o alto, uma
bagunça completa, finalmente entramos em um

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acordo para a minha roupa. Optamos por um


macacão vermelho e longo, com as costas nuas e
um decote discreto nos seios. Por precaução,
escolhemos um casaco na cor preta. Agora é só
rezar para que amanhã não esteja muito frio, assim
é possível aproveitar bem a noite.

Era mais de dez horas da manhã quando


finalmente levantei, hoje não abriremos a doceira,
então posso me dar esse luxo. Levanto da cama e
caminho até a varanda, daqui consigo enxergar a
movimentação na vinícola. Hoje é um dos dias
mais aguardados pelos locais e turistas, confesso
que amo e espero ansiosamente por ele, mas hoje
em especial, o jantar contribuiu para aumentar
minha ansiedade e nervosismo.
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Sei que é loucura, eu o conheço há pouco


mais de algumas horas, mas me encantei de
imediato. Mas a pergunta que me atormentou a
noite inteira foi, o que o trouxe aqui? Por que um
homem que exala poder veio parar nessa
cidadezinha? Será que ele tem namorada ou até
mesmo esposa?
Não é da minha conta, mas a pontinha de
curiosidade não me deixa em paz. Irei aproveitar o
jantar para tentar esclarecer todas as minhas
dúvidas.
Acabei perdendo o horário, passei a tarde
inteira assistindo séries, só percebi que estava
atrasada, quando Sophia mandou uma mensagem
avisando que passaria em meia hora para me pegar.
Que droga! Corri para o banheiro, em menos de dez
minutos já estava de banho tomado.
Agora estou aqui, sentada de frente para o

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espelho sem saber que maquiagem colocar. Nessas


horas que eu gostaria que Sophia aparecesse.
Finalmente opto por um batom vermelho
vinho, um pouco de cor nas bochechas e pronto.
Não sou muito fã de maquiagem então, isso já
basta. Deixo meus cabelos presos em um rabo de
cavalo despojado, visto a roupa e calço um salto
para complementar.
Uau! Estou um arraso, há muito tempo não
me arrumava assim. Minha rotina é da doceria para
casa e visse e versa então, dificilmente me arrumo.
— Está pronta, Valentina?
Minha irmã grita da sala me assustando, às
vezes me arrependo de ter lhe dado uma cópia da
chave.
— Já estou indo — grito de volta.
Dou uma última checada na frente do
espelho e vejo que estou ótima, demorei até que
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finalmente consegui me sentir bem com a escolha,


agora é só aproveitar a noite. E quem sabe conhecer
um pouco mais sobre o poderoso Lorenzo Bianchi.

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Capítulo seis
Valentina Mello
Fiquei curiosa a respeito de Lorenzo e não
quero esperar até conseguir essas informações com
ele. Sei que sua família tem influência na Itália,
Bernardo já tinha comentado a respeito. Sem
conseguir me controlar, jogo no Google o
sobrenome dos Bianchi, pelo que deu pra entender
eles são donos de vários empreendimentos, antes
administradas pelos patriarcas da família, hoje os
quatro primos: Lorenzo que tem trinta e cinco anos,
Enrico com trinta e três, e os gêmeos: Paolo e
Pietro com seus vinte e oito anos.
Vou te contar viu, que genética boa dessa
família Bianchi, todos são donos de uma beleza

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incrível, cada um com uma particularidade, mas


ainda assim Lorenzo ganha em disparada. Ainda
não sei o que é, mas algo em seu jeito me deixa
encantada, só preciso descobrir o quê.
— O que tanto olha nesse celular,
Valentina? — Sophia pergunta curiosa, ao mesmo
tempo que observa, tentando olhar a tela.
Minimizo rapidamente minhas pesquisas,
quero nem sonhar com a possibilidade da minha
irmã ver o que estou lendo.
— Nada, Sophia, estava apenas dando uma
olhada nas redes sociais.
— Sei... — fala com uma certa
desconfiança.
Abro o Instagram e coloco no campo de
pesquisa o nome do Lorenzo, muitos perfis
aparecem até que finalmente encontro o Bianchi.
Puta merda, as fotos são maravilhosas, algumas
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com tanquinho de fora, outras com seu terno


devidamente alinhado. Ainda não sei qual gosto
mais, porém dá para contar quantos gominhos tem
naquela barriga, não sei o que pensar, só sentir a
contração deliciosa entre minhas pernas.
Não consigo raciocinar, na verdade não sei
nem onde estamos. Na minha cabeça só tem a
imagem do tanquinho do Lorenzo, santo Deus, o
homem tinha que ter um corpo extremamente
delicioso?
Calma, Valentina, não vai querer atacar o
homem. Desse jeito Sophia vai perceber e mais
uma vez vai encher o saco dizendo que preciso de
um homem. Na verdade, estou começando a
acreditar em suas palavras, eu bem que queria ser
dominada pelo Lorenzo. Realmente não estou me
reconhecendo, preciso voltar para minha realidade.
— Chegamos, Valentina. — Minha irmã me

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tira do transe, passei o caminho inteiro pensando


bobagem.
Do carro consigo observar a imensidão da
propriedade dos Bianchi, eles são um dos maiores
produtores de Monte Belo do Sul, o meu cunhado
faz um ótimo trabalho. Sem contar que os vinhos
são maravilhosos, não consigo me decidir de qual
gosto mais.
Descemos do carro e a passos lentos
caminhamos até a entrada, somos recepcionados
pela dona Flavia. Governanta da casa, ela trabalha
há anos por aqui, mesmo com os donos morando na
Itália.
A cidade tem em sua grande maioria
descendentes de italianos, por incrível que pareça,
ninguém da minha família é italiana. Mas quando
eram mais novos, meus pais vieram tentar a vida,
ofereceram uma proposta para trabalhar em uma

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vinícola, nisso criaram suas raízes por aqui. Temos


parentes em São Paulo e Salvador. Na minha
adolescência fui muito em Salvador, minha vó
materna morava lá, desde que ela morreu nunca
mais fui àquela terra maravilhosa, sinto uma
saudade enorme das praias e do calor.
— O senhor Lorenzo já vai descer para
lhes fazer companhia, podem ficar à vontade. —
Flavia nos direciona até a sala de estar.
Agora, olhando com mais calma, vejo que
fiz um ótimo trabalho. Antes as paredes pareciam
meio sem vida, precisava de um toque de
brasilidade, mais energia. Agora sim ficou um
arraso, as paredes amarelas combinaram
perfeitamente com os móveis em cor marrom, que
eu também escolhi.
— Fico feliz com a presença de vocês —
Lorenzo fala do meio da escada, e santo Deus, é

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lindo demais esse homem, ainda não estou sabendo


lidar com esse furinho no queixo, puta golpe baixo
isso, viu meu Deus.
Ele está vestido com uma camisa social
vermelha, a manga está dobrada até o antebraço,
calça e sapatos pretos.
— Só demoramos porque Valentina se
atrasou, como sempre. — Minha irmã solta um
sorrisinho, uma hora ela me paga.
— Ragazza — pega minha mão direita e
leva até os lábios, beijando-a —, lindíssima como
sempre.
Até parece que ele me conhece, se soubesse
que em boa parte dos meus dias fico de moletom e
cabelos presos, ontem e hoje são raras exceções.
— Um verdadeiro galanteador — beijo sua
bochecha, o pegando de surpresa —, muito
obrigada pelo convite.
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Nossos olhos estão fixos um no outro, não


sei explicar, mas tem algo nele que está me
deixando completamente intrigada. Sinto uma
necessidade de decifrar o que tem por trás desse
olhar enigmático.
Ele nos conduz até a mesa de jantar que está
com uma arrumação impecável, Flavia acertou em
cheio. Como não poderia ser diferente, há uma
grade variedade de vinho e como não sou boba nem
nada, fiz questão de experimentar um pouco de
cada. Tenho sorte que vinho não me deixa bêbada.
Não poderia estar mais feliz, não acreditei
quando eles serviram paçoca de pinhão com carne
assada, essa era uma comida muito preparada pelos
índios, eles diziam ser uma fonte de energia e era
um dos pratos que mais apreciava.
Conversamos muito durante o jantar, pensei
que teria mais convidados, porém só tinha nós

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quatros. Boa parte do jantar eu estava nervosa, o


medo do Breno aparecer era enorme. Sei que ele é
bem cara de pau, pelo visto Bernardo conversou
com ele. Não podemos esquecer que Lorenzo é seu
patrão, é daqui que ele tira o dinheiro que gasta
com festas.
Monte Belo do Sul é um município
pequeno, atualmente temos quase 3 mil habitantes,
ou seja, quase todo mundo se conhece, então deve-
se tomar cuidado com os boatos, se cai na boca das
fofoqueiras do centro da cidade, ferrou de vez.
Lorenzo passou o jantar inteiro me
observando, tentei manter meu olhar distante,
porém foi difícil. Foi como se eu sentisse o peso de
seu olhar, um imã me atraia direto para ele, pelo
canto do olho dava para perceber seu olhar fixo em
mim. Do outro lado da mesa, minha cão de guarda
observando cada detalhe.

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Esse homem parece um imã e eu estou


sendo atraída para ele.
Realmente não sei o que está acontecendo,
da última vez que um homem me afetou tanto foi
com Jonas, meu falecido marido. Conheci Lorenzo
tem poucas horas, ele não deveria me afetar tanto,
mas é o que está acontecendo. Preciso assumir o
controle, desse jeito estou parecendo uma
adolescente com os hormônios à flor da pele.
Convenhamos, estou praticamente virgem
novamente, mas sou uma mulher de trinta e três
anos, sei muito bem controlar meus desejos e
sentimentos. Sei que sempre disse não ser adepta de
sexo casual, mas nesse momento estou cogitando
essa possibilidade.
Será que enlouqueci de vez?
Será que a peste da Sophia finalmente
conseguiu me contaminar com sua conversa sobre

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sexo?
Sinto minhas bochechas esquentarem, se as
pessoas soubessem o que está passando em minha
mente, certamente seria chamada de devassa.
Sorrio com minha própria imaginação.
— Posso saber qual o motivo desse lindo
sorriso? — Lorenzo pergunta e vejo uma sombra de
sorriso em seu rosto.
— E-eeee... — Droga, acabei perdendo a
noção de onde eu estava. — Nada não, foi só uma
piada que lembrei. — Minto na cara de pau.
— E qual foi a piada? — pergunta de forma
séria e leva sua taça de vinho aos lábios. — Com
certeza gostaríamos de rir também.
Você sabe que mentira nunca dá certo,
Valentina, agora quero ver como se sair dessa.
Olho na direção da minha irmã e cunhado,
ambos estão segurando o riso. Droga, que diabos
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vou falar agora? Sou péssima com piadas, não


posso ser sincera e dizer que estava pensando nas
milhares de formas de aproveitar de seu tanquinho
maravilhoso.
— É melhor deixar isso para outro dia,
vamos falar de coisas mais interessantes. —
Desconverso na maior cara dura. — Esse vinho é
maravilhoso, é um dos meus preferidos.
Lorenzo não disse nada, mais pude perceber
o sorriso por trás de sua taça.
Deus, sorrir desse jeito deveria ser pecado.
Por que o senhor está fazendo isso comigo?
Esse homem é a verdadeira personificação
do pecado da luxúria...
— Valentina, por que não leva Lorenzo
para fazer um tour pela casa? — Bernardo sugere e
troca um olhar de cumplice com a minha irmã.
Vaca, tenho certeza que isso é ideia dela.
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Sophia não se aquieta enquanto não meter o


dedo na minha vida?
— Por que eu tenho que fazer um tour,
sendo que a casa é dele? — Fiz uma careta, não
acho que seria uma boa ideia para a minha
sanidade.
— Não é óbvio? — Sophia pisca
sorrateiramente para mim.
— Se fosse óbvio eu não estava
perguntando, Sophia.
Reviro os olhos, em uma atitude um pouco
infantil.
Sinceramente não sei se seria uma boa
ideia, fazer um tour pela casa significa ficar a sós
com o Lorenzo, mesmo que seja por pouco tempo.
— Você meio que redecorou toda a casa,
por isso nada mais justo que você o acompanhe
nesse tour.
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Não precisa me agradecer.


Consigo ler nos lábios da minha irmã,
droga, estou caindo direitinho no jogo dela. Sabia
que aprontaria alguma coisa, agora não posso dizer
ao Lorenzo que não vou lhe acompanhar, seria
indelicadeza da minha parte. Mas ela pode esperar
que vai ter volta, ah se vai.

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Capítulo sete
Valentina Mello
Lorenzo levanta de sua cadeira e caminha
em minha direção. Como um bom cavalheiro, puxa
a cadeira e me auxilia a levantar. Com uma mão em
minhas costas, ele nos conduz pelos corredores da
residência dos Bianchi. O primeiro cômodo
visitado foi a grande e vasta biblioteca, esse foi o
lugar que recebeu uma atenção especial, sou uma
leitora compulsiva desde os dez anos, não poderia
deixar a biblioteca no estado que estava.
Continuamos nosso tour por todos os
cômodos do térreo, no segundo andar passamos por
todos os seis quartos, claro que dei uns palpites
neles também. Na verdade, a casa inteira precisava

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de cores. Chegamos a um dos meus lugares


prediletos da casa, o terraço, aqui temos uma visão
privilegiada da plantação e um pouco da cidade,
consigo ver até a minha casa.
— Fez um belo trabalho, ragazza. —
Aproxima da sacada e admira o horizonte. — As
lembranças que tinha era de uma casa sem vida, um
pouco morta. Agora tem mais cor, arriscaria dizer
até um pouco de toque brasileiro.
— Sim, desde o primeiro momento que
estive nessa casa, o desejo de mudar se tornou
presente. — Sorrio com a lembrança. — Quando o
Bernardo me chamou para ajudar, instantaneamente
as ideias surgiram, ele até que pediu a ajuda da
minha irmã, mas digamos que Sophia não tem tanto
bom gosto.
Fico que nem uma boba encantada com a
gargalhada gostosa que o Lorenzo solta.

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Oh meu Deus!
Por um momento esqueci completamente de
onde estávamos, a paisagem de fundo, Lorenzo
rindo tão despojado, confesso que quero apreciar
mais vezes.
— Vocês são donas da confeitaria há muito
tempo? — pergunta me trazendo de volta para a
realidade.
— Digamos que sim. — Sento-me em uma
poltrona e Lorenzo me acompanha. — Desde a
morte dos nossos pais, fiquei responsável pela
cozinha e a Sophia com a administração.
— Você gosta mesmo de cozinhar né,
bambina? — perguntou de uma forma divertida.
— Sim, amo cozinhar, principalmente
doces. Minha vida não teria nenhum sentido, acho
que boa parte dela eu passei entre as panelas,
ingredientes e o fogão — falo admirada, amo com
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todas as forças o que faço. — Minha vida se


resume a doceria, diariamente no meio de doces e
bolos deliciosos.
— E você não é casada? — pergunta sem
me encarar, o que parece bem estranho vindo de
um homem feito.
Até parece que se eu fosse casada estaria
agora sozinha com outro homem. Quem mulher ele
pensa que sou?
— Você acha que se eu fosse casada, estaria
sozinha aqui com você?
— Scusa, não pensei direito antes de
perguntar. Realmente não teria lógica, só um
marido maluco para deixar uma mulher tão linda
como você sair sozinha. — Sorri de canto, está
evidente que está dando em cima de mim.
— Sou viúva, meu marido morreu há cinco
anos.
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E como idiota que sou, ao invés de retribuir


o flerte, resolvo falar do falecido marido. Parabéns
Valentina, você ganhou o prêmio de idiota do ano.
Antes ficava ressentida por falar do Jonas,
hoje consigo lidar como uma simples lembrança.
Eu o amei muito, mas acredito que com o passar
dos anos esse amor foi adormecendo, não sei
explicar muito bem.
— Sinto muito — fala e sinto sinceridade
em suas palavras. — Você é uma mulher muito
bonita, posso saber por que está sozinha?
Uau, por essa eu não esperava.
— E quem lhe disse que estou sozinha,
moço? — Faço cara de brava.
Será que está estampado na minha testa que
sou uma solteirona?
— Se for muito invasivo, não precisa
responder, Valentina.
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— Não tenho problema em responder,


Lorenzo. Desde que fiquei viúva não senti vontade
de me relacionar com ninguém — falo um pouco
envergonhada.
— Seu jeito de agir, confesso que me deixa
um pouco confuso — prossegue, com os olhos
fixos nos meus. — Mas arriscaria dizer que você
não tem um homem há muito tempo em sua cama.
Não me parece o tipo de mulher que curte sexo
casual.
E não curto mesmo, mas com ele eu
esqueceria qualquer conceito anterior. Só consigo
me imaginar em seus braços.
Sinto minhas bochechas esquentarem por
sua fala e meus pensamentos, não sei se o encarar
nesse momento seria uma boa, queria que um
buraco se abrisse, entraria e não sairia nunca mais.
— Está tão na cara assim? — pergunto e ele

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ri, o que me deixa mais envergonhada. — E na sua


concepção, que tipo de mulher eu sou?
Não sei de onde tirei essa coragem, mas
ousei perguntar.
— Não está tão na cara, mas você me
parece o tipo de ragazza que merece todo cuidado e
atenção, o tipo de mulher que troca fácil uma saída
por uma série e um cobertor quentinho — terminou
de falar e não sabia o que responder.
Não sei como é possível, mas ele me
descreveu perfeitamente e isso me deixou
extremamente envergonhada. Não queria que as
pessoas me enxergassem como uma mulher que
precisava de cuidado, pois isso não era verdade.
Tá, talvez seja um pouco. Mas não gosto de
multidão, barulhos e pessoas chatas. Não troco
minha cama e meu café por nada.
Levanto o olhar e o encontro com um
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sorriso tímido, isso faz com que eu queria sair


correndo daqui.
— Acertei, não foi? — Sorri de uma forma
extremamente sedutora.
— Sim — falo sem coragem para encará-lo
—, você percebeu isso com menos de 72 horas que
nos conhecemos?
— Tenho uma certa facilidade de analisar as
pessoas, às vezes erro, mas em 90 porcento das
situações estou certo — fala com uma certa
propriedade. — E você é bem transparente, então
foi fácil decifrar quem é a verdadeira Valentina
Mello.
— Então estou em desvantagem, as únicas
coisas que sei a seu respeito foi o que vi nas redes
sociais.
— Olha, então você estava me espionando?
Droga! Não deveria ter falado sobre esse
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assunto.
— Claro que não, foi apenas uma
curiosidade. Não é todo dia que um CEO italiano
resolve passar um tempo em uma cidadezinha do
Brasil. — Sorrio amarelo, nesse momento o
nervosismo já era predominante.
— Tenho que concordar, Valentina. — Ele
se levantou e foi até a sacada, onde respirou fundo
antes de continuar: — Tinha uma vida feita na
Itália, minha empresa ia cada vez melhor. Mas,
quando os negócios vão bem, quer dizer que tem
algo errado com o pessoal. Eu me separei tem cerca
de um ano, porém minha ex não aceitava muito
bem, na verdade, ela estava interessada no dinheiro.
Então, vi na vinícola uma oportunidade de sair da
visão de Isabela, por isso fiz todos os meus amigos
prometerem que nem sobre forte ameaça falariam o
meu destino.

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— Nossa, não pensei que um homem desse


tamanho tivesse medo de uma mulher.
Tentei controlar, mas o riso foi inevitável.
— Por acaso a senhorita está rindo de mim?
— Aproxima e senta-se ao meu lado.
— Imagina...
O clima muda de imediato, nenhuma
palavra mais foi dita. Ele pega minha mão e leva
até os lábios, meu coração nesse momento parece
uma escola de samba e lá estava aquele olhar
novamente, o mesmo que eu ainda não conseguia
identificar. Seu toque sobre a minha pele só fez
piorar as coisas, os mais quentes e loucos
pensamentos se passam na minha mente, o que é
muito estranho, considerando que o conheço há tão
pouco tempo.
Puxo minha mão, levanto e dou alguns
passos até a sacada, o ar gelado colidi rapidamente
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com meu rosto, estava precisando disso para me


acalmar. Preciso sair o mais rápido possível daqui.
Viro abruptamente e acabo colidindo em
cheio com o Lorenzo, por um instante pensei que
fosse cair para trás com o impacto, mas ele me
segurou pela cintura. Agora nossa proximidade é
muito maior, sinto seu hálito quente e o delicioso
aroma de vinho tinto, sem perceber, fixo meus
olhos neles. Suas mãos passam a me apertar mais a
seu corpo e eu sinto a rigidez de seus músculos,
rapidamente lembro de suas fotos sem camisa e foi
inevitável não sentir uma contração em meu sexo.
Ele vai se aproximando para me beijar, não
sei o que deu em mim, mas me solto de seus braços
e saio correndo, passo rapidamente na sala de estar
e pego minha bolsa. Escuto Sophia me gritar, mas
nesse momento não quero falar nada, não estou
acreditando que agi que nem uma adolescente

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virgem.

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Capítulo oito
Lorenzo Bianchi
Confesso que estava ansioso para encontrar
com Valentina, sei que meu intuito no Brasil não
era esse, mas estou louco para desvendar os
mistérios por trás dessa linda ragazza. Pensei que
esse jantar seria uma ótima oportunidade para
conversarmos, não imaginei que ela fosse sair
correndo dessa forma. Essa sua atitude só serviu
para confirmar minha opinião sobre ela, uma
mulher feita, porém, necessita de atenção e muito
amor.
Amor, essa palavrinha tão pequena e que
para muitos possui um grande significado. Não vou
dizer que nunca amei Isabela, acho que em algum

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momento do nosso relacionamento isso aconteceu.


Porra, não vou ser hipócrita, gostava dela,
mas em um determinado momento passei a
enxergar mais seus defeitos do que qualidade.
Compartilhamos bons momentos, mas hoje
nada disso importa. Na atual situação que estou
vivendo, só quero distância, não estava aguentando
todas suas investidas. Onde eu ia lá estava ela,
qualquer possibilidade de me envolver com outra
mulher era nula só de imaginar todo desgaste que
isso me causaria, então, preferi evitar.
Agora só consigo imaginar como seria o
gosto dos lábios de Valentina. Depois que ela saiu,
desci correndo atrás dela, mas ao chegar na sala fui
bombardeado de perguntas pela Sophia, mas nem
eu tinha as respostas que ela queria. Na verdade,
estava sem entender o que tinha acontecido.
Isso só reforça minha opinião sobre ela,

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Valentina é o tipo de mulher que precisa ser amada


e adorada, justamente o tipo que eu vinha correndo.
Depois de explicar resumidamente o que
tinha acontecido, me despedi deles com a promessa
de que Sophia me ligaria para dizer se estava tudo
bem com a irmã.
E já são quase duas da manhã e nem sinal
de Sophia, eu poderia ligar para Bernardo, mas
achei melhor esperar até amanhã. Mandei uma
mensagem para Enrico, meu primo me assegurou
de que tudo corre perfeitamente bem. Um dos
fatores importantes para que eu tomasse a decisão
de vir para o Brasil, é porque eu sei que a Bianchi
Empreendimento está em boas mãos. Meus primos
Enrico, Pietro e Paolo dividem a administração
comigo. Fiquei com a presidência da matriz e eles
lideram algumas filiais. Se nossos pais estivessem
vivos, tenho certeza de que ficariam orgulhosos.

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Olho e vejo que já são quase três da manhã,


fiquei muito tempo falando com Enrico, tomo um
banho rápido e me preparo para dormir, amanhã
tenho muita coisa para fazer na vinícola, preciso
estar por dentro de tudo.

Fui recebido com um perfeito café da


manhã, se tem uma coisa que eu gosto no Brasil é a
culinária. Marquei com o Bernardo às oito da
manhã, ainda estou tentando me acostumar com a
diferença de horário, durmo, durmo e ainda me
sinto cansado. Tem uma coisa que não sai da minha
cabeça, vou precisar ter uma conversa com
Bernardo sobre seu irmão, não sei se quero uma
pessoa como ele trabalhando para mim.
Despeço-me de Flávia e sigo para o galpão
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onde é feito o processo de vinificação, que é


basicamente o conjunto de operações técnicas que
garantem a transformação da uva em vinho. Além
do vinho nós também preparamos sucos, onde são
vendidos em todo o Brasil e exportado para outros
países, principalmente a Itália, onde também temos
uma loja que vende vinhos.
Nossa família possui diversos
empreendimentos, sejam na área imobiliária, lojas
femininas e algumas vinícolas. Meu pai e meu tio
Gerard foram os mais radicais, compraram
vinícolas em países diferentes, meu pai aqui no
Brasil e ele na Espanha. Por isso que todos da
família possuem empregos, algumas mulheres
ficaram responsáveis pelas lojas femininas e nós
dividimos as responsabilidades com a Bianchi
empreendimento.
Caminho a passos lentos observando tudo

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ao meu redor, meu pai soube escolher bem, esse


lugar é maravilhoso. Estamos em janeiro, ou seja,
as uvas estão belíssimas, prontas para serem
colhidas. Já consigo imaginar os vinhos deliciosos
que essas belezuras nos proporcionarão, à medida
que vou caminhando, diversos trabalhadores me
cumprimentam, Bernardo fez questão de me
apresentar todos, levei quase uma tarde inteira para
isso.
Chego no galpão e dou de cara com o
Breno, diferente dos outros ele não me
cumprimentou, apenas me encarou e sorriu com um
certo sarcasmo. Eu queria entender o motivo dele
me tratar assim, antes da doceria não tivemos
nenhum contato, é difícil de acreditar que ele possa
tratar o chefe desse jeito.
Confiro o andamento das coisas, por
incrível que pareça, temos três funcionários

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imigrantes da Itália, foi bom poder conversar com


eles em nosso idioma, confesso gostar do
português, mais as vezes dá um branco e não
consigo compreender algumas coisas.
Bernardo me mandou uma mensagem
dizendo que só poderia passar aqui pela tarde, pelo
visto seu filho aprontou mais alguma coisa.
Experimento alguns vinhos que estão em
processamento, santo Deus, são deliciosos.
Caminho para fora e avisto um banco no
meio da plantação, resolvo sentar um pouco e
apreciar o aroma de uva fresca. Pego meu celular a
fim de passear um pouco em minhas redes sociais,
vejo que ganhei um novo seguidor no Instagram,
imagine a minha surpresa ao ver que era a bambina
mais enigmática que conheci: Valentina Mello.
Como quem não quer nada, sigo de volta e tenho
acesso ao seu perfil, pelo visto ela não gosta muito

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de fotos... Uma foto em especial me chama


atenção, ela está de biquíni em uma praia, pela
localização é em Salvador.
Dio mio, ela tem uma bunda linda,
redondinha e aparentemente deliciosa. Suas curvas
são bem acentuadas, perfeitas para levar os homens
a loucura, nesse momento só consigo pensar na
maravilha que seria transar com ela observando
aquela obra maravilhosa. Na minha mente se passa
os mais sórdidos pensamentos, todas as posições
possíveis para comer Valentina.
— Olá patrãozinho — Sou tirado de meus
deliciosos pensamentos pelo babaca do Breno —,
só vim te avisar uma coisa, espero que não precise
repetir.
— Com quem você pensa que está falando,
rapaz? — digo levantando e parando em sua frente,
ele pode ser alguns centímetros mais baixos, porém

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isso não o intimida. — Eu ainda sou seu chefe,


pense bem antes de falar comigo.
— Você poderia ser o presidente — fala em
um tom de voz um pouco elevado. — Vou te falar
uma vez, Piá.
Que diabos é Piá? Esse monello [1]só pode
ter enlouquecido, eu não queria, mas serei obrigado
mandá-lo embora. Dessa vez não poderei ter
consideração pelo Bernardo, não posso permitir que
esse idiota fale comigo nesse tom, quem manda
nesse cazzo [2] ainda sou eu!
— Quem vai te falar sou eu, Breno. —
Coloco o dedo rente a seu rosto. — Passe amanhã
no escritório para acertar suas contas, não sou
obrigada a manter um stronzo [3]na minha empresa.
Você vai aprender a me respeitar seu monello.
— Faz o que você quiser, patrãozinho. —
Da uma ênfase maior para a última palavra. —
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Fique longe da minha Valentina, você não sabe do


que sou capaz.
Dito isso ele se retira, não acredito no que
acabei de ouvir. Se esse moleque pensa que isso vai
ficar assim, ele está completamente enganado. Ele
vai ter o prazer de conhecer o antigo Lorenzo,
confesso que não me orgulho do passado, eu meio
que aprontei muito na minha adolescência, cheguei
a andar com gente da pesada. Agora, meu desejo
pela Valentina só aumentou, Breno não perde por
esperar.
Não será nenhum sacrifício ter essa bela
ragazza na minha cama, esse monello não perde
por esperar.

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Capítulo nove
Valentina Mello
Droga! Droga! Droga
Que merda você tem na cabeça, Valentina?
O cara fala que você é uma mulher que não
transa e ao invés de aproveitar o corpo daquele
deus grego ou mandá-lo a merda, você foge? —
fala meu subconsciente.
Não estou acredito no que eu fiz, agi que
nem uma criancinha com medo. O que Lorenzo
deve estar pensando de mim nesse momento? Deve
achar que sou uma virgem assustada. Quando
cheguei em casa ontem corri para o banheiro, tinha
esperanças de que o chuveiro me ajudasse a pensar.
Claro que Sophia me ligou milhares de
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vezes, não atendi nenhuma de suas ligações.


Apenas lhe mandei uma mensagem dizendo que
não queria conversa. Não consegui dormir direito, o
tempo inteiro a imagem de Lorenzo vinha em
minha mente, quando finalmente consegui apagar,
sonhei que me entregava loucamente a ele, e o pior
de tudo, na varanda de seu quarto. Acordei
encharcada de suor, tive um sonho delicioso, se não
fosse tão idiota teria vivenciado essa cena ao vivo e
em cores.
São dez da manhã e ainda estou deitada, não
estou com vontade de encarar minha irmã e suas
milhares de perguntas. Sei que não vou conseguir
fugir por muito tempo, mas tentarei o máximo.
Hoje não tenho nada programado na loja, então vou
me permitir ficar na cama por mais um tempinho.
A coisa mais surreal sobre essa minha cena
patética é que não sei com que cara vou olhar para

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Lorenzo. Mas ao mesmo tempo estou morrendo de


vontade de ir até a vinícola, queria pedir desculpas
e quem sabe lhe levar um docinho. Vontade eu
tenho, mas coragem não, pelo menos não hoje.
Sou tirada de meus pensamentos pelo toque
estridente do meu celular, vejo no visor que é a
minha irmã, pondero antes de atender, já a ignorei
por muito tempo. Sei que se não o fizer ela vai me
encher o saco já que por um milagre ela não bateu
na minha porta ainda.
— Até que fim minha, querida irmã, deu o
ar da graça. — Percebo a chateação em sua voz,
mas infelizmente não posso voltar atrás.
— Não é para tanto, Sophia — meu tom de
voz é calmo
— Tem um cliente que quer fazer uma
encomenda, mas...
— Você não pode anotar o pedido? — Não
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deixo que ela termine.


— Se você me deixasse terminar, saberia
que ele exige falar diretamente com a chef, no caso
você.
— E quem é esse cliente? — Provavelmente
é algum velho, eles são difíceis de lidar e minha
irmã não tem muita paciência com isso.
— É um senhor extremamente chato, exige
que seja você. — Tive impressão de escutar risos
do outro lado da linha, deve ser coisa da minha
cabeça. — É melhor a senhorita descer logo, não
estou a fim de perder a paciência com um velhinho.
— Ok — falo a contragosto —, vou tomar
um banho rápido e comer alguma coisa. No
máximo meia hora chego aí.
Desligo o telefone e corro para o banheiro.
Sabia que meus planos de ficar na cama não
durariam muito tempo, tomo um banho rápido e
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opto por vestir jeans e camiseta, hoje graças a Deus


está fazendo calor, posso me permitir. Na cozinha
não encontro nada, preciso me lembrar de passar no
mercado, já geladeira encontro um pedaço de
mamão e no armário torradas, passo um pouco de
café e como tudo em questão de minutos.
Desço as escadas e chego a doceria, logo de
imediato encontro minha irmã no caixa e em uma
mesa no canto esquerdo vejo o homem que
atormentou minha noite... Lorenzo Bianchi. Agora
tudo faz sentido, o cliente misterioso, a risada de
fundo, fui claramente enganada, pois eles sabiam
que eu ia querer encarar o Lorenzo nesse momento.
— Então, esse era o cliente chato? —
pergunto a minha irmã.
Ela pondera por alguns minutos, me calo e
fico à espera de sua resposta. Não quero colocar
pressão, pois nesse momento minha vontade é de

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jogar uma dúzia de ovos em sua cara.


— Bah, você acredita que o senhorzinho foi
embora? — Ela tenta, mas sei claramente quando
ela está mentindo.
— De quem foi a ideia? — indago, batendo
os pés freneticamente.
— A ideia foi minha ragazza, sabia que
você não ia querer me encontrar. — Lorenzo se
aproxima e sinto de imediato o aroma amadeirado
de seu perfume. — Então pedi para que sua irmã
me ajudasse, eu até pensei em bater em sua porta,
mas Sophia me alertou não ser uma boa ideia, ela
disse que você poderia se transformar em uma
espécie de fera.
Isso foi inesperado, o que me fez lhe
encarar por um certo tempo. Não sei o que pensar,
muito menos o que estou sentindo nesse momento.
— Espero que não me mate irmãzinha. —
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Sorri, dando de ombros. — Ele chegou aqui com


uma cara de cachorro abandonado, não poderia não
o ajudar.
— Claro que não, a Madre Sophia de
Calcutá não aguenta ver uma pessoa carente que
quer fazer caridade. — Reviro os olhos.
— Será que poderíamos conversar? — pede
enquanto segura minhas mãos.
— Tudo bem, vem comigo. — Arrasto-o até
minha cozinha.
Sei que aqui não é o lugar ideal para
conversarmos, mas não quero que Sophia fique
conspirando e a minha casa está fora de cogitação.
Assim que entramos tranco a porta, ele para e
começa a observar ao seu redor, graças a Deus a
cozinha está limpa, tem dias que nem eu me acho
nesse lugar.
Queria saber que destino sacana é esse, eu
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ainda não estava, na verdade, ainda não estou


preparada para conversar com Lorenzo, não sei o
que falar sem parecer uma idiota. Minha cota de
idiotices em sua frente já se esgotou, sou uma
mulher feita, essas atitudes não combinam comigo.
Mas não sei explicar, desde que o conheci algo
mudou dentro de mim, sinto uma vontade imensa
de estar ao seu lado e lhe conhecer melhor, a outra
parte de mim quer fugir o mais rápido possível.
Lorenzo tem estampado na cara o tipo de
homem que eu venho correndo, aqueles que
querem uma foda casual e o no outro dia nem uma
ligação. Se Sophia soubesse de uma coisa dessas
me mataria, sempre lhe disse que nenhum homem
tinha me despertado interesse, por isso não me
envolvia, aí agora, um homem aparece e corro igual
uma criancinha.
— O que se passa nessa cabecinha,

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Valentina? — sussurra depois de longos minutos


em silêncio.
O ambiente continua em silêncio, apenas
trocas de olhares se fazem presentes nesse
momento. Não consigo abrir a boca para falar nada,
meu coração parece uma escola de samba, minhas
pernas moles como gelatina e minha mente
fervilhando de informações. Lorenzo também não
diz mais nenhuma palavra, ele se aproxima e para
em minha frente. Sua mão direita vai de encontro
com o meu rosto, onde consigo sentir o toque
quente de sua pele, eu tentei, mas não consegui
pronunciar uma palavra.
Com a mão livre, ele segura minha cintura
colando nossos corpos, dessa vez não irei fugir,
necessito com extrema urgência sentir o toque de
seus lábios. Parecendo ler meus pensamentos, ele
cola nossos lábios, a princípio é um beijo delicado,

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sua língua faz uma pequena dança sensual. Com a


mão em sua nuca o puxo para aprofundar mais o
beijo, o que faz com que ele solte um pequeno riso,
depois disso ele literalmente me ataca como se sua
vida dependesse desse beijo.
Ele me prensa na parede e suas mãos
começam a explorar meu corpo, dessa vez não me
faço de rogada, coloco minhas mãos por dentro de
sua camisa social, passeio por suas costas
musculosas, até que passo a mão por seus
deliciosos gominhos.
Santo Deus, nos separo assim que recupero
a sanidade, por pouco iriamos transar no meio da
minha cozinha, no meu local de trabalho. Fico
parada até que minha respiração se acalme, encosto
minha cabeça em seu peito e vejo que seus
batimentos estão tão fortes quanto os meus.
— Não vai fugir, vai ragazza? — sussurra

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com a voz rouca.


— Pelo menos não enquanto não me
recuperar... — Ele solta uma deliciosa gargalhada,
sei que está rindo de mim, mas nesse momento não
importa.
Pegando completamente de surpresa, seus
lábios atacam os meus novamente, dessa vez sem
delicadeza. Sinto-me como se estivesse sendo
devorada, minhas mãos estão presas no alto da
minha cabeça, me impossibilitando de qualquer
movimento. Seus lábios abandonam os meus e vão
de encontro ao meu pescoço onde deixa leves
mordidas.
— Quer jantar comigo no sábado? —
sussurra ao meu ouvido.
— Uhum... — respondo com um pouco de
dificuldade.
— Temos um encontro marcado, ragazza,
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te espero sábado na minha casa. — Dito isso ele se


retira me deixando em chamas, agora não sei se
quero matá-lo ou correr e me jogar em seus braços.
— Dessa vez, espero que você não fuja.
Tem uns minutos que ele se retirou, mas
continuo aqui na parede, minhas pernas não me
obedecem e eu preciso sair daqui e tomar um banho
com urgência, sinto como se estivesse encharcada,
agora só preciso controlar a minha ansiedade, daqui
há dois dias irei encontrá-lo, sem medos, receios ou
pudores. Sei que pode parecer errado, mas será
apenas Lorenzo e Valentina, uma quente e louca
noite.

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Capítulo dez
Valentina Mello
Há dois dias, quando Lorenzo saiu da minha
cozinha, Sophia entrou que nem um furacão logo
em seguida. Como sempre me encheu de perguntas,
dessa vez fui obrigada a responder, já que na noite
anterior eu meio que lhe dei um perdido. Minha
irmã me incentivou a ir nesse encontro, nenhuma
novidade vindo de sua parte. Confesso que passei
esses dias nervosa ao mesmo tempo que contava os
minutos, tinha medo de sair correndo mais uma
vez.
Tentei ocupar minha mente, testei algumas
receitas novas, preparei um bolo de casamento e
alguns bolos para ficar à venda na loja. Isso me

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ajudou por um tempo, pelo menos durante o dia. A


noite minha mente parecia um turbilhão de
informações, foi inevitável não lembrar do meu
primeiro encontro com meu falecido marido, eu era
uma adolescente, meus hormônios estavam à flor
da pele, fiquei tão ansiosa que meu rosto encheu de
espinhas.
— Pronta para perder a virgindade,
maninha? — Sophia fala com uma grande
animação. — Lembre-se de se proteger, não quero
sobrinhos agora.
Bah, é uma vaca mesmo, agora eu bem que
queria um buraco para enfiar a cara. O pior é que
ela falou a mesma coisa na minha primeira vez,
apesar de ser a mais nova, ela sempre teve esse
jeito espevitado. Não é à toa que era a mais popular
da escola.
— Santo Deus, Sophia — resmungo,

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revirando os olhos para ela.


— O que foi? — pergunta com um sorriso
largo. — Eu falei alguma mentira?
— Como assim o que foi, Sophia? —
Levanto no impulso. — Já te falei que não gosto de
falar dessas coisas, você as vezes esquece que sou a
mais velha dessa história. Além do mais, só
perdemos a virgindade uma vez e comigo isso já
aconteceu.
— Viu que você gosta, sua safada — fala
com um sorriso faceiro. — Eu só quero sua
felicidade, minha irmã, todos esses anos venho te
enchendo o saco para você sair com alguém. Logo
que vi você e Lorenzo juntos, sabia que ele seria o
cara. Sua desculpa era que ninguém tinha
despertado seu interesse, agora não tem mais o que
inventar.
Direciona-me um olhar carinhoso, sei que

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posso contar com ela para qualquer momento,


mesmo com um parafuso a menos.
— Esse é o primeiro passo, amanhã quero te
ver mancando, a noite vai ser tão boa que você não
vai conseguir sentar o dia inteiro. — Jesus, não sei
a quem a minha irmã puxou, meus pais eram
calmos.
Depois dessa breve conversa, entro no
banheiro e deixo que Sophia escolha minha roupa.
Não posso negar, a bicha tem muito bom gosto.
Tomo um bom banho, coloco minha depilação em
dia, sei muito bem o que está prestes a acontecer,
não posso chegar com minha amiguinha parecendo
uma mata atlântica. Hidratei meu corpo com um
hidratante a base de uva, nada sugestivo.
Rio com meu próprio pensamento.
— Separei esse modelo aqui. — Em suas
mãos tem um vestido florido, que fica na altura da

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minha coxa. — Tenho certeza de que ele vai gostar


muito.
Não falo nada, apenas pego a roupa de suas
mãos, opto por uma lingerie preta e coloco o
vestido por cima. Ela também separou os sapatos e
uma bota preta de salto fino. Uma maquiagem leve
no rosto e o cabelo preso em um rabo de cavalo,
agora já estou pronta. Olho no espelho e o resultado
me agrada, há muito tempo não me sentia tão bem
comigo mesma, o que é um grande avanço.
— Vai e aproveita minha irmã, se for um
baita pau como imaginamos — sorrio com seu
comentário —, amanhã você nem vai trabalhar.
Não vou negar, no fundo espero que seja
assim mesmo. Só tenho medo de parecer uma
virgem prestes a perder sua virtude, nessa noite
tentarei esquecer todos os meus princípios. Quero
ser desejada, sentir o toque quente de sua pela

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sobre a minha, o gosto adocicado de seus lábios.


Lorenzo chegou no momento certo, como sempre
digo, o destino nunca falha, ele pode demorar, mas
as coisas acontecem no seu devido tempo.
— Bah, vai cuidar da sua vida Sophia —
falo enquanto termino os últimos retoques na minha
maquiagem. — Agora preciso ir, não me ligue,
mande mensagem ou bata na minha porta. Quando
eu quiser falar com você, vou na sua casa.
Não a deixo retrucar, pego minha bolsa e
caminho até a sala. Peço um Uber, segundo o
aplicativo ele chegará em cinco minutos. Sento-me
no sofá, em uma falha tentativa de conter o balanço
frenético de minhas pernas, tenho essa mania
quando estou nervosa. À medida que o horário
combinado vai chegando, borboletas loucas
começam a voar no meu estômago, olhei para
minha irmã e vi seu sorriso de felicidade. Se eu

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ousasse desistir agora ela me mataria.


Foco, Valentina, você é uma mulher adulta,
só pode correr se for em direção ao colo do
Lorenzo.
Escuto o bip do meu celular, é uma
mensagem do motorista avisando que chegou.
Despeço-me da Sophia e desço as escadas a passos
lentos, à medida que os degraus vão passando, as
batidas do meu coração ficam frenéticas.
Não quero desistir, só estou muito nervosa.
Cumprimento o motorista, entro no carro e
sento no banco do passageiro. A viagem não é
muito longa, leva uns quinze minutos. Através da
janela desfruto da beleza da minha cidade, os vales
e capelas, os grandes atrativos. O ar gelado se
choca contra meu rosto e só agora percebo que não
trouxe um casaco, nesse momento o motorista liga
o rádio e começa a tocar uma de minhas músicas

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prediletas: Era uma vez, da Kell Smith. Toda vez


que escuto essa música me arrepio, essa letra é
simplesmente maravilhosa.
É que a gente quer crescer
E, quando cresce, quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido
Canto baixinho e as lembranças surgem de
imediato em minha mente. Quando a gente é jovem
não tem muita noção da vida, os tropeços,
decepções, vitórias e conquistas, tudo isso contribui
para nossa formação da vida adulta. Eu agradeço
por tudo que passei nesses meus trinta e três anos
de vida, hoje sou uma mulher melhor do que fui
ontem e amanhã serei melhor que hoje.
Estava tão distraída que não percebi que já
tínhamos chegado, paguei a corrida e desci do
carro. Paro na porta da casa e respiro fundo, conto
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até dez antes de tocar a companhia. Confiro se não


estou com mal hálito, ninguém merece chegar para
falar com o Lorenzo e estar com um bafo horrível.
Toquei a companhia uma vez, ninguém apareceu,
toquei duas, três e nada.
É, eu sabia que não deveria vir, meu sexto
sentido parecia estar certo.
Caminho de volta para chamar um Uber, é
quando escuto a porta abrir.
— Onde pensas que vai, bambina? —
Lorenzo aparece na entrada, sua aparência
despojada me encanta, ele veste uma calça jeans e
camisa polo, bem diferente do seu terno habitual.
— E-eeee... — Ótimo momento para
gaguejar Valentina. — Toquei a campainha
algumas vezes, porém ninguém atendeu. Então
achei melhor ir embora.
— Mas tínhamos um encontro, por qual
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motivo você estava indo embora?


Não sabe menino? Eu já estava fugindo que
nem uma idiota.
Como não posso dizer isso a ele, faço cara
de paisagem e tento manter a calma. Preciso ser
firme e lhe mostrar que sou uma mulher forte e
decidida. Mesmo que por dentro esteja borbulhando
de medo de fazer alguma bobagem.
— Sei lá, você é um homem de negócios,
deve ter muita coisa na cabeça, e talvez tenha
esquecido — falo e tento acreditar nas minhas
palavras. — Eu poderia facilmente te ligar ou
mandar uma mensagem, mas lembrei que não
trocamos os nossos telefones.
— Verdade, tudo seria tão mais fácil. —
Lorenzo se aproxima e encosta os lábios nos meus.
— Poderia pelo menos matar a saudade de você
bambina?

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Sua voz rouca é como música para os meus


ouvidos, não sei explicar, mas quando ele me
chama de bambina ou ragazza, que eu descobri
significar criança e menina, algo dentro de mim
reage de uma forma diferente.
Nesse momento estou parada em sua frente,
nenhuma palavra sai de minha boca, em minha
mente se passa milhões de informações. Meu
desejo é de beijá-lo, sentir novamente o sabor
adocicado de seus lábios, ainda mais se tiver um
toque de vinho. Com um pouco mais de ousadia,
me aproximo e o puxo pela nuca, colando nossos
lábios em um beijo quente e cheio de desejo, suas
mãos vão de encontro com a minha cintura, onde
ela me puxa colando nossos corpos. Um desejo me
consome, a vontade de terminar o que começamos
na cozinha é enorme.
Aos poucos vamos nos afastando, olho para

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ele e vejo um sorriso encantador, por incrível que


pareça, nesse momento, não sinto vergonha, apenas
me sinto bem.
Convenhamos que é um grande avanço.
— Vamos entrar, Flavia preparou uma
comida deliciosa pra gente. — Coloca a mão em
minhas costas e me conduz para dentro.
Tento controlar minha respiração, não quero
transparecer meu nervosismo. Vim para cá sabendo
o que iria acontecer, mesmo sem ter certeza de que
Lorenzo quer o mesmo. Preciso manter o foco e
esquecer por essa noite todos os meus princípios,
sei que estou pagando a língua sobre o sexo casual,
mas é disso que meu corpo está necessitando nesse
momento.

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Capítulo onze
Valentina Mello
Depois do delicioso jantar preparado pela
Flavia, decidimos que seria uma boa ideia
caminhar, um ar livre faria bom para os ânimos. O
jantar foi feito em um clima totalmente
descontraído, pude tirar minhas dúvidas e conhecer
um pouco mais sobre Lorenzo e a família Bianchi.
Descobri que além do Lorenzo, ainda tem três
primos, Pietro, Enrico e Paolo, todos administram
os empreendimentos da família. Além da vinícola,
Lorenzo também é dono de uma fazenda que fica
na cidade vizinha.
Ele também me falou mais sobre sua ex-
esposa, confesso, que já tinha pesquisado sobre a

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tal Isabela, logo de imediato já não fui com a cara


dela. A típica socialite metida a besta, realmente
não combina em nada com Lorenzo.
Chegamos no meio da plantação, a
iluminação é um pouco precária, tem um banco de
madeira, onde nos aproximamos e sentamos. Ao
lado de Lorenzo, sinto o som da minha respiração
pesada, está bem frio nesse momento, mas a
adrenalina no meu corpo disfarça um pouco.
— Valentina, estou louco de vontade de te
beijar. — Suas mãos vão de encontro ao meu rosto,
fazendo com que fiquemos cara a cara. — Durante
todo o jantar fiquei imaginando como seria
delicioso sentir novamente o gosto dos seus lábios,
esses dois dias que passaram foi torturante, todas as
noites seu rosto vinha em meus sonhos.
— E como eram esses sonhos? — Se foram
iguais aos meus, sei como pode ter sido bem

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torturante.
— Ragazza, você com certeza não gostaria
de saber — fala com a voz rouca.
— Sim, Lorenzo, eu quero saber. — Coloco
um pouco mais de pressão, realmente quero saber
sobre esse sonho.
— Não vou mentir, desde nosso primeiro
beijo que não paro de pensar em você. Esses dois
dias foram torturantes, eu dormia e sua boquinha
sexy e quente invadia meus sonhos...
— O que minha boca fazia em seu sonho?
— ouso perguntar.
— Valentina... — fala depois que minhas
mãos foram parar em sua coxa. — Você tinha uma
boquinha bem atrevida, seus lábios estavam em
volta do meu pau, subia e descia em uma
velocidade inacreditável, com certeza um dos
melhores orgasmos da minha vida.
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— Não vou mentir, sonhei com você todos


esses dias. Desejava com todas as forças que o que
começamos na minha cozinha terminasse, sei que
te falei que não era muito adepta de sexo casual,
mas preciso saber como é te sentir dentro de mim
Lorenzo.
Nossa, eu realmente acabei de falar isso?
Só pode ser por causa do vinho.
— Você tem certeza, Ragazza? — Lorenzo
pergunta depois de um bom tempo em silêncio,
confesso que estava quase levantando, juntando
minha vergonha e indo embora. Sei que pode ser
estranho, mas pela primeira vez estou disposta a
fazer uma loucura, quero viver o momento e me
entregar ao desejo que estou sentindo.
Lembrei das palavras da minha irmã, ela
disse que eu não deveria nem pensar em desistir.
Segundo ela, Lorenzo é um pedaço de mal caminho

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que merece ser desvendado.


— Absoluta, Lorenzo. — Sento-me em seu
colo, por coincidência, estou de vestido. — Eu
quero ser sua — falo baixinho em seu ouvido. —
Agora, Lorenzo.
— Ragazza, il tuo corpo me encanta muito,
te desejo desde o nosso primeiro contato. — Suas
mãos começam a subir e descer em minhas costas,
fazendo com que um delicioso arrepio percorra
meu corpo.
Seus lábios macios se encontram com os
meus, o delicioso gosto de vinho me deixa mais
inebriada. Em movimentos lentos e calculados ele
começa a explorar minha boca, me aperto mais
contra seu corpo, ele me puxa pela nuca e
intensifica o beijo. Começo a sentir leves
contrações no meu sexo, meu corpo anseia pelo seu
contato, preciso senti-lo dentro de mim o mais

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rápido possível.
— Te voglio, Valentina — fala sussurrando
ao meu ouvido, ao mesmo tempo que começa a
massagear meus seios.
Parece que ele resolveu misturar tudo, uma
montanha russa de idiomas.
— O que disse? — pergunto confusa,
algumas coisas que ele fala eu consigo entender,
outras não faço a menor ideia, só espero que não
seja nenhum xingamento.
— Te quero, Valentina — sussurrou perto
dos meus lábios.
Sinto que ficarei louca, há muito tempo não
me sentia assim, meu corpo praticamente implora
pelo toque de Lorenzo. Parecendo escutar meus
pensamentos, ele afastou minha calcinha e suas
mãos foram de encontro ao meu clitóris, ele
começa a fazer movimentos circulares, a cada
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segundo uma sensação gostosa se faz presente.


Pegando de surpresa, ele me levanta um pouco e
me preenche com dois dedos.
Agora enlouqueço de vez.
Ele começa a movimentar seus dedos até
encontrar o pontinho maravilhoso. Puta merda,
começo a gemer baixinho, tentando ao máximo me
controlar. Quando estava chegando ao ápice, ele
retira os dedos e em um ato extremamente sexy, os
leva até a boca e saboreia o meu sabor. Suas mãos
vão de encontro ao meu rosto e ele me puxa para
um intenso e delicioso beijo, uma mistura deliciosa
de vinho e um toque salgado.
— Scusa, Valentina, mas o seu primeiro
orgasmo precisa ser com meu pau dentro de você.
Dito isso, com uma habilidade impecável,
ele levanta comigo em seu colo e retira sua calça,
levando a cueca junto, dando lugar para seu

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maravilhoso pau. Ele não é muito grande, porém é


grosso e parece bem apetitoso.
Senta, afasta mais minha calcinha e me
preenche maravilhosamente bem, espero alguns
segundos para que meu sexo se acostume com seu
pau, começo a subir e descer lentamente enquanto
ele balbucia algumas palavras, porém não
compreendo.
Suas mãos apertam fortemente minha
cintura, sei que amanhã vai ficar marcado, sinto
minha boceta pulsar, sei que meu orgasmo se
aproxima. Começo a me movimentar com mais
força, percebendo que já estou perto, Lorenzo
começa a se movimentar por baixo de mim.
Caralho!
Eu até tentei, porém foi difícil não gritar
nesse momento.
— Ragazza — Lorenzo fala entre o beijo,
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impedindo assim que escutem mais uma vez os


meus gritos. — Vem, Valentina, se liberte minha
ragazza.
— Lorenzo… — Acho que ouvir sua voz
foi o que faltava para que meu orgasmo chegasse.
— Minha ragazza — Contraio meu sexo
apertando seu pau e sinto seu líquido jorrar dentro
de mim. — Valentina, você me leva a loucura,
como é possível isso acontecer em tão pouco
tempo? — Grudou nossas testas e ficamos um
tempo assim, esperando nossos corpos se
acalmarem.
Eu realmente queria ter a resposta para essa
pergunta, mas também não consigo entender como
em tão pouco tempo ele conseguiu o que nenhum
outro tinha feito, me despertado desejo.
— Agora preciso ir para casa — falo sem o
encarar, agora que a adrenalina passou, a vergonha

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assumiu seu lugar.


Há pouco estava pedindo para transar com
ele. Toma vergonha na cara Valentina, fala meu
subconsciente, que por mais estranho que pareça
tem a voz da minha irmã.
— Nem pensar, Valentina. — Segura meu
rosto com as duas mãos e beija carinhosamente
meus lábios. — Agora nós vamos para meu quarto,
tomaremos um delicioso banho na banheira, depois
iremos para um segundo round, ainda não saciei
todo meu desejo de você, foram duas noites de
sonhos intensos.
Santo Deus, pior que eu também não. Por
mais que minha mente grite para que fuja, meu
corpo queima de paixão, anseio mais e mais por seu
toque, e minha boca saliva para provar o gosto do
seu maravilhoso pau. Pela primeira vez as palavras
da minha irmã fazem sentido, a noite é uma

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criança, e agora quero muito aproveitar.

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Capítulo doze
Lorenzo Bianchi
Caralho, confesso que não estava esperando
uma atitude daquelas vindo da Valentina. Desde o
primeiro momento a imagem que tenho dela, é de
uma mulher frágil e que precisa de cuidados, pude
perceber o quanto se esforçou para mudar. Seu
nervosismo era evidente, por isso que, assim que
terminamos, ela queria sair correndo. Confesso que
olhar para seu rosto envergonhando me deixou com
mais tesão.
Pensei que ela fosse sair correndo, ainda
bem que não o fez.
É possível que ela tenha me enfeitiçado?
Não consigo acreditar em tudo o que
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aconteceu nas últimas horas, confesso que meu


interesse aumentou depois que o babaca do Breno
mandou me afastar. Não me orgulho disso, mas no
final tenho que lhe agradecer, Valentina é uma
mulher e tanto.
Quando me perguntou sobre o sonho, pensei
muito até dizer a parte menos pervertida. Porra,
sonhei com todas as formas e possibilidade de
fodê-la, não consegui tirar da mente a imagem de
sua bundinha empinada, meu desejo era de socar
com tudo naquele rabo delicioso. Tenho certeza de
que se falasse isso ela correria e não era essa minha
vontade.
Quando chegamos ela foi direto para o
banheiro, deixei que tivesse um tempinho a sós. Fui
até a adega e escolhi um dos nossos melhores
vinhos, cheguei no quarto e entrei de surpresa no
banheiro, dessa vez pude ter uma visão privilegiada

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de sua bunda. Não lhe dei tempo para pensar,


prensei-a na parede e tomei seus lábios em um
beijo puramente carnal, hoje vejo que peguei um
pouco pesado, tem algumas manchas vermelhas em
seu pescoço, tenho certeza de que ela vai querer me
matar.

Já acordei tem um bom tempo, mas estou


aqui velando seu sono. Valentina é uma mulher
muito bonita, não sei o que me encanta mais, seus
lindos olhos, a boca carnuda ou o corpo de dar
inveja em qualquer mulher.
Se fosse em outros tempos, já tinha
levantado e a deixado sozinha na cama. Mas mudei
e lembro-me dela ter dito o motivo de não se
envolver, os caras só queriam uma foda e no outro
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dia nem sinal. Não sei muito bem o motivo, mas


quando ela acordar quero que veja que ainda estou
do seu lado.
Minha intenção ao vir para o Brasil era
esquecer os problemas e sair do radar da minha ex-
mulher, não estava nos planos me envolver com
ninguém. Mesmo que fosse apenas casual. Mas
desde o primeiro momento que encontrei Valentina
senti algo diferente, não sei explicar e não sei se
quero uma explicação.
Não seria nada ruim viver uma aventura
com a Valentina, só tenho medo de que ela possa se
machucar e nem em um milhão de anos gostaria
que isso acontecesse.
Meu celular toca, vejo que é uma ligação do
meu primo Enrico, levanto com cuidado para não a
acordar e vou até a varanda, fechando a porta atrás
de mim. Não deu tempo de atender, então retorno a

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chamada, logo nos primeiros toques ele atende:


— Você não vai acreditar no que
aconteceu, Lorenzo. — Surpreendo-me ao escutar a
voz da Antonella.
— Oi, Nella — falo com delicadeza. —
Aconteceu alguma coisa com o Enrico? Por que
está me ligando do celular dele?
Enrico é como um irmão para mim, durante
nossa adolescência sempre nos perguntaram se
éramos irmãos, estávamos sempre juntos nas festas
e aprontando todas em Vicenza, nossos pais
tiveram um pouco de trabalho conosco. Todos
achavam que não iriamos prestar, seriamos aqueles
playboys que vivem às custas do dinheiro dos pais.
Quando entrei na faculdade, digamos que
tomei um choque de realidade e parei com as
saídas, passei a me comportar, meu pai sempre me
disse que eu seria dono de nossos negócios, não

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poderia ficar o tempo inteiro de curtição.


— Aquela benção está bem, liguei do
celular dele porque o meu descarregou — explica,
agora mais calma. — Você não vai acreditar no que
a Maluca da sua ex aprontou, ela subornou sua
secretária para descobrir seu paradeiro.
Dio Santo! Fui bem claro com todos,
somente aqueles que eu confiava sabiam do meu
paradeiro. Não posso acreditar que Pietra foi capaz
disso, ela já trabalha comigo há quase oito anos,
tem um bom salário e regalias na empresa, não é
possível que tenha se deixado contaminar pela
Isabela.
— Droga, Antonella, como vocês deixaram
isso acontecer? — perguntei, irritado.
— Você queria que a gente fizesse o quê,
Lorenzo? — grita do outro lado da linha. — Eu
sempre disse que Pietra não era uma pessoa

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confiável, estava na cara que ela sempre foi a fim


de você, então ela achou um jeito de te ferrar.
— E como descobriram isso?
Pensei que meu paradeiro fosse durar mais
tempo, Pietra vai ter que se entender comigo.
Antonella sempre me alertou sobre ela, mas na
minha cabeça era ciúmes, já que também era
secretária do Enrico.
— Deixamos um homem na cola dela, sei
que você disse que não era para tanto, mas meu
sexto sentido dizia que algo aconteceria e você sabe
que ele nunca falha. — Pior que é verdade, as vezes
isso até me assusta. — Ele a viu almoçando com
Pietra naquele restaurante perto da empresa, logo
depois ela comprou uma passagem para o Brasil.
Soquei a mesa, não sou fã de violência, mas
nesse momento bem que aceitaria que Antonella
desse os tapas que tanto ameaçou na Isabela. Não

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acredito que vou ter que fugir mais uma vez, não
quero dar esse gostinho para ela.
— O que vai fazer agora? — fala depois de
um tempo em silêncio.
— Não sei Antonella, não vou sair daqui
fugido. Não devo nada a ninguém, essa
desequilibrada não vai me tirar do sério, não agora.
— Por que não volta para a Itália?
Voltar para a Itália?
Nesse momento não é uma coisa que quero,
acabei de me estabilizar, não tenho nem uma
semana na cidade. Quero desfrutar um pouco mais
de Monte Belo do Sul e ainda tem Valentina, estou
gostando de conhecê-la, ir embora agora com
certeza está fora de cogitação.
— Não vou lhe dar esse gostinho,
Antonella. Se ela aparecer por aqui, vou fazer
questão de mandá-la embora.
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Levei mais alguns minutos conversando


com ela, fora esse pequeno contratempo, as coisas
estão seguindo numa boa. Meus primos estão
fazendo um bom trabalho na empresa e isso me
deixa muito feliz. Não queria ter que sair daqui
correndo para resolver algum problema causado
por eles, principalmente os gêmeos... Pietro e
Paollo.
Deixo o celular na bancada e entro, não vejo
Valentina na cama, vou para o banheiro e nenhum
sinal dela também. Droga, fiquei tanto tempo no
telefone que esqueci da bambina. Saio do quarto e
desço as escadas correndo na tentativa de encontrá-
la ainda na casa. Merda, definitivamente ele foi
embora. Cazzo, ela tanto falou que não gostava da
ideia de ser abandonada na manhã seguinte, difícil
de acreditar que ela fez a mesma coisa.
Será que ela não viu que eu estava na

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varanda?
Droga, Valentina, ela deve estar pensando
que eu saí e a deixei sozinha. Mas como faria isso
se estávamos na minha casa?
Poderia facilmente lhe mandar uma
mensagem, porém mais uma vez esqueci de pedir
seu telefone.
Parabéns Lorenzo, você é um completo
babaca.
Subo as escadas e entro no meu quarto,
preciso tomar uma ducha rápido. Bernardo mandou
mensagem dizendo que passaria aqui em trinta
minutos para nossa reunião, ainda preciso falar com
meu amigo que demiti seu irmão, espero que ele
não fique chateado, mas não posso deixar aquela
babaca na minha empresa, ele não vai receber meu
dinheiro no final do mês.
Pedi para que Flavia preparasse meu café da
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manhã e levasse para mim no escritório, pego o


tablet e confiro alguns e-mails, um deles era de
Enrico perguntando se eu tinha indicação para uma
nova secretária. Dei carta branca para contratar,
agora não tenho cabeça para pensar nessas coisas.
Respondi alguns e-mails de clientes pedindo
orçamentos, outros encaminhei para os meus
primos.
Não consigo parar de pensar na Valentina,
preciso arrumar uma forma de falar com ela. Sei
que tudo se resolveria se eu pedisse o número dela
para Bernardo, mas queria que fosse mais do que
um simples sms.
Já sei, dou uma olhada no Google e
encontro uma floricultura, nenhuma mulher resiste
a um buquê de flores, é isso que vou fazer.
Confirmo o endereço da Doceria Mello’s, pronto,
agora não tem erro. Espero que ela goste de rosas e

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do meu pedido de desculpas, mesmo não tendo


razão para me desculpar, já que ela correu mais
uma vez.
Agora vou me concentrar nos negócios,
tenho que colocar muita coisa em ordem. Ainda
quero fazer uma visitinha a fazenda que fica aqui
próximo, quem sabe a ragazza Valentina não me
acompanha nessa pequena excussão.
Seria um grande prazer desfrutar da
companhia da sexy e delicada Valentina e dessa
vez ela não vai fugir, nem que eu tenha que amará-
la na cama.

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Capítulo treze
Lorenzo Bianchi
Agora não tenho mais como adiar esse
assunto, já temos cerca de duas horas resolvendo
todas as pendências, confesso que durou mais
tempo do que pude imaginar. Tem muita coisa que
ainda preciso entender sobre o funcionamento da
vinícola, mas com o tempo colocarei as dicas do
Bernardo em prática.
Tentei me concentrar, mas Valentina não
saía de meus pensamentos, quero saber se ela
recebeu meu buquê, a vendedora disse que em meia
hora já estaria em suas mãos. Talvez isso seja um
livramento, eu não saí de um problema para entrar
em outro. Gostei de Valentina, mas essa mania que

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ela tem de sair correndo não me parece ser atitude


correta de uma mulher de mais de trinta anos. Sim,
eu vi sua idade quando olhei suas redes sociais.
Também vi que tinha uma foto com seu
falecido marido, tenho que admitir, eles formavam
um belo casal. Outra coisa que é difícil de entender
é o motivo dela ter ficado sozinha esse tempo todo,
está na cara que Breno é louco por ela.
Será que eles realmente não tiveram nada?
Não acredito que eles não tiveram nada,
Breno me pareceu bem convincente quando pediu,
ou melhor, ordenou que eu me afastasse da
Valentina. Ainda não engoli essa sua atitude, minha
vontade era de quebrar sua cara. Quem ele pensa
que é para falar comigo daquele jeito? Minha
vontade nesse momento era de encontrar com ele,
faria questão de me glorificar de ter passado a noite
com a ragazza Valentina.

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— Terra chamando Lorenzo. — Bernardo


estala os dedos, chamando minha atenção.
É disso que não precisava no momento,
uma mulher para tirar meu foco e concentração.
Mas Valentina é diferente, ela tem um imã que me
atrai até ela.
— Scusa, acabei viajando por um momento.
— Acho graça da situação, não posso lhe dizer que
estou pensando em sua cunhada.
— Você disse que queria conversar um
assunto comigo? — Olha com seriedade.
Quero quebrar a cara do seu irmão, ele
nunca deveria ter sido tão babaca comigo. Ainda
teve a cara de pau de mandar que eu me afastasse
de Valentina, é ou não ousadia daquele idiota?
Penso, mas não falo para o meu amigo.
— Eu demiti seu irmão. — Espero para ver
qual será sua reação, mas meu amigo não esboça
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nenhuma. — Você não vai falar nada?


— Bah, o que você quer que eu fale,
Lorenzo? — Levanta-se e se serve de um copo de
água. — Eu cansei de passar a mão na cabeça do
meu irmão, naquele dia que ele lhe faltou com
respeito foi o cúmulo do absurdo, enquanto ele não
sabia que você era o chefe, até que podíamos
relevar. Mas ele continuou com a palhaçada, não
posso pedir que você mantenha o emprego dele.
— Que bom que não ficou chateado,
Bernardo. — Respiro aliviado, devo muito a ele,
não gostaria que nos desentendêssemos por causa
de seu irmão. — Fiquei com receio de que você se
chateasse ou ofendesse.
— Capaz, Breno já é bem grandinho, ele
que arque com as consequências de seus atos.
Será que falo que ele me ameaçou? Acho
que não, é melhor deixar isso quieto, não acredito

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que ele coloque suas ameaças em prática.


Conversamos por mais alguns minutos até
que meu amigo disse que precisava resolver
algumas coisas no estoque. Ele tem carta branca,
então não preciso opinar em nada. Saiu e fiquei
mais um tempinho no escritório, me servi de uma
dose de conhaque com gelo e Valentina mais uma
vez povoou meus pensamentos.
Dessa vez, seus gemidos de prazer não me
deixavam em paz, fechei os olhos e pude sentir
seus lábios em volta do meu pau, ela chupava com
gosto, parecia estar desfrutando de seu sorvete
predileto, sem que eu pudesse raciocinar direito,
minhas mãos foram direto para minha calça,
desafivelei o cinto e coloquei minhas mãos por
dentro da cueca, trazendo meu pau para fora.
Só de lembrar de seus gemidos já me
encontro duro igual pedra, minha mão vai de

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imediato para o meu pau. Com a mão direita


começo um vai e vem gostoso, os gemidos de
Valentina se tornam mais presentes em minha
mente, impulsiono mais os movimentos ao redor do
meu pau.
— Aaaaah, ragazza.
Sua boquinha agora está em volta da cabeça
do meu pau, sua língua nervosa começa a passear
por toda extremidade, ao mesmo tempo que meus
movimentos ficam mais intensos. Sinto que estou
perto de gozar, o ápice é a imagem da carinha de
prazer da Valentina, ela se entregou sem ressalvas
ou medos, era disso que eu precisava para gozar
forte e gostoso.
Levanto e vou até o banheiro me recompor,
lavo minha mão e meu pau que estavam sujas de
esperma. Eu não costumo recorrer as minhas mãos,
mas se não fizesse iria enlouquecer. Queria saber

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como uma pessoa pode mexer tanto com outra em


tão pouco tempo. Se ela não fosse embora, eu teria
tempo para saciar mais uma vez meu desejo por
ela. Quanto mais eu a tenho, mais quero desfrutar
de seu corpo quente.

Caralho! Hoje é melhor ninguém me encher


a paciência, faz uma semana que mandei as flores
para Valentina. No bilhete tinha um pedido de
desculpas e meu número de telefone pessoal, pensei
que ela fosse pelo menos me mandar uma
mensagem dizendo que estava bem. Sei que foi
apenas uma foda, mas porra, não queria que as
coisas fossem desse jeito. Não posso acreditar que
ela não sinta vontade de repetir a dose.
Queria entender o que está acontecendo
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comigo, essa mulher só pode ser alguma bruxa,


mexeu comigo de uma maneira que não sei
explicar. Todos os dias, durante essa semana, ela
atormentou meus pensamentos seja no meio de uma
reunião ou até mesmo em meus sonhos. Aquela
ragazza atrevida não perde por esperar, ninguém
deixa Lorenzo Bianchi esperando!
— Lorenzo — Flavia entra depois de bater
na porta do meu escritório —, chegou essa
encomenda direcionada a você.
— E quem é o remetente? — Pergunto
antes de pegar o pacote de suas mãos.
— Não tem, um rapaz entregou agora cedo,
mas como você estava ocupado achei melhor
esperar para lhe entregar — explica e me entrega o
pacote.
Ela se retira e fico olhando para o pacote em
minhas mãos, a curiosidade de saber o que tem

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dentro é enorme, mas e se Isabela me achou e quer


me mostrar isso?
Se eu não abrir não saberei o que tem
dentro, coloco sobre minha mesa e rasgo com
calma o papel que cobre a embalagem, uma
caixinha azul se faz presente, logo reconheço o
logo da Doceria Mello’s. Abro e me deparo com
seis doces devidamente arrumados, junto com a
caixinha veio um bilhete, abro e tenho uma grata
surpresa.
Lorenzo,
Me perdoe por ter fugido de sua casa. Percebi que
você estava na varanda, mas o medo de ser
rejeitada na manhã seguinte foi maior que meus
bons modos. Não iria saber como agir, talvez esse
seja o meu maior problema. Sei que deveria ter lhe
mandado uma mensagem, mas também fiquei com
receio. Como sei que ninguém resiste aos meus

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doces, encontrei neles uma forma de me desculpar.


Se ainda quiser me encontrar, te espero na minha
casa hoje à noite.
Já li e reli esse bilhete umas dez vezes,
ainda sem acreditar nas palavras contidas nele. Eu
sei que a Valentina não é igual as outras mulheres,
só não tinha noção do quanto ela é insegura. Passei
esses dias em um inferno, poderia ter ido até a
doceria, mas fiquei com medo de que ela me
colocasse para correr. Agora, ela inventa de mandar
esse pedido de desculpas, não sei o que pensar, pelo
visto Valentina é mais complicada do que imaginei.
Tenho que me perguntar: estou preparado
para embarcar nessa aventura turbulenta?

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Capítulo quatorze
Valentina Mello
— Para de encher o meu saco, Sophia!
Tomo minha chave de sua mão e fecho
minha porta em sua cara. Já não aguento mais ela
enchendo minha paciência, porra, desde o dia que
recebi as flores de Lorenzo ela não para de falar no
pé do meu ouvido. Antes falava que precisava
arrumar um homem para tirar meu atraso, agora
vive falando que fui uma idiota por fugir do
Lorenzo.
Tá, eu sei que mais uma vez agi como uma
idiota.
Também sei que estou parecendo uma
adolescente.
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Mas o que eu posso fazer? Essa mania


acaba se tornando mais forte que eu.
Não sabia o que fazer, quando acordei e
percebi onde estava, lembranças da noite anterior
se fizeram presentes em minha mente, Lorenzo me
beijando, suas mãos grossas passeando pelo corpo.
Imediatamente senti minhas bochechas
esquentarem, olhei para a varanda e o vi sem
camisa falando ao telefone. Na ponta dos pés catei
minhas roupas que estavam jogadas pelo quarto,
peguei minha bolsa e saí correndo de seu quarto.
Desci as escadas rezando para que não cruzasse
com nenhum funcionário, principalmente com
Flavia.
O certo a se fazer seria lhe mandar uma
mensagem. Confesso que me surpreendi com as
flores, ele não me parece ser esse tipo de cara.
Durante essa semana ele me atormentou, não teve

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uma noite em que não sonhasse com seus lábios


passeando pelo meu corpo.
Não o procurei por vergonha... vergonha de
ter agido como uma adolescente, de ter lhe
abandonado por duas vezes. Poderia ter ficado e
aproveitado por mais algumas horas, mas um imã
me puxava para fora daquela casa, só segui meus
instintos.
Sophia claramente não me deixou em paz
uma única vez, não iria lhe contar o que aconteceu,
mas ela que recebeu as flores e como é uma pessoa
curiosa, leu o bilhete. Precisei lhe contar tudo, sabia
que se omitisse alguma coisa seria pior. Desde
então ela virou minha sombra, nem os doces têm
me trazido a paz que tanto almejava. Por alguns
momentos pensei em sair correndo e lhe fazer uma
visita, mas rapidamente mudava de ideia.
Agora estou na cozinha pensando no que

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preparar para comer, hoje resolvi sair mais cedo da


loja, não estava a fim de ficar com a Sophia me
enchendo. Meus planos se resumem a minha cama,
fondue de chocolate e uma boa série na Netflix,
hoje os termômetros marcam menos seis graus, ou
seja, um frio dos infernos.
Com o fondue preparado, dei início aos
preparos do meu arroz carreteiro, hoje me deu
vontade de comer comida fresca, nada de enlatados.
Com tudo pronto, posso tomar um bom banho
quente, minhas mãos estão congeladas nesse
momento.
Tomo um banho bem quente e decido vestir
meu velho e básico moletom preto, uma meia
branca completa meu look. No frio só preciso me
sentir quentinha não importa quão bizarra seja
minhas combinações de roupas.
Preparo a mesa e guardo o fondue no forno

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para manter a temperatura estável. Sento-me e me


sirvo com um pouco de arroz, quando ia dar a
primeira garfada, escuto alguém bater na porta. Não
acredito que Sophia vai me encher a paciência uma
hora dessas.
— Não acredito que você vai me encher o
saco uma... — Paro em choque, assim que abro a
porta e dou de cara com Lorenzo.
— Minha intenção não é encher seu saco,
bambina. — Um sorriso iluminado se faz presente
em seu rosto.
— Desculpa, Lorenzo. — Passo a mão pelo
meu cabelo, tentando disfarçar meu nervosismo. —
Pensei que fosse a minha irmã, você sabe o quanto
ela é chata.
— Percebi que suas palavras não eram
dirigidas a mim, pode ficar tranquila. — Seus olhos
percorrem o meu corpo de cima a baixo. —

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Esqueceu que tínhamos um compromisso?


— Compromisso? — pergunto um pouco
confusa.
Tenho certeza que não marquei nada com
ele. Me veio à mente que Sophia pegou uma caixa
de doces hoje cedo, quando lhe perguntei para
quem eram, desconversou. Espero que não tenha
feito o que estou pensando.
— Não foi você, né? — pergunta, com um
sorriso fraco. — Eu deveria saber, aquele bilhete
não condizia com a mulher que saiu correndo de
minha casa, desculpa pelo incomodo Valentina.
Ele se vira e começa a se afastar, droga,
pensa Valentina! Você vai deixar as coisas
terminarem desse jeito mais uma vez?
Vai agir que nem uma boba ou vai mostrar a
mulher que você é?
Por impulso vou até ele e o puxo pela mão,
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ele olha para trás sem entender nada. Ficamos um


tempo em silêncio, acho que só era possível escutar
as batidas frenéticas do meu coração.
— Não sei o que está acontecendo, mas
dessa vez não posso fugir. — Ele me olha confuso,
em seu lugar faria a mesma coisa. — Nesse
momento não saberia lhe explicar o que se passa na
minha mente, só sei que não quero que você vá
embora. Quer jantar comigo?
Segundos, minutos, na verdade não sei
quanto tempo se passou, ficamos nos encarando e
estava ansiosa para saber sua resposta, até que sou
pega de surpresa com um beijo. Seus lábios se
chocam com os meus, suas mãos me apertam
contra seu corpo, minhas mãos vão para seu cabelo,
onde os puxo, fazendo com que ele aprofunde
nosso beijo. Sua língua começa a fazer uma dança
sensual em minha boca, seguindo os meus instintos,

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sugo-a, fazendo com que ele solte um pequeno


gemido, me deixando completamente louca.
Sem nos separarmos, ele me arrasta para
dentro do meu apartamento, empurrando com o pé
a porta atrás de si. Prensa meu corpo na parede e
me beija com mais intensidade, suas mãos vão para
dentro do meu moletom, onde ele começa a
massagear meus seios por cima do sutiã. Prendo
minhas pernas em sua cintura, ele me carrega e me
joga no sofá. Por cima, começa a beijar meu
pescoço, sinto minha pele inteira se arrepiar.
Coloco minhas mãos por dentro de sua camisa
social, posso sentir com maestria seus músculos
tonificados.
Retiro sua camisa jogando-a longe, agora
tenho uma visão privilegiada. Com uma pressa
absurda, levanta e retira a calça ficando apenas de
cueca. Volta sua atenção para mim, retira

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completamente meu moletom me deixando apenas


de calcinha e sutiã. Volta a atacar meus lábios,
tenho certeza de que amanhã ficarão vermelhos.
Ele abandona minha boca e pequenos beijos são
depositados nos meus seios e barriga até que ele
chega entre as minhas pernas.
Retira minha calcinha e me dirige um
sorriso safado, com uma calmaria que já está me
deixando nos nervos, cai de boca em minha boceta.
Sua língua começa a passear por meu clitóris,
fazendo com que meu corpo inteiro se contorça, por
um instante ele abandona meu monte e passa a
depositar pequenas mordidas em minha coxa. Com
a ponta da língua ela vai fazendo uma trilha até
chegar novamente no vão das minhas pernas. Ele
intensifica as chupadas, fazendo com que eu não
consiga controlar meus gemidos que nesse
momento está cada vez mais alto.

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— Aaaaaaaaaah, Lorenzo. — Empurro sua


cabeça para friccionar mais minha intimidade, para
que ele intensifique seus movimentos.
Estava quase gozando quando ele parou do
nada, resmunguei e em troca obtive a seguinte
resposta:
— Ragazza, isso é para você aprender que
não deve fugir de mim — fala enquanto limpa o
canto da boca, em um ato extremamente sexy, leva
o dedo aos lábios.
— Não acredito que você vai me deixar
desse jeito, Lorenzo. — Bufo irritada.
Merda! Ele brincou direitinho comigo, não
acredito que me mostrou o doce e agora quer tirar
da boca da criança.
— Fica quieta, ragazza.
Sem que espere, ele me segura pela cintura
e me coloca de quatro no sofá. Pegando de
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surpresa, me penetra fundo, a princípio deixei que


meu corpo se acostumasse, já que tínhamos sido
pegos de surpresa. Ele começa a se movimentar
cada vez mais forte e começa a balbuciar algumas
palavras em italiano que não entendo.
— Valentina, me promete uma coisa —
sussurra próximo ao meu ouvido.
— Sim — murmuro com um pouco de
dificuldade.
Nesse momento só consigo sentir seu
delicioso pau dentro de mim, tento me controlar
para não gemer tão alto, mesmo sabendo que a
possibilidade de alguém ouvir é nula. Não estava
preparada para ver Lorenzo essa noite, minha
aparência era de alguém que ficaria em casa
assistindo uma serie, não de quem está sendo
deliciosamente fodida no sofá de casa.
— Que você vai parar de fugir de mim, não

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é possível que você não perceba essa química forte


entre nós. Bambina, desde nosso primeiro encontro
que não paro de pensar em você, a noite que
passamos juntos foi maravilhosa, fiquei puto da
vida quando você saiu praticamente fugida da
minha casa — fala, mas em nenhum momento
deixa de se movimentar, o que torna difícil
qualquer raciocínio da minha parte.
— Não posso lhe prometer isso, sei que vou
sair correndo em outros momentos. — Ele não diz
uma palavra, enrola meus cabelos em sua mão e
começa a me estocar com mais força, sinto meu
orgasmo se aproximando, o que faz com que grite
mais alto.
— Bambina, sua sorte é que você é muito
gostosa — fala em um sussurro. — Não imagina o
quanto imaginei esse momento, te comer e ter uma
bela visão dessa bundinha deliciosa.

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Uma, duas, três estocadas foram o


suficiente para que me entregasse ao orgasmo
delicioso, logo em seguida sinto o líquido quente
ser jogado em minha bunda.
— Vi auguro tanto, Valentina. — Deita no
chão e me puxa para seu peito.
— O que isso quer dizer? — pergunto
enquanto meus dedos passeiam por seu peito.
— Te desejo tanto — responde fixando os
olhos nos meus —, não sei explicar esse desejo
louco que você me desperta, queria entender que
bruxaria é essa.
— A mesma bruxaria que você fez comigo,
Lorenzo. — Resolvo abrir logo o jogo de uma vez
por todas. — Sinto uma vontade absurda de estar
em seus braços ao mesmo tempo quero correr para
o mais longe possível. Por isso que toda que vez
que estamos juntos, acabo fugindo.

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— E agora, como vai fugir de sua própria


casa? — ele solta uma gargalhada deliciosa. — Eu
também não sei explicar — assume uma posição
seria novamente —, você me atrai de uma maneira
que não entendo, só sei que quero desvendar todos
os mistérios da senhorita Valentina Mello.
— Eu não tenho nenhum mistério, sou
apenas uma mulher insegura que as vezes deixa o
medo guiar suas decisões. — Enterro a cabeça em
seu pescoço.
— Me promete que não vai fugir? —
Segura meu rosto com as duas mãos. — Isso tudo é
estranho para mim também, confesso que não sei o
que faremos, só sei que quero você Valentina.
Nem em um milhão de anos me imaginaria
nessa situação, um homem lindo, poderoso e tudo
de bom dizendo na minha cara que me quer. Tenho
duas opções, sair correndo e procurar abrigo na

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casa da minha irmã ou aceitar meus sentimentos e


viver o momento.
Valentina, está na hora de viver.
Ele não está lhe pedindo em casamento,
apenas uma chance de se curtirem. Será que
consigo aproveitar o momento sem me apaixonar?
E a resposta é meio óbvia, talvez seja tarde demais,
não sei como e nem quando, só sei que estou
apaixonada por ele. Sei que posso sair machucada
de toda essa situação, mas pela primeira vez estou
disposta a tentar.
— Sim, Lorenzo, prometo. — Ele me
coloca por cima e me beija, dessa vez um beijo
calmo e delicado.
Permito-me aproveitar o momento, me
entrego por inteira em apenas um beijo. Suas mãos
apertam minha cintura, confesso que um pouco
forte demais. Estou cansada de ficar correndo,

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agora só desejo sentir Lorenzo dentro de mim.


É, pensando bem, acho que já estamos mais
que prontos para um segundo round, só espero que
depois disso o estrago no meu coração não seja
muito grande.

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Capítulo quinze
Valentina Mello
Não tenho palavras para descrever a noite
que passei com Lorenzo, pensei que nossa primeira
vez tinha sido intensa, ou até mesmo nosso sexo no
sofá da minha sala. Mas estava muito enganada,
abrimos uma garrafa de vinho e aproveitamos o
fondue que tinha preparado, nunca pensei que um
ato tão simples pudesse se tornar puramente
sensual.
— Ragazza, acabei de descobrir minha
combinação predileta.
Pega uma uva, mergulha no chocolate e
coloca na minha boca, acabou escorrendo um
pouco pelos meus lábios indo parar no meu queixo.

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Ele se aproxima e com a ponta da língua vai


subindo por uma trilha de chocolate, até que
finalmente chega em minha boca. Explora cada
cantinho, suga minha língua e deixa pequenas
mordidas em meus lábios, encerrando o beijo.
— Valentina mais chocolate é igual minha
combinação predileta. — Morde os lábios em um
ato extremamente sexy.
— Sabe qual minha combinação predileta?
— Ele acena que não.
Empurro para que deite no chão, pego um
pouco de chocolate e vejo se não está quente, para
o que quero fazer a ele, precisa estar frio. Abaixo
sua cueca e ele já me olha com um sorriso
encantador, lambuzo todo seu pau e começo a
chupar com gosto, faço questão de explorar toda
sua extensão.
Só de lembra o que fizemos ontem à noite já

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sinto um formigamento no ventre, tinha esquecido


o quanto sexo poderia ser prazeroso. Já são oito da
manhã, estou morrendo de vontade de fazer xixi,
mas ainda não tive coragem de levantar, Lorenzo
dorme tranquilamente com a cabeça em meu peito
e as mãos em minha cintura. Acho que ele ficou
com medo de que fugisse, pois está me apertando
além da conta. Não posso culpá-lo por isso,
digamos que tenho um histórico nada agradável.
Santo Deus, se ele me apertar mais um
pouquinho faço xixi na cama. Não aguento mais,
vou precisar tirar seu conforto. Com cuidado retiro
sua cabeça do meu peito e aos poucos suas mãos.
Levanto da cama em um pulo, só escuto os
resmungos dele.
Ufa, agora me sinto bem.
— Que susto você me deu, Valentina —
Lorenzo fala assim que apareço em sua visão. Seus

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cabelos estão emaranhados, seu peito nu está com


marcas de uma noite bem aproveitada. — Você
saiu correndo, por quê? Não sou tão feio assim.
Olhando para sua aparência, lembro que a
minha não deve estar diferente. Não lhe digo uma
palavra, corro para o banheiro e quase caio para
trás, meus cabelos estão uma bagunça, minha cara
toda amassada e o bafo matinal nem se fala. Escovo
os dentes e resolvo tomar logo um banho. Lorenzo
entra e foi inevitável não perceber o volume em sua
cueca, ela me pergunta se tenho uma escova extra,
aponto para o armário e me concentro no meu
banho.
Essa situação está me parecendo um pouco
estranha, agradável, não posso negar, mas ainda
assim estranha. Nós dois juntos no banheiro da
minha casa, essa naturalidade que há muito tempo
não vivenciava. Dessa vez não fugi, estou me

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sentindo bem com tudo que aconteceu e pode


acontecer entre nós.
— Bom dia. — Lorenzo se aproxima e beija
meus lábios, me pegando totalmente de surpresa, já
que não tinha percebido sua entrada. — Posso saber
por que fugiu de mim?
— Bom dia, italiano. — Ele sorri com o
apelido. — Da primeira vez é porque eu estava
muito apertada, se ficasse mais tempo na cama faria
xixi nela. E a segunda, quando você falou que não
era feio, lembrei da minha aparência, não poderia
deixar você me ver daquele jeito.
— Bambina, você é linda de qualquer jeito.
— Sua mão corre pelo meu rosto — Mesmo
estando com os cabelos e o rosto sujo de baba.
— Baba? — pergunto assustada, esfregando
meu rosto. — Eu tenho certeza de que não babo,
você deve ter visto coisas.

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— Bobinha, estou brincando com você. —


Vira-me de costas e circula o braço em minha
cintura. — Fiquei muito feliz quando acordei e
você não tinha fugido, confesso que demorei a
pegar no sono por causa disso.
— Percebi. — Solto-me de seus braços e
viro, circulando meus braços em seu pescoço. —
Digamos que você estava me apertando muito,
imaginei que era esse o motivo.
Beijo seus lábios.
Já estava preparada para me perder em seu
corpo quando algum ser inconveniente começou a
bater na porta. Aposto o que quiser que é a Sophia,
vou bem lhe dizer poucas e boas, Lorenzo me
contou dos doces e o bilhete, ele disse que percebeu
que tinha algo errado assim que chegou e viu minha
cara de surpresa. Já está na hora da minha irmã
parar de se meter na minha vida.

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Vesti-me rapidamente e segui para abrir a


porta, como disse, nenhuma surpresa ao ver Sophia.
— Bom dia, irmãzinha. — Entra toda
animada, sabendo que aprontou comigo. — Dormiu
bem?
— Pode ir parando, Sophia. — Faço
questão de cortar logo sua animação. — Deveria
passar o relho em você, já não pedi para parar de se
meter em minha vida? Onde você estava com a
cabeça ao enviar aquele bilhete para Lorenzo?
— Bah, você sabe que eu só quero te ajudar,
Valentina. Você já ficou muito tempo sozinha,
agora aparece um homem lindo, poderoso e que
está a fim de você. O que a senhorita faz? Corre,
então não me censure por querer o seu bem —
choraminga, sei que isso é só estratégia para não
brigar com ela.
— Mas você precisa entender uma coisa, a

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minha felicidade está em minhas mãos, só eu tenho


o poder de decidir o que é melhor para mim. —
Vou até ela e lhe abraço. — É melhor você largar
de mão, minha vida é muito complicada, quando
outra pessoa se mete fica pior ainda.
De repente, ela para antes de falar, seus
olhos estão direcionados para a porta do meu
quarto, onde tenho certeza de que ela viu o
Lorenzo. Merda, esqueci de pedir para que ele não
aparecesse, agora meu discurso perde toda a
validade, já que está óbvio que passei a noite com
ele e foi graças a minha irmã.
Eu poderia muito bem lhe agradecer por
isso, já que graças a seus pitacos tive o prazer de
desfrutar da companhia do Lorenzo. Mas não farei
isso, não a quero contando vitória por aí.
— Vaca — exclama em choque —, você
está me dando todo esse sermão depois de ter

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passado a noite com ele? Agora eu deveria lhe dar


uma surra.
— Bom dia, ragazza Sophia.
Lorenzo passa por mim e o cheiro do meu
sabonete invade minhas narinas, seus cabelos estão
bagunçados e molhados, típico de quem acabou de
sair do banho. Para piorar a situação, ele está sem
camisa e com algumas gotinhas de águas em suas
costas.
Olho para minha irmã e foi impossível não
rir, Sophia está simplesmente de boca aberta. Não
vou lhe culpar, Lorenzo é um homem esculpido por
Deus, sua beleza deixa qualquer mulher de queixo
caído. Não sei do que gosto mais, sua barba que
quando ele está entre minhas pernas me causam
arrepios deliciosos, seus olhos hipnotizantes e que
me fascinam, ou até mesmo esse furinho
extremamente sexy no queixo.

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— Estou atrapalhando alguma coisa? —


pergunta todo preocupado, e aqui fico eu, babando
por esse homem. — Posso ir embora se quiserem.
— Pode ficar tranquilo, Lorenzo — minha
irmã fala depois de se recuperar do choque. Queria
ver se Bernardo visse uma coisa dessas, tenho
certeza de que estaria ferrada. — Vou deixar vocês
terminarem o que começaram, mais tarde falo com
minha querida irmã.
Vai até o Lorenzo e o cumprimente com um
beijo no rosto, se aproxima de mim e fala próximo
ao meu ouvido:
— Depois quero saber de tudo, nem adianta
tentar correr ou até mesmo me evitar. Se não fosse
por mim, você não estaria desfrutando do seu
parque de diversões predileto. — Sinto minhas
bochechas esquentarem instantaneamente. —
Tchau, Lorenzo.

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Dito isso, ela se retira e bate à porta atrás de


si. Olho para Lorenzo e ele está encostado na
pilastra e com um enorme sorriso nos lábios. Faço
o mesmo que ele, encosto na pilastra a sua frente e
ficamos assim, nos encarando. E mais uma vez
aquele olhar enigmático se torna presente, queria
tanto poder decifrá-lo. Quando estamos na cama só
consigo enxergar desejo em seus olhos, um
sentimento que também compartilho. Quanto mais
ficamos, mais quero estar em seus braços.
— Ti ho detto quanto sei bella[4]?
— Oi? — Olho para ele confusa, as vezes
acho que dá um bug em seu cérebro e ele começa a
falar italiano. — Já disse para você parar de falar
italiano, me deixa confusa.
Rimos com minha última frase, tem horas
que ele faz uma verdadeira salada de idiomas, não
dá para compreender.

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— Scusa [5]— ele se aproxima e sussurra em


meu ouvido: — Já te disse o quanto você é linda?
— Acho que hoje ainda não, italiano — falo
e começo a rir.
— Então não seja por isso — Puxa-me pela
cintura, colando nossos corpos. — Você é uma
mulher muito linda, seu jeito de agir, seu modo de
ser. Acho que no fundo você é uma menina mulher,
e sinto um enorme desejo de decifrar e saber o que
me espera.
Pegando de surpresa, ele cola nossos lábios,
fecho os olhos e me entrego ao momento. Dessa
vez não tem o sabor costumeiro de vinho, mas tem
gosto de menta e Lorenzo, um sabor totalmente
novo e que já sei que vou me viciar. O beijo foi
rápido, mas com uma intensidade ímpar.
— Preciso ir, Valentina. — Beija minha
testa. — Daqui há quarenta minutos tenho uma
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reunião de vídeo com os meus primos.


— Mas você nem tomou café — resmungo
com a cabeça encostada em seu peito.
— Pode apostar que não faltarão
oportunidades. — Arrasta-me para o sofá, senta-se
e me coloca em seu colo. — Só não venho essa
noite, pois escutei bem quando sua irmã disse que
iria te esperar
Ele me segura pela nuca e aprofunda o
beijo, sinto o volume em sua calça, isso me deixa
ainda mais excitada. Queria parar, mas o desejo é
mais forte que eu, começo a me remexer em seu
colo, minhas mãos vão para suas costas, onde
começo a arranhá-las com minhas unhas. Mordo a
ponta dos seus lábios, isso foi o suficiente para que
ele me jogasse no sofá e ficasse por cima,
prendendo meu corpo ao seu. Ele começa a beijar e
chupar meu pescoço ao mesmo tempo que deixa

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pequenas mordidas no lóbulo da minha orelha.


Quando ele se preparava para retirar minha
roupa, escutamos o barulho do seu celular. Dei um
pulo do sofá, não sei como, mas consegui derrubar
um homem com o tamanho do Lorenzo.
— Lorenzo, agora você só tem vinte
minutos para chegar em casa. — Lorenzo está no
chão se acabando de rir, confesso que não faço a
menor ideia do motivo, mas me sinto contagiada
com sua energia.
— Ragazza, você quase acertou minha cara
— fala depois de um ataque de risos.
— E isso é motivo para você rir? —
pergunto confusa.
— Não, mas sua cara foi a melhor de todas.
Você é muito espontânea e isso me encanta muito
em você.
— Bobo — pego sua camisa e bato com ela
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em seu ombro —, agora é melhor você ir, não


quero que se atrase por minha causa. Me manda
uma mensagem quando chegar em casa.
— Pode deixar, agora tenho seu número —
beija meus lábios —, não vou te deixar em paz.
Despedimo-nos com a promessa de sairmos
para almoçar amanhã, ele me fez prometer que iria,
e eu o fiz tranquilamente. Não sinto mais a
necessidade de fugir, quero aproveitar cada
segundo ao seu lado, mesmo que isso seja uma
bomba relógio para o meu coração.

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Capítulo dezesseis
Lorenzo Bianchi
Se soubesse que teria ótimos momentos no
Brasil, com certeza teria vindo muito antes. Ainda
não sei decifrar o que estou sentindo, mas sei que
estou em um dos meus melhores momentos. Recebi
um boquete de uma completa estranha e passei a
noite com uma bambina excepcional. Confesso que
se a Valentina fugisse de novo, desistiria dela de
vez, deixaria que o babaca do Breno ganhasse.
Ainda bem que ela não o fez, desfrutar de
seu corpo foi inacreditável. Por muitas noites ela
atormentava meus sonhos, queria muito sentir
aquela boquinha nervosa sobre meu pau e com
certeza não me decepcionei, Valentina me levou a

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loucura. Não pensei que minha noite fosse terminar


daquele jeito, pensei que ela ia me ver na sua porta,
mudar de ideia e me colocar para fora. Quando ela
me segurou, senti como se estivesse levado um
choque, ouvir de sua boca que queria que eu ficasse
me surpreendeu.
Poderia estar aproveitando seu belo e
gostoso corpo, mas estou aqui esperando os idiotas
dos meus primos para a reunião. Sabia que poderia
ter aproveitado mais com Valentina, eles nunca
foram pontuais, não seria agora que chegariam no
horário marcado.
Não posso esquecer da Isabela, pedi para
que a seguissem, pelo que parece ela continua na
Itália. Só sabemos que ela comprou uma passagem
para o Brasil, mas a data está em aberto. Dei ordens
para que ficassem na cola dela, assim que
embarcar, quero estar preparado, ela é capaz de

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fazer qualquer coisa, e tenho medo do que ela pode


fazer se descobrir sobre Valentina.
Saio do transe com o bip do computador, os
idiotas finalmente resolveram aparecer.
— O dia que vocês chegarem no horário
marcado para uma reunião, tenho certeza de que o
mundo vai acabar — falo e o idiota do Pietro
começa a rir do outro lado.
— Deixe de cena primo — Pietro fala com
sua costumeira graça. — Estávamos almoçando,
esqueceu que aqui são duas da tarde?
— E eu poderia estar dormindo, marcamos
essa porra para às nove e meia, mas vocês
desconhecem um pequeno objeto chamado relógio.
— Evidencio minha raiva, pois deixei de aproveitar
meia hora da companhia da minha ragazza. —
Vamos ao que interessa, onde estão os outros?
— Pietro viajou de última hora para o
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Canadá, Paolo deve chegar a qualquer momento e


Enrico levou a Antonella ao hospital, parece que
ela não está em seus melhore dias.
Respiro fundo antes de abrir a boca, nesse
momento minha vontade é de matar meus primos.
— O que houve com Antonella? —
pergunto preocupado, minha amiga nunca foi de ir
parar em hospital.
— Enrico não deu mais detalhes, só disse
que não era nada grave.
— Certo. — Levanto e me sirvo de um
pouco de whisky. — Vamos resolver logo isso, já
que vocês me fizeram vir até aqui. Qual o balanço
mensal da empresa?
— Como assim vir até aqui? Você não está
na sua casa? — pergunta curioso. — Ah,
danadinho, estava com alguma mulher né? Se for
gostosa pode dividir comigo.
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— Escuta aqui seu idiota — uma raiva me


atinge de imediato —, é melhor você ficar quieto
na sua. Nunca que eu dividiria minha ragazza com
você.
Porra, o que está acontecendo comigo?
Só de pensar na ideia de outro homem
tocando Valentina, um ódio me atinge e isso me
deixa extremamente confuso, já que nos
conhecemos há pouco tempo e não deveria estar
com esse desejo de posse sobre ela. Mas não posso
culpar meu primo, teve uma época que dividíamos
as mulheres, porém eram garotas de momento, era
apenas sexo, nada muito sério.
E com a Valentina não é apenas sexo? A
pergunta surge em minha mente.
Não, Valentina me atrai de uma forma que
não sei explicar, sinto uma vontade absurda de tê-la
ao meu lado. Droga, isso não estava em meus

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planos, mas não tem como resistir aqueles olhos


indecifráveis, sua boquinha nervosa e seu corpo
extremamente delicioso me deixam louco. Sei que
Valentina será minha perdição, só não sei se estou
preparado para isso.
— Nossa, primo, já entendi o recado. —
Começa a rir do outro lado, minha vontade é de
socar esse idiota. — Essa ragazza é toda sua, pelo
visto deve ser bem gostosa, nunca te vi desse jeito,
nem mesmo com Isabela.
— Vamos ao que interessa, Pietro. — Trago
sua atenção para o assunto. — Estou ouvindo, pode
começar a falar sobre o que interessa.
Não me orgulho do passado que tive, além
das festas e bebedeiras, as mulheres eram todas
descartáveis. Quase todas foram divididas com o
meu primo Pietro, mesmo com nossa diferença de
idade. Aprontei muito até finalmente me ajeitar

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com Isabela, só não posso deixar meu passado


voltar, quero Pietro o mais longe possível da
Valentina.
Levamos cerca de duas horas conversando,
tiveram alguns problemas na empresa, mas nada
que eles não pudessem resolver. Precisarei apenas
assinar alguns documentos e pronto. Hoje ainda
encontrarei com o Breno, mandei que viesse para
assinar a papelada da demissão comigo, porque
quero mostrar quem manda aqui. Orgulho, talvez, o
que importa é que pagarei todos os seus direitos.
Não quero que futuramente queira nos processar.
— Posso trazer seu almoço agora, Lorenzo?
— Flavia aparece na porta trazendo-me de volta
para a realidade. — Hoje temos carreteiro e cuca
como sobremesa.
— Tenho certeza que minha estadia no
Brasil, resultará em alguns quilos a mais. — Estou

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viciado na culinária, uma comida mais gostosa que


a outra.
— Vou entender isso como um sim. —
Com um sorriso tímido ela sai da sala.
Nunca tinha experimentado Cuca que nada
mais é que uma delícia de massa fina, farofa e
frutas, prefiro com abacaxi. Tenho certeza que
Antonella gostaria dessa sobremesa, minha amiga é
uma verdadeira formiguinha quando se trata de
açúcar. Liguei para Enrico atrás de informações
sobre ela, ele me garantiu que não foi nada sério,
que assim que possível eles me ligariam.
Escuto batidas na porta, é Flavia com meu
almoço. Ela coloca a bandeja em uma mesa
próximo a janela, depois de servir ela se retira, me
deixando a sós.
Enquanto aprecio essa deliciosa comida,
mando uma mensagem para a Valentina.

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Sofrendo muito com os questionamentos


de sua irmã?
Acho graça da maneira que Sophia pega no
pé dela, Valentina é a mais velha, pela lógica
deveria ser o contrário. Bernardo já tinha me dito
que a mulher era controladora, não pensei que fosse
tanto, ainda mais com a vida da irmã mais velha.
Isso só reforça meus pensamentos a respeito da
Valentina, ela é uma mulher que necessita de todo
carinho do mundo, me sentiria um filho da puta se a
fizesse sofrer por algum momento ou circunstância.
— Olá, patrãozinho. — Breno entra sem
bater na minha sala.
— Você não tem modos, rapaz? — Jogo o
guardanapo na mesa e vou até ele.
Custo acreditar que esse babaca seja irmão
do Bernardo, realmente toda família tem sua ovelha
negra, esse cara não tem limites.

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— Tenho sim — vai até bar e se serve de


uma bebida —, mas só uso com quem eu quero,
além do mais você não merece.
— Não vamos perder tempo — vou até
minha mesa, abro a gaveta e pego os papéis de sua
demissão —, assine aqui de uma vez, vamos acabar
logo com isso, não quero ter que ficar olhado para
essa sua cara.
— Sinto te informar, patrãozinho, mas
nossos caminhos ainda se cruzarão muitas vezes,
ainda mais se você insistir na minha Valentina. —
Senta-se na poltrona a minha frente.
— Então terei o desprazer de olhar para sua
cara. — Encaro-o sem medo, ele não sabe, mas está
brincando com a pessoa errada. — Não vou me
afastar de Valentina a não ser por vontade dela e
acho que ela também não vai querer, já que ontem
estava gemendo de prazer em meus braços.

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Assim que termino de falar vejo ódio em


seus olhos, ou seja, um a zero para mim. Se
depender de mim, ele nunca terá a Valentina. A
partir do momento que ela se entregou em meus
braços, passou a ser minha e de mais ninguém, não
medirei esforços para tirar esse idiota do meu
caminho.
Ele não me diz uma palavra, assina os
papéis e os joga sobre a mesa. O copo que estava
em mãos foi arremessado na parede, quebrando em
mil pedaços. Não lhe disse uma palavra, apenas lhe
dirigi um sorriso vitorioso.
Não sei se tomei a melhor decisão, mas só
de ver o ódio em seus olhos já me sinto satisfeito.
Queremos a mesma coisa, com a grande diferença
de que ela me escolheu e não deixarei essa chance
passar.

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Capítulo dezessete
Valentina Mello
— Eu já lhe contei o que aconteceu, Sophia.
— Ela tem duas horas me enchendo a paciência, já
lhe disse que não contarei os detalhes sórdidos.
— Não seja chata, Valentina — resmunga
pela milésima vez —, se não fosse por mim, você
não teria passado a noite com o italiano da voz
sexy, o mínimo que você pode fazer é me contar.
As vezes esqueço que essa louca tem
marido, é cada coisa que ela pergunta que fico sem
entender. Teve a audácia de perguntar o tamanho
do pau do Lorenzo, óbvio que não lhe disse, minha
irmã tem uma mente um pouco fértil,
principalmente fora de hora.

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Quando éramos mais jovens, essa sua mente


nos colocou em muitas saias justas. Os anos se
passaram e ela ainda não aprendeu. Acho que seu
filho tem a quem puxar.
— Bah, não sei de onde herdou toda essa
chatice — falo já esgotada e louca de vontade de
lhe jogar uns ovos. — Acho bom você me deixar
em paz, aquela dúzia de ovos está lindíssima me
chamando, seus cabelos bem que estão precisando
de uma boa hidratação.
— Você nem pense...
Somos interrompidas com a abrupta entrada
de Breno, ele não bateu na porta ou até mesmo
anunciou sua entrada, apenas invadiu minha
cozinha. E eu definitivamente odeio isso. Em seus
olhos só consigo enxergar ódio, sua expressão me
deixa completamente assustada, olho para minha
irmã e vejo o mesmo pavor em seus olhos.

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— Você é uma vagabunda mesmo,


Valentina. — Praticamente cospe essas palavras em
meu rosto. — Eu sabia que era tudo cena da sua
parte, você estava só a espera de alguém com uma
conta bancária grande.
Não quero acreditar no que estou ouvindo.
Esse babaca só pode ter ficado maluco. Não sei
com qual direito ele pode chegar aqui e me dizer
essas merdas.
— Enlouqueceu, Breno? Quem você pensa
que é para me dirigir essas palavras? — minha voz
sai mais alta do que gostaria, mas é por causa da
raiva que estou sentindo.
— Foi só o italiano riquinho chegar na
cidade para você ir correndo abrir as pernas para
ele. — Suas palavras me deixam em choque, esse
idiota só pode estar bêbado. — Sempre estive a sua
disposição, deixei bem claro que tinha interesse em

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você, eu te daria o mundo se fosse preciso. No


começo, pensei que não me aceitava por causa do
luto, afinal de contas, o besta do seu marido
preferiu a bebida a você, mas depois...
Confesso que essas palavras me atingiram
em cheio. Sei bem que Jonas preferiu a bebida, mas
ouvir isso de outra pessoa, machuca e muito.
— Quem você pensa é para falar assim com
minha irmã? — Sophia toma a frente em minha
defesa.
— É melhor você ficar de fora, Sophia,
posso facilmente esquecer que você é mulher do
meu irmão e lhe meter a mão — fala com a mão
estendida, o que faz com que Sophia recue seus
passos. — Minha conversa é com a vagabunda
oportunista da sua irmã.
— Escuta aqui, seu babaca, não sei que
merda você está usando — elevo meu tom de voz,

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quero que ele veja que não estou com medo dele.
— É melhor você sair antes que eu chame a polícia.
Eu tinha um pouco de consideração pelo fato de ser
irmão do meu cunhado, mas você ultrapassou todos
os limites, Breno.
Ele se aproxima e para em minha frente,
institivamente recuo alguns passos em um ato de
extrema proteção, colocando Sophia atrás de mim.
Ele me parece transtornado, então é capaz de fazer
uma loucura.
— Você não devia ter feito isso comigo,
Valentina — grita com o dedo rente ao meu rosto,
confesso que pensei que ele fosse me bater.
— Fazer o quê, Breno? — falo no mesmo
tom de voz que ele. — Não sabia que era obrigada
a ficar com uma pessoa que não quero, e sim,
transei com o Lorenzo e não me lembro qual foi o
momento que disse que lhe devia satisfação da

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minha vida. Assim como Lorenzo, poderia ser


qualquer um, só não quero um babaca como você.
Pegando de surpresa, ele me acerta em
cheio com um tapa na cara. Imediatamente sinto
um ardor em minha pele, meus olhos enchem de
lágrimas, mas não lhe darei esse gostinho, ele não
verá uma Valentina frágil e com medo.
— Você ficou doido, Breno? — Sophia
começa a gritar e tenta partir para cima dele, seguro
suas mãos a impedindo.
— Não suje suas mãos com esse idiota,
Sophia. A única que devemos sentir por ele é
pena... pena por ser um covarde que não aceita um
não de uma mulher — falo pausadamente cada
palavra. — Quero que você saia agora e nunca mais
coloque os pés por aqui.
Uma raiva absurda me consome, assim que
ele passa pela porta, me permito chorar. Ainda

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estou sem acreditar no que acabou de acontecer


aqui, ele só entrou porque não tem nenhum
funcionário agora, eu os liberei para tirar o resto do
dia de folga. A porta da entrada estava trancada,
não sei como esse idiota conseguiu entrar.
— Valentina — olho para minha irmã e ela
também está chorando —, por que não me deixou
voar na cara desse idiota? Não acredito que ele foi
capaz de encostar a mão em você. Precisamos ir o
mais rápido na delegacia, esse babaca precisa ser
denunciado.
— Me desculpe, mas fiquei com medo de
que ele fizesse algo com você. — Limpo as
lágrimas que insistem em cair.
Queria lembrar qual foi o momento, que dei
a entender que queria algo com ele. Nunca lhe dei
esperanças de nada, sempre deixei claro que não
queria nada com ele. E foi justamente por causa

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desse temperamento forte e suas atitudes grosseiras.


Sei que é um erro, mas pelo menos por agora não
irei lhe denunciar, estou exausta mentalmente.
— Vamos para a delegacia, não estou nem
aí se esse babaca é meu cunhado. Tenho certeza de
que Bernardo vai apoiar sua decisão. — Tenta me
arrastar, porém não me movo.
— Eu não vou denunciar — falo e ela me
olha espantada. — Não me olhe com essa cara, não
quero ter que passar por toda essa situação na
delegacia. Prefiro ir para casa, tomar um banho
quente e tentar esquecer todo esse episódio.
— Mas...
Não deixo que ela continue.
— Mas nada, minha decisão já está tomada.
— Pego uma fatia de bolo. — Entendo sua
frustração, mas pode apostar que será melhor para
nós. Vou para casa, você vem?
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— Não, vou ficar por aqui mais um


pouquinho.
Sei que minha decisão não lhe agradou, mas
pela primeira vez na vida prefiro a paz. Sei que na
delegacia teria que passar por exame de corpo e
delito, relatar tudo que aconteceu e o que o levou a
tomar essa atitude. Sei que será muito maçante,
então prefiro me recuperar dessa situação na minha
cama.
Despeço da minha irmã e subo as escadas
da minha casa, agora mais do que nunca queria a
companhia de Lorenzo. Mas ele não gostou muito
do Breno, então tenho certeza de que ele faria
alguma besteira e não quero que ele se meta em
confusão por minha causa.

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Capítulo dezoito
Lorenzo Bianchi
Depois da cena do Breno, terminei de
assinar alguns papéis e mandei alguns e-mails para
o meu primo. Não sei explicar, mas algo me diz
que esse Breno ainda vai me dar dor de cabeça,
espero não ter que tomar nenhuma decisão
precipitada por causa disso.
Estava saindo do banho, quando escuto o
toque do meu celular, no visor vejo que é o número
da Valentina.
— Olá, ragazza, a que devo a honra de sua
ilustre ligação? — falo assim que atendo deixando
transparecer minha felicidade de receber sua
ligação.

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Não sei o que aconteceu, mas acho que


finalmente Valentina abriu os olhos, até o momento
ela não fugiu de mim, o que me deixa bem feliz.
Afinal de contas, tenho muito que me deliciar em
suas belas e deliciosas curvas.
— Sinto lhe desapontar, Lorenzo —
reconheço de imediato a voz da Sophia —, não é a
minha irmã, é que preciso muito falar com você.
— O que houve? — Paro o que estou
fazendo e foco minha atenção no telefonema. — É
alguma coisa com a Valentina?
Meu sexto sentido fica logo em alerta.
— Sim, estou falando baixinho porque ela
não pode me escutar — sussurra do outro lado da
linha. — Sei que vocês dois não tem nada, mas
minha irmã precisa de você nesse momento. Breno
acabou de sair daqui...
Sinto de imediato um arrepio na espinha.
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Se esse babaca fez alguma coisa com minha


ragazza, não responderei por mim.
— Estávamos conversando na cozinha, a
doceria estava fechada, então pensamos que não
tinha problema. Não sei como, mas ele conseguiu
abrir a porta e entrar. — Respira fundo do outro
lado da linha. — Ele parecia estar bêbado ou
drogado, disse coisas horríveis para minha irmã.
Chegou até a lhe chamar de vagabunda e o pior de
tudo...
— E o que poderia ser pior que isso? —
Com raiva, acabo lhe interrompendo.
— Ele deu um tapa no rosto dela.
Um ódio inexplicável toma conta de mim.
Esse babaca vai ter a lição que merece, ninguém
toca em algo de Lorenzo Bianchi e fica por isso
mesmo. Ele vai se arrepender de ter encostado a
mão na minha ragazza.

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— Que filho da puta. — Dou um murro na


parede. — E como ela está, vocês estão bem?
— Agora que a confusão passou, estamos
bem. — Sinto a raiva em sua voz. — Mas sinto que
minha irmã está precisando de atenção, e sei que
entre você e eu, já sabemos qual será sua escolha.
Filho da puta! Já imagino como Valentina
deve estar se sentindo mal.
Sabia que deveria ter arrebentado sua cara
antes, meu julgamento nunca me enganou, desde o
primeiro momento percebi que Breno não valia
nada. É difícil de acreditar que ele pode ser irmão
do Bernardo. Vou acabar com esse idiota, como ele
teve a coragem de tocar na minha Valentina?
— Chego aí em vinte minutos, não diga a
ela que estou indo. — Encerro a ligação e corro até
o armário a procura de uma roupa.
Preciso manter a calma, se o encontrar no
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meu caminho acabarei com aquela cara que ele


tanto se glorifica. Ele vai se arrepender de ter
cruzado meu caminho, isso ele pode aguardar.
Sabia que não tinha sido uma boa ideia falar
aquelas coisas para ele, mas não ia perder a chance
de mostrar para aquele babaca que Valentina me
escolheu, foi raiva de momento, não imaginei que
ele fosse até ela, e o pior de tudo, ainda tocasse na
minha Valentina.
Se ele quer conhecer o antigo Lorenzo, é
isso que ele vai ter.
Entro no meu carro e saio cantando pneu,
ainda bem que é uma cidade pequena, então
rapidamente estou em frente à casa da Valentina.
Sophia estava na porta da doceria, trocamos
algumas palavras e ela me entregou a chave do
apartamento. Dava para ver em seus olhos que
esteve chorando, só de imaginar o que elas

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passaram, minha vontade é de correr e arrebentar


aquele babaca idiota.
Subo os degraus de dois em dois, meu
coração bate feito um tambor. Estou preocupado
com o que pode ter acontecido com ela e tenho
raiva porque isso é minha culpa. Se eu não tivesse o
provocado, nada disso teria acontecido. Mas não
vai ficar assim, ele vai ter a lição que merece.
Abro a porta e entro na ponta dos pés,
nenhum sinal dela na sala, muito menos na cozinha.
Ela só pode estar no quarto, entro e escuto o
barulho do chuveiro. Retiro meu sapato, minha
camisa e entro no banheiro. A princípio ela se
assusta com minha chegada, mas em seguida abre
um largo sorriso.
— O que faz aqui italiano? — Tenta
disfarçar, mas deu para perceber que estava
chorando.

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— Fiquei sabendo que tinha uma ragazza


precisando de carinho. — Abro a porta do box e
entro. — Como um bom cavalheiro, achei que seria
uma boa ideia vim te fazer companhia. Uma moça
tão linda como você, merece ter uma noite de
cuidados.
Aproximo e a puxo pela cintura, colando
nossos corpos e lhe dando um forte abraço.
— Me desculpe, Valentina — sussurro em
seus cabelos. — Você não imagina a raiva que
estou sentindo, sabia que não deveria ter falado
aquelas coisas para Breno. Mas ele veio insistir
com a história que eu tinha que me afastar de você.
— Não estou entendendo onde você quer
chegar, Lorenzo — indaga um pouco confusa.
— Eu acho que tive culpa dessa cena do
Breno. — Afasto e olho bem em seus olhos. — Ele
foi lá no escritório assinar os papéis da demissão. O

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tempo inteiro ele ficou me provocando, teve uma


hora que falei sem pensar. Então acabei lhe dizendo
que passamos a noite juntos.
Abraço-a com mais força.
— Eu deveria imaginar que aquele babaca
faria alguma coisa, mas não se preocupe, ele vai se
arrepender de ter tocado a mão em você.
Se arrependimento matasse, por pouco
Valentina não sofreu as consequências dos meus
atos. Amanhã mesmo irei resolver o problema
chamado Breno, se ele pensa que pode encostar na
Valentina e ficar por isso mesmo, certamente ele
não me conhece. Desde a primeira vez que ela se
entregou a mim passou a ser minha
responsabilidade, e eu cuido bem dos meus.
Valentina me observa atentamente, é
possível ver as engrenagens de sua mente
funcionando. Ela deve me achar um louco, mas

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todos nós temos um pouco de loucura, cabe a cada


um saber lidar com isso.
Pegando de surpresa, ela segura meu rosto
com as mãos e cola nossos lábios em um beijo
delicado e carregado de sentimento.
— Não tem motivo para se desculpar, não
vou mentir e dizer que isso não me incomodou, até
porque você falou algo íntimo. — Encaro por um
breve momento, envergonhado por ter feito
besteira. — Mas Breno é um desequilibrado. Se
não fosse você, seria outro.
Essa parte prefiro fazer de conta que não
escutei.
— Ele sempre me encheu a paciência, mais
cedo ou mais tarde isso acabaria acontecendo. Só
sinto pelo meu cunhado, pois fica morrendo de
vergonha das atitudes do irmão. — Enlaça suas
mãos em minha cintura, colocando a cabeça em

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meu peito.
— Você deveria ter o denunciado. —
Afastando por um momento, seguro seu rosto com
as mãos e percebo que ela estremece um pouco. —
Ele não deveria ter tocado em você, pode apostar
que vai pagar muito caro por isso. Sabemos que
encostar em uma mulher é crime... Mas na minha
mulher, ele assinou sua sentença de morte.
Quando termino de falar ela me olha com os
olhos arregalados, não sei se foi pelo fato de
ameaçar Breno de morte ou ter lhe chamado de
minha mulher. O que também me surpreendeu, mas
não vou pensar nisso por agora, irei apenas lhe dar
o carinho que ela precisa.
Coloquei o dedo em seus lábios, impedindo-
a que falasse. Peguei o sabonete de suas mãos e
comecei a ensaboar delicadamente seu corpo,
tirarei o dia para ficar ao seu lado. Ela pode negar,

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mas sei que está precisando de carinho e estou aqui


disposto a isso. Retirei minha calça, levando junto a
cueca, seus olhos foram direto para o meu pau, mas
hoje, pelo menos por agora, não irei transar com
ela. Vou mostrar que posso ser uma excelente
companhia.
Terminamos nosso banho, peguei-a nos
braços e segui até a cama. Em seu guarda roupa
peguei um moletom e a vesti. Ela observava tudo
atentamente, queria muito saber o que se passava
em sua mente nesse momento.
— Sua cueca está na secadora — fala
olhando para as mãos que estão no colo.
Hoje pela manhã acabei deixando aqui
minha cueca, fico feliz que ela tenha lavado, já
estava imaginando ficar com a roupa molhada.
Deito em sua cama e a puxo para meu peito,
suas mãos estão depositadas no lado do meu

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coração. Ela consegue sentir perfeitamente as


batidas dele. Queria entender que porra essa mulher
fez comigo, não é possível que em tão pouco tempo
eu já me vejo enredado em sua telha e tenho receio
de como isso possa terminar.
— Parece que tem uma escola de samba no
seu coração — fala com graça e agradeço por ver
um resquício da Valentina de sempre.
— Esse é o efeito Valentina — falo, lhe
fazendo um cafuné.
— Será que é parente do efeito Lorenzo? —
sorrio com seu comentário.
Queria poder lhe explicar sobre o efeito
Valentina, mas ainda estou tentando entender tudo
que está acontecendo. Meu objetivo ao vir para o
Brasil não era esse, mas o destino fez questão de
me mostrar que não sei de nada.
Valentina desde o primeiro momento me
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deixou fascinado e não vejo motivos para fugir do


que está acontecendo. Nesse momento só sinto uma
enorme vontade de lhe proteger e dar carinho, ela
não merece passar por esses problemas, e se
depender de mim cortarei o mal pela raiz, ou seja,
Breno vai ter a lição que merece.

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Capítulo dezenove
Valentina Mello
Não acreditei quando vi Lorenzo, assim que
saí da doceria fui direto para o banheiro. Dizem que
é possível lavar a alma debaixo do chuveiro, era
disso que eu estava precisando. O lugar onde Breno
bateu ainda ardia, afinal de conta ele é um homem e
usou toda sua força. Eu poderia, ou melhor, deveria
dar uma queixa dele, mas nesse momento não
quero ter que passar por todo esse transtorno.
Bernardo me mandou uma mensagem implorando
que eu o perdoasse, que não queria que nossa
relação se abalasse pelo irmão.
Isso nunca passou pela minha cabeça, meu
cunhado não pode ser responsabilizado pelos erros

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do irmão. Sempre disseram que toda família tem


uma ovelha negra e essa pessoa é Breno.
Lorenzo cuidou de mim essa noite, pensei
que ele queria sexo, mas em nenhum momento
avançou o sinal. Apenas me mimou, como não sou
muito fã de chimarrão, ele fez para mim uma
caneca grande de chocolate quente. Assistimos uma
série e ficamos deitados na cama, confesso que toda
sua atenção me deixou ainda mais encantada. Ver a
forma como ele se preocupou, o jeito como ele se
dirigia a mim, com certeza é de deixar qualquer
mulher encantada.
As vezes paro e fico o admirando, é difícil
de acreditar que tenho um homem tão maravilhoso
ao meu lado. Sim, Lorenzo tem muitos defeitos,
assim como eu também, porém a vontade de
permanecer ao seu lado é muito maior que qualquer
coisa.

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Ele acordou cedo e me deixou sozinha na


cama, ele já tem quase uma hora falando ao
telefone. Queria descobrir qual era o assunto, mas
ele falava em italiano. Por sua expressão corporal,
tenho certeza de que não é um assunto agradável.
Não quero levantar da cama, tenho medo de
que todo encanto da noite passada se quebre.
Sophia me deu folga hoje, isso mesmo, minha irmã
me proibiu de chegar na doceria, disse que era para
eu aproveitar meu italiano. Não sabia que tinha
dedo dela, Lorenzo não adivinharia o que tinha se
passado, agora tenho medo de que ele possa fazer
algo ao Breno, não por ele e sim para Lorenzo não
sujar suas mãos com aquele babaca.
— Bom dia, ragazza. — Aproxima e beija
meus lábios.
— Bom dia, italiano. — Sorrio encantada, é
tão bom quando conseguimos viver em um sonho.

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— Está acordada há muito tempo? —


Percebo que ele se incomodou um pouco, isso só
me faz ter certeza de que o telefonema não era
coisa boa.
— Desde que deixei de sentir o calor do seu
corpo.
Meu cérebro não está raciocinado direito,
Lorenzo vem engatinhando na minha cama.
Tomando cuidado com seu peso, ele cola nossos
corpos, prendo minhas pernas em sua cintura, onde
consigo sentir perfeitamente o volume em sua
cueca.
— A conversa que você estava tendo —
ele me olha atentamente — não tem nenhuma
relação com Breno, né?
Sua expressão muda de imediato. Posso
ser ingênua, mas não gostaria de que nada fosse lhe
feito. Ele sempre gostou de ser o centro das

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atenções e no fundo é isso que ele quer. Tenho


certeza de que se Lorenzo lhe fizer algo, Breno
dará uma de vítima.
— Valentina, sei que você pediu para
deixar isso quieto. — Levanta e começa a andar
pelo quarto, parando em frente a janela. — Mas não
posso deixar isso assim, já que você não quer
denunciar, vou resolver e lhe dar a lição que
merece.
— Não, Lorenzo. — Levanto e lhe abraço
por trás. — Não está vendo que é isso que ele quer?
Você não pode sujar suas mãos com isso.
— Não se preocupe, ragazza. — Vira-se,
ficando de frente para mim. — Um dos benefícios
de se ter dinheiro é que você não precisa sujar as
mãos com nada. Pode ficar despreocupada,
resolverei as coisas do meu jeito. Ele vai se
arrepender de ter encostado a mão em você.

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— Eu não quero que você faça nada com...


— Você está defendendo aquele babaca,
Valentina? — fala sem que eu tenha concluído
minha fala. — Non ci posso credere[6].
Já percebi que quando fica nervoso,
começa a falar em italiano. E é inevitável não achar
isso extremamente sexy, mesmo que a ocasião não
seja propícia.
— Não é nada disso, italiano. — Seguro
seu rosto com as mãos e beijo seus lábios. — Eu
não ligo para Breno, não queria apenas que você se
metesse em confusão por minha causa. Tenta
entender meu lado, Breno sempre me encheu a
paciência, sempre gostou de ser o centro das
atenções. Então, se você fizer algo a ele, é capaz de
fazer uma cena, e não quero ficar falada na cidade
inteira e estragar a reputação da Doceria.
Numa tentativa de acalmar seus ânimos,
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deixo pequenos beijos em seu pescoço e queixo, até


que beijo seus lábios.
— Porque aqui é assim, você pode ser uma
pessoa tranquila, mas no momento que acham algo
para falar de você, vira assunto na cidade inteira. Já
estou com uma péssima fama por estar saindo com
o italiano novo, não quero arranjar mais um motivo
para falarem de mim.
Queria não ligar para as fofocas, mas não
tenho sangue de barata, além do mais, a Doceria
não é só meu sustento, mas da minha irmã. Esses
dias fui ao centro da cidade, um grupo de mulheres
conversava alto, quando me aproximei elas
baixaram o tom, percebi quando uma delas apontou
o dedo para mim. Tenho certeza de que o assunto
era Lorenzo e eu.
— Mas você não precisa se preocupar. —
Pega-me no colo e me conduz até a cama. — Só

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tenho olhos para uma ragazza, ela vive coberta de


farinha, ovos e muito açúcar. Sua pele cheira a
baunilha, suas mãos são macias e seus lábios têm
gosto de uva.
— Uau, essa ragazza deve ser uma sortuda
viu?
Sorrio carinhosamente.
— Não sei o que essa ragazza fez, mas me
vejo enredado em sua teia. Talvez ela seja uma
pequena bruxinha.
Pegando de surpresa, ele me beija
delicadamente. Suas mãos passeiam vagarosamente
pelo meu corpo, e mais uma vez eu me entrego de
corpo e alma, sem me preocupar com o tão pouco
tempo que nos conhecemos, ou o motivo do meu
coração bater descompassadamente quando estou
ao seu lado. Por agora, nada importa, apenas o
desejo e a emoção que estou sentindo.

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Acordo assustada, olho ao redor e vejo que


estou no meu quarto. Pego o celular e vejo que já é
pouco mais de duas da tarde. Nossa, devo ter
apagado que nem percebi. Lorenzo não está ao meu
lado, não vejo suas roupas nem celular. Com uma
coragem inacreditável, levanto e vou a procura
dele. Nenhum sinal no banheiro, cozinha ou na
sala. Estava tão cansada que não percebi quando foi
embora.
Checo as mensagens e vejo que tem uma do
Lorenzo.
Ragazza,
Precisei sair para resolver uns problemas
urgentes. Você estava tão linda dormindo que não
tive coragem de te acordar. Provavelmente não
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conseguirei voltar para a sua casa, então te espero


no domingo à noite para um jantar.
Beijos do seu italiano.
Vejo-me igual uma boba, sorrindo para a
tela do celular. Estou entrando em um jogo
perigoso, sei que pode ser um caminho sem volta,
apesar de tão pouco tempo que o conheço, meu
fraco coração já dá sinais de que está se
apaixonando.
Logo quando conheci Lorenzo, algo já me
dizia que seria dessa forma. Meu coração batia
freneticamente, sentia como se as batidas
estivessem parando. Meu maior medo é de que
nessa brincadeirinha, eu saia com meu coração
destroçado.
Se isso acontecer, será que estou preparada
para juntar os caquinhos e seguir minha vida sem o
italiano?

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Para o bem da minha sanidade, espero que


isso não aconteça.

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Capítulo vinte
Valentina Mello
Hoje, praticamente não consegui descansar
por um minuto, me apareceu uma noiva um pouco
louca, me inventou que queria um bolo para
amanhã. Eu geralmente não pego clientes de última
hora, mas a mulher me encheu tanto o saco que tive
que fazer. Passei o dia inteiro fazendo um bolo de
três andares, cada andar com um sabor diferente. A
sorte foi que me compadeci com sua choradeira,
mas não faço uma loucura dessas nunca mais.
Troquei algumas mensagens com Lorenzo,
pelo visto ele também está bastante ocupado. Pelo o
que Bernardo me disse, é algum problema em uma
filial da Itália, ela é administrada por um dos

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primos, mas ele meio que fez alguma burrada.


Não pensei que fosse sentir tanta saudade
do Lorenzo, é impossível não lembrar de seus
beijos, o toque de suas mãos em minha pele ou até
mesmo seu sotaque ao meu ouvido. Confesso que
quase larguei tudo e fui lhe fazer uma visita, mas
antes que cometesse uma loucura, pensei bem e
desisti da ideia.
Passei esses dias preocupada, tenho certeza
de que Lorenzo vai fazer algo com o Breno. Por
incrível que pareça, ele apareceu na doceria esses
dias, espero que tenha tomado vergonha na cara.
Minha irmã o expulsou de sua casa, sempre lhe
disse para fazer isso, mas ela levava em
consideração pelo marido. Mas dessa vez Bernardo
deu o aval, também convenhamos, ele ultrapassou
todos os limites.
Cansada e só o pó, me despeço de todos e

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subo os degraus de casa. Meu corpo necessita com


extrema urgência de banho e cama. Justamente
hoje, Sophia inventou de não trabalhar, ou seja,
mais trabalho para mim. Entro em casa, deixo a
chave sobre a bancada e corro para o banho.
Debaixo do chuveiro, lembranças do Jonas
começam a rondar minha mente, não entendo o
porquê. Há muito tempo que isso não acontecia,
nos primeiros anos foi difícil de não pensar nele
diariamente, mas me acostumei a sua ausência. Até
mesmo suas fotos não estão mais presentes em
minha casa, Jonas foi uma fase bonita da minha
vida. No dia que decidi parar de viver em luto,
peguei todas suas roupas e doei. Fiquei apenas com
nossa aliança, que está guardada em uma caixinha
no meu guarda-roupa.
Perdi muito tempo da minha vida sozinha,
agora consigo entender o motivo. Talvez eu

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estivesse à espera de um certo italiano, de olhos


indecifráveis e que me arranca suspiros só de
lembrar de seu lindo e encantador sorriso.
Sou tirada dos meus pensamentos com uma
batida insistente na minha porta. Quem será uma
hora dessas? Tenho certeza de que não é o Lorenzo,
ele me mandou uma mensagem dizendo que
entraria em uma reunião com os primos e sei que
essas reuniões costumam demorar pra cacete.
As batidas continuam, dessa vez com mais
frequência.
Que infernos! Nem um banho em paz a
pessoa pode tomar.
Enrolo-me na toalha e vou ver quem é.
— Já vai, que inferno — grito da sala, não
consigo ter um minuto de paz nessa casa.
— A senhorita por acaso ficou surda?
Tenho quase meia hora batendo nessa porra de
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porta.
Não creio! Parada na minha porta, ao vivo e
em cores, minha amiga Vanessa, essa vaca estava
morando na Itália há mais de cinco anos.
— Não vai me convidar para entrar amiga
ingrata? — fala com um sorriso de orelha a orelha.
— Sua vaca. — Puxo-a para um forte
abraço. — Por que não me avisou que estava
vindo?
Ajudo com as malas e lhe puxo para dentro,
fechando a porta atrás de nós.
— Queria te fazer uma surpresa, estava
morrendo de saudades amiga. — Puxa-me mais
uma vez para um abraço.
Vanessa é uma mulher alta, deve ter uns
1,72m de altura. Seu corpo escultural não nega suas
origens, seus cabelos loiros que batiam na bunda,
agora estão magníficos em um corte Chanel.
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— Senti tanto sua falta, esses anos que você


me abandonou por causa de um boy foram difíceis.
— Nem me fale desse imbecil, tenho tanta
coisa para te falar. Mas antes de qualquer coisa,
preciso tomar um banho e comer, estou morrendo
de fome.
Dito isso, ela deixa as coisas pela sala e vai
para o meu quarto. Essa é a Vanessa, tem um corpo
de dar inveja em qualquer uma, mas come feito
uma condenada.
Nos conhecemos no ensino médio, ela era a
menina mais popular do colégio, dividia o posto
com Sophia. Não sei bem como aconteceu, só sei
que viramos amigas, fizemos até faculdade juntas.
Sempre fomos inseparáveis, até mesmo depois que
me casei. Mas aí, ela arrumou um gringo e foi
morar na Itália, estava vivendo a vida que tanto
sonhou.

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Entro no meu quarto para vestir uma roupa,


pelo visto meus planos de dormir foram por água
abaixo. São anos de assunto para colocar em dia,
conversávamos pelo WhatsApp, mas nada se
compara a presença física.
Visto meu costumeiro moletom e vou para a
cozinha preparar alguma coisa para comermos.
Escuto o toque do meu celular, vejo no
visor o nome do Lorenzo:
— Oi, italiano.
— Oi, ragazza. — Percebo o sorriso em sua
voz, acho que ele gosta quando o chamo de
italiano. — Aproveitei que meus primos pediram
uma pausa para te ligar e ver como está.
— Estou bem, na verdade bem feliz — falo
enquanto procuro uma panela no armário. — Uma
amiga apareceu de surpresa hoje, não nos víamos a
muito tempo.
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— Fico feliz por você, Valentina. É bom ter


com que conversar. Só fico triste por um motivo —
seu tom de voz é cauteloso.
— Triste por quê?
— Eu iria visitar uma jovem ragazza hoje,
estou morrendo de saudades de sua pele delicada,
o aroma adocicado de seus cabelos, de apreciar as
curvas de seu corpo... Seu beijo viciante e
principalmente seu corpo quente colado ao meu —
sua voz nesse momento está rouca e sexy pra
cacete.
— Lorenzo...
— Você disse Lorenzo? — Vanessa aparece
de surpresa na cozinha, e eu aceno que sim. —
Engraçado, conheci um Lorenzo na Itália, ele é um
dos caras mais poderosos da cidade.
Ela pega uma maçã e senta-se no banco
perto do balcão.
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— Valentina, ainda está aí? — Lorenzo


chama minha atenção do outro lado da linha.
— Desculpa, é que a Vanessa chegou e me
tirou a atenção. Agora vou precisar desligar, tenha
uma boa noite italiano.
— Você também ragazza, pode sonhar
comigo, eu deixo. — Começa a gargalhar do outro
lado.
— Seu bobo, tchau — falo e desligo.
Olho para minha amiga e ela está me
olhando de uma maneira engraçada. Agora tenho
certeza que vem uma enxurrada de perguntas, nisso
ela é igualzinha a Sophia.
— É isso mesmo que estou pensando? A
senhorita está de rolo com alguém e não me disse?
— Como você bem falou, é um rolo,
estamos apenas nos conhecendo. — Desconverso.
— Vamos falar de você, o que lhe trouxe de volta?
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— Nada disso, Valentina. — Pega-me pela


mão e puxa para que sente ao seu lado. — Então, o
nome do seu boy é Lorenzo?
— Sim. — Limito a responder.
— E ainda por cima italiano?
— Sim. — Continuo a responder
monossilábica.
— Ele mora aqui há muito tem tempo?
Não sei o motivo, mas ela está me
parecendo bem interessada no Lorenzo.
— Por que tantas perguntas, Vanessa? —
Levanto e começo a andar impaciente.
— Calma, é que lá em Vicenza conheci um
Lorenzo, ele é um dos caras mais poderosos da
cidade e tinha conexões com Monte Belo do Sul.
Pense em um homem lindo, agora multiplique por
dez. Ele era casado com uma mulher super
antipática, enquanto ele tinha fama de uma pessoa
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enigmática, ela tinha fama de sem sal.


Fica em silêncio por alguns segundos, até
que continua:
— Pelo que fiquei sabendo ele viajou, sem
previsão de volta, está fugindo da chata da ex-
mulher. — Começa a rir que nem uma louca.
— Como você sabe de tudo isso?
— Lembra do carinha que fui para a Itália?
— Aceno que sim. — Pois bem, quando cheguei lá
não tinha nada do que ele me disse. Então me vi
sozinha em um país desconhecido...
— Como assim, Vanessa? — Nervosa,
interrompo sua fala.
— Tive que me virar sozinha, foi então que
arrumei um emprego como secretária na empresa
dos Bianchi. Foi quando conheci Paollo, ele é
primo do Lorenzo e administra uma das filiais. Nos
tornamos amigos, se não fosse por ele eu já estava
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há tempos no Brasil.
— E por que voltou agora?
— Ele começou a namorar, meio que a
namorada dele não gosta de mim. — Percebo a
tristeza em sua voz.
Ela vai negar, mas sei que existe algo mais
que uma simples amizade.
— E você gosta dele. — Não é uma
pergunta da minha parte, e sim uma afirmação.
— Você me conhece bem, né? — Sorri
fraco e aceno que sim. — Não estava dando certo
vê-lo com outra mulher, então mesmo sobre forte
reclamação de sua parte, comprei minha passagem
e aqui estou eu. Agora me diga uma coisa, por
acaso o sobrenome do seu boy é Bianchi?
Vanessa sempre foi assim, quando o assunto
era seu coração ela preferia esconder de mim.
Foram poucas as vezes que vi minha amiga
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apaixonada, e em todas ela saiu machucada dessa


história. Quando falou que iria para a Itália,
obviamente fui contra, mas ela estava decidida. Por
isso ela não me disse o que passou por lá, sabia que
lhe daria uma boa bronca.
— Sim, Lorenzo Bianchi — admito para
minha amiga.
— Valentina de Deus — fala numa mistura
de euforia e choque. — Você simplesmente está
pegando o bonitão mais cobiçado de Vicenza, sabe
o que isso significa?
Prefiro não saber a resposta, não sei se foi
bom ouvir essas palavras. A questão toda agora é:
Por que um dos homens mais lindos de Vicenza se
interessaria por uma simples mulher como eu do
interior do Brasil?

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Capítulo vinte e um
Lorenzo Bianchi
Não consigo tirar Valentina da cabeça,
queria entender o que essa mulher fez para me
deixar tão hipnotizado. Tento me concentrar nos
negócios, mas qualquer coisa me desvia a atenção.
Ontem falei com meu amigo, disse que não deixaria
Breno sair impune dessa situação. Ele vai ter a
lição que merece, ainda mandei deixar bem claro
que eu estava por trás.
Ontem tive mais uma reunião com os meus
primos, Pietro fez merda nas finanças de uma das
filiais, ou seja, mais um problema na minha cabeça.
Eles tentaram resolver sem a minha ajuda, mas sem
sucesso.

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Estava decidido passar a noite com minha


ragazza, mas recebi um belo banho de água gelada.
Só me restou tomar um banho frio e dormir sozinho
na minha enorme cama.
Queria ir com calma, mas quanto mais
tenho da Valentina, mas quero dela. Fecho os olhos
e ela é a primeira imagem que vem em minha
mente, eu até consigo sentir o gosto de seus lábios.
Valentina me encanta de todas as formas e jeitos,
sua beleza alinhada à sua personalidade, seu jeito
inocente, tudo isso me deixou completamente
viciada nessa morena com as mãos de fadas.
Falei com Antonella e finalmente descobri o
motivo dela ter ido parar no hospital, vou ser tio,
isso mesmo, minha amiga está grávida de três
meses. Já imagino o tamanho de sua felicidade, ela
sempre deixou claro que gostaria de ser mãe. Meu
primo ficou radiante, fiquei sabendo que até fogos

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ele soltou.
Confesso que sinto inveja dessa felicidade,
sempre sonhei em ser pai, mas Isabela não queria
acabar com o corpo. Eu tinha esperanças de que
teria uma mini cópia minha, poder levar meu filho
comigo para todos os cantos. Agora, se fosse
menina teria um problema, se ela tivesse o azar de
encontrar um homem igual a mim, com certeza
teria seu coração partido em pedacinhos.
Caminho até o bar e me sirvo de uma dose
de whisky, tem uma coisa que está me
preocupando, já procuraram minha ex-secretária
por toda a Itália e nem sinal dela. Eu queria poder
olhar em seus olhos e perguntar quanto a Isabela
lhe pagou para me trair, eu confiava nela de olhos
fechados. Mas é aquela coisa, todo ser humano tem
um preço, não sei por que pensei que com ela seria
diferente.

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TRÊS MESES DEPOIS


Recebi uma mensagem de Valentina
perguntando se poderia lhe acompanhar até uma
cidadezinha para comprar material para a doceria.
Aceitei de imediato, tem três dias que não nos
vemos, isso porque Vanessa não sai do seu pé.
Vanessa é amiga do Paollo, na verdade, meu primo
tem uma quedinha por ela, só não entendo o porquê
ele começou a namorar outra mulher, sendo que
sempre gostou dela.
Olhei no GPS o caminho até a cidadezinha,
não quero me perder no meio da estrada. Mandei
uma mensagem para ela, em quarenta minutos
estaria chegando em sua casa, o tempo não está
nada agradável, choveu muito pela manhã, então
tenho que tomar cuidado na pista.
Pego meu carro e sigo para buscar
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Valentina, estou começando a repensar se é uma


boa ideia sair com esse temporal. Antes era uma
chuvinha leve, agora está chovendo muito. Com
vinte minutos de atraso chego na doceria, tentei
parar o carro o mais perto possível, mesmo assim
me molhei.
Entro e cumprimento os funcionários, eles
me sinalizam que Valentina pediu para que
aguardasse aqui. Enquanto fico a sua espera, peço
uma fatia de bolo de chocolate e me delicio com
essa gostosura feita pela minha ragazza.
Sei que é cedo, mas cansei de tentar lutar
por algo que que não tem mais jeito. Estou
completamente viciado nessa ragazza, acho que era
para acontecer. Só tenho que viver e me preocupar
em não destroçar seu doce coração, não me
perdoaria por isso.
— Oi, italiano. — Valentina para a meu

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lado e me dirige um lindo sorriso. — Acho que


nossa saída foi por água a baixo.
Senta-se na cadeira a minha frente e rouba
um pedaço da minha torta.
— Já estava preocupado achando que você
iria querer sair nesse temporal. Dirigir até aqui foi
um grande trabalho. Você acredita que quase
atropelei uma vaca?
— Jura? — pergunta rindo.
— Juro, posso saber por que você está
rindo? — pergunto lhe observando.
A cada sorriso é como se eu ficasse mais
encantado.
— Quase nunca vimos vacas por aqui e
justamente nesse temporal você diz ter visto uma.
Realmente é de se achar engraçado.
— Vou te...

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Sou interrompido com a chegada de


surpresa de uma mulher. Olho para cima e vejo que
é a mesma que me chupou na praça e ela está me
olhando de uma forma estranha.
— Olá, bonitão. — Percebo que Valentina
observa de cima a baixo a mulher e imediatamente
sua feição muda. — Não pensei que fossemos nos
encontrar de novo.
— Pois é, mundo pequeno esse — falo um
pouco envergonhado.
Tentei não desviar os olhos de Valentina,
sua expressão não era nada boa. E posso imaginar o
motivo.
— Se quiser repetir a dose é só me ligar.
— Será que ela é cega ou não percebeu que estou
acompanhado?
— Não estou a fim, muito obrigado. —
Seguro a mão de Valentia por baixo da mesa em
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uma falha tentativa de lhe dizer que está tudo bem.


— Que pena — só agora percebo o quanto
sua voz é enjoada e irritante —, ainda sinto seu
gosto em minha boca.
Caralho, quem essa mulher pensa que é?
Valentina puxa sua mão com força,
levanta-se da mesa e sai, me deixando sozinho com
essa doida.
— Valentina... — grito, mas sem sucesso.
— Escuta aqui, garota, eu não sei o que se passa na
sua cabeça, mas acho bom você desistir de qualquer
merda que esteja planejando. Não é porque você se
comportou como uma vadia que quer dizer que eu
vá ficar com você ou até mesmo que tenhamos
alguma intimidade.
Deixo a completa estranha parada no meio
do salão, sua expressão não é uma das melhores,
mas estou pouco me fodendo para isso. Ela não
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respeitou a mulher que estava ao meu lado, agora


Valentina deve estar querendo me matar, e eu não
tiro suas razões.

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Capítulo vinte e dois


Lorenzo Bianchi
Olho ao redor e nenhum sinal dela, droga,
não acredito que tenha saído no meio dessa chuva
toda. Para desencargo de consciência, subo
correndo as escadas e vou até seu apartamento.
Bato na porta uma, duas, três vezes e nada dela
aparecer.
Droga, não acredito que isso esteja
acontecendo.
— Valentina — grito ao mesmo tempo que
bato na porta. — Sei que você está aí, deixa eu te
explicar o que aconteceu. Eu a conheci no segundo
dia que estive na cidade, ainda não tinha acontecido
nada entre nós, acredita em mim.

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Escuto o clique da porta, mas quem abre


não é minha Valentina, mas Vanessa.
— Eu acredito, mas é melhor você falar
isso diretamente para ela.
— Me diz que ela está aí — falo ansioso.
— Sua sorte é que eu lhe conheço, se não
fosse por isso ia quebrar sua cara — o tom de
ameaça é bem evidente em sua voz. — Mas não
farei isso, pelo menos por agora.
Porra, será que é tão difícil responder à
pergunta?
— Ela está aí? — pergunto com um pouco
mais de entoação na voz.
— Sim, no quarto — fala me dando
passagem. — Pode ir falar com ela, aproveite para
fazer as pazes, darei privacidade para vocês.
Como falado, Vanessa pega a bolsa e sai
batendo a porta atrás de si.
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Droga, eu não sei o que estou sentindo,


mas sinto uma necessidade urgente de me explicar.
O que menos quero nesse momento, é fazê-la
sofrer. Sei que não temos nada, ou melhor, não
denominamos nossa relação, mas não queria que
ela tivesse uma má impressão sobre mim. Valentina
me faz querer estar ao seu lado o tempo inteiro,
agora estou com uma puta raiva de mim mesmo.
Mas porra, como iria imaginar que aquela
doida iria aparecer?
Um boquete não se renega a ninguém, sou
homem e tenho minhas necessidades. Mas agora
tudo mudou, somente ela importa para mim.
E agora estou aqui, parado no meio da sua
sala, pensando em que momento aconteceu, mas só
sei que me apaixonei por essa ragazza de boca
nervosa, com um coração enorme e que precisa de
cuidados. Agora é oficial, Lorenzo Bianchi está

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com o coração amarrado.


Com passos largos, caminho até seu quarto
onde a encontro parada do lado de fora da varanda.
Aproximo e a abraço por trás, sinto quando seu
corpo estremece em meus braços e aproveito para
apreciar o aroma adocicado de seus cabelos. Por
um momento pensei que ela fosse retirar meus
braços, mas pelo contrário, ela vira e me abraça
forte.
— Me desculpa — falou e respirou fundo.
— Eu que tenho que lhe pedi desculpas —
respondi, enquanto acaricio seus cabelos. — Não
queria que você tivesse presenciado aquela cena,
conheci aquela mulher...
— Não precisa explicar, você não me deve
satisfação — ela me interrompe, consigo perceber a
tristeza em sua voz.
— Olha para mim — seguro-a pelo rosto
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forçando o olhar —, eu conheci aquela mulher por


acaso, na verdade, ela foi até mim e simplesmente
me ofereceu um oral. Porra, era homem solteiro,
não tinha motivos para negar. Isso aconteceu na
noite seguinte que cheguei aqui, confesso que
desde aquele dia não tinha lhe visto, até hoje que
ela apareceu do nada na doceria.
Valentina se retira de meus braços e entra
no quarto, ficando de costas para mim.
— Me desculpa por ter lhe feito passar por
isso, Valentina...
— Não precisa se explicar, Lorenzo. Não
tenho nenhum direito de lhe fazer cobranças. —
Droga, ela está chorando.
— Para, Valentina. — Caminho até ela,
paro em sua frente e limpo suas lágrimas. — Será
que você não entende que ela não teve nenhuma
importância para mim? Você não sabe o quanto

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estou me amaldiçoando por tudo isso ter


acontecido. Meu maior medo era de quebrar seu
coração e agora vejo que falhei miseravelmente
mais uma vez.
Ela tenta conter os soluços, mas falha
miseravelmente. Puxo-a para meus braços e lhe
seguro fortemente, beijo seus cabelos e sinto seu
corpo estremecer mais uma vez em meus braços.
Peço desculpas mais uma vez, não me cansarei
disso.
— Não sei quando aconteceu, só sei que
estou perdiosamente innamorato di te[7] — falo e
ela me dirige um olhar de interrogação, é aí que
percebo que fiz uma mistura novamente. — Scusa,
estou perdidamente apaixonado por você Valentina.
Todas as manhãs sofro com a ausência de seu corpo
ao lado do meu, passo boa parte dos meus dias com
você em meu pensamento. Confesso que quando

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vim para o Brasil, paixão não estava em meus


planos, mas a partir do momento que te conheci,
tudo mudou.
Seguro seu rosto com as duas mãos e beijo
seus lábios.
— Porra, quero você Valentina, não pensei
que fosse querer tanto uma coisa como te quero.
Sem esperar uma resposta sua, colo nossos
lábios em um beijo nem um pouco delicado. Forço
passagem em sua boca e ela rapidamente o faz.
Pego-a nos braços e lhe conduzo para cama. Vou
lhe mostrar o quanto anseio por ela, lhe mostrarei
na cama o tamanho da minha paixão.
Valentina retribui o beijo, suas mãos vão
para dentro da minha camisa, onde ela
furiosamente começa a arranhar minhas costas.
Abandono seus lábios por um instante dando
atenção para seu pescoço. Deixo pequenas

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mordidas e vou descendo parando para dar uma


atenção maior aos seus seios.
Com uma pressa absurda, retiro sua camisa
onde tenho uma bela visão de seus seios fartos.
Com sua ajuda, retiro seu sutiã, chupo seus peitos
com gosto, ela se contorce e sei que estou no
caminho certo.
Volto para seus lábios, ao mesmo tempo
que acaricio seu clitóris por cima da roupa.
— Eu também... — ela fala com um pouco
de dificuldade.
— Você também o quê? — pergunto
intensificando os movimentos.
— Eu tentei, juro para você que tentei
manter esse sentimento longe, mas foi inevitável.
Eu me apaixonei por você, italiano.
Porra, nunca uma frase tão curta me deixou
tão feliz. Não sei o que vai acontecer daqui para
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frente, até porque ainda não denominamos nossa


relação. Mas agora que sei que o sentimento é
reciproco, farei de tudo para mantê-la ao meu lado.
E hoje, sobre o barulho da chuva e o vento como
testemunha, mostrarei para essa mulher o quanto
sou louco por ela. Valentina não sabe, mas acabou
de assinar seu contrato de vida, enquanto ela estiver
ao meu lado, lhe protegerei, cuidarei e amarei cada
detalhe seu.

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Capítulo vinte e três


Valentina Mello
Sempre tive a convicção de que as coisas
acontecem no tempo devido. Pode ter sido
extremamente dolorido ver aquela mulher falando
sobre o gosto de Lorenzo, mas pelo menos serviu
para que soubesse seus reais sentimentos por mim.
Minha vontade era de voar no pescoço daquela
idiota, mas logo veio em minha mente que não
tínhamos denominado nossa relação, sendo assim,
não poderia lhe cobrar fidelidade.
Sinto por ter chorado em sua frente, mas
naquele momento me sentia fraca e insegura. Na
minha mente só passava imagens deles juntos,
mesmo eu não tendo visto. Mas porra, nunca me

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senti tão mal como naquele momento.


Mas pude ver nos olhos de Lorenzo que ele
falava a verdade. Os olhos enigmáticos que sempre
tentei decifrar estavam completamente visíveis para
mim. Ele estava com medo... medo de que pudesse
sair correndo mais uma vez.
Convenhamos que corri e isso tem se
tornado uma prática mais comum do que gostaria.
Minhas pernas ficaram bambas, as batidas
do meu coração começaram a falhar, tudo isso
depois de ouvir de seus lábios que tinha se
apaixonado por mim. Há três meses nos
encontramos constantemente, saímos para almoçar,
durmo em sua casa ou ele na minha. Desde as
primeiras semanas, meu falho e fraco coração já
tinha se apaixonado pelo italiano, todos os dias
tinha medo de que não fosse correspondida, mas
agora que sei de seus sentimentos não vejo motivos

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para ficar insegura.


Calma, ainda temos uma certa mulher, fala
meu subconsciente.
Depois da noite que tivemos onde Lorenzo
me amou de todas as formas possíveis, estou aqui
deitada lhe admirando. Deveria levantar para
trabalhar, tenho uma encomenda para entregar à
noite, mas desde que acordei, não consigo parar de
olhar para o rosto do meu italiano.
Com certeza tirei a sorte grande, nem em
um milhão de anos imaginei que estaria agora nos
braços de um deus grego.
Vanessa não voltou, confesso que só hoje
vim sentir falta da minha amiga. Foi quando peguei
meu celular e tinha uma mensagem da Sophia
dizendo que ela estava lá.
Lorenzo sorri enquanto dorme, espero que
seja eu o motivo dessa linda expressão.
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Amanhã preciso procurar minha


ginecologista com urgência, das últimas quatro
vezes que transamos não usamos camisinha. Como
tomo remédio há muitos anos, tenho medo de que
ele tenha perdido o efeito. Sei que meu desejo é ser
mãe, mas preciso aproveitar mais essa relação,
afinal de contas, estamos juntos apenas há três
meses.
Outro dia Lorenzo, estava conversando com
Antonella. Como pensei que se tratava de uma
ligação simples, entrei em seu escritório vestindo
apenas sua camisa, era tarde demais quando percebi
que se tratava de uma ligação de vídeo. Lorenzo me
puxou para sentar em seu colo e me apresentou a
sua amiga e cunhada. Confesso que fiquei
morrendo de vergonha, mas aos poucos fui me
soltando, no final acabei adorando Antonella, tanto
que trocamos mensagem.

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Óbvio que com a ajuda do Google tradutor.


É engraçado como a vida é, nesses cinco
anos de luto nenhum homem nessa cidade me
despertou interesse. Mandavam flores, falavam por
horas no pé do meu ouvido, tinha uns que
mandavam entregar vários presentes na minha casa,
eles achavam que iriam me comprar. Nenhum deles
me balançou, nem mesmo Breno com toda
insistência.
Agora esse italiano chega e vira meu mundo
de cabeça para baixo.
— Italiano — acaricio delicadamente seus
cabelos —, o que você fez para me deixar tão
apaixonada em tão pouco tempo?
— Quando você descobrir a resposta —
assusto com a voz de Lorenzo — compartilha
comigo, estou até hoje tentando entender qual
feitiço você jogou sobre mim.

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— Bah, você que me enfeitiçou — beijo


seus lábios —, tenho certeza de que é alguma coisa
no vinho já que eu só compro da sua vinícola.
— E tenho certeza de que é sua torta de
chocolate. Acho que você me conquistou pela
barriga.
Pegando de surpresa, ele me agarra pela
cintura, nos rola na cama ficando por cima.
— Faz muito tempo que a senhorita está
acordada?
— Digamos que sim, estava admirando o
quão lindo você é.
— Essa função é minha, adoro acordar e
ficar te admirando, parece até um anjo. —
Pressiona mais seu corpo ao meu e consigo sentir
perfeitamente o volume cutucando o meu quadril.
— Mas hoje estava muito cansado, uma ragazza
muito da cheirosa tirou todas minhas energias,
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digamos que ela e sua boca nervosa são um pouco


insaciáveis.
Somos distraídos com o toque estridente do
meu celular, olho no visor e vejo o nome da minha
irmã, óbvio que tinha que ser ela. Resolvo não
atender, não saio dessa cama agora nem que me
paguem.
Lorenzo começa a acariciar meus seios,
pequenos beijos são deixados em meu pescoço.
Suas mãos agora vão para o meu clitóris, onde ele
começa com movimentos circulares. Vou fazer algo
que vem me deixando com água na boca, dar uma
atenção maior para seu grande e rosado pau.
Com um pouco de dificuldade, consigo
inverter nossas posições. Desço engatilhando na
cama, quando iria baixar sua cueca, ouvimos o
toque irritante do celular do Lorenzo, no visor
aparece o nome da minha irmã.

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Agora a ficha cai, para que ela ligue assim,


com certeza alguma coisa deve ter acontecido.
Levanto rapidamente da cama e pego meu celular,
para ligar para ela. Chama uma, duas, três vezes,
até que ela finalmente atende:
— Qual a dificuldade de você atender a
porra da ligação? — Sophia esbraveja do outro
lado da linha.
— Desculpa, Sophia, mas eu meio que
estava ocupada. — Sorrio maliciosamente para o
Lorenzo. — Mas o que foi? A encomenda só é para
ser entregue à noite, não estou atrasada.
E a ligação fica em silêncio por um bom
tempo.
— Sophia, você ainda está aí? — pergunto
preocupada.
— Estou sim, é que a peste do seu sobrinho
não fica quieto por um minuto. — fala e grita ao
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mesmo tempo. — Te liguei para mandar você


tomar cuidado, Breno voltou para a cidade e
Bernardo o viu conversando com uns caras não
muito confiáveis. Então, por favor, não fique pela
rua sozinha, se possível não sai de perto de
Lorenzo.
— Você sabe que Lorenzo é um homem
muito ocupado, né? — falo e ele me observa
atentamente.
— Sim, mas no momento que ele ficar
sabendo de Breno, tenho certeza de que você vai
ter sua total atenção.
— Não vou falar nada para ele.
— Me falar o que, Valentina? — Lorenzo
pergunta preocupado.
— Nada, é besteira da Sophia.
— Deixa que eu decido se é besteira ou não
— fala pegando o celular da minha mão.
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E assim, de maneira rude, ela se afasta e


começa a falar com minha irmã. Esses meses que
Breno deu um sumiço, foi um grande alívio para
minha vida. Por um momento pensei que tinha sido
coisa do Lorenzo, mas aí Bernardo disse que ele
tinha arrumado as malas e viajado. Justamente
agora que estamos vivendo nas nuvens, esse piá
resolve dar as caras.
— Arrume suas coisas, você vai agora
mesmo para minha casa — Lorenzo fala, assim que
encerra a ligação.
— Não vou para lugar nenhum. — Cruzo os
braços e olho feio para ele, não vou deixar que
mande em mim dessa forma.
— Não irei discutir com você, Valentina. —
Caminha em minha direção, até que para em minha
frente. — Quando quis dar uma lição no Breno,
você não deixou, fiz sua vontade e deixei aquele

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babaca em paz. Mas agora você está em perigo, não


quero saber se você quer ir ou não, você vai e não
se fala mais nisso.
— Mas...
Lorenzo me interrompe.
— Isso não está em discussão, Valentina —
fala de um jeito bem autoritário. — A partir do
momento que você se entregou a mim, assinou um
contrato de vida. — Olho confusa para ele. —
Agora você é minha responsabilidade, então estou
pouco me fodendo se você quer ir ou não. Prometi
te proteger e vou fazer isso. Então, faça um favor
para nós, arrume suas coisas, sairemos daqui em
vinte minutos.
E da mesma forma autoritária que ele falou,
se retira e entra no banheiro. Como não tenho outra
escolha, serei obrigada a fazer o que ele pede. Mas
se pensa que vai me manter prisioneira, está muito

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enganado.

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Capítulo vinte e quatro


Valentina Mello
— Não adianta ficar de cara feia,
Valentina. — Lorenzo desvia a atenção da estrada
por um segundo, e me encara — Você não é mais
nenhuma criancinha, sabe os perigos que Breno
representa. Então pode ir mudando essa cara, tenho
certeza que não vai ser tão ruim passar uns dias
comigo.
— Você não entende, Lorenzo.
Não queria ter que mudar minha vida, não
por consequência ou medo dos atos do Breno. Sei
que é até bom ficar com Lorenzo, já que ficarei
sobre o mesmo teto que ele durante vinte e quatro
horas por dia, porém não queria que Breno saísse

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vitorioso.
— Então me faça entender, ragazza. —
Descansa sua mão direita na minha coxa.
— Sinto como se estivesse fugindo, no
fundo tudo o que o Breno quer é nos amedrontar. E
no final das contas, ele está conseguindo. —
Suspiro chateada. — Ele é o errado da história e eu
que estou fugindo. Pelo visto serei mantida em
cárcere privado como uma prisioneira.
— Você não será minha prisioneira,
quando quiser sair não irei te impedir, apenas irei
com você, serei sua sombra. — Leva minha mão
até os lábios e beija. — Quero apenas o seu bem-
estar e sei que não conseguiria pregar o olho se te
deixasse a mercê daquele desequilibrado. Tentarei
fazer o possível para que não se sinta como
prisioneira, quero apenas proteger minha ragazza.
Aceno concordando já que não tenho outra

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opção.
Preciso enxergar as coisas com outros
olhos, Lorenzo quer apenas o meu bem e se
mostrou preocupado com minha integridade física.
Realmente esse homem não existe, acho que por
isso que me apaixonei tão rápido por ele.
Sim, não tem como negar esse sentimento.
Não consigo enxergar meus dias sem esse italiano,
amo cada gesto, atitude e até mesmo sua salada de
idiomas. Aproveitarei ao máximo esses dias ao seu
lado.
Amor, uma palavra tão pequena, mas com
uma carga extremamente grande. A vida tem dessas
surpresas, quando menos esperamos tudo pode
mudar. Minha mãe sempre dizia que nosso destino
já está traçado, desde o dia que estávamos sendo
gerados no ventre. Passamos por problemas, brigas
e decepções, uns escolhem o caminho errado,

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driblando a força do destino, mas uma hora as


contas se ajeitam. Custei acreditar em suas
palavras, mas agora vejo que faz sentido...

Talvez Lorenzo já estivesse planejado


para cruzar o meu caminho, confesso que demorou
um tanto para aparecer. Mas agora que o tenho ao
meu lado, farei o possível e o impossível para que
permaneça. Sei o tanto que o mel do italiano é bom,
não deixarei que outras abelhas cheguem perto.
Nosso caminho foi feito em um completo
silêncio, mas não que isso fosse constrangedor. A
mão de Lorenzo não saiu da minha perna, mesmo
eu pedindo que ele as colocasse no volante.
Admirando a vista pela janela do carro, pude
perceber que estava sendo imatura, Lorenzo quer
apenas me proteger, tenho que agradecer por isso e
não ficar fazendo birra.
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Com mais meia hora de estrada, chegamos


em sua casa. Ele disse que precisava resolver
alguns problemas, então beijei seus lábios e subi
para o quarto ao mesmo tempo que ele se trancou
no escritório.
Jogo minha bolsa sobre sua cama, retiro
minha roupa e entro no banheiro. Nesse momento
só preciso de um banho relaxante, uma taça de
vinho e ficar largada na cama. Como um bom
italiano, obviamente ele teria um bar em seu quarto,
fui até a mini adega e encontrei um vinho tinto, me
servi de uma taça e voltei para o banheiro. Enchi a
banheira com água morna, coloquei alguns sais e
sorri ao perceber que estava começando a gostar de
ficar presa em sua casa.
Permito relaxar por algum tempo, a
verdade é que tudo isso ainda me deixa um pouco
assustada. Minha vida deu um giro nos últimos

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meses, ainda me custa acreditar que tenho esse


italiano só para mim. Confesso que depois que
Vanessa contou sobre sua fama na Itália, minha
insegurança atingiu o nível máximo, sua ex-mulher
era lindíssima, na verdade, ela parecia uma boneca
de porcelana.
Lorenzo escutou uma conversa minha com
Vanessa sobre isso, ele levou um bom tempo
falando que eu era muito boba, que essa
insegurança era coisa de adolescente.
Ele não mentiu, aos poucos estou tentando
acabar com essa insegurança. Lorenzo faz questão
de me enaltecer o tempo inteiro, tento absorver e
esquecer esse medo idiota.
Mando uma mensagem para minha amiga
que rapidamente responde:
Vanessa: Você só pode ser boba, eu bem
que queria passar vinte e quatro horas com um

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bonitão desses.
Valentina: Claro que isso é ótimo, só não
queria que as coisas acontecessem dessa forma.
Mais uma vez Breno está modificando minha
vida.
Vanessa: Você precisa tirar o positivo de
toda essa história. Agora vai poder ficar
grudadinha no seu italiano, aproveita esse tempo
ao lado dele para excluir qualquer medo ou
insegurança que você tenha. Eu te falei que
Lorenzo é um homem poderoso, ele nunca te
deixaria sozinha em casa sabendo da ameaça do
Breno.
Valentina: Estou começando a me
arrepender da minha decisão, deveria ter
deixado Lorenzo dar uma lição nele, quem sabe
assim me deixaria em paz.
Vanessa: Isso tenho plena certeza, se

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Lorenzo lhe desse uma lição, ele pensaria duas


vezes antes de fazer qualquer coisa com você. A
fama é de que quando ele era mais novo,
aprontou muito pelos quatro cantos da cidade,
digamos que fez coisas um pouco pesada.
Valentina: Essa fama era apenas do
Lorenzo ou com a família inteira?
Vanessa: Apenas ele e Pietro, Enrico
sempre foi o mais calmo de todos, Paollo não era
quieto, mas ficava na dele.
Conversamos por mais alguns minutos,
esse assunto ainda me incomoda um pouco. Ainda
não tive coragem de lhe perguntar sobre isso, ele já
deu a entender algumas vezes que se eu quisesse,
poderia acabar de vez com Breno. Isso me deixou
em alerta, logo depois Vanessa me contou essa
história.
O que será que o poderoso Lorenzo

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Bianchi esconde?
Quase uma hora depois, saio da banheira.
Deixei minha mala no carro, então opto por vestir
uma camisa social do Lorenzo, que fica na altura na
minha coxa. Uma ideia surge em minha mente,
farei uma visitinha ao seu escritório, e sem nada
por baixo.
Desço as escadas e acabo dando de cara
com a Flavia. Santo Deus, esqueci completamente
de sua presença. Sem saber onde me esconder, olho
para ela sem saber o que falar.
— Boa tarde, senhora — fala me
cumprimentando. — Já estava indo falar com a
senhora.
— Boa tarde, Flavia — falo em um fio de
voz. — Precisa de alguma ajuda?
— Não, eu apenas quero saber se a
senhora tem alguma preferência para o almoço.
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Fico parada olhando para ela sem saber o


que fazer ou falar. Quando foi que fui de Valentina
para senhora que delega coisas de casa? Flavia
percebe minha confusão interna, pois me olha com
um sorriso engraçado, deve estar achando que sou
louca.
— Não faço a menor ideia, Flavia — falo
por fim.
— Tem certeza que não tem nenhuma
preferência? — insiste em perguntar. — Senhor
Lorenzo disse para perguntar essas coisas a
senhora, imaginei que tivesse algo em mente.
Claro, tinha que ter o dedo daquele
italiano.
— Pode fazer as coisas normalmente,
Flavia. Deixarei tudo em suas mãos, fazemos de
conta que não estou aqui.
Ela começa a rir, me retiro e caminho até o
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escritório. Quando me preparava para entrar,


escutei Lorenzo falar meu nome. Eu deveria entrar,
mas não, fico parada atrás da porta escutando sua
conversa.
— Porra, eu queria entender esse efeito
devastador que Valentina tem sobre mim. Desde a
primeira vez que você me falou seu nome, algo
dentro de mim reagiu de forma diferente.
Acho que ele está falando com o meu
cunhado.
— Você tem noção do que é dormir e
acordar todos os dias com essa mulher em meus
pensamentos?
Compartilhamos do mesmo sentimento,
queria entender como uma pessoa pode se tornar
tão dependente da outra, principalmente em tão
pouco tempo. Durmo e acordo com ele em meus
pensamentos, trabalho com a imagem do italiano

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em minha mente.
— Pois é meu amigo, essa ragazza me
pegou de jeito.
— Oi, italiano. — Entro em sua sala e sou
recebido com um lindo sorriso.
Só de olhar o sorriso desse homem já sinto
umas pontadas no meu sexo.
— Vou precisar desligar, amigo. — Pede
para que eu me aproxime com um movimento de
suas mãos. — Sim, minha ragazza chegou, pode
deixar, digo sim.
— Estava falando com meu cunhado? —
Aproximo e sento em sua mesa.
— Sim, ele te mandou um beijo. — Puxa-
me pelos cabelos e beija meus lábios. — Já estava
com saudades de você.
Ele levanta, vai até a porta e a tranca,
numa caminhada que me pareceu extremamente
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demorada, ele para na minha frente e me segura


pela cintura.

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Capítulo vinte e cinco


Lorenzo Bianchi
Valentina estava deliciosamente gostosa
com a minha camisa, suas pernas torneadas
estavam completamente à mostra, me fazendo ter
pensamentos maliciosos.
— Posso saber o que a senhorita faz aqui
vestida desse jeito? — falo próximo ao seu ouvido
enquanto inalo o cheiro maravilhoso de seus
cabelos.
— Senti vontade de te fazer uma visitinha.
— Puxa minha camisa e prende as pernas em
minha cintura. — Minha mala está no seu carro,
não poderia ficar nua, então achei melhor vestir sua
camisa. Não gostou?

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Seus olhos estão carregados de desejo.


— Pelo contrário, adorei a surpresa. —
Coloco minha mão por dentro da camisa,
imediatamente paro em choque. — Não me diga
que...
— Sim, estou sem calcinha — sua voz é
extremamente sexy nesse momento.
Ah, ragazza, você não deveria fazer esse
jogo comigo. Temo que não haja um vencedor.
— Valentina, você não deveria fazer essas
coisas comigo. O efeito pode ser completamente
devastador, nesse momento meu desejo é de
colocar contra essa parede e te foder até que seu
corpo não aguente mais. — Mordisco seu seio e ela
estremece.
— Eu quero... — fala com a voz
entrecortada.
— Você quer o quê, ragazza? — Dessa
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vez começo a acariciar seu clitóris ao mesmo


tempo em que dou uma atenção maior para seus
seios.
— Quero que você me foda — fala me
parecendo bem necessitada.
— Seu desejo é uma ordem, ragazza, mas
antes preciso dar uma atenção maior a sua linda
bocetinha.
Desabotoou botão por botão de sua
camisa, sei que ela está extremamente necessitada,
comigo também não é diferente, meu pau está tão
duro que parece querer sair da cueca. Mas agora
saciarei meu desejo de chupar sua boceta, que virou
meu passatempo predileto.
Desço aos poucos até que paro em frente
ao meu prato favorito. Ela está tão à vontade
comigo, tenho uma visão privilegiada, passo a
língua em seu clitóris, começo a subir e descer,

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chupo com gosto e ela começa a se contorcer sobre


a mesa. Agarra meu cabelo e prende minha cabeça,
para que eu vá mais fundo em sua boceta.
Percebo os primeiros sinais de seu gozo,
intensifico os movimentos, até que sinto como se
ela estivesse se desmanchando sobre minha boca.
Chupo todo seu mel, acho que descobri a fórmula
para eu ser tão viciado nessa mulher.
Subo deixando pequenos beijos em seu
corpo, se ela pensa que acabamos por aqui,
certamente está enganada.
— Vire-se, ragazza — Ela rapidamente
faz o que eu mando — Empine essa bunda para
mim, Valentina — ordeno.
Como uma boa moça, ela faz o que peço.
Afasto um pouco e retiro toda minha roupa, meu
pau está tão duro, preciso entrar agora mesmo em
Valentina. Sem mais demora, penetro bem fundo,

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espero alguns segundos para que se acostume.


Pegando se surpresa ela começa a se movimentar,
esse é o aval que preciso. Começo a estocar
rapidamente.
— Mais forte, Lorenzo — Valentina fala
tão baixo que escutei com um pouco de dificuldade.
Atendendo seu pedido, começo a meter
com mais força, enrolo seus cabelos em minha mão
colando seu corpo ao meu.
— Você não sabe o quanto te desejo,
ragazza — falo ao seu ouvido. — Seu corpo me
deixa completamente extasiado, sentir a maciez da
sua pela, sua voz ao meu ouvido... Não pensei que
fosse ficar tão viciado em você.
— Só me come italiano, depois
conversamos sobre isso.
Ora, ora, quem diria que minha ragazza se
transformaria em uma ninfomaníaca. Não vou
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mentir, aproveitarei cada segundo para me deliciar


no corpo dessa beldade. Valentina começa a gemer,
e puta que pariu, essa mulher ainda vai me levar a
loucura. Começa a se movimentar e agora tenho
uma deliciosa visão da sua bunda.
Sinto o gozo se aproximar, intensifico os
movimentos, dessa vez fazendo com que Valentina
solte um gemido um pouco mais alto, espero que
nenhum dos empregados tenham ouvidos, seus
gemidos, suas feições e seu prazer são todos meus.
— Aaaah, Lorenzo — Valentina goza
chamando meu nome, não espero mais, gozo logo
em seguida, derramando todo meu prazer dentro
dela.
Cansada, Valentina cai sobre a mesa. Pego
minha camisa do chão e com um pouco de
dificuldade visto novamente em Valentina, pego
minha calça e visto rapidamente. Com Valentina

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nos braços, subo degrau por degrau, empurro a


porta do meu quarto a fechando logo em seguida.
Deposito Valentina sobre a cama e coloco a
banheira para encher.
Valentina está com os olhos fechados,
acho que lhe cansei um pouco. Com a banheira
cheia, coloco alguns sais de banho. Valentina
resmunga, mas retiro nossas roupas e a levo até a
banheira entrando logo em seguida. Pego uma
bucha e coloco um pouco de sabonete líquido, com
cuidado e delicadeza, começo a passar pelo seu
corpo, começando por seus braços. Valentina não
diz uma palavra, apenas aproveita cada toque em
sua pele.
Não me vejo mais longe dessa mulher,
antes tinha receio de me apegar, afinal de contas
estava fugindo de uma ex louca. Mas no momento
que meu caminho se cruzou com o de Valentina,

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tive certeza de que estava fugindo. Fui amarrado


por essa ragazza, agora só quero estar ao seu lado e
aceitar tudo o que ela tem a me oferecer.
Percebendo o cansaço da Valentina,
levanto da banheira e lhe estendo uma toalha para
que possa se enxugar, faço o mesmo que ela. Já
com nossos corpos secos, pego-a no colo mais uma
vez e a deposito sobre nossa cama.
Sim, não sei quando aconteceu, mas só
consigo me referir a cama como nossa. Afinal de
contas, é aqui que nos amamos por tantas e tantas
vezes.
Deito e a puxo para meu peito deixando
que nossos corpos descansem.
Valentina está sonolenta, seus dedos estão
passeando pelo meu corpo, é quando sua fala me
deixa paralisado:
— Eu te amo, italiano, definitivamente eu
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te amo. — Seus olhos estão fechados e eu não sei


se isso é verdade ou um sonho.
Dio Mio!
Amor? Essa palavra tão pequena, mas com
um significado inexplicável.
Paixão é o mesmo que amor?
Porra, será que eu a amo?
Conto os dias para ficar ao seu lado, ela
vive 24 horas por dia em meus pensamentos.
Quando Pietro sugeriu dividi-la, um ódio
inexplicável me atingiu. Amo cada gesto, feição e
mania sua. Valentina me encanta de uma forma que
não sei explicar. Sinto uma vontade absurda de lhe
proteger e manter segura. Quando estou ao seu lado
me sinto bem, como nunca tinha me sentido.
Tirei uma mecha de cabelo do seu rosto,
com cuidado acariciei sua pele. Olhando-a dormir
serenamente, a resposta veio de imediato me minha
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mente.
Sim, definitivamente eu amo essa mulher.

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Capítulo vinte e seis


Valentina Mello
Tateio a cama a procura do Lorenzo, só que
nem um sinal dele. Estou meio perdida no tempo,
lembro de ter ido para seu escritório e ele ter ficado
surpresa com o fato de eu estar sem calcinha,
ontem o sexo foi totalmente diferente, não sei
explicar direito, mas a carga emocional estava
muito maior.
Fui levada para o banheiro e mais uma vez
ele cuidou de mim, senti o toque de suas mãos
sobre o meu corpo com tanto carinho. Estava
sonolenta e não consegui aproveitei como gostaria
do seu contato. Senti como se estivesse nas nuvens
quando ele me pegou nos braços e me carregou até

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a cama. Tenho uma vaga lembrança de ter falado


que o amava, agora não sei se foi sonho ou se
realmente deixei isso escapar.
Santo Deus!
Levanto às pressas da cama, será que falei
realmente que eu o amava?
Droga, ele deve estar achando que sou
louca, estamos juntos há tão pouco tempo. Mas não
tive como impedir, a forma como ele me trata, o
jeito ao qual ele fala comigo e até mesmo a forma
como venera meu corpo quando estamos na cama.
Amo cada detalhe de seu corpo, a mistura de
idiomas que ele faz, a forma como me protege e se
preocupa comigo me abalam.
Não posso surtar, pelo menos não por agora.
Quando percebi que o amava, confesso que
fiquei morrendo de medo. Eu queria que isso não
tivesse acontecido, mas me apaixonei por ele muito
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rápido e hoje vejo que esse sentimento é amor.


Porque realmente tem uma diferença entre
amor e paixão e eu tenho certeza de que amo esse
italiano da boca suja.
Pego meu celular e leio algumas mensagens
de Vanessa e Sophia, elas estavam preocupadas já
que tinha horas que eu não aparecia no WhatsApp.
Vi que tem uma bandeja com comida sobre a
mesinha, minha barriga ronca, é quando percebo
que estou morrendo de fome. Respondo suas
mensagens dramáticas e resolvo vasculhar minhas
redes sociais, tem dias que não entro.
Por obra de Deus, é claro, a primeira foto no
meu feed é uma minha com Lorenzo. Ele está
divinamente lindo em seu terno preto caríssimo, e
super alinhado. Lembro desse dia, fomos
convidados para um jantar na casa do prefeito, me
surpreendi ao receber o convite em minha casa,

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obviamente foi por causa do italiano. Aproveitei


para usar meu melhor vestido, muitas mulheres não
paravam de babar no meu homem, mas fiz questão
de mostrar que ele estava acompanhado e muito
bem, diga-se de passagem.
Essa foto foi postada hoje, com a seguinte
legenda: La mia bella ragazza.
Esse homem só pode estar querendo me
matar, copio a frase e corro para o Google tradutor,
me surpreendo com a tradução.
Minha bela menina.
Estou como uma boba suspirando para essa
foto, não pensei que ele fosse postar em suas redes
sociais. Ainda estou meio em choque, acho que
estava o subestimando, mesmo me mantendo firme
e mais segura, no fundo ainda tinha um medinho de
que tudo foi um sonho.
A foto tem milhares de comentários,
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reconheço alguns nomes:


Pietro: Tu roced cugino, davvero una bella
donna. (Arrasou primo, realmente uma linda
mulher.)
Antonella: Che bella coppia, Valentina,
non lasciare che l'italiano scappare. (Que lindo
casal, Valentina, não deixa esse italiano escapar.)
Vanessa: Meu casal, façam logo filhos, já
passei da idade de ter sobrinhos.
Tinha que ser a Vanessa, às vezes acho que
minha amiga tem um parafuso solto.
Mas um comentário em especial me chama
atenção, Isabela D’Angelo. Não acredito que essa
vaca teve coragem de comentar na nossa foto, é
muita falta de vergonha na cara. A filha da puta
ainda comentou em português.
Isabela: Que lindo casal, só espero que
Lorenzo não quebre seu coração, assim como fez
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com o meu.
É muita audácia de uma pessoa só, se ela
pensa que isso vai ficar assim, certamente está
muito enganada.
Valentina: Não se preocupe, queridinha.
Se isso vier acontecer, nós juntamos os
pedacinhos e começamos tudo de novo. Se
preocupa com sua vida que nós cuidamos da
nossa.
Respondo para essa louca, pensa que vou
me abalar, está muito enganada. Sei de tudo que ela
aprontou com Lorenzo, sei que nem em um milhão
de anos ele vai querer ter alguma coisa com ela.
Como estou a fim de afrontar, escolho nossa
melhor foto, uma que tiramos na vinícola, irei
postar no Facebook e marcarei ele, assim seus
amigos vão ver a foto, entre eles Isabela.
Coloco a seguinte legenda: Um vício
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chamado italiano.
Deixei o celular na cama e me concentrei
em comer, esses últimos dias estou com uma fome
de leão. Ontem era para eu ter ido para a consulta
com minha ginecologista, mas com toda essa
agonia do Breno, acabei não indo, e só consegui
remarcar para o mês que vem.
Termino de comer, visto um vestido
confortável e vou a procura de Lorenzo. Desço as
escadas e nenhum sinal dele na sala, vou até o
escritório e nenhum sinal. Estranho, ele
praticamente vive enfurnado nessa sala, vou até a
cozinha e encontro Flavia, resolvo perguntar por
ela:
— Flavia — falo, chamando sua atenção
—, você sabe do Lorenzo? Não o encontro em
lugar nenhum.
— Ele saiu, disse que não era para a

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senhora se preocupar nem sair de casa. Ele foi


resolver um problema e não deve demorar.
— Obrigada. — Saio da cozinha.
Não tenho muita coisa para fazer nessa
casa, então irei para o único lugar que me sinto
extremante bem. A biblioteca.
Pego um livro e começo a folhear, a
verdade é que não consigo me concentrar. Lorenzo
pensa que Breno só pode fazer algo contra mim,
mas ele também é um alvo fácil e isso me deixa
bastante preocupada.
Escuto o bip do meu celular, é uma
mensagem da minha irmã.
Sophia: Como vai minha irmã
predileta?
Valentina: Até onde eu saiba, sou sua
única irmã hahahaha.
Sophia: Lorenzo já chegou aí?
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Valentina: Não, o que ele estava fazendo


aí?
Sophia: Não sei, agora preciso ir
irmãzinha, aproveita o boy italiano.
Essa vaca sabe de alguma coisa, mas
obviamente não vai me contar nada, bem típico da
minha irmã.
Vou até a janela, abro as cortinas e vejo
que a luz do dia não está mais presente, olho no
relógio e já passa das oito da noite.
As horas foram passando e minha
preocupação com o Lorenzo só aumenta. Mandei
várias mensagens para seu celular, mas todas sem
resposta. Sentindo-me exausta, deito um pouco no
sofá. Nesse momento só tenho que agradecer a
Deus, acho que finalmente encontrei o meu
recomeço. Não consigo enxergar minha vida sem o
italiano, acordar todas as manhãs e não dar de cara

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com seus olhos pretos me observando, ou até


mesmo ser acordada de madrugada com beijos
sobre o meu corpo.
Acho que é isso, eu sou do italiano e ele é
meu.
— Valentina. — Acebei pegando no sono,
quando tive a impressão de escutar a voz do
Lorenzo. — Acorda ragazza, estou aqui.
Sinto lábios quentes e macios encostarem
nos meus.
— Onde você estava Lorenzo? — Pulo em
seus braços e o abraço forte. — Você tem noção do
quanto fiquei preocupada com você? Custava me
mandar uma mensagem para eu saber que você
estava bem?
Disparo uma pergunta atrás da outra, o que
faz com que Lorenzo comece a rir.
— Calma, ragazza, me desculpe pela
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ausência, pode apostar que foi por um bom motivo


— diz com um pequeno sorriso. — Levante-se, nós
temos um lugar para ir.
Lorenzo fala, com a voz rouca e firme.
— Onde iremos? — pergunto preocupada.
— Preciso de uma roupa especial?
— Não, eu preciso apenas que você arrume
uma pequena mala com algumas roupas. — Dirijo-
lhe um olhar de interrogação — Vamos passar o
final de semana fora e pode ficar tranquila, você vai
gostar.
— Você não vai me dizer onde iremos, né?
— Sorridente, ele acena que não. — Tudo bem,
italiano, vou arrumar minhas coisas e já volto.
Antes de seguir meu caminho, paro e
admiro o homem a minha frente. Ele percebe que
estou o olhando, pois vira-se e me dirige um sorriso
iluminado. Ele tem essa aparência de homem todo
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poderoso, mas no fundo é um menino


completamente apaixonante, tirei a sorte grande ao
encontrá-lo e pensar que por medo quase o deixei ir
embora.
Suspirei e o aroma do seu perfume
amadeirado atingiu minhas narinas, me aproximei,
beijei seus lábios e corri para o quarto.
Eu posso confiar em Lorenzo?
E a resposta vem na velocidade da luz,
confio nele de olhos fechados. Ele me passa a
segurança que qualquer mulher gostaria de ter, me
protege e me ama de todos os jeitos, então, não
tenho por que ter medo, só me resta arrumar
minhas coisas e aproveitar cada segundo ao lado do
meu italiano.
No final é disso que estamos precisando,
respirar novos ares.

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Capítulo vinte e sete


Valentina Mello
Quase tive um infarto quando Lorenzo me
disse que iriamos para a fazenda, sempre gostei de
ficar no campo, acho que isso deu para perceber, já
que moro praticamente entre vinícolas. Ele já tinha
comentado sobre essa propriedade, mas não
imaginei que fosse tão linda. Uma grande e vasta
área verde, muitos cavalos, vacas e até mesmo
porcos. O que me deixou mais encantada foram os
chalés, tem a casa principal, mas os chalés foram
feitos para os funcionários e ele pediu para que um
fosse preparado para gente.
Quando chegamos, tinha uma mesa posta
com várias comidas típicas, a lareira estava ligada e

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tinha um bom e clássico vinho. Minha maior


surpresa foi ver todo cuidado e carinho que ele
pediu para que preparassem isso, confesso que não
imaginei que o italiano fosse do tipo romântico.
Fomos direto para o banheiro, onde tinha
uma enorme banheira a nossa espera, nos
entregamos ao desejo que nos consumia, um sexo
quente e gostoso foi um alívio para nossos corpos.
Tem uma frase de Lorenzo que não sai da minha
cabeça, estávamos sentados na água, eu estava a
sua frente, quando ele falou ao meu ouvido:
— Porra, não pensei que fosse ficar tão
viciado em uma ragazza. Você é uma tremenda
bruxinha, conseguiu me enlaçar de vez, nosso sexo
fica melhor a cada dia e eu só posso esperar mais e
mais da nossa química. Nossos corpos se
completam e é uma junção extremamente deliciosa,
Valentina.

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Eu não sei do que gosto mais, sua boca, sua


salada de idioma, a forma como ele me chama de
ragazza, ou como venera meu corpo quando
estamos na cama. Às vezes acho que esse homem
não existe, sei que ele tem seus defeitos, mas a cada
dia o quero mais e mais.
— Terra chamando Valentina — Lorenzo
chama minha atenção, estava tão distraída
absorvendo seu carinho em meus cabelos que não
percebi que falava comigo. — Ragazza?
Estamos deitados na cama depois de termos
saciado nosso desejo no tapete em frente a lareira,
amanhã tenho certeza de que não conseguirei
levantar. Não tenho mais idade para ficar fazendo
essas artes, mas o imã que tem no Lorenzo me atrai
de uma forma inexplicável e não conseguimos nos
preocupar com o lugar que estamos, apenas nos
entregamos ao desejo que nos consome.

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— Desculpe, é que perco a noção quando


suas mãos estão sobre meu corpo. — Sorrio e ele
retribui o gesto. — Não importa em que parte ela
esteja, mesmo sendo um toque singelo em meu
rosto, suas mãos me levam a loucura.
— Ragazza, fico feliz por ter minhas mãos
sobre seu corpo. — Começa a beijar meu queixo, e
para em minha boca, onde mordisca meu lábio. —
Não imagina o quanto é prazeroso sentir o toque de
sua pele, o cheiro delicioso de seus cabelos e o
calor maravilhoso que sinto quando estamos juntos.
Lorenzo segura meu rosto com as duas
mãos e em um beijo calmo, explora minha boca
delicadamente. Dessa vez não é algo carnal,
arriscaria até em dizer que tem muito sentimento,
porém não é paixão, ele está totalmente entregue
nesse beijo. Envolvo minhas pernas em sua cintura,
o prendo mais a mim. Por fim, nos separamos e

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dessa vez consigo decifrar seu olhar.


Só posso ter tomado vinho demais, estou
vendo amor... amor esse que pensei que só eu
sentisse. Sinto as batidas frenéticas de seu coração,
nunca o tinha visto desse jeito. Ele me parece
nervoso. Encaramo-nos por um bom tempo, ele
parece querer falar alguma coisa, mas não sai.
Deitada de bruços, sinto beijos serem
deixado em minhas costas
— Lembra qual foi o motivo de eu ter
vindo para o Brasil? — pergunta enquanto suas
mãos fazem um vai e vem em minha pele.
— Sim, para sair do radar da sua ex-
mulher.
Não gosto de lembrar dessa louca, vive
mandando mensagem para Lorenzo, além de
comentar em todas suas fotos no Instagram. O pior
de tudo é que ela só parou depois de ser bloqueada,
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nem quando a foto era de nós dois ela deixava de


comentar.
— Não vou mentir, essa foi mesmo a
intenção. Levei um ano separado da Isabela, muitas
mulheres apareceram, minha cama só ficava vazia
quando queria.
Ainda bem que ele não pode enxergar o
meu rosto, não gosto nada de saber que ele passou
o rodo na cidade inteira. O que me deixa intrigada é
que ele tinha todas as mulheres a sua disposição,
mas é aqui comigo que ele está.
O que eu tenho de tão especial?
— Sei que está passando um monte de
bobagem pela sua cabeça, mas não tire nenhuma
conclusão precipitada. — Incrível como ele me
conhece tão bem. — Nenhuma mulher me
despertou o interesse de algo a mais, porém, assim
que meus olhos se cruzaram com os seus, tive

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certeza de que estava ferrado. A cunhada do meu


amigo não me saía da cabeça, não vou mentir, no
começo tive um gás a mais por causa de Breno,
queria que ele visse que eu tinha ganhado, você era
minha.
Sinto como se algo mudasse dentro de
mim, cada vez que Lorenzo se refere a mim como
sua mulher. Para alguns pode soar possessivo, mas
para mim soa diferente, um diferente que não sei
explicar.
Lorenzo pondera antes de falar:
— Aos poucos fui me encantado, fiquei
com muita raiva quando você fugiu de mim pela
primeira vez. Estava disposto a não correr atrás de
você, minha paciência estava se esgotando com
essa sua mania de fugir.
Ainda bem que parei com isso, minha cota
de insegurança adolescente já se esgotou. Só de

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pensar no risco que corri, se continuasse sendo uma


medrosa, nesse momento meu italiano estaria nos
braços de outra, até mesmo daquela loira sem sal
que apareceu na doceria.
Lorenzo levanta da cama e me leva junto
parando no meio do quarto. Seus olhos que amo,
me encaram com tanta intensidade que sinto um
arrepio na espinha. Ele pega minhas mãos e leva
até o coração, onde sinto as batidas frenéticas dele.
— Tentei fugir, te confesso que até mais
do que deveria. Mas quanto mais te tinha em meus
braços, mas desejo por você sentia. Me encantei
com seu jeito de menina, mesmo sendo uma mulher
feita. Seu jeito de agir, sua falta de bom senso para
algumas coisas, e principalmente, pela mulher
maravilhosa que você é...
Nesse momento não consigo dizer uma
palavra, meus olhos estão cheios de lágrimas, se ele

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continuar nesse ritmo, daqui a pouco começo a


chorar que nem um bebê.
— Sabe o que quero dizer com isso? —
pergunta com um sorriso nos lábios.
— Que você é louco por gostar de mim?
— arrisco mesmo já tendo percebido sua intenção.
— Não ragazza. — Bate com a ponta dos
dedos em meu nariz. — Porra, não sei quando
aconteceu e como aconteceu, mas sei que te amo
loucamente. Sei que tudo isso aconteceu rápido
demais e me deixa com um pé atrás, mas não
trocaria o que estamos vivendo por nada nesse
mundo. No final das contas, tive que viajar mais de
doze horas para encontrar a mulher da minha vida
do outro lado do oceano.
Precisava falar alguma coisa, mas é como
se tivesse uma fita em meus lábios. Só consigo
encará-lo e rezar para que veja que também o amo

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loucamente.
— Da última vez que estivemos juntos na
minha casa, não sei se você estava delirando ou
realmente quis falar aquilo.
— Falar o quê? — Faço-me de
desentendida, já que agora tenho a confirmação que
precisava, realmente falei que o amava.
— Você disse que me amava, tinha tanta
veemência em suas palavras que passei dias com
isso na minha mente. Por muitas noites me
perguntava como era possível um sentimento
nascer em tão pouco tempo, mas isso aconteceu e
eu quero muito que você retribua minhas palavras.
— E-eeee... — Porra, essa mania de ficar
gaguejando nas horas erradas. — Não vou mentir,
desde nosso primeiro contato tive certeza que meu
fraco coração não aguentaria e me apaixonaria por
você. E foi isso que aconteceu, em questão de

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pouco tempo meu coração já batia freneticamente


por você. Acho que todas as vezes que fugi era
medo do sentimento que se apossava de minhas
emoções.
Pego suas mãos e coloco no lado do meu
coração, para que ele veja a escola de samba que
ele se torna quando estou ao seu lado.
— Quando é para ser amor, não importa se
as pessoas se conhecem há duas horas, dois dias ou
dois anos. — Deslizo minhas mãos carinhosamente
em seu rosto. — O amor tem dessas, gosta de
pregar peças nas pessoas. Até outro dia não
acreditava em amor à primeira vista, mas agora
vejo que isso é possível. Eu te amo, Lorenzo, te
amo de uma forma que pensei nunca amar
novamente.
Tento controlar a emoção, está ficando
difícil segurar o choro. Respiro fundo e continuo:

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— Amo sua salada de idiomas, o jeito como


venera meu corpo, a forma como faz com que me
sinta a mulher mais sortuda desse mundo. Sempre
acreditei em destino, onde tudo acontece no seu
devido tempo. Não me arrependo de ter ficado
sozinha durante esses cinco anos, agora vejo que
você estava reservado para mim. Sou uma grande
sortuda...
Ele coloca a mão em meus lábios
impedindo que eu fale.
— Não ragazza, se tem alguém sortudo em
toda essa história, com certeza sou eu — fala, e lá
está o sorriso que tanto amo. — Você é a mulher
que eu precisava, só fui burro por não ter percebido
isso antes. Hoje, não consigo imaginar minha vida
sem toda essa confusão que se resume a Valentina
Mello. Não sei o que vai acontecer daqui pra frente,
só te peço que confie em mim, se sentir novamente

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vontade de fugir, me fala que resolvemos isso em


dois segundos.
Cola seus lábios nos meus, me segura pela
cintura e cola nossos corpos.
— Não foge de mim, ragazza — ele fala e
vejo súplica em seus olhos. — Por tudo que
estamos vivendo, não foge de mim. Deixa-me te
proteger, adorar cada centímetro do seu corpo, e
principalmente, o amor que sinto por você.
Sem ter muito o que falar, colo nossos
lábios e beijo-o como se não houvesse amanhã. Em
minha mente passa um filme, todas as vezes que
Sophia disse que quando aparecesse um homem
que virasse minha vida do avesso, as coisas seriam
diferentes. E hoje, posso dizer que Lorenzo virou
minha vida de cabeça para baixo, mas não me
arrependo de nada que estou vivendo.
Na verdade, só me arrependo de todas as

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vezes que fugi de seus braços, deve ser por isso que
agora sou viciada nele.
Separamo-nos e ele me abraça forte,
prendendo-me em seus braços, enlaço minhas mãos
em sua cintura e fico ali por um tempo, no meu
lugar preferido.
Os braços do meu italiano.
Não sei o que vai nos acontecer daqui para
frente, só sei que quero esse italiano em minha
vida. Agora posso finalmente dizer que estou nas
nuvens, mais feliz do que nunca.

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Capítulo vinte e oito


Lorenzo Bianchi
Porra, senti um puta alívio ao colocar para
fora que amava Valentina. Depois de ter escutado
sua confissão, senti na obrigação de não esconder
esse sentimento. O pior já aconteceu, que foi
Valentina ter me deixado com os quatro pneus
ariados por ela. Já queria vir até a fazenda, trazê-la
para cá foi a melhor ideia que poderia ter tido.
Nada se compara ao ver sua carinha de
surpresa e felicidade. Valentina é uma mulher de
coisas simples, pequenas atitudes lhe conquistam e
eu irei abusar muito disso.
Depois de saber sobre a possível ameaça do
babaca do Breno, passei a pensar em uma forma de

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distrair sua mente, até mesmo a minha. Pois minha


vontade é de acabar com ele, mas prometi a
Valentina que não faria isso. E como sou um
homem de promessas, irei honrar com minhas
palavras.
Liguei para Bernardo e pedi que ele
preparasse tudo, nada melhor do que meu amigo
para fazer isso.
Ouvir de sua boca, dessa vez olhando em
meus olhos, que ela também me amava, porra, senti
uma alegria inexplicável. Mas me controlei ao
máximo, não queria que ela pensasse que fosse
frouxo.
Caralho, confesso que estou completamente
viciado em chupar sua boceta. Dio mio, Valentina
consegue ter um sabor inebriante, levemente
adocicado e que me vicia a cada chupada. Sem
contar que ela faz milagre com aquela boquinha

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nervosa, se tem uma coisa que nunca vou esquecer,


foi quando me disse para entrar com tudo em seu
rabinho, aquele que tanto desejei vendo suas fotos.
O tempo inteiro me pego lembrando da
frase: Para de enrolar, italiano, já lhe disse que
não tenho a menor intenção de fugir. Agora para
de falar e me come logo, pode ir fundo.
Puta merda, essa mulher um dia ainda vai
me levar a loucura. Quanto mais me perco em seu
corpo, mais vontade de passar o dia inteiro dentro
dela tenho. Ela é apertadinha, consegue envolver
meu pau perfeitamente. Valentina tem essa carinha
de menina, mas na cama é um furacão.
Cada dia tenho mais certeza, não poderia ter
escolhido uma mulher melhor.
Mulheres e essa mania de levar uma
eternidade se arrumando. Já tenho mais de meia
hora esperando Valentina terminar de se arrumar.

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Bernardo nos indicou um restaurante que fica aqui


próximo, então decidimos aproveitar nossa noite.
Enquanto me arrumei em dez minutos, apenas
vestindo uma calça e camisa social, ela tem um
século dentro desse banheiro.
— Ragazza, minha intenção é de sair ainda
nessa vida. Será que você pode adiantar o lado?
Não precisa de tanta maquiagem, você já é linda de
qualquer jeito — grito da sala já ficando impaciente
com toda essa demora.
Porra, já lhe falei várias vezes, não é
necessária nenhuma maquiagem, ela é linda de
qualquer forma, até mesmo quando acorda com o
olho cheio de remela.
— Que exagero, italiano — fala finalmente
depois de sair do banheiro. — Entenda uma coisa,
uma mulher precisa de tempo para se arrumar.
Você tem sorte, antes eu demorava muito, mas

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agora consigo otimizar meu tempo.


Penso em retrucar, mas fico apenas parado
admirando a linda mulher a minha frente. Ela está
com um vestido preto que me permite ter uma
excelente visão de suas pernas. Seus cabelos estão
em um rabo de cavalo, só consigo pensar em
enrolá-los em minhas mãos e lhe prender enquanto
meto meu pau bem fundo na sua bocetinha.
Porra, se ela tivesse o poder de ler mente,
com certeza me acharia um tarado, só consigo
pensar nas milhares de formas de foder com ela.
— Terra chamando italiano. — Ela está
parada em minha frente, me encarando fixamente
com seus lindos olhos.
— Dio mio, Valentina. — Seguro seu rosto
com as duas mãos e beijo seus lábios. — Já estou
vendo a dor de cabeça que terei, os homens vão
ficar com os olhos fixos no que é meu e não sei se

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tenho maturidade para não arrebentar a cara deles.


Precisa se arrumar tanto desse jeito?
— Mas o que é bonito não é para se
mostrar? — Sorri maliciosamente, sei que está me
preocupando.
— Não é necessário, sei o quanto você é
linda e gostosa pra cacete. — Mordisco o lóbulo de
sua orelha. — A opinião de outros homens não tem
importância. Ou tem?
Só de pensar na possibilidade de olhos
famintos em cima da minha mulher, uma raiva
inexplicável me atinge. Com Valentina tenho um
sentimento de posse que não sei explicar, até tento
me controlar, pois sei que nenhuma mulher gosta
disso.
Mas porra, ela é minha mulher, não vou
permitir que esses marmanjos desejem o que é meu.
— Nem irei te responder nada, italiano. —
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Afasta e à medida que vai andando, tenho uma


visão deliciosa de sua bunda balançando. — Vamos
logo que estou morrendo de fome.
Sem ter muito o que fazer, vou em sua
direção e beijo seus lábios. Minha vontade nesse
momento é de rasgar esse vestido, colocá-la em
meu colo e deixar que ela cavalgue deliciosamente
em meu pau. Mas, como prometi que sairíamos, me
afasto, tento me recompor e seguimos até o carro.
Pelo visto a noite será longa.

Jantamos na mais perfeita sintonia, até que


a indicação do Bernardo foi acertada. O restaurante
é bem acolhedor, as paredes são meio rústicas, e
ficam em uma perfeita combinação com os móveis
que parecem ser de barro. Os funcionários foram
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bem amigáveis, assim como a comida típica foi


bem preparada.
Durante todo o jantar só conseguia pensar
em levar Valentina para casa e me deliciar em suas
curvas deliciosas. Paguei a conta e com a mãos em
suas costas, seguimos caminhando para a saída. O
manobrista foi pegar o meu carro, enquanto isso,
ficamos parado na porta do restaurante.
— Nossa, quando escolhi minha roupa,
esqueci completamente do frio — fala tremendo
por causa da temperatura.
Pego meu blazer e coloco sobre seus
ombros, logo em seguida lhe abraço, prendendo seu
corpo ao meu. Engraçado como as coisas mudam,
eu, Lorenzo Bianchi, estou viciado em uma mulher
que tinha uma mania incrível de fugir de mim. Tê-
la em meus braços faz com que meu coração
comece a bater mais forte, e eu definitivamente não

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gosto de estar me tornando tão vulnerável.


— Que fofo — escuto alguém bater palmas,
essa voz até me parece familiar —, veja se não é o
italiano com um pau delicioso e sua mulher sem
sal.
Sinto Valentina enrijecer em meus braços.
— O que você quer aqui? — pergunto, com
os olhos fixos na dona da voz.
— Estava de passagem, apenas senti
vontade de cumprimentar o casalzinho sem graça e
sem açúcar.
Nunca pensei que fosse me arrepender de
ter recebido um boquete, mas essa mulher só pode
ser louca.
— Já viu, agora pode ir embora. —
Valentina continua sem falar nada, e espero que ela
não resolva fugir uma hora dessas.
— Calma, quando eu estava com a boca em
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seu pau, você hora nenhuma mandou eu ir. Ainda


sinto seu gosto, gatinho.
Para provocar, passa a língua no canto
superior dos lábios.
Sinto Valentina respirar fundo, sei que vem
pedrada pela frente.
— Engraçado, em trinta anos de minha
existência — Valentina se solta de meus braços e
para de frente para a louca, que não sei o nome —
já soube de amor à primeira vista, beijo ou até
mesmo abraço. Mas nunca vi amor ao primeiro
boquete.
E a louca não esperava por essa reação,
prova disso é que está parada de boca aberta, em
choque com a Valentina. Confesso que estou do
mesmo jeito, está difícil de acreditar que ela acabou
de falar isso.
— Não te culpo, o meu italiano é irresistível
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em todas as partes. Claro que você ficaria


encantada, só não pensei que você fosse tão burra
ao ponto de se apaixonar por um pau. Se você
pudesse sentir as coisas maravilhosas que ele faz
com a língua, certamente diria aos quatro cantos
que o amava — fala com um sorriso satisfeito. —
Agora faz um favor pra gente, para de ficar
secando o meu homem, você pode se gabar à
vontade por ter lhe dado um boquete, mas é em
mim que suas mãos tocam, seus beijos são
unicamente meus, sou eu que tenho o privilégio de
cavalgar deliciosamente em seu pau e o melhor de
tudo, sou eu que tenho seu coração.
Coincidentemente, o manobrista aparece
com meu carro. Ela não fala uma palavra, se retira
e entra no carro deixando-me chocado com o que
acabei de ouvir. Porra, ouvi-la falar dessa forma me
deixou com um tesão do caralho.

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Não digo uma palavra a mulher que está em


choque parada no meio da rua. Apenas passo por
ela e entro do lado do motorista.
— Valentina... — chamo sua atenção.
— Nem vem, italiano — fala sem me
encarar. — Não quero falar sobre isso, então me
deixe em paz.
Não vou insistir, pelo menos não por
enquanto.

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Capítulo vinte e nove


Valentina Mello
É muita audácia para uma pessoa só,

ainda estou sem acreditar na ousadia dessa mulher.

Mas tudo isso é culpa de Lorenzo, se ele deixasse o

pau dentro das calças, não estaríamos passando por

isso. E nesse momento não estaria com uma

vontade enorme de voar no pescoço daquela

labisgóia. Não ia fugir, mas também não falaria

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nada. Não aguentei vê-la falando tanta bobagem, e

o pior, falando do pau do meu italiano.

Lorenzo tentou puxar assunto, mas não


quero papo nesse momento. Minha mente está
fervilhando de informações e ideias e uma delas é
meter a mão em sua cara.
Será que a mãe dele nunca o ensinou que
não deve aceitar coisas de estranhos?
— O que tanto se passa nessa sua
cabecinha, ragazza?
Estava tão distraída que não percebi que
paramos, olho ao redor e vejo que estamos no
acostamento de uma estrada de terra que é caminho
da fazenda. Queria gritar na sua cara, mas opto por
fazer o que meu íntimo tanto deseja.
Pegando de surpresa, desafivelo seu sinto,

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abro o zíper de sua calça e tenho uma visão


privilegiada de seu pau. Assim que sente minhas
mãos, ele desperta.
— Valentina, não precisa fazer isso.
Ele deve pensar que lhe farei um boquete,
mas não é essa minha intenção. Meu sexo anseia
pelo seu preenchimento, meu corpo arde de desejo
de ser tocada por suas mãos para comprovar que ele
é meu, apenas meu. Só de imaginar que podemos
ser pegos, a adrenalina me consome.
Acompanhada de seus olhos, retiro minha
sandália, logo em seguida baixo minha calcinha.
Sinto uma queimação, ter seus olhos famintos sobre
mim me deixam completamente excitada. Tive
duas opções: deixar a louca atrapalhar minha noite
ou aproveitar cada segundo ao lado do meu
italiano. Ainda bem que tomei a decisão correta,
não vou mais me deixar abater por coisas

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insignificantes.
Não é preciso ser dito nenhuma palavra,
Lorenzo inclina o máximo o banco. Suspendo meu
vestido e sento em seu colo sem que ele me
penetre. Seguro seus cabelos com uma certa força e
trago seus lábios para perto dos meus. Mordisco
seu lábio inferior antes de atacar sua boca em um
beijo puramente carnal. Exploro cada cantinho de
sua boca, sugo sua língua, e começo a me
movimentar em seu colo fazendo com que nossos
sexos se choquem e uma onda de calor me atinja.
Lorenzo solta um pequeno gemido e
movida por sua cara de prazer, me levanto um
pouco, coloco seu pau na entrada do meu sexo e
desço lentamente sentindo o preenchimento
gradativamente. Suas mãos firmes começam a
apertar minha bunda me causando assim um desejo
inexplicável, tento me controlar, afinal de contas

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estamos no meio da estrada.


— Porra, Valentina, você é extremamente
deliciosa — fala sugando meu seio direito,
enquanto aperta o outro. — Tirei a sorte grande ao
te encontrar, estava com um puta medo de você sair
correndo e não querer mais me ver. Você não
imagina o quanto me arrependo de ter encontrado
aquela mulher...
— Não fala nada. — Coloco um dedo em
sua boca para impedi-lo de continuar. — Tive duas
opções e decidi pela mas sensata e principalmente
aquela que meu corpo desejada. Então, estou aqui
aproveitando minha noite e pronta para ter um
orgasmo delicioso.
Ele me puxa pela nunca e cola nossos
lábios, um beijo quente, duro e delicioso.
— Topa fazer uma loucura? — fala ao um
ouvido.

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Em outros tempos iria questionar, até


mesmo negar veementemente, mas a nova
Valentina só pensa em aproveitar tudo que o
italiano possa me proporcionar.
— Sim, eu topo.
Ele manda que me levante e da forma que
ele está, sai do carro. Em segundos ele está abrindo
a porta para mim, o choque da temperatura gelada,
com o calor de meu corpo, é uma sensação nova e
prazerosa.
— Você não deveria ter me provocado,
Valentina — fala tomando meus lábios em um
beijo faminto. — Estamos sozinhos no meio dessa
estrada, a possibilidade de alguém passar por aqui a
essa hora é nula.
Suas mãos vão para dentro do meu vestido
e ele me penetra com dois dedos.
— Então, quero que você se entregue, sem
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receios, pudores ou medo. Deixe que seu corpo


comande suas ações, hoje quero tudo de você. Suas
feições de prazer, seus gritos de desejo e
principalmente seu amor.
Retira os dedos de dentro de mim os
levando a boca e chupando-os como se fosse seu
sabor predileto. Tomada pelo desejo, farei o que ele
me pede, tentarei esquecer tudo que nos rodeia e
me entregarei ao prazer com esse homem.
Pegando desprevenida, ele me vira, colando
meu corpo ao carro. Quando menos espero, sou
penetrada, não tive nem tempo de raciocinar.
Lorenzo começou a me estocar com força, a
mistura de temperaturas está me deixando louca ao
mesmo tempo em que o ar gélido me atinge, o
corpo e o hálito quente do Lorenzo me aquecem.
Suas mãos rodeiam meu pescoço e ele me prende
mais a seu corpo, estou totalmente exposta e

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entregue para ele. Mordisca e chupa o lóbulo da


minha orelha me causando um arrepio da espinha
ao pé. Sinto uma vontade descomunal de gritar, sei
que não tem ninguém a nossa volta, mas o medo de
ser pega ainda está presente.
— Sem pensar besteira, bambina —
sussurra ao meu ouvido. — Lembre-se, sem medos
e receios. Acho que você está precisando de um
incentivo, não escutei ainda sua voz.
Dito isso, ele começa a me penetrar com
mais força, dessa vez tão fundo que sinto uma
pontada no meu útero. Ao mesmo tempo que seu
pau está dentro de mim, sua mão começa a fazer
pequenos círculos em meu clitóris tornando assim
impossível de me controlar.
— Aaaah, Lorenzo — sussurro baixinho,
inebriada pelo desejo.
Seus movimentos ficam cada vez mais

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rápidos, sinto que meu orgasmo se aproxima, mas


ainda quero aproveitar essa nova experiência. Com
um pouco de dificuldade consigo me afastar dele.
Lorenzo está me encarando sem entender nada,
confesso que amei ver sua carinha, do tipo que
acabou de ter seu doce predileto tomado.
— Você disse que era para me entregar,
sem receios ou medo. Certo? — pergunto com os
olhos fixos nos dele que nesse momento estão
carregados de desejo. — Estou morrendo de
vontade de te chupar e não posso esperar até chegar
ao quarto. Então italiano, fique quieto e aproveite.
Inverto nossas posições, agora ele está
encostado no carro, me abaixo e tenho uma perfeita
visão do seu pau, duro, rosado e extremamente
apetitoso. Com calma, seguro-o com as duas mãos
e começo a passar a língua pela cabecinha sentindo
um leve salgado da mistura de nossos corpos.

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Coloco ele todo na boca e começo chupá-lo com


um pouco mais de rapidez, Lorenzo balbucia
algumas palavras, porém mais uma vez não
entendo. Ele me segura pelos cabelos e empurra
minha cabeça, levando seu pau mais fundo, acabo
engasgando um pouco, mas isso não me intimida.
Sinto que fica mais rígido e suas veias
alteradas, sei que está perto de gozar, então passo a
chupar sua cabecinha lentamente, sei que isso lhe
leva a loucura.
— Ragazza, se você não quiser que eu goze
nessa sua boquinha nervosa — sua voz é rouca e
carregada de desejo — é melhor parar agora antes
que seja tarde demais.
Não lhe digo uma palavra, apenas continuo
o que estava fazendo. Não vou parar, quero tudo
que venha de Lorenzo e isso inclui seu gozo. Seus
olhos estão fixos no meu, sei que homem sente

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prazer ao olhar, então suspendo um pouco o meu


vestido e começo a me tocar, seus olhos estão
arregalados.
Confesso que também não sei onde estou
com a cabeça, mas estou deixando meu corpo
comandar minhas ações. Sinto os primeiros jatos de
seu gozo em minha boca, o gosto não é lá essas
coisas, mas não vou desistir. Continuo chupando,
até que a última gota seja aproveitada.
— Dio Santo, Valentina — fala em um fio
de voz.
Levanto-me e tomo seus lábios em um
beijo, quero que ele sinta um pouco da nossa
mistura deliciosa. Nunca pensei que fosse possível
sentir tanto prazer em uma chupada, ver sua cara de
desejo e o quanto ele tentou se controlar foi o pavio
que faltava para meu desejo aflorar.
— Não vou te comer aqui — abre a porta

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do carro para que eu entre —, precisamos de uma


cama, uma taça de vinho e privacidade. O que
quero fazer com você não podemos correr o risco
de sermos pegos.
— E o que você vai fazer? — falo limpando
o canto da boca com a língua.
— Acho que criei um mostro — dirige-me
um largo e sexy sorriso. — A cada dia você
consegue me surpreender, Valentina. Esse foi o
melhor boquete que já recebi na vida, você não
imagina como terei trabalho para esquecer essa
cena, você de joelhos chupando o meu pau. Estou
com mais tesão do que antes, só vamos sair daquele
quarto quando tiver saciado todo meu desejo de
você, temo que isso possa durar uns bons dias.
Dito isso, ele liga o carro e sai cantando
pneu. Não posso fazer nada, apenas desejar que
cheguemos o mais rápido possível, meu sexo anseia

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pelo seu contato, meu corpo está quase entrando em


choque de tanto desejo.
Além de me fazer amar novamente, esse
italiano está me deixando completamente viciada
em sexo, e claro que estou amando isso.

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Capítulo trinta
Valentina Mello
Não tenho palavras para descrever os dias
que ficamos na fazenda, foi uma libertação e
aprendizado em todos os sentidos. Depois da nossa
pequena aventura na estrada, terminamos de nos
amar na banheira do chalé. Durante todo o
momento, Lorenzo fez questão de que me sentisse a
mulher mais amada desse mundo. É por isso que
vou com a Vanessa e a Sophia até o centro
comercial, comprarei uma fantasia para lhe fazer
uma surpresa.
Eu o amo de uma forma que não saberia
explicar. Um sentimento puro, arrebatador e que
me deixa completamente sem ar. Minha imagem

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predileta é quando acordo e tenho a sorte de


encontrá-lo dormindo, suas mãos me prendendo
pela cintura, seus cabelos bagunçados e seu rosto
sereno.
Acho que posso finalmente dizer que sou
feliz, ou melhor, estou feliz. Lorenzo me deixa à
vontade, com ele posso ser eu mesma, sem pudores,
receios e principalmente medos.
Se me dissessem que minha felicidade seria
nos braços de um italiano, certamente não
acreditaria. Mas tem uma coisa me atormentando,
sei que ele disse não ter previsão de voltar para a
Itália, mas querendo ou não ele é o CEO, uma hora
ou outra vai ser necessário sua presença. Confesso
que tenho medo desse momento chegar.
Estou preparada para esse possível
afastamento?
Será que um relacionamento com quatorze

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horas de distância vai funcionar?


E se ele pedisse para que eu o
acompanhasse, serei capaz de abandonar minha
vida no Brasil e seguir o homem da minha vida?
Não queria, mas essas perguntas ficam
rondando na minha cabeça. Espero que esse dia não
chegue logo, mas quando acontecer, preciso estar
preparada para qualquer coisa. Seria muito egoísmo
de minha parte se pedisse para ele abandonar seu
império na Itália.
Sou tirada de meus pensamentos com a
chegada de um cliente, agradeço aos céus por isso,
esse não é o momento de ficar pensando besteiras.
Isso tudo se resolverá com uma boa conversa com o
Lorenzo, mas na minha louca cabeça, seria como
colocar pressão nele, e não é isso que quero.
Liberei os funcionários para que fosse
almoçar, quando eles voltarem as meninas já

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devem estar aqui. Vanessa foi resolver alguma


coisa, porém achou melhor não me contar e Sophia
foi mais uma vez na escola do meu sobrinho.
Nunca pensei em falar isso, mas esse menino puxou
a ovelha negra do tio, toda semana chega
reclamação da escola. Se fosse birra de criança até
poderíamos entender, mas ele agride os colegas de
sala, principalmente as meninas. Meu cunhado não
sabe mais o que fazer, já que quanto mais bater,
mais violento ele ficará.
Olho no relógio e como sempre, as bonitas
estão atrasadas. Queria entender qual a dificuldade
de seguir o relógio, toda vez é a mesma coisa e fico
que nem uma boba esperando a boa vontade delas.
Liguei para Flavia, pedi para que preparasse
o jantar e tirasse a noite de folga, assim como todos
os outros funcionários. Essa noite quero a cara só
para nós, sem nenhum risco de interrupção.

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— Boa tarde — fala um rapaz, estava tão


distraída que não percebi sua entrada. — Tenho
uma entrega para a senhorita Valentina Mello.
Em suas mãos tem um grande e chamativo
buquê de rosas vermelhas.
Meu coração começa a querer falhar, essas
coisas extravagantes só podem ter vindo de
Lorenzo.
Peguei as flores e assinei a nota lhe dando
uma gorjeta. Inalo o cheiro delicioso das flores, o
que me traz uma apaixonante lembrança, a que lhe
disse que essas eram minhas flores prediletas. Ele
disse que iria me mandar tantas flores que acabaria
enjoando.
Lorenzo tem essa cara de bravo, mas tem
um coração enorme e que me deixa completamente
apaixonada. Quando lia nos livros que a mocinha se
apaixonava todos os dias pelo mesmo homem

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sempre achei uma bobagem, afinal de contas isso


não era possível. Mas me enganei feio, todos os
dias me apaixono por seus gestos, palavras e a
forma como faz questão de me demostrar seu amor.
Esses dias cheguei à conclusão que no final
das contas me fez mal de uma certa forma. Não sei
se é possível amar duas vezes, mas o amor que
sinto pelo Lorenzo é mais forte e intenso do que eu
sentia pelo Jonas. Só de pensar na minha vida sem
o italiano sinto um aperto indecifrável no meu
peito.
Pego o bilhete e suspiro com suas doces
palavras.
Tem coisas que são difíceis de compreender,
entender ou até mesmo decifrar. E o amor que
sinto por você é assim. Queria entender o
tamanho desse amor, mesmo sendo tão recente.
Decifrar as batidas frenéticas do meu coração

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quando estou ao seu lado e principalmente


compreender por que fui seu escolhido.
O amor é algo difícil de entender, mas com toda
certeza é deliciosamente encantador de sentir.
Mandei essas flores para que lembre de mim e
saiba que te amo loucamente.
PS: Porra, você não imagina como queria essa
sua boquinha nervosa nesse momento.
Sorrio encantada com suas palavras, se não
tivesse um palavrão, esse não seria o meu italiano.
Compartilho das mesmas dúvidas, questionamentos
e desejos. Nunca pensei que fosse possível amar
uma pessoa em tão pouco tempo, um amor intenso,
arrebatador e que me deixa com um grande medo
de que tudo não seja apenas um sonho.
Conversei algumas vezes com a Antonella,
amiga do Lorenzo. Ela abriu o jogo e me deu os
parabéns, segundo ela, foi uma grande sorte ter
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conquistado o coração do italiano mais cobiçado de


Vicenza. Ao mesmo tempo que suas palavras me
alegraram, me deixaram com um puta medo. E
minha velha insegurança bateu com força na porta,
tive uma espécie de crise de existência.
Isso mesmo, uma crise de existência aos
trinta e três anos de idade.
Mas não durou muito quando lembrei de
todos os momentos que passamos juntos. Vários
questionamentos surgiram em minha mente, então
rapidamente tratei de esquecer essas besteiras e me
concentrei em ficar nos braços do meu amor.
Sou eu que tenho todos os seus beijos.
Seus toques são exclusivamente meus.
É a mim que ele diz que ama.
E principalmente, é no calor de meus braços
que ele dorme.
— Eu não lhe disse que ela estaria em seu
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mundo encantado? — Sophia fala para a Vanessa.


Mais uma vez, estava tão pensativa que
não percebi a entrada dessas duas malucas.
— Minha amiga só anda assim
ultimamente, mas não posso culpá-la. Com um
homem como o Lorenzo, certamente é difícil se
concentrar. A única coisa que ela pensa é no
abdômen trincado e nos trinta centímetros de pau.
— Começa a rir que nem uma louca e é difícil não
me contagiar.
— Nem vou responder nada a vocês. —
Vou até o balcão e pego minha bolsa, se
demorarmos mais não encontraremos nenhuma loja
aberta. — Será que vocês desconhecem uma
aparelhinho chamado relógio? Estão atrasadas a
quase uma hora, já estava chamando um Uber para
ir sozinha.
— Só se você quisesse procurar briga com

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Lorenzo — Sophia fala com uma sobrancelha


arqueada.
Ele continua super protetor com essa
história do Breno. Eu lhe disse que iria fazer
compras no centro, colocou na cabeça que eu só
sairia com um segurança, bati o pé que não queria.
Poxa, já tem três meses que ele não dá sinal de
vida. Acho que no final das contas, a conversa que
ele teve com os caras da pesada, não tinha ligação
conosco.
Depois de muita conversa e de prometer
que as meninas iriam comigo, ele esqueceu por um
momento essa história do segurança. Mas tenho
que deixar meu celular ligado o tempo todo e com
o GPS ativado.
— E como minha atenção não é brigar
com ele, fiquei aqui a espera das bonitas. — Pego
na mão delas e arrasto até a saída. — Vamos logo,

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não quero que o atraso de vocês atrapalhe meus


planos para essa noite.

Depois de muito rodar, finalmente


encontrei a peça que queria. Com a ajuda das
meninas, comprei um espartilho preto, meias de
renda da mesma cor e um salto fino para
complementar o look. Passei no Sexshop e comprei
alguns produtos para apimentar nossa noite.
Mandei mensagem a cada segundo para Lorenzo, já
estava ficando cansada de escrever o tempo inteiro,
então copiei o texto para enviar no tempo certo.
— Eu não sei vocês, mas estou morrendo
de fome — Vanessa fala assim que paramos em
frente a um restaurante de comida italiana. —
Vamos parar aqui para comer alguma coisa?
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— Acho válido, meu estomago está


pedindo por clemência, se não comer algo agora
terei um pequeno infarto. — Exagerada como
sempre essa minha irmã.
— Tudo bem, peçam uma mesa e me
esperem. Acabei de ver naquela lojinha ali —
aponto para uma pequena loja de artigos italianos,
na vitrine tem uma pequena lembrancinha que
tenho certeza de que Lorenzo gostaria — um
presente para Lorenzo, então para não correr o risco
de ficarmos sem mesa, vão na frente que eu já
chego.
— Não acho uma boa ideia, Valentina. —
Sophia olha em volta, como se estivesse à procura
de alguém. — Prometemos ao Lorenzo que não
sairíamos do seu lado, por hipótese nenhuma.
— Concordo com Sophia, nós vamos com
você. Se não tiver mesa não tem problema,

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podemos procurar outro restaurante ou até mesmo


ir para casa e pedir alguma coisa pelo aplicativo.
— Vocês estão com a mesma doença do
Lorenzo? — Suspiro frustrada.
Poxa, será que esse povo está achando que
não sei me defender?
— Não é doença minha irmã, é apenas
preocupação com sua integridade física. Sabemos
que Breno sumiu, mas não podemos desleixar
agora. Você bem sabe que ele é traiçoeiro, e se
passou esse tempo todo planejando uma forma de
lhe fazer mal?
— Por Deus, Sophia, não estou pedindo
para vocês irem embora e me deixarem sozinha.
Pedi apenas para pedirem uma mesa enquanto vou
na loja em frente. O que pode acontecer comigo a
menos de dez metros de distância?
— Tudo bem, vamos entrar, mas ficaremos
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de olho em você. — Vanessa pisca para minha


irmã. — Vai logo que ficaremos por aqui te
observando, se perceber qualquer coisa estranha
nos grite.
— Tudo bem mãe, entendi tudo.
Entrego as sacolas para que elas segurem e
levo comigo apenas a carteira e o celular. A loja
fica tão perto do restaurante que em menos de cinco
minutos já estou dentro da loja.
Pego um chaveiro em formato de vinho, que
tem escrito “eu te amo”, é simples mas sei que o
italiano durão vai gostar. Tem uma pequena fila no
caixa, o que deve demorar um pouquinho, mando
uma mensagem para Sophia informando, não quero
que ela pense besteira.
Estou tão ansiosa para essa noite, espero
que ele goste da surpresa. Depois de passar quase
dez minutos na fila, finalmente consegui pagar e

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sair dessa bendita loja. Se não fosse o imenso


desejo de comprar esse chaveiro, não enfrentaria
essa fila quilométrica.
Mandei uma mensagem para o Lorenzo
informando que passarei rapidinho no restaurante
com as meninas, em no máximo duas horas estaria
em casa. Engraçado, nem queria ir para a casa do
Lorenzo, hoje, três meses depois não sei o que é
pisar no meu apartamento. Eu meio que estou
morando com Lorenzo e sinto como se fosse meu
lar.
Saio da loja e sinto um vento frio atingir
minha espinha, o que é muito estranho, já que os
termômetros estão marcando vinte graus. Do outro
lado da avenida vejo as meninas acenando para
mim. Caminho sobre o olhar delas, quando estava
perto de atravessar um idiota quase me atropela.
Estava preparando meu dicionário de palavrões,

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mas parei rapidamente quando ele baixou o vidro


do passageiro e lá estava o Breno com um sorriso
de orelha a orelha.
— Olá, Valentina.
Fico em choque ao ouvir sua voz, com o
celular na mão esquerda, aperto o número dois na
discagem rápida, ligando para minha irmã.
Não digo uma palavra, apenas tento fazer
com que minhas pernas me obedeçam e andem o
mais depressa possível. Por incrível que pareça,
nesse momento, o movimento de pessoas é quase
nulo, isso porque o comércio já estar fechando.
Começo a correr para a frente do
restaurante, mas antes que chegue na calçada, um
carro preto para em minha frente e um homem alto
e forte desce. Segurando-me pelas mãos, ele coloca
um pano branco com um cheiro forte em meu nariz
e a última coisa que eu vejo antes de apagar é as

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meninas correndo e gritando em minha direção.


Meu Deus, não acredito que isso esteja
acontecendo. Em nome de tudo que é mais sagrado,
me proteja das mãos desse maluco.

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Capítulo trinta e um
Lorenzo Bianchi
Porra, não sei o que está acontecendo
comigo. Passei o dia inteiro com um aperto no
peito, por isso mandei flores para minha ragazza.
Ainda não me conformo de ter lhe deixado sair sem
segurança, mas ela é muito teimosa e depois de
muita insistência precisei ceder.
Conversei com minha cunhada e Vanessa,
elas prometeram não desgrudar os olhos de
Valentina. Assim que saíram liguei para um amigo,
Fabricio, ele tinha me garantido que Breno não
estava na cidade, mas isso foi há um mês. Terminei
a ligação com sua promessa de que iria averiguar o
paradeiro desse babaca idiota.

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Flavia me disse que Valentina pediu para


que deixasse o jantar preparado e tirasse a noite de
folga, assim como os outros funcionários. Tenho
certeza de que ela está preparando alguma coisa, se
não fosse esse aperto no peito, estaria ansioso para
desfrutar de sua surpresa.
Entro no meu escritório e me sirvo com
uma taça de vinho, parece que essas horas não
passam. Não desgrudei do celular um minuto,
quero saber cada passo da Valentina.
Vejo uma mensagem da Sophia.
Sei que te prometemos não desgrudar da
Valentina, mas ela insistiu em ir em uma lojinha
que fica a poucos metros do restaurante. Você
bem sabe como ela é teimosa.
Que inferno! Fui bem claro com Valentina,
ela e essa mania de desobedecer às coisas que falo.
Agora está explicado esse aperto no meu peito,

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tenho certeza de que alguma coisa aconteceu ou vai


acontecer com a minha mulher.
Digito o número do Fabricio, ele vai
precisar me dar conta do paradeiro do Breno.
— Porra, Fabricio — esbravejo assim que
ele atende —, me diga que você tem notícias do
Breno, para o seu bem, espero que ele esteja bem
longe de Monte Belo.
— Desculpa, Lorenzo, eu já iria ligar para
você nesse exato momento. — Pelo tom cauteloso
da sua voz, tenho certeza de que alguma coisa
aconteceu. — Eu não sei lhe explicar o que houve,
mas viram Breno em um carro lá no centro da
cidade...
Puta merda! É lá que minha Valentina está.
— Que inferno, Fabricio. — Arremesso na
parede a taça de vinho, que quebra em vários
pedaços. — Valentina está no centro da cidade.
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Porra, eu te pedi uma coisa tão simples, como você


que tem olhos em todo canto foi deixar esse babaca
escapar?
— Lorenzo... — tenta falar, mas o corto de
imediato.
— Sem Lorenzo, isso não tem explicação.
Agora a vida da minha mulher está em perigo,
escreva uma coisa que estou lhe dizendo, se
qualquer coisa lhe acontecer, você será um homem
morto.
A porta do meu escritório é aberta em um
estrondo e duas mulheres aos prantos entram.
Sophia e Vanessa, agora tenho certeza de que
aquele babaca fez alguma coisa com a minha
mulher e acabou de assinar sua sentença de morte,
pois nem que eu vá no inferno, mas irei atrás dele.
— Me perdoe Lorenzo, nós pensamos que
não tinha perigo, não imaginei que fosse pegar

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minha irmã assim, em plena luz do dia — Sophia


fala com a voz trêmula. — Ela já estava chegando
ao restaurante quando um carro parou em sua
frente, um cara saiu e a pegou a força. Nós
gritamos e corremos em sua direção, mas era tarde
demais. Só deu tempo de ver Breno sorrindo no
outro carro.
Conto até três e respiro fundo, não quero
falar ou fazer nenhuma besteira. Sei que elas
também estão sofrendo, assim como não tem culpa
de nada. Depois que toda essa história acabar, darei
uns belos tapas na Valentina, essa teimosia dela
ainda vai me deixar louco.
— Precisamos chamar a polícia —
Vanessa fala andando de um lado para o outro. —
Quanto mais rápido o alertarmos, a chance de nada
de ruim acontecer com a minha amiga é maior.
— Sem polícia — falo e elas me olham em

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choque —, eu vou resolver isso, quero acabar com


Breno com minhas próprias mãos. Ele assinou sua
sentença de morte, e se a polícia for envolvida, ele
não terá o mesmo tratamento.
— Mas...
— Sem mas, Sophia — interrompo-a, de
imediato —, só te peço que confie em mim, vou
encontrar a minha mulher e darei um jeito de uma
vez por todas nesse babaca de merda.
Elas não falaram mais nada, não vou
mentir, estou com um puta medo de alguma coisa
de ruim acontecer com a minha mulher. Eu irei
mover rios e fundos para descobrir seu paradeiro o
mais rápido possível. Deveria ter levado a sério o
mal pressentimento, deveria ter lhe obrigado a ir
com o segurança. Só não lhe acompanhei porque
tinha uma reunião de urgência, parece que
descobriram um desfalque nas contas da empresa,

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se não fosse por isso tinha lhe acompanhado.


— Acredito que tenha escutado o que
aconteceu — falo assim que percebo que Fabricio
ainda está na ligação. — Eu não lhe pedi nada de
outro mundo, só queria que você me mantivesse
informado sobre Breno. Me explique como você
deixou isso passar? Será que vou perder a minha
mulher por incompetência, Fabricio?
Saio do escritório, não quero que elas
escutem minhas ameaças ao Fabricio. Sinto um
aperto forte em meu coração, mas agora já sei o
motivo dessa dor. Dio mio, que o senhor não
permita que nada de ruim aconteça com minha
ragazza, eu já teria que ir para a Itália resolver esse
desfalque, mesmo que ela não queria, vou lhe levar
arrastada, nem que seja pelos cabelos.
— Eu não sei o que, ou que porra você vai
fazer — Entro no nosso quarto fechando a porta

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atrás de mim. — Mas quero saber para onde esse


[8]
cazzo figlio di una cagna levou a minha mulher.
Quero todos os seus homens procurando, essa
cidade é um ovo, não tem como ele ter ido tão
longe em tão pouco tempo. Não importa o horário,
assim que encontrar o lugar do cativeiro me ligue,
quero acabar com ele com minhas próprias mãos.
Desligo o celular e deito na cama,
prendendo seu travesseiro ao corpo, seu cheiro
adocicado está presente me trazendo deliciosas
lembranças da minha ragazza. Porra, por que
Valentina tinha que ser tão teimosa? Tudo seria
mais fácil se ela me escutasse, pelo menos uma vez
na vida gostaria de que ela não tivesse essa
boquinha nervosa, que rebate tudo e a todos.
Dio mio, amo tanto essa mulher, se alguma
coisa de mal lhe acontecer, não irei me perdoar.
Valentina é a luz da minha vida, o recomeço que

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nem sabia que precisava. Não consigo nem pensar


na possibilidade de seguir a minha vida sem tê-la
ao meu lado, seu jeito meigo e ao mesmo tempo
bruto, suas mãos de fada, sua carinha de
envergonhada quando Sophia sugere algo, e
pincipalmente, a forma como demonstra todos os
dias que me ama intensamente.
Nossa vida tomou um rumo diferente
depois que passamos uns dias na fazenda. Acho que
quando se tem amor, tudo fica mais fácil, intenso e
viciante. Tornei-me dependente dessa mulher, só de
pensar em não dormir e acordar todos os dias ao
seu lado uma dor absurda toma conta do meu
coração. Valentina foi a deliciosa surpresa da
minha vida, no começo minha intenção de vir para
o Brasil não era encontrar uma mulher, mas como o
destino não está em nossas mãos, encontrei o amor
e a mulher que eu tenho plena certeza de que quero
passar cada segundo.
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Se alguma coisa lhe acontecer? Serei


capaz de seguir minha vida?
Não vou ficar pensando besteira, tenho
certeza de que nada de ruim vai acontecer com a
minha mulher. Fabricio não vai me decepcionar
mais uma vez, ele sabe que não estava brincando
quando lhe disse que sofreria as consequências.
Somos amigos de longa data, ele passou uns anos
na Itália, mas precisou mudar-se porque se meteu
com coisa errada. Para falar a verdade, ele é filho
de um dos grandes mafiosos da Itália, o pai não
queria que ele se envolvesse, mas foi tarde demais.
Ele faz parte do passado que gostaria de esquecer,
mas quando o assunto é a minha ragazza, as coisas
se tornam diferentes.
Duas, três, ou até quatro horas se
passaram, até agora nenhuma notícia do paradeiro
da Valentina. Bernardo chegou e me pediu perdão

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pelas burradas de Breno, lhe acalmei e disse que


não tinha culpa das besteiras do irmão, eu não vou
deixar de ser seu amigo por causa disso. As
meninas estavam muito agitadas, então Flavia
sugeriu dar-lhes um calmante, dito e certo, nesse
momento elas estão dormindo.
Não desgrudei por um minuto do meu
celular, Fabricio está demorando muito para dar
notícias. Não aguento mais essa falta de
informação, ficar aqui andando de um lado para o
outro, sem poder fazer nada pela minha mulher,
está me matando. Já perdi as contas de quantos
copos e taças já arremessei na parede, tudo que
queria nesse momento é ficar cara a cara com
Breno, vou arrebentar a carinha que ele tanto preza.
Se eu tivesse lhe dado uma lição antes, certamente
ele não ousaria sequestrar a minha mulher.
O silêncio reina na sala, apenas nossas

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respirações podem ser ouvidas até que escuramos o


toque do meu celular, no visor o nome do meu
amigo, Fabricio.

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Capítulo trinta e dois


Valentina Mello
Abro os olhos com muita dificuldade
tentando me familiarizar com a pouca claridade que
tenho ao meu redor. Olho em volta e vejo que estou
numa espécie de quarto, não tem janelas, uma única
porta e o odor de urina é muito forte. Deitada no
chão duro e frio, tenho minhas mãos e pernas
amarradas na frente do meu corpo. A ficha começa
a cair, lágrimas brotam de imediato em meus olhos,
não posso acreditar que o Breno teve coragem de
me sequestrar. Uma dor absurda toma conta de
mim, não é física e sim emocional e mental.
A última imagem que tenho na minha
cabeça é da minha irmã e amiga correndo na minha

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direção, mas o brutamontes foi muito mais forte e


ágil. Não quero imaginar o que o Lorenzo está
passando, ele tanto insistiu para que saísse com um
segurança, se soubesse que Breno estava na cidade,
certamente não andaria de bobeira.
Não entendo, juro que gostaria de saber o
que ele ganha com tudo isso. Nunca tivemos nada,
eu sequer aceitei qualquer investida ou demostrei
querer algo com ele. Porra, ele é um homem de
trinta anos, não vou mentir e dizer que ele é feio,
qualquer mulher gostaria de tê-lo ao lado. Mas não
importa o grau de beleza quando o interior da
pessoa é podre.
A maldade do ser humano é tão grande que
ele pensa que apenas seu desejo importa, a opinião
da outra parte não tem serventia. Hoje em dia
vemos tantos casos de homens que matam as
mulheres depois de uma simples negativa. Mas

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nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo,


ainda mais vindo do irmão do meu cunhado.
Como fui burra, meu Deus, se eu tivesse
deixado Lorenzo lhe dar um jeito quando mereceu,
agora não estaria nesse lugar podre e morrendo de
medo dele me fazer mais algum mal.
Deus, sei que o Senhor sempre escuta
minhas orações, então mais uma vez lhe peço que
olhe por mim. Não permita que esse homem me
faça qualquer mal. Eu ainda tenho uma vida pela
frente, não é possível que justamente agora que
voltei a amar e encontrei o homem da minha vida,
morrerei nas mãos desse idiota.
Nesse momento só consigo pensar em como
fui ingênua, meu rosto está banhado em lágrimas.
Talvez eu tente me sentir menos culpada, não pelo
fato de ter negado Breno, já que toda mulher tem o
direito de decidir se quer ou não ficar com um

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homem, mas por ter batido o pé para sair sozinha.


Prometo que se sair viva daqui, nunca mais
reclamarei de nada que Lorenzo, Sophia ou
Vanessa mandarem eu fazer. Prometo me
comportar e não ficar batendo o pé que nem uma
criança.
Um frio surge de repente, meus pelos se
arrepiam por causa da temperatura. A porta se abre
e um clarão me atinge em cheio fazendo com que
meus olhos se fechem, por causa do incômodo da
luz. Com cuidado, abro e dou de cara com Breno
me olhando com um sorriso vitorioso.
— Vejo que minha hóspede especial
acordou. — Caminha em minha direção, para dois
passos em minha frente e se abaixa, deve estar
querendo ver minha humilhação de perto. — As
coisas poderiam ter sido diferentes, meu amor, se
você tivesse aceitado ficar comigo ao invés daquele

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italiano de merda, tudo seria tão mais agradável.


Fixa os olhos no meu decote, com o pouco
de força que tenho, levanto os braços e cubro meus
seios.
— Você é doente — falo em um fio de voz,
minha garganta está seca, o que me faz pensar em
quanto tempo fiquei desacordada.
Só consigo sentir nojo desse homem,
mesmo que Lorenzo não tivesse aparecido no meu
destino, tenho convicção de que não ficaria o
Breno. Todas as vezes que nos encontrávamos, um
sentimento estranho me atingia, acho que no final
sempre soube que ele não prestava.
— Sou doente mesmo, doente de amor por
você. — Tenta me tocar, mas com a pouca força
que ainda me resta, consigo me afastar um pouco.
— Levei quase quatro meses arquitetando meu
plano, sabia que tinha homens do seu namoradinho

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na minha cola, então achei melhor dar um tempo


fora. Desse jeito ele pensaria que desisti e tiraria os
cães de guarda do meu pé. Dito e certo, o piá foi
tão burro que te deixou sair sozinha. Que espécie
de homem é esse?
— O homem que amo e que nem em um
milhão de anos você chegará perto de ser. — Sinto
um tapa em meu rosto, o ardor e a queimação se
tornam imediato e lembranças de seu primeiro tapa
me atingem em cheio.
— Você pode ir dando adeus aquele
italiano, se depender de mim você nunca mais verá
a cara dele. — Caminha de volta para a saída, mas
antes de sair, conclui: — Você pode até não ter se
entregado a mim por bem, mas te digo uma coisa,
eu vou comer esse rabinho, quer você queira ou
não. Ainda farei questão de mostrar para o seu
namoradinho.

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Assim ele sai batendo a porta atrás de si e


só me resta chorar e rezar para que Lorenzo me
encontre o mais rápido possível. Encolho em uma
posição fetal, não poderia me sentir mais
humilhada do que já estou. Choro em uma mistura
de medo e angústia, as lembranças dos momentos
que estive ao lado do meu amor surgem em minha
mente, foram os dias mais felizes da minha vida.
Sinto por não consegui realizar o meu sonho de ser
mãe, Breno nunca vai me deixar sair daqui com
vida e temo que Lorenzo não me encontre a tempo.
Fecho os olhos e me deixo levar pela dor
física, emocional e mental. Não sei se passaram
segundos, minutos ou até mesmo horas, mas com
muita dificuldade, abro os olhos no momento exato
que a porta se abre e tenho certeza de que chegou o
momento desse nojento cumprir com suas palavras.
Preciso ser forte e tentar manter a

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esperança, Lorenzo vai me salvar e dessa vez não o


impedirei de acabar com esse nojento.
Senhor, por mais que o que esteja por vir
seja doloroso, te imploro para que me dê forças
para aguentar e quem sabe assim deixar tudo menos
ruim.

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Capítulo trinta e três


Lorenzo Bianchi
Doze horas...
Doze malditas horas que estou nesse inferno
mental, sem nenhuma notícia da minha Valentina.
Fabricio colocou todos os seus homens à
disposição, mas como não houve êxito na busca,
expandiram para outras cidades. Não quero
acreditar que ele a tenha levado para longe, estou
tentando me manter forte durante todo o tempo.
Demorei para entender que precisava de uma
mulher ao lado, que não foi porque passei aquele
problema com Isabela que deixaria de aproveitar o
melhor da vida.
Hoje não sou capaz de imaginar minha vida
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sem ela. Fiz o que há muito tempo não fazia, orei e


pedi a Deus que a protegesse de todo e qualquer
mal. Só de imaginar o que ela está passando nas
mãos desse idiota, um ódio mortal surge em meu
peito, dessa vez Valentina pode implorar como for,
mas irei arrebentar sua cara em mil pedacinhos.
— Eu não aguento mais essa falta de
informação, Lorenzo. — Sophia chora em meus
braços. — Sinto que algo de ruim está acontecendo
com a minha irmã, sei que você quer fazer as coisas
do seu jeito, mas acho que está na hora de chamar a
polícia.
— Eu sei que você deve estar fazendo o
possível e impossível, mas cada segundo que minha
amiga passa ao lado daquele crápula nojento. —
Soluça de tanto chorar, o que dificulta de entender
suas palavras. — Então concordo com Sophia,
chegou o momento de entrar em contato com a

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polícia, não podemos esquecer que a vida da


Valentina está em jogo e já passaram doze horas
desde o sequestro.
— Eu sei o quanto isso é doloroso, mas
vamos esperar mais algum tempo. Estou tão
preocupado e com medo quanto vocês. Mas sei que
se a polícia for envolvida, as coisas podem piorar e
quem sabe ele pode até querer fazer algo contra ela.
Afasto-me de Sophia, vou até o bar e me
sirvo com uma dose de whisky. Além de Fabricio,
ainda estou à espera de Bernardo, ele foi atrás de
alguns amigos de Breno. Já não sei mais o que
fazer, o tanto que já andei por esse escritório, não
sei por que não se abriu um buraco.
Deixo-as no escritório e vou para o meu
quarto, entro e fecho a porta atrás de mim. Retiro
toda a roupa deixando o celular sobre a bancada,
ele está no volume máximo, não quero correr o

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risco de perder uma ligação importante.


Debaixo do chuveiro, deixo que a água
gelada lave a dor que estou sentindo. O medo
começa a tomar conta do meu coração e não sei
como agir. Venho tentando me manter forte,
principalmente pelas meninas, mas está cada vez
mais difícil. Sei que no momento que eu cair, será
como uma facada para elas.
Porra, há muito tempo não sei o que era
chorar, a última vez que isso aconteceu foi no
enterro da minha mãe, agora me encontro com o
rosto banhado em lágrimas e uma dor absurda no
coração.
Porra, essa mulher conseguiu mexer comigo
de todas as formas.
É difícil de entender o caralho do destino,
ele colocou Valentina em meu caminho, para
depois tirá-la dessa forma dos meus braços?

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Sou tirado do meu transe com o toque do


meu celular. Nem deligo o chuveiro, saio correndo
assim mesmo. No visor tem o nome do meu amigo,
Fabricio.
— Fabricio, para o bem da minha sanidade,
espero que você tenha encontrado o paradeiro desse
babaca do Breno. Você encontrou a minha mulher?
— pergunto numa mistura de euforia e medo da
resposta.
— Sim, ele estava a prendendo em uma
cidade vizinha. Foi difícil, mas finalmente
conseguimos localizar, achei melhor não te
informar antes, talvez fosse uma pista falsa.
Chegamos lá e fomos recebidos a tiros...
Travo na hora com a possibilidade de ter lhe
acontecido algum mal.
— Depois de uma troca de tiros intensa,
conseguimos abater seus homens. Ele tentou, mas

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conseguimos interceptar sua fuga. — Ouço tudo


atentamente. — Valentina está sendo levada para o
hospital, aparentemente ela não tem nenhum
machucado físico, já o emocional não posso dizer o
mesmo.
Caralho, um alívio me atinge de imediato,
não tenho como descrever o que estou sentindo
nesse momento. Parece que ainda sou filho de
Deus, pois Ele escutou minhas orações, sei que o
mais dolorido é a dor emocional, mas farei de tudo
para que minha ragazza se recupere o mais rápido
possível. Quero ver seu sorriso de moleca e ouvir
de seus lábios que me ama.
— Você não entregou ele para a polícia,
né? — pergunto enquanto visto a roupa para ir ao
hospital.
— Claro que não, amigo. Sei que você
queria lhe dar um tratamento VIP, pode ficar

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tranquilo, te mandarei por mensagem o endereço


do galpão onde o colocamos. Agora, não perca
mais tempo, corra para encontrar sua mulher.
Desligo o telefone e termino de me
arrumar. Pelo que me lembre, esse hospital não fica
muito longe daqui. Pego minha carteira, chave do
carro e corro para o escritório para avisar as
mulheres.
Elas estão abraçadas no sofá como se
tivesse consolando uma a outra. Assim que entro,
elas me dirigem um olhar esperançoso, apenas
sinalizo com a cabeça e elas já sabem o que quero
dizer.
— Encontraram a minha irmã? — Sophia
fala, limpando o rosto molhado de lágrimas.
— Sim — sorrio aliviado —, ela já deve
ter chegado no hospital do centro. Vamos logo, não
quero deixá-la por muito mais tempo sozinha.

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Não dizem nada, apenas me seguem,


entram no carro e seguimos rumo ao hospital.
Enquanto dirigia, recebi uma mensagem com o
endereço do galpão, aproveitei para mandar uma
mensagem tranquilizando meus primos e avisando
Bernardo que já tínhamos a encontrado.
Os únicos sons que poderiam ser ouvidos
eram de nossas respirações pesadas e o barulho do
vento nas colinas. Como Valentina costuma dizer,
meu coração nesse momento parece uma escola de
samba, não vejo a hora de pegá-la em meus braços
e dizer o quanto te amo.
Em trinta minutos chegamos ao hospital,
enquanto procuro uma vaga para estacionar, as
mulheres vão em busca de informações sobre a
minha mulher. Porra, não pensei que esse
estacionamento fosse tão grande, levei quase dez
minutos até finalmente encontrar uma bendita vaga.

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Na recepção, sou informado que só podem


entrar duas pessoas por vez, ou seja, preciso esperar
uma dela saírem para que eu possa ver minha
mulher.
Sento-me em uma poltrona na sala de
espera, ao redor, muitos rostos aflitos e
preocupados, o meu não deve estar muito diferente.
Não vou mentir, por um breve momento pensei que
fosse perder a minha mulher, mas ainda bem que
isso não aconteceu.
Segundos, minutos ou até mesmo uma
hora se passou, e nenhuma das duas teve a decência
de sair para que eu entre. Será que esqueceram que
eu também estava preocupado? Não lembram que
se trata da minha mulher?
Peguei o celular e liguei para elas, porém,
só chamou e ninguém atendeu. Levanto e começo a
andar de um lado para o outro, fui até uma

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enfermeira e pedi que fosse até o quarto lembrar


que eu estava aqui. Que se não saíssem em cinco
minutos, iria invadir a porra do quarto.
Como um passe de mágica, Vanessa
aparece na sala de estar. Olhando com um pesar,
ela se aproxima e me abraça forte me deixando sem
saber como agir e sem entender o motivo de seu
contato.
— Ela não quer te ver — diz, sem me
olhar nos olhos.
— Como assim ela não quer me ver? —
meu tom de voz sai um pouco mais alto do que o
necessário. — Valentina enlouqueceu de vez?
Que porra essa mulher tem na cabeça? Se
ela pensa que vai fugir de mim, ela está muito
enganada.
— Você bem sabe como é sua mulher, ela
está com vergonha de olhar em seus olhos. Está se
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culpando por ter sido tão teimosa, então, na cabeça


dessa maluca, é muito mais fácil fugir de você —
diz, sentando-se em uma poltrona a minha frente.
— Demoramos justamente por isso, estávamos
tentando colocar em sua cabeça que isso era
loucura, esse não é o momento de fugir.
— Estou pouco me fodendo com o que ela
quer, vou entrar nesse quarto e ela vai me escutar.
Se depois disso ela continuar com a ideia de fugir,
vou amarrá-la e lavá-la a força para minha casa.
Agora, se você me dá licença, tenho que domar
uma certa ragazza da boca nervosa.
Ela me sinaliza onde fica o quarto e
caminho vagarosamente para encontrar minha
amada. Bato três vezes na porta até que escuto um
entre.
— Porra, você ficou maluca? Que história
é essa de que não quer me ver? — Sophia levanta-

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se e sai nos deixando sozinhos. — Lembra que me


prometeu que nunca mais fugiria? Por que passou
pela sua cabeça fazer isso agora?
Deitada em uma cama, no centro do quarto
branco e sem vida, Valentina em uma falha
tentativa tenta esconder o rosto, mas consigo ver
que está chorando. Aproximo e a puxo para um
forte abraço, como imaginei, ela se desmancha em
lágrimas, seu corpo treme em meio a tantos
soluços.
Como queria ter o poder de tirar sua dor,
se soubesse como, não permitiria que minha
ragazza passasse por todo esse sofrimento. Quando
me encontrar com o Breno, farei questão de me
lembrar desse momento.
— Me perdoe, italiano — sua voz é baixa,
quase que imperceptível. — Eu deveria ter lhe
escutado, essa minha mania de rebater tudo me

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trouxe para esse lugar...


Afastei e dei um passo para trás tendo
agora uma visão perfeita de seu rosto banhado de
lágrimas.
— Não fala nada, ragazza. — Coloco um
dedo e seus lábios impedindo-a de falar. — Não
vou mentir, fiquei com uma puta raiva da sua
teimosia, mas não queria que você se sentisse
sufocada. Espero que de agora em diante você
entenda que tudo que faço é apenas para o seu bem.
Você não é a única culpada, não deveria ter
desgrudado os olhos de Breno.
— Mas você não tem culpa, era a mim que
ele queria, então de uma forma ou de outra, ele ia
conseguir.
— No momento que você se entregou a
mim, assinou um contrato de vida. Então, sua
proteção depende de mim, acabei vacilando e isso

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quase me custou perder você. Mas não vai mais


acontecer, de uma certa forma foi bom, pois agora
tenho plena certeza de que minha vida não teria
sentido sem você ao meu lado.
Seguro seu rosto com as duas mãos e beijo
delicadamente seus lábios.
Essa mulher me deixou com os quatro
pneus arriados, essa vontade absurda de proteção,
esse medo de perder e principalmente esse amor
que me deixa sem ar, com certeza não vivi com
nenhuma mulher. Deito ao seu lado na cama e lhe
puxo para meus braços, temos muitas coisas para
conversar, mas esperarei que se recupere.

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Capítulo trinta e quatro


Valentina Mello
Já estava conformada com o pior que
aconteceria, perdi totalmente a noção de quanto
tempo fiquei deitada naquele chão frio e sujo. É
difícil não lembrar dos momentos ruins que passei.
Quando aquela porta se abriu pela segunda vez, já
estava preparada para o meu fim. Ele poderia até
não me matar, mas só de ter suas mãos em meu
corpo era como se tivesse assinado minha sentença
de morte. Mas Deus nunca falha e mais uma vez
ouviu minhas orações no momento que ouvi:
Valentina, você está salva.
Um alívio imediato tomou conta do meu
coração, dessa vez as lágrimas que banhavam meu

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rosto eram de alegria, não de tristeza. Antes de sair,


vi quando homens carregavam Breno como se fosse
um saco de farinha, se fosse em outro momento
sentiria pena e até mesmo pediria para que Lorenzo
não lhe fizesse nada. Mas agora, quero que ele seja
torturado e leve a surra que já estava merecendo há
muito tempo.
Não queria olhar para o meu italiano, meu
maior medo era de olhar em seus olhos. Afinal de
contas, isso tudo só está acontecendo porque fui
extremamente teimosa. Mas aprendi a lição, nunca
mais irei bater o pé, tentarei sempre olhar os dois
lados da situação.
Agora estou sozinha no quarto, ele disse
que precisava resolver um problema, não sou
ingênua, sei que vai acertar as contas com o Breno.
Não lhe impedi ou algo do tipo, apenas lhe disse
que o amava e que era para tomar cuidado.

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Mais cedo uma médica esteve aqui, colheu


meu sangue e disse que amanhã já teria alta. Odeio
ficar em hospital, essas paredes brancas e sem vida
me causam arrepios, fora que a comida é horrorosa.
Eu só quero sair desse lugar, ir para minha
casa e ficar nos braços do homem que amo.
Estou perdida no tempo, só sei que é noite
por causa de uma fresta na janela. Volto para a
realidade com batidas na porta, uma médica entra
com uma planilha na mão.
— Boa noite, Valentina — fala uma
senhora que aparenta ter mais de cinquenta anos.
— Boa noite, doutora.
— Passei apenas para lhe tranquilizar, nada
de ruim lhe aconteceu e está correndo tudo bem
com você e o seu bebê.
Arregalo os olhos em choque com o que
acabei de escutar. Ou estou delirando, ou acabei de
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escutar que estava tudo bem com o meu bebê. Mas


que bebê? Santo Deus, agora as coisas começam a
clarear, ultimamente vinha sentindo muita azia e
enjoo, mas a médica me garantiu que era normal
pelo fato de ter trocado o método contraceptivo.
— A senhora disse bebê? — perguntei
depois de um bom tempo em silêncio.
Meu Deus, agora a ficha está caindo.
Coloquei a vida do meu filho em perigo, ia perdê-lo
sem nem saber de sua existência. Sinto um aperto
no meu peito e instintivamente coloco a mão em
meu ventre numa tentativa de acariciar o meu
pontinho de felicidade.
E agora?
Será um presente de Deus?
Lorenzo vai querer ser pai?
E se ele fugir dessa responsabilidade?

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Lorenzo Bianchi
Depois de conversar com a médica e ela
me garantir que estava tudo bem com Valentina,
me despedi dela com um beijo casto e segui para o
galpão. Há muito tempo venho sonhando com o
momento de acabar com a cara desse babaca. Não
vou matá-lo, mas deixarei minha marca em seu
rosto, ele vai pensar duas vezes antes de tocar na
minha mulher.
Não demorei muito a chegar, na porta do
galpão encontro alguns rostos conhecidos, são
homens do Fabricio. Cumprimento-os e eles dão
passagem para que entre. O lugar não é muito
agradável, tem pouca iluminação e o odor é
horrível, só de lembrar que minha mulher estava
em um lugar como esse, um ódio toma conta de
mim.

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— Sabia que você não iria demorar. —


Fabricio se aproxima e nos cumprimentamos com
um abraço. — Espero que não se chateie, mas lhe
oferecemos um tratamento especial para nosso
hospede, mas deixamos o melhor para você.
Sentado em uma cadeira, no centro do
galpão, vejo Breno com as mãos amarradas para
trás e o rosto encharcado de sangue. Como
imaginei esse dia, esse babaca conseguiu despertar
o pior de mim e agora vai ter o que merece.
— Está tudo bem com a Valentina? —
meu amigo pergunta preocupado.
— Sim, apesar de todo estresse, minha
mulher está bem.
— Pode ficar à vontade, ele é todo seu —
fala me entregando uma arma, mas dispenso.
Armas não são necessárias, não irei
manchar minhas mãos com sua morte. Irei apenas
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sujá-las com seu sangue, não medirei forças para


quebrar sua cara e para isso só preciso do meu
punho.
Aproximo do babaca, ele está com a
cabeça baixa, mas assim que paro em sua frente, ele
levanta os olhos e me encara. Mesmo com o rosto
sangrando, me dirige um sorriso debochado. Não é
possível que não perceba que não tem mais chance,
ele perdeu e foi bem feio.
— Ora, ora, finalmente o patrãozinho
chegou — coloca um pouco de sangue para fora —,
só estava faltado você para participar da festinha.
Tenho que te confessar, até que Valentina não é tão
deliciosa como pensei...
Acerto o primeiro murro não dando chance
para que continue a falar merda. Sei que ele quer
apenas me provocar, Valentina me garantiu que não
chegou a lhe tocar, apenas agiu como um covarde e

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lhe deu um tapa no rosto. A imagem dela chorando


na doceria me vem à mente e faço o que queria ter
feito naquela época, lhe acerto outro murro, dessa
vez com um pouco mais de força, já que ele caiu
com cadeira e tudo.
Todas as vezes que deixamos de sair, com
medo de que ele lhe fizesse algo, lhe acerto um
chute no estomago. O desgosto que esse babaca deu
para o meu amigo, chuto mais uma vez.
Não falo uma palavra, apenas deixo que
meu corpo comande meus atos, não lhe darei o
gostinho de lhe esculhambar. No final é isso que
ele quer, que perca a cabeça e lhe mate, mas não
farei isso. Na minha mente, surge a imagem das
mulheres chegando aos prantos no me escritório,
lhe pego pela gola da camisa e lhe acerto mais
alguns golpes em sua face.
Por fim, e não menos importante, a

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dolorosa imagem da minha mulher chorando na


cama de um hospital. Jogo-o no chão e lhe acerto
várias e várias vezes, um pouco do seu sangue
espirra na minha roupa, o que me deixa com mais
raiva ainda. Quando já estava desfalecendo, lhe
seguro pela camisa e falo:
— Só tenho uma coisa para lhe dizer, você
vai pagar caro por ter ousado tocar na minha
mulher. Queria saber onde você estava com a
cabeça ao pensar que uma mulher como Valentina
ia querer um babaca como você. — Cuspo em sua
cara. — Adiantou fazer toda essa cena? Pior que
adiantou para mim, só tive mais certeza de que
estou com a mulher certa e o melhor de tudo, tenho
plena consciência de que Valentina me ama acima
de tudo.
Ele tenta falar, mas por contas dos
ferimentos não consegue.

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— Minha mulher me deu o aval para


acabar com sua cara, isso mostra que até o pingo de
consideração que ela tinha por você se esvaiu que
nem água. Em compensação, nosso amor se tornou
muito mais forte. — Levanto e começo a andar, me
afastando desse idiota, mas antes de sair do galpão,
lhe falo umas últimas palavras: — É uma pena que
as coisas tenham acontecido dessa forma, mas você
está apenas colhendo o que plantou.
Antes de passar pela porta do galpão, falo
com o meu amigo:
— Finisci quello stronzo, è tutto tuo.[9]
Meu amigo entende o recado, sinaliza para
seus homens que pegam Breno pelo braço e o
arrastam pelo chão imundo. Sei que agora é seu
fim, só sinto pelo Bernardo, mas ele não tem culpa
do irmão ser um babaca e no fundo ele sabia que ia
ser assim.

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Entro no meu carro, ligo o som nas alturas


e sigo para casa. Daqui algumas horas minha
ragazza terá alta, vou tomar banho, tirar esse cheiro
de sangue e pegá-la no hospital. Hoje é um novo
recomeço para nós, quero passar cada dia de minha
vida ao seu lado e agora vem a pior parte, lhe
convencer a mudar para a Itália comigo.
Dio mi aiuti.[10]

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Capítulo trinta e cinco


Valentina Mello
Um mês...
Um mês que vivi todo aquele pesadelo.
Um mês que descobri sobre a existência do
meu pontinho de felicidade. A médica me disse que
estava de doze semanas, ou seja, engravidei na
nossa viagem a fazenda. Sabia que os momentos
que tínhamos vivido foram intensos e marcantes, só
não pensei que geraríamos nossa filha. Sim, é uma
linda menina.
Ainda não tive coragem de contar para
Lorenzo, esses dias ele tem me parecido estranho,
com um estresse além do normal. Pelo que fiquei
sabendo da Antonella, houve um grande desfalque
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na empresa dos Bianchi, ou seja, todos os primos


estão mais estressados do que o normal.
Agora que não tenho que me preocupar com
Breno, posso caminhar tranquilamente, Lorenzo me
confessou que lhe deu uma surra e mandou que
acabassem com ele. Queria poder dizer que sinto
muito, ou até mesmo que fiquei sentida por sua
morte, mas a única coisa que senti foi alívio,
principalmente agora que estou grávida.
Com a ajuda da Vanessa e Sophia, fui ao
médico e fiz uma ultrassonografia. Pedi que
gravassem um vídeo e tirassem foto, de hoje não
passa, contarei ao italiano que ele será pai.
Um dia desses conversamos sobre meu
desejo de ser mãe, na verdade estava jogando verde
para saber qual seria sua reação. E para minha
surpresa me confidenciou que sempre quis ser pai,
que sonhava em ter uma miniatura. Segurei para

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não lhe contar que uma miniatura estava sendo


gerada em meu ventre. Queria uma forma diferente
de lhe contar sobre isso, então decidimos, sim,
minhas amigas me ajudaram com isso, que lhe
presentearia com uma roupinha de bebê e a
fotografia do nosso pontinho de felicidade.
Contratamos uma chefe para cuidar da
cozinha na doceria, depois das fortes emoções,
decidi que já estava na hora de tirar férias. Mas
pelo andar da carruagem, essas férias serão
vitalícias.
Hoje estou com um cansaço absurdo, já vi
que minha menina vai puxar a mãe, vai gostar de
dormir que é uma beleza. São seis horas da noite,
Lorenzo passou o dia enfiado no escritório, achei
melhor não o incomodar. Quando conversei com
Antonella, ela me confessou que o Lorenzo teria
que voltar o mais rápido possível para a Itália.

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Só queria entender o motivo dele não ter


falado comigo, não tem nada me prendendo ao
Brasil, minha irmã já está ciente da possibilidade de
eu mudar de continente. No momento que ele me
pedisse para o acompanhar, não pensaria duas
vezes. Minha vida é ao seu lado, agora mais do que
nunca precisamos ficar juntos.
— Ragazza, precisamos conversar. —
Lorenzo aparece de surpresa na varanda, sua
expressão não é nada boa, diria até que está com
medo.
— Claro, italiano. — Bato na poltrona ao
meu lado sinalizando para que sente.
— Eu prefiro ficar em pé — fixa os olhos
nos meus —, eu já estou guardando isso há muito
tempo, sinto que se não falar acabarei explodindo.
Sei que você já está sabendo do desfalque, não quis
te falar para não trazer mais preocupações para sua

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cabeça. Durante esse mês tentei resolver, pensei


que conseguiria fazer isso sem precisar voltar para
a Itália.
Escuto tudo atentamente vendo o CEO
todo poderoso ponderando nas palavras,
demostrando claramente seu medo.
— Eu te amo mais que tudo nessa vida,
ragazza. — Senta-se ao meu lado e segura minhas
mãos levando para o peito. — Demorei muito a
entender, mas finalmente abri os olhos e vi que
minha vida não tem mais nenhum sentido sem
você. Só de pensar na possibilidade de não poder
dormir e acordar com você ao lado, não ouvir
diariamente de seus lábios o quanto você me ama...
A urgência em suas palavras é totalmente
perceptível, quero lhe dizer que o acompanharei
com maior prazer para a Itália, mas também quero
ouvir tudo o que ele tem a me dizer.

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— Porra, você é essencial na minha vida,


assim como o ar que respiro. — Meus olhos estão
cheios de lágrimas, é impossível não se emocionar
com sua declaração. — Sei que você tem uma vida
aqui no Brasil, tem sua irmã, a doceria e até mesmo
suas origens. Posso estar sendo um filho da puta
egoísta, mas te peço do fundo do meu coração que
vá comigo para a Itália. Não sei o que será de mim
sem a minha boquinha nervosa.
Meus olhos se transformaram em uma
cachoeira, lágrimas descem desenfreadamente. Já
era sensível e chorona, depois da gravidez essa
sensibilidade assumiu um grau inexplicável.
O homem da minha vida está em minha
frente com os olhos marejados, o coração batendo
como uma escola de samba e o medo estampado
em seu rosto. Não me cansarei de dizer que tirei a
sorte grande ao encontrar esse italiano, hoje tenho

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plena convicção de que sou uma mulher realizada e


feliz.
— Se me pedissem para explicar a
intensidade do amor que sinto por você, certamente
não conseguiria responder. — Trago suas mãos
para o meu peito, para que ele sinta o estrago que
faz em meu coração. — Eu te amo com todas as
forças, sinto que você é o meu recomeço. Deus te
colocou na minha vida no tempo certo. Demorei
para entender, até fugi desse louco sentimento que
tomou conta de mim em tão pouco tempo. Mas
hoje vejo que você já estava marcado para aparecer
em minha vida. Claro que o acompanharei nessa
nova jornada, só de pensar na possibilidade de não
te ter ao meu lado, uma dor toma conta do meu
coração.
Ele segura meu rosto com as duas mãos
beijando delicadamente meus lábios. Nem em um

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milhão de anos me cansarei de seus beijos, carícias


e o toque de sua pele na minha. Lorenzo é o
homem que toda mulher gostaria de ter e eu
agradeço por ter sido a felizarda.
— Vou com você, mas antes tenho que te
mostrar uma coisa — falo com a cabeça encostada
em seu peito.
— Claro meu amor, e o que seria? —
Beija minha cabeça, e começa a fazer um delicioso
cafuné.
Afasto de seu carinho delicioso, vou até o
guarda-roupa e pego o presente que tinha lhe
preparado. Não era assim que planejava entregar,
mas como sempre o destino toma suas próprias
decisões.
Retorno para a varanda e o encontro no
mesmo lugar, sentado, admirando o horizonte a sua
frente. Chego por trás e lhe abraço entregando o

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pacote. Ele me olha curioso, mas não pergunta


nada, sento-me ao seu lado e pego sua mão.
— Não era bem assim que eu tinha
planejado essa noite, mas já demorei demais com
esse assunto. Por muitas noites imaginei esse
momento, confesso que meu maior desejo era
descobrir qual seria sua reação depois disso. — Ele
está com os olhos fixos nos meus me olhando
atentamente. — Aceito ir com você, mas antes
preciso que você abra essa caixa.
— E o que tem aqui dentro? — pergunta
olhando curioso para o embrulho em mãos.
— Eu me arriscaria dizer que a felicidade,
por muitas noites me controlei para não te contar.
No começo era por medo, medo de você não gostar
e isso me magoaria muito. Depois foi porque eu
queria encontrar a melhor forma de contar. Quando
duas pessoas se amam e esse amor não cabe no

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peito, em sua grande maioria ele transborda criando


assim uma pessoinha cheia de amor.
Pego suas mãos e trago para meu ventre,
com os olhos arregalados, ele intercala o olhar entre
meu rosto e meu ventre. O homem poderoso e que
exala poder nesse momento está com o rosto
banhado de lágrimas. Sem dizer uma palavra, ele
abre o presente e retira de lá a fotografia do nosso
pontinho de felicidade. Pegando completamente de
surpresa ele leva a foto aos lábios e a beija.
Meu Deus, esse homem realmente existe?
Na minha frente, o homem que amo está
soluçando de tanto chorar. Ele pega a roupinha
rosinha e leva até o peito prendendo contra seu
corpo. Por mais que tivesse imaginado esse
momento por muitas vezes, em nenhuma delas
imaginei que ele teria essa reação. Choro de alívio,
felicidade e por presenciar a cena mais perfeita que

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já vi.
Ele se abaixa ficando com a cabeça na
altura da minha barriga. Ele suspende minha blusa
e sinto pequenos beijos serem depositados. Coloco
a mão na boca em uma falha tentativa de conter os
soluços. Como eu amo esse homem, meu Deus.
— Não estava preparado para isso, vim na
intenção de te amarrar se fosse possível. Mas
querendo ou não, você iria comigo para a Itália.
Meu Deus, Valentina, sempre sonhei em ter uma
miniatura minha, agora tenho alguns anos para me
preparar para ter uma miniatura sua. Só de pensar
na possibilidade de ela puxar um terço da sua
personalidade, já imagino a dor de cabeça que terei.
— Ei! — Dou um tapa em seu braço
— Porra, sou um puta sortudo. Ainda não
consigo acreditar que seremos pais, desde quando
você estava sabendo disso?

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— Desde que saí do hospital — confesso


em um fio de voz.
— Quer dizer que você já sabe disso há
um mês e não me contou nada?
— Eu sei que deveria ter contado, mas
tinha medo de que você não quisesse ter filhos. Foi
por isso que puxei aquela conversa, fiquei
extremamente feliz quando ouvi sua resposta.
Então, desde aquele dia estava preparando uma
surpresa para lhe contar.
— Filha, sei que você nem nasceu, mas se
ama seu papai, não puxe a sua mamãe. — Ele
conversa com a minha barriga. — Sua mãe me
deixa de cabelo em pé, então, você precisa me
prometer que vai puxar a mim, com certeza viverei
muitos anos de vida.
Levanta-se e me estende a mão.
Segurando-me pela cintura, beija delicadamente

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meus lábios, sua língua explora minha boca me


causando assim deliciosas sensações. Ele nos
separa, coloca a mão no bolso e retira uma caixinha
preta. Levo a mão a boca em choque com o que
pode estar dentro dela. Sem saber para onde olhar,
intercalo entre seu rosto e suas mãos. Ele abre e
retira um lindo anel, ele é prata e tem uma linda
pedra verde em cima.
Parece que o dia foi de grandes surpresas.
— Não era assim que planejei pedi-la em
casamento. — Sorrio com seu comentário, já que
hoje foi o dia de nos surpreendermos. — Na minha
vida não existe mais a possibilidade de você não
estar presente. Eu te amo com toda a intensidade do
meu ser, aqui, diante de Deus e sobre o céu
estrelado, eu te pergunto...
Meu coração parece que vai sair pela boca,
minha vista está embaçada por causa das benditas

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lágrimas. Parece que finalmente chegou o meu final


feliz, meu italiano, nosso pontinho de felicidade e o
amor que sentimos um pelo outro.
— Valentina, você aceita casar com esse
italiano? — Ele se ajoelha a minha frente. —
Aguentar todas as minhas confusões de idioma,
meu lado super protetor e minhas crises de ciúme?
Ainda não cheguei em um grau de loucura
tão grande ao ponto de não aceitar. Tudo o que
mais quero é ficar ao seu lado, e melhor ainda,
sendo a senhora Bianchi.
— Claro que aceito, italiano. Tudo o que
mais quero é ser oficialmente sua mulher. Eu te
amo e não saberia ficar longe de você. Não tem
lugar no mundo que queira ficar que não seja
eternamente em seus braços.
Abaixo e o abraço forte.
E aqui minha história está sendo escrita,
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pela primeira vez, sinto que meu livro se tornou um


clichê com final feliz. Mas a vida tem dessas
reviravoltas. Sei que vamos errar, por algumas
vezes até sentiremos vontade de nos matar, mas de
uma coisa tenho certeza, nunca dormiremos
brigados um com o outro.
Aqui não é o fim...
Apenas o recomeço de nossas vidas.
Um italiano, uma brasileira e o fruto de
nosso amor.

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FIM

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Epílogo
Valentina Mello
Quando descobri da existência da minha
Violetta foi um dos dias mais felizes da minha vida.
Ainda mais que tínhamos passado por um momento
de estresse continuo, mas, se soubesse que colocar
uma criança para fora era tão doloroso, desistiria do
meu desejo de ser mãe.
Mesmo com o passar do tempo, ainda me
custa acreditar que Breno teve coragem de chegar a
tanto. Ainda me culpo por não ter escutado
Lorenzo, se não fosse pelas mãos de Deus, perderia
minha princesa sem nem saber de sua existência.
Em dois dias ela completará dois anos e
tenho quase três que me mudei para esse país

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completamente diferente. Não foi difícil conseguir


o visto permanente, ser noiva do CEO todo
poderoso tem suas vantagens. Estou morrendo de
saudades da minha irmã, ela vive dizendo que vem
me fazer uma visita, porém esse dia nunca chega,
queria entender qual a dificuldade dessa vaca pegar
um avião.
Quando chegamos aqui, fomos recebidos
com festa, mesmo que o motivo de ter nos trazido
não ser um dos melhores. Depois de muita
investigação, foi descoberto que quem estava
roubando a empresa era a secretária do Lorenzo
com a ajuda de um dos diretores. Os primos
queriam fazer justiça com as próprias mãos, mas o
convencemos de entregá-los à justiça, aqui as leis
funcionam e eles foram condenados a quinze anos
de prisão.
Fiquei impressionada quando encontrei

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com todos os primos juntos, não sabia para onde


olhar. Era tanta beleza em um lugar só, esses
homens só podem ter sido desenhados por Deus.
Agora entendo por que minha amiga tem os quatro
pneus arriados por Paollo, ele é o mais sossegado
de todos.
Mesmo com a convivência, ainda fico
perdida quando todos começam a falar italiano, já
ficava maluca com Lorenzo fazendo uma salada de
idiomas, imagine uma família inteira. Moramos em
uma mansão, já falei várias e várias vezes que
poderíamos ir para uma casa menor, mas Lorenzo
insiste em dizer que é para nossa segurança. Depois
do sequestro, não questiono mais nenhuma de suas
decisões.
Lorenzo me deu um ultimato, teria até o
final do mês para decidir a data do nosso
casamento. Toda vez que ele tocava no assunto, me

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ocupava com alguma coisa e ia lhe enrolando. Mas


agora não tenho mais desculpas, até Vanessa e
Antonella estão no meu pé, então tomei vergonha
na cara e escolhi a bendita data.
Quando completarmos quatro anos juntos
faremos nosso casamento, ou seja, daqui há uns
cinco meses. Assim terei tempo de sobra para
pensar em tudo. Organizarei com a ajuda das
meninas, assim darei um tempo para minha irmã se
resolver no Brasil e vir me ajudar. Quem sabe ela
não se encanta com o país e se muda de vez, eu
ficaria muito feliz com isso.
Vanessa pensa que em engana, mas sei que
está se encontrando com Paollo. Ele terminou o
namoro e correu atrás da minha amiga, mas vira e
mexe esses dois estão brigando. Do fundo do meu
coração, o que mais quero é que esses dois se
acertem, minha amiga merece ser feliz ao lado do

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homem que ama.

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Lorenzo Bianchi
Porra, hoje posso dizer que sou o homem
mais feliz desse mundo. Tenho uma mulher
maravilhosa que está sempre ao meu lado e me
mostra todos os dias o tamanho de seu amor.
Valentina foi a melhor surpresa da minha vida, hoje
diria até que posso agradecer a Isabela, se não fosse
por sua chatice, não teria conhecido a mulher da
minha vida.
Tenho uma linda miniatura da Valentina,
Violetta é a cópia da mãe, apesar da pouca idade, já
me mostra que terei muito trabalho quando ela
estiver maior. Já sei que ficarei de cabelo em pé, só
de pensar nos namoradinhos na minha porta, já
sinto uma dor de cabeça.
Quando pedi Valentina em casamento,
pensei que ela ia querer casar logo. Mas como
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sempre, não faz nada do que penso. Toda vez que


tocava no assunto, ela insistia de inventar uma
desculpa, mas depois de uma boa pressão tripla, ela
finalmente marcou a bendita data e daqui alguns
meses, ela se tornará oficialmente minha mulher.
Hoje o dia foi bem puxado na empresa,
tive três reuniões com possíveis investidores, só
quero chegar em casa e ficar na companhia da
minha mulher e minha bambina. Despeço de todos,
entro no meu carro e piso fundo, só quero chegar
logo.
Engraçado como a vida é uma caixinha de
surpresa, fui para o Brasil com a ideia de fugir de
Isabela. Confesso que meu pensamento inicial não
era arrumar uma mulher, muito menos me
apaixonar, mas foi inevitável não me encantar pela
Valentina, até hoje lhe falo sobre isso. Estava
pronto para desistir se ela fugisse mais uma vez, lhe

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agradeço por não ter feito isso. Hoje voltei para a


Itália com uma linda mulher e uma bambina que
mato e morro por ela.
Isabela achou um besta para dar o golpe,
por isso parou de me encher o saco. Só posso
agradecer a Deus por tudo.
Com menos de vinte minutos já estou na
porta de casa e estaciono na garagem. Daqui já
consigo escutar a gargalhada gostosa da Violleta.
Ela tem os olhos verdes da mãe, seus cabelos são
castanhos como os meus, e claro que sua
personalidade é igual à da mãe.
Antes de adentrar a sala, paro e observo as
duas mulheres mais importantes da minha vida.
Valentina faz cócegas na Violetta, esse é o motivo
de suas gostosas gargalhadas. Não importa o quão
cansativo seja meu dia, tudo melhora no momento
que chego em casa e tenho o prazer de ter meus

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dois amores à minha espera.


— Papá — Com pequenos passos,
Violetta vem em minha direção.
— Oi, minha pequena. — Pego-a nos
braços, beijando sua bochecha — Sentiu saudades
do seu papá?
Coloco minhas chaves sobre a bancada e
caminho com ela em meus braços indo em direção
a minha Valentina que me espera com um enorme e
encantador sorriso. Não pensei que fosse possível,
mas todos os dias me apaixono pela minha ragazza
da boca nervosa. Não me canso de acorda todos os
dias antes dela e observar seu rosto sereno
enquanto dorme.
— Oi, italiano. — Beija meus lábios. —
Senti saudades de você, não imagina o quanto.
Como foi seu dia?
— Não quero falar sobre trabalho, quero
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apenas ficar na companhia das duas mulheres da


minha vida. — Puxo-a trazendo para um abraço em
família — A melhor parte do meu dia é quando
chego em casa. Passo o dia pensando em como as
minhas ragazzas estão, chegar aqui e presenciar
vocês brincando faz meu desejo por férias
aumentarem.
— Você é o chefe, só não tira férias
porque não quer. — Circula seus braços em minha
cintura e Violetta brinca com meus cabelos. —
Sinto falta de passar o dia com o meu italiano, às
vezes, ficar sozinha nessa casa cansa até Violetta
que se perde nesse casarão.
— Vou tentar agilizar essas minhas férias,
não posso correr o risco de você mudar de ideia e
não querer casar com esse italiano.
— Não se preocupe, agora não tem mais
volta. Eu te amo mais que tudo, não conseguiria

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viver sem você.


— Compartilhamos do mesmo sentimento,
você e Violetta são as duas coisas que mais amo
nessa vida. Não gosto nem de pensar na
possibilidade de ficar sem a minha boquinha
nervosa.
— Filme papá — Violetta fala nos
trazendo de volta para a realidade.
— Você quer assistir um filme pequena?
— Ela acena que sim. — Então vamos assistir um
filme, pronta para mais uma sessão de Barbie? —
pergunto para a Valentina, Violetta viciou nessa
boneca e como pais maravilhosos que somos,
precisamos nos sacrificar e ver esses filmes pela
milésima vez.
— Quanto mais rápido assistirmos esse
filme, mais rápido ela vai dormir. — Aproxima e
fala ao meu ouvido: — e teremos a noite só para

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nós, tenho uma pequena surpresa para você.


Dio Mio, agora vou contar os minutos para
esse bendito filme acabar. Pode se passar anos, mas
de uma coisa posso ter certeza, nunca me cansarei
do corpo delicioso de Valentina. Fazer amor com
ela é minha terapia, deleitar-me em seus braços é
tudo que preciso para viver e me preparar para um
novo dia.
Não me cansarei de dizer, Valentina é a
minha respiração e sem ela não conseguiria viver.

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Sobre a Autora
Lis Santos é natural de Salvador- Ba, tem
23 anos e se define como leitora compulsiva. Por
um acaso resolveu se arriscar na escrita. Assim, deu
início a sua primeira obra denominada Permita-se
Amar. Não imaginava que as pessoas leriam sua
história, ficando imensamente surpresa com a
receptividade, e encantada com o número de
leitores. Com mais de oito livros publicados, uma
grande característica de suas histórias é a superação
e o poder do destino. Pois podemos calcular
milimetricamente nossa vida, porém, o destino não
fica em nossas mãos.
Facebook:
https://www.facebook.com/lissantosautora/
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LIS SANTOS

1ª. Edição

2019

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Copyright © Lis Santos


Todos os direitos reservados.
Criado no Brasil.
Edição Digital: Criativa TI
Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é
entreter as pessoas. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
Todos os direitos reservados. São
proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de
qualquer parte dessa obra, através de quaisquer

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meios — tangível ou intangível — sem o


consentimento escrito da autora.
Criado no Brasil. A violação dos direitos
autorais é crime estabelecido na lei n°. 9.610/98 e
punido pelo artigo 184 do Código Penal.

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Capítulo um
Paollo Bianchi

Seis meses atrás

Merda! Eu fui um completo idiota, desde o


primeiro momento que meus olhos cruzaram com
Vanessa, sabia que aquela brasileira da língua
afiada seria minha perdição. Mas para minha
infelicidade, ela me via apenas como um amigo,
então precisei encenar meu melhor papel de
ouvinte, e fui seu ombro amigo. Mas eu só estava
me enganando.
Seus olhos.
Seu corpo.
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Sua língua afiada...


Tudo isso só fez com que me encantasse
mais e mais por minha amiga.
Quando ela me disse que estava
conhecendo um babaca, tive vontade de pegá-la nos
braços e dizer que estava errada, não era possível
que não sentisse a química que rolava entre nós.
Não queria acreditar que era coisa da minha cabeça,
o pior que não era apenas atração de homem e
mulher, era amor de verdade. Porém, o medo de ser
rejeitado e perder a Vanessa, mesmo sendo como
amiga, falou mais alto.
Não vou ser um filho da puta hipócrita,
sempre que eu sentia vontade de aliviar a tensão do
meu corpo, eu fazia algumas ligações e
rapidamente tinha uma mulher gostosa pra cacete
em minha cama. Eu tentei entender que nunca a
teria em minha cama, não cruzaríamos a linha tênue

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entre nossa amizade.


Deveria me concentrar na reunião, mas
minha mente está vagando por aí. Estamos com um
puta problema, Pietro fez cagada como sempre,
apesar de sermos gêmeos, somos completamente
diferentes. Sempre nos definimos como o bem e o
mal, enquanto ele fazia festa, ia para farra e se
metia em coisa errada com o Lorenzo. Eu ficava
em casa estudando e tentando não dar mais dor de
cabeça para nossos pais.
Não vou mentir, quando erámos mais
novos, tinha inveja de toda liberdade que Pietro
tinha. Ele pouco se importava com a vida, toda
semana tinha uma mulher diferente em sua cama,
não entendia como conseguia administrar todas
essas mulheres. Arrisco a dizer que ele tinha uma
mulher para cada dia da semana. Nesses vinte e
oito anos, tenho certeza de que nunca se apaixonou,

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acho que ele não abandonaria sua vida de pegador.


— Terra chamando, Paollo. — Lorenzo
está parado em minha frente, estava tão
concentrado em meus pensamentos, que não vi
como veio parar aqui. — Em que mundo você está,
primo?
Essa é uma pergunta que eu adoraria
responder, mas estou em busca da resposta
também.
— Desculpem, estava meio perdido —
limito a responder.
Conheço bem a família que tenho, se
dissesse que meus pensamentos estão na Vanessa,
certamente Pietro enxeria minha paciência. Não
posso esquecer que ele sempre deu em cima dela,
por mais que eu lhe fale várias e várias vezes para
parar, meu irmão é um poço de teimosia. Só não
lhe quebro a cara, porque é sangue do meu sangue.
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Espero que ele tenha isso em mente, pois no dia em


que ousar ficar com ela, eu esqueço qualquer laço
que possamos ter.
— Pode apostar que tem um rabo de saia
no meio. Paollo tem essa carinha de santo, mas ele
não me engana. — Pietro goza com a minha cara.
— Eu bem sei que ele é louco pela Vanessa, mas
também quem não seria, aquela brasileira tem um
corpão delicioso...só de pensar em ter toda essa
abundância em minha cama já fico louco.
Imediatamente encaro meu irmão, eu sei
que ele está fazendo isso para me provocar, mas
nesse momento minha vontade é de calar sua boca,
mesmo que seja a força.
Quando eu terminei com Giulia, meus
planos eram de correr atrás da Vanessa. Mesmo
correndo o risco de não ser correspondido, decidi
arriscar e tive a prova que eu precisava para correr

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atrás da mulher da minha vida. Com o tempo pude


perceber que ela também gosta de mim, mas é
muito cabeça dura, e fica lutando contra esse
sentimento. Trocamos alguns beijos e puta que
pariu, foi muito melhor do que eu pude imaginar.
Porra, sou um homem de vinte e oito anos, não
deveria ficar correndo atrás dela, mas não consigo
evitar. Suas atitudes me lembraram um pouco a
Valentina, meu primo disse que ela vivia correndo,
até mesmo depois deles fazerem amor.
Confesso que minha vontade é de
sequestrá-la, só iria lhe libertar quando admitisse
que também me ama. Na primeira vez que nos
beijamos, isso ficou muito evidente, eu pude sentir
que ela se entregou de corpo e alma. Todas as
noites sonho com esse maldito beijo, mas Vanessa
insiste em se afastar. Quando eu namorava a Giulia,
era totalmente compreensível ela querer manter
apenas uma amizade entre nós, até porque eu
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também não deixei claro meus sentimentos por ela.


Mas agora que já terminamos, não vejo motivo para
ela fugir, já que eu sei que também me ama.
— Viu que eu falei? — Pietro fala, olho na
direção deles e todos estão rindo, provavelmente da
minha cara de besta.
— Vamos nos concentrar no que interessa.
— Assumo novamente minha posição profissional,
não quero que pensem que sou igual ao meu irmão
que só faz burrada. — Meus pensamentos, ou o que
faço da minha vida não diz respeito a ninguém,
muito menos a você, Pietro.
Depois de falar isso, Lorenzo volta a falar
sobre o assunto que nos trouxe a essa reunião.
Todos ficamos responsáveis por administrar uma
das empresas da família, Lorenzo e Enrico ficaram
a par da matriz, e Pietro e eu administramos as
filiais.

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Pietro sempre foi irresponsável, enquanto


nos concentrávamos nas reuniões e nos problemas
da empresa, ele ficava no celular procurando a
próxima presa. Ele administra a filial que fica na
Villa Guiccioli, não sei que merda ele tinha na
cabeça, mas resolveu misturar trabalho com prazer
e agora essa funcionária alega ter provas de que ele
a violentou. Eu sei que ele não seria capaz disso,
até porque ele tem todas as mulheres que quiser.
Mas resolvemos fazer essa reunião, pois se essa
informação vaza, perderemos muitos contratos, boa
parte deles milionários.
— Espero que dessa vez meu querido
irmãozinho, aprenda a trabalhar direito. Ele bem
sabe que misturar negócios com prazer nunca dá
certo. Então acho justo que, se perdermos alguns
contratos, devemos ser ressarcidos com o dinheiro
de sua recheada conta bancária — falo, depois de
um bom tempo tentando ouvir o que o Lorenzo
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estava explicando. Certo que escutei apenas


algumas coisas, mas eles não precisam saber.
— Convenhamos irmãozinho, você não é o
melhor exemplo para falar sobre misturar trabalho e
prazer. — diz de um modo bem sarcástico.
— Concordo com o Paollo, não importa se
com ele funcionou. Até porque eles eram amigos,
sabemos bem que você não sabe tratar bem uma
mulher, então não deveria misturar essas coisas. —
Enrico toma a frente. — Você parece uma criança,
até parece que não sabe como essas coisas
funcionam. Você violentou ou não essa moça?
— Claro que não, até parece que vocês não
me conhecem. — Vai até o bar e serve-se com uma
dose de whisky. — Eu tenho qualquer mulher, na
hora e no dia em que eu quiser. Não preciso me
aproveitar de ninguém, ela é só mais uma
oportunista que quer fama. Nós já ficamos sim, mas

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foi totalmente consensual.


— Eu quero realmente acreditar nisso,
Pietro. Espero que essas fotos que ela diz ter, sejam
falsas e não cheguem a imprensa, pois será o
escândalo do século — Lorenzo diz, pensativo.
Não é a primeira, nem será a última
mulher que tenta dar esse golpe nos Bianchi, todos
já fomos vítimas. Mas no nosso caso, nenhuma
delas ameaçou mostrar fotos, até porque, era tudo
armação para conseguir dinheiro e cinco
minutinhos de fama. Conversamos por mais alguns
minutos, nesse momento eu só penso em chegar na
minha casa, tomar um bom banho, uma taça de
vinho e descansar desse maldito dia. Me despeço de
todos, entro na minha Lamborghini e sigo cantando
pneu para minha casa.

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Capítulo dois
Vanessa Albuquerque

Seis meses atrás

Eu queria entender essa minha mania de


complicar as coisas, eu deveria estar feliz, afinal de
contas minha amiga está vivendo o melhor
momento de sua vida. Tem um homem dos sonhos,
aquele que toda mulher gostaria, e ainda é mãe da
fofura da Violetta. Mas não, fico aqui com
paranoias na cabeça.
Não é novidade que meu coração tem
dono, mas esse dono tem uma namorada
extremamente chata. E eu sei que ela não gosta de
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mim, então resolvi me afastar completamente do


meu amigo.
Tudo bem! Não é bem esse o motivo, mas
quando perguntam, é isso que digo.
Não vou mentir, presenciar todos os dias o
Paollo com a Giulia não estava me fazendo bem.
Suportar ver o amor de sua vida, nos braços de
outra, com certeza foi um teste de resistência. Eu
sei que tudo poderia ser diferente, antes deles
namorarem eu tinha uma certa esperança dele
retribuir o sentimento, mas não quis arriscar. Nossa
amizade era maior do que qualquer coisa.
Droga! O pior é que voltei a trabalhar
como sua assistente, conviver com ele, com certeza
era uma tortura, mas era eu gostava, por isso não
pedi demissão.
Seu cheiro impregnado em minhas
narinas...
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Seu sorriso enigmático...


Seu jeito brincalhão...
Apesar da idade e da posição que ocupa na
empresa, nunca deixou de ser o cara por quem me
apaixonei. Não sei explicar o que mais gosto nele,
só sei sentir.
Paollo tem enigmáticos olhos azuis,
cabelos loiros maravilhosos, uma barba por fazer, e
a marca dos Bianchi, o bendito furinho no queixo.
Se fosse apenas pela aparência de deus grego, eu
ficaria com o Pietro, já que ele me deu bola por
tantas vezes. Mas apesar de iguais fisicamente, a
personalidade é completamente diferente, enquanto
Paollo é um cavalheiro, Pietro é um safado de
marca maior.
— Amiga, eu preciso de um grande favor.
— Valentina chega de supetão, me pegando
completamente de surpresa.
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Estou passando uns dias em sua enorme


casa, ela não quer ficar sozinha. Então fiz esse
pequeno sacrifício, não imaginam como é difícil
ficar nesse casarão, com uma piscina maravilhosa,
uma cozinha de dar inveja e uma biblioteca dos
sonhos.
Meu apartamento fica uns trinta minutos
daqui, tenho até que dar uma passadinha para
limpar. Provavelmente deve estar tudo com teias de
aranha, mas tudo é culpa da Valentina, pois ela que
vive me tirando da minha casinha.
— E o que seria, Valentina? — Coloco o
livro na cabeceira, e levanto, dando total atenção
para ela.
— Lorenzo precisa que o Paollo assine uns
documentos com extrema urgência, será que você
poderia ir ao apartamento dele? — Faz uma cara de
pidona, ela sabe de tudo que acontece em relação

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ao Paollo, aposto que resolveu incorporar a Sophia


e dar uma de cupido louco.
— Seu marido não estava em uma reunião
com ele? Que raios de documento é esse que
precisa de extrema urgência?
— Sim, eles estavam em reunião, mas
parece que foi um assunto de última hora. Você
sabe que eu não pediria se não fosse urgência, não
tem ninguém além de você amiga.
— Por que o Lorenzo não pegou sua
Lamborghini caríssima, e foi até a casa do Paollo?
Não é tão longe daqui.
Eu não queria ser tão resistente, antes de
qualquer coisa nós somos amigos, e ele ainda é
meu chefe. Mas só de pensar, que posso bater em
sua porta e a vaca da Giulia me receber um ódio
mortal toma conta de mim.
— Não tenho escolha, não é? — Ela
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balança a cabeça, dizendo que não — Ok, como


estou sendo forçada, vou tomar um banho e
encontro você no escritório. Mas não se acostume,
pois não sou sua empregada.
E como quem não quer nada, a vaca sai
rindo da minha cara. Deixa-a, em algum momento
Valentina vai me pagar, e será bem caro.
Entro no banheiro e tomo um banho bem
rápido, opto por um vestido longo com uma fenda
na coxa esquerda. Hoje o dia foi bem fresco, então
posso vestir uma roupa mais leve. Prendo meus
cabelos em um rabo de cavalo e calço uma
rasteirinha, sem maquiagem, afinal, não estou indo
a um encontro, então não precisa de muita
produção.
Pego meu celular e desço as escadas, falei
que encontraria a Valentina no escritório da casa,
mas isso foi há quase quarenta minutos. Entro tão

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afobada que nem me dei ao trabalho de bater na


porta, pegando assim minha amiga e o marido aos
beijos, na verdade é quase um sexo explícito em
cima da mesa. Eles vivem nessa lua de mel, um
fogo que só jesus na causa.
— Vocês não deveriam fazer essas
saliências no quarto? — Valentina levanta em um
pulo, minha amiga está mais vermelha que um
tomate.
Não adianta, podem passar anos, mas ela
nunca vai deixar a vergonha de lado. Eles vivem se
agarrando pela casa, e eu vivo os pegando no
flagra. Teve uma vez que foi a Violetta, minha
amiga passou uma semana com vergonha, não
aguentava nem olhar direito para a filha. Uma
boba, já que Violetta ainda não entende as coisas,
então não saberia que os pais estavam tentando lhe
dar um irmãozinho.

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— Cazzo, esqueceu seus modos no Brasil?


— Lorenzo fala, tentando se recompor. — Quase
nos matou de susto.
— Não esqueci não, meus modos
continuam comigo. A porta estava aberta, e como
pela lógica Valentina estava à minha espera, não vi
problema em entrar. — Minha amiga até agora não
abriu a boca, está vermelha igual um tomate. —
Não tenho culpa, que vocês vivem se agarrando
pela casa.
— Não vamos aprofundar esse assunto —
Valentina finalmente abre a boca. — Esses aqui são
os documentos, eu tentei ligar para o Paollo para
avisar sobre sua chegada, mas só deu caixa postal.
— Tudo bem, vamos acabar logo com
isso.
Pego os papéis de sua mão, e sigo até a
porta, quanto mais cedo eu entregar esse
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documento, mais rápido termino isso.


Antes de sair, viro para o Lorenzo e falo:
— Como estou indo te fazer um favor,
nada mais justo que você me empreste um de seus
lindos carros. — Seus olhos estão arregalados, mas
tenho certeza de que não vai negar. — Pode ficar
tranquilo cunhadinho, vou trazê-lo são e salvo, sem
nenhum arranhão.
— Pelo seu bem, Vanessa, acho bom você
trazer sem nenhum risco. Pode pegar qualquer um
da segunda garagem. — Passa as mãos
nervosamente pelos cabelos — Dio mio, algo me
diz que irei me arrepender disso.
Antes que desista, saio correndo do
escritório. Agora vou poder dirigir sua tão preciosa
Lamborghini branca, preciso rezar muito. É melhor
eu trazer esse carro em perfeito estado.

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Capítulo três
Vanessa Albuquerque

Em passos lentos, com o coração apertado


e a mente fervilhando de informações, subo
calmamente degrau por degrau. Eu poderia pegar
facilmente o elevador, já que ele mora no quinto
andar, mas subir essas escadas vai me ajudar a me
acalmar.
Queria entender por que ultimamente, meu
bobo coração deu para falhar quando estou ao lado
do Paollo. Não sabia que era possível, mas me
apaixonei novamente por ele, o que me parece
muito estranho.
Toda minha adolescência foi diferente do
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que estou vivendo na minha fase adulta. Nunca fui


de me apegar a ninguém, mas não vou mentir,
gostava que os garotos mais populares corressem
atrás de mim.
Quando conheci o Giuseppe no Brasil,
imediatamente fiquei apaixonada por suas ações e
forma como se importava comigo, mas como fui
boba! No fim das contas ele queria que eu virasse
uma prostituta, todas promessas de uma vida boa
aqui na Itália, não passavam de enganações. Ainda
bem, que consegui ser mais esperta e não caí em
seu jogo, o pior é que nem todas meninas são
assim, muitas acabam ficando presas por causa de
chantagens.
Depois de quase dez minutos, finalmente
paro em frente ao apartamento 502. Respiro fundo
e toco a campainha, parece que não tem ninguém,
não consigo escutar nenhum som. Bato na porta

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mais algumas vezes, até que escuto passos.


Um clique, e de repente a porta se abre, me
proporcionando uma visão deslumbrante. Paollo
está parado em minha frente, com o cabelo
molhado, gotas de água no peitoral nu, e uma
toalha em seu quadril.
Nossa senhora! Eu daria tudo para lavar
roupa nesse tanquinho.
— Vanessa — a rouquidão em sua voz,
causa deliciosas contrações em meu sexo —, não
estava esperando por sua visita, a que devo a
honra?
— E-eeee — limpo a garganta —, seu
primo pediu que eu trouxesse uns documentos,
tentou falar com você, mas todas ligações sem
sucesso. E pelo que parece, são documentos que
precisam de sua assinatura com extrema urgência,
então quanto mais rápido você assinar, melhor para
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mim.
Paollo pega os papéis de minha mão e se
afasta, caminhando calmamente até o sofá. Sempre
tive uma tara por homens de bunda grande, e por
Deus, Paollo é avantajado. Tudo nesse homem me
atrai, poderia facilmente dizer que foi esculpido
perfeitamente para mim.
— Está esperando o quê para entrar,
Vanessa? — grita da sala.
— Acho melhor ficar por aqui, não tem
nenhuma dificuldade em assinar um documento.
Seja rápido, estou com pressa.
— Pare de cena, ragazza, entre e feche
logo essa porta. Não quero que os vizinhos pensem
besteira.
— Claro, eles podem pensar que você está
traindo sua namorada. — Reviro os olhos, só de
lembrar da vaca da Giulia.
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— Vem aqui — se aproximou tão rápido,


que não tive chance de negar —, se você não
tivesse se afastado, saberia que não estou mais com
a Giulia...
Opa! Eu ouvi bem ou meu cérebro está
imaginando coisas?
Nossa...
Não sei o que pensar nesse momento,
minha cabeça está fervilhando de informações.
— Não estamos juntos há quase dois
meses, mas minha amiga não sabe disso, porque
simplesmente resolveu se afastar completamente de
mim. Sem se preocupar se eu estava de acordo, ou
até mesmo se isso me machucaria. Onde você
estava com a cabeça?
— Já te falei que tive meus motivos,
Paollo. Não vamos retornar a esse assunto. — Me
afasto, indo até a varanda, e admiro a vista
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esplendorosa de Vicenza.
— E se eu quiser retornar esse assunto?
Será que não tenho direito? — pergunta tão
próximo, que sinto seu hálito quente sobre meu
pescoço.
— Droga! — Viro abruptamente, na
tentativa falha de me afastar, mas acabo sendo
imprensada na parede com seu corpo molhado,
gostoso e completamente alucinante. — Por que
não me disse sobre a Giulia?
Minha voz sai tão, mais tão baixa, que
muito me admira se ele escutar.
— E por que eu te falaria sobre isso? —
Sua mão passeia delicadamente sobre meus
cabelos, nesse momento não sinto as batidas do
meu coração. — Você simplesmente tomou uma
decisão por nós dois, mas agora eu tomarei minhas
próprias decisões. Então, se você não quer que eu te
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beije nesse exato momento, é melhor mandar eu


parar.
Eu quero que ele pare?
Por quantas e quantas noites desejei sentir
o toque de suas mãos?
O gosto de seus beijos?
Não sei quais serão as consequências, ou
melhor, não quero pensar nisso agora. Nesse
momento, quero apenas me entregar ao desejo,
agora entendo todo meu receio de vir, algo já me
dizia que poderia ser assim. Sei que é apenas um
beijo, no entanto, torço para que ninguém saia
magoado dessa história, eu realmente espero que
meu pobre coração não fique destroçado.
Entendendo meu silêncio como uma
autorização, Paollo segura meu rosto com as duas
mãos e delicadamente cola seus lábios aos meus. O
choque inicial me causa arrepios, o beijo que até
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alguns segundos atrás era delicado se transforma


em uma deliciosa exposição de desejo. Sua língua
invade a minha boca, não me faço de rogada e
retribuo com toda intensidade, sugo, mordisco e
aproveito o máximo de seus lábios.
Minhas mãos passeiam vagarosamente por
suas costas, aproveito cada centímetros de seu
corpo, e faço o que tanto tinha vontade, enterro
minhas mãos em seus macios cabelos.
Suas mãos vão para dentro do meu
vestido, e já posso imaginar onde isso vai para. É
um desejo acumulado de anos. Anos imaginando o
meu melhor amigo como homem, por muitas noites
sonhei com esse momento, e com certeza a
realidade não perde em nada para a minha
imaginação.

— Dio mio[11] — fala, interrompendo o


beijo, assim como eu, sua respiração está
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entrecortada —, Il tuo gusto è delizioso, molto


meglio che nei miei sogni.[12]
— Non ho intenzione di mentire, ho
sognato questo momento.[13]
— A muito tempo queria fazer isso. — Me
abraça, e por causa de seu tamanho, fico com a
cabeça na altura de seu peito, onde consigo escutar
perfeitamente as batidas frenéticas do seu coração.
— Nossa amizade sempre foi mais importante do
que qualquer coisa, então quando um sentimento
diferente começou a tomar conta, tive medo de que
isso estragasse nossa relação. E para piorar, você
vivia correndo.
— Esse sempre foi o meu medo, que eu
pudesse dar um passo em falso, e estragar de vez
com a relação que construímos ao longo desses
anos. — Resolvo ser sincera, já que começamos, é
melhor terminar logo de uma vez. — Foi por isso
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que fui embora, não estava me fazendo bem te ver


todos os dias com a Giulia, então na minha cabeça,
o melhor a se fazer era ir embora.
— Tudo se resolveria se fosse sincera
comigo, carino. — Santo Deus, esse homem tinha
que me chamar de carinho? — Eu só fiquei com a
Giulia, porque na minha cabeça você não queria
nada comigo, então tinha que arrumar um jeito de
esquecer o sentimento que tinha pela minha melhor
amiga, mas não resolveu nada. O amor que sinto
por você, só fez aumentar.
— Por que você sempre tem que ser esse
príncipe? — Percebo que ele sorri com meu
comentário. — Foi por atitudes como essa, que eu
fui me apaixonando por você. Poxa, quanto eu
menos esperei, me vi presa em seus olhos
enigmáticos, sua personalidade forte e todo seu
encanto. Confesso que meu maior medo, era de

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estragar nossa amizade, eu poderia não te ter como


homem ao meu lado, mas sua amizade me bastaria.
E pensar que você não queria vir, não é
Vanessa? — fala meu subconsciente.
— Dorme comigo hoje? — Olho em
choque para ele, não pensei que as coisas fossem ir
tão rápido. — Calma, carino, não é nada disso que
está pensando. Eu quero apenas dormir, sentir o
calor de sua pele, te admirar enquanto dorme
serena. Poder realizar mais um de meus sonhos,
velar seu sono durante toda a noite.
— Mas...
— Nada de mais, eu já deixei você ditar as
regras uma vez. Só que agora tomarei minhas
próprias decisões. Pode ficar despreocupada,
iremos apenas dormir essa noite. Terá o momento
certo para que eu desfrute de seu corpo, e possamos
nos entregar sem reserva. Nossa primeira noite será
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completamente especial, pode apostar carino.


Agora é o momento certo para eu dar uma
de Valentina, mas não irei fugir, não sei o que me
espera, não faço a menor ideia de como será o
amanhã. Mas hoje, irei apenas dormir nos braços
do meu melhor amigo, que consequentemente é o
homem que eu amo.

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Capítulo quatro
Vanessa Albuquerque

Dias atuais

— O que tanto se passa nessa cabecinha,


carino?
Esse é o meu momento, eu deveria ficar
feliz, afinal de contas, finalmente tenho a
oportunidade de viver ao lado do homem que amo.
Minha amiga também se encontra feliz com a
família, então não deveria ter do que reclamar. Mas
é aquela coisa, quando a felicidade bate na porta, o
destino vem e fecha na sua cara.
Há seis meses eu estava nesse mesmo
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apartamento, praticamente forçada já que não


queria trazer o bendito documento. Graças a Deus
as coisas deram certo, aí vem aquele toque do
destino.
Um mês depois, Paollo me contou sobre a
gravidez da Giulia, isso mesmo. A vaca foi tão filha
da puta, que logo após o termino descobriu a
gravidez, ou seja, o bom e velho golpe da barriga.
Ela está de sete meses, então qualquer dorzinha o
chama, como ele é pai, isso realmente é trabalho
dele, só que as vezes ela passa dos limites.
Ai, Paollo, estou morrendo de vontade de
comer camarão...
Paollo, eu acho que tem alguma coisa
errada com o nosso filho...
Você poderia passar a noite aqui? É que
estou com um mal pressentimento...
Esse foi só alguns dos argumentos
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utilizados pela vaca, eu, como uma boa namorada


tento ser a mais compreensiva possível, mas minha
paciência tem limites, e uma hora eu sei que ela vai
acabar.
— Não precisa nem responder, sei que sua
cabeça deve estar cheia de caraminholas. E o
motivo principal é a Giulia, acertei? — Senta-se ao
meu lado na cama.
Pega minhas mãos e leva até os lábios,
deixando pequenos beijos.
— Infelizmente ou felizmente você me
conhece muito bem. Não vou mentir, toda essa
história me incomoda muito, não o fato da
gravidez, já que isso foi antes de nós assumirmos
nossos sentimentos. — Abro o jogo de uma vez,
isso já estava me sufocando. — Mas essa mania de
te chamar por qualquer coisa, confesso que está me
matando. Gravidez não é doença, e até onde você

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me disse, a gravidez dela é saudável, não tem por


que ficar te chamando toda hora.
— Eu entendo, também não sou muito fã
dessa ideia. Mas é meu filho que ela carrega no
ventre, não posso pagar para ver. Mesmo sendo
encenação de sua parte, não posso correr esse risco.
— E esse é o problema, eu não quero
competir com o seu filho, não é essa minha
intenção. Mas convenhamos. — Levanto, e
caminho até a varanda do quarto, eu preciso de ar
nesse momento. — Giulia está usando-o como
pretexto, ela sabe que estamos juntos, então não
tem por que ficar te chamando para dormir na casa
dela, poxa...
Sim, eu sou bastante insegura.
A vaca já percebeu isso, por isso fica o
chamando o tempo inteiro. Pior é que quando
estamos na empresa ela não liga, mas é eu dormir
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na casa dele que as ligações começam. Obvio que


faz de pirraça, se continuar desse jeito ela vai
conseguir tirar minha paciência, porque não vou
aguentar isso por muito tempo.
Não é fácil saber que o homem que amo vai
ser pai e o filho não é meu. Quando pensei que
fosse me livrar da vaca sem graça, ela se mostra
ainda mais presente! Pelo visto Giulia não vai sair
do meu pé tão cedo.
— Olha para mim, Vanessa. — Se
aproxima, me virando para que eu fique de frente
para ele e segura meu rosto com as duas mãos. —
Eu esperei muito tempo, para que finalmente
ficássemos juntos. Não vou jogar o que temos fora,
coloque nessa sua cabecinha de uma vez por todas,
a única ligação que tenho com a Giulia é por causa
do nosso filho. Ela pode fazer milhares de
joguinhos, mas não esqueça que eu sou um homem,

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não um moleque para cair em suas armações.


— Mas... — tento falar, mas Paollo coloca
um dedo em meus lábios.
— Agora você só precisa ouvir, eu te amo
Vanessa. Sei que pode parecer estranho, afinal de
contas eu tenho uma ex-namorada grávida, mas
isso não muda o que sinto por você. — Beija
carinhosamente meus lábios. — Não precisa de
toda essa insegurança, eu nunca amei a Giulia, e
não vai ser agora que isso vai acontecer.
Sem ter o que falar, o abraço forte, tão forte
que seria capaz de fundir nossas almas. Eu sei que
ele me ama, e é com a mesma intensidade que eu o
amo, mas no meu íntimo sei que muita coisa ainda
vai acontecer. A única coisa que posso fazer, é
viver o momento e aproveitar o máximo ao lado do
homem que amo.
— Eu te amo, carino. — Alisa meus
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cabelos, não tem sensação melhor do que sentir


seus dedos entre os meus cabelos. — Vamos
esquecer a Giulia e focar no que interessa?
— Eu também te amo, amore. — Beijo seus
lábios. Se é para focar no que interessa, nada
melhor do que sentir o gosto delicioso de menta em
seus lábios.
Não é um beijo calmo, muito menos
delicado. É intenso, delicioso e puramente carnal.
Enfio minhas mãos em seus sedosos cabelos, e o
trago para mais próximo a mim. Através de seus
toques, e a forma como me beija, não tenho dúvidas
de que é a mim que quer. Jogo-me em seus braços,
prendo minhas pernas em sua cintura e ele caminha
até a cama, me jogando com força sobre ela. Sem
desgrudar nossos olhos, caminha até o guarda-
roupa, abre a gaveta de assessórios e retira de lá
uma algema.

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Me surpreendi na primeira vez que sugeriu


usá-las, mesmo sendo sua amiga, nunca imaginei
que ele gostasse dessas coisas. Tive um certo
receio, mas acabei gostando da ideia, e hoje, posso
dizer que os assessórios são essenciais para
apimentar as coisas.
— Admita que você tem sido bem difícil
ultimamente, então nada mais justo que tenha um
pequeno castigo, carino.
Com os olhos cheios de desejo, Paollo
caminha lentamente em minha direção. Meu
coração palpita freneticamente, meu corpo
estremece só de pensar no que está por vir. Em
silêncio, meu vestido e sutiã. Prende minhas mãos
na cabeceira da cama e se afasta.
— Tenho uma ideia do que fazer com você
— diz, retirando calmamente seu terno.
Santo Deus!
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Não vou mentir, eu sou uma mulher muito


sortuda. Paollo é a oitava maravilha do mundo, a
personificação de beleza, não sei do que gosto
mais. Seu abdômen trincado, boca extremamente
deliciosa ou seus quase vinte e três centímetros de
gostosura.
— Primeiro começarei por aqui. — Sobe
distribuindo pequenos beijos em minha perna,
arrepios tomam conta do meu corpo, não posso
acreditar que vai me torturar desse jeito.
Beijos, mordidas e pequenos chupões, são
deixados em minhas pernas. Essa sensação de
impotência é boa, mas ao mesmo tempo ruim.
Queria sentir meus dedos sobre sua pele quente.
Nesse momento, Paollo para em frente ao meu
sexo, passa a língua bem lentamente por meu
clitóris, o que me faz respirar fundo. Se afasta
rapidamente e volta com um copo de água, queria

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saber de onde diabos tirou isso. Com uma pedra de


gelo na boca, volta a me chupar deliciosamente,
arqueio meu corpo sobre a cama, o choque térmico
quase me fez gozar de imediato.
Paollo não para. Sua língua sobe e desce em
todo meu sexo, assim como deixa pequenas
mordidas. Esse homem domina perfeitamente o
sexo oral. Com certeza foi muito iogurte tomado
sem colher, tenho que agradecer a minha falecida
sogra.
— Admita que toda essa insegurança é sem
sentido, não tem como não sentir o amor e desejo
que sinto por você, Vanessa.
Seus olhos enigmáticos não abandonam os
meus.
Ele limpa o canto dos lábios com o dedo e
os leva até a boca. Como eu queria fazer isso por
ele, só de imaginar minha boca enche de água.
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Deus, sinto que irei a loucura, meu corpo implora


por uma libertação. Desde que passamos a usar
algemas, não sei explicar bem, mas meu orgasmo
ficou mais intenso, o sexo em si ficou muito
melhor.
— Não vou deixar você gozar — para me
pegando totalmente de surpresa, não acredito que
ele vai fazer uma coisa dessas —, quero que admita
que sua insegurança é exagerada, quero que me
diga que deixei bem claro durante esses meses, que
a mulher que eu amo é você.
— Não vou admitir nada — Não vou
admitir assim tão cedo, ainda mais que essa
insegurança é bem presente em meu íntimo, e ele
sabe que todas minhas paranoias tem fundamento.
— Essa eu quero ver — afasta minhas
pernas, e coloca seu grande e grosso pau na entrada
do meu sexo —, duvido que você continue com

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essa pose enquanto enfio meu pau bem fundo,


nessa bocetinha linda — diz ao me penetra de vez,
estou tão molhada que seu pau entra com
facilidade.
Ele não se movimenta, pelo contrário, fica
parado me encarando com um sorriso bem safado.
Eu sei o que ele pretende, mas não lhe darei esse
gostinho. Se ele quer jogar, eu serei campeã desse
jogo. Há uns anos apendi a arte do pompoarismo, é
melhor quando estamos por cima, mas tentarei com
essa posição. Começo a contrair os músculos
vaginais, imediatamente ele arregala os olhos, ou
seja, ponto para mim.
Sorrio vitoriosa, vamos ver quem vai
implorar aqui!
— Vanessa... — Ele ia falar, quando seu
celular começou a tocar. — Desculpe, preciso
atender.

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Ele se retira de dentro de mim e sai para


atender o celular. Não quero acreditar que ele
acabou de fazer isso! Aposto que deve ser uma
ligação da Giulia. Não sei como, mas ela consegue
ligar nos momentos mais importunos possíveis, e o
pior de tudo, é que todas as suas ligações são
atendidas.
Retornando da ligação, sei que foi a Giulia,
seu rosto demonstra. A garota provavelmente
inventou mais alguma dor, pressentimento ou
alguma merda para que vá até sua casa. Queria
estar enganada, dizer que todos os meus medos são
coisas da minha cabeça, mas sei que uma hora ou
outra, irei perdê-lo de vez.
— Scusa, a Giulia teve um sangramento e
preciso ir com urgência até seu apartamento — sua
voz é baixa, como se tivesse medo de minha
resposta.

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Eu deveria gritar, espernear ou qualquer


coisa do tipo, mas estou cansada, além do mais, sei
que essa é uma guerra perdida. Todos já sabemos
que Giulia vai ganhar, eu só preciso me afastar
antes que saia mais ferida dessa briga.
— Só retira as algemas, por favor — falo
em um fio de voz.
Não vou chorar, pelo menos não em sua
frente. Fazendo o que pedi, Paollo vem até mim e
me solta. Tenta me beijar, mas me afasto
rapidamente, pego meu celular na cabeceira da
cama e corro para o banheiro, trancando a porta
atrás de mim.
Encostada na porta, deixo que meu corpo
escorregue devagarinho, até finalmente encontrar o
chão duro e frio. Não consigo segurar por muito
tempo e começo a chorar como um bebê. Não sei
explicar, mas uma dor absurda toma conta do meu

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coração. Só queria entender por que isso está


acontecendo, levamos tanto tempo para nos acertar,
não é possível que logo agora tenha um empecilho
nos impedindo de ser feliz.
Já disse várias vezes, meu problema não é
com o fato dela estar grávida, até porque o único
inocente nessa história é o ser que carrega no
ventre. Meu problema é a cegueira do Paollo, está
mais que na cara que tudo que Giulia faz é
justamente para chamar sua atenção. Já perdi a
conta de quantas vezes ela ligou no pouco tempo
que estamos juntos.
Pego meu celular e disco o número da
minha amiga, tenho certeza de que Valentina vai
saber me dizer às palavras que quero e preciso
ouvir.
— Amiga — falo assim que ela atende —,
preciso tanto de seus sábios conselhos.

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Capítulo cinco
Paollo Bianchi

Até agora não consigo tirar da cabeça, a


imagem do rostinho de tristeza da Vanessa. Deu
para perceber que segurava o choro, sei que não
deve estar sendo fácil para ela, afinal, toda essa
situação é realmente estressante. Mas estamos
falando do meu filho. Eu sei que às vezes a Giulia
inventa umas histórias, mas não posso pagar para
ver.
Ontem fomos ao médico, ela disse que
estava com sangramento, mas quando chegamos lá
não tinha nada. Possivelmente ela inventou e eu me
amaldiçoei mais ainda. A Vanessa sempre tem

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razão, mas meu medo de algo de ruim possa


acontecer com o meu filho fala mais alto, Giulia
queria que eu dormisse lá e mais uma vez precisei
ser taxativo.
— Entenda de uma vez por todas, Giulia,
nós não temos mais nada. O único motivo de eu
estar com você nesse momento, é por causa do
nosso filho. Você bem sabe que agora estou com a
Vanessa, então é melhor parar de ficar inventando
histórias para que eu venha até você, pois vai
chegar um momento que vou cansar.
— Não quero acreditar que você vai
largar nosso filho, por causa daquela brasileira
aproveitadora. — Quem essa maluca pensa que é
para falar assim da minha mulher? — Cuidado,
daqui a pouco ela vai te dar o golpe da barriga.
— Assim como você? — ela me olha em
choque. Giulia vem de uma família de classe

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média, todo mundo comenta que me deu o golpe,


mas não ligo para isso, eu só quero meu filho, e
assim que ele nascer lhe farei uma proposta — Não
adianta fazer essa cara de ofendida, sabemos quem
deu o golpe em quem, então menos.
Desde ontem tento falar com a Vanessa.
Ela não me atende, muito menos responde minhas
mensagens. Cheguei em meu apartamento e ela não
estava e infelizmente, isso já era de se imaginar.
Fui à sua casa, só faltei arrombar sua porta, mas ela
não atendeu, até que o porteiro veio me dizer que
ela não estava e tinha saído cedo.
Merda! Eu não deveria ter saído daquele
jeito. Agora tenho certeza de que ela não vai querer
olhar na minha cara, só uma pessoa pode me ajudar
nesse momento, e essa pessoa é a Valentina.
Faço a volta e sigo rumo à casa do meu
primo, eu poderia ir para a empresa e ver se

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Vanessa se encontra, mas conheço bem a mulher


que tenho. Sei que a última coisa que faria nesse
momento, é ficar enfurnada no meio de papéis e
números. Tenho uma reunião em duas horas, mas
não conseguirei me concentrar se não tiver notícias
sobre ela.
Em uma velocidade impar chego até a
mansão, estaciono meu carro e toco a campainha.
Sou atendido pela Monalisa, uma senhora que toma
conta da casa. Valentina não queria, mas já que
Lorenzo não abre mão do tamanho da casa, ela foi
obrigada a aceitar ajuda.
— Bom dia, senhor Paollo.
— Bom dia, Monalisa. Posso falar com a
Valentina?
— Vou chamá-la no quarto, ela está com a
bambina Violleta. O senhor pode aguardar no
escritório, bebe alguma coisa? — pergunta, solicita
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como sempre.
— Não precisa se preocupar, eu posso me
virar sozinho.
Monalisa sobe os degraus e vai em direção
aos quartos, aproveito a deixa para ir até o
escritório. Sei que Valentina não vai me dizer muita
coisa, mas só quero saber se Vanessa está bem, e
acima de tudo, preciso saber se não fugiu, talvez
para nunca mais olhar na minha cara.
Vou até o bar e me sirvo de uma dose de
whisky, é cedo, mas só uma bebida forte pode me
acalmar. O medo dela ter desistido de nós vem me
atormentando e se isso realmente aconteceu não
importa onde ela esteja, irei atrás, nem que seja no
inferno.
— Estava esperando você — Valentina
aparece na porta —, pena que as circunstâncias não
são das melhores.
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— Onde está a Vanessa? — Vou direto ao


assunto.
— Minha amiga precisava respirar um
pouco, não se preocupe que ela não foi embora. —
Valentina até tenta demonstrar naturalidade, mas
está evidente que também não está nada feliz —
Conversamos com o Lorenzo, ele a liberou da
empresa por uns dois dias, por isso, não adianta
ligar ou mandar mensagem. Ela está muito
chateada, e a última coisa que quer é falar com
você.
— E você concorda com isso?
— Não tenho que concordar com nada, a
decisão é dela. Sabemos que Vanessa é irredutível
quando quer. Não podemos esquecer de um
detalhe, só ela sabe o que está sentindo, por mais
que ela me conte tudo, ou deixe transparecer. Não é
a mesma coisa, eu acho que você deveria deixá-la

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tirar esse tempo, Vanessa precisa disso.


Droga! Sei que estou sendo egoísta, mas
não posso permitir que mais uma vez ela tome as
decisões por nós dois. Se temos coisas para
resolver, o melhor é sentar e conversar.
— Você não entende Valentina —
Começo a andar de um lado para o outro, odeio
sentir essa impotência e não poder fazer nada — Eu
quero, ou melhor, preciso falar com a ela.
— Entenda Paollo, minha amiga está
muito chateada e triste. Sabemos que ela se sente
muito insegura, digamos que sair no meio do sexo
não foi uma das melhores atitudes que você teve.
— Seu tom de repressão é bem visível — Você
precisa admitir, toda essa história da Giulia é muito
desgastante. Eu como mulher te digo, é muito
difícil suportar toda essa situação, não são todas
que aguentam isso.

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Ela realmente pensa que eu não sei?


Porra, essa história também não me
agrada. Mas não posso esquecer que Giulia espera
um filho meu, sei que na grande maioria das vezes
é drama, mas não posso arriscar, é a vida do meu
filho e não posso fugir sobre isso.
— Não podemos esquecer que ela é mãe
do meu filho, não posso esquecer-me de sua
existência.
— E ninguém está pedindo isso, afinal
sempre soubemos do seu desejo de ser pai. —
Segura minha mão, e me arrasta até o sofá —
Vamos ser sinceros, se fosse você no lugar da
minha amiga, como reagiria?
Realmente essa possibilidade nunca
passou pela minha cabeça, até porque Vanessa é
minha e de mais ninguém.
Droga, o que me difere dela?
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E a resposta vem de imediato, nada! Isso


mesmo, nós não somos diferentes. Eu não deveria
ter esses pensamentos machistas, mas só de pensar
nessa possibilidade uma raiva absurda toma conta
de mim. Agora tenho noção, não deve estar sendo
nada fácil passar por toda essa situação, mas
Vanessa vinha aguentando muito bem. Agora é
tarde, lhe magoei e não sei o que fazer.
— Percebeu algum erro? — Valentina
fala, me trazendo de volta para a realidade —
Tenho cinco minutos esperando sua resposta, e pela
expressão nada agradável, deu para perceber que
você não gostou nem da ideia.
— Sim, mas...
— Não tem “mas”, Paollo, minha amiga
não tem por que passar por tudo isso. O
relacionamento de vocês é recente, ela poderia
muito bem pular fora do barco.

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Pular fora do barco? Não, nem fodendo ela


vai fazer isso comigo.
Merda, ela não pode desistir de nós, hoje
eu não saberia viver sem a Vanessa. Antes eu não
tinha desfrutado da mulher maravilhosa que é. Não
gosto nem de pensar na possibilidade de não
acordar mais ao seu lado, ou de sentir seu cheiro
delicioso no travesseiro.
Seu gosto inesquecível.
Seu corpo viciante.
Seus gemidos de prazer.
A forma como se entrega de corpo e alma
entre quatro paredes.
Oh, Dio mio! Vou atrás dela nem que seja
no inferno, dessa vez ela não vai tomar uma
decisão por nós dois, eu aceitei uma vez que fosse
embora para o Brasil, mas dessa vez as coisas serão
diferentes. Nesse primeiro momento permitirei que
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tenha um espaço para respirar, mas não será por


muito tempo, se em quarenta e oito horas Vanessa
não aparecer, colocarei todos os detetives que
encontrar a sua procura.
Pego meu celular e mando uma
mensagem, ela pode até não responder, mas não me
cansarei de dizer todos os dias que a amo.
“Deixei o destino nos guiar uma vez, mas
agora as rédeas estão em minhas mãos. Eu te
darei o tempo que precisa. Se quer respirar e
pensar na vida, é isso que te darei.
Mas irei atrás de você, mais cedo do que
imagina.
Ti amo carino.”

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Capítulo seis
Paollo Bianchi

Inferno!
Nunca pensei que essas vinte e quatros
horas fossem ser tão torturantes, já peguei meu
celular diversas vezes, mas nenhuma resposta da
minha Vanessa. Eu imaginei que ela não
responderia de imediato, só não pensei que não
fosse ter nenhuma resposta. Já não sei mais o que
fazer. Não saber o que se passa em sua mente, ou
até mesmo se está sofrendo me deixa extremamente
chateado.
Sei que não tenho muito o que fazer, só me
resta trabalhar, já que mais uma vez, a merda que o
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Pietro fez está vindo à tona. Um jornal muito


conceituado noticiou que a empreendimentos
Bianchi está envolvida em um grande escândalo,
prometeram postar a foto e tudo mais. Nunca li
tanta merda! Eu só queria saber como tiveram
acesso a essa informação, com certeza deve ter um
espião dentro da nossa empresa ou a fulana
resolveu agir mais rápido. Ainda não consigo
engolir tudo isso, se ela tivesse realmente provas
certamente já teria postado em algum perfil,
estamos vivendo a era da internet nada passa
despercebido.
Por causa da Vanessa, não consegui
dormir direito. Minha cama tinha o cheiro do seu
perfume, sua camisola ainda está jogada na
poltrona. Toda vez que fechava os olhos, lembrava-
me de sua carinha de choro, e ficava com mais
raiva de mim mesmo por ser tão burro.

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Vanessa.... pode apostar que quando eu te


encontrar, te darei uma bela lição. Você vai
aprender que com Paollo Bianchi não se brinca,
com certeza alguém vai sair queimado dessa
brincadeirinha,
— Buongiorno — Cumprimento a Sarah,
nossa recepcionista.
— Buongiorno, senhor Paollo.
Entro no elevador, cumprimento alguns
funcionários e continuo calado. Minha cabeça está
em outro mundo, numa tentativa falha, envio outra
mensagem para a minha Vanessa. Eu só queria
saber onde ela está e acredito que o motivo delas
não falarem seja justamente por saber que no
mesmo instante irei ao seu encontro.
Porra, isso é difícil pra caralho de aceitar.
Vanessa é muito teimosa, ela só precisa entender
que infelizmente, eu estarei ligado para sempre a
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Giulia. Sei que essa não é uma situação agradável,


mas não posso mudar isso. Se ela não tivesse ido
para o Brasil, se nós tivéssemos nos acertado antes,
ao invés da Giulia, ela seria a mãe do meu filho.
Como sempre, Vanessa mais uma vez
atormenta meus pensamentos. Há um tempo, era
porque eu não sabia como falar sobre meus
sentimentos e hoje eu preciso provar que a amo.
Esse era o nosso momento, momento de curtir e
aproveitar cada segundo ao lado um do outro, no
entanto a teimosia fala mais alto.
Seria ela a teimosa?
Ou eu?
Entendo que essa situação não é fácil, não
lhe culpo por isso. Eu em seu lugar, provavelmente
teria uma atitude deplorável. Mas as coisas são
diferentes, eu só queria que ela ficasse ao meu lado.
Em poucos meses meu filho vai nascer e não será
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mais necessário passarmos por tudo isso.


As portas do elevador se abrem, trazendo-
me de volta para a realidade. Agora preciso
esquecê-la por um momento e me concentrar na
reunião. Parece que quanto mais problemas você
tem, mais coisas para resolver aparecem. Já estou
de saco cheio de tantas reuniões. Espero que a
merda do Pietro não seja pior do que imagino.
Sigo direto para o escritório, pelo visto
cheguei adiantado, já que nenhum dos meus primos
se deram ao luxo de chegar no horário. Sento-me e
aproveito o tempo livre para analisar alguns papéis,
às vezes administrar essa empresa cansa, se eu
soubesse que ser CEO era isso, não tinha aceitado o
cargo.
Certo que eu não tive escolha, já que as
empresas da família não poderiam ser
administradas por estranhos. Então tenho que fazer

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esse sacrifício.
Escuto o bip do meu celular, meu coração
falha por um instante, na expectativa de ser a minha
Vanessa, mas não, é a Giulia.
Paollo, nosso Filippo está morrendo de
vontade de comer uma paella de frutos do mar.
Será que você pode trazer?
Não sei se é por causa do estresse, mas
nesse momento percebo que muitas de suas
mensagens não tem sentido ou lógica. Giulia está
gravida, não doente, pode muito bem ir comprar
sua comida, ou até mesmo pedir pelo delivery.
Será que a Vanessa tem razão em tudo?
Inferno!
Eu já amo demais o meu filho, dou minha
vida por ele se for possível. Mas acho que preciso
colocar um limite na Giulia, preciso organizar isso
direito, não posso deixar que estrague meu namoro.
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Eu quero que a Vanessa seja minha mulher, então


vou precisar tomar algumas decisões.
Scusa, Giulia, mas estou em uma reunião
bem importante. Não posso sair daqui agora,
ainda mais para realizar seus caprichos. Liga no
restaurante e pede sua comida, qualquer coisa
manda a conta aqui para o escritório.
— Dio mio, deu formiga na cama, primo?
— Enrico entra todo animado — Você nunca chega
cedo às reuniões?
— Não ficou sabendo, Enrico? — Lorenzo
fala atrás dele, nem tinha percebido a chegada
desses dois. — Vanessa deu um chute na bunda
dele, tanto que avisamos e ele não ouviu. Mulher
nenhuma aguenta ver o namorado o tempo inteiro,
enfiado no apartamento da ex. Pior ainda seria
dormir.
— Se fosse a Antonella, é certeza de que
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eu já estaria enterrado, debaixo de sete palmos de


terra. — Só assim para eu rir, porque a Antonella é
bem capaz disso e até pior. — Por que deixou
chegar a esse ponto, primo?
— Não me lembro da minha vida pessoal,
ser pauta dessa reunião. Vamos falar do que
interessa? — Levanto e sirvo-me com um pouco de
whisky.
— Ainda precisamos esperar o Pietro, tudo
que acontece na nossa família é motivo de pauta.
Pare de enrolar e fale logo, o que você fez para que
ela fosse embora?
Merda, não me orgulho do que aconteceu.
Na verdade consigo imaginar a raiva que sentiu
naquele momento. Eu não gostaria de estar sendo
chupado e do nada vê-la parando, muito menos que
fosse embora e me deixasse com os nervos à flor da
pele.

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— A Giulia me mandou uma mensagem


dizendo que não estava se sentindo bem, então fui
encontrá-la. — Conto somente a parte que acho
necessário e claro, uma versão menos vergonhosa.
— Não acredito que tenha acontecido só
isso, Valentina estava muito chateada com você,
apenas em ouvir seu nome poderia espumar. — Eu
sabia que isso iria acontecer, percebi em nossa
conversa que ela tentou ao máximo ser educada
comigo, mas sei que queria tomar as dores da
amiga. — Fala logo o que aconteceu.
— Estávamos fazendo amor e eu resolvi
atender o chamado da Giulia — falo agitado. Porra,
não é nada orgulhoso falar isso para meus primos
— Satisfeitos seus idiotas?
— Santo Deus — Enrico começa a rir que
nem um idiota. — Paollo, é claro que ela tinha
motivos de sobra para ir embora, já é ruim ser

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trocada o tempo inteiro pela ex-mulher grávida,


agora ser deixada na mão na hora do sexo, pegou
pesado.
Fala como se eu não soubesse, eu sei o
quanto isso é ruim. Não consigo imaginar o quão
ruim a minha Vanessa ficou. Não é possível que eu
tenha sido tão idiota a esse ponto. Se eu perder a
Vanessa, não sei do que seria capaz, se for possível
irei até a lua, mas não deixarei que se afaste mais
uma vez.
— Nessun commento — Lorenzo se limita
a dizer.
E agora, como irei encontrar a minha
Vanessa?

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Capítulo sete
Paollo Bianchi

Merda, por que isso não passou pela minha


cabeça?
Como fui um idiota, procurei em todos os
lugares possíveis, mas o mais óbvio foi o que
menos insisti. Seu próprio apartamento. Para ser
sincero, não queria acreditar que seria tão louca a
esse ponto. Mas, não custa nada tentar. O máximo
que pode acontecer é eu bater de cara com a porta.
Despeço-me de todos e sigo até seu
apartamento, no caminho longo e silencioso da
estrada, penso nas palavras que direi. Quero que
veja que eu a amo, que minha vida sem ela não tem
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o menor sentido.
Sei que para muitos pode parecer estranho,
até porque até outro dia tínhamos apenas uma
relação de amigos, mas é algo que não sei explicar.
Amo seu jeito de agir. Seus olhos
hipnotizantes, seu jeito de menina mulher, ao
mesmo tempo em que é forte, mostra uma
delicadeza e insegurança. Até mesmo seus ataques
histéricos. Amo Vanessa.
Sei que é ela a mulher da minha vida
mesmo quando eu não sabia que era isso que eu
queria para o meu futuro. Se eu pudesse voltar no
tempo, certamente faria tudo diferente, não teria
medo, receio e não a deixaria ir para o Brasil.
Porque parando para analisar, se não fosse a puta
coincidência do destino, se Lorenzo não tivesse
conhecido a Valentina, tenho certeza de que
Vanessa não voltaria para a Itália, e eu perderia a

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chance de conviver com essa mulher maravilhosa.


Ligo o rádio e para meu desespero, está
tocando a música predileta da Vanessa. Lembro-me
das tantas vezes, em que ela cantava essa música no
chuveiro.

I found a love for me

Darling, just dive right in

and follow my lead

Well, I found a girl, beautiful and sweet

Oh, I never knew you were

The someone waiting for me

Ed Sheeran – Perfect
Não pensei que uma música um dia, fosse
capaz de me descrever tanto. Vanessa é a minha
garota, aquela que eu não pensei que estava

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precisando. Queria ter o poder de resolver tudo em


um passe de mágica, mas infelizmente isso não é
possível, em um relacionamento os dois precisam
estar bem, para assim dar certo.
Passei boa parte da reunião pensando em
uma solução e me amaldiçoei por não ter pensado
nisso, já que o Lorenzo que deu a ideia. Vou
contratar uma enfermeira, ela ficará dia e noite com
a Giulia, assim como mandarei um carro com
motorista. Ela não vai ter mais motivos para me
chamar o tempo inteiro e só irei realmente quando
for algo sério. Eu não estou renegando o meu filho,
mas também não posso deixar as coisas do jeito que
estão. Essa história tomou uma proporção enorme.
Se eu tivesse usado a cabeça, tudo isso
teria sido evitado há muito tempo. Por que diabos
não pensei nisso antes?
Merda, Paollo, reze para que não seja

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tarde demais.
O porteiro já me conhece, então tenho
aceso facilmente ao seu andar. Na tentativa de
acalmar meu coração, decido subir sete andares de
escada. Sei que ela não vai abrir a porta para mim,
mas só preciso que me escute. E fale, mesmo que
seja para me xingar.
Paro em sua porta, batendo algumas vezes.
— Quem é? — grita do outro lado da
porta.
Pode parecer bem maricas, mas ouvi sua
voz era tudo que eu estava precisando.
— Sou eu, Paollo.
— Pode ir dando meia volta, não vou
abrir. E se você insistir, eu chamo a polícia. — Eu
não tinha esperanças de ser recebido bem, então
não me surpreendo com sua reação.

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— Não preciso que abra carino. Eu quero


apenas que você me escute. Pode ser?
— Não quero saber que porra você veio
fazer aqui, só sei que não vou abrir. É melhor você
pegar seu carrinho e ir embora.
Essa mulher consegue ser irredutível
quando quer, minha vontade é de colocá-la na cama
e dar uns bons tapas em sua deliciosa bunda. Mas
meu foco não é esse.
— Estou pouco me fodendo se você vai ou
não abrir a porta — não queria ser tão grosso, mas
se eu não for assim, ela vai tomar as rédeas da
situação e eu sairei com o rabo entre as pernas —,
só sairei daqui, depois de falar tudo que tenho
entalado, se quiser chamar a polícia, fique à
vontade.
Sento-me no chão e encosto na porta, não
tenho a menor pressa de sair daqui. Se for possível,
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passarei a noite nessa porta, não me importo com


isso. No entanto, só sairei daqui, depois de falar
tudo para a minha Vanessa, e se possível, com ela
em meus braços.
— Porra, eu sei que fui um completo
idiota. Você tem todos os motivos do mundo para
me tratar desse jeito. Passar essas horas sem você,
foram uma amostra grátis do inferno. Não pensei
que fosse sentir tanta falta da minha boquinha
atrevida — não posso mentir, minha vida sem a
Vanessa não faz o menor sentido e eu precisei
perder para finalmente enxergar isso —, sei que
você está certa, no seu lugar eu faria o mesmo, ou
até mesmo pior.
Depois de conversar com a Valentina, e
me imaginar no lugar da Vanessa, agora entendo
completamente sua atitude. Não sei se eu teria
agido dessa forma, mas com certeza seria muito

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pior.
— A pior tortura que eu poderia ter vivido,
dormir na minha cama, sentir o seu delicioso cheiro
e não te ter ao meu lado. Porra, a cada mensagem
enviada ou ligação não atendida era um punhal
enfiado no meu peito. Perdoe-me por ter sido um
idiota, eu precisei passar por isso, para finalmente
enxergar que as solicitações da Giulia eram
abusivas, coisas que ela poderia resolver sozinha.
Não vou mentir, só depois de perder a
minha Vanessa que eu pude enxergar o quanto fui
um idiota com a Giulia. Gravidez não é doença,
então boa parte de suas ligações me chamando,
poderiam ter sido resolvidas por ela mesma.
— Eu te amo, e você sabe o quanto
recriminei esse sentimento. Mas agora não deixarei
que você vá embora, me perdoa?

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Capítulo oito
Vanessa Albuquerque

Esses dias foram os piores da minha vida,


eu queria dar uma lição nesse italiano besta, mas eu
também fui atingida. Estou louca de saudade de
seus beijos, seu toque, carinhos e palavras doces.
Se fosse por mim, no mesmo dia já tinha voltado
para seu apartamento, mas minha amiga me deu o
incentivo que eu precisava.
Dessa vez eu não iria fugir, só lhe daria
uma lição. Ele precisava enxergar que a vaca da
Giulia o estava usando, ainda mais que ela sabia
que eu não a suportava.
Confesso que esperava que ele batesse
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mais cedo em minha porta, mas por ser o lugar


mais óbvio, imaginei que ele não pensaria em me
procurar logo aqui. Valentina me disse que ele
estava sofrendo, mas que pelo visto tinha aberto os
olhos em relação à Giulia, e por suas palavras,
estou começando a acreditar nisso.
Coração é um bicho bobo mesmo, desde o
momento que ouvi seu nome, fiquei tentada a abrir
a porta. Quero vê-lo, beijá-lo, e principalmente
tocá-lo, mas eu deveria mesmo era mandá-lo
embora. Deveria gritar com Paollo e dizer o quanto
sua atitude me magoou. Ou até mesmo, pedir para
que escolha entre a Giulia e eu. Mas não, estou aqui
morrendo de vontade de correr para os seus braços.
— Porra, eu te amo, e você sabe o quanto
recriminei esse sentimento por todo esse tempo. Eu
travei uma batalha comigo mesmo, e quando eu
finalmente venci, acha mesmo que a deixarei ir

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embora?
Meu Deus, porque o senhor faz essas
coisas comigo. Eu tinha que amar tanto esse
italiano? Tudo seria tão mais fácil, se fossemos
apenas amigos.
— Me perdoa meu amor?
Sinto a emoção em sua voz, o que me
deixa mais emocionada. Eu queria ser forte, mas
nesse momento me sinto como uma garotinha
indefesa.
— Agora as coisas serão diferentes, eu
contratei uma enfermeira e um motorista, eles vão
ficar à disposição dela vinte e quatro horas. —
Aposto que isso não foi ideia dele — Só serei
incomodado em último caso, terei mais tempo para
dedicar a nós dois.
— Não foi você que pensou nisso, não foi?
— pergunto com a voz embargada.
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Até queria ter ficado calada, mas foi mais


forte. Eu o conheço bem, sei que não pensaria nisso
de uma hora para outra. Paollo tem uma
personalidade forte, muitas vezes até se transforma
em uma pessoa cabeça dura. Não disse claramente
que era para ele fazer isso, mas joguei várias
indiretas e ainda assim não foram atendidas.
— Porque você acha que não fui eu,
carino?
Sinto as batidas do meu coração falhar
toda vez que ele me chama assim. Eu posso estar
com uma puta raiva, mas me quebro inteira ao
ouvir suas palavras de carinho.
— Nossas brigas são todas por esse
motivo, já cansei de falar que você não tinha que
ficar indo até ela a cada ligação. Então tenho quase
certeza, de que essa ideia partiu do Lorenzo, ele
sim é capaz de enfiar alguma coisa nessa sua

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cabeça.
Posso estar subestimando o Paollo, mas
tenho quase cem porcento de certeza de que foi o
Lorenzo. Minha amiga disse que conversou com
ele e pelo que me disse, Lorenzo ficou bem
chateado com a atitude do primo. Ainda mais que
todo mundo sabe quais são as reais intenções da
Giulia.
Fazer o pé de meia!
— Suponhamos que não tenha sido eu. Faz
alguma diferença para você?
O pior é que faz, porque se não fosse à
ideia do Lorenzo, ele continuaria sendo um
capacho da Giulia e brigaríamos muitas e muitas
vezes. Paollo conseguiu o que nenhum homem
tinha conseguido, me conquistou de corpo e alma, e
agora todo meu conto de fadas pode desmoronar
por causa de uma vaca interesseira.
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— Não vou mentir Paollo, saber que essa


ideia não partiu de você me deixa completamente
chateada. — Decido ser sincera. — Porque isso
quer dizer que, se não fosse pelo Lorenzo,
certamente você continuaria sendo um
brinquedinho da Giulia. E nós continuaríamos
brigados e é bem provável que nosso
relacionamento não dure ou durasse muito tempo.
— Não, amor. — O silêncio que se fazia
presente é quebrado por batidas frenética na porta
—, finalmente eu consegui enxergar que todos os
pedidos da Giulia eram supérfluos, eu sei que
demorei a perceber isso, mas pode ter certeza de
que isso não vai mais acontecer. De agora em
diante, meu único contato com ela será em extrema
necessidade, não ficarei indo até sua casa a cada
chamado.
Não digo uma palavra, sinto a verdade em

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sua voz, mas tenho medo de que isso tudo isso não
dure muito tempo. Duvido muito que ela aceite
tudo assim, tão facilmente. Pode ser bobagem, mas
algo me diz que uma tempestade se aproxima, e a
causadora será a Giulia.
— Vá embora! — Com a voz embargada,
por causa das benditas lágrimas falo em um fio de
voz. — É o melhor para nós dois, principalmente
para mim.
— Será que você não entendeu, Vanessa?
— Grita do outro lado da porta. — Desistir de nós
dois não é uma opção, eu sei que você está
chateada, com raiva e louca de vontade de me
matar. Mas não irei desistir, nem hoje, nem amanhã
e em hora nenhuma. Não vou a lugar nenhum, até
que você abra essa porta.
Eu tanto que admirei sua força de vontade,
hoje estou provando do quanto ele pode ser teimoso

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quando quer algo.


— Você é a mulher que eu quero passar o
resto da minha vida, ser a mãe dos meus filhos e
uma ótima madrasta. É o seu rosto que eu quero
ver, todas as manhãs quando eu acordar. Seus
lábios são os únicos que quero beijar, assim como
me perder nas curvas deliciosas do seu corpo. Eu
sei que nesses últimos seis meses, fui um babaca
filho da puta. Mas me perdoa carino, deixa eu te
mostrar o quanto te amo.
E eu faço aquilo que meu coração tanto
deseja, mesmo sabendo que posso sair quebrada de
toda essa história. Com o coração batendo
freneticamente, giro a chave na maçaneta, abrindo
calmamente a porta. Dou de cara com um Paollo
lindo, porém desleixado.
Sua barba por fazer que tanto amo, nesse
momento está grande e sem vida. Abaixo de seus

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olhos indecifráveis, grandes e horríveis olheiras.


Valentina tinha me dito que ele sofria, só não
imaginei que fosse tanto.
— Carino — sua voz é baixa e intensa,
porém consigo perceber a tristeza — diz que me
perdoa?
— Não fala nada, Paollo. — Aproximo, o
puxo pela nuca e colo nossos lábios.
Não é um beijo calmo, muito menos
delicado. É urgente, duro e totalmente carnal. Meu
corpo anseia pelo seu toque, meus lábios atacam o
seu como se fosse o único alimento da minha vida.
Eu poderia dar uma de durona, mandá-lo embora
mais uma vez e não abrir mais a porta, mas ainda
bem que achei melhor ouvir a segunda opção, me
entregar de corpo e alma para o homem que detém
todos os meus sentimentos.
Pulo em seus braços, cruzando minhas
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pernas em sua cintura. Com suas mãos ágeis e


firmes, ele me segura pela bunda e empurra a porta
com o pé, fechando-a atrás de si. Parecendo
carregar uma pena, ele caminha até meu quarto, em
nenhum momento abandonou meus lábios. O beijo
é puramente carnal, uma clara evidencia do que
estamos sentindo nesse momento.
Luxúria...
Tesão...
E uma atmosfera pegando fogo, é assim
que posso descrever esse momento. Estava
morrendo de saudades dos seus beijos, seu toque e
o prazer delicioso de ter suas mãos passeando pelo
meu corpo.
Paollo me tomou em seus braços no
quarto, na sala, no corredor e por fim na sala
novamente. Suas mãos passeavam de forma
desenfreada pelo meu corpo, quando eu menos
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esperei, ele rasgou minha roupa me deixando


completamente exposta para ele. Em um passe de
mágica retirou toda sua roupa, me dando uma
deliciosa visão de seu pau grande, grosso e bem
rosinha, do tipo mocinho de best-seller. Confesso
que queria cair de boca, mas ele não deixou, estava
louco de desejo, ou como ele mesmo disse,
contando os segundos para estar dentro de mim.
— Sei que você merece ser tratada com
todo carinho, merece o mundo aos seus pés, mas
nesse momento, se eu não enfiar meu pau nessa
bocetinha linda e rosada, sinto que irei explodir de
tanto tesão — fala, acariciando meu clitóris —
Prometo que te compenso no segundo round.
Eu poderia ficar chateada, mas nesse
instante tenho o mesmo desejo que ele. Quero ser
preenchida. Meu corpo anseia desesperadamente
por um orgasmo e não me preocupo de guardar as

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preliminares para um segundo round. Para mim é


até mais vantagem.
— Não precisa falar mais nada, quanto
mais você fala, mas perdemos tempo. Ou seja, me
come logo, Paollo.
— Seu pedido é uma ordem, meu amor.
Sem esperar nem mais um segundo, Paollo
me preenche de uma vez. Forte, fundo e bem duro.
Começa com estocadas lentas, o que me deixa com
os sentimentos a flor da pele. Não sei que porra ele
faz, mas nessa velocidade consegue me deixar
inebriada de tanto prazer.
Respiro fundo, numa falha tentativa de me
controlar. Não quero gritar e parecer uma
escandalosa, sei que as paredes são finas, então não
quero que minha vizinha de oitenta anos ou seu
neto percebam que estou sendo muito bem comida.
— Pronto, amore mio? — pergunta, em
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um sussurro ao pé do ouvido.
Seus olhos agora estão fixos nos meus,
antes seu olhar que era inexplicável, agora
demostra perfeitamente o que eu acho que ele está
sentindo.
Prazer e amor.
O que não deve ser bem diferente dos
meus, esses dias que ficamos separados só serviu
para que eu tivesse certeza do meu amor por ele. Se
me perguntassem se imagino meu futuro sem ele,
claramente a resposta seria que não. É com Paollo
que quero passar o resto dos meus dias.
Sem que dê tempo responder, ele se afasta,
me puxa pelas pernas me colocando de quatro na
cama. Estou completamente exposta, eu deveria ter
vergonha, mas pelo contrário, um fogo inexplicável
toma conta de mim.
Sinto um ardor na minha bunda, bem no
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lugar onde acabou dar um tapa. Uma contração no


meu sexo se faz presente, ao mesmo tempo em que
me preenche sem nenhum aviso prévio. Suas
estocadas são fortes e rápidas. Meus seios
balançam, no mesmo ritmo que sinto suas
estocadas. Tentei, mas não consegui me controlar.
Nesse momento quero mais que meus vizinhos se
explodam, não posso negar que estou sim, sendo
bem comida.
Sinto os primeiros sinais de que meu
orgasmo se aproxima, Paollo se curva ficando por
cima de mim. Pequenos beijos são deixados no meu
pescoço, me causando um arrepio da ponta do pé,
ao último fio do cabelo.
— Se entrega, meu amor. Pode gritar à
vontade, não precisa ter vergonha de ninguém.
Mostra-me que você está sendo bem comida, goze
para mim e me mostre que seus orgasmos são todos

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meus.
Era isso que estava faltando. Ouvir sua voz
ao meu ouvido foi como se um vulcão que estava
prestes a entrar em erupção, explodisse. Deliciosas
e incríveis contrações me atingem. Meu corpo
estava prestes a cair sobre a cama quando mãos
fortes me seguraram e me prenderam a seu corpo.
Paollo começou a estocar com mais força, sei que
está prestes a gozar, pois ele só se permite depois
que sabe que eu cheguei lá.
Paollo me aperta com um pouco mais de
força e sei que se entregou ao prazer. Sinto um
líquido quente jorrar por minhas coxas, nessas
horas agradeço por tomar meu anticoncepcional
regularmente.
— Eu te amo, Vanessa.
— Eu também te amo, Paollo.
Deita e me puxa para seus braços, fazendo
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com que eu fique com a cabeça em seu peito.


Escutei as batidas frenéticas de seu coração, e agora
tenho certeza de que fiz a coisa certa ao abrir a
porta. Eu poderia me fazer de difícil, gritar,
espernear ou até coisa pior, até porque eu estava no
meu direito, mas tem momentos que precisamos
ouvir o coração, e foi o que eu fiz.
— Me perdoa, carino — diz me pegando
de surpresa.
— Te perdoar pelo quê, Paollo?
Eu sei o motivo, mas não perderei a
chance de ouvir novamente isso de seus lábios. Não
posso esquecer completamente o que aconteceu,
ainda não consigo acreditar cem por cento de que a
Giulia vai nos deixar em paz. Ou até mesmo se ele
vai conseguir cumprir com sua palavra, mas em
nome do nosso amor, darei um voto de
consideração.

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— Você sabe muito bem, Vanessa. Nós


sabemos o quanto fui um filho da puta, sei que
minha, ou melhor, minhas atitudes não foram nada
boas. Mas agora eu já tenho consciência, não vou
cair no jogo da Giulia. É com você que eu quero
ficar, e como já falei antes, a partir de hoje minha
atenção será somente para coisas relacionadas ao
meu filho.
Eu quero, juro que do fundo do meu
coração quero acreditar nisso, mas algo me diz que
não será assim.
— Você me magoou muito, Paollo. Não
deveria ter sido impulsiva, mas decidi que essa será
a última chance que darei para nós dois. Se mais
alguém ou alguma coisa ficar entre nós, não
pensarei duas vezes e irei embora.
Paollo me abraça apertado e aspira o
cheiro do meu cabelo. Parece ter algo a dizer, só

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espero que não seja nada em relação àquela


lambisgoia. Ele já trouxe o nome dela para nossa
cama, espero que não se repita nesse momento.
— Você tem ciência desde o início que
tenho um filho a caminho com outra mulher.
Sério que ele quer jogar isso na cara?
— Você me conhece bem, sabe que nunca
o impedirei de fazer seu papel de pai, mas
confundir com o de marido/namorado, não. —
Suspiro cansada dessa história. — Não quero
discutir, só preciso ficar ao seu lado e me sentir
conectada novamente.
— Eu te prometo que só me preocuparei
com o meu filho, pode anotar.
Senti um beijo ser depositado na minha
cabeça e fechei os olhos, para guardar na memória
esse momento e as promessas. Essa será a última
vez, não gosto de ser radical, mas antes de amá-lo,
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é a mim que eu amo. E ninguém merece ficar


sofrendo o tempo inteiro, ainda mais por causa de
uma ex.
Meu único desejo é adormecer e acordar
na manhã seguinte em seus braços. Paollo pensa
que eu esqueci, mas tenho bem fresco em minha
mente que me ofereceu um segundo round. Então,
nada mais justo do que um bom descanso. A noite é
uma criança e eu quero mais é aproveitar.
Sei que o futuro a Deus pertence, mas do
fundo do meu coração, quero que dê certo. E tenho
fé de que será assim!

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Capítulo nove
Paollo Bianchi

Amor...
Ontem eu tive a confirmação do meu amor
por ela. Minha intenção ao ir até sua casa não era
terminar na cama, certo que nunca podemos
dispensar um bom e quente sexo, mas na minha
cabeça Vanessa não abriria a porta, eu falaria tudo
que estava sentindo e ela chamaria a polícia. Ainda
bem que mais uma vez fui surpreendido.
Vanessa se entregou de corpo, alma e
coração. Eu tive a certeza de que ela é minha, pode
parecer possessão ou qualquer merda do tipo, mas
essa é a realidade. Vanessa é minha e quando um
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Bianchi fica com os quatro pneus arriados, a


mulher pode não concordar, mas assinou um
contrato de vida. E sua vida é eternamente ao meu
lado. Na alegria, tristeza, doença e pôr fim a morte.
Agora que resolvemos tudo, a única coisa
que tenho que me preocupar é com a acusação
contra o Pietro. Se não sujasse a imagem da
empresa, não mexeria um alfinete para ajudá-lo,
pois tudo isso é fruto de seus atos. E tanto que
falamos a respeito e ainda demorou a acontecer.
Meu irmão não consegue deixar o pau dentro da
calça. E enquanto ele não arrumar uma mulher que
o coloque nos trilhos, muitas dores de cabeças
virão.
Eu tinha algumas reuniões hoje, mas nada
que Lorenzo ou Enrico não pudessem me substituir.
Mandei uma mensagem no grupo dizendo que por
motivos de força maior, não poderia comparecer na

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empresa nos próximos dois dias. Meus primos que


não são bobos nem nada, sacaram logo que eu tinha
me acertado com a Vanessa, ou seja, não faltou
conselhos, mesmo eu não tendo pedido.
Vanessa dorme como um anjo, meu braço
está dormente, mas não tenho coragem de acordá-
la. Como estou sem secretária, pedi que a Sarah
fizesse algumas ligações e mandasse preparar o
iate. Estamos precisando de um descanso e nada
melhor do que ser no meio do mar, onde só nós
dois estaremos presentes. Assim não corre o risco
de ninguém incomodar, ainda mais se for a Giulia.
— Buongiorno, meu amor. — Deixo um
beijo casto em sua testa.
Mesmo com a cara amassada e o cabelo
parecendo um ninho de pássaros, ela é a mulher
mais linda desse mundo. Não sei como pude ser tão
burro ao ponto de quase perder essa mulher

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maravilhosa. Minha mãe sempre acreditou em


destinos cruzados e depois que eu conheci a
Vanessa passei a acreditar também. Com tanta
mulher aqui na Itália, eu tinha justamente que me
apaixonar por minha amiga brasileira. Só de pensar
na possibilidade de perdê-la de vez, sinto uma
pontada no coração.
— Buongiorno, meu italiano predileto —
Beija abaixo do queixo.
Como senti saudades desses momentos, ter
minha menina nos meus braços. Sentir o cheiro
delicioso de seus cabelos, o gosto divino de seus
lábios e sua boquinha deliciosa.
— Tem algum compromisso muito, muito
importante hoje? — pergunto e ela me dirige um
olhar interrogativo.
— Não, pelo menos não que eu me
lembre.
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— Se você tiver qualquer coisa, pode


tratar de desmarcar. Temos que estar prontos para
sair em no máximo duas horas. Vamos passar dois
dias longe de tudo isso, sair um pouco da rotina. E
o principal, colocar a saudade em dia, pois ainda
não me saciei completamente de você.
Para ser sincero, acho que nunca saciarei
esse meu desejo da Vanessa, Quanto mais a tenho,
mais quero ter. Nunca me cansarei de sentir o gosto
viciante de sua bocetinha, e o melhor, meu pau não
pretende sair de seu lugar predileto.
— Por que essa cara de safado? — Sorri,
me encarando fixamente.
O pior é que não consigo esconder, ela me
conhece muito bem pra saber quando pensamentos
sórdidos rodeiam minha mente.
— Posso inventar qualquer desculpa
besta? — Acena que não. — Esse é o problema de
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você me conhecer tanto. Estava só pensando em


como estava com saudades, e como a matarei
nesses dois dias que ficarem no meio do mar. Sem
telefone, internet ou qualquer pessoa para nos tirar
do sério.
— Uau, senhor italiano — seu sorriso que
tanto amo, se torna presente novamente —, já se
perguntou se eu quero passar esses dois dias no
meio do nada? Até onde me lembro, não sou uma
pessoa rica, então tenho que trabalhar.
Mas é uma cara de pau mesmo, passou
esses dias sem nem dar as caras no escritório.
Agora vem com essa piadinha boba, quem ver até
pensa que se preocupa com o trabalho. Sempre fui
um chefe tranquilo, até mesmo antes de nos
tornarmos amigos. O que deixava muitas
funcionárias com raiva, pois segundo elas, Vanessa
dormia comigo para obter privilégios. O que não

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era verdade, apesar de que eu não reclamaria.


— Seu chefe não vai se importar de te dar
folga por mais dois dias, fiquei sabendo que ele é
gente boa com você. Mesmo tendo o deixado na
mão esses dias.
— Jura? — Faz uma cara estranha, sei que
vem merda por aí. — Tenho uma mente fresca, e se
me recordo bem, foi ele que me deixou na mão. E
pior, literalmente na mão.
Porra, eu sabia que ela não tinha me
perdoado completamente.
— Vanessa, eu pensei que você tivesse me
perdoado. — Levanto-me da cama e lhe dou as
costas, seguindo para o banheiro.
— Ei — me abraça por trás, colando seus
peitos em minhas costas —, eu te perdoei, se isso
não tivesse acontecido não estaríamos juntos nesse
momento. Mas você me conhece bem, sabe que eu
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não perderia a chance de brincar com você.


Fala me virando, para que eu fique cara a
cara com ela.
— Você foi um filho da puta e isso já está
cansado de saber. Mas eu o perdoei. Quando eu
disse que seria a última chance para nós dois, eu me
referia a começar de novo, para ser mais exata,
completamente do zero. Eu sei que a Giulia ainda
vai dar as caras, e você vai acabar cedendo a suas
chantagens emocionais. Mas eu estou disposta a
tentar, eu te amo Paollo Bianchi. E nesses dias que
ficamos afastados, eu pude ter mais certeza do quão
grande era meu sentimento por você.
Cola os lábios nos meus. Minha vontade é
de jogá-la contra essa parede e fodê-la até nossos
corpos implorarem por descanso, mas tentarei me
controlar, pelo menos por agora.
Vanessa é o que eu tenho de mais bonito e
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importante na minha vida, só de pensar na


possibilidade de viver longe dela, me amaldiçoou
amargamente. Sei que se eu tivesse deixado meu
pau dentro das calças, não tinha engravidado a
Giulia e todas essas brigas não estariam
acontecendo, mas também não posso reclamar de
tudo, pois nessa confusão meu filho foi gerado, e
isso quer dizer que mais uma descendência de
Bianchi está se formando.
— Eu te amo, carino. Muito obrigada por
confiar seu coração a mim, sei que não mereço todo
seu amor. Mas pode apostar em uma coisa, daria
minha vida por você, e isso eu tenho plena certeza.
Não deixo que fale mais nada, grudo
nossos lábios em um beijo necessitado. Por mais
que eu a tenha em meus braços, sempre quero mais
e mais. Vanessa não sabe, mas em breve será minha
mulher oficialmente.

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Capítulo dez
Giulia Bertoli

Quando conheci o Paollo, logo de cara


sabia que ele seria minha salvação. Meu pai estava
à beira da falência, meu carro, minhas joias e minha
conta bancária já tinham desaparecidos, e entre
ficar pobre e morrer, a segunda opção me parecia
mais viável.
Não vou dizer que foi um sacrifício ficar
com ele, minha nossa, um dos homens mais lindo
que já tive o prazer de dividir a cama. Eu tive que
colocar meu plano de conquista em prática e tudo
estava indo bem. Tínhamos amigos em comum,
então foi fácil estarmos sempre nos mesmos

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lugares. Fiz questão de usar sempre as roupas mais


provocadoras, não vou ser hipócrita, sou um
mulherão da porra, ou melhor, era um mulherão,
mas agora com essa barriga enormes e esses pés
inchados toda minha beleza foi embora. Meus
cabelos loiros estão sem vida, meus olhos verdes
vivem cheios de olheiras, e meu corpo é melhor
nem comentar.
Eu tentei me aproximar do Pietro, mas ele
é tão galinha que eu não conseguiria nada. Então
achei melhor pular para o irmão mais provável,
Paollo. Eu sempre soube que ele não me amava,
sabia que seu coração tinha dona. Uma brasileira
aproveitadora, eu sabia que ela também gostava
dele. Então tinha logo que arrumar minha pensão
vitalícia. Um filho seria a arma perfeita, se o Paollo
não fosse tão cuidadoso. Transar sem camisinha
estava fora de cogitação, mesmo eu dizendo que
tomava anticoncepcional.
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Então em um belo dia, ele exagerou na


bebida, essa era a chance perfeita. Fiz ele acreditar
que tínhamos transado sem camisinha, ele
rapidamente foi até a farmácia comprar a pílula do
dia seguinte. Como era bobinho, só precisava que
ele acreditasse que eu tinha engravidado nesse dia.
Não poderia colocar meus planos em risco,
então fui até um amigo que sempre deu em cima de
mim. Ficamos algumas vezes, mais depois de
começar a namorar me fiz de santa e pedi para que
se afastasse. No entanto, precisava dele, por isso,
transei a noite toda, garanti que tomava
anticoncepcional e em todos os rounds deixei que
gozasse dentro. Naquela noite minha bola de ouro
foi gerada. Foi fácil enganar o Paollo, ele sempre
quis ser pai, ou seja, ponto para mim.
A melhor notícia que tive na minha vida,
foi quando fiquei sabendo que a Vanessa tinha ido

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embora para o lugar de onde ela nunca deveria ter


saído. Era a chance perfeita de toda atenção do
Paollo ser minha, mas as coisas só pioraram, ele é
tão filho da puta que estava sofrendo com sua
partida. Ele não disse com todas as letras que era
isso, mas eu percebi, e mesmo longe aquela
brasileira de merda atrapalhava minha vida. Pior do
que sua partida foi seu retorno. Magicamente uns
meses depois do Paollo terminar comigo, mesmo
estando grávida não me respeitou e assumiu um
relacionamento com a vaca.
Quero saber quais bruxarias essas
brasileiras fazem, porque além dela, Lorenzo vai
casar com uma brasileira, e o pior de tudo é que
eles já têm uma filha. Para piorar as coisas, as duas
ainda são amigas, tenho certeza que foi alguém
golpe que armaram.
Se o Paollo pensa que vai me ignorar, ele

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está muito enganado. Aposto que essa ideia de


enfermeira foi da Vanessa, se sua intenção é que eu
pare de ligar para ele, sinto informar que não vai
funcionar. Ele ainda vai comer na minha mão,
enquanto eu carregar essa coisa na barriga ele
precisa fazer tudo que eu quero.
— Senhora Giulia. — O cão de guarda,
vulgo enfermeira aparece na porta do meu quarto.
— precisa de alguma coisa?
— Sim, eu preciso e muito.
— E o que seria? Está sentindo alguma
coisa?
— Quero que você suma daqui, não
preciso de um cão de guarda me vigiando vinte e
quatro horas por dia. Sai do meu quarto. — Jogo
uma escova em sua direção.
Que inferno! Já perdi as contas de quantas
vezes liguei para o Paollo, todas ligações foram
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encaminhadas para a caixa postal. Ele tem sorte que


essa criança que carrego no ventre é minha
garantia, pois não me importa de fazer uma
besteira.
Sem ter muito o que fazer, resolvo dar uma
passada pelas redes sociais. Vejo só minhas amigas
postando altas fotos, todas em festas e nas mais
variadas baladas da cidade. Como eu daria tudo
para curtir uma noite dessas, mas não quero
arriscar.
FILHO DA PUTA!
Paro imediatamente em uma foto que me
chama atenção. Paollo e a brasileirinha se beijando
em um barco. Não sei o que me deixa mais puta da
vida, o beijo ou a legenda “Futura senhora
Bianchi”.
Paollo, Paollo, você não deveria ter feito
isso. Eu vou tirar cada centavo da sua conta
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bancária, tirarei até a cueca que veste. Eu posso não


o amar, mas ninguém me desmoraliza desse jeito.
Eu vou mexer naquilo que ele mais ama, a Vanessa.

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Capítulo onze
Vanessa Albuquerque

Eu daria tudo para eternizar esse momento,


Paollo dorme de forma serena, com a cabeça em
meu colo. Sobre a luz das estrelas, com o balanço
do mar e o vento em seus cabelos. Passamos um dia
maravilhoso, navegando em alto mar, trocando
beijos e carícias.
Não sei como explicar o tamanho do amor
que sinto por ele. Nesse momento, só consigo
pensar no dia em que nos conhecemos. As
circunstâncias não foram uma das melhores, até
porque o motivo que me trouxe para a Itália não foi
bem o esperado. Mas como diz a Valentina, tudo é

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questão de destino e o nosso já estava traçado.


Antes de sair do meu apartamento, mandei
um áudio para a Valentina explicando para onde eu
ia. Não queria que minha amiga ficasse
preocupada, assim como o esperado, ela ficou feliz
com nossa volta e disse que era para eu aproveitar e
tirar o atraso.
Não estou nem acreditando que
passaremos dois dias sem as perturbações da
Giulia. Não estava esperando que Paollo postasse
nossa foto no Instagram, mas não foi a foto que me
surpreendeu, e sim a legenda.
Não vou mentir, já pensei por diversas
vezes nesse momento. O dia em que me tornarei
oficialmente sua mulher, meu coração ele já tem,
meu corpo também é seu. Então não tem por que
correr.
Eu amo demais esse italiano, o amo com
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toda força do meu coração.


Seu jeito de menino, sua personalidade
marcante e o principal, a forma como ama e venera
meu corpo.
— Meu menino — passo a mão
carinhosamente por seu rosto —, você não imagina
o bem que me faz, minha vida perderia a cor e o
sentido sem você. Por isso que decidi que não
valeria a pena ficar brigada contigo, eu quero mais
que tudo que isso funcione. Que nós dois possamos
passar muitos e muitos anos juntos, que nem a
Giulia, nem qualquer outra pessoa consiga acabar
com esse amor que sentimos um pelo outro.
Ele remexe um pouco, por um momento
pensei que ele tivesse escutado tudo que eu falei.
Mas dorme que como uma pedra. Sabe o que é
engraçado? Que Paollo tem vinte e oito anos, o
rosto coberto de barba, mas mesmo assim o chamo

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de menino.
Eu preciso pensar em como vou levantar
com esse homem pesado, precisamos entrar, está
começando a esfriar. Porém não quero que acorde,
fica tão lindo nessa posição.
Estico-me o máximo que consigo, até que
finalmente consigo alcançar dois cobertores. Retiro
sua cabeça do meu colo, e me ajeito ao seu lado. E
aqui, no chão, mesmo sabendo que amanhã
acordaremos com uma tremenda dor nas costas,
terminaremos esse dia incrível. Com a certeza de
que meu destino é ao seu lado.
Possa essere eterno finché dura. (Que seja
eterno enquanto dure)

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Paollo Bianchi

Estava tão cansado ontem, que não tive


forças para ir para a cama. Lembro que estávamos
sentados no chão do barco, eu estava com a cabeça
em suas pernas, ficamos tanto tempo conversando,
desde nossa vida até assuntos da empresa. E porra,
isso pode ser bem maricas, mas seus braços se
tornaram meu lugar predileto.
Sabe de uma coisa? Nunca fui de ter
vícios, mas desde que minha relação com a
Vanessa começou, minha nova mania é velar seu
sono. Podemos dormir a hora que for, mas sempre
acordo cedo e fico admirando sua beleza.
Observei por mais alguns minutos,
imagino como deve ter sido ruim passar a noite
nesse chão. Ainda bem que pelo menos não
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choveu, seria muito pior.


Com cautela, a retiro dos meus braços,
levanto e caminho até o banheiro. Enquanto lavo o
rosto, decido preparar um delicioso café da manhã
para minha Vanessa. Caminho de volta e a pego
nos braços, depositando seu corpo sobre a cama.
Ligo o ar condicionado e permito que durma mais
um pouco, ainda é cedo e ela precisa descansar.
Pedi para que a Sarah abastecesse o
armário e geladeira, então deve ter alguma coisa
boa para preparar o café. Encontro ovos, pão,
queijo, presunto e um bolo de laranja, o predileto
da Vanessa. Café que não pode faltar, e um suco de
maracujá. Preparo os ovos mexidos, fatio o bolo e
deixo tudo sobre a pequena e aconchegante mesa.
Eu e meus primos resolvemos comprar
esse barco para curtir uma folga, sempre nos
reservamos para que as datas não coincidissem

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quando quiséssemos aproveitar com nossas


mulheres. Esse foi um dos investimentos que
fizemos juntos. Procurei aprender a pilotar para não
ficar dependendo do piloto quando eu quisesse o
barco só para mim.
São quase nove da manhã, entro no
banheiro a fim de tomar um banho antes de acordar
a Vanessa. O banheiro é um pouco pequeno para
um homem do meu tamanho, essa é sua única
desvantagem. Ligo o chuveiro e deixo a água fria e
gelada cair sobre minhas costas.
Às vezes queria que a água pudesse lavar
nossos problemas, sei que assim que voltarmos
para nossa realidade, muitos problemas estarão a
minha espera. O escândalo do Pietro tomou uma
proporção gigantesca, e o pior de tudo é que a
mulher que o acusa sumiu, dando mais margens
para as manchetes.

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Não é apenas isso, peguei rapidamente o


celular e vi dezenas de mensagens da Giulia. Não
só dela, também da enfermeira, pelo tom que ela
usou, não deve estar sendo fácil lidar com a Giulia.
Mas eu já sabia que seria assim, meu erro foi não
ter tomado essa atitude antes, muitas coisas
poderiam ter sido evitadas.
O que será que se passa em sua cabeça?
Giulia deve pensar que vai me conseguir no
cansaço, mas ela está muito enganada. Faltam
pouco mais de dois meses para que meu filho venha
ao mundo. Eu sei que ela tem um preço e pagarei o
que for possível pela guarda definitiva do meu
filho.
— Pensando na vida, Paollo? — Sinto
mãos quentes e pequenas me abraçarem por trás. —
Senti sua falta na cama, quando foi que me colocou
lá?

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— Tem pouco tempo — viro-me ficando


cara a cara com ela —, desculpa ter lhe feito dormir
no chão. Eu estava bem cansado, realmente perdi a
noção de onde estava.
— Não precisa se desculpar. De certa
forma eu tenho culpa do seu cansaço. — Pior que
tem mesmo, assim que chegamos nesse barco, não
nos desgrudamos nem por um minuto. Como minha
mãe costumava dizer, parecíamos dois coelhos.
Seu lindo sorriso está presente, e arrisco
dizer que está feliz.
A encaro por alguns minutos, até que tomo
seus lábios em um beijo calmo, delicado e que tem
a intenção de demostrar todo meu amor por essa
linda brasileira. A puxo para debaixo do chuveiro
com roupa e tudo, nesse momento nada importa, a
não ser nós dois. Suas unhas arranham minhas
costas, me fazendo aprofundar o beijo.

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Estico um pouco a mão e alcanço o


sabonete. Com um pouco de dificuldade, nos afasto
para que eu tenha uma maior visão de seu corpo.
Retiro sua camisola, no tempo perfeito para ver o
bico do seu peito enrijecido. Inclino-me um pouco
e passo a linha por ele, o que faz com que ela
estremeça um pouco.
Passo a língua.
Mordisco.
Até que o tomo inteiro em minha boca,
chupo com um pouco mais de força e enquanto o
tenho na boca, coloco a mão livre por dentro de sua
calcinha, acariciando seu clitóris.
Abandono um pouco seu clitóris para
retirar de vez sua calcinha. Tem uma coisa que
venho desejando há muito tempo e acho que
chegou o momento perfeito para eu conseguir.
Deixo pequenos beijos em sua barriga, para
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finalmente chegar ao meu doce predileto. Passo a


língua por toda sua entrada, onde posso sentir seu
delicioso gosto. Com o sabão em mão, começo a
massagear a entrada do seu cuzinho, fazendo
Vanessa travar imediatamente.
— Calma, meu amor, você vai gostar,
pode apostar.
Fica me encarando por um tempo, que na
minha cabeça pareceu uma eternidade. Até que
finalmente tenho seu aval. Sei que para algumas
mulheres pode ser difícil atingir o orgasmo com o
sexo anal, mas farei o possível para que desfrute
desse delicioso prazer.
Foco toda minha atenção em seu clitóris,
depois de um orgasmo é muito mais fácil tentar o
anal. Chupo com gosto, Vanessa se contorce
encostada na parede e puxa com um pouco mais de
força meu cabelo. Enfio minha língua dentro de sua

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bocetinha, mas nunca abandonando seu cuzinho.


Sinto que ela já está quase pronta, essa é minha
chance.
Levanto e beijo seus lábios para que sinta
seu próprio e delicioso gosto. Abro a gaveta, retiro
uma camisinha e também um lubrificante, isso não
estava na lista dos pedidos para a Sarah, então foi
deixado por um dos meus primos. E como não sou
bobo, irei aproveitar.
Viro-a, para que fique de cara com a
parede e com a bunda empinada para mim. Coloco
rapidamente a camisinha e lambuzo com o
lubrificante, passo a cabecinha e percebo que ela
estremece. Não vou julgá-la por ter medo, sei que
algumas experiências podem não ter sido boas, mas
farei o possível para tornar esse momento
inesquecível.
— Agora eu vou comer o seu cuzinho,

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carino — falo ao pé do seu ouvido, e vejo seus


pelos se arrepiarem —, pode ficar tranquila, você
vai gostar muito. Se doer, ou você não quiser mais,
é só pedir que eu paro. Certo?
— Uhum. — Se limita a dizer.
Enrolo seus cabelos em minha mão
trazendo seu corpo para mais perto de mim. Coloco
meu pau na entrada, e vou enfiando aos poucos
para que se acostume. Enfio um pouco mais fundo,
e fico parado por algum tempo, para que o tamanho
não seja um empecilho.
Aos poucos começo a me movimentar, o
tempo todo verificando se Vanessa está sentindo
muita dor. Sei que é inevitável, mas pode se tornar
suportável. Vendo que já está mais confortável,
começo a me movimentar com um pouco mais de
velocidade. É tão apertadinho que já sinto vontade
de gozar, mas não farei isso, preciso mostrar os

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prazeres do sexo anal.


Vanessa começa a gemer baixinho, isso
era a prova que eu precisava para saber que estava
gostando. Deixo pequenas mordidas em seu
pescoço, a calma que eu tinha há uns minutos se
perdeu completamente. Largo seus cabelos e
começo a apertar seus seios, Vanessa grita um
pouco mais alto, e agradeço por estarmos no meio
do nada. Sei que ela tenta se controlar, mas falha
miseravelmente.
Pegando-me completamente de surpresa,
ela começa a estimular o clitóris, e Deus sabe o
quanto eu gostaria de ter uma visão privilegiada
desse momento.
— Aaaah, Paollo — Começa a se
movimentar para trás, e fico imensamente feliz de
saber que esse momento está sendo prazeroso.
Chupo seu pescoço, e não sei muito como
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explicar, mas sinto Vanessa se derretendo em meus


braços, ao mesmo tempo em que grita de prazer. E
isso é música para meus ouvidos, pois quer dizer
que consegui que gozasse. Estoco mais algumas
vezes, até que me permito gozar. Eu a seguro firme,
retiro meu pau de dentro dela, pego a camisinha
amarro e jogo no lixo. Viro-a, para que fique de
frente para mim. Beijo sua testa e a puxo para um
abraço, até que nossos corpos se acalmem e
possamos tomar um bom e delicioso banho.

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Capítulo doze
Vanessa Albuquerque

É aquela coisa, tudo o que é bom, dura


pouco. Esses dois dias foram maravilhosos, ontem
em particular. Se eu soubesse que sexo anal poderia
ser tão prazeroso, já tinha tentado muito antes. Hoje
voltaremos para o escritório e pelo visto muitos
problemas nos esperam.
Foram dias revigorantes, que de uma coisa
eu posso ter certeza, eu amo mais que tudo esse
homem. E de agora em diante, lutarei por nossa
relação. Ou seja, é melhor a Giulia se manter bem
longe. Se não, verá do que sou capaz.
— Anda, Vanessa — grita da sala, estamos
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no seu apartamento, e ele atrasado para uma


reunião — você sabe que tenho uma reunião em
quinze minutos.
Ele sabe que seus primos sempre se
atrasam, não sei por que tanta pressa. Paollo é
sempre o primeiro a chegar, já que os outros se
esquecem de olhar o pequeno aparelho chamado,
relógio.
Uma mulher não pode nem terminar de se
arrumar em paz, que saco.
— Já vou, Paollo, não sei para quê essa
gritaria. Você é sempre o primeiro a chegar.
— Conhecendo bem minha família, sei
que pelo fato de eu estar atrasado, eles vão chegar
na hora. E ainda vão ficar me enchendo o saco.
Dou o último retoque e pronto, linda e
pronta para mais um dia de trabalho. Hoje optei por
uma saia lápis preta, camisa social vermelha e meu
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scarpin preto. Chego na sala e dou de cara com um


deus grego, Paollo está divinamente lindo em seu
terno preto devidamente alinhado e para deixar o
look mais informal, se é que podemos definir
assim, ele não está usando gravata.
— Uau, italiano — Me aproximo e sou
inebriada com o cheiro amadeirado do seu perfume,
dou mais um passo até que colo nossos lábios —
Posso saber por que toda essa produção só para
encontrar com esses marmanjos?
— Não estou me arrumando para eles, é só
para ficar à altura do mulherão que tenho ao meu
lado. Convenhamos, eu sou um filho da puta
sortudo. — Puxa-me pela cintura, colando nossos
corpos.
Nem com um salto de quinze centímetros
consigo ficar na altura desse homem. Deus, para
quê colocar um homem com essa altura? Não

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poderia ter um tamanho normal?


— O que se passa nessa cabecinha? —
pergunta trazendo-me de volta para a realidade.
— Nada, só queria entender por que você é
tão alto — Solta uma gargalhada gostosa, me
contagiando com sua espontaneidade.
— Nem vou te falar nada, senhora
Vanessa, vamos que estamos atrasados.
Peguei minha bolsa e o celular. Paollo
segura minha mão e caminhamos para o
estacionamento. Pelo menos daqui para a empresa
não demora muito, tenho certeza que tenho um
monte de papel para analisar. Marquei de almoçar
com a Valentina, estou morrendo de saudades da
minha afilhada Violetta, e da minha amiga também,
é claro.
Entramos no carro e Paollo sai cantando
pneu. O tempo inteiro deixo minhas mãos em sua
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coxa, quero que sempre se lembre-se de que eu


estarei ao seu lado.
Pouco mais de trinta minutos chegamos à
empresa, mas uma coisa me chama atenção,
diversos carros e jornalistas estão parados na
entrada. Dificultando nossa entrada, a princípio
demora a cair à ficha, até que lembro de todo o
escândalo com o Pietro e infelizmente Paollo é
idêntico ao irmão.
— Como vamos entrar agora? — pergunto
ao mesmo tempo em que tento pensar em alguma
saída.
— Pior que não sei. Esses malditos
jornalistas parecem urubus por cima da carniça. —
Acabo rindo com sua comparação — Eles só vão
nos deixar em paz depois de falar alguma coisa. Às
vezes tenho vontade de matar o Pietro, sempre foi
assim, ele fazia merda e as pessoas achavam que

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tinha sido eu.


— Essa é a parte ruim de ter um gêmeo
idêntico, mas fala de uma vez com eles, só assim
para nos deixarem em paz.
— Se prepare, seremos bombardeados de
perguntas e os flashes das câmeras. — Beija minha
testa.
E foi como ele disse, assim que os vidros
se abriram diversas perguntas foram jogadas de
uma vez. Agora entendo o motivo da comparação,
sei que é o trabalho deles, mas jornalistas sabem ser
bem indelicados.
— Senhor Pietro, como está lidando com
todas essas acusações de assédio? — Uma
jornalista loira e esbelta pergunta.
— Sua fama de pegador sempre foi
manchete nos mais variados jornais. Por que
assediar uma mulher, sendo que pode ter qualquer
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outra em um estalar de dedos? — Dessa vez um


senhor pergunta.
Sei que o Pietro não é nenhum santo, mas
não acredito nessas acusações. Eu já vi e não foi
uma, nem duas vezes essa mulher que o acusa
dando em cima dele, quase se jogando em seus
braços. Tenho certeza de que deve ter alguma coisa
por trás disso, sei que nunca devemos duvidar da
palavra da vítima, mas existem casos e casos.
— Sabe o que eu acho mais engraçado? —
Paollo pergunta rindo — vocês se acham tão
inteligentes, vivem atrás das pessoas na tentativa de
criar uma manchete polêmica, mas são burros ao
ponto de não conseguir identificar quem é quem
dos irmãos. A pessoa que vocês precisam fazer
essas perguntas não é a mim e sim ao meu irmão
Pietro.
Quando fala isso, todos ficam sem reação.

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Por essa não estavam esperando e só consigo ri da


cara de bobo deles.
— Agora se me dão licença, tenho muito
trabalho a fazer.
— Quando Pietro vai tomar jeito? —
pergunto um pouco pensativa — Ele já passou da
idade de ficar arrumando confusão. Eu sei que
essas acusações podem ser falsas, mas ele precisa
dar um jeito nisso. Não quero que esses urubus
fiquem atrás de nós.
— Essa é uma pergunta que eu amaria
saber a resposta — Estaciona o carro, retirando o
cinto e me puxando para seu colo —, pode ficar
tranquila que vou resolver isso, meu irmão vai ter
que aprender a deixar o pau dentro das calças, ou
será sua morte.
Beijo seus lábios, o carro é pequeno, então
tenho um pouco de dificuldade. Ainda mais estando
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com essa saia justa. Suas mãos vão para dentro da


minha blusa, eu adoraria ficar aqui e desfrutar de
suas carícias deliciosas, mas se eu me lembro dele
estava me apressando porque estava atrasado.
— Pode ir parando mocinho, lembra que
você estava atrasado? Pois bem, vamos logo porque
não quero ser o motivo de seus primos te encherem
o saco.
Saímos do carro rindo, esse encontro com
os jornalistas serviu para me mostrar que o dia será
longo. Só espero que não tenhamos tantas dores de
cabeça.
Ele segura minha mão e caminhamos para
dentro da empresa, na espera do elevador, sinto
muitos olhares sobre nós. Eu tento me acostumar,
porém é difícil ser o centro das atenções, ainda
mais que a maioria desses olhares é de mulheres
que dariam tudo para estar no meu lugar. Como já

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gosto de provocar, aperto mais sua mão e beijo seus


lábios, é bom essas vacas tirarem o cavalinho da
chuva. Eu sei ser uma fera, quando necessário.
— Eu sei o que você está fazendo, carino.
— fala próximo ao meu ouvido.
— Não sei do que está falando, estou
apenas ao lado do meu amor, esperando o elevador
chegar. Nada de anormal nisso. — Tentei, mas foi
difícil segurar o riso.
O elevador chega e entramos rapidamente,
assim como várias outras pessoas.
Cumprimentamos algumas e ficamos quietos
encostados em um canto, em todos os andares
desce e sobe gente, o que torna nossa chegada ao
sétimo andar demorada. Depois do que pareceu
uma eternidade, finalmente chegamos.
Cumprimento a Sarah e sigo com o Paollo para a
sala de reuniões. Não vou participar, irei apenas

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cumprimentar os meninos.
— Bom dia, garotos. — falo assim que
entro e encontro Lorenzo e Enrico.
— Ora, ora, finalmente meu priminho deu
as caras. — Lorenzo o cumprimenta com um
abraço.
Admiro a cumplicidade dos Bianchi.
Tenho certeza de que eles dariam a vida um pelo
outro e isso é lindo de se ver.
— Parabéns — Enrico vem em minha
direção e me abraça, mas fico sem entender por que
está me parabenizando —, você colocou esse
marmanjo para sofrer e isso é digno de palmas.
— Seu idiota! — Paollo fala tentando ficar
sério, mas falha miseravelmente.
— Vem cá, deixa eu te dar um abraço. —
Lorenzo me puxa para seus braços — Soube que
vai almoçar com a Valentina hoje, tenho certeza de
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que esse almoço vai se estender até a noite, pois


como diz a Valentina: muita fofoca para colocar em
dia.
— Nem te direi nada, Lorenzo, deixa só
ela saber que você a chamou de fofoqueira. — falo
e todos riem, nunca vi uns homens para terem
medo de mulher igual a esses. — Agora deixarei os
marmanjos em paz, tenho muita coisa para fazer.
Se precisarem de qualquer coisa, estou em minha
sala.
Paollo caminha em minha direção, me
segura pela cintura e beija meus lábios. Que
homem, senhor! Difícil vai ser me cansar de sentir
seu gosto delicioso. Estava tão perdida em seus
braços, que só me dei conta de onde estávamos
quando ouvi o riso dos meninos.
— É melhor eu ir. Tchau, amor. — Beijo
seu rosto — Tchau, garotos, se comportem.

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Saio correndo, o que faz com que eles riam


mais ainda. Agora que o conto de fadas terminou,
só me resta ficar enfurnada naquela sala e analisar
as pilhas de papéis sobre minha mesa.
Meu Deus, quantos dias eu passei longe
dessa empresa?

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Capítulo treze
Paollo Bianchi

— Será que nem quando ele é a pauta,


Pietro consegue chegar cedo às reuniões?
Pergunto quando finalmente as piadinhas
cessaram. Eu sabia que seria o motivo delas, mas
dessa vez eles pegaram legal no meu pé. Minha
vontade era de sair e deixá-los falando sozinho,
mas o assunto é de extrema importância.
O que me deixa puto da vida, é que foi
marcada para as nove da manhã, nós não tínhamos
obrigação de estar aqui. Até porque é a vida do
Pietro que está em jogo, mas todos nós estamos
aqui e ele que é o principal não deu o ar da graça e
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não atende a merda do celular.


— Pietro não tem jeito, sua sorte é que
prezamos pela família — Enrico fala, servindo-se
de uma xícara de café —, e por esse motivo
estamos aqui. Ele arrumou essa bagunça, então
deveria consertar.
— Não devemos esquecer que o nome da
nossa família está em jogo. — Lorenzo como
sempre, o mais sensato — Então mesmo contra
nossa vontade, e ele não merecendo nem um pingo
de ajuda, precisamos fazer isso. Pois acima de tudo,
é o sobrenome Bianchi que está estampado nas
manchetes.
— Você tem razão — pego o celular e
mando mais uma mensagem para o meu irmão —,
os detetives encontraram alguma coisa sobre a
Fiorella?
Até outro dia essa mulher tinha sumido do
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mapa, até mesmo das redes sociais. O que me


parece muito estranho, pois se ela quer causar um
escândalo com essa história de assédio certamente
deveria ficar aqui e dar diversas declarações à
impressa. Contratamos os melhores detetives da
cidade então acredito que em breve ela vai aparecer
e explicar bem essa história. Eu quero ver
pessoalmente essas fotos.
Lorenzo e Enrico também não acreditam
na história, todos nós sabemos que tem algo de
errado. Se ela tivesse realmente essas fotos, já tinha
postado nas redes sociais ou vendido por uma
bolada para algum site de fofoca.
— Foi uma tarefa difícil, mas nossos
detetives são os melhores. — Enrico fala,
analisando alguma coisa em seu tablet —
Encontraram a Fiorella em Asti, eles a seguiram
por alguns dias para ver se ela estava se

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encontrando com alguém. É uma mulher cuidadosa,


ou melhor, era. Tiraram uma foto dela conversando
com uma outra mulher, estavam em um restaurante
um pouco afastado. Claramente numa tentativa de
se esconder.
Enrico me entrega o tablet onde vejo
várias fotos da Fiorella com outra mulher. Essa
história a cada dia fica mais difícil de entender, por
que diabos ela foi para uma cidade tão longe de
Vicenza?
— Cazzo — Lorenzo fala exaltado atrás de
mim —, eu conheço essa mulher. Sim,
definitivamente eu conheço essa maluca. Como
diabos ela veio parar aqui?
— Como assim a conhece? Quem é essa
mulher, Lorenzo? — pergunto depois de um tempo
em silêncio.
— Não sei o nome dela, mas a conheci no
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Brasil. Logo no primeiro dia em que cheguei, ela


me encontrou no meio da praça e simplesmente me
ofereceu um boquete. Como não era bobo nem
nada, claro que aceitei. — fala como se estivesse
recordando do momento — Depois ela começou a
ficar no meu pé, ficou até provocando a Valentina.
Até que um belo dia, Valentina lhe disse algumas
verdades, e então ela sumiu.
— Inferno, algo me diz que essa mulher
não é coisa boa. — Enrico fala, andando de um
lado para o outro — Agora precisamos descobrir o
que essas duas estão aprontando, antes só tínhamos
que nos preocupar com a Fiorella, agora temos
mais essa mulher para descobrir. Tudo isso por
culpa do Pietro, como sempre.
— O que é culpa minha? — Pietro entra na
sala, como se nada tivesse acontecido ou se não
tivéssemos marcado a reunião para agora.

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— A reunião é sobre as merdas que você


fez e sabe o que é engraçado? Todos chegaram
cedo, menos o mais beneficiado. — falo com um
pouco de raiva — Custava chegar cedo à porra da
reunião, Pietro?
— Se você puder falar um pouco mais
baixo, eu agradeço, estou com uma puta dor de
cabeça. — Vai até o bar e serve-se de uma dose de
whisky, isso mesmo, bebida alcoólica às dez da
manhã. — O que estavam falando de mim?
— Você é um filho da puta, Pietro —
Lorenzo fala e meu irmão ri como se ele acabasse
de contar uma piada — Sabemos que você não liga
para sua reputação, mas infelizmente você tem o
sobrenome Bianchi, então só por isso estou aqui
perdendo meu tempo. Você reconhece essa mulher?
Entrego para ele o tablet, meu irmão fica
um tempo analisando a imagem. Por sua expressão

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nada agradável, ele deve conhecer a loira


misteriosa. Mas o que será que levou-a procurar o
Lorenzo no Brasil? E por que está usando essa
mulher para ferrar com o Pietro?
— Caralho, eu conheço essa loira, o nome
dela é Arianna. Lembro-me de suas curvas e da
noite em que transamos na boate. — Sorri
pensativo, com certeza está pensando merda.
— Do que jeito que você é, tenho certeza
de que fez alguma merda. Que diabos você fez a
essa mulher, Pietro? E por qual motivo ela também
foi atrás do Lorenzo?
Enrico faz a pergunta que todos estamos
nos perguntando, ela querer ferrar o Pietro eu até
que entendo. Já que sua fama com as mulheres não
é uma das melhores, e conhecendo bem o irmão
que tenho, sei que consegue ser um crápula quando
quer.

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Mas que merda essa mulher pensa em


fazer? Ou melhor, qual das duas arquitetou tudo
isso?
Levanto-me, caminho até o bar e sirvo-me
com uma dose de whisky. Sei que até pouco tempo
falei do Pietro, mas todas essas informações são
demais para minha cabeça, só uma bebida bem
forte para melhorar as coisas.
— Você mandou investigar essa mulher,
Enrico? — pergunto ao meu primo.
— Sim, mas pelo visto ela não é muito
sociável. Estão buscando informações sobre ela,
mas como até agora não tínhamos um nome, as
buscas foram todas sem resultado. Mas passarei
agora o nome para os detetives, em breve
saberemos quem é essa tal de Arianna e qual a
relação dela com a Fiorella.
Pega o celular e encaminha uma
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mensagem para os detetives. Pelo preço salgado


que eles cobraram, o mínimo que podem fazer é
encontrar essa mulher o mais rápido possível. Estou
bem curioso para saber mais a respeito dela. Agora
mais do que nunca, tenho certeza de que a acusação
de abuso contra o Pietro era falsa e por isso que até
esse momento nenhuma foto foi postada na mídia.
— Eu não me lembro de lhe ter feito algo,
nos encontramos por acaso na boate Scan, ela é um
mulherão, o que logo de cara me chamou atenção.
Perguntei se podia lhe pagar uma bebida, ela nem
pestanejou e aceitou de imediato. Depois de umas
doses, ela pediu para que eu a seguisse. — Pietro
parece buscar a fundo essas memórias — Entramos
no banheiro, e puta merda, vocês não têm noção de
como essa loira faz um boquete divino. Lembro
perfeitamente de ter fodido seu rabinho com gosto,
e em nenhum momento ela pareceu reclamar.
Quando terminou, cada um foi para o seu canto e
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pronto.
Eu sou homem, mas ver meu irmão falar
desse jeito me dá vontade de quebrar sua cara. Se
eu tivesse uma irmã, e ela caísse nas garras desse
maluco, certamente eu seria preso, pois se houvesse
qualquer reclamação, eu o mataria sem dó nem
piedade.
No entanto, Pietro pelo menos é sincero
com as mulheres, o que me deixa mais intrigado.
Pois mesmo assim, muitas delas só faltam se jogar
em sua frente. Tenho esperanças, ele ainda vai
encontrar uma mulher que o colocará nos trilhos.
— Comigo aconteceu mais ou menos isso,
só que sem as bebidas e toda a sedução. — Lorenzo
começa a falar — Ela me pareceu bem decidida,
chegou, me ofereceu um boquete como se fosse
presente, foi embora sem nem me dizer o nome. Só
que depois retornou como se tivéssemos alguma

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coisa, não uma simples chupada.


— Pietro, quando foi que você a
encontrou? — pergunto, dependendo da resposta,
veremos quem partiu seu coração primeiro.
— Não tem muito tempo, Paollo. Digamos
que uns seis meses.
— Então primeiro ela foi atrás de mim. —
Conclui o Lorenzo.
A cada instante essa história fica pior,
primeiro tínhamos que nos preocupar com a
Fiorella, que já não era uma tarefa fácil. Agora
achando que nossos problemas são poucos, aparece
essa tal de Arianna. Precisamos descobrir o mais
rápido possível a relação das duas, aprendi há
muito tempo que quando duas mulheres se juntam
coisa boa não vai sair.

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Capítulo quatorze
Vanessa Albuquerque

Nossa senhora das pilhas de papel! Não


pensei que tinha tanto trabalho acumulado desse
jeito, mas é isso que dá quando se trabalha no
mesmo ambiente que o namorado. Ao invés de
colocar tudo em ordem, ficava enfiada dentro de
sua sala. É certo que não me arrependo de nada,
mas agora eu preciso reclamar da situação.
Passei rapidamente na sala de reuniões, os
ânimos estavam bem exaltados, então só dei um
beijo no Paollo e informei que estava indo
encontrar com a Valentina.
Já perdi as contas de quantas vezes olhei
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para esse relógio, estou há quase meia hora nesse


restaurante e nada da minha amiga chegar, já
mandei dezenas de mensagens e nenhuma foi
respondida. Às vezes tenho vontade de bater na
Valentina, celular para ela só fica de enfeite, o que
me deixa puta da vida.
Marcamos meio dia em ponto, deixa só
essa vaca chegar que ela vai ver. Pelo menos um
bom sermão vai ouvir. Na tentativa de passar o
tempo, peço ao garçom uma taça de vinho branco, e
resolvo dar uma olhada nas minhas redes sociais.
Ultimamente só tenho usado o WhatsApp, dou uma
olhada rápida do facebook, nada mudou, só as
mesmas tretas de sempre. Entro no meu Instagram,
muitas fotos belíssimas, de pessoas que eu sei que
não vivem essa realidade que estão mostrando, mas
infelizmente é assim que vivemos nos dias de hoje.
Subo e desço pelo feed algumas vezes, até que uma
publicação em particular me chama atenção, Giulia
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postou uma foto com o Paollo e ainda teve a cara


de pau de marcá-lo.
Sim, eu sigo a ex-mulher do meu
namorado.
Não, o objetivo não é ficar lhe
monitorando.
Mas como sempre me disseram, tenha seus
amigos perto, e os inimigos mais perto ainda.
Ela é tão sem noção que postou uma foto
dizendo que estava aproveitando o dia com o pai do
filho dela, mas há algo de errado na foto. Segundo
Giulia, ambos passaram o dia juntos há exatos dois
dias e me lembro muito bem de que dois atrás nós
estávamos juntos no barco. Sei que sua intenção foi
me atingir, e se eu não estivesse com o Paollo no
dia, certamente teria efeito. Só queria entender
como uma mulher consegue ser assim, porra, está
vendo que o cara tem outra mulher, vai seguir sua
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vida.
Meu lado anjinho diz para passar a
publicação e não ligar, já o diabinho que nesse
momento está falando um pouco mais alto, diz para
eu colocá-la m seu lugar. E como uma pessoa nada
normal, decido ouvir o lado diabinho, pois não vou
deixar essa louca posar de mulher do meu homem.
Se ela continuar assim, esqueço que está grávida,
vou até sua casa e meto a mão na sua cara, já que
essa é minha vontade de muitos anos.
Sabe o que acho engraçado? Eu tenho
uma ótima memória, e não me lembro de você estar
presente nesse dia. Então acho que você se
enganou, provavelmente era o Pietro, até porque
eles são idênticos, então você sairia no lucro.
Eu sei que isso não é coisa de uma mulher
adulta fazer, mas alguém precisa dar um choque de
realidade nessa maluca. Eu já tenho que aguentá-la

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carregando um filho do homem que amo, não vou


aturar seus ataques de loucura. Uma hora minha
paciência vai se esgotar, e seu belo rostinho verá o
peso da minha mão.
— Você não vai acreditar no que acabei de
ouvir? — Valentina chega correndo e eufórica.
— A convivência com os Bianchi te fez
esquecer-se da existência do relógio? — Uso meu
melhor lado sarcástico e começa a sorrir, não
levando em conta minha chateação com seu atraso.
— Desculpa, mas dessa vez foi por uma
boa causa. — Senta-se na cadeira a minha frente,
pega minha taça e toma todo o vinho de uma só
vez. — Antes de vir para cá, passei no shopping
para comprar uma lembrancinha para o filho da
Antonella, quando estava perto de sair, resolvi ir
até o banheiro e você não vai acreditar em quem eu
encontrei.

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— Deixa de suspense, Valentina, precisa


ter uma desculpa muito boa para seu atraso. Já
estava quase indo embora, você sabe que detesto
esperar, ainda mais que tenho um monte de
trabalho para fazer na empresa.
Reviro os olhos. São raras as vezes que
faço isso, somente quando estou bem frustrada e
esse é um desses momentos.
— Eu encontrei a Giulia com uma amiga...
— E desde quando isso é importante? —
Interrompo sem deixar que termine de falar.
— Se você calar a boca e me escutar, vai
saber a história — Filha da mãe, pior que ela está
certa — Ela não me reconheceu, eu ia saindo do
banheiro, quando sua conversa me chamou atenção
e eu resolvi ficar mais um tempinho. Elas falavam
sobre a gravidez, até aí tudo bem, uma conversa
normal entre amigas. Mas o que me deixou em
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choque, foi quando a Giulia disse que o Paollo era


um grande idiota, estava caindo direitinho no golpe
da barriga. Que quando a criança nascesse, ela ia
dar um jeito de se livrar dessa coisa, palavras dela,
que fique bem claro.
Santo Deus!
Valentina termina de falar e eu fico em
choque, olhando para sua cara sem saber o que
falar. Certo que a Giulia não vale nada, mas em
nenhuma das hipóteses me prepararia par isso. Essa
história do filho não ser dele é novidade para mim.
Que grande filha da puta, em pleno século vinte e
um ela dando o golpe da barriga. Mas e agora,
como o Paollo vai reagir a essa ilustre notícia?
— Amiga, fala alguma coisa.
— Está perdoada — ela começa a ri e
concordo que esse é realmente um motivo bem
válido para sua demora —, juro que por essa eu não
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esperava, essa Giulia é uma vaca de marca maior.


Quem será que é o pai dessa criança?
— Não faço a menor ideia — se inclina
sobre a mesa, ficando bem rente a mim, faz um
sinal como se estivesse prestes a falar algo que
ninguém pode ouvir —, agora é o momento de
desmascarar essa maluca, e tirá-la de uma vez da
vida de vocês. Se Paollo não é pai, não tem por que
ficar fazendo todas suas vontades, agora ela não
terá mais quem infernizar.
— Eu farei isso, mas sei que as coisas não
serão tão fáceis de resolver. Conhecendo a Giulia, é
bem capaz de agora que seu plano foi por água
abaixo, ela querer fazer alguma coisa com a
criança. E o Paollo do jeito que é, aposto que vai
querer criar o filho mesmo sem ser dele.
Levanto a mão e peço ao garçom mais
uma taça de vinho. Meus planos era sair daqui e

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voltar para o escritório, mas não vou conseguir me


concentrar em nada. Somente numa forma menos
dolorosa de contar ao Paollo que o filho que ele
tanto espera não é dele.
Será que isso é o melhor a se fazer?
Sei que seu sonho sempre foi ser pai,
destruir isso é a melhor solução para meus
problemas?
— Eu sei o que se passa na sua cabeça,
Vanessa — Valentina fala, me trazendo de volta
para a triste realidade —, pode ir parando de pensar
bobagem, sim, o melhor a se fazer é contar para ele.
Você ainda pode lhe dar um filho, então ninguém
merece ser feito de trouxa, ainda mais com um
assunto tão sério como esse. Vamos terminar nosso
almoço, tomar uma taça de vinho e a noite você vai
contar para o seu namorado, tudo o que ele precisa
saber, mesmo que seja doloroso.

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Acho que isso é o melhor a se fazer, eu


vou tirar essa máscara da Giulia de uma vez por
todas. Quero ver quem ela vai chamar agora, com
certeza vai se amaldiçoar por ter dado um mole
desse. No final das contas, tenho que agradecer por
minha amiga ter cortado os longos cabelos, assim a
vaca não a reconheceu. Eu só queria ser uma
abelhinha, para ver sua cara quando Paollo for tirar
satisfações, essa eu pago para ver.

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Capítulo quinze
Arianna Viccenzo

Minha vida era perfeita, minha conta


bancária tinha tantos zeros que eu perdia a conta.
Meu pai não pensava duas vezes em fazer tudo que
eu pedia. Essa é a sorte de ser filha única. Papai era
um dos maiores nomes do empreendimento da
Itália, alguns dos maiores e mais caros prédios
levava o seu nome. Tudo caminhava perfeitamente
bem, até que o maldito Bianchi apareceu em nosso
caminho. As contas da empresa começaram a
perder alguns zeros, nossa saída era uma licitação
milionária que o governo abriu, meu pai tinha tudo
para ser o grande campeão, mas o maldito

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Francesco Bianchi ganhou.


Meu pai começou a beber e de uma hora
para outra só se ouvia o sobrenome desse maldito.
Os prédios de renome começaram a ter o nome
dele, a cada dia a situação do meu pai piorava. Até
chegar o momento de beber vinte e quatro horas
por dia e por fim, meu pai, aquele que eu tanto
amava tirou sua vida. E eu sei quem é o culpado.
Ele pode ter morrido, mas sua descendência pagará
caro por isso, enquanto eu estiver viva, farei da
vida deles um inferno.
Lembro-me bem das últimas palavras do
meu pai:
— Eu sei que criei uma mulher forte,
independente e decidida. Me desculpe por ter
presenciado minha decadência, mas eu não
consegui suportar a ideia de que poderia nos
deixar na miséria. Você não foi feita para usar

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roupas e perfumes baratos. — Sua voz é baixa, é


perceptível o esforço que ele está fazendo — Tudo
isso por causa do Bianchi, se ele não tivesse
aparecido em meu caminho, nada disso teria
acontecido.
— Não fala mais nada, pai — Coloco um
dedo em seus lábios, impedindo-o de falar — De
uma coisa pode ter certeza, eu só irei descansar
quando acabar com todos daquela família. Irei até
o inferno, mas te prometo que isso não ficará em
vão.
— Eu confio em você filha, mostre para
eles que o sobrenome Viccenzo ainda tem força. —
Essas foram às últimas palavras do meu pai, antes
de desfalecer em meus braços.
Desde aquele dia, venho arquitetando a
melhor forma de vingança. Tive que me sujeitar a
muita coisa para conseguir dinheiro, dormi com

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muitos homens velhos e nojentos, que no fim das


contas não me ajudaram em nada. Até que em um
lindo e cinzento dia, um velho idiota ficou caidinho
por mim. Joguei todo meu charme, até que
finalmente nos casamos, não foi muito difícil de
convencê-lo a colocar toda sua fortuna em meu
nome. Assim que ele assinou os papéis, não
demorei muito a me livrar do velho babão. Em
todas as noites que permiti que me tocasse, me
senti suja com suas mãos passeando por mim.
Depois de alguns minutos de sexo, sim, ele não
durava mais que dez. Corria para o banheiro a fim
de me limpar. Então todo esse sacrifício merecia
ser recompensado, por isso fiquei com toda sua
fortuna.
Caminho até o bar e sirvo-me com uma
dose de whisky, infelizmente é ruim lembrar dessas
coisas. O que me deixa com mais raiva e sede de
vingança. Escuto batidas na porta, é o Connow,
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meu segurança e faz tudo. Um homem alto, estilo


armário de cozinha, musculoso, cabeça raspada e
uma barba que causa sensações deliciosas na minha
boceta.
— Patroa — sua voz é música para meus
ouvidos, só consigo me lembrar de seus gemidos,
enquanto eu o chupava —, já estamos prontos para
colocar o plano em prática, o alvo já está sobre
observações. Só precisamos do seu aval.
Todos serão alvos da minha fúria, Pietro já
está sentindo na pele do que sou capaz. Sei que os
Bianchi não gostam de se manter em manchetes,
ainda mais por uma coisa tão grave como estupro.
Um por um, sentirá o gosto amargo da minha
vingança. Lorenzo teve uma pequena doze, até hoje
consigo sentir o gosto delicioso do seu pau, mas ele
não perde por esperar, terá notícias minha em
breve.

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Como não posso ferir ninguém que o


Pietro ama, já que ele é um mulherengo filho da
puta, farei seu irmão sentir a dor por ele. Sei que
tem uma mulher que espera um filho seu, mas pelo
que pude investigar, seu ponto fraco não é esse e
sim uma brasileirinha que chama de mulher, esse
vai ser o primeiro recado, no próximo será a morte.
— Sim, pode acabar com essa brasileira de
merda. — Me aproximo, e fecho a porta atrás dele
— Mas antes, eu preciso ser bem fodida. Você acha
que é capaz disso?
— A senhora sabe que sim, se tem uma
coisa em que eu sou bom, muito bom, é em fazer
você gritar enquanto meto meu pau bem fundo no
seu rabinho.

Homem é tudo igual, não gostam

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que mexam com seu ego. Eles ficam mais ferozes,

e isso é o que acontece com o Connow. Ele não diz

mais nenhuma uma palavra, apenas me pega nos

braços e me joga sobre um pequeno sofá de canto.

Em seus olhos a única coisa que consigo ver, é o

desejo estampado neles. Sem pestanejar, rasga

minha roupa, me deixando só de calcinha e sutiã

em sua frente. Como não poderia ser diferente, faz

o mesmo com a minha calcinha e sutiã, ele não é

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nada gentil, mas é desse jeito bruto que eu gosto.

Me olhando fixamente nos olhos, abre lentamente o

cinto, para logo em seguida baixar sua calça e

cueca junto, me dando uma deliciosa e apetitosa

visão do seu pau grande, grosso e rosadinho.

Pelo visto a tarde vai ser boa, pois se


existe algo do qual não abro mão, é de ser bem
fodida!

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Capítulo dezesseis
Vanessa Albuquerque

Era disso que eu estava precisando,


colocar a conversa em dia com a minha amiga. Deu
tempo de sobra para falar sobre tudo, falamos sobre
nossos homens, a Violetta e essa confusão do
Pietro, que mesmo indiretamente afeta toda a
família. Também não posso esquecer da fofoca que
me contou, eu poderia deixar isso quieto e não falar
nada para o Paollo, mas para desencargo de
consciência contarei tudo nos mínimos detalhes.
O pior de tudo é que isso não me
surpreende nem um pouco, tem mulher que faz
tudo para segurar um homem E no fundo eu sempre

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imaginei isso, Paollo não seria tão idiota ao ponto


de engravidar uma mulher, ele sabe que muitas
queriam dar o golpe da barriga. Isso seria um tiro
no pé. Nesse caso acho que o DNA nem é
necessário, quero ver em quem ela vai dar o golpe,
já que esse falhou.
Valentina disse que ia ao banheiro, falei
que a esperaria do lado de fora. Nessa
brincadeirinha já tem dez minutos e nada dessa
vaca voltar. Bem a cara dela fazer isso, deve ter
encontrado alguém e está conversando. Depois que
aprendeu a falar italiano, minha nossa, fala pelos
cotovelos.
Ao lado do restaurante tem uma loja de
roupinha de bebê, e por um momento me imagino
na situação de muitas mulheres que estão entrando
e saindo com as mãos cheias de sacolas. Um
barrigão lindo, Paollo com suas mãos em meu

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ventre e o momento mágico de carregar uma vida


no ventre. Quando eu era mais nova sonhava em
ser mãe, mas entendi na medida em que o tempo ia
passando que criar um filho não é nada fácil, aquele
conto de fadas que os livros e filmes nos passam,
não é bem a verdade. São noites mal dormidas,
gastos e preocupação. E hoje, mesmo sabendo de
tudo isso, eu ainda desejo ter uma cópia nosso em
meus braços.
Sou filha única e meus pais também eram,
ou seja, sempre fui uma criança muito sozinha. Por
isso quero pelo menos um casal, assim meus filhos
não vão ficar sozinhos. Só de imaginar uma cópia
do Paollo, meu coração começa a palpitar
freneticamente.
Um vento gelado me atinge de repente
causando-me um arrepio que não sei bem explicar.
Olho assustada para todas as direções, tenho a

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estranha sensação de estar sendo observada, mas ao


meu redor não há nada de diferente. Pessoas
andando devagar, algumas apressadas, casais
passeando e muitos carros. Tudo me parece normal
por aqui, mas da última vez que senti essa
sensação, foi quando a Valentina foi sequestrada.
Desde muito nova que tenho esses
pressentimentos, minha mãe costumava dizer que
era coisa da minha cabeça, mas eu sei que não é. O
pior de tudo, é que não sei dizer se a coisa está
prestes a acontecer comigo ou com alguém que
amo muito. Para desencargo de consciência, pego
meu celular em minha bolsa e mando uma
mensagem para o Paollo e outra para a Valentina.
Com toda essa história do Pietro, confesso que o
medo de alguma coisa acontecer ficou bem maior.
Paollo não demora a responder, o que me
tranquiliza por um momento:

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Carino, estou terminando de assinar


alguns papéis. Te espero em casa, irei preparar um
delicioso jantar, e um vinho para acompanhar.
Beijos, te amo.
Meu amor não é apenas um rostinho
bonito, seus dotes culinários são de dar inveja em
qualquer um. Em mim principalmente. Na primeira
vez que cozinhou para mim, cheguei a pensar que
iria comer uma gororoba, mas me surpreendi
completamente.
Sou tirada de meus pensamentos com o bip
do meu celular, é um áudio da Valentina. Ela já
está a caminho, o que me deixa mais aliviada. Mas
se não é nada com eles, só sobra a mim mesma.
Nesse momento me pego com medo e imaginando
o pior, sei que nem sempre esses pressentimentos
funcionam, mas prefiro não arriscar. Peço a Deus
que guie meus passos nesse mundo cheio de

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maldade e escuridão.
Pego meu celular da bolsa e mando um
áudio para a Valentina, pedindo que me encontre
no estacionamento. Nesse momento, a única coisa
que necessito é dos braços do meu Paollo. Caminho
em passos largos e apressados, a sensação de estar
sendo seguida não me abandona, pelo contrário, a
todo instante fica mais forte. Caminho por mais
alguns minutos, até que vejo Valentina encostada
no meu carro. Por um momento sinto-me aliviada,
mas tudo muda imediatamente, assim que vejo um
carro vermelho parar em minha frente, e pela
janela, vejo um homem sacar uma arma e atirar em
minha direção.
Não sei bem quantos tiros foram, dois, três
ou até quatro. No instante que vi aquele cano preto
mirado em minha direção, perdi completamente a
noção das coisas.

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Queimação...
Ardor...
São as coisas que sinto nesse momento,
uma dor absurda toma conta de mim. Levo a mão a
perna, numa falha tentativa de conter o sangue. Não
sei quanto tempo se passou, até que escuto os gritos
da Valentina.
Deus, eu sabia que meu pressentimento
não era em vão, sei que não costumo rezar, mas se
ainda me considera sua filha, perdoe-me por todos
os meus pecados, e não permita que nada de mais
grave aconteça comigo, tenho muita coisa para
viver, principalmente ao lado do Paollo. Peço
segundos antes de eu cair no chão.

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Capítulo dezesseis
Paollo Bianchi

Passamos a manhã inteira enfurnados


nessa bendita sala, quanto mais se mexe nessa
história, pior ela fica. Já pensei em todos os
motivos, mas não encontro nenhum valido para a
Fiorella ter feito isso, ou até mesmo a tal da
Arianna. Mas o pior é sabemos que para uma
mulher, qualquer coisa é motivo para vingança.
Achando que tenho poucos problemas para
resolver, Giulia me ligou fazendo seu drama de
sempre. Disse que estava com dores e que queria ir
ao médico. Ela pensa que vai continuar me
enganando, mas foi para evitar essas coisas que

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contratei uma enfermeira e por isso, mando uma


mensagem perguntando sobre o estado da Giulia. E
como não é nenhuma surpresa, sua resposta é que a
mãe do meu filho estava bem, arrisco dizer que até
melhor que eu.
Em contrapartida, recebi uma mensagem
da Vanessa perguntando como eu estava. É nessas
horas que me pego igual um bobo, sorrindo e
imaginando o lindo rosto da Vanessa. Ela precisa
ser um pouco mimada, é por isso que assim que sair
daqui, passarei no mercado e comprarei algumas
coisas, vou preparar um jantar para nós dois.
Na época da faculdade, tive que aprender a
me virar sozinho. Minha mãe não estava lá para me
ajudar, muito menos empregada para cozinhar para
mim. Então tive que aprender de um jeito ou de
outro, eu tinha dinheiro para comprar comida
pronta e até para pagar alguém para mim, mas

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achei melhor aprender, e pedi para que minha mãe


me ensinasse. Hoje agradeço por isso, agora posso
fazer um agrado para minha mulher.
Termino de assinar alguns papéis, me
despeço de alguns funcionários e entro no elevador
a caminho do estacionamento. Graças a Deus nesse
horário não está engarrafado, por que não tem nada
mais estressante do que ficar horas parado com o
carro na rua.
Pego meu celular e mando uma mensagem
para a Vanessa, o que eu acho estranho é que ela
costuma responder rápido, e até o momento não
houve resposta. Mas não vou colocar coisa na
cabeça, ela está com a Valentina, e quando essas
duas se juntam para conversar, só tendo muita
paciência, porque não sei de onde tiram tanto
assunto.
Assim que chego ao estacionamento,

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avisto um envelope no meu para-brisa. Abro e


retiro de dentro uma folha de papel com as
seguintes palavras:
Vai chegar o momento em que você vai se
arrepender de ter o sobrenome Bianchi. Espero
que goste do presentinho que dei a sua mulher.
Assinado: Seu pior pesadelo
Inferno! Se eu pego esse filho da puta,
acabo com sua raça com minhas próprias mãos. Se
ele pensa que vai brincar comigo desse jeito, está
muito enganado. Pego meu celular e ligo para a
Vanessa, porém mais uma vez sem sucesso. Disco
rapidamente para a Valentina, mas cai na caixa
postal.
Que droga!
Retorno correndo para o escritório, afinal,
preciso que meus primos vejam essa merda. Esse
joguinho começou a ficar perigoso, e acho bom
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acabarmos logo com isso, antes que seja tarde


demais.
Quase sem fôlego chego ao escritório, não
sei como consegui subir todos esses degraus. Estou
sentindo até uma queimação nos meus pulmões,
mas não estava a fim de esperar o elevador chegar.
— Paollo — encontro com o Lorenzo na
porta de sua sala —, já ia correndo atrás de você, eu
liguei para o seu celular algumas vezes.
— Não percebi que ele tocava. Mas olha
essa porra que estava no meu carro — falo
entregando o maldito bilhete —, essa merda está
indo longe demais Lorenzo. Antes era só uma
acusação falsa contra o Pietro, mas agora estão
ameaçando a minha namorada. E o pior de tudo, é
que não consigo falar com ela, nem a Valentina.
Termino de falar e vejo a expressão do
meu primo mudar drasticamente, imediatamente
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sinto um aperto no peito, e sei que algo de ruim


aconteceu com a minha Vanessa.
— Paollo, sei que não é fácil, mas você
precisa ter calma. Prometa-me que vai esperar eu
terminar de falar antes de tomar qualquer atitude?
Diabos, agora eu tenho certeza de que
alguma coisa aconteceu com a minha Vanessa. Se
eu tivesse desconfiado de qualquer perigo, claro
que eu não a deixaria colocar os pés sozinha na rua.
— Que inferno, Lorenzo! Para de enrolar e
fala de uma vez. O que aconteceu com a minha
mulher?
— A Valentina me ligou, não conseguiu
explicar muito o que aconteceu. Mas parece que um
carro parou em frente a Vanessa — eu juro que
quando descobrir quem está por trás disso, farei
justiça com minhas próprias mãos —, parece que
ela foi atingida com alguns tiros...
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Um filme de repente começa a passar em


minha mente, todos os momentos em que consegui
arrancar um sorriso da Vanessa. As noites em que
nos amamos, sua gargalhada gostosa e
principalmente a forma como demostra seu amor
por mim. Não posso acreditar que tudo isso está
acontecendo, não posso crer que meu último
contato com meu amor teria sido um simples
selinho e um tchau.
Só sei que vou até o inferno atrás de quem
atentou contra a vida da Vanessa. Conhecerão o
pior lado de Paollo Bianchi e eu não gostaria de
estar na pele dessas pessoas.
Olho para o meu primo e sua expressão é
de extrema certeza, eu sei que ele já esteve na
mesma posição que eu, e ele mais do que ninguém
sabe a dor que estou sentindo nesse momento, só de
imaginar que a minha mulher pode morrer...

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— Para qual hospital a levaram? —


pergunto depois de um bom tempo em silêncio.
— Para o Martinez, vamos que te levo até
lá — fala lendo meus pensamentos, não sei se seria
capaz de dirigir até o hospital —, você não tem a
menor condição de pegar em um volante de um
carro e eu não estou doido de permitir uma coisa
dessas.
O que menos precisamos nesse momento é
de uma nova tragédia, tenho ciência de que dirigir
na situação em que estou pode ser muito perigoso.
Eu só quero chegar e encontrar a Vanessa, de
preferência sem que nada grave tenha acontecido.
Lorenzo foi rapidamente a sua sala, falou
com sua secretária e descemos para o
estacionamento. Palavras são tudo que eu não
preciso ouvir nesse momento, a Vanessa é tudo que
eu tenho de mais precioso na minha vida. Não

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saberia como viver sem sua presença ao meu lado.


Pode parecer estranho, mas ela é o arco-íris mais
lindo dessa minha vida preto e branco.
O caminho até o hospital é longo, no carro
somente o som de nossas respirações é perceptível.
Eu só quero chegar o mais rápido possível, preciso
descobrir o que de fato aconteceu e se Valentina
viu alguma coisa que possa me ajudar a descobrir
quem foi o filho da puta que ousou atirar na minha
mulher.

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Capítulo dezessete
Paollo Bianchi

Não pensei que uma espera pudesse ser tão


torturante, chegamos tem pouco mais de uma hora.
Como não poderia ser diferente, deixei o Lorenzo
estacionando o carro e fui direto para a recepção, a
fim de buscar informações sobre a ela. Por pouco
não levei esse hospital abaixo, a enfermeira
simplesmente resolveu me ignorar, e depois de
muito tempo resolveu me dizer o estado da
Vanessa.
Vanessa levou um tiro no ombro e outro
na perna, está passando por cirurgia nesse
momento, para retirada da bala que ficou alojada

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em sua perna esquerda.


Eu queria poder respirar aliviado, pois
apesar do atentado ela está bem, e o mais
importante é que não corre risco de vida. Só vai
precisar de muitos cuidados pelos próximos dias, e
claro que eu ficarei ao seu lado. Não quero saber de
negócios, Giulia, muito menos o Pietro, ele que
resolva seus problemas.
Valentina passou mal, por isso está nesse
momento recebendo soro, e o Lorenzo está com ela
agora. Eu pensei muito antes de ligar para minha
sogra, dona Maria tem a saúde muito frágil, tenho
certeza de que não é nada fácil receber uma notícia
dessa e aposto que Vanessa comeria meu fígado.
Como as notícias correm rapidamente,
dezenas de jornalistas ocupam a porta do hospital.
Eu estou tão saturado, que se eu for falar com esses
urubus, coisa boa não vai sair. Eles não conseguem

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ter um pingo de respeito, minha mulher internada e


eles querendo preparar a próxima capa desses
jornaizinhos de merda.
Estou em uma sala de espera branca, sem
vida e nem um pouco de sentimento. Já andei tanto
por ela, que se tornou até pequena. Não sei mais o
que pensar, estou vivendo os minutos mais
torturantes da minha vida. Estamos em um hospital
conceituado, então sei que Vanessa está em boas
mãos, mas só de pensar que qualquer coisa pode
acontecer, uma dor filha da puta toma conta do meu
coração.
— Paollo — volto a minha realidade com
a chegada de Enrico e Antonella —, como você
está primo?
Apesar das demonstrações de amor serem
raras na nossa família, recebo surpreso o abraço do
meu primo. Só Deus sabe o quanto estou tentando

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ser forte, nesse momento eu só desejo saber quem


fez isso com a minha Vanessa.
— Fodido! — Sim, essa é a minha
definição atualmente — Eu só queria que tudo isso
fosse só um maldito pesadelo, só de pensar no que
a minha Vanessa passou, não gosto nem de
imaginar que o pior poderia ter acontecido.
— Lá fora está cheio de jornalistas, minha
vontade era de tacar minha bolsa na cara deles —
Antonella se aproxima e me abraça, por um instante
acabei sorrindo com seu comentário. — Qual o
estado da Vanessa? Os tabloides já começaram a
noticiar sobre o ataque: Vanessa Albuquerque,
namorada do CEO Paollo Bianchi é vítima de
atentado.
— São uns filhos da puta mesmo, pior que
não estou com cabeça para sair e debater. Minha
maior preocupação agora é a Vanessa. Tenho que

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ligar para a minha sogra, não quero que ela saiba


pelos noticiários. Vocês acham que devo pedir para
a assessoria de impressa soltar uma nota a respeito?
Eu não queria, mas é melhor do que deixar
as notícias falsas rodando por aí. Essa é uma das
desvantagens de se ter uma vida pública, nada
passa despercebido pela impressa.
— Acho que nesse momento, essa é a
melhor atitude a se tomar. Pode ficar tranquilo que
farei isso agora. — Enrico se oferece, solicito como
sempre — Eu acho que você precisa ligar agora
mesmo para a dona Maria, não queremos que ela
saiba sobre a Vanessa dessa forma. Nós bem
sabemos como esses jornalistas podem ser cruéis
em suas palavras.
— Sim, eu farei isso agora mesmo. —
Pego o celular do meu bolso, e disco o número da
minha sogra.

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Enquanto falo com a mãe de Vanessa,


Antonella foi até o quarto da Valentina. Eu imagino
que não deve estar sendo nada fácil para ela, já que
há uns anos elas passaram pela mesma situação, só
que com a Valentina sendo a vítima. Eu quero
acreditar que esses atentados não possuem ligação,
assim também como quero crer que a Fiorella não
tem nada com essa história, e não podemos nos
esquecer da mulher que estava com ela nas fotos.
— Me diga que nada de ruim aconteceu
com a minha filha, Paollo? — dona Maria fala,
assim que atende à ligação. Eu queria dizer que
estava tudo bem, mas infelizmente sou portador de
uma péssima notícia.
Passei cerca de meia hora conversando
com ela, expliquei tudo que tinha acontecido e fiz
questão de deixar bem claro que Vanessa não corre
risco de morte, assim como toda mãe, dona Maria

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quer ver com os próprios olhos. Então me ofereci


para mandar um jatinho pegá-la no Brasil, sei que
sua saúde não está em seu melhor momento, por
isso mandarei uma enfermeira junto.
Dona Maria é uma senhora de setenta
anos, já estávamos a um tempo tentando convencê-
la a passar pelo menos umas férias conosco, acho
que pelo menos uma coisa boa vai acontecer em
meio a esse caos.
Encerramos a ligação e logo liguei para o
Pietro, para que preparasse o jatinho o mais rápido
possível. Ele queria vir para o hospital, mas
sabemos que esse seria um prato cheio para os
jornalistas. Então o tranquilizei, pois ele será muito
mais útil na empresa do que aqui.
Passei na recepção a fim de saber se a
cirurgia já tinha terminado, mas como sempre, as
enfermeiras com uma super vontade de trabalhar,

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me mandaram aguardar, pois o médico viria falar


comigo. Sem ter muito o que fazer, sento nesse
bendita cadeira e espero. Só me resta fazer uma
coisa, e não sei se ainda a sei fazer.
Pai, eu não sei se depois de tanto tempo o
senhor ainda é capaz de me ouvir. Sei que sou
pecador, mas nesse momento venho pedir que olhe
pela vida da minha mulher. Temos muitos planos,
sonhos e uma longa caminhada pela frente.
Vanessa é a mulher da minha vida, o ar que eu
preciso para poder viver.
Porra, as benditas lágrimas que eu vinha
segurando desde o momento que recebi a notícia do
seu atentado, começam a cair. Olho para os lados,
pois não quero que ninguém me veja chorando.
Seco rapidamente meu rosto, não posso deixar a
emoção guiar meus passos, preciso ser forte, pois
sei que Vanessa precisará de todo apoio e amor do

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mundo.

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Capítulo dezoito
Vanessa Albuquerque

Dizem que um dos maiores medos do ser


humano é a morte, e comigo também não poderia
ser diferente. Um filme começou a passar pela
minha mente, o medo de morrer e ter meus planos e
sonhos ceifados me atormentaram, desde o
momento em que vi aqueles homens com a arma
apontada em minha direção. Paollo, Valentina,
imagino que não deve ter sido nada fácil para eles.
Só espero que não tenham falado nada
para minha mãe, não quero que passe mal ao saber
da minha situação. Seu estado de saúde é delicado,
então fortes emoções estão fora de cogitação.

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Não sei bem quanto tempo se passou, mas


sinto uma dor de cabeça infernal. Tento abrir os
olhos, mas a claridade me incomoda, então acho
mais viável permanecer com os olhos fechados,
pelo menos nesse primeiro momento.
Tenho certeza de que rapidinho vão
encontrar quem fez isso comigo. Eu quero muito
saber o motivo de tentarem me matar. Apesar de
que, tenho uma leve impressão de que tudo isso
tem relação com a Fiorella. Eu só queria descobrir
o motivo de tanta raiva, até por que matar uma
pessoa não deve nem ser cogitado.
Escuto o barulho da porta se abrindo,
quero abrir os olhos e ver quem chegou, mas a
claridade não permite.
— Oi, amor — Escuto a voz do Paollo, o
dono de todo meu amor — Quando você vai
acordar? Não tem coisa pior nesse mundo, do que

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vir nesse quarto e te ver sem sua alegria


costumeira. É tão ruim entrar naquele apartamento,
e não ser recebido com o calor dos seus braços.
Oh Deus, como eu senti saudades de sua
voz. Pelo tamanho da minha saudade, devo ter
ficado desacordada por alguns dias.
— Eu fiz uma coisa que há muito tempo
não fazia, rezei para que Deus te protegesse e não
te levasse de mim. Acho que Ele ouviu minhas
orações, pois os médicos disseram que você não
corre perigo, conseguiram tirar a bala que ficou
alojada em sua perna. — Lembro vagamente de ter
ouvido alguns tiros, só não tive certeza dos lugares
em que fui atingida — Uma angústia, um medo
inexplicável tomou conta do meu peito, a ideia de
te perder não queria entrar na minha cabeça, no
fundo eu sempre soube que Deus não faria isso
comigo.

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Numa tentativa de comunicação, estico os


braços e aperto sua mão que está sobre minha
barriga. Rapidamente ele retribui o aperto e leva
minhas mãos aos lábios.
— Minha Vanessa — sua voz embargada,
é um claro sinal de que a emoção tomou conta do
meu amor —, eu te amo tanto, não imagina o alívio
que estou sentindo nesse momento. De uma coisa
eu posso ter certeza, minha vida sem você não faz o
menor sentido, assim como eu preciso do ar para
viver, preciso de você para ser feliz. Eu prometo
que a partir de hoje, te amarei intensamente todos
os dias, até o final de nossas vidas.
— Eu... — mesmo me sentindo fraca,
reúno minhas forças para falar — te amo, Paollo.
— Carino!
Com cuidado, ele me pega em seus braços
e me abraça forte. Deixo a emoção tomar conta de
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mim nesse momento, afinal, estar nos braços do


amor da minha vida é o melhor e mais
aconchegante lugar que eu poderia estar. Abro os
olhos e vislumbro seu rosto, que agora está coberto
por uma barba um pouco maior do que a que gosto.
— Essa sua barba está horrível. — Paollo
começa a rir, o que me deixa extremamente feliz.
— Minha Vanessa está de volta. — Me
abraça com mais força do que o necessário, me
fazendo gemer de dor — Dio mio, me perdoe meu
amor, essa não era minha intenção. Eu tenho uma
ótima notícia para você.
— Estou louca para saber, mas antes —
ele se afasta, para ter uma visão melhor do meu
rosto — quanto tempo eu estou aqui?
— Não muito, já estamos há três dias
nesse hospital. Você passou por duas cirurgias e
ficou a maior parte do tempo sedada. Os médicos
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tinham medo de você sentir dor.


É pouco tempo, perto da eternidade que eu
pensei ter se passado.
— Você não disse nada a minha mãe, não
é? — Sua expressão muda rapidamente, e tenho até
medo da resposta — Paollo, você sabe que a saúde
dela é delicada, fortes emoções poderiam ser fatais.
— Desculpe, mas foi necessário. Você
namora com um Bianchi, sua vida agora é
importante para os jornalistas. Então começaram a
noticiar sobre o atentado e antes que ela soubesse
por um tabloide, eu achei mais viável ligar e contar
o que tinha acontecido. De uma forma ou de outra
ela já sabia que algo tinha acontecido com você.
Então já esperava...
— E qual foi a reação dela? Minha mãe
está bem?
Deus, eu não quero nem pensar que algo
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de ruim pode ter acontecido com a minha mãe. Eu


não tenho irmãos, muito menos parentes próximos.
Se alguma coisa acontecer, ela estará sozinha, sem
ninguém para socorrê-la.
— Calma, não aconteceu nada com a dona
Maria. Uma coisa boa aconteceu no meio de tudo
isso, ela decidiu que queria cuidar pessoalmente da
filha. Ela chegou aqui em Vicenza há três dias.
Depois de muito insistir, ela foi descansar na casa
do Lorenzo.
— Jura? Dona Maria Albuquerque
finalmente saiu do Brasil?
Todos os dias eu tentava convencê-la a
passar pelo menos umas férias, já que a
possibilidade de se mudar de vez estava fora de
cogitação. Minha preocupação era diária, meu
maior medo era de que algo acontecesse e minha
mãe não tivesse ninguém para lhe auxiliar. No final

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das contas, essa tentativa de assassinato me ajudou


em alguma coisa.
— Sim, agora vai ser mais fácil à gente lhe
convencer de ficar. Sua mãe precisa de cuidados e
no Brasil ela não vai ter toda atenção que terá aqui.
Vamos fazer assim, vou agora buscá-la, ela vai
ficar muito feliz em saber que você acordou.
— Tudo bem, vai logo que estou morrendo
de saudades da minha mãe. — Beija meus lábios e
sai correndo do quarto, estou louca para vê-la,
minha mãe é um pouco teimosa, então vou
aproveitar que está aqui para levá-la ao médico.
Deitei novamente e na minha mente as
mais variadas lembranças surgem, minha mãe é o
meu bem maior, aquela a quem eu daria minha vida
se fosse possível.
Sou tirada de meus pensamentos, com
batidas na porta. Abro os olhos a tempo de ver uma
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médica entrando, com um sorriso de orelha a


orelha.
— Olá, Vanessa — uma senhora já de
idade fala solicita —, fico feliz que tenha acordado.
Vou fazer alguns exames rápidos, para que a gente
possa conversar.
Ela começa a medir minha pressão, escutar
batimentos, colocar uma luz irritante em meus
olhos e mais alguns exames chatos. Odeio hospital,
mas agora não tenho para onde correr, só me resta
ficar aqui igual uma boneca e deixar a doutora fazer
seu trabalho.
Depois de duas longas horas...mentira, uns
vinte minutos, ela finalmente terminou de checar
tudo que precisava. Pelo menos espero que tenha
terminado.
— Graças a Deus, as balas não atingiram
nenhum ponto vital. Acredito que amanhã já
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consiga te dar alta. Você vai ter que cuidar todos os


dias desses ferimentos, trocando os curativos com
todo cuidado. Acredito que em no máximo duas
semanas, as feridas comecem a cicatrizar de vez.
Foi um milagre mesmo, pois com as fortes emoções
que você viveu, nada de ruim aconteceu com seu
bebê...
Oi?
Eu ouvi bem ou a médica falou sobre um
bebê?
— A senhora falou a palavra bebê? —
pergunto assustada.
Não posso acreditar no que eu acabei de
ouvir. Há pouco tempo eu estava em frente a uma
loja de roupa me imaginando grávida. Será que no
fundo eu já estava pressentimento que uma vida
estava sendo gerada em meu ventre?
— Sim, você não sabia que estava
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grávida?
Jesus, eu não estou delirando, ela
realmente falou isso.
Grávida... eu vou ter um filho.
Senhor, eu realmente vou ser mãe?

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Capítulo dezenove
Vanessa Albuquerque

O que eu pensei ser um sonho, agora se


tornou minha realidade, mas ainda não sei o que
devo pensar ou sentir. A médica me explicou que
estou com oito semanas de gestação, que por um
milagre nada de ruim aconteceu com o meu bebê.
Me passou uma lista de recomendações do que
devo ou não fazer. Perguntei se ela tinha falado
com o Paollo, pois achei estranho ele não comentar
sobre a gravidez. Ela achou melhor não contar, pois
do jeito que as coisas estão hoje em dia, eu poderia
não gostar de ela ter contado a ele.
Fico feliz por ela ter feito isso, eu mesmo

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quero contar a ele sobre a novidade. Não sei bem


qual será sua reação, até porque ele ainda não sabe
que o filho que a Giulia espera não é dele. Até
nisso aquela vaca tem sorte, no dia em que eu sofri
o atentado eu iria desmascará-la.
Mas agora uma dúvida ronda na minha
mente, contou ou não a ele sobre a minha gravidez?
Se formos olhar pelo lado bom, esse filho pode ser
sua válvula de escape, já que ele sofreria uma
decepção e tanto com toda essa história.
Agora preciso decidir: Conto primeiro
sobre a minha gravidez, ou sobre a farsa da Giulia?
— Amiga — um furacão entra correndo no
meu quarto, me assustando um pouco —, agora eu
entendo como você se sentiu. Nunca me senti tão
impotente, quando te vi caindo no chão, meu peito
começou a doer de uma forma absurda.
Puxa-me para um forte abraço e começa a
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chorar, me levando também as lágrimas.


— Não sabia como explicar para o Paollo
o que tinha acontecido, tudo foi culpa minha amiga.
Se eu não tivesse demorado um século no banheiro,
a gente tinha ido logo para o estacionamento e
aqueles filhos da puta não teriam lhe acertado.
— Val, sabemos que a ordem dos fatores
não alteraria o produto. Certamente eles já estavam
a nossa espera, de uma forma ou de outra iriam
concluir o serviço, e nós duas sabemos disso. —
Me afasto de seus braços, para ter uma visão
melhor de seu rosto banhado em lágrimas — Não
quero que você fique se culpando, Paollo vai
descobrir quem tentou me matar e vamos descobrir
toda a verdade.
— Eu aposto com você que tem dedo da
vaca da Fiorella — fala com raiva —, logo que
meus olhos cruzaram com o dela, sabia que aquela

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vaca não era coisa que prestasse. Posso até estar


julgando errado, mas no fundo eu sei que ela está
por trás de tudo isso. Se a encontro, dou-lhe a surra
que está merecendo.
Eu queria ficar conversando sobre essa
história, mas nesse momento preciso colocar para
fora o que estou sentindo.
— Estou grávida — falo pegando-a de
surpresa.
— Nossa senhora das mulheres grávidas
— pula na cama, acho que esqueceu que eu levei
alguns tiros — Vanessa do céu, não posso acreditar
no que estou ouvindo. Você tem noção do que isso
significa?
— Que eu vou carregar uma criança na
minha barriga por nove meses, pés inchados, noites
mal dormidas e desejos estranhos?
— É, isso também — Acabo rindo com
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seu comentário — Mas o foco não é esse, bem


agora que descobrimos sobre a farsa da Giulia,
mesmo com o que você passou, Deus protegeu o
seu bebê. Ele sabia que o Paollo ficaria péssimo ao
descobrir sobre o golpe, então nada mais justo que
mandar o próprio filho de vocês.
— Eu estava justamente pensando nisso, e
com isso uma dúvida está martelando na minha
mente.
— Você não invente de querer esconder
essa gravidez dele, se você não contar, eu mesma
farei isso.
Esse é o problema de sua melhor amiga te
conhecer tanto. Ela sabe de tudo, até antes mesmo
que você possa pensar nas coisas. Não vou mentir,
passou pela minha cabeça não contar para o Paollo,
pelo menos por enquanto, mas tenho certeza de que
quando ele descobrisse ficaria muito, mais muito

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chateado comigo. E não é isso que eu quero.


— Eu conto primeiro sobre a minha
gravidez ou a farsa da Giulia?
— Hum... — Começa a andar de um lado
para o outro no quarto — Conta primeiro sobre a
farsa, ele vai ficar triste e revoltado, e o
conhecemos bem para saber que ele é capaz de
cometer uma loucura. Então logo em seguida, você
fala que está esperando um filho dele. Nós sabemos
que foi um verdadeiro milagre, você levou dois
tiros, passou por cirurgias, ficou três dias sedada, e
mesmo assim seu filho está firme e forte no seu
ventre.
— No dia do atentado eu estava
justamente na porta de uma loja de roupinha de
bebê. Comecei a sentir uma louca vontade de ser
mãe e principalmente gerar um mini Paollo em meu
ventre. — Valentina me observa atentamente. —

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Você mais do que ninguém, sabe qual era o meu


pensamento a respeito de filhos. E saber que
mesmo com tudo que eu passei, meu bebê continua
sendo gerado dentro de mim, com certeza não tem
preço.
— Sabemos que isso é obra de Deus,
amiga. Tenho certeza que esse bebê será muito
amado por todos. E eu já quero que seja menina,
para ser melhor amiga da minha Violetta.
Conversamos por mais alguns minutos, até
que minha amiga precisou ir para casa. Violetta
está um pouco doentinha, então precisa de toda
atenção. Agora eu preciso pensar em uma forma de
contar para o Paollo, sei que esse não era o
momento adequado para ter um filho, mas estou
feliz que isso tenha acontecido.
— Oi, filho — Coloco a mão em meu
ventre, acariciando devagar — mamãe está surpresa

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com sua chegada, mas também estou muito feliz.


Só de imaginar que você vai ser uma linda cópia do
seu pai, a ansiedade de ver seu rostinho aumenta.
— Lágrimas de alegria, molham insensatamente
meu rosto — Como é possível já te amar com tanta
intensidade em tão pouco tempo?
É indescritível a sensação de felicidade
que se apossou do meu coração, não tem nem doze
horas que descobri que estou grávida e já sinto um
amor inexplicável dentro de mim. Agora eu
entendo como a Valentina se sentia, ela me falava
sobre esse amor, mas eu não entendia toda sua
intensidade.
— Agora você se tornou a minicópia mais
amada desse mundo, tenho certeza de que seu pai
vai surtar. Só preciso te avisar uma coisa filho: seus
tios são completamente loucos, não siga o exemplo
do Pietro, o resto está liberado.

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Sim, vou deixar meu bebê bem longe do


Pietro, ele é louco, nada confiável e uma péssima
influência.
Agora estou em dúvida se quero um
menino ou menina.
Uma cópia minha ou do Paollo?

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Capítulo vinte
Vanessa Albuquerque

Finalmente chegou o momento de contar


para o Paollo sobre a minha gravidez. Ontem tive
alta do hospital, a médica me passou todas as
recomendações necessárias para que nada aconteça
com o meu bebê, muito menos com minha saúde.
Ontem mesmo tive uma conversa séria com a
minha mãe, pelo fato de estarmos longe, ela
escondeu a real gravidade de sua saúde. Mas agora
que está aqui, não vou deixar que volte para o
Brasil. Já estou vendo os melhores médicos, ela
pode reclamar, mas vai nem que seja arrastada.
Paollo nos deixou a sós por um momento,

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e eu aproveitei para contar para minha mãe que ela


seria vovó. Foi emocionante ver minha mãe com o
rosto banhado de lágrimas, nós duas só temos uma
a outra, então é o recomeço de nossa geração.
Como uma boa mãe, me deu todos os conselhos
que eu poderia imaginar. Por um momento comecei
a pensar na possibilidade de não ser uma boa mãe,
com toda certeza esse é o meu maior medo.
Enquanto conversávamos, ela me deu uma
ótima ideia de como contar para o Paollo. E foi o
que eu segui, pedi para que a Valentina fosse até o
shopping e comprasse um relógio e gravasse em
baixo a frase: Oi, papai, estou a caminho.
Agora é pouco mais de oito da noite,
Paollo deve chegar a qualquer momento. Ele queria
ficar comigo, mas não vejo necessidade, minha mãe
pode me ajudar muito bem. O ferimento da perna
não me atrapalha muito, já o do ombro vem me

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incomodando por algumas vezes. A médica disse


que eu sentiria esse incômodo, nada de anormal.
Tomei um banho de banheira e minha mãe
me ajudou a limpar meus ferimentos. Deixou a
mesa posta e foi se deitar, alegando que o cansaço
da idade chegou. Não vou forçá-la, até eu ter uma
opinião de um médico, deixarei que me engane e
então saberei o que ela realmente tem.
Sento-me no sofá e fico à espera do meu
amor. Eu tento, mas é difícil não pensar na
reviravolta que minha vida deu, hoje posso dizer
que sou feliz ao lado do Paollo e agora nossa
felicidade tem um significado diferente.
Só de pensar que eu quase abri mão do
nosso amor, se eu tivesse deixado a Giulia
atrapalhar nosso relacionamento, hoje com certeza
ela teria conseguido finalizar o golpe da barriga.
Mas Deus nos deu uma segunda chance e nós a

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agarramos com unhas e dentes.


Preciso pensar em como lhe contar sobre a
Giulia, pensei e repensei durante esses dias e nada
passou pela minha cabeça. Tenho poucos minutos
para pensar na ordem das notícias, não sei se
primeiro conto a boa, ou a ruim. Escuto o barulho
da porta se abrindo, olho para trás e vejo o
momento exato em que o Paollo entra. Lindo,
estonteante e dono de um sorriso que me deixa
louca.
— Boa noite, amor. — Caminho
vagarosamente até ele — Como foi seu dia? —
indago, beijando seus lábios.
— Boa noite, carino. — Beija calmamente
meus lábios, coloco a mão em seus cabelos, o
puxando para mim e intensificando o beijo.
Suas mãos vão de encontro a minha
cintura, me apertando um pouco mais do que
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necessário, fazendo com que eu sinta uma fisgada


em meu ombro, gemo de dor e ele me larga de
imediato.
— Caralho, Vanessa, você tinha que me
beijar dessa forma? — fala com sua testa encostada
na minha. — Você sabe que dificilmente resisto a
seus lábios deliciosos, eu nunca consigo parar só no
beijo. Aí agora vem me beijar dessa forma, porra,
assim fica difícil.
— Desculpe, eu só queria recepcionar o
meu amor em grande estilo. — O abraço pela
cintura. — Toma, é para você.
Falo lhe entregando o relógio, eu preparei
com tanto carinho esse presente. Não tinha por que
não lhe entregar, mas ele só vai abrir na hora certa.
Vai ser um complemento da minha revelação.
— O que é isso? — fala analisando o
pacote em sua mão.
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— É um presente, mas você só pode abrir


mais tarde. Promete que não vai olhar?
— Sim, prometo. — Me olha um pouco
desconfiado.
Beijo seus lábios e dou um tapinha em sua
bunda, eu sei, a cena foi bem hilária. Paollo é um
homem alto, nossa diferença de tamanho é gritante.
Não vou mentir, tem suas vantagens namorar com
um homem tão alto, a parte ruim é que as pessoas
ficam nos encarando. E isso me deixa puta da vida.
Porque é normal o homem ser maior, que frescura
desse povo!
Paollo subiu para tomar um banho e
termino de ajustar a mesa para o nosso jantar. Essas
malditas borboletas parecem fazer uma festa dentro
do meu estômago, e na medida em que as horas vão
passando a ansiedade vai tomando conta de mim,
estou louca para saber qual será sua reação.

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Em poucos minutos Paollo desceu,


sentamos a mesa e apreciamos o delicioso jantar
feito pela minha mãe. Lasanha com molho branco,
e o melhor de tudo, o delicioso tempero de mãe. Eu
queria que ela estivesse aqui com a gente, mas eu
tive bem a quem puxar minha teimosia, dona Maria
chega a ser pior que eu.
O tempo inteiro Paollo não desviou os
olhos de mim e penso qual seria o momento certo
para contar sobre a nossa minicópia.
O jantar terminou e eu não tive coragem
de falar. Conversamos algumas amenidades,
assuntos sobre a empresa, nosso relacionamento e
as últimas manchetes relacionadas a família
Bianchi. Eu sabia que o meu atentado seria motivo
para notícia, só não pensei que eu seria capa de
todos os tabloides da Itália.
Retiramos os pratos da mesa e colocamos

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na pia, ele queria lavar, mas o puxei para o quarto.


Quero sentir o calor de seu copo a meu.
— Como foi seu dia meu amor? —
pergunto com a cabeça encostada em seu peito.
— A mesma confusão de sempre. Com
toda essa história do Pietro, acabamos perdendo
alguns contratos, nada capaz de nos deixar pobres,
mas é ruim de pensar nisso, ainda mais tendo
ciência de que tudo é uma grande mentira.
— Já descobriram o paradeiro da Fiorella?
— Eu só queria saber como uma pessoa pode sumir
assim do mapa, certeza de que ela tem algo para
esconder.
— Acabei me esquecendo de te contar —
fala pensativo, ao mesmo tempo em que suas mãos
sobem e descem em minhas costas —, a
encontramos em uma cidadezinha no interior, ela
estava com uma mulher que descobrimos que se
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chama Arianna. Que por coincidência já teve um


sexo casual com o Pietro e é a mesma mulher que o
Lorenzo encontrou no Brasil.
— Não acredito — levanto em choque
com essa informação, não é possível que a loira
azeda veio atrás dele —, a louca que fez um
boquete no Lorenzo?
— A própria, foi essa reação que o
Lorenzo teve. Então com todas as similaridades,
chegamos à conclusão de que a acusação contra o
Pietro é falsa, só nos resta saber quem está por trás
de tudo isso. Arianna ou Fiorella.
Vivendo e aprendendo!
Eu sempre soube que quando duas
mulheres se juntam coisa boa não sai. E algo me
diz que essas duas ainda vão aprontar muito.
— Mas não vamos falar sobre isso, você
está sentindo alguma dor? Desconforto ou coisa do
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tipo? — pergunta todo carinhoso.


Oh, como eu amo esse homem! Por mais
que tenha que trabalhar, me manda mensagem a
cada segundo, deixando bem claro toda sua
preocupação comigo. Confesso que estou amando
ser mimada, amada e protegida. Colocou na cabaça
que só saio de casa com um segurança, eu não vou
reclamar, agora que estou grávida, todo cuidado é
pouco, tenho que ficar com os dois olhos bem
abertos.
— Pode ficar tranquilo, amor, eu estou
bem. — Beijo o lóbulo de sua orelha, e vejo seus
pelos se arrepiarem de imediato. — Tão bem, que
acho que podemos aproveitar a noite, estou
morrendo de saudades de você.
— Vanessa, não esqueça que você acabou
de sair do hospital. Não esqueça que está
machucada, a médica não falou isso para você?

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— Eu estou apenas com uns arranhões,


não fale como se eu tivesse cheia de ferimentos ou
com alguma coisa grave. — Faço minha melhor
cara de pidona — Eu sei que você não fará nada
para me machucar, eu confio em você amor.
— Claro que eu não faria nada que te
machucasse, mas eu te desejo pra caralho Vanessa.
Tenho medo de ir com muita sede ao pote, e acabar
te machucando, não me perdoaria se isso
acontecesse. — Segura meu rosto pelo queixo e
beija delicadamente meus lábios.
— Eu quero sentir você dentro de mim,
não me importo se a gente for com calma, eu só
necessito sentir suas mãos sobre o meu corpo. — O
sinto titubear, mas sei que ele não vai resistir. Eu
sei dos riscos, e mesmo assim estou disposta a
correr.
— Você tem certeza, Vanessa? —

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pergunta preocupado mais uma vez — Não quero


que você se machuque mais ou sinta qualquer dor.
Minha intenção nem de longe é te machucar, pelo
contrário, é te amar de todas as formas possíveis.
— Assim como o céu é azul, eu tenho toda
certeza de que quero ser amada por você. A médica
não me falou de qualquer proibição, apenas disse
para que eu tenha cautela em meus atos, então se
formos devagar e sem pressa, acredito que não
tenha nenhum problema.
— Esse não será um problema, você não
imagina o prazer que é te amar lentamente. Decifrar
cada pedacinho do seu corpo, beijar e morder cada
parte deliciosa do seu corpo. Hoje, mais do que
nunca você vai ser venerada por mim, te mostrarei
a cada segundo o tamanho do meu amor por você.
Não foi preciso dizer mais nenhuma
palavra, ele me pegou com cuidado e depositou

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meu corpo na cama. Com uma calma de dar inveja,


Paollo retirou peça por peça de sua roupa, para logo
em seguida dá atenção as minhas. Meu vestido foi
rapidamente retirado, me deixando totalmente
despida em sua frente. Pode parecer loucura, mas
estou me sentindo envergonhada por estar nua em
sua frente. Eu pensei em falar que estava grávida,
mas irei esperar o momento certo. Agora eu quero
apenas ser amada e amá-lo loucamente.
— Porra, eu queria saber explicar o
tamanho do meu amor por você, mas é uma coisa
difícil de colocar para fora — beija meu pescoço e
desce para a curva dos meus seios — Hoje, posso
dizer que não sei como seria minha vida sem você,
mesmo quando erámos apenas amigos, eu não
gostava nem de pensar na possibilidade de não tê-la
mais em minha vida. Quando você fez a loucura de
ir para o Brasil, não imagina o quanto me senti um
covarde por não ter ido atrás de você.
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Por mais que ele fale, em momento


nenhum tira seus lábios do meu corpo, o que
dificulta muito o meu raciocínio nesse momento.
Ele nunca tinha me falado sobre isso, essa história
dele se achar um covarde é nova para mim.
Pegando-me complemente de surpresa,
Paollo ataca meus lábios, me deixando sem fôlego
com seu beijo. E o mínimo que eu posso fazer é me
entregar ao desejo que estou sentindo.
Se eu pudesse eternizaria esse momento,
Paollo me amou de todas as maneiras possíveis, em
alguns momentos senti um pouco de dor nos meus
ferimentos, mas o prazer estava tão bom, que fiz
esse pequeno sacrifício. Agora, depois de tudo que
acabou de nos acontecer, chegou a pior parte,
contar toda a verdade sobre a Giulia. Com a cabeça
encostada em seu peito, começo a tamborilar,
pensando nas melhores palavras para utilizar. Esse

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não é um momento agradável, e depois de ver a


felicidade estampada em seu rosto, também serei eu
a causadora de sua maior tristeza. Mas depois de
muito pensar, decidi que não era certo deixar que a
Giulia se livrasse dessa.
— Eu estou grávida. — falo não só o
pegando de surpresa, mas também a mim.

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Capítulo vinte e um
Paollo Bianchi

— Eu estou grávida.
Essa frase ainda ecoa em minha mente, e
para ser sincero, não sei o que estou sentindo nesse
momento. Meu maior sonho era ter um filho com a
Vanessa, e agora finalmente ele vai se realizar.
Olho para ela, seus olhos marejados e a emoção
estampada em seu rosto. Levanto da cama e
começo a andar de um lado para o outro, essa é a
melhor notícia que eu poderia ter recebido na vida.
Eu amo o filho que vou ter com a Giulia, mas nada
se compara a um bebê sendo gerado no ventre da
mulher que eu amo.

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Il frutto del nostro amore...


Mas com isso também aparece os
problemas, agora minha preocupação que já era
alta, duplicou em uma velocidade da luz. Preciso de
todo cuidado e atenção do mundo. Quase morri
quando a Vanessa sofreu o atentado, não quero nem
imaginar que algo possa acontecer com ela e meu
filho.
Paro no meio do quarto e observo o rosto
choroso da Vanessa, conhecendo bem a mulher que
tenho, deve estar se passando milhares de besteiras
na sua cabecinha. Mas se ela soubesse o tamanho
da minha felicidade, se soubesse que minha
vontade é de sair gritando para os quatros cantos do
mundo que vou ser pai, certamente não estaria com
essa expressão.
— Você não gostou da notícia? —
pergunta com a voz embargada.

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Dio mio, minha vontade é de pegá-la nos


braços e abraçá-la tão forte que ficará com falta de
ar, mas não posso me esquecer de sua saúde física,
agora terei que ter ainda mais com consciência nos
meus atos.
Se alguém me dissesse, que aquela mulher
que foi vítima de um golpe, que bateu na minha
porta assustada e perdida hoje seria o amor da
minha vida, seria a mulher que não imagino viver
sem eu não acreditaria. Hoje posso dizer que sou
realizado, apesar das complicações, estamos
conseguindo levar os negócios da família. A Giulia
não fica mais no meu pé, a Vanessa e eu estamos
vivendo nosso melhor momento e agora para
completar nossa felicidade, o fruto do nosso amor.
— Essa notícia não poderia ter vindo em
tão boa hora. Eu tenho o privilégio de dormir e
acordar todos os dias ao lado da mulher mais linda

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desse mundo — me aproximo vagarosamente dela


—, sou um filho da puta sortudo, e para completar
o pacote da minha felicidade. Você acaba de me
dar à notícia mais feliz que eu poderia receber
nessa vida. Será que eu não gostei?
— É porque você fez uma cara estranha,
pensei que não gostou da ideia.
— Gostei tanto que estou pensando nos
problemas que terei quando nosso filho nascer. Eu
já me preocupava com você, agora sinto que os
cabelos brancos vão aparecer mais rápidos. — Me
aproximo dela, me abaixando e ficando na altura de
sua barriga, beijando-a — Eu não poderia ser o
homem mais feliz desse mundo, eu te amo mais
que minha própria vida e a prova do nosso amor é
esse anjinho na sua barriga.
Deixo pequenos beijos em sua barriga, já
imaginando quando ela estiver maior e eu puder

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sentir os chutes do nosso filho. Eu amo tanto essa


mulher, um amor tão grande que eu não sei
explicar. E agora temos uma lembrança
maravilhosa do nosso amor, eu vou amar esse filho
com toda minha alma. Assim como sua mãe, darei
minha vida por ele se for possível.
Levanto vagarosamente, mas rápido o
suficiente para ver o enorme sorriso da Vanessa.
Estendo a mão para ela, colando nossos corpos.
Com a mão direita, limpo as lágrimas que molham
seu rosto. Com a mão esquerda, seguro seu rosto e
os trago para mais perto de mim, tomando seus
lábios em um ato puramente carnal. Ela não se faz
de rogada, e corresponde o beijo na mesma
intensidade.
Desço minhas mãos por suas costas nuas,
lhe causando um arrepio, acompanhado de um
gemido delicioso. Eu não queria perder o controle,

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mas se ela gemer dessa forma de novo meu


autocontrole vai para o espaço.
Suas mãos descem pelo meu peito, indo
parar no meu pau, onde o agarra com força, me
fazendo comprimir um pouco. Sem mais nenhum
juízo, a pego nos braços e sem nunca abandonar
seus lábios a coloco sobre a cama. Tendo uma
visão esplêndida de suas curvas desnudas.
— Minha vontade é de te colocar de
quatro e te foder até que seu corpo não aguente. —
Seu rosto fica vermelho, doce Vanessa, se eu fosse
fazer tudo que eu tenho em mente, certamente não
daria certo. — Mas, eu não farei isso, pois sei que
você está debilitada, e acabamos de fazer amor,
mas assim que a senhorita melhorar, pode apostar
que não terei pena e irei te foder até umas horas.
Em choque, Vanessa fixa os olhos em
mim. Confesso que amo a deixar sem reação, ela

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pode tem esse jeito de mulher forte e independente,


mas no fundo é uma boba que fica vermelha por
qualquer coisa. E isso me deixa cada dia mais
apaixonado.
Não me canso de admirar a beleza da
Vanessa, seu corpo é extremamente sensual, curvas
na medida certa, me deixando louco só de olhar.
Sem muita pressa, passo a língua
vagarosamente por todo seu pescoço, lhe causando
um arrepio. Vou descendo, até que chego na altura
dos seus seios, onde não me faço de rogado, os
coloco na boca e sugo com força o bico do seu
peito. Fazendo-a arfar com o choque da minha
boca, ao mesmo tempo, desço minhas mãos até sua
boceta, onde a encontro prontinha para mim,
molhada e perfeita para receber meu pau. Mas
ainda não é a hora, preciso mostrar o quanto venero
seu corpo.

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Começo a estimular seu clitóris, sem


abandonar seu peito. Sugo e dou pequenas
mordidas. Certamente essa mulher não sabe o
poder que tem sobre mim. Já estou de pau duro,
arfando de vontade de entrar nessa sua linda
bocetinha.
Abandono seus seios, descendo com
pequenos beijos em sua barriga. Até que eu chego
ao paraíso, em momento nenhum, Vanessa desvia
os olhos dos meus, consigo enxergar o desejo
estampado neles. O que comigo não deve ser bem
diferente, fico com água na boca só de olhar sua
bocetinha rosada.
Entre mordidas e lambidas em sua boceta,
contrações e arrepios de prazer. Abandono por um
momento minha sobremesa predileta, se eu não
enterrar meu pau dentro dela, tenho certeza que vou
entrar em colapso.

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— Por mim eu ficaria aqui a noite inteira,


apenas chupado essa sua boceta deliciosa, mas meu
pau precisa entrar em você, se eu não fizer isso nos
próximos minutos, sou capaz de explodir...
— Não vamos perder tempo, Paollo —
Sua voz é rouca e cheia de desejo — Eu amo sentir
sua boca sobre meu corpo, mas ainda prefiro sentir
seu pau dentro de mim.
Porra! Falando desse jeito não tem nem
como perder tempo, me posiciono entre suas
pernas, lentamente vou colocando meu pau dentro
de sua boceta apertada e quente.
— Carino...
É inevitável não ficar vidrado em sua
carinha de prazer, Vanessa sabe me encantar de
todas as formas possíveis. Com a mão segurando
sua cintura, começo a estocar fundo e rápido, quero
ter até a última gota de seu prazer. Com gemidos e
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apertos de sua mão, Vanessa começa a se contorcer


e eu posso sentir que está perto de chegar lá.
Assim, intensifico os movimentos, sempre tomando
cuidado com seus machucados.
— Godetevi me, carino (Goza para mim,
carinho)
— Paollo... — Sua voz sai entrecortada, ao
mesmo tempo em que puxa meu corpo para mais
perto, me apertando pelos ombros.
Dio Mio, juro que se ela não tivesse com a
perna machucada. Iria puxá-la pela cintura, colocá-
la de quatro e foder seu rabinho gostoso, mas tenho
que pensar em sua saúde, então estoco mais rápido,
sentindo seu corpo se desfazer debaixo do meu.
Vanessa suspira fundo, se entregando aos espasmos
de seu prazer... não perco tempo, com mais alguns
movimentos, deixo meu gozo lhe preencher.
Com a respiração acelerada, deixo-me
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corpo cair ao seu lado da cama Puxando seu corpo


suado para junto ao meu, com o coração acelerado
e com a respiração pesada, Vanessa me abraça. E
deixo que sinta as batidas frenéticas do meu
coração.
Deus, essa mulher um dia ainda vai me
matar, isso eu tenho certeza.
— Você sabe que daqui uns meses e isso
não será possível, não é? — fala referindo-se ao
nosso bebê.
Eu sei que quando o bebê chegar as coisas
não serão fáceis, mas tenho certeza que vamos
arrumar um jeito para conseguir conciliar tudo isso.
Se sua gravidez não for de risco, farei amor com a
minha mulher até os últimos instantes de sua
gestação.
— Por Deus, Paollo — sinto um tapa
atingir meu ombro em cheio —, eu conheço essa
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sua cara de safado, pode ir parando de pensar


besteira. Agora não esqueça que seu filho está aqui
dentro, não podemos o desrespeitar.
— Não sabia que você tinha virado uma
bruxinha, agora tem o poder de ler mentes? —
Faço-me de desentendido, pois ela sabe que eu
realmente estava pensando besteiras, mas é mais
forte que eu.
— Sei, sei...
Beijo seus lábios e me afasto um pouco,
parando em frente a sua barriga. Chegou a hora de
ter uma seria conversa com o meu filho.
— Filho, você não imagina a felicidade
que estou sentindo nesse momento. Você com
certeza é um grande presente de Deus e eu só tenho
que agradecer. — Deposito pequenos beijos em sua
barriga — Eu te amo e pode apostar que sua
chegada é muito esperada por todos.
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Aproximo-me e falo bem próximo a sua


barriga, quero compartilhar um segredo com meu
filho.
— Eu sei que às vezes vai ser incomodo,
mas eu não consigo ficar longe. Tua madre è
inebriante, quando crescerai, capirete di cosa sto
parlando.
— Ei, não consegui entender, o que você
disse para a minicópia? — pergunta curiosa, por
mais que ela entenda e fale o italiano, tem algumas
coisas que são difíceis para ela.
— É uma conversa de homem para
homem, então a senhorita não se meta. — Passo a
mão na curva dos seus seios, sentindo a maciez de
sua pele.
— Quem garante que é um menino?
— Eu sinto. Ele será meu companheiro de
todas as horas. Nós dois iremos cuidar de você, não
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posso esquecer-me do meu meninão, pelo menos


uma coisa boa a Giulia fez, me deu um menino para
completar nosso time.
Termino de falar e sinto seu corpo gelar,
em seu rosto a expressão que até pouco tempo era
de alegria se transforma em choque e eu diria até
tristeza. Esse não é um assunto que costumamos
conversar, mas pensei que ela já estivesse mais
tranquila em relação ao meu filho, depois que
coloquei uma enfermeira com a Giulia, as coisas
melhoraram para o meu lado, ela passou a me
incomodar menos.
— O que foi, falei alguma coisa errada?

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Capítulo vinte e dois


Paollo Bianchi

— Idiota! — resmunguei alto, porque era


isso que eu tinha sido durante esses meses.
Deus, como eu não pude enxergar um
palmo embaixo do meu nariz?
Confesso que ouvir que eu não era o pai do
filho que eu tanto esperava, me atingiu em cheio.
As palavras da Vanessa ainda ecoam na minha
mente, como pode uma pessoa ir do céu ao inferno
em tão pouco tempo? Meu coração não aguentava
de tanta felicidade, eu nunca fui tão feliz em toda
minha vida. Apesar de todos os problemas, a
notícia de sua gravidez foi a melhor coisa que
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poderia ter acontecido.


Mas como Vanessa costuma dizer: alegria
de pobre dura pouco. Eu sempre soube que a Giulia
não era nenhuma santa, mas agora ela passou de
todos os limites. Porra, as palavras da Vanessa não
me abandonam nem por um minuto.
— Eu sei o quanto você estava esperando
por esse filho, e não imagina como é difícil para
mim, ser a portadora dessa notícia tão ruim. —
Penso logo na integridade do meu filho, será que
aquela maluca fez alguma merda e se machucou?
— O que houve com o meu filho? — Ainda
não decidimos o nome do nosso menino, apesar de
ter vários em mente — Não me diga que a louca
machucou o meu filho? Seja lá o que for, Vanessa,
é melhor falar logo.
Com os olhos marejados, e a voz
embargada, Vanessa me dá a pior notícia do
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mundo. Meu menino, o filho que eu tanto


aguardava sua chegada não é sangue do meu
sangue, é apenas uma tentativa de golpe da Giulia.
Eu sempre soube que ela não era uma santa, mas
nunca passou pela minha cabeça que esse filho não
poderia ser meu. Desde o momento que eu soube
de sua chegada, comecei a amá-lo
incondicionalmente.
E pensar que eu quase perdi a mulher da
minha vida, justamente por causa da golpista da
Giulia. Minha vontade é de correr até seu
apartamento, e jogar toda a verdade em sua cara,
mas sei que posso cometer uma loucura. E já temos
escândalos demais nessa família.
— Eu fiquei em dúvida se te contaria ou
não. Descobri justamente no dia do acidente. Na
verdade a Valentina ouviu uma conversa dela com
uma amiga, minha vontade era de te contar

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naquele mesmo momento, por isso te mandei


aquela mensagem. Mas infelizmente teve toda essa
história do atentado, minha recuperação e
principalmente a descoberta da minha gravidez.
Cola seu corpo ao meu, me abraçando por
trás. Dando-me todo apoio que eu necessito nesse
momento.
— Eu já te falei que Deus não faz nada
sem pensar, e por isso eu descobri sobre a minha
gravidez. Sei que um filho não pode ficar no lugar
do outro, mas agora sim você terá um filho, nossa
minicópia está sendo gerada no meu ventre.
— Porra — malditas lágrimas começam a
descer, as seco rapidamente para que Vanessa não
me veja chorar —, eu te amo mais que tudo nesse
mundo, se eu pudesse te dar o universo, certamente
eu faria isso. Não imagina como estou me sentindo
um idiota, fui burro ao ponto de cair nesse golpe

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ultrapassado.
Viro-me, segurando seu rosto com as duas
mãos, tomando seus lábios em um beijo delicado,
capaz de mostrar todo meu amor.
— Eu te amo, Paollo — rodeia seus
braços em minha cintura, me abraçando fortemente
—, agora, não temos mais que nos preocupar com
a Giulia, vamos esquecer os problemas e
aproveitar a companhia um do outro. Eu estarei
sempre do seu lado, para o que der e vier.
No meu escritório, com os cotovelos
apoiados na mesa, pego meu whisky e tomo de uma
só vez. Não queria parecer fraco, mas é tantas
coisas ao mesmo tempo. Meu irmão enfrentando
essa falsa acusação de estupro, perdemos alguns
contratos na empresa e agora essa novidade de não
ser o pai do filho da Giulia. Eu estava tão radiante
com a possibilidade de ser pai, um filho já era bom,

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saber que teria dois era uma realização. Mas como


sempre, nada é como a gente quer.
Eu queria estar agora na cama, nos braços
minúsculos da minha mulher. Mas não consigo
dormir, só fiz rodar o tempo inteiro na cama. Eu
pensei muito, e vi que ir atrás da Giulia agora não
seria uma boa ideia. Vou deixar a poeira baixar por
uns dias, até que irei até seu apartamento.
Conhecendo-a bem, já vou preparado para suas
mentiras, mas dessa vez não irei cair no seu
joguinho.
(--)
Chegou o grande dia, esperei uma semana
para ter certeza de que não colocaria minhas mãos
no pescoço da Giulia. Pensei, conversei com os
meus primos, até que finalmente chegou a hora. Por
mensagem a informei que iria até sua casa, pois
precisava vê-la e a forma como respondeu, dizendo

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que o nosso “filho” estava ansioso para a minha


chegada me entristeceu e irritou.
Passei rapidamente no escritório, apesar de
todos os acontecimentos dos últimos dias, vamos
fechar contrato com uma empresa que tem sede em
vários países da América Central e que pretende
abrir uma filial na Itália. Confesso que no começo
achei estranho, uma empresa de tão longe assim.
Mas o Enrico investigou bem, até que deu seu aval
para fecharmos o negócio. Parece que finalmente as
coisas estão melhorando, o nome dos Bianchi não
estampa mais os tabloides.
Mais rápido do que pude imaginar, chego
ao prédio da Giulia. Identifico-me e o porteiro
libera minha entrada, hoje posso dizer que terei
apenas uma conversa séria, a vontade que eu tinha
de matá-la passou e hoje já não penso mais nisso.
Chamo o elevador, e em poucos segundo

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ele chega. Deixo algumas pessoas entrarem,


cumprimento-as educadamente e aperto o sétimo
andar. Em segundos chego ao meu destino, toco a
campainha e aguardo.
— Posso saber que merda você tem na
cabeça, Giulia? — falo de imediato, assim que ela
abre a porta de seu apartamento.
Olhando para seu rosto, só consigo pensar
na decepção e na raiva de ter sido enganado. Muito
me admira, um homem como eu, se deixar enganar
pelo golpe da barriga.
— Enlouqueceu Paollo? Por que está
falando desse jeito comigo? — Seus olhos enchem
de lágrimas, me dando mais um indício de como
ela é ótima atriz.
— Não se faça de boba, eu descobri tudo.
— Grito com o dedo rente a seu rosto — Você
pensou mesmo que conseguiria ir até o fim com
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essa história?
— Que história, Paollo? Não estou
entendendo absolutamente nada, você bebeu por
acaso? — Me dá as costas, entrando e sentando-se
no sofá.
— Sabe qual é a história? — Entro, fecho
a aporta atrás de mim, e começo andar de um lado
para o outro — Eu descobri que você estava me
dando o golpe da barriga — com os olhos
arregalados, ela me encara em choque —, eu
sempre soube que você não era a melhor pessoa
desse mundo, mas muito me admira você ter
pensado nesse maldito golpe. Com certeza você
está louca, eu poderia muito bem te processar, mas
não farei isso. Sinto por essa criança, já que ela
teve o desprazer de ser gerada em seu ventre. Mas
te digo uma coisa, faça o favor de nunca mais me
procurar, e se eu sonhar que você apareceu na

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minha casa ou empresa pode apostar que não


medirei esforços para acabar com você, Giulia.
— Aposto que foi sua mulherzinha que
inventou essa história, não foi? — grita, como se
ela tivesse razão para isso.
— Você se refere a minha mulher? —
cruza os braços, me encarando fixamente — Sim,
ela me contou que eu estava sendo feito de trouxa,
só de pensar que essa sua gravidez quase acabou
com meu relacionamento, minha raiva só aumenta.
— Você quer um DNA, Paollo? Eu faço,
ainda esfregarei o resultado na cara da sua
mulherzinha de merda. — destila seu ódio.
— Acha mesmo que vou perder meu
tempo com isso? — Começo a rir da situação, é
muito idiota se pensa que vou cair nessa lábia de
novo — A palavra dela basta, eu sei que muito bem
quem é você. Eu sinto muito pela criança, pois ela
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seria muito amada, mas infelizmente ele escolheu a


mãe errada.
— Você pensa mesmo que isso vai ficar
assim, Paollo? — Começa a rir como uma histérica
— O que será que as pessoas vão pensar a respeito
do queridíssimo Paollo Bianchi? Já posso
deslumbrar as manchetes: Paollo Bianchi renega o
filho legítimo.
— Pode ficar à vontade, diferente de você,
eu tenho os melhores advogados do país. Então
espero que você tenha dinheiro, pois vou acabar
com você no tribunal, arranco até o último centavo
que você tiver.
Caminho vagarosamente até a porta, mas
antes de sair, viro e falo o que espero ser última
coisa a falar com a Giulia:
— Espero que tenha ficado claro, e se
posso te dar um conselho, procure o pai do seu
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filho. Essa criança precisa de alguém com


consciência, já que isso você não tem.
E aqui encerro essa maldita história, ainda
dói me lembrar do meu filho. Mas tenho certeza de
que ao poucos vou conseguir, agora preciso
concentrar minhas atenções na minha mulher e
filho, eles sim merecem todo meu amor e carinho.

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Capítulo vinte e três


Vanessa Albuquerque

Seis meses depois

Se eu soubesse que carregar um filho, seria


tão cansativo, pode apostar que eu teria me cuidado
muito mais. Estou tentando não engordar tanto
nessa gravidez, mas pensa em um desafio difícil, é
cada comida boa que minha mãe faz que fico doida.
Estamos vivendo a melhor fase de nossas
vidas, as coisas na empresa estão indo cada vez
melhor. Isso além de ajudar na visibilidade dos
Bianchi, traz uma paz para o meu Paollo e os
meninos.
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Tem poucos dias que fizemos a ultrassom


para descobrir o sexo, e para nossa felicidade e
surpresa, é uma linda menininha. Eu sempre sonhei
em ser mãe de uma menina, laços vestidinhos e um
mundo todo rosa. Paollo como sempre, ficou
abobado com a notícia. Ele já e cheio de
preocupações, agora piorou a nossa situação.
Decidimos que criar uma criança em um
apartamento, não era uma boa ideia, então Paollo
comprou uma casa no mesmo condomínio da
minha amiga. Agora entendo completamente
quando a Valentina reclamava do tamanho da casa,
se minha mãe não estivesse aqui conosco,
certamente eu iria surtar.
Resolvi pedir uma licença antecipada na
empresa, não quero correr nenhum tipo de risco
com a minha filha. Minha mãe até que colocou na
cabeça que iria embora, fiz todo meu drama, e com

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a ajuda do Paollo a convencemos a não ir embora.


Além do mais, não conseguiria me sentir bem com
minha mãe longe, então quero ocupar o máximo do
seu tempo aqui.
— O que tanto pensa minha filha? —
Minha mãe entra no meu quarto, com dois copos e
suco na mão.
— Estava pensando nos últimos
acontecimentos da minha vida, às vezes me custa
acreditar em tudo. — Pego o copo de sua mãe,
apreciando um delicioso suco de laranja.
Uma felicidade sem tamanho ter minha
mãezinha ao meu lado, com a mão livre, ela
começa acariciar minha barriga. Em troca,
pequenos chutes são sentidos, essa minha menina
está louca para nascer, pelo visto vai ser ansiosa
igual à mãe.
— Filha, muito obrigada por me permitir
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fazer parte desse momento magnífico. — fala com


a voz embargada — agora você vai entender que
todos os puxões de orelhas, brigas e reclamações
foram todas para o seu bem. Você vai sentir a
dádiva de ter um pingo de gente precisando de
você. Chamando-te de mamãe e dizendo o quanto
te ama.
Eu já estou sentindo todas essas coisas,
desde o momento em que descobri que seria mãe,
um amor indescritível tomou conta do meu
coração. Saber que tem uma vida sendo gerada e
que ela precisara de mim para quase tudo, com
certeza é inebriante. A Alessa já é muito amada,
não só por mim, mas pelos tios, a avó e
principalmente o pai.
— Mãe, agora eu consigo entender o
tamanho que a senhora dizia ter por mim. Eu ainda
nem vi o rostinho da Alessa, mas o amor é

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inexplicável. — Coloco a mão na minha barriga,


para sentir o carinho da minha filha — Estou muito
ansiosa para ver seu rostinho, fico na dúvida se
quero que seja uma cópia minha ou do pai.
— Pode apostar que será a cara do Paollo,
é sempre assim, a gente carrega nove meses na
barriga. Para nascer à cara do pai, além de ser a
primeira palavra dita.
E assim passei o resto da minha tarde,
conversando com a minha mãe. Coisa que virou
rotina em nossas vidas, juro que não saberia como
viver sem sua presença ao meu lado. Não sei como
pude deixá-la no Brasil, agora aonde ela for, eu irei
atrás.
Minha mãe foi descansar, afinal, sempre
nesse horário o cansaço lhe maltrata e ela procura
repousar. Apesar de quase nunca jantar conosco a
entendo.

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Por um momento me imaginei nessa


situação, a Alessa grande e com uma família linda,
eu apenas observando e agradecendo a filha
maravilhosa que Deus me deu.
Sou tirada dos meus pensamentos com
uma mensagem da Valentina, no grupo, hoje terá
um jantar em sua casa com todos os Bianchi, já
estou me preparando psicologicamente para todas
essas beldades juntas. Porque Deus caprichou nessa
família, todos passaram milhares de vezes na fila da
beleza.
Valentina: Não esqueça que o jantar vai
ser as oito, Vanessa, você mora ao lado, não
admito que chegue tarde.
ps: tenho novidades hahaha.
Vanessa: Não se preocupe, antes das
nove eu apareço por aí hahaha.
Antonella: Pode ficar despreocupada, o
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único na família que desconhece o relógio é o


Pietro hahaha. Sabemos que ele só vai chegar de
madrugada.
Valentina: Lorenzo só não vai se atrasar,
porque já estamos em casa, já que ele pegou essa
mania do Pietro.
Vanessa: Disso não posso reclamar,
Paollo é pontual, às vezes até demais. O que o
torna bem irritante.
Antonella: Na verdade todo mundo se
tornou irritante para você, gravidinha. São os
hormônios, também fiquei assim na minha
gravidez. Minha vontade era de matar o Enrico,
ele não podia respirar do meu lado.
Trocamos mais algumas mensagens, até
que me despedi das meninas. Preciso tomar um
banho e me arrumar, é o tempo em que o Paollo vai
chegar do trabalho. Nunca vou me cansar de ficar
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cheirosinha à espera do meu amor. Esse homem me


desperta os sentimentos mais conflitantes do
mundo. Em um segundo quero matá-lo por ser tão
pirracento, no outro quero passar a noite inteira em
seus braços, apenas sentindo seu cheiro inebriante.
De banho tomado, opto pelo meu
companheiro de todos os dias: meu bom e longo
vestido. Sinto falta de colocar uma calça jeans, mas
desde os três meses de gestação que não sei o que é
isso, essa mocinha faz questão de me mostrar o
tempo inteiro que veio para mudar minha vida.
Passei no quarto da minha mãe, para ver se
já estava pronta. Não me surpreendi ao ouvi-la
dizer que não iria, aliás, dificilmente ela saía de
casa. No começo pensei que era por estar em um
país novo, pessoas diferentes e um clima não tão
parecido com o do Brasil, mas agora estou
começando a me preocupar, ela não sai direito, não

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come e só anda cansada. Segunda-feira sem falta eu


irei marcar uma consulta, preciso de uma opinião
médica.
Despeço-me dela, pego meu celular e
desço vou para a sala. Esperar um pouco pelo
Paollo, ele me mandou uma mensagem, dizendo
que chegará em vinte minutos. Escuto o som da
campainha, com um pouco de dificuldade, levanto-
me do sofá e vou atender a porta.
Uau, confesso que não esperava encontrar
com essa pessoa. Ainda mais na porta da minha
casa.
— O que faz aqui na minha casa, Giulia?
— pergunto sem nenhum pingo de paciência.
— Oi, Vanessa. — fala com a voz baixa,
me pegando de surpresa — Sei que sou a última
pessoa que você esperaria na sua porta, eu também
não queria estar aqui, mas infelizmente se faz
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necessário.
— Como você entrou aqui? — Os
seguranças costumam interfonar antes de deixar
qualquer pessoa entrar, então ela na minha porta é
mais estranho ainda.
Com seu filho nos braços, ela me olha
atentamente antes de falar.
— Eu aproveitei um descuido e entrei
rapidamente. Acho bom você ver isso depois, assim
como eu entrei, qualquer pessoa pode fazer o
mesmo. — E não é que tenho que concordar com
ela?! — Mas vamos ao que interessa, pensei muito
antes de finalmente tomar essa decisão, mas vi que
é o melhor a se fazer. Quando eu resolvi
engravidar, era com o propósito de arrancar
dinheiro do Paollo, como meu plano não deu certo,
essa criança catarrenta não me tem a menor
serventia.

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Meu Deus, como uma mãe pode falar isso


de um filho? Será que ela não nutriu nenhum
sentimento nesses nove meses?
— Não quero ser um monstro em deixá-lo
na rua, e sei que em um orfanato também não é
uma boa ideia. Sei que você e o Paollo são dois
bobões, mas serão capazes de dar a essa criança,
aquilo que eu nunca serei capaz, amor...
Surpreendo-me com essa atitude, pelo
menos posso dizer que a Giulia tem um pingo de
sentimento pelo filho. Pois se não tivesse, ela iria
largá-lo em qualquer lugar ou até mesmo fazer
algum mal para essa criança. Eu poderia gritar ou
até mesmo exigir que saia da minha porta, mas
infelizmente ela tem razão. Não serei capaz de
deixar essa criança sozinha e a Giulia foi mulher
suficiente para isso.
— Como posso ter certeza de que você

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não vai aparecer, querendo de volta a criança?


— Pode apostar que isso não vai
acontecer, essa noite mesmo eu irei embora. Não
quero nunca mais saber dessa criança, só o registrei
por que não tive escolha, mas pode o considerar seu
filho. — fala me entregando um lindo menino nos
braços. — Diga ao Paollo que eu mandei um beijo.
Entrega-me uma grande bolsa azul, que
imagino ter algumas roupinhas do bebê.
— Ei — falo assim que vira as costas para
mim —, você sabe onde moramos, se um dia quiser
saber sobre o seu filho, pode apostar que não criarei
nenhum impedimento com isso. Vá em paz Giulia,
farei como você quer, darei todo amor do mundo
para essa criança.
Sem dizer uma palavra, ela segue
caminhando, até que entra em um carro branco.
Não sei o que pensar, sentir ou dizer nesse
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momento. Só que mais uma vez Deus me


surpreende, parece que serei mãe de um casal que
eu tanto queria... E agora, será que fiz certo? E o
Paollo? Qual será sua reação?
A verdade é que já sei qual será sua
reação, o filho que ele tanto amou, agora terá uma
chance ao seu lado. Tenho certeza de que assim
como a Alessa, esse menino será amado por todos,
afinal de contas, é a próxima geração dos Bianchi
que importa.

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Bônus
Paollo Bianchi

Certo dia

Despedi-me do Lorenzo e Enrico, hoje o


dia foi bem puxado. Fechamos um contrato
milionário com uma empresa norte americana,
vamos construir um complexo empresarial no
centro de Vicenza. Todos nos empenhamos muito
nesse contrato, reuniões e mais reuniões, até Pietro
compareceu em todas, e por incrível que pareça,
não se atrasou para nenhuma.
Agora eu só quero chegar em casa, abraçar
a minha mulher e pegar minha Alessa nos braços.
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Depois de um dia tão puxado de trabalho, minha


única vontade é me deliciar no corpo da minha
mulher.
Graças a Deus o destino colaborou, pois
ninguém merece ficar preso no trânsito. Vanessa
me mandou uma mensagem, dizendo ter uma
surpresa para mim. Ou seja, outro motivo para eu
chegar o mais rápido possível em casa.
Na porta do condomínio, o segurança
avista meu carro e abre a porta. O cumprimento e
sigo até minha casa. Quando decidi morar aqui,
priorizei uma única coisa: nossa segurança. Tudo
aqui é vigiado vinte e quatro horas, a segurança que
minha mulher e filha precisam.
Estaciono em frente à minha casa, saio do
carro e caminho para dentro. Onde já consigo ouvir
as gargalhadas da Vanessa e minha Alessa. Que
apesar da pouca idade, já faz um bom escândalo.

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— Boa noite, amores da minha vida. —


Abro a porta, dando de cara com minhas duas
preciosidades no sofá.
— Boa noite, amor. — Com Alessa nos
braços, Vanessa levanta e caminha em direção. —
Recebeu minha mensagem? — Beija meus lábios.
— Sim, e desde esse momento estou me
corroendo de curiosidade. —Puxo-a pela cintura,
tomando seus lábios em um beijo feroz e cheio de
desejo. — Posso saber qual é a surpresa?
Afasto nossos corpos, pegando minha
Alessa nos braços. Levo seu corpinho a altura do
meu rosto, inalando seu cheirinho de bebê. Não tem
nada que eu ame mais nesse mundo, esse ser tão
pequeno e frágil, já é dono de todo meu amor.
Daria minha vida pela minha filha, só de pensar
que daqui uns anos começa os namoradinhos na
minha porta, ela chorando com o coração partido

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por causa de algum crápula. Balanço a cabeça,


dispensando esses pensamentos loucos.
— Às vezes, o destino pode ser bem cruel
com a gente. E algumas de suas decisões sejam
difíceis de entender — começa a falar, me deixando
mais confuso —, passamos por muitas coisas nessa
vida, tomamos decisões que nem sempre foram as
melhores. Nossas vidas foram influenciadas por
atitudes do outros, e querendo ou não, nos abala
intensamente.
— Amor, eu não estou entendendo onde
você quer chegar.
— O que você acha de aumentarmos a
família? — pergunta com os olhos brilhando. — A
gente já conversou sobre isso, e nós dois não
gostamos da ideia de a Alessa ser filha única.
— Você está gravida? — Puta merda!
Certo que pode ser muito cedo, mas eu já estou

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amando a ideia de ser pais mais uma vez. — É isso,


Vanessa?
— Não necessariamente — comenta
pensativa —, espere aqui, já volto.
Dito isso, ela se vira, me dando as costas e
subindo as escadas, a caminho dos quartos. Ela
deve ter ido buscar o teste de gravidez, aposto que
preparou alguma coisa diferente para me contar que
vai ser pai, assim como o relógio que ela comprou
para me contar sobre a Alessa.
— Filha, você sabe o que a louca da sua
mãe está inventando? — indago para um bebê de
quatro meses.
Como não poderia ser diferente, Alessa
não fala nada, mas sorri pra mim, não sei se me
achando maluco por estar falando com ela, ou ter
chamado sua mãe de louca.
— Sabe filha, estou cansado de ser
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enrolado pela sua mãe. Ela não sabe, mas em breve


será oficialmente a senhora Bianchi — falo
próximo ao seu ouvido, como se estivesse contando
um segredo. — Até parece que eu vou esperar você
ter idade para ser nossa daminha e carregar as
alianças. Eu só queria entender o motivo dela fugir
tanto, já moramos debaixo do mesmo teto,
dormimos junto todas as noites e acima de tudo,
somos pais de uma princesa linda.
Alessa não faz outra coisa além de sorrir,
eu sei que ela não pode entender, mas me sinto bem
desabafando com minha pequena. Ela é tão linda,
sei que onde ela passar, vai deixar os marmanjos
babando pela minha filha. Não tenho do que
reclamar, ela é uma verdadeira cópia nossa.
Que inferno, já estou impaciente com essa
surpresa, Vanessa tem um século que subiu essas
escadas. Talvez tenha um pouco de exagero, mas

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não aguento mais esperar essa bendita surpresa.


Caminho até a cozinha, e pego um pouco
de suco de laranja na geladeira. O momento pede
uma doze de whisky bem forte, mas vou evitar a
bebida, até porque eu não sei o que me espera
quando a Vanessa descer.
É tão bom poder ter uma companheira para
contar, cada dia fica mais difícil imaginar como
seria minha vida sem a minha Vanessa. Antes
quando erámos amigos, já era difícil ficar longe,
imagine agora que ela é dona do meu coração e
todo meu amor.
— Demorei muito? — Viro em direção a
Vanessa, que está parada em minha frente,
segurando um bebê nos braços.
Fico parado, apenas lhe observando sem
entender absolutamente nada.
De onde surgiu esse bebê?
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O que minha mulher faz com uma criança,


que não é a nossa filha nos braços?
Um verdadeiro bug no meu cérebro,
quando ela disse que tinha uma surpresa, não
imaginei que fosse literalmente uma surpresa. De
tudo um pouco passou pela minha cabeça, mas essa
em hora nenhuma. Não me lembro de nenhuma
parente próxima grávida, não entramos na fila da
adoção e não sei mais o que pensar, a não...
— Não me diga que...
— Sim, esse é o filho da Giulia — ela me
interrompe, me deixando mais ainda chocado —,
pode parecer um pouco estranho, mas ela veio, por
uma brecha dos seguranças conseguiu entrar.
Simplesmente disse que a criança não tinha mais
serventia, e para não abandonar na rua, achou que
poderíamos ficar com ele.
— Me explique essa história direito,

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Vanessa.
E assim como tudo vindo da Giulia é
estranho, essa história também não poderia ser
diferente. Sei que ela só queria usar a criança para
conseguir dinheiro, mas não acho que essa sua boa
“ação” seja sem querer nada em troca. Claro que eu
não vou abandonar essa criança, porque até outro
dia ele seria meu filho, e pode ser difícil de
acreditar, mas o sentimento de amor e proteção que
eu nutria por ele, ainda permanece vivo no meu
peito.
— Ei garotão — entrego Alessa nos braços
da Vanessa, e o pego nos braços —, sabia que sua
mamãe é bem desnaturada? Mas uma coisa eu
tenho que concordar, ninguém melhor do que eu
para ficar com você. Desde que soube de sua
existência, já contava as horas para conhecer seu
rostinho. — Não dá para negar, ele a cara da Giulia.

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— Não quero falar sobre coisas ruins, mas desde


que eu soube que não seria seu papai, uma dor
absurda tomou conta do meu coração.
Levo seu corpinho ao meu nariz, inalando
seu cheirinho de bebê. Santo Deus, eu sei que nada
é em vão, então pode apostar que cuidarei dessa
criança como se fosse minha, não farei distinção
entre ele e a Alessa, e conhecendo bem a minha
mulher, com ela não será diferente. A vida pode
nos dar suas rasteiras, mas chega em um
determinado momento que tudo são flores. E esse é
o momento que estou vivendo, uma linda mulher,
uma filha maravilhosa, e agora um garotão para me
fazer companhia.
— Pode apostar que agora você faz parte
da mais louca, e amável família de Vicenza. —
Vanessa sorri com o meu comentário. — A partir
de agora você é um Bianchi, e me ajudará a

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proteger sua mãe —, fixo meus olhos na Vanessa,


para que não reste dúvidas de que estou falando
dela — e da sua irmã Alessa.
— Precisamos dar um nome para ele. —
Vanessa comenta pensativa.
— Vem aqui. — Estendo minha mãe livre
para ela. — Ele já tem um nome, agora nossa
família está completa. E eu sou um filho da puta
sortudo, pois não é qualquer mulher que embarcaria
nessa loucura comigo.
— Você sempre soube que eu tenho uns
parafusos a menos, e agora não seria diferente. —
Beija meus lábios. — Desde o primeiro contato, me
apaixonei por esse meninão.
— Lucca... Lucca Bianchi. — A voz sai
um pouco embargada, por causa da emoção do
momento.
— Um nome forte e cheio de significado,
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amei.
Puxo seu corpo e lhe abraço de lado, já
que fica um pouco complicado com as crianças
entre nós. E parecendo entender a situação, Lucca e
Alessa estão sorrindo, o sorriso banguelo que eu
tanto amo.
— Eu te amo, Vanessa. Muito obrigada
por tudo.
— Não precisa agradecer, ainda não
casamos, mas é na saúde e na doença, nas loucuras
e amores. Eu estarei sempre ao seu lado, meu
italiano.
Sim, eu sou um cara de sorte. Deus
prepara tudo no seu tempo, e claro que agora não
poderia ser diferente. Agora minha única
preocupação, é encontrar a Giulia e fazer ela
assinar uns papeis, abrindo mão da guarda da
Lucca. Não quero ela aparecendo depois e criando

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confusão.

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Capítulo vinte e quatro


Paollo Bianchi

Um ano depois

Olhando para trás, é evidente a mudança


que minha vida teve. Seja no lado pessoal ou até
mesmo profissional. Vanessa e eu estamos vivendo
o melhor momento de nossas vidas, temos uma
filha linda, sim, eu sou pai de uma menina. E já
estou sentindo na pele o que é viver em um mundo
cor de rosa, Alessa Albuquerque Bianchi, minha
linda cópia.
Lembro-me da primeira vez que a peguei
nos braços. Vanessa queria que seu parto fosse
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cesáreo, mas como tudo na nossa vida, Alessa


escolheu vir ao mundo no dia do aniversário de
casamento do Enrico e Antonella. Estávamos
felizes, os problemas tinham dado um tempo e
tínhamos famílias maravilhosas. Claro, menos o
Pietro, ele continua o mesmo de sempre.
Foi uma correria sem tamanho, Vanessa
gritava de tanta dor, eu tentei ajudar, mas quanto
mais eu falava, parecia que sua dor piorava. Então
apenas segurei sua mãe e fiquei calado.
Foi uma emoção sem tamanho segurar
minha filha nos braços.
— Parabéns, papais — a médica fala, logo
após ouvirmos o choro da nossa Alessa —, é uma
menina linda e grande, agora dá para entendermos
toda dor da mamãe.
Com medo de machucá-la, peguei minha
filha nos braços com cuidado. Toda suja de uma
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gosma branca, que não faço a menor ideia do que


seja, vislumbro o rostinho da minha menina. Dizem
que os bebês nascem com cara de joelho, mas a
não ser que eu tenho cara de joelho, a Alessa é
minha cópia. Os olhos, o formato do rosto e os
cabelos pretos, para dizer que não herdou nada da
mãe, os lábios são idênticos aos da Vanessa.
Deus, eu nunca me cansarei de agradecer
por todas as bênçãos maravilhosas que o senhor
me deu. Deitada na cama, com os cabelos
bagunçados e o rosto banhado de lágrimas,
contemplo a beleza estonteante da minha mulher.
Que agora, depois de trazer minha preciosidade ao
mundo, ficou mais lindo do que nunca.
— Você sempre teve razão, amor — falo
me aproximando, e lhe entregando nossa filha —,
ela realmente era uma minicópia minha.
Com os olhos marejados, Vanessa admira

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o rostinho da nossa filha, me deixando emocionado


com a cena. Alessa veio para transformar nossas
vidas, deixando tudo mais colorido e feliz. Agora,
tenho mais um motivo para dobrar minha atenção,
só de imaginar que algo ruim pode acontecer com
minha minicópia, um calafrio me atinge.
Hoje, um ano depois de todos os últimos
acontecimentos, eu sou um filho da puta muito
sortudo. Tenho uma mulher linda, uma linda
menina e um garotão forte. Apesar de não ser nosso
filho de sangue, Lucca é muito amado por todos,
podemos dizer que essa questão do sangue é mera
formalidade. O mesmo amor que sinto pela Alessa,
compartilho com ele. Se depender de nós, ele nunca
saberá quem é sua verdadeira mãe, a não ser que
ela venha procurá-lo.
Alessa tem nove meses e Lucca vai fazer
um ano e dois meses. Minha casa tem mais cor,

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significado e muito amor. Consigo viver em um


mundo cor de rosa, um totalmente azul e um
mundo de prazer ao lado da Vanessa. Entre idas e
vindas, brigas e muito amor, Vanessa faz parte da
minha vida. Acho que chegou a hora de pedir
minha Vanessa em casamento, só espero que ela
não seja igual à Valentina, que até hoje enrola o
Lorenzo.
— De duas uma, ou está pensando na
Vanessa ou nos filhos. Qual das duas opções,
primo? — Enrico entra sem bater na minha sala,
me tirando totalmente de meus pensamentos.
Hoje tivemos mais uma reunião exaustiva,
quando pensamos que toda essa história da Fiorella
e Arianna tinha terminado, descobrimos que a coisa
era pior do que imaginávamos. Tanto que elas
estavam por trás do atentado contra a Vanessa.
Colocamos os melhores detetives atrás delas, e

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mais uma vez fomos surpreendidos com a notícia


de que a Fiorella foi encontrada morta. E claro, de
alguma forma todos os jornalistas descobriram a
mesma coisa, e com isso nossa família mais uma
vez estampa os tabloides de toda cidade.
Não é por falta de interesse ou esforços,
mas até agora nenhum sinal da Arianna, essa
mulher parece ser invisível, sumiu da face da terra
e não deixou nenhum rastro. Eu só queria ter a
oportunidade de ficar cara a cara para perguntar
qual o motivo de tanta raiva contra nossa família,
por que diabos ela tinha logo que tentar matar a
minha Vanessa?
— Não vou mentir, todas as opções acima.
— Rimos com a minha resposta, pois é assim que
estou vivendo ultimamente, pensando o tempo todo
na minha família — Dá um credito, você tem filho
e sabe como são as coisas. É impossível não pensar

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nos dois anjinhos, me esperando na sala e me


recepcionando com gargalhadas e abraços.
Não tem como falar dos meus filhos e não
me emocionar. Comigo carrego o relógio que a
Vanessa me deu, onde na parte de baixo tem escrito
“Oi, papai, estou a caminho” lembro-me da emoção
quando vi essa frase.
— Sabe o presente que te dei mais cedo?
— Vanessa fala, com as mãos enterradas no meu
cabelo — Pode abrir agora.
Levanto-me da cama, caminho até o
guarda-roupa e pego o pacotinho preto. Minha
vontade de abrir era enorme, mas prometi a mim
mesmo que não faria isso, não queria estragar a
surpresa, mesmo sem fazer ideia do que fosse.
Com muito cuidado, abro devagar o
pacote. De dentro retiro o relógio, e estranho o
motivo de não poder ter aberto mais cedo. É um
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relógio lindo, isso não posso negar. Preto, e com


muitos detalhes de ouro.
— Eu sei que você tem muitos relógios,
esse seria só mais um na sua coleção. Mas não é o
objeto em si, olha o que tem na parte de baixo. —
Movido pela curiosidade, faço rapidamente o que
ela pede.
E puta que pariu, quando eu penso que
essa mulher não pode mais me surpreender, ela vai
lá e faz. Parecendo um bobo, começo a chorar
como uma criança. Sim, eu estou chorando por
causa de uma frase. Para alguns pode parecer
bobagem, mas para mim é o começo de uma vida
repleta de muito amor. Eu vou ser pai, e tenho
certeza de que esse filho será muito amado.
— Caralho, Vanessa, está querendo saber
se eu sou cardíaco? — Me aproximo dela, beijando
seus lábios carinhosamente — Eu já te falei que te

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amo muito?
— Acho que hoje não. — Ela sorri, se
divertindo com a situação.
— E no quarto é recepcionado com outros
tipos de beijos. — Pietro fala, trazendo minha
atenção de volta, ele e essa sua mania de aparecer
do nada nos lugares.
— Pietro não perde a oportunidade de ficar
calado — Enrico fala, caminhando até o minibar
—, na sua mente tem espaço para algo que não seja
relacionado à mulher? Mais precisamente o sexo?
— Sim, nesse momento, por exemplo,
estou pensando em como seria uma boa ideia dar
uma festa. — fala pensativo encarando o celular em
sua mão — Já estou imaginando a cena: muita
bebida, música boa e mulheres gostosas. Dio mio,
isso sim seria o paraíso para esse reles mortal.
— Só lembre-se de não fazer nenhuma
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merda, estamos cansados de limpar suas besteiras,


Pietro. — Agora é Lorenzo que aparece na minha
sala, quando diabos minha sala virou um ponto de
encontro desses marmanjos? — Qual é o motivo da
reunião?
— Estou fazendo-me essa pergunta, que
diabos vocês fazem aqui?
Gosto desses momentos de descontração,
apesar de estarmos sempre reunidos, quase sempre
é para resolver problemas da empresa. Ou livrar
Pietro de alguma merda. Sempre fomos unidos.
Apesar das diferenças de idade, isso é umas das
coisas que sempre nos orgulhamos, a união de
nossas famílias. E ainda tivemos a sorte, de que
nossas esposas também são amigas, então tudo é
mais fácil.
— Também não sei por que diabos estou
aqui, ao invés de procurar uma bela morena para

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me divertir. — E claro, não poderia vir nada de


diferente do Pietro.
— Eu cheguei antes desses marmanjos,
deve ser muita testosterona junta, por isso atraiu
esses dois para cá. — Enrico se pronuncia, fazendo
todos rirem.
— Sabe que sinto falta desses momentos,
depois que viramos pais de família, tudo mudou.
Os problemas, as preocupações são maiores, então
o tempo livre é bem curto. — diz Lorenzo.
— Digo o mesmo, pior que com duas
crianças minha situação fica pior. Mas entre olhar
para a cara de vocês e me deliciar no corpo do meu
amor, claro que vocês já sabem a resposta. — Não
troco uma noite ao lado da Vanessa por nada,
mesmo tendo saudades de tirar um tempo para ir
em um bar e encher a cara.
— Que tal falarmos de um assunto em
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comum? — Pietro pede — Essa conversa de


família está me deixando enjoado.
— Ninguém tem culpa que você é assim,
estamos em maioria, então esse é um assunto em
comum. — falo para o meu irmão — Acho bom
você começar a pensar em ter sua família, tem
quase trinta anos e quer continuar vivendo como
adolescente garanhão.
— Eu estou fora, não nasci para dormir
toda noite ao lado da mesma mulher. Muito menos
comer a mesma boceta, certeza de que iria enjoar.
— fala com naturalidade, às vezes acho que meu
irmão tem um parafuso a menos, essa é a única
explicativa.
— Você consegue se superar a cada dia,
querido cunhado. — Vanessa entra, pegando-nos
de surpresa.
Deus, esse povo resolveu fazer minha sala
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de ponto de encontro hoje? Para completar, só falta


Valentina e Antonella, aí essa sala vira uma zona.
— Amor — me aproximo, enlaçando sua
cintura e tomando seus lábios em um beijo delicado
—, que surpresa maravilhosa, por que não me
avisou que vinha? Eu já tinha colocado esses
marmanjos para fora.
— Eu te mandei uma mensagem, como
você não respondeu, resolvi vir assim mesmo. —
Caminhamos até minha mesa, sento-me cadeira,
colocando Vanessa em meu colo — Qual o motivo
da reunião?
— Não é uma reunião, simplesmente
fomos todos chegando, conversa vai, conversa vem
e aqui estamos nós. — digo tão próximo ao seu
ouvido, que vejo seus pelos se arrepiarem.
— Na verdade estávamos planejando uma
ida a boate de stripper, só que você chegou antes do
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tempo. — Pietro fala na cara de pau, pirraçando a


Vanessa.
— Como você é engraçadinho, Pietro. É
por isso que eu escolhi o gêmeo certo. — Beija
minha testa — E não podemos esquecer que o seu
irmão e primos tem mulheres e filhos, já você só
quer andar de boceta em boceta.
— Ui — Lorenzo começa a gargalhar —,
caralho, essa doeu em mim, Pietro. Eu já te falei
não foi uma só vez, se você tem amor a sua vida,
não mexa com nossas mulheres, principalmente a
minha.
— Pode explicar Lorenzo? — Olho para a
entrada e vejo Valentina e Antonella, entrando na
minha sala.
— Se a gente tivesse combinado, pode
apostar que não daria certo. — Vanessa cochicha
rindo — Só estávamos falando do Pietro, que no
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fundo ele tem inveja dos primos. Todos possuem


famílias maravilhosas e ele cisca de galinha em
galinha.
— Quando que virei pauta dessa reunião
familiar? — Pietro a olha de cara feia, mas sabe
que no fundo isso é verdade.
— Oi, deuses gregos — Antonella fala,
com sua animação de sempre —, ninguém me
convidou pra reuniãozinha, mas eu vim assim
mesmo. — Se aproxima do Enrico, beijando seus
lábios.
Valentina faz o mesmo e se acomoda no
colo do Lorenzo. Sim, essa é a família Bianchi, a
minha família Bianchi. Sei que todos que estão
nessa sala, seriam capazes de dar a vida uns pelos
outros, e se tem uma coisa que demos sorte, foi na
escolha de nossas mulheres, não poderíamos ter
encontrado melhor. Mesmo que para isso Lorenzo

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teve que ir buscar a sua metade no Brasil, Enrico


com sua metade azeda da laranja, e eu, com minha
doce e esquentada brasileira.
Olhando para trás, é claro e evidente a
volta que o senhor destino nos deu. E para deixar
tudo melhor, só falta meu querido irmão arrumar
uma mulher, já passou da hora de ficar pulando de
cama em cama. Não existe nada mais prazeroso do
que chegar do trabalho e ter o privilégio de ter uma
linda mulher a sua espera.
— Eu te amo, carino. — Com os olhos
vidrados no meu amor, contemplo seu doce e
encantador sorriso.
— Eu também te amo, meu italiano. —
Segura meu rosto com as duas mãos, e beija meus
lábios.
— Dio mio, tem tanto amor nessa sala —
estava tão concentrado na Vanessa, que por um
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instante esqueci-me de onde estávamos —, que


estou até com medo de ser contaminado. Queridos
e queridas, estou me retirando. Diferente de vocês,
eu tenho que ir à caça, não quero dormir sozinho
essa noite. Até mais família.
Pietro sai da sala, deixando todos
gargalhando por suas palavras. Meu irmão é esse
galinha, mas no fundo tem um coração bom. Aqui,
olhando ao redor e vendo todos felizes, posso dizer
que vivemos a melhor fase de nossas vidas. E no
final de semana, pedirei minha mulher em
casamento, ela não perde por esperar.
— O que acham de sairmos todos para
jantar? — Antonella sugere — Já estamos todos
aqui mesmo.
— Acho uma ótima ideia. — Vanessa e
Valentina respondem ao mesmo tempo.
E assim, nesse clima de descontração,
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posso dizer que encerramos mais um capítulo de


nossas vidas. Apesar de todas as complicações,
problemas e desafios, hoje sou o homem mais feliz
desse mundo. Ao lado da razão da minha vida,
posso respirar aliviado, olhar para trás e agradecer
por tudo.
Nós Bianchi temos um lema, a partir do
momento que nossos corpos se conectam, você
pode até não saber, mas assinou um contrato de
vida. Seja na alegria, tristeza ou extrema felicidade.
Não sabemos amar pouco, tudo é com grande
intensidade, proporcional ao momento.
Um italiano, uma brasileira e mais uma
mistura deliciosa.

FIM

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LIS SANTOS

1ª. Edição

2019

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Copyright © Lis Santos


Todos os direitos reservados.

Criado no Brasil.

Edição Digital: Criativa TI

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é


entreter as pessoas. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com

nomes, datas e acontecimentos reais é mera


coincidência.

Todos os direitos reservados. São


proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de

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qualquer parte dessa obra, através de quaisquer

meios — tangível ou intangível — sem o


consentimento escrito da autora.

Criado no Brasil. A violação dos direitos

autorais é crime estabelecido na lei n°. 9.610/98 e


punido pelo artigo 184 do Código Penal.

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Sumário
Capítulo um

Pietro Bianchi

Capítulo dois

Pietro Bianchi

Capítulo Três

Allegra Rizzi

Capítulo Quatro

Pietro Bianchi

Capítulo cinco

Pietro Bianchi

Capítulo Seis

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Allegra Rizzi

Capítulo Sete

Pietro Bianchi

Capítulo Oito

Allegra Rizzi

Capítulo nove

Pietro Bianchi

Capítulo Dez

Allegra Rizzi

Capítulo onze

Allegra Rizzi

Capítulo doze

Pietro Bianchi

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Capítulo Treze

Allegra Rizzi

Capítulo Quatorze

Allegra Rizzi

Capítulo Quinze

Pietro Bianchi

Capítulo Dezesseis

Allegra Rizzi

Capítulo Dezessete

Pietro Bianchi

Capítulo Dezoito

Allegra Rizzi

Capítulo Dezenove

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Allegra Rizzi

Capítulo Vinte

Allegra Rizzi

Capítulo Vinte e um

Allegra Rizzi

Capítulo Vinte e dois

Arianna Rizzi

Pietro Bianchi

Capítulo Vinte e três

Allegra Rizzi

Capítulo Vinte e quatro

Pietro Bianchi

Capítulo Vinte e cinco

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Pietro Bianchi

Capítulo Vinte e seis

Pietro Bianchi

Capítulo Vinte e sete

Allegra Rizzi

Capítulo Vinte e oito

Pietro Bianchi

Capítulo Vinte e nove

Allegra Rizzi

Capítulo Trinta

Pietro Bianchi

Capítulo Trinta e um

Allegra Rizzi

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Fim

Epílogo

Bônus

Allegra Rizzi

Outras Obras

Permita-se Amar

Agradecimentos

Em Busca do Seu Perdão

Marcas do Destino

Doce Salvação

Minha Para Domar

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Capítulo um
Pietro Bianchi

Dio Mio! Minha cabeça parece que vai


explodir, lembro que ontem resolvi esticar a noite
em uma balada. Tinha muitas mulheres, uma mais
linda que a outra. Copo vai, copo vem, acabei

misturando um pouco as bebidas. Ainda bem que


hoje é sábado, se eu tivesse que ir para a empresa, e
desse o azar de esbarrar com um dos meus primos
ou o meu irmão, aposto que me encheriam o saco.

Muitas vezes tenho vontade de mandá-los


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para o inferno, com a mania chata de querer que eu


arrume uma mulher. Não tenho culpa, se eles foram
burros o suficiente para se deixarem amarrar. Eu só
cometi esse erro uma vez na minha vida, e serviu

como um aprendizado. Mulher nenhuma é digna do


meu amor, eu sei muito bem o joguinho delas.

Na faculdade, conheci a Lunna, era uma


menina maravilhosa, todos os caras queriam ficar
com ela. Mas ela me escolheu, passei um bom

tempo me achando um filho da puta sortudo. Ela


era linda, inteligente e eu amava desfrutar de sua
companhia. Eu pensei que nunca fosse acontecer,
mas me apaixonei rapidamente por ela, imagine a
minha surpresa ao descobrir que a vaca estava me

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traindo. E o pior, com meu colega de quarto.

Precisei de muita calma, pois minha


vontade era de matar os dois com minhas próprias
mãos. Mas me controlei, e jurei que ninguém da

minha família saberia sobre esse episódio. Por isso


que hoje não me envolvo emocionalmente com
ninguém. Para mim, as mulheres têm apenas uma
serventia, e deixo isso bem claro logo de início.
Não as quero fantasiando um romance de conto de

fadas, longe disso, nessa história eu sou o lobo mal


e quero apenas comer a chapeuzinho vermelho.

— Bom dia, dorminhoco. — Saio do meu


transe, com uma voz delicada e enjoada ao mesmo
tempo.
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Abro os olhos e finalmente me recordo de

onde, e como eu vim parar aqui. Estou no meu


segundo apartamento, aqui é onde eu trago as
mulheres para uma tórrida e quente noite de sexo.

Enrico costuma chamar de abatedouro, mas eu


discordo, é apenas uma precaução. Não gosto de
ficar em motéis, muito menos vou levá-las ao
apartamento em que moro, só se eu estiver muito
doido.

— O que você ainda está fazendo aqui? —


Olho para o relógio e vejo que já são dez da manhã,
todas que eu trago sabem das minhas regras, então
já era para ela ter ido embora.

— Ei, eu só pensei em ficar para um


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terceiro round — Caminha lentamente na minha

direção, não posso mentir, ela é um mulherão da


porra. Uma loira linda, com seus um metro e
sessenta e cinco e dona de um corpão que sabe me

levar a loucura — Vai me dizer que você não quer


repetir a dose?

— Você tem realmente uma boquinha


deliciosa, mas sabe bem das minhas regras. Então,
vista-se e saia agora mesmo do meu apartamento,

se eu quiser repetir a dose eu te ligo, fique


tranquila. — Ela me olha com uma cara feia, mas
não estou nem aí, regras são feitas para serem
cumpridas e eu odeio quebrá-las.

Levanto-me da cama, e meu pau logo


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acorda, eu sei que me enterrar nessa bocetinha era

tudo que eu precisava para iniciar bem o dia. Mas,


da última vez que quebrei uma de minhas regras,
fui parar em todos os tabloides como um estuprador

barato. Aquela vaca da Fiorella bem que tentou,


podem me acusar de qualquer coisa, menos de me
aproveitar de uma mulher, até porque tenho todas
na hora que eu quiser.

— Quando eu sair do banho, não quero te

encontrar aqui. Você sabe bem onde fica a saída.

Não gosto de ser grosso dessa maneira, mas


se eu pegar leve, tenho certeza de que essa mulher
não vai embora tão cedo. Eu sei que se ela ficasse,
seria bom para nós dois, pois um bom sexo é
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sempre prazeroso, e isso ela sabe fazer

perfeitamente. Quando fecho os olhos, consigo


sentir sua boquinha deliciosa em volta do meu pau.

Antes de fechar a porta do banheiro,

consigo ver a cara de raiva da Ginna. Eu já saí com


ela outras vezes, e Ginna mais do que ninguém,
sabe perfeitamente sobre minhas regras. Mesmo
assim, toda vez insiste em “esticar” mais a noite, se
ela não fosse tão boa, já tinha mandado para o

inferno.

Se tem uma coisa que odeio, é mulher


pegajosa. Desde o começo, faço questão de deixar
bem claro quais são minhas intenções: sexo,
quente, delicioso e sem compromisso.
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Meus primos falam um monte de merda,

mas ninguém pode me acusar de enganar essas


mulheres. Todas são maiores de idade,
independentes e bem informadas de tudo que vai

acontecer. O que me lembra a Fiorella, se eu


soubesse de tudo que ia aprontar, tinha resistido
aquela bundinha linda. Ficamos juntos umas três
vezes, talvez quatro. Todas completamente
consensuais, por isso que quando ela falou que
tinha fotos que comprovariam o estupro, não me

abalei por isso.

Ela nunca chegou a ir à polícia, ficava


apenas ameaçando divulgar na imprensa as fotos do
suposto estupro. No começo tentaram me apedrejar

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por isso, mas deixei bem claro que não precisava

disso, não gosto de me gabar, mas posso ter a


mulher que eu quero. Se ela tivesse realmente essas
fotos, não perderia tanto tempo e logo divulgaria.

Contratei uns detetives para investigá-la, e ele não


descobriu nada de diferente, apenas o que já
sabíamos, que era sua ligação com a louca da
Arianna.

Quem sofreu com essa história foi o Paollo,

pelo fato de sermos gêmeos, os jornalistas viviam


atrás dele achando que era eu. Confesso que mesmo
sendo uma situação chata, me diverti muito com
essa situação, assim eu poderia ficar livre desses
benditos abutres. Isso não é um privilégio de nossa

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vida adulta, quando estávamos no colégio,

aprontava horrores e me fazia de desentendido. E o


Paollo levava toda culpa no meu lugar, por isso
passamos boa parte da adolescência brigados. Ele

ficava muito puto comigo, mas depois de pegar as


meninas, meu passatempo predileto era irritar o
meu irmão.

Termino meu banho e saio do banheiro,


com uma toalha enrolada na minha cintura. Olho ao

redor do quarto e nem sinal da Ginna, pelo visto ela


resolveu me ouvir dessa vez, evitou qualquer
estresse da minha parte. Não queria chegar ao
ponto de pegá-la pelo braço, e colocar para fora do
meu apartamento.

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Vou até o guarda-roupa, pego uma calça

jeans e uma camisa preta. Não tenho planos para


esse sábado, então vou para o meu apartamento.
Irei preparar alguma coisa para comer, e ler alguns

documentos que estão pendentes. Se eu conseguir


seguir meus planos, nada de noitada e mulheres
hoje.

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Capítulo dois
Pietro Bianchi

Passei o final de semana enfiado no meu


apartamento, recebi vários convites para uma boa e
indispensável noitada. Mas conhecendo bem meu
irmão, se ele aparecesse na empresa e eu não lhe

entregasse esse maldito documento, ele me


encheria a paciência. Apesar de trabalharmos em
locais diferentes, todos estamos ligados a matriz,
então querendo ou não, trabalhamos todos juntos.

O relógio marca nove da manhã, por


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incrível e mais difícil de acreditar, acordei


extremamente cedo hoje. Não sei explicar bem,
mas algo está me incomodando, e eu não faço a
menor ideia de que merda seja. Termino de tomar

meu café, ao mesmo tempo em que recebo uma


mensagem do Lorenzo.

Quero você aqui às dez em ponto, temos


uma reunião de última hora com um grande
investidor.

Por Deus, faça o favor de vir


apresentável, Pietro.

Agora Lorenzo pegou pesado, eu posso ser


o que for, mas sempre ando apresentável. Afinal,
nunca se sabe quando um rabo de saia pode
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aparecer na minha frente. Mas eu preciso admitir,

sou sempre o último a chegar nas reuniões. É


porque não gosto de ficar olhando para cara desses
marmanjos, fora que eu tenho ficado mais tempo na

matriz, do que na minha própria empresa.


Principalmente por causa dos últimos
acontecimentos.

Uma coisa você pode admitir, eu sempre


ando apresentável. Limpinho, cheiroso e bem

arrumado kkkkkkkk. Para sua sorte, acordei mais


cedo que o normal, daqui a pouco apareço por aí.

Sem delongas, pego a chave do meu carro


e saio de casa. Paro em frente ao elevador, tem dias
que desço as escadas para ir ao estacionamento,
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mas hoje é um dia em que estou sem saco para

descer dez lances de escada. O elevador não


demora a chegar, adentro e aperto para a garagem.
Sou surpreendido com a entrada de uma beldade.

A mulher não parece querer conversa, mas


não tem como não ficar vidrado nessa morena
maravilhosa. Ela deve ter um metro e setenta,
cabelos castanhos e pele morena, suas curvas são
de dar inveja em qualquer uma. E pelo tamanho de

sua bunda, arrisco dizer que é brasileira, nunca vi


umas mulheres tão perfeitas e com uma bundinha
deliciosa.

— Bom dia — me aproximo, falando bem


próximo ao seu ouvido.
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— Bom dia — Limita-se a dizer, com sua

voz calma e delicada.

— É nova por aqui? Não me lembro de ter


o prazer de esbarrar com você no elevador. — Dou

uns passos, parando em sua frente, onde tenho uma


visão perfeita de seus seios — O que me deixa bem
chateado, pois seria um prazer.

— Desculpe, mas não estou a fim. — Que


engraçado, ela nem se deu ao trabalho de levantar

os olhos. Mas se tem uma coisa que eu aprendi


nesses anos, é decifrar os sinais corporais de uma
mulher, e eu sei que ela me quer.

Não insistirei, não estou a fim de mais uma


acusação de estupro. Afinal, eu posso ter qualquer
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mulher que eu quiser, tenho certeza que vou

encontrar melhores, até porque, pensando bem, ela


nem é tão maravilhosa como pensei.

O elevador apita, dou passagem e a

estranha sai, rebolando descaradamente.

Pietro, foco!

Você não é movido a rabo de saia, então


concentre-se.

Inferno, antes tivesse descido as escadas.

Agora só consigo pensar naquela morena. Ela na


minha cama, com a bunda empinada, meu pau
dentro dela e ela gemendo e gritando meu nome.
Dio Mio, preciso uma companhia para essa noite,

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preciso colocar esse tesão acumulado para fora.

Entro no meu carro e saio cantando pneu, eu


disse que não me atrasaria, mas pelo visto não vou
conseguir cumprir com minha promessa. Levei

tempo demais do meu apartamento até a garagem,


coisa que faço em no máximo dois minutos.
Lorenzo vai falar até não aguentar mais, mas eu o
entendo, estamos a meses negociando com essa
empresa, um passo em falso e perdemos para a

concorrência.

O que me surpreendeu, foi que mesmo com


os escândalos, eles não desistiram das negociações.
E agora, mais do que nunca precisamos mostrar que
somos os melhores no que fazemos. Podem falar o
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que for, mas levamos nosso trabalho a sério, uma

vez ou outra dou uma escapada, mas tento sempre


manter o foco.

No meu celular, uma mensagem do meu

irmão, como não poderia ser diferente, cobrou o


meu atraso. Não ligo mais para isso, Paollo age
como se fosse mais velho, às vezes ele esquece que
somos gêmeos, e para piorar a situação, eu nasci
primeiro.

Em tempo recorde, chego à empresa.


Cumprimento a recepcionista e entro no elevador,
rezando para que ele chegue rapidamente ao último
andar. No meu relógio, são dez e quinze da manhã,
que inferno, tenho certeza de que vou ouvir até
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minha próxima geração. Espero que por algum

motivo, esse investidor tenha se atrasado, o que não


seria nenhuma novidade, pois esses caras acham
que temos que ficar a sua espera.

— Que diabos você tem na cabeça, Pietro?


— Foi só o tempo das portas se abrirem, para que o
Lorenzo me recepcionasse em grande estilo.

— Obrigado pela recepção, primo. — Passo


por ele, indo direto para a sala de reunião, onde

encontro o Paollo e Enrico — Bom dia.

— Eu juro que não entendo, mesmo falando


sobre a importância dessa reunião, você insiste em
fazer as coisas do seu jeito, Pietro. — Meu irmão
fala, me repreendendo como sempre.
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— Dessa vez eu juro que não tive culpa, me

esforcei, mas houve um imprevisto por isso me


atrasei. — Sei que o imprevisto poderia ter sido
evitado, mas não deixa de ser um imprevisto.

Aquela morena tirou totalmente minha atenção,


daria tudo para encontrá-la novamente.

— Primo, às vezes não tem como te


defender. — Enrico fala pensativo — Agora vou ter
que pagar ao Paollo, pois enquanto nós

apostávamos que você chegaria a tempo, ele foi o


único que não acreditou em suas palavras.

Inferno, às vezes queria calar a boca desses


meus primos, principalmente a do Paollo. Meu
irmão não acredita em mim, e isso me deixa muito
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puto. Pois eu sei que piso na bola, mas mereço um

pouco de consideração.

— Posso saber que tipo de imprevisto foi


esse? — Paollo pergunta, enquanto analisa alguns

papéis.

— O elevador.

— Que elevador? — Lorenzo adentra a sala


de reunião, completando o quarteto.

— Ele estava explicando o motivo de ter

chegado atrasado, — Enrico toma a frente e fala —


mas de todas suas desculpas, essa do elevador é
surpresa para mim.

— Eu sempre desço as escadas para ir para

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o estacionamento, mas por incrível que pareça, hoje


decidi ir de elevador. Então o bendito foi parando
de andar em andar, o que demorou uma eternidade
para chegar ao meu destino.

— Por que diabos não desceu em qualquer


andar, e foi pelas escadas? — pergunta o Lorenzo.

— Porque tinha uma certa morena, e ela


tinha uma bunda deliciosa. — Termino de falar e
caio na risada, pois sei que eles vão falar mais

ainda pelo meu atraso.

Falando em bunda, impossível não lembrar


da morena do elevador. Eu sei que estou errado.
Mas eles precisam entender, não tinha como eu sair
daquele elevador e deixar aquela bunda sem ser
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admirada. De uma coisa eu sei, não costumo correr

atrás de mulher, mas eu preciso tê-la em minha


cama, e eu vou conseguir, ou não me chamo Pietro
Bianchi.

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Capítulo Três
Allegra Rizzi

Às vezes eu queria ter um pouco mais de


pulso firme, eu amo a minha irmã, mas ela pede
coisas absurdas. Eu entendo que ela sofreu, ou
melhor, ainda sofre com a morte do papai. Mas essa

história de vingança, já era para ter terminado.


Nossa diferença de idade é grande, Arianna tem
trinta e quatro anos, ou seja, dez a mais que eu. Não
somos filhas do mesmo pai e mãe, como ela sempre
costuma dizer, eu sou a bastarda. Já que papai teve

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um caso com minha mãe, fazendo assim com que


minha vida inteira fosse longe do meu pai. Só
depois da morte da minha mãe, quando eu tinha
dezoito anos, eu passei a morar com o meu pai e a

Arianna. Desde então, venho tentando conquistar


sua confiança, e para provar que estou ao seu lado
topei fazer parte do seu plano.

Do fundo do meu coração, só espero que


ninguém saia machucado dessa história.

— Você não cansa de ficar sonhando igual


uma boba? — Meus pensamentos são
interrompidos, com a chegada silenciosa da minha
irmã.

— Não estava sonhando, Arianna, —


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Levanto-me do sofá, e caminho em direção a

cozinha. São quase dez da noite e a fome aperta,


me dou conta de que não comi nada o dia inteiro —
apenas pensando na vida, coisa que você deveria

fazer.

— Eu penso muito na minha vida, é por isso


que ainda faço o favor de lhe aturar. — Suas
palavras são duras, mas já me acostumei com seu
coração de gelo — Não me diga que mudou de

ideia, Allegra?

Quando eu vou responder que não, ela


mesmo faz questão de dar a resposta para sua
pergunta.

— Você sempre foi bobinha, não sei como


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pude imaginar que iria ter sua ajuda. — O sorriso

sarcástico, marca registrada da Arianna, se torna


presente — Infelizmente você é igualzinha à sua
mãe, e eu só posso ter pena desse seu jeitinho, pois

é fácil de ser enganada.

— Já chega, Arianna! — Bato a porta da


geladeira sem pegar nada, toda vez é essa mesma
história, e eu já estou de saco cheio — Quem
precisa de mim é você, então acho bom parar de

falar bobagem. Eu não disse que iria ajudar? Então


espere que em breve colocarei seu bendito plano
em prática.

Dou-lhe as costas, pego uma maçã na


fruteira, um pedaço de bolo e subo as escadas.
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Entro no meu quarto e fecho a porta, Arianna

consegue me tirar do sério, e eu não sei mais o que


fazer. Eu poderia ir embora, mas ela é minha única
família, por isso que ainda aturo suas grosserias. E

aceitei fazer parte de tudo isso, e como eu já


prometi, agora não tenho mais como voltar atrás.

Ela me pediu para me aproximar do Pietro,


não entendi muito bem o que ela vai fazer, apenas
aceitei participar de todo esse circo. Então

pesquisei um pouco sobre ele, e confesso que me


surpreendi. Pela forma que ela falava da família
Bianchi, pensei que nenhum deles prestava, mas
não foi isso que o Google me disse.

Poderoso.
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Apoia projetos sociais.

Podre de rico.

Lindo.

Rodeado de mulheres, e dono de um

sorriso encantador.

Acima de tudo, preciso preparar o bobo do


meu coração, sei que coisa boa não vai sair dessa
minha aproximação de Pietro Bianchi, o que eu
menos quero na minha vida, é me apaixonar pelo

cara que tem uma parcela de culpa em tudo que


aconteceu com o meu pai.

Minha irmã me contou tudo, eu ainda não


convivia com eles, mas ela fez questão de contar os

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mínimos detalhes. Enquanto meu pai se afundava


na bebida, fazendo com que todo seu nome fosse
jogado na lama. Ernesto e Carlos Bianchi
desfrutavam de suas fortunas, tornando-se cada dia

mais importante em Vicenza. E hoje não é


diferente, seus filhos tornaram seu empreendimento
em um verdadeiro império, não tem uma pessoa
que não conheça o sobrenome dos Bianchi.

Lorenzo; Paollo; Pietro e Enrico.

Lindos, poderosos e donos de um império...


império esse que deveria ser do meu pai, pois ele
foi o anfitrião de tudo, mas se deixou afundar.

(---)

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Acordo com o toque estridente do meu

despertador, são oito da manhã, em uma hora tenho


que estar no centro da cidade. Sou formada em
Marketing, e graças a Deus trabalho em uma

renomada empresa de publicidade. Crio todas as


propagandas de nossos clientes, apesar da pouca
idade, batalhei muito para chegar onde estou. E
hoje, temos uma reunião com uma empresa nova,
Patrizio, meu chefe, não me disse que empresa
seria essa, só falou que seria um divisor de águas

para todos, o que me faz ter certeza de que é


alguém bem importante.

Tomo um banho rápido, decido vestir uma


roupa leve e fresca, por mais incrível que pareça,

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está calor hoje. Opto por um vestido de manguinha,

ele é vermelho e fica na altura do joelho. Nos pés,


acabo calçando um scarpin preto, e para finalizar
uma maquiagem bem leve. Se tem uma coisa que

eu odeio é maquiagem, mas em algumas ocasiões


especiais, acabo usando um pouco.

— Ora, vai para onde assim irmãzinha? —


Arianna aparece do nada, me assustando para valer.

— Trabalhar, coisa que você desconhece.

— Passo por ela indo até a cozinha, pego um cacho


de uva, um iogurte e minha bolsa no sofá e saio,
nem gasto meu tempo dando tchau.

Minha irmã poderia trabalhar, tenho certeza


que ela ficaria muito mais tempo ocupada. E
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evitava pensar em tanta besteira, e principalmente,

ficaria longe daquele babaca que ela chama de


braço direito. Eu tenho um asco daquele homem,
nunca vou me esquecer do dia que tentou me

estuprar, eu não contei para ninguém, até porque


sei que minha irmã não iria fazer nada, entre ele e
eu, sabemos quem será o escolhido.

Entro no meu carro e agradeço a Deus pelo


trânsito livre, hoje o que eu menos preciso é me

estressar com uns babacas que se acham donos da


rua. Hoje me concentrarei apenas nos meus
projetos, tenho muito trabalho a fazer, antes de me
aventurar na loucura da minha irmã.

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Capítulo Quatro
Pietro Bianchi

Agora podemos fazer uma comemoração


em grande estilo, a reunião foi o maior sucesso.
Apesar de todos os contratempos, e alguns atrasos,
conseguimos impressionar os Marchetti. O foco

inicial do projeto é um complexo comercial, vamos


precisar de toda concentração. Ou seja, nós quatro
teremos que trabalhar juntos. Se a cobrança já
estava grande, agora tenho certeza que não me
deixarão em paz.

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— Em nome do que é mais sagrado, Pietro

— Paollo começa a falar, e sei que vai me encher a


paciência —, só te peço uma única coisa: não se
meta em confusão. Agora mais do que nunca

precisamos prezar pela nossa imagem, e o que


menos queremos é ir parar nos tabloides.

Eu sei que a preocupação deles é válida,


mas não sou nenhuma criança, sei o peso de fechar
um contrato milionário. E pela primeira em muito

tempo, tentarei ficar sossegado no meu canto. Mas


isso não quer dizer que não ficarei com ninguém,
apenas não irei entrar em confusões, principalmente
com mulheres.

— Paollo, coloque uma coisa na sua cabeça,


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eu não sou nenhuma criança. Acabamos de fechar

um contrato milionário, você acha que sou burro o


bastante para desperdiçar essa oportunidade?

Meus primos e o meu irmão me olham de

cara feia, sei que a resposta é evidente, eles não


confiam em mim. Podem falar o que for, sou
mulherengo, costumo me atrasar para os
compromissos e até mesmo esquecer algumas
reuniões, mas consigo administrar muito bem

minha empresa, quando eu foco em uma coisa eu


dou o meu melhor.

— Não precisam responder, eu sei muito


bem o que pensam de mim e isso não me interessa
nem o pouco. — Levanto-me e sigo para a saída —
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Se precisarem de mim é só me ligarem, vou para

minha empresa que eu ganho mais.

Despedi-me da Sarah a recepcionista, fui


para o estacionamento e entrei no meu carro. Passei

quase o dia inteiro na matriz, meu desejo era ir para


meu apartamento, tomar um bom banho e uma taça
de vinho, mas infelizmente tenho minhas
obrigações no escritório. Minha secretária mandou
uma mensagem lembrando-me das reuniões com

possíveis candidatas ao cargo de diretora de


marketing. Confesso que se não fosse pela Felícia,
eu esqueceria de boa parte dos meus
compromissos.

Dessa vez, depois de conversar com meus


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primos, resolvi abrir logo a seleção para nossa

diretora de marketing. A Luccy era nossa diretora,


mas recentemente teve um neném e optou por dar
um tempo na sua vida profissional, o que foi uma

grande tristeza, além de ser minha amiga — sim, eu


consigo ter uma amizade com uma mulher — era
muito boa no que fazia, tudo relacionado a imagem
da empresa, e ao marketing ela dominava. Por isso
serei bem exigente com essa seleção, não é
qualquer uma que ocupará seu lugar.

Não demorei muito a chegar, entreguei a


chave do meu carro ao manobrista, e parei na porta
do prédio, admirando a beleza dessa construção.
Claro que não seria diferente, nós construímos e é

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uma bela obra de arte. São dez andares, todos

revestidos com vidro. Cumprimentei alguns


funcionários na recepção, peguei o elevador e fui
para o último andar. A Felícia não estava em sua

mesa, como costumeiramente. Na minha sala,


alguns papéis sobre meu notebook, isso é um sinal
de que tenho que analisá-los ainda hoje.

Retiro meu terno, e afrouxo minha gravata,


olho no relógio e são quase quatro da tarde. Agora

entendo por que a Felícia não está em seu posto,


seu expediente acabou. Mas o meu começou agora,
pelo tanto de papéis, sei que vou estender até tarde
da noite.

Não posso negar, apesar de todas as


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cobranças, e as reuniões exaustivas eu amo o que

faço. Não me vejo fazendo outra coisa, que não seja


comandar essa empresa. Apesar de ter outros
negócios, como uma rede de bistrô e uma agência

de viagens, meu foco é nos negócios da família.


Preciso focar no que é mais importante, acho que
com os dias passando, estou começando a pensar
que meus primos tinham razão, principalmente o
meu irmão. Acho que chegou o momento de
sossegar um pouco, mas isso não quer dizer que irei

casar e ter filhos, apenas darei um descanso para


meu amiguinho aqui embaixo.

Confesso que em alguns momentos


cheguei a sentir inveja deles, querendo ou não

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estavam certos, todos com suas famílias feitas

felizes e esbanjando amor. Por isso que sempre que


estão reunidos, eu procuro me afastar, toda essa
demonstração de amor me deixa irritado.

Porra, eu só posso ter enlouquecido. Onde


estou com a cabeça para pensar essas baboseiras?

Se já não bastasse a aparência, estou me


tornando igual ao Paollo. Deixando a emoção falar
mais alto. Eu sei que acabei de falar que precisava

de um tempo, mas acho que preciso de uma noitada


para colocar as ideias no lugar. Umas bebidas e
admirar belas mulheres não é de todo mal.

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Capítulo cinco
Pietro Bianchi

Não demorei muito a chegar na Seduzione,


hoje considerada a maior e mais frequentando boate
de Vicenza. Além dos meus primos, poucas pessoas
sabem que eu sou o dono desse lugar. Quando

estou tenso, gosto de vir admirar as mais belas


mulheres que frequentam esse local, uma beldade
mais linda que a outra.

Entro pelos fundos, cumprimento alguns


funcionários e vou para minha sala. É pouco mais
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de meia noite, daqui a pouco isso aqui vai começar


a encher e ficará um inferno. Sei que tenho dinheiro
suficiente para não precisar me preocupar até o
resto da minha vida, mas achei que investir em algo

fora da empresa fosse bom para a mente. Prefiro


ficar no anonimato para algumas pessoas,
principalmente jornalistas. Que para minha sorte,
nesses dois anos de funcionamento não
descobriram que sou o dono. Porque se tem uma
coisa que esses abutres gostam, é de me colocar

como destaque nas fofocas.

Minha sala fica no andar superior, por ela


ter uma parede de vidro, consigo ter uma visão
perfeita do salão. Ninguém imagina que existe uma

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sala aqui, pois a parede de vidro é espelhada pelo

lado de fora, dando um efeito perfeito para os jogos


de luzes que tem aqui.

Lembro perfeitamente das mulheres que

trouxe, claro que não pode ser qualquer uma, são


escolhidas a dedo e um dos critérios é ser gostosa
pra caralho. Sento-me e observo o movimento de
pessoas, homens, mulheres, gays, magros, gordos,
aqui posso dizer que é uma mistura, e preconceito

não faz parte da minha boate.

Depois de um tempinho apreciando o


local, resolvo responder alguns e-mails de
fornecedores, eu sei que tenho quem faça isso para
mim, mas gosto de manter o controle das coisas. E
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isso eu não abro mão, até porque odeio quebrar

regras acho que justamente por isso consigo


gerenciar tudo sem nenhum problema.

Um grupo de mulheres chama minha

atenção, fecho minha caixa de e-mail e me


concentro nelas. Uma em especial chama minha
atenção, ela é morena de cabelos cacheados, e
daqui eu tenho uma visão privilegiada de seu corpo
escultural, seios e bundas de enlouquecer qualquer

um. Ligo para o gerente Vicenzo, e peço para que


leve uma rodada de bebida para as garotas. E assim
ele já fica em alerta, pois sabe que esse é o primeiro
sinal de que minha presa já foi escolhida.

Elas começam a dançar, e sinto uma


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enorme vontade de ir até elas, e é isso que eu faço.

Retiro o terno e a gravata, abro uns botões da


minha camisa e dobro até o cotovelo.

Passo por alguns funcionários, eles sabem

que quando estou na pista não é para se dirigirem a


mim como chefe, sou apenas um frequentador nato
da boate, e lugar de resolver problemas é na minha
sala, não aqui embaixo.

Uma música alta, e muitas pessoas

dançando, confesso que foi mais difícil chegar a


elas do que pensei. São quase duas da manhã e esse
lugar fica um inferno, ficamos lotado, no limite da
quantidade permitida pela fiscalização. Eu prezo
muito pela segurança de todos, não viso apenas
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lucro pela casa estar cheia.

Me aproximo do bar e peço um whisky


com gelo, agora sim consigo ter uma visão melhor
da bela morena. Ela dança de forma descontraída e

alegre com suas amigas, uma delas já percebeu meu


interesse, e retribui, mas com apenas um balançar
de cabeça digo que não é ela. Rapidamente sua
amiga vira em minha direção, onde mesmo com a
falta de iluminação, consigo ver seu belo rosto. Ela

sorri, e eu tiro isso como seu aval para me


aproximar.

Viro de vez minha bebida, e caminho


lentamente até o grupo de garotas. A morena está
com os olhos fixos em mim, e isso só me deixa
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mais excitado, pois seu olhar enigmático me faz

imaginar várias coisas que posso fazer com seu


corpo.

— Boa noite, garotas.

— Boa noite — falam em uníssono.

— Vejo que a bebida de vocês já terminou,


que tal mais uma rodada por minha conta?

— Não! — A morena nega rapidamente.

— Sim — fala uma loira alta —, estamos

bebendo martini, bebida nunca é demais, Allegra.

— Allegra! — Pronuncio seu nome


pausadamente, tenho que admitir que combina
perfeitamente com ela, lindo e diferente.

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Seus olhos param em minha boca, e eu

daria tudo para ter sua boquinha em volta do meu


pau. Tenho certeza que deve chupar como
ninguém. Sua beleza é estonteante, seus olhos

verdes são contrastes maravilhosos para seus


cachos castanhos, sua boca é pequena e parece ser
bem apetitosa.

Chamo o bartender e peço uma rodada de


martini para as meninas, elas começaram a fazer

perguntas e percebi que não tinham me


reconhecido, ou não sabiam quem eu era, e isso é
perfeito.

— Você não disse seu nome bonitão. — A


mesma loira que falou das bebidas pergunta.
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— Pietro — Bebo um pouco do meu

whisky, mas não tirando os olhos da Allegra. — E


como vocês se chamam beldades?

— Eu sou a Tiffane — A loira toma a

frente —, muito prazer bonitão.

— Luara — Dessa vez é uma ruiva que se


pronuncia.

— Giovana — Essa eu tenho a leve


impressão de já conhecer.

E por último e a mais importante, a minha


morena.

— Allegra! — Seu tom de voz é calmo,


delicado e me passa uma segurança que não sei

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explicar.

— É um enorme prazer conhecê-las


meninas. — Fixo os meus olhos na única que me
prende atenção — Ao seu dispor.

— Pietro de quê? Você não me parece


estranho. — Uma delas pergunta, mas não me
atentei ao nome.

— Pietro Bianchi. — Apesar da


iluminação fraca, vejo perfeitamente quando a

Allegra arregala os olhos, o que é totalmente


estranho.

— Uau, finalmente estou conhecendo um


dos solteirões mais cobiçados da cidade. — A loira

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se pronuncia, sem disfarçar seu claro interesse em

mim.

— Um dos? — Arqueio a sobrancelha.

— Sim, você não lê revistas de fofocas? —

a ruiva pergunta, e eu nego — O topo da lista era


encabeçado por Lorenzo, Enrico, Paollo e você,
como seu irmão e primos foram fisgados, digamos
que você assumiu o primeiro lugar.

— Eu sei de muita coisa, mas disso não

estava fazendo a menor ideia. Até porque, quando


estou nas revistas é por algum escândalo.

— Quase sempre, não é? — Allegra fala


baixinho, mas se tem uma coisa que é boa, é a

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minha audição.

— Amigas, vamos ao banheiro? Preciso


retocar minha maquiagem. — A ruiva se pronuncia,
acho que Luara é o nome dela.

— Sim, vamos logo. — Allegra fala


apressadamente.

— Você não Allegra. — uma das meninas


responde, e fica claro que querem deixar a amiga
— Não podemos deixar o Pietro sozinho. Não se

preocupe que já voltamos, podem ficar à vontade.

— E por que tem que ser eu essa pessoa?


— pergunta com a cara emburrada, e é inevitável
não ri.

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— Não discuta comigo amiga, nós já

voltamos. — uma das meninas fala, e Allegra


obedece, mesmo contra sua vontade.

Sendo assim, as três se afastam, deixando-

me na presença de uma Allegra nada satisfeita.


Diferente de suas amigas, ela não gostou muito de
mim, o que me deixa intrigado, pois não foi isso
que seus olhos me disseram.

— Você não gostou muito de mim. —

Deixo claro que não foi uma pergunta, mas uma


afirmação.

— Não tenho nada contra você, só não


costumo ficar de gracinha com uma pessoa que mal
conheço. — fala sem olhar nos meus olhos.
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— Então é esse o problema? — Acena que

sim — Não seja por isso, prazer Allegra, eu sou o


Pietro Bianchi, ao seu dispor.

Vejo uma sombra de um sorriso, mas

rapidamente ele some. Me aproximo dela, ficando


cara a cara, sem dar qualquer oportunidade de ela
fugir. Não somos mais crianças, ela já percebeu
qual a minha intenção, mas ainda não se afastou.
Mesmo não querendo mostrar interesse, fica claro

através de sua linguagem corporal que ela quer a


mesma coisa que eu. E assim eu faço, coloco
minhas mãos em sua cintura, trazendo seu
minúsculo corpo para perto do meu. Com a mão
livre seguro seu rosto, sentindo o calor de sua pele.

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Fixo meus olhos nos seus, buscando mais uma vez

o seu aval, e ela não se afasta, apenas retribui o


olhar.

Colo meus lábios nos seus, sentindo o

delicioso gosto de Allegra e martini, o beijo a


princípio é calmo, aproveito para explorar cada
cantinho de sua boca. Mordo levemente seu lábio
inferior, e como resposta recebo um pequeno e
enlouquecedor gemido. Ela também não fica atrás,

suas mãos sobem e descem em minhas costas, um


beijo intenso e cheio de desejo. Nossas línguas se
encontram, em uma pequena batalha do desejo,
minha vontade é de jogá-la contra a parede e
possui-la aqui mesmo, mas os poucos minutos que

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a conheço, sei que ela não é desse tipo.

— Se você não quer foder com a minha


sanidade, é melhor pararmos agora. — falo com os
lábios ainda encostados nos seus.

Apesar da música alta e das várias pessoas


ao nosso redor, nesse momento parece que apenas
nós dois estamos aqui. Rodeio meus braços em
volta do seu corpo, para que ela sinta as batidas
frenéticas do meu coração e o quanto meu pau está

duro só com esse beijo.

— Isso não devia ter acontecido, eu tenho


que ir.

E assim, do nada, ela sai de meus braços e

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corre para longe, me deixando de pau duro e sem

entender que merda acabou de acontecer. Em


poucos minutos Allegra some das minhas vistas, e
eu me amaldiçoo por não ter pego seu maldito

número. Inferno, não era bem assim que eu


pretendia terminar minha noite, mas eu sei que não
vai adiantar eu procurar outra, pois definitivamente
é essa mulher que eu quero.

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Capítulo Seis
Allegra Rizzi

Se alguém me dissesse que eu encontraria o


Pietro Bianchi em uma noitada, certamente eu não
acreditaria, se me falassem que eu iria beijá-lo, essa
pessoa estaria completamente louca. Não posso

acreditar em tudo que me aconteceu agora a pouco,


primeiro de tudo eu nem viria para essa boate, pois
amanhã tenho uma entrevista para ir. Mas minhas
amigas insistiram muito, então acabei cedendo à
pressão.

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Logo que nossos olhos se cruzaram, apesar

da pouca iluminação eu rapidamente o reconheci,


por uns segundos fiquei na dúvida de qual dos
gêmeos seria, mas essa boate não me parece o lugar

que o Paollo frequentaria. Eu conheceria os primos


Bianchi de longe, até porque minha irmã falou
deles por anos e eu conheço cada característica
deles.

Eu sei que deveria aproveitar o momento,

unir o útil ao agradável e iniciar de vez o plano de


vingança da minha irmã. Mas depois de estar em
seus braços, e sentir o sabor de seus lábios, não
consegui pensar em mais nada, apenas precisava
correr para o mais longe daquele pecado em forma

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de homem.

Pietro não nega todas as notícias sobre ele,


não sei se fiquei mais encantada por seus olhos
enigmáticos, sua barba cerrada ou seu corpo. Sua

voz rouca soou música para meus ouvidos, tenho


certeza de que ele me partiria no meio se tivesse
chance. Quando senti suas mãos em meu corpo, um
arrepio atingiu em cheio minha espinha, seus lábios
dançaram em minha boca, me deixando

completamente excitada. Por um momento me


permiti esquecer quem ele era, ou que sua família
tinha acabado com a vida do meu pai, era apenas a
Allegra e o Pietro.

Sei que deve pensar que sou uma boba, mas


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na minha cabeça a melhor solução foi fugir. Não

encontrei com minhas amigas para explicar, então


assim que entrei no táxi mandei uma mensagem
avisando que estava a caminho de casa, onde não

demorei muito a chegar.

Agora estou aqui deitada na minha


banheira, pensando em como e quando irei iniciar
os planos da Arianna. Se sem conhecê-lo, eu já
tinha medo do meu bobo coração se apaixonar,

imagine agora que tive o prazer de sentir o sabor


delicioso de seu beijo. Preciso preparar-me
psicologicamente, mentalmente e principalmente
emocionalmente, pois algo me diz que entrar na
vida de Pietro Bianchi pode ser um caminho

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perigoso e sem volta.

No entanto, não irei pensar nisso agora,


amanhã tenho uma reunião em uma empresa muito
importante. Apesar de ter um emprego estável, e

não ter nada contra ele, meu chefe me conseguiu


uma entrevista para o cargo de diretora de
marketing, segundo ele é a chance da minha
carreira. Confesso que achei sua atitude admirável,
como não tenho nada a perder, irei fazer essa

entrevista.

Saio da banheira, enrolo-me na toalha e me


sirvo com uma taça de vinho. Sei que é tarde, mas
como estou sem sono, pego o meu notebook e
respondo alguns e-mails, digamos que essa é a
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parte mais chata do meu trabalho. Mandei uma

mensagem para o Felício, meu chefe, para


confirmar a entrevista amanhã. Rapidamente
recebo a resposta, ela foi remarcada para a próxima

semana, o que é um alívio, tenho mais tempo de me


preparar. Já lhe perguntei qual a empresa, mas ele
não me disse, segundo suas próprias palavras,
assim que eu chegar saberei.

Então não tenho muito o que fazer, apenas

aguardar e ir para essa entrevista, pois não serei


ingrata, se ele diz que é uma boa oportunidade eu
não perderei a chance.

Escuto o bip do meu celular, e vejo uma


mensagem da minha irmã.
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Arianna: Fico feliz que minha irmãzinha

esteja colocando o plano em prática, é assim que


gosto de ver, Allegra.

Não quero acreditar que colocou alguém

para me seguir, só assim ela saberia sobre o que


aconteceu ontem.

Allegra: Desde quando você colocou


alguém para me seguir?

Arianna: Isso não vem ao caso, Allegra. O

importante é que você está colocando nosso plano


em prática, e é isso que importa. Eu quero ver
esse maldito comendo na sua mão, ele vai pagar
caro pelo erro do papaizinho. Só espero que você
não seja burra ao ponto de se apaixonar, não
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quero ter que me livrar de você também

irmãzinha.

Allegra: Não sou nenhuma criança,


Arianna. Eu prometi que a ajudaria na sua

vingança, pode ficar tranquila que não darei para


trás. Pietro em breve estará rendido aos meus pés
e sua vingança será concluída.

Arianna: Ótimo!

Ela se limita a dizer, as vezes me arrependo

de ter me envolvido nessa história com a Arianna,


eu posso me enganar, mas sei que ela é capaz de
qualquer coisa para conseguir essa vingança. Ela
tentou com todos os primos, e sempre deu errado,
como ela sempre diz, seu descanso será a morte,
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mas enquanto tiver forças não deixará a morte do

nosso pai em vão.

No começo eu concordava com tudo, mas


em um certo dia resolvi pesquisar mais a fundo

sobre nosso pai e o senhor Bianchi. Depois de


muitas matérias cheguei à conclusão de que as
coisas não aconteceram bem como ela tinha me
contado, tentei conversar sobre o assunto, mas
Arianna foi taxativa. Foi uma fatalidade o que

aconteceu com nosso pai, mas tudo foi


consequências de seus atos, por isso ele perdeu a
licitação milionária.

Às vezes a Arianna me dá medo, minha


maior preocupação é que ela já tenha ido longe
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demais com essa vingança. E isso quer dizer sujar

as mãos de sangue, pois nada me tira da cabeça que


tem dedo dela no sequestro da mulher do Paollo, eu
só não tenho como provar. Por mais que ela seja

minha irmã, não hesitarei em entregá-la caso isso


tenha tomado proporções gigantescas.

Mas, se eu lhe condeno tanto, por que


diabos topei participar dessa história de vingança?
E a resposta é clara e rápida, para buscar a

aprovação da minha irmã. Pelo fato do nosso pai ter


tido um caso com a minha mãe, Arianna demorou a
aceitar o fato dele ter uma filha fora do casamento
perfeitinho, então depois de muito tentar a
aprovação da minha irmã, na minha cabeça a única

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solução é participar de suas loucuras. No fundo, eu

quero apenas paz para minha cabeça.

Será que me envolvendo com Pietro


Bianchi eu terei a paz que preciso? Ou trarei mais

problemas para minha cabeça?

Eu queria muito ter a resposta para essa


pergunta, mas infelizmente ainda não a possuo, e
tudo que eu preciso nesse momento é de uma boa e
tranquila noite de sono. Quem sabe não encontro a

resposta que tanto procuro para minha vida.

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Capítulo Sete
Pietro Bianchi

Eu prometi que não correria atrás de


mulher nenhum, mas não tive como me controlar.
Quando a Allegra me deixou no meio do salão,
rapidamente sua amiga loira veio dar em cima de

mim, o que me deixou chocado, pois ela viu que a


poucos minutos eu estava beijando sua amiga. Com
ela foi diferente, tudo muito rápido e puramente
carnal.

— Eu fui uma boa menina, será que não


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mereço uma atenção maior? — fala, enquanto


chupa a cabecinha do meu pau.

— Que tipo de atenção você quer? — falo


com um pouco de dificuldade, não é fácil manter

uma concentração enquanto recebo um boquete.

— Me surpreenda, Pietro.

E assim eu faço, a puxo pelos cabelos,


trazendo seu corpo para mais próximo de mim. Ela
tenta me beijar, mas rapidamente desvio de seu

beijo, eu sei que pode parecer bobagem, mas não


costumo trocar beijos durante o sexo. Esse
momento é apenas para nossos corpos tirarem a
tensão acumulada.

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Levanto seu vestido, e tenho uma visão

privilegiada de sua bunda, encosto seu corpo sobre


o sofá, a deixando de quatro e prontinha para mim.
Em apenas um puxão rasgo sua calcinha, me

afasto rapidamente indo ao banheiro, pego uma


camisinha na gaveta e volto — sim, eu tenho
camisinha no meu escritório — coloco a camisinha
e a penetro devagar, sentindo sua boceta se
fechando contra meu pau. Se eu tenho um ponto
franco, posso dizer que é uma boceta.

Enrolo seus cabelos em minha mão


esquerda, apoio minha perna sobre o sofá e
começo a penetrá-la com rapidez. Seus gemidos
ficam cada vez mais alto, e se não estivéssemos em

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uma boate eu teria que me preocupar com o som.

Ela fala coisas aleatórias e eu só quero gozar e


lembrar o nome dela.

— Viu como foi bom a songa-monga da

Allegra ter ido embora? — Porra, paro de imediato


o que estava fazendo, não é possível que ela tenha
tocado no nome da amiga justamente agora — O
que foi? Porque você parou Pietro, estava tão bom.

Não digo uma palavra, apenas começo a

estocar com mais força, fazendo com que a loira


grite mais e mais, não demora muito e os sinais do
meu gozo já estão presentes. Ao mesmo tempo em
que a penetro, estímulo seu clitóris, fazendo com
que seu orgasmo se torne presente.
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Depois da noite que tive ao lado da loira,

mandei mensagem para minha secretária e pedi que


remarcasse as entrevistas para hoje, segunda-feira.
Liguei para meu irmão, e pedi para que me

ajudasse na escolha, como ele também vive dando


as caras por aqui, nada mais justo. Agora são quase
dez da manhã, marcamos a primeira entrevista para
as dez e meia, e nem sinal do Paollo até agora.
Aposto o que for, que deve estar enfiado na cama
com a Vanessa, aqueles dois mais parecem coelhos,

só andam querendo me dar outro sobrinho.

Lorenzo a mesma coisa, ele e a Valentina


além de viverem tentando um irmãozinho para a
Violleta, são tão apaixonados que juntos me

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causam diabetes de tanto açúcar.

— Desculpa a demora, irmão — Paollo


entra às pressas na sala de reunião. — Você não
sabe, mas é muito difícil levantar da cama cedo

quando se tem uma mulher como a minha.

— Não sei mesmo, mas como um bom


irmão, você poderia deixar eu ficar no seu lugar por
uns momentos — falo para pirraçá-lo, mesmo
sabendo que eu nunca o trairia dessa forma, Paollo

fica possesso quando falo essas coisas, ainda mais


se a Vanessa estiver presente.

— Que bom que seu humor voltou Pietro,


mas ele vai acabar em instantes se você falar assim
de novo. Já mandei parar com essas brincadeiras,
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sabe que não divido a minha mulher. — Vai até a

mesa e serve-se de uma xícara de café.

— Me admira você achar que eu teria


coragem de fazer isso, sabe que é apenas

brincadeira. Mesmo a Vanessa sendo gostosa pra


caralho, mulher de irmão, primo e amigo para mim
é sagrada e impossível.

— Acho bom, não quero ter que matar


meu gêmeo.

Nós dois rimos com a situação, nunca


fomos unidos, quando mais novos vivíamos em pé
de guerra. Aprontava horrores e colocava a culpa
nele, afinal de contas não teria graça ter uma pessoa
idêntica a você e não tirar vantagem disso. Mas
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depois que amadurecemos, nossa ligação ficou

mais forte, ele às vezes precisa puxar minha orelha,


porém sei que no fundo meu irmão faz tudo isso
porque se importa comigo e dou muito valor por

isso.

— Pietro — Minha secretária entra na sala


—, a primeira candidata chegou, posso mandá-la
entrar?

— Aguarde cinco minutos e a mande

entrar, Felícia. — Paollo prontamente a responde.

Ela nos deixa sozinho, e aproveitamos para


pegar a ficha da primeira candidata. Confesso que
não me surpreendeu muito, apenas o mesmo de
sempre. E no momento não é isso que estou
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buscando para a empresa. Assim como o

combinado a primeira entra, conversamos por


alguns minutos, mas a criatura não parava de
encarar o meu irmão. Entendo que pode ser um

choque dar de cara com duas pessoas iguais na sua


frente, mas deu tempo de sobra para que ela se
acostumasse. Mesmo querendo a mandar embora
de imediato, segui com a entrevista, ao término das
perguntas nos despedimos com a promessa de
entrar em contato para informar sobre a aprovação

ou não.

— Dio mio, queria saber de onde essa


maluca veio. — falo para o Paollo, que até agora
encara fixamente os papéis em sua mão, acho que

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era para fugir do olhar da mulher.

— Incredibile! Pensei que essa entrevista


nunca iria acabar, já estava sem ter o que fazer para
desviar do olhar dessa maluca. Como uma pessoa

vem para uma entrevista de trabalho e fica dando


em cima dos outros dessa forma?

— Pior que isso não me surpreende, só


espero que não tenhamos que passar por isso com
as próximas candidatas. Pois minha intenção é

escolher uma substituta o mais rápido possível, não


posso deixar a diretoria sem ninguém por muito
tempo.

E assim foi boa parte do nosso dia, entra


mulher, sai mulher e nenhuma delas a altura da
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Luccy. Uma ou duas tinham qualificação

necessária, até mais do que estávamos buscando,


mas quando abriram a boca, foi pela misericórdia.
Só sabiam perguntar sobre nossa vida, e a empresa

que é bom, elas simplesmente ignoraram.

— Isso está sendo mais difícil do que


imaginei, será que não vamos escolher uma
substituta hoje? — Paollo comenta pensativo —
Porque pelo nível das candidatas, teremos que abrir

mais vagas para a seleção, pois nenhuma delas


passou até agora.

— Nem me fale, Paollo, agora temos a


última candidata, ela é indicação de um grande
amigo. Não faltou elogios para ela, então acho que
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ela será nossa salvação, ou então iremos nadar,

nadar e morrer na praia.

Escutamos batidas na porta, a primeira que


se prontificou a fazer isso. A porta se abre, e um

perfume delicioso toma conta da sala. Retiro os


olhos do papel, dando de cara com a Allegra, linda,
impecável e com uma aparência profissional
inexplicável. Levo alguns minutos para voltar a
realidade, ela também não está muito diferente,

afinal, está no meio da sala em choque, alternando


o olhar entre meu irmão e eu.

— Allegra. — Chamo sua atenção, e só


consigo pensar em como esse destino pode ser um
filho da puta.
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Capítulo Oito
Allegra Rizzi

Quase não acreditei quando o táxi me


deixou em frente a uma das empresas Bianchi, o
tempo inteiro eu rezei para que não fosse
justamente a do Pietro. Cheguei na recepção e uma

moça muito simpática me atendeu, indicou uma


sala e pediu para que eu aguardasse a minha vez, e
assim eu fiz. Os minutos pareceram eternos,
quando cheguei tinha mais duas mulheres, as
cumprimentei, mas não obtive retorno da parte

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delas, então apenas me sentei no meu lugar e


folheei uma revista.

O lugar é maravilhoso, logo quando cheguei


dei de cara com um enorme prédio espelhado, não

poderia ser muito diferente vindo de uma empresa


de construção. São doze andares, e a entrevista está
sendo no último andar. A sala onde estamos
também é magnífica, as paredes de vidro, formam
um contraste maravilhoso com o mobiliário preto e

da mais última geração. Um pequeno bar a


esquerda, com algumas bebidas alcoólicas e café,
muito me admira, mas eu não entendo por que
colocaram um bar aqui.

Alguns minutos se passaram, até que


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finalmente chegou minha vez. Eu pensei em

desistir, mas não iria fazer essa desfeita para meu


chefe. Se eu já estava aqui, nada mais justo que
tentar. Até porque seria maravilhoso trabalhar

numa empresa com esse porte, daria uma


visibilidade enorme para meu currículo.

— Allegra — a secretária chama minha


atenção —, os senhores Bianchi irão te receber.
Pode seguir em frente e virar a primeira esquerda.

Meu Deus, ela falou no plural, não sei se


estou preparada para dar de cara com dois Bianchi,
se um já me deixou desconcertada, imagine o poder
sobre a minha mente que dois farão. Só espero que
não seja o Pietro nem seu irmão, pois na minha
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cabeça seria o Pietro e imagens da noite passada

não sairiam da minha cabeça.

Puta merda! Não estava preparada para ter o


Pietro em dose dupla na minha frente, eu sei que

eles são gêmeos, só não pensei que fossem


idênticos ao ponto de não conseguir identificar
quem foi homem que eu beijei.

Fico uns minutos parada em choque, as


palavras não saem de meus lábios, minha barriga

embrulha com o nervoso e meu coração parece uma


bateria de tão agitada. Na minha frente, os dois
homens me olham sem entender nada, mas um em
especial me encara fixamente, e pela intensidade de
seu olhar me dou conta de que esse é o Pietro.
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— Allegra — Um deles me chama pelo

nome, e sem sombras de dúvida é o Pietro, pois


meu corpo reage imediatamente com o som da sua
voz —, não pensei em encontrá-la rapidamente,

mas fico feliz por essa deliciosa surpresa.

— Pietro! — Paollo o chama atenção, e fico


surpresa com tamanha semelhança entre eles, pois
até a voz são parecidas.

E até agora continuo parada no mesmo

lugar, sem saber como agir. Minha maior raiva é


que minha intuição dizia para eu ir embora, mas no
fundo eu queria ficar e arriscar. Agora só não sei
qual a real intenção, se é para seguir o plano, ou se
no fundo eu queria rever o Pietro.
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— Que foi, Paollo? — Ele levanta-se de

onde estava, e caminha lentamente em minha


direção. Pega minha mão esquerda e leva até os
lábios, depositando um simples beijo, mas que me

causou um arrepio que não sei bem como explicar.

Não posso acreditar no que está


acontecendo, eu preciso tomar o controle de tudo
novamente. Não posso deixar que o pegador Pietro
Bianchi tenha todo esse poder sobre meu corpo,

não posso esquecer que meu intuito ao me


aproximar dele, é apenas para acabar com sua
família e fazê-los pagarem por tudo que fizeram
para o meu pai. Não posso me deixar levar por
esses olhos enigmáticos, essa boca deliciosa, muito

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menos por seu jeito sedutor.

— Desculpa. — Puxo minha mão


rapidamente, assumindo novamente meu lado
profissional que nem deveria ter me deixado —

Boa tarde, Pietro, não sabia que seria com você a


entrevista, se eu soubesse...

— Se soubesse teria fugido, assim como


você fez da primeira vez que nos encontramos. —
Assim como eu, seu lado profissional está evidente.

Ele se afasta e ocupa seu lugar ao lado do irmão,


que até esse momento estava calado observando
toda cena.

Parabéns Allegra! Você acaba de jogar fora


qualquer chance de trabalhar numa empresa desse
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porte, pelo pouco que sei do Pietro, tenho certeza

de que vai usar a empresa para me punir por tê-lo


deixado na boate. Não posso culpá-lo por isso, eu,
com o poder que ele tem, com certeza faria a

mesma coisa.

— Sente-se por favor, Allegra. — Paollo


me indica uma poltrona a frente deles — Eu sou o
Paollo, e pelo visto meu irmão você já conhece. —
Apenas aceno com a cabeça — Vamos começar,

fale um pouco sobre você e suas experiências


profissionais.

— Bom, tenho vinte e quatro anos e me


formei tem pouco mais de três. No segundo
semestre da faculdade, consegui alguns estágios, o
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que me ajudou a ter mais experiência. — Eles me

olham atentamente, e por mais que seja difícil de


me concentrar, tento meu melhor — Meu último
estágio foi na empresa que estou hoje, Graças a

Deus consegui me destacar, por isso estou no lugar


que estou hoje.

— Você é muito nova, tem certeza de que é


capaz de assumir um cargo de diretoria? — Pietro
pergunta, e percebo que ele assume uma posição

mais profissional.

— Acho que ser uma boa profissional não


tem relação com a idade, apesar de ser nova sei
muito bem como fazer meu trabalho. Posso garantir
que sou boa no que faço, é só entrar em contato nas
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empresas que estagiei e poderá obter mais

informações sobre meu trabalho. Acredito que


podemos formar uma bela parceria, a
empreendimentos Bianchi pode me ajudar com a

experiência e visibilidade que preciso, e em troca


tenho a obrigação de alavancar o nome de vocês.

Terminei de falar e eles se entreolharam,


pelo visto eles possuem um sinal de irmãos, pois
não disseram uma palavra, mas Pietro sorri de

forma estranha para mim. Ficou um silêncio


assustador na sala, e com toda estrutura dessa
empresa e designer dessa sala só consigo pensar em
como esses caras são podres de ricos. E como tudo
isso aqui poderia ser uma realidade para minha

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família.

Paollo se pronunciou dizendo que eu


poderia aguardar em alguns dias o e-mail,
informando sobre os documentos necessários para

assinamos o contrato de trabalho. Se retirou


dizendo que tinha que fazer uma ligação, e eu
fiquei como uma besta em choque, sem acreditar
que eu realmente havia sido a escolhida para um
cargo tão importante.

— Parabéns, Allegra — a voz rouca e sexy


do Pietro chama minha atenção —, você conseguiu
impressionar o meu irmão, e isso não é a coisa mais
fácil desse mundo.

— Vocês não trocaram nenhuma palavra,


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como pode saber que eu o impressionei?

— Eu conheço o meu irmão, e assim que


ele falou para você aguardar o e-mail sem nem
antes me consultar, eu tive certeza disso. Então —

levanta-se de sua cadeira e caminha lentamente em


minha direção —, seja muito bem vida, espero que
possamos trabalhar juntos, tenho ótimas ideias que
gostaria de compartilhar com você. A pessoa que
você fará a substituição, era minha amiga e

excelente profissional, então serei bem exigente,


Allegra.

Amiga, tenho certeza de que era alguma


amizade com benefícios, por isso que ele diz que
será exigente, mas se pensa que serei fácil está
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muito enganado.

— Não me importo com isso, contanto que


suas exigências sejam relacionadas ao trabalho, não
vejo motivo para me preocupar, Pietro.

Deixo logo bem claro, por mais que eu


tenha alguns interesses nele, não pode ser da forma
que ele quer. Não serei mais uma presa fácil na sua
cama, eu não me guardei durante todos esses anos,
para justamente agora entregar-me para um cara

como o Pietro, não posso negar que ele seja lindo,


mas também não posso esquecer do meu real
objetivo.

— Pode ficar tranquila, dificilmente eu


misturo prazer com o trabalho. — Dessa vez fala
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bem próximo, fazendo com que eu sinta seu hálito

quente contra o meu rosto — Mesmo que esse


trabalho seja lindo e tenha lábios deliciosos e
inesquecíveis.

— Eu tenho que ir, com licença.

Pego minha bolsa e começo a me afastar,


quando sinto mãos ásperas e firmes me segurarem
pelo pulso.

— Pode fugir de mim, mas lembre-se que

trabalharemos juntos diariamente e dificilmente


você conseguirá resistir.

No mesmo instante que ele me solta, dá as


costas e retorna ao seu trabalho. Me deixando

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confusa, abismada, com um calor infernal e louca

de vontade de pular nesse pescoço atrevido. No


entanto, não faço isso, me recomponho
rapidamente e sigo caminhando até a porta, antes

de sair olho de relance para ele, que continua


concentrado em seu tablet.

Nem comecei a trabalhar, mas sei que terei


dias difíceis e que demandaram muito autocontrole
e paciência da minha parte.

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Capítulo nove
Pietro Bianchi

Quando Allegra saiu da minha sala, só


consegui pensar em como daria tudo para tê-la
gemendo meu nome por uma noite. Dio mio, a
safada ainda teve coragem de sair rebolando. Sei
que vou precisar de muito controle, não vai ser

nada fácil trabalhar diariamente com ela. Fiquei


surpreso assim que vi sua ficha, no fundo eu queria
que não fosse ela, pois sabia que não conseguirei
me controlar.

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Apesar dos pensamentos mais sujos que

surgiram em minha mente, tentei me concentrar ao


máximo na entrevista, e por mais que eu não
queira, ela é a mais qualificada de todas que

falamos. Por isso que o Paollo nem perguntou


minha opinião, bastou uma troca de olhar para eu
saber que foi a escolhida.

Meu corpo anseia pelo seu, como sei que


não a terei tão cedo, preciso liberar o tesão

acumulado. Sei que prometi que daria um tempo na


pegação, mas minha mão não será suficiente para
todo desejo que estou sentindo nesse momento.

Pensando nisso, mando uma mensagem


para a Naty, faz tempo que não repetimos a dose,
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lembro bem da boquinha deliciosa dessa ruivinha.

E como era de se imagina, rapidamente ela me


responde aceitando o convite.

Despeço-me da minha secretária, e sigo

para meu segundo apartamento, ao qual costumo


levar algumas beldades. Chego em menos de meia
hora, vou direto para o banheiro e tomo um bom e
demorado banho, marquei com a Naty às oito da
noite, são quase sete, ainda dá tempo de tomar um

vinho.

Opto apenas por uma calça jeans, não tem


necessidade de camisa ou sapatos, se sei que não
ficarei muito tempo com a calça. Vou até a pequena
adega e pego um vinho suave, esse veio
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especialmente do Brasil, da vinícola do Lorenzo.

Assim como o Lorenzo, todos nós possuímos


negócios além da empresa.

As pessoas pensam que ganhamos dinheiro

no mole, desde novo eu pego no batente, nosso pai,


junto com nossos tios, desde cedo colocavam a
gente para ajudar com alguma coisa, e com isso
fomos crescendo com a ideia de trabalhar para ter
nosso dinheiro. Lembro-me das vezes que papai

contava sobre o contrato que deu uma alavancada,


foi um contrato milionário, onde muitas outras
empresas estavam na disputa, mas só a Bianchi teve
a sorte de ser escolhida. Foi uma decisão tão
acirrada, que depois disso algumas empresas

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fecharam as portas.

Por isso ralamos para não manchar a


imagem dos Bianchi, eu sei que em quase todos os
escândalos meu nome estava no meio, mas é

porque os jornalistas pegam no meu pé. Se eu não


parar o carro para uma velhinha atravessar, no
outro dia minha cara está estampada. Sei que tenho
uma parcela de culpa, pois não me preocupo em
desafiá-los, mas não tenho saco para esses abutres.

Escuto batidas na porta, deixei o porteiro


avisado sobre a chegada da Naty, assim não
precisaria interfonar. Abro a porta, dando de cara
com ela, em seu costumeiro vestido preto que
desenha seu maravilhoso corpo, tenho certeza de
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que fiz uma boa escolha, porque ela é gostosa para

cacete.

— Oi, Pietro! — fala, deixando evidente


seu único defeito, a voz enjoada — Pensei que

nunca mais fosse me chamar, já estava morrendo de


saudades.

— Você sabe que sou um homem muito


ocupado. — Dou passagem para ela entrar e tenho
uma visão privilegiada de sua bunda — Antes tarde

do que nunca, não é? Mas não se preocupe, todo


esse tempo longe vai ser de grande ajuda, nunca
ouviu que o sexo de saudade é muito mais gostoso?

Não sinto saudade de nenhuma delas, só da


boceta quentinha e gostosa, essas eu morro se ficar
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muito tempo longe.

— Oh, então não vamos mais perder tempo,


eu estou prontinha e esperando por você.

Dito isso, caminha até o meio da sala,

coloca a bolsa na mesa e retira o vestido, ficando


completamente nua em minha frente. Ela senta-se
no sofá e abre as pernas, me deixando chocado com
a ousadia. E como não sou de ferro, não perco
tempo e me abaixo, ficando com o rosto entre suas

pernas. Começo passando a língua em sua entrada,


e sinto o gosto salgado que tanto amo. Chupo
delicadamente seu clitóris, e seu corpo se contrai.

Ela começa a gemer coisas


incompreensíveis, coloco dois dedos dentro dela,
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estimulando seu ponto G. Sei que ela está próxima

de seu orgasmo, mas quero que ela goze com meu


pau dentro de sua boceta.

Pego uma camisinha no bolso da minha

calça, ela retira de minhas mãos, abre a embalagem


e coloca na boca. Não sei como ela consegue, mas
coloca a camisinha em meu pau apenas com a boca,
e senti-la foi um golpe baixo. Viro-a, para que fique
de quatro para mim, vislumbro por alguns minutos

sua bunda arrebitada, sem esperar muito a penetro


de uma só vez, fazendo com que solte um pequeno
gemido.

Começo a estocar com força, quero ver essa


putinha gemendo o meu nome. Estava tão
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concentrado, que não percebi o momento que a

Allegra veio em minha mente, mas me permito


sonhar com ela em minha frente. Puxo seus cabelos
com um pouco de força, ela geme manhosamente o

meu nome, me levando ao completo delírio. Sinto


sua boceta contrair meu pau, e sei que ela está perto
de gozar, assim começo a me movimentar com
mais rapidez, sentindo meu gozo mais presente. Ela
goza lindamente chamando meu nome, e eu faço o
mesmo.

— Allegra. — Enfio meu pau bem fundo,


libertando todo meu gozo.

— Quem diabos é Allegra, Pietro? — Um


grito me traz de volta para a realidade, olho a
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minha frente e não é a Allegra que vejo, e me

amaldiçoou terrivelmente por isso. Nunca fui de


gozar chamando nome de mulher nenhuma, ainda
mais uma que não está presente.

— Ninguém importante.

Saio de dentro dela, caminho até o banheiro,


tiro a camisinha e jogo no lixo. Vou aproveitar para
tomar uma chuveirada, quem sabe assim consigo
tirar essa maldita mulher da minha cabeça. Não

posso acreditar, se duvidar estou parecendo o meu


irmão que fica o dia inteiro pensando na Vanessa,
não posso deixar que a Allegra tome conta dos
meus pensamentos.

— Eu exijo uma explicação, Pietro? —


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Naty para na porta do banheiro e cruza os braços —

Não vai me dizer quem é essa mulher?

— Primeiro que você não é ninguém para


exigir nada, segundo que não vejo motivos para

isso, não importa o nome que eu falei. O que


importa é que você vai sair daqui satisfeita com o
orgasmo que eu dei, o nome que se passava em
minha mente pouco importa. — falo tranquilamente
tomando meu banho — Quando sair não esqueça

de fechar a porta, você sabe como as coisas


funcionam, não sei por que está aqui até agora
esperando uma resposta que sabe que não terá.

Poucos minutos depois dela ter saído daqui


espumando, escuto a porta da sala ser batida com
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mais força do que o necessário. Eu sei que é uma

situação chata, mas ela só poderia exigir uma


explicação se tivéssemos algum relacionamento, e
ela sabe bem que esse não é o nosso caso. Eu

queria entender essas mulheres, eu deixo bem claro


quais são minhas intenções, desde o princípio elas
têm ciência de que quero apenas sexo, não sei por
que diabos inventem de ficar cobrando.

Mulher é um bicho complicado, mas não

consigo ficar sem essas beldades. Loucas, mas são


a oitava maravilha do mundo, e donas do meu
passatempo predileto, uma cheirosa e quentinha
boceta.

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Capítulo Dez
Allegra Rizzi

Minha semana passou voando, mandei


todos os meus documentos anexados para a
empresa. Eles me deram um prazo de duas semanas
para resolver minha vida com a outra empresa, o

que não foi muito difícil, parece que meu chefe já


contava com minha aprovação, pois todos os
documentos já estava, preparados, esperando
apenas minha assinatura.

Me despedi de todos com um enorme aperto


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no peito, foram quase três anos na companhia


dessas pessoas. Algumas quero levar para a vida,
outros quero apenas distância.

Achei melhor não dizer a minha irmã, sobre

meu novo local de trabalho. Sei que aceitei ajudar


no seu plano, mas esses dias pensei bem e não
quero me envolver com isso. Não vou me envolver
com alguém por conta de uma vingança, eu não
conseguiria ficar com o Pietro sabendo que tudo era

um plano para magoá-lo. Mas isso não quer dizer


que eu vá ficar com ele, é só uma precaução.

Com toda essa mudança em minha vida,


achei melhor também sair de debaixo do teto da
Arianna. Usei uma parte da minha poupança para
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alugar um apê, fechei contrato de um ano. E para

minha felicidade, ele é todo mobiliado, tive apenas


que comprar coisas básicas como: talheres, roupa
de cama e banho.

Arianna nem disfarçou a felicidade ao me


ver saindo de casa, eu posso estar enganada, mas
minha irmã tem uma pedra no lugar do coração, é a
única explicação.

— Finalmente esse dia chegou pirralha,

não sabe como estou feliz de vê-la saindo da minha


casa. Ainda bem que me poupou de te colocar para
fora, não queria parecer uma irmã tão ruim e sem
coração.

— Pirralha? Não me faça rir, Arianna. Eu


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sou uma mulher adulta, independente e dona de

mim. Além dessa vingancinha besta, o que você fez


da sua vida?

— Vingancinha besta? Esses idiotas

contribuíram para a morte do nosso pai, eu sempre


soube que você era burra, só não pensei que fosse
tanto.

— Nosso pai morreu porque foi fraco, se


não fosse os Bianchi seria outras pessoas, a

verdade é que o projeto que ele apresentou não era


forte o suficiente para ser escolhido. Você precisa
enxergar o óbvio irmã, machucar as pessoas não o
trará de volta, pelo contrário, vai acabar te
levando para a cadeia ou para debaixo de sete
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palmos de terra.

— CALA A BOCA, ALLEGRA! Você não


sabe a merda que está falando, é por isso que o
papai nunca assumiu sua paternidade, você é

completamente ridícula e sem graça. Saia logo da


minha casa, ou eu mesma te colocarei para fora a
ponta pés.

Graças a era da internet, eu pude pesquisar


um pouco mais sobre o meu pai. Segundo os

jornais da época, ele já estava praticamente falido,


então não teve os recursos necessários para
apresentar uma boa proposta, bem diferente dos
Bianchi, na época eram três primos sonhadores que
buscavam visibilidade para sua empresa, então não
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mediram esforços para apresentar um projeto a

altura do governo. Fico me perguntando se Arianna


não se deu o trabalho de ler um pouco, ela colocou
isso de vingança na cabeça e ninguém consegue

tirar.

Sei que minha irmã fez coisas erradas, mas


infelizmente não tenho como provar minhas teorias,
muito menos entregá-la, pois querendo ou não
temos o mesmo sangue correndo nas veias.

Mandei mensagem para minhas amigas,


combinando uma noite de meninas no meu
apartamento novo. Preciso ocupar a mente, e elas
vão me ajudar com isso. Somos amigas há quase
dez anos, sempre fomos muito unidas, a única que é
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mais afastada é a Tiffane. Ela não fala muito sobre

suas preocupações, mas já estamos acostumadas


com seu silêncio. Às vezes temos alguns
desentendimentos, mas nada muito grave. Eu contei

para elas sobre a ideia da minha irmã, e que é iria


ajudar nesse detalhe com o Pietro. Desde o começo
foram contra, como elas disseram, enganar as
pessoas não faz parte do meu perfil, ainda mais por
uma irmã que nunca me deu valor.

Mas vi que o melhor a se fazer é esquecer


toda essa história, vou me concentrar no meu
trabalho que ganho muito mais. Amanhã será meu
primeiro dia na empresa, e uma mistura de medo e
ansiedade tomam conta do meu coração. Tenho que

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tomar muito cuidado para não misturar as coisas,

não posso esquecer que o Pietro de agora em diante


será meu chefe, tenho obrigação de esquecer o
gosto divino de seus lábios tocando os meus.

Em alguns momentos penso que


enlouqueci, Pietro é um homem que fode com a
sanidade de qualquer mulher. O perigo está em
vermelho estampado em sua testa, e mesmo assim
eu ainda ouso arriscar. Sei que trabalhar ao seu lado

vai exigir muito controle, mas tentarei ao máximo


evitar qualquer tipo de contato, ou manter apenas
contatos extremamente necessários.

Sonhei com ele duas noites, na verdade, não


sei se pode ser denominado sonho ou pesadelo.
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Uma forte chuva caiu de repente na cidade, e

estávamos viajando para uma reunião de negócios,


infelizmente só conseguimos um quarto no qual
tivemos que dividir, e ali mesmo com o barulho das

fortes chuvas eu me entreguei a ele. Acordei


completamente suada e ofegante, eu já tive sonhos
eróticos, mas nenhum nessa magnitude.

Eu posso ser virgem, mas não sou nenhuma


moça pura e recatada, estou nessa situação porque

não encontrei ninguém que valesse a pena.


Diferente das minhas amigas, que basta ter um pau
no meio das pernas e elas estão transando, eu
preciso me sentir confiante e pronta para isso, e
nenhum carinha me despertou esse desejo, e eu não

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transarei apenas por transar.

Respondi algumas mensagens das meninas,


todas ansiosas para saber onde será o meu novo
trabalho. Claro que não disse onde era, elas

fantasiaram muito depois da cena da boate, não


quero essas malucas no meu pé, afinal, quando
querem, sabem ser bem inconvenientes.

Tomei um banho rapidamente, vesti uma


camisa grande e me deitei, amanhã quero acordar

bem-disposta para o meu primeiro dia de trabalho


na empresa de empreendimento mais famosa do
país.

(...)

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Assim como o programado, o despertador

tocou às sete em ponto, em pouco mais de meia


hora eu já estava pronta. Optei por uma calça em
sarja vinho, uma camisa social preta e um salto

também preto. Nos cabelos acabo os perdendo,


ainda não tive tempo de ir ao salão, então essa é a
melhor opção. Uma maquiagem leve nos olhos e
um batom vermelho, e estou prontinha para meu
primeiro dia.

Pego minha bolsa e a pasta com meu


notebook, daqui até lá leva cerca de quarenta
minutos, é o tempo suficiente para que eu não
chegue muito cedo, mas também não corra o risco
de me atrasar.

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Entro no meu carro, e dirijo tranquilamente

pelas ruas de Vicenza, o vento em meus cabelos e o


ar puro funcionam agem como o calmante que eu
preciso nesse momento, as benditas borboletas

fazem uma festa no meu estômago, tenho certeza


de que se tivesse tomado café colocaria tudo para
fora. Confesso que não sei o que está me deixando
mais nervosa, e no fundo tenho medo de saber a
resposta.

Não demora muito até minha chegada, me


identifico e deixo meu carro no estacionamento. No
térreo, enfrento uma pequena fila para os
elevadores, o que era de se esperar, vindo de uma
empresa desse porte.

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Chegou a minha vez, calmamente apertei o

último andar. Além de mim outras mulheres


também entraram, e não se importaram com as
outras pessoas, pois começaram a conversar sobre

homens.

— Menina, eu tenho certeza de que estou no


emprego dos sonhos. — uma loira alta, vestida com
seu tubinho preto impecável fala — A melhor parte
do meu dia é quando descubro que tem reunião

importante na presidência.

— Nem me fale, aqui parece o paraíso dos


deuses gregos, amiga. — Dessa vez uma morena de
cabelos cacheados a se pronunciar — O dia que
quase fui ao céu, foi quando peguei o mesmo
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elevador que o senhor Lorenzo e Enrico, o que são

aqueles homens?

As outras mulheres não se pronunciam,


apenas riem da conversa das duas. Não posso julgá-

las, vi os dois apenas por fotos e ficou mais que


claro que passaram milhares de vezes na fila da
beleza.

— As mulheres deles são umas sortudas,


conquistaram o coração dos solteirões mais

cobiçados. Como eu queria ter essa sorte. — uma


mulher ruiva e baixinha fala, fazendo com que
todas concordem.

Eu nunca pensei que pegar um elevador


fosse demorar tanto, as pessoas vão descendo em
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seus andares e as tagarelas continuam falando sobre

os Bianchi.

— A mais sortuda de todas, será aquela que


conquistar o coração do Pietro. O que tem de lindo,

tem de cafajeste. — a loira fala novamente, fazendo


com que eu preste mais atenção a conversa — O
homem tem uma pedra no lugar do coração, essa é
a única explicação plausível para até hoje continuar
solteiro. Nós sabemos que para ele mulher não é

difícil, mas nunca assumiu ninguém.

— Eu nem me importo de conquistar seu


coração, eu queria mesmo era morder aquela
bundinha linda. — a ruiva baixinha fala suspirando
— Oh, Deus, não custa nada realizar esse meu
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único desejo.

Ela termina de falar e o elevador abre as


portas no último andar, todas nós nos retiramos e
eu estou até agora chocada com a conversa. Não sei

explicar o que foi pior, mas sei que a parte do


Pietro chamou minha atenção, por que quando eu
estava pesquisando sobre sua vida não vi nenhum
indício de mulher, e isso foi o que mais me deixou
intrigada. E agora depois e ouvir isso, tenho certeza

de que alguma coisa deve ter acontecido para ser


assim.

Acorda, Allegra! Não é porque os mocinhos


dos livros são traumatizados, que o coração de
pedra pegador é da mesma forma. — fala meu
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consciente.

Resolvo não pensar nisso por agora, me


concentrarei no que é mais importante. Fui até a
Felícia, assim como recomendado no e-mail e falei

que era a nova diretora de marketing. Ela me disse


que o Pietro viajou a negócios, mas assim que ele
chegasse iria falar comigo. Acabo suspirando, mas
não sei explicar se é de alívio ou decepção. Ela me
leva até uma sala, que fica depois da presidência.

A sala é maravilhosa, uma enorme e


encantadora janela de vidro, uma mesa preta em
frente e alguns móveis pretos, que criam um
contraste divino. As paredes são pintadas com um
leve e quase imperceptível marrom, e isso foi o que
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mais me encantou e tudo. Felícia se retirou dizendo

que em alguns minutos me apresentaria minha


secretária, e mais uma vez fiquei de queixo caído,
pois não imaginei que teria uma.

Sobre a mesa uma pequena e singela caixa


de chocolates, mas não qualquer uma, é nada mais
nada menos que os chocolates mais caros da
cidade. Nela há um pequeno bilhete:

Desculpa não poder recepcioná-la da

melhor forma, mas infelizmente o dever me chama.


Pode ficar à vontade para modificar o que quiser,
se precisar de ajuda Felícia está a sua disposição.

Nos vemos em breve,

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Pietro Bianchi.

Bobo e fraco coração, não comece a falhar


nas batidas, ele faria isso com qualquer outra que
estivesse no meu lugar, trate de não fantasiar coisas

com o seu chefe. Lembre-se da conversa que ouviu


no elevador, ele nunca se envolveu com ninguém,
não será você a escolhida.

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Capítulo onze
Allegra Rizzi

Um mês se passou, desde que eu comecei a


trabalhar. Encontrei com o Pietro apenas três vezes,
pelo visto ele tem muito mais coisa para resolver do
que eu pensei. Mas apesar dos pesares, pude

conhecer os outros primos e agora consigo entender


completamente aquelas mulheres no elevador,
nunca vi tanto homem bonito reunido em um lugar
só. Também conheci as mulheres dos Bianchi,
todas me acolheram muito bem.

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Em uma tarde, elas vieram me fazer uma

visitinha, e antes de sair a Antonella virou para a


Vanessa e Valentina e disse baixinho:

— Menina, quando ele disse que ela era

linda, não imaginei que fosse tanto. Aposto que


aquele coração de pedra já deve estar gamado na
Allegra.

Sei que não falaram para eu ouvir, mas


aquilo tem dias martelando na minha cabeça. E

como meu coração é bobo, já começou a fantasiar


inúmeras coisas que só sendo muito besta para se
iludir. Resolvi não comentar com as minhas
amigas, da última vez a Tiffane fez questão de
jogar na minha cara o quanto eu era boba por
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sonhar com isso.

Optei por não me martirizar com isso e


focar no que realmente interessa, esses dias lendo
algumas matérias vi que a imagem do Pietro não é

muito boa na mídia, então pensei em uma entrevista


exclusiva para falar sobre a empresa e
consequentemente a vida pessoal. Isso será bom e
trará visibilidade, marquei um horário com ele às
dezoito, a única hora que ele tinha disponível em

sua agenda.

Pedi para minha secretária avisar assim que


ele estivesse disponível, não quero que passe de
hoje essa reunião. Temos que aproveitar que os
veículos de comunicação estão em cima dele igual
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uns urubus.

— Allegra, — Makayla, minha secretária


entra na minha sala. — O senhor Pietro mandou
avisar que está a sua espera.

— Tudo bem, já estou indo.

Makayla é nada mais, nada menos que a


ruiva baixinha que estava falando no elevador.
Quando ela descobriu quem eu era, a coitada ficou
vermelha igual um tomate. Depois de uns dias veio

e implorou para não contar sobre o que eu ouvi,


claro que a tranquilizei sobre isso, eu nunca falaria
nada.

— Senhora...

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— Sim, Makayla. — respondo ao seu

chamado.

— Ainda vai precisar mim? Está no meu


horário e eu preciso ir embora. — diz um pouco

envergonhada.

— Pode ir descansar, assim que eu terminar


essa reunião também irei para casa. Nos vemos na
segunda.

Nos despedimos e eu segui para a sala do

Pietro, antes de bater na porta ajustei minha saia


lápis preta, dei uma checada na minha maquiagem
e finalmente bati na porta e entrei.

— Oi, Pietro. — Caminho timidamente até

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ele, que está sentado em sua cadeira atrás da mesa.

— Allegra — ele me presentou com um


lindo sorriso —, nem parece que trabalhamos no
mesmo lugar, faz tempo que não tenho o prazer de

desfrutar da sua beleza.

— Vida de CEO é assim mesmo, o dever


sempre fala mais alto. — respondo, mas sem
mencionar o fato da beleza — Mas, vou aproveitar
o tempinho na sua agenda, tenho algumas ideias

que queria te mostrar. Não vou tomar muito seu


tempo.

— Pode ficar à vontade, você é meu último


compromisso de trabalho do dia. — Aponta para
que eu sente na cadeira a sua frente. — Pode
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começar.

E assim eu faço. Explico com detalhes a


minha ideia sobre a entrevista. Ele observa
atentamente cada palavra que eu digo, ao mesmo

tempo em que faz anotações em uma agenda. Como


de se esperar, ele topou a entrevista, só ficou um
pouco resistente em relação a vida pessoal, mas o
tranquilizei dizendo eu vou ler todas as perguntas
antes de ser passada para ele.

Tirei algumas dúvidas, e quando vi o


relógio já marcava oito da noite e chegou minha
hora de ir para casa.

— Que bom que você aceitou a ideia, agora


que não restam mais dúvidas, eu preciso ir para
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casa. — Começo a me levantar, mas ele foi tão

rápido que já estava em minha frente.

— Por que você foge tanto de mim,


Allegra? — Sua mão acaricia delicadamente meu

rosto, fazendo meu coração disparar de imediato.

— Não sei do que está falando, Pietro.

Me afasto de seu toque, e sigo para a porta


apressadamente, caminho alguns passos e entro na
minha sala. Pego minha bolsa, e ao me virar dou de

cara com ele entrando e fechando a porta atrás de


si.

— Você não respondeu a minha pergunta.


— Seus olhos enigmáticos estão fixos em mim.

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— Não tem nada para responder, Pietro, não

sei de onde tirou essa ideia maluca. — Seu olhar é


tão penetrante, que não consigo desviar.

— Tudo começou na boate, e até hoje não

entendo o motivo de ter fugido daquela forma.


Aqui na empesa não é diferente, sempre que pode
você arruma um jeito de se afastar, e eu sei por que
você faz isso.

Ele está tão perto que consigo sentir seu

perfume amadeirado invadindo minhas narinas, e


nesse momento meu coração só falta sair pela boca.

— E para você, qual seria o motivo de eu


fugir?

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— Porque assim como eu, você sente essa

química forte que nos rodeia. Essa vontade louca de


sentir o gosto de seus lábios novamente. Você acha
que não percebo os sinais do seu corpo, Allegra? —

Passa os dedos calmamente pelo meu pescoço, me


deixando com a estranha sensação de queimação na
minha pele. — Eu sei que você me quer, assim
como eu te quero desde o primeiro momento que
coloquei meus olhos em você.

— Como pode ter tanta certeza? —


pergunto com a voz baixa, quase em um sussurro.

— Eu posso provar, você me permite?

Santo Deus, já devia ter imaginado que ficar


sozinha com esse homem não seria uma coisa boa.
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Minha vontade é de pular em seus braços, e beijá-lo

como se não houvesse amanhã. Mas não posso


parecer uma desesperada, deixarei que ele conduza
esse jogo.

— Sim, Pietro.

Assim, ele segura meu rosto com a mão


direita, colocando seus dedos entre o meu cabelo.
Aproxima seu rosto vagarosamente e cola nossos
lábios, ele não faz nenhum movimento, fica apenas

com os lábios juntos ao meu. Suas mãos vão para


minha cintura, puxando-me e prendendo-me ao seu
corpo. Seus lábios começam a se mexer, fazendo
com que eu faça o mesmo, sua língua invade a
minha sem a menor permissão. Uma pequena
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batalha foi travada por nossas línguas, minhas mãos

que até agora a pouco estão paradas na lateral do


meu corpo, vão de encontro as suas costas, em um
pequeno vai e vem.

O calor que sinto é inexplicável, é como se


fosse um beijo de reconciliação, ou aqueles cheios
de saudades. Não é apenas a entrega de nossos
corpos, o desejo que eu estava sentindo desde
aquele dia na boate, mas que fui fraca e acabei

fugindo está de volta. Pietro suga minha língua, e


um arrepio atinge a minha espinha, me deixando
em choque com toda essa intensidade.

— Precisa de mais uma prova, Allegra? —


fala, assim que nos separamos, com a respiração
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ofegante e o coração acelerado.

— Acho que sim, não consegui me


convencer muito bem. — Ele me dirige um sorriso
safado, e eu não sei de onde tirei coragem para falar

isso.

Nesse momento, a única coisa que sei é que


irei aproveitar seus beijos, pois quando essa magia
terminar eu não saberei onde enfiar minha cara de
tanta vergonha. Então com o sangue quente, me

entregarei aos seus beijos e saciarei meu desejo de


seus lábios.

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Capítulo doze
Pietro Bianchi

Mio Dio, quella ragazza mi fa impazzire[14].

Tenho certeza de que Allegra apareceu na


minha vida para me deixar louco. Desde o dia em
que nos conhecemos na boate que não consigo

esquecê-la. E para foder de vez com a minha


sanidade, o filho da mãe do destino cruzou mais
uma vez nosso caminho. Com isso, aproveitei todas
as reuniões possíveis para ficar longe, não sei se
conseguiria me concentrar sabendo que ela estaria a
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duas salas de mim. Hoje não tive escolha, no início


da semana Felícia, me avisou que ela queria uma
reunião comigo.

E agora estou aqui, fodidamente perdido e

sem saber como agir, parecendo um bobo


apaixonado. Se ela fosse outra, eu já estaria
arrancando sua roupa e lhe comendo aqui mesmo
sobre essa mesa.

— Vai ficar aí me olhando desse jeito,

Pietro? — Seu tom de voz é baixo e tímido, típico


da Allegra.

— Sim, estou apenas esperando o momento


que você vai sair correndo por essa porta. —
Sorrio, e em troca recebo um revirar de olhos —
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Falei alguma mentira? Tem quase cinco minutos

que nos separamos, e você até agora permanece na


sala e isso com certeza é um recorde.

— Você é um babaca mesmo Pietro. —

Pega a bolsa e marcha em direção a porta, que está


fechada e a chave em minha mão.

— Quando você fechou essa porta? —


pergunta confusa.

— Isso não vem ao caso, mas você quer

essa belezinha aqui? — Balanço a chave no ar.

— Para de brincadeira, Pietro, está ficando


tarde e eu preciso ir para casa. — Tenta alcançar a
chave, mas tenho quase o dobro de seu tamanho.

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— Como você consegue mudar de

personalidade em questão de segundos, Allegra?


Agora a pouco você estava em meus braços, e não
me pareceu com pressa para ir embora, agora

começa a agir como uma louca. Isso tudo é medo


de quê?

— Não serei mais uma na sua cama. —


responde com os olhos fixos em mim, e agora
começo a entender tudo.

— De onde você tirou isso, Allegra?

— Faça-me o favor, todo mundo sabe da


sua fama de pegador nato. Não venha me dizer que
isso não passou pela sua cabeça. — Seu tom de voz
é duro, e eu só tenho vontade de ri com seu jeito —
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Não tenho a menor intenção de parar na sua lista,

eu sou uma mulher que tem um nome a zelar e não


quero que pensem que estou aqui por outros
motivos.

— Você est...

— Não estou nada, apenas falo a verdade.


— Ela me interrompe, não me deixando falar —
Não vou mentir e dizer que não gostei dos beijos,
mas não pode passar disso. E eu acho bom você

abrir essa porta, ou eu...

— Ou você o quê, vai gritar? — Dou um


passo para ficar mais próximo dela, ao mesmo
tempo em que ela caminha para trás. — Não vou
mentir e dizer que não quero ouvir você gritar, eu
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quero e muito, mas não dessa forma que tem na sua

mente. Quero ouvir seus gritos de prazer, quando


minha língua estiver passeando por seu clítoris, ou
quando meu pau estiver enterrado bem fundo na

sua boceta.

A cada palavra que sai da minha boca, as


bochechas da Allegra ficam mais vermelhas que
um tomate.

— Desde o primeiro momento que lhe vi,

imagino o dia que terei o prazer de tê-la totalmente


sem roupa em meus braços. No entanto, tenho
plena ciência de que você não é esse tipo de
mulher, Allegra. Porque se fosse, eu já teria
rasgado essa sua saia, te colocado de quatro sobre
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esse sofá e enfiado meu pau nesse seu rabinho. E

mesmo com os mais sórdidos pensamentos rodando


na minha cabeça, eu não farei isso com você... Pelo
menos não agora.

Não digo mais nenhuma palavra, deixo um


beijo em seus lábios e destranco a porta, me
retirando de sua sala. Tenho certeza de que acabei
lhe chocando com as minhas palavras, mas eu tinha
que ser sincero e acabar logo com essa história.

Minha vontade é de jogá-la contra a parede e beijar


cada pedacinho de seu corpo, então justamente por
isso tenho que sair o mais rápido dessa empresa,
para eu não cometer nenhuma loucura.

Passei rapidamente na minha sala, peguei


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meu celular e a chave da minha moto. Hoje o que

eu preciso é de extravasar a tensão do meu corpo, e


eu só consigo de duas formas: no sexo e andando
na minha moto. Sei que essa diaba não abandonará

meus pensamentos, e não quero que aconteça o


mesmo que da última vez.

Subo na minha BMW R preta e sigo pelas


ruas da cidade, rumo a casa do Lorenzo, onde terá
um jantar em família. A quase cem quilômetros por

hora, começo a pensar nas oportunidades que tive


na vida e o quanto posso me considerar um cara
sortudo. Tenho certeza de que meu pai e tios
ficariam muito orgulhoso de nós, que soubemos
triplicar patrimônio da empresa e alavancamos o

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nome dos Bianchi.

Nesses últimos dias pensei muito em


construir uma família, e tenho certeza que deve ser
alguma bruxaria da Allegra. Eu já tive outras

mulheres tão lindas, ou mais que ela. Mas essa


menina me encanta de uma forma que não sei
explicar, tem apenas vinte e quatro anos e está me
fazendo pensar em compromisso.

Eu sei que ela é típica garota para se casar,

em compensação eu sou o cara que tem aversão a


relacionamentos. Que coisa, não tem como
acreditar que nossos caminhos se cruzaram dessa
forma. Se eu tivesse o poder de voltar no tempo,
certamente não teria ido a boate aquela noite.
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Não demora muito e chego ao condomínio,

retiro o capacete para o segurança me veja, e ele


rapidamente deixa que eu entre. Com certeza deve
pensar que é o meu irmão, que também mora aqui.

Deixo minha moto na entrada, e toco a


campainha, sendo recepcionado pela Valentina, a
linda brasileira que fisgou o meu primo.

— Pietro, pela primeira vez você não foi o


último a chegar. — diz e não sei como, mas ela

consegue me diferenciar do meu irmão, fato que é


bem raro para as pessoas que não nos conhece
desde garotos.

— Eu só queria entender como você


consegue saber que sou eu. — A abraço, beijando
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logo em seguida sua testa.

— E eu já te falei que não revelarei meu


segredo. — Fecha a porta atrás de nós — Seus
primos estão na sala, pode ir que eu vou até a

cozinha resolver os últimos detalhes.

Toda vez que venho aqui, fico me


perguntando para que eles querem uma casa tão
grande desse jeito, um exagero sem tamanho.

— Tio. — Um furacão de cabelos pretos

vem correndo e se jogando em meus braços.

— Oi, princesa do tio. — Beijo seus cabelos


— Como você cresceu, o que sua mãe anda lhe
dando para comer?

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— É que eu sou uma mocinha, tio. — Passa

a mão nos poucos fios da minha barba — Já tenho


cinco anos.

— Nossa, realmente uma mocinha linda. —

Faço cócegas, a levando a gargalhadas — Já que


você é grande, vou ter que desistir de comprar sua
boneca. Pois só crianças brincam de bonecas, e
você já é uma mocinha, não é?

— Tio, eu acho que não quero ser mocinha,

eu prefiro ficar brincando com as minhas bonecas.


Depois você brinca um pouco comigo? Mamãe me
deu uma boneca grande, e ela vem com uma
casinha do meu tamanho.

— Brinco sim, princesa, agora vou


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conversar com o seu papai e depois a gente brinca.

A coloco no chão, e rapidamente ela some


da minha visão. Violetta é uma criança
maravilhosa, puxou a beleza indescritível da

Valentina, mas infelizmente tem o gênio teimoso


do pai, quero nem imaginar o trabalho que o meu
primo terá quando ela estiver maior.

— Não se preocupem, o mais bonito da


família está na área. — falo assim que chego na

sala, e encontro o Lorenzo, Enrico e Antonella


reunidos.

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Capítulo Treze
Allegra Rizzi

Sim, tem quase meia hora que Pietro saiu da


minha sala, me deixando completamente confusa e
sozinha. Não consegui entender bem o que acabou
de acontecer, eu estava em seus braços desfrutando

de seus lábios, mas minha razão falou mais alto.


Pensei que ele fosse insistir para que eu ficasse,
mas não, e isso está me deixando totalmente
confusa.

Preciso conversar com alguém, ou tenho


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certeza de que vou enlouquecer. Por um momento


pensei em me entregar a ele, pois o que nenhum
outro homem tinha conseguido, ele conseguiria sem
esforço algum. Desde o nosso primeiro beijo que

sinto que ele me bagunçou por dentro, Pietro


consegue despertar os mais íntimos desejos de
minha mente.

Não consigo parar de imaginar a sensação


prazerosa de ter suas mãos passeando por meu

corpo, o toque de seus lábios sobre a minha pele.


Meu coração fica descompassado quando estou ao
seu lado, e estou começando a repensar a ideia de
trabalhar aqui, ficar ao seu lado não me faz bem,
pelo contrário, fode com a minha sanidade.

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Decido não ficar mais me lamentando pelo

que aconteceu, mando uma mensagem para a Luara


avisando que estou indo para sua casa, minha
amiga saberá me dar o conselho que preciso. Ela

sempre foi a mais sensata de todas nós, olha além


do óbvio e sempre possui os melhores conselhos e
perfeito para todas as ocasiões.

Não demora nem meia hora e já estou na


porta do prédio, peço para o porteiro interfonar e

rapidamente minha entrada é liberada. Pego o


elevador e sigo até o quinto andar, assim que ele
para vejo minha amiga na porta a minha espera.

— Eu estou muito confusa. — falo


abraçando-a.
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— Oi, para você também amiga.

Me puxa para dentro, ela sabe que para eu


chegar nesse estado é porque o problema é sério
mesmo. Eu sempre gostei de resolver minhas

coisas, e sempre vou atrás de seus conselhos


quando estou no limite.

Paro por uns minutos admirando minha


amiga, seus cabelos ruivos são a primeira coisa que
chama atenção, seu corpo é de dar inveja em

qualquer um, seus olhos pretos fazem um contrate


perfeito com seus finos e rosados lábios. E acima
de tudo, a pessoa maravilhosa que ela é por dentro,
e tudo isso me intriga com o fato dela estar solteira
ainda.
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— O que foi que aconteceu? Pode começar

a contar tudo, Allegra.

Se afasta, vai na cozinha e retorna com uma


bandeja contendo suco, chocolate a outras

guloseimas que ela sabe que gosto. São atitudes


como essa que me fazem ter certeza de que vim na
pessoa certa, Luara é um anjo em minha vida com
toda certeza.

— Lembra quando fomos na boate há uns

dois meses, e fiquei com o Pietro? — Acena que


sim, tomando um pouco do seu suco — Desde esse
dia não consegui tirá-lo da cabeça, meus sonhos
eram povoados por seus lindos e enigmáticos olhos.
Não contei a vocês do meu novo emprego, que para
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meu azar é na empresa dele.

Minha amiga está em choque, me olhando


atentamente.

— Logo no dia da entrevista tive uma

provação, fui entrevistada pelos irmãos. Você tem


noção do que é ficar cara a cara com dois deuses?
Pois bem, ali foi o primeiro teste de resistência.
Minha sala são duas depois da dele, nesse mês
quase não vimos e eu agradeci por isso, já que

ainda não estava pronta para vê-lo todos os dias.

— Essa história está melhor que novela. —


Ela sorri, e se ajeita no sofá — Quando vai ser o
capítulo que vocês se pegam?

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— Bem, agora. — Sorrio envergonhada —

Tínhamos uma reunião para poder acertar sobre


uma nova ideia que eu tive, tudo estava correndo
perfeitamente bem e eu conseguiria sair da sala

com minha sanidade. E assim eu fiz, terminei a


reunião e fui para minha sala, mas ele veio logo
atrás e ainda trancou a porta. Senti como se a sala
tivesse esquentando de uma hora para a outra, a
atmosfera tinha mudado em questão de segundos.
Aquele homem que exalava poder, estava a minha

frente e no meu íntimo eu ansiava para que ele me


tomasse em seus braços.

Impossível não lembrar de seus beijos, ele


tem o poder de me deixar louca e eu não sei como

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mudar isso. Fecho os olhos e lembro dos momentos

que passamos na minha sala, e começo a imaginar


o que teria acontecido se eu não tivesse surtado.

— E foi o que aconteceu. Seus lábios

atacaram os meus, me permiti viver o momento e


me entreguei ao beijo. Tudo estava indo bem, mas a
razão falou mais alto e acabei surtando mais uma
vez.

— Como assim surtando?

— Disse que queria ir embora, e ele me


perguntou como eu conseguia mudar de uma hora
para a outra. Não fui capaz de responder, pois nem
eu mesma sei a resposta para essa bendita pergunta.

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— O que você sente pelo Pietro?

— Essa é a questão amiga, eu não faço a


menor ideia do que sinto aqui dentro. — Levo a
mão ao coração.

— Você não quer se apaixonar por que tudo


isso é um plano da sua irmã?

— Não estou fazendo isso por conta do


plano besta de vingança da Arianna, eu já falei para
ela que não vou fazer mais parte dessa loucura. E

justamente por esse motivo saí de sua casa, não


posso compactuar com as loucuras dela.

— Então o que te impede?

— O medo, sei lá. Pietro é um homem feito,

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lindo, poderoso e disputado por muitas mulheres,


não tenho vocação para ser mais uma em sua cama.

— E como você pode garantir que será


apenas mais uma em sua cama? Você é linda e um

mulherão da porra, nada impede que ele se


apaixone por você.

— Enlouqueceu, Luara? — Levanto-me do


sofá, e caminho até a sacada — Ele nunca apareceu
com uma mulher, mas manchetes ficou mais que

claro que ele é um pegador. O que te faz pensar que


eu serei a escolhida?

— Acho que estamos indo muito rápido,


por mais que ele seja um galinha, acho que isso não
é motivo para você fugir. Os dois são adultos,
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independentes e vacinados. É só você aproveitar o

momento e se entregar nos braços do bonitão, se


ele não pode lhe dar seu coração, tenho certeza de
que bons orgasmos são garantidos.

Não digo nada, pois apesar de sermos


amigas há anos, eu nunca contei sobre a minha
virgindade, porque isso é um assunto íntimo e sei
que as meninas ficariam no meu pé por conta disso.

Meu maior medo é de justamente me

entregar e depois quebrar a cara, mesmo sem querer


ele mexe muito comigo e tenho certeza de que não
vai demorar muito para o meu bobo e fraco coração
se apaixonar.

— Eu sou virgem. — confesso, deixando


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minha amiga de boca aberta — Tenho medo de me

entregar e depois ter o meu coração partido, pois


sei que irei me apaixonar pelo Pietro, e não sei se
tenho estruturas para isso.

Depois da minha revelação surpreendente,


ficamos conversando por mais um tempo, e minha
amiga tentou a todo instante me convencer a
aproveitar o Pietro. Eu sei que ela está certa, mas o
medo infelizmente ainda fala mais alto. Sei que a

partir do momento que eu deixá-lo tocar no meu


corpo, será um caminho sem volta para minha
sanidade e meu coração.

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Capítulo Quatorze
Allegra Rizzi

Dois meses depois

Esses últimos dias foram bem corridos,


amanhã sairá em um grande jornal uma entrevista

exclusiva com o Pietro. Eu analisei bem as


perguntas antes de passar para ele, as relacionadas
ao suposto estupro foram descartadas, não sei por
que o jornalista insistiu em fazê-las.

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Hoje é sexta-feira e eu só quero chegar em

casa e me deitar, meu corpo precisa de um


descanso com urgência. Lá fora chove forte, até
tentei esperar a chuva passar, mas a cada minuto

ela fica mais e mais forte e se eu for esperar não


sairei daqui hoje. Despeço-me dos poucos
funcionários que ainda estão aqui, pelo horário
Pietro também já deve ter ido. Foram poucas as
vezes que nos encontramos, e em todas eu senti
vontade de beijá-lo, e acredito que com ele não

tenha sido diferente, já que em todas as vezes que


conversamos ele não tirou os olhos da minha boca.

Chego no estacionamento e não acredito no


que meus olhos veem. Algum filho da mãe furou o

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pneu do meu carro, pois eu tenho certeza de que ele

não estava assim quando eu cheguei aqui.

Que inferno! Como eu irei embora com toda


essa chuva?

Pego o celular na tentativa de encontrar um


táxi, mas ninguém quer sair debaixo desse dilúvio.

E agora, como eu irei para casa desse jeito?

Um carro se aproxima, e até de longe eu


reconheceria o carro do Pietro.

—Boa noite, precisa de ajuda, Allegra?

Tenho duas opções: Negar sua ajuda e ficar


mofando na empresa, ou dividir o mesmo espaço
que ele por alguns minutos?

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— Sim, meu pneu furou e nenhum táxi quer

se arriscar nessa bendita chuva. — Resolvo ir pelo


mais óbvio, não tem lógica recusar sua ajuda —
Você poderia me dar uma carona?

— Claro, entra aí.

Abre a porta e eu me acomodo no banco do


passageiro, passo as coordenadas da minha casa e
ele segue por entre as ruas alagadas. O barulho da
chuva acompanha nosso trajeto, até que ele liga o

rádio e escuto quando dizem que a rua a caminho


da minha casa está interditada, e infelizmente não
tem uma alternativa e eu fico sem saber o que fazer.

— Você ouviu que será impossível


chegarmos na sua casa — fala, parando o carro no
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acostamento —, eu moro a dez minutos de onde

estamos, podemos ir para lá e você pode dormir na


minha casa.

— Mas... — Sou interrompida na mesma

hora.

— Ou ficamos aqui no meio da estrada,


aguardando que o caminho até sua casa seja
liberado. E lembrando que essa segunda opção é
muito perigosa. Então, o que me diz?

Com os olhos fixos nos meus, ele aguarda


minha resposta. E por mais que seja perigoso para
minha sanidade, ir para sua casa é a opção mais
segura no momento.

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— Ok!

— Eu perguntei apenas por perguntar, pois


de qualquer forma eu a levaria para minha casa. A
chuva parece que não terminará tão cedo, e ficar

nessa estrada aguardando uma solução é coisa de


doido.

Nem me dou o trabalho de responder, pois


sei que iria apenas comprar uma briga totalmente
desnecessária. Pego meu celular e mando uma

mensagem para a Luara avisando onde estou indo,


não demora um minuto e a resposta chega.

Luara: Use camisinha, não quero sobrinhos


por agora.

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Sinto minhas bochechas esquentarem na

mesma hora, olho para o Pietro e tenho certeza de


que ele viu a mensagem, pois me dirige um lindo e
safado sorriso. Se tivesse um buraco, certamente eu

me enfiaria nele.

Pietro não diz nada, e claro que não seria eu


a fazer isso. Ele desligou o rádio e os únicos sons
capazes de serem ouvidos, é os pingos de chuva
sobre o capô do carro e as batidas frenéticas do

meu coração. Só percebi que chegamos quando ele


parou e desligou o carro.

Ele sai primeiro, para logo em seguida abrir


a porta para mim. Caminhamos alguns passos e
entramos no elevador, ele aperta o botão para o
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último andar. O elevador apita e chegamos à

cobertura, e só agora percebi o quão chique é o


prédio. É um daqueles onde tem apenas dois
apartamentos por andar. Ele abre a porta e dou de

cara com um lindo apartamento, as paredes são em


um lindo tom de bege, combinando perfeitamente
com os móveis pretos, além de uma enorme janela
de vidro, onde consigo ter uma visão perfeita da
chuva lá fora.

— Uau, que apartamento lindo. — comento


admirada com tudo a minha volta.

— Vou trazer uma camisa para você vestir,


pode tomar banho no banheiro do meu quarto.

— Não precisa se preocupar, daqui a pouco


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a chuva vai passar e eu vou para a casa.

— Sinto te desapontar, mas não acredito


que essa chuva passe tão cedo. — fala, olhando a
chuva pela enorme janela de vidro — E não vou

discutir com você, espere uns minutos que trago


sua roupa.

Assim ele se retira, me deixando sozinha


em sua enorme sala. Aproveito para olhar tudo com
mais calma, e chego à conclusão de que é muito

espaço para uma única pessoa morar. Mas tenho


que admitir que é tudo de muito bom gosto,
mostrando bem o dinheiro que foi gasto.

Pietro disse que era alguns minutos, mas


depois de quase uma eternidade ele aparece com
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uma calça de moletom, camiseta e os cabelos

molhados, mostrando que ele acabou de sair do


banho. Imediatamente sou inebriada com o cheiro
de seu sabonete, e daria tudo para sentir de mais

perto.

Ele caminha em minha direção, para em


minha frente e fala:

— Segunda porta a direita, deixei algumas


camisas na cama para você escolher. Tem toalha

limpa dentro do armário do banheiro, pode ficar à


vontade.

Agradeço e saio praticamente correndo,


toda essa aproximação me deixou estranhamente
excitada. E por mais que eu queira pular em seus
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braços, preciso manter o controle de minhas ações.

Como indicado, entro na segunda porta a


direita, um quarto que é quase o tamanho do meu
apê, diferente da sala, as paredes são em tons

escuros, em contraste com os móveis claros. Sobre


a cama vejo algumas peças, e acabo optando por
uma camisa social preta. Vou para o banheiro e
tomo um bom e demorado banho, o que mais me
chama atenção é essa enorme banheira, que a todo

instante pede para ser usada. Mas controlo a minha


vontade, termino meu banho, escovo meus dentes e
visto a camisa, que claramente ficou parecendo um
vestido em mim. Agradeço aos céus por sempre ter
uma calcinha extra na minha nécessaire.

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Deixo meus cabelos soltos, dobro as

mangas da camisa e caminho de volta para a sala.


Lá fora a chuva continua com toda sua intensidade,
e qualquer esperanças de ir para casa se esvaiou.

Pietro está na cozinha, serve uma taça de vinho


para ele, e outra para mim.

— É da vinícola do Lorenzo, prove — Me


estende a taça —, você vai gostar.

E assim eu faço, tomo um pouco do líquido

gelado, que desce queimando em minha garganta,


aprecio o sabor do vinho e tenho que concordar, é
suave e bem delicioso. Tomo mais um gole, e
Pietro acompanha com o olhar cada movimento que
eu faço. Me deixando sem saber como agir, ao
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mesmo tempo com uma vontade de provocá-lo.

Pela primeira vez minha razão e emoção


apontam para a mesma coisa, hoje o desejo e a
vontade de sentir o toque de suas mãos em minha

pele, estão mais fortes e intensos do que em


qualquer outro momento. Mas apesar de tudo, não
irei tomar atitude de me jogar em seus braços,
apenas aproveitarei o momento se ocorrer.

Caminho até a janela, vislumbrando a

imagem magnífica à minha frente. As luzes da


cidade fazem um contraste divino com o cinza da
chuva, e o som dos pingos caindo sobre a estrada é
como um calmante para meus ânimos.

— La mia ragazza — fala tão próximo ao


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meu ouvido, que sinto seu hálito quente, fazendo

minha pele arrepiar com a aproximação.

Ele beija delicadamente o lóbulo da minha


orelha, me fazendo suspirar, suas mãos sobem e

descem por meus braços. Ele pega a taça da minha


mão e se afasta um pouco, não demora muito e ele
retorna, inalando o cheiro dos meus cabelos. Sinto
um beijo ser deixado em meu pescoço, e o toque de
seus lábios quentes sobre a minha pele me faz

suspirar com a deliciosa sensação. Suas mãos que


até então estavam em meus braços, passam a
passear sobre minhas pernas e institivamente as
abro, lhe dando mais liberdade para exploração.

Eu sei que vou me arrepender depois, mas


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pela primeira vez estou disposta a tentar, mesmo

que eu saia com uns trincados no meu coração.

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Capítulo Quinze
Pietro Bianchi

Eu sei que poderia muito bem levar a


Allegra para o “abatedouro”, mas sei que ela é
diferente e eu não me sentiria bem levando-a para
aquele lugar. E agora, podendo tocar em seu corpo

tenho certeza de que fiz a coisa certa. Desde o


primeiro instante que a vi vestindo apenas a minha
camisa, só consegui pensar no momento eu que eu
tiraria a peça de seu corpo. Eu tentei o tempo todo
me controlar, mas o desejo de provar seu delicioso

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gosto falou mais alto que eu.

— La mia ragazza[15], se você quer que eu


pare, essa é a hora. Pois quando eu tirar essa camisa
de você, não terá mais volta. — Vou deixando

pequenas mordidas em seu pescoço, e algumas


marcas vermelhas vão ficando sobre sua pele —
Não imagina o quanto estou me controlando, então
é melhor falar agora.

— Rendimi il tuo [16].

Cazzo[17]! Desde o primeiro momento eu


soube que Allegra veio para foder comigo, e não da
forma mais safada da palavra. Seu cheiro está
impregnado nas minhas narinas, sua pele é macia e

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cheirosa e eu só consigo imaginar a melhor forma

de tirar essa camisa que cobre seu corpo. A pego


nos braços, e caminho lentamente até o meu quarto,
coloco-a sobre a cama e fico uns minutos apenas

admirando a bela e frágil mulher a minha frente.


Ela não diz uma palavra, mas em seus olhos
consigo ver o desejo estampado.

Calmamente vou abrindo botão por botão, e


a primeira imagem que tenho de seu corpo são seus

lindos e aparentemente apetitosos seios. Faço todo


o processo sem abandonar seus olhos. É evidente o
quanto ela está envergonhada, mas em alguns
instantes tirarei essa vergonha dela, deixando-a
louca de prazer.

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Retiro toda camisa, a deixando apenas de

calcinha, e puta merda, como ela é gostosa. Retiro


sua calcinha e sou agraciado com sua boceta
lisinha, me aproximo e tomo seus lábios em um

beijo carregado de desejo. Suas mãos vão para os


meus cabelos, logo em seguida arranham minhas
costas, não sabendo que isso funciona como
combustão para mim.

Me afasto de seus lábios, e sigo beijando o

meio dos seus seios, barriga, até que chego no meu


lugar predileto, sua boceta. Levanto um pouco suas
pernas, para ter uma visão melhor. Passo a língua
vagarosamente em sua entrada, sentindo o gosto de
sua excitação. Começo um vai e vem por seu

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clítoris, no mesmo momento que introduzo um

dedo em sua boceta. Um pequeno gemido sai de


seus lábios, e agora vejo o quanto ansiei por esse
momento. Allegra tem um gosto maravilhoso, e

ouvir seus gemidos de prazer me deixam mais


excitado.

Quero que seu primeiro orgasmo seja com


meu pau dentro dela, e sem desgrudar os olhos dos
seus, levanto e tiro toda minha roupa, e ela fixa os

olhos no meu pau o que me faz sorrir satisfeito.


Vou até o banheiro e pego uma camisinha, cubro
todo meu pau volto rápido, e me preparo para
penetrá-la. A puxo para a ponta da cama, afasto um
pouco suas pernas e vou entrando devagar, dando-

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lhe tempo para se acostumar com meu pau.

Ela é como imaginei, apertadinha e


extremamente deliciosa.

Com meu pau todo dentro dela, começo a

me movimentar, e Allegra solta um pequeno


gemido que não me parece de prazer.

— Você está bem? — pergunto um pouco


preocupado, pois o que eu menos quero é que ela
sinta qualquer coisa além de prazer.

— Sim, pode continuar. — Sua voz é


manhosa e funciona como música para meus
ouvidos.

Faço o que ela pede, começo a me

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movimentar com mais rapidez, e ouvir seus


gemidos de prazer estão me deixando
completamente extasiado.

— Aaaah, Pietro. — fala cruzando as pernas

sobre a minha cintura.

Percebo que ela está próxima de seu


orgasmo, então sugo seus seios, deixando também
algumas mordidas. Troco um pouco nossa posição,
deixando a de lado e me encaixando atrás dela logo

em seguida. Coloco uma de suas pernas para trás e


começo com estocadas suaves, seus gemidos que
antes eram tímidos se tornam mais presentes e com
certeza será meu som predileto daqui para a frente.

— Puta merda, Allegra, você é tão apertada


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e deliciosa. — comento tomado de prazer.

Com mais alguns movimentos sinto-a


desmanchar em meus braços, entregando-se ao
prazer e libertação de seu corpo. Penetro mais

algumas vezes, até que sinto meu gozo me atingir


em cheio. Caio com tudo ao seu lado, as batidas
frenéticas do meu coração, só não são mais fortes
que o barulho estarrecedor da chuva lá fora. Retiro
a camisinha, amarro e jogo em um lixo ao lado da

cama. Allegra já estava se preparando para


levantar-se, mas dessa vez não deixarei que fuja.

— Nem pense nisso, Allegra, não ouse


levantar-se dessa cama e fugir mais uma vez.

— Calma, eu vou apenas ao banheiro, não


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vou fugir. — Ela sorri, e pela primeira vez vejo-a

tão sorridente.

Deixo que vá, Allegra me surpreendeu ao


não fugir. Então acredito que agora vamos falar a

mesma língua, ela tem um gosto viciante e eu só


espero que não seja um caminho sem volta.

Uma pequena mancha vermelha no lençol


me chama atenção, e na mesma hora lembro-me do
gemido de dor. E isso só tem uma explicação,

Allegra era virgem. E puta merda, eu sou um


cafajeste nato como ela costuma dizer, mas se me
dissesse que era virgem as coisas seriam diferentes,
pois não sei se fui carinhoso o bastante para a
primeira vez de uma mulher, e pelo pouco que a
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conheço, morrerá de vergonha se ver essa mancha.

Agindo por instinto, levanto e rapidamente retiro o


lençol, caso ela pergunte direi que o suor deixou
um cheiro forte.

Estava tão distraído, que não percebi que


ela já estava de volta, olhando assustada para a
cama, certamente buscando os resquícios de sua
primeira vez. Não falo nada, apenas fico lhe
encarando e me perguntando onde eu me meti.

Se eu já estava fodido antes, agora depois


de provar e descobri que fui o único a tocá-la, com
certeza me deixará mais fodido.

Minha menina, não pensei que o nome fosse


se encaixar tão bem.
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— Vem, deita-se aqui um pouco.

Ela faz o que eu peço, se aproxima


lentamente e se deita na cama. Lhe puxo para os
meus braços, sentindo mais uma vez o calor de sua

pele e o cheiro delicioso de seus cabelos. Meu dia


tinha tudo para terminar errado, mas agora com ela
em meus braços, talvez seja um recomeço.

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Capítulo Dezesseis
Allegra Rizzi

Sua expressão é serena e me transmite paz,


Pietro dorme tranquilamente ao meu lado, seu
braço circula minha cintura, como se estivesse me
prendendo para eu não fugir. Pela primeira vez não

pensei nisso nem por um minuto, desde o momento


que eu entrei no seu carro algo me dizia que as
coisas seriam diferentes, mas não pensei que perder
a minha virgindade fosse acontecer dessa forma.

O medo se fez presente durante todo o


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tempo, mas de uma certa forma eu confiava no


Pietro. Senti o toque de suas mãos sobre minha
pele, com certeza são lembranças que quero levar
comigo. A dor foi inevitável, eu sabia que algumas

mulheres sentiam mais que as outras, e comigo foi


apenas o desconforto inicial. Afinal de contas, ele
era enorme e por um momento passou pela minha
cabeça que não entraria tudo, mas não só entrou,
como a sensação de tê-lo dentro de mim foi
inexplicável.

Seus movimentos eram precisos, e a cada


estocada me sentia no céu, e agora consigo
entender plenamente as minhas amigas.

E pensar que eu me guardei tanto, é difícil


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de acreditar que o Pietro foi o escolhido para esse

momento tão importante. Foi tão natural, que


parecia que nos conhecíamos a muito tempo, e
principalmente que existia amor entre nós. Não sei

bem se é amor, mas meu coração bate


descompassadamente quando estou ao lado desse
cafajeste, e mesmo com todos os sinais de perigo
ligados, eu ainda consegui me apaixonar.

Com muito custo, levanto-me e vou ao

banheiro fazer xixi, e é impossível não lembrar da


pequena situação constrangedora em que passei.

Ele achou que eu fosse fugir, mas pela


primeira vez estou disposta a ficar e tentar. Com
um pouco de desconforto, caminho até o banheiro.
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No espelho, vejo minha aparência, cabelos

bagunçados, suor escorrendo na minha face,


coração com batidas frenéticas e um sorriso que a
muito tempo eu não via. Eu poderia lutar,

espernear e dar um jeito de ir para casa. Mas


chega uma hora que não tem por que lutar, a
conversa com a Luara me ajudou a abrir os olhos
com relação ao Pietro.

Jogo uma água no rosto, e ao fazer xixi

sinto um ardor quase insuportável e percebo a


presença de sangue. Automaticamente arregalo os
olhos, não quero nem imaginar a cara do Pietro ao
ver sua cama suja de sangue. E ele terá a
comprovação da minha virgindade, e como todo

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homem, tenho certeza de que ficará se

vangloriando por isso.

Respiro fundo, conto até dez e volto para o


quarto, rezando para que não tenha acontecido. Ao

sair me deparo com ele perdido em seus


pensamentos, olho assustada em busca dos
vestígios da minha primeira vez. Aparentemente
não tem nada, e me permito soltar o ar que prendia
em meus pulmões.

Admiro um pouco o homem a minha frente,


Pietro é lindo e consigo entender por que é o
solteirão mais cobiçado da cidade.

Mas não entendo o motivo de seu interesse


em mim, ele pode ter a mulher que quiser em sua
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cama. Por que perder tempo comigo? O que eu

tenho que poder conquistar um homem que exala


poder onde passa?

— Vem, deita aqui comigo.

Fala com os olhos fixos nos meus, e de


longe consigo sentir a intensidade desse homem.
Parecendo ser atraída por um imã, caminho
lentamente em sua direção, deitando-se ao seu
lado. Ele me puxa para seus braços, e consigo

ouvir as batidas de seu coração, e fico feliz de não


ser a única a estar com os batimentos acelerados.

Na pontinha dos pés caminho de volta para


a cama, sua mão está sobre o travesseiro, e com
bastante cuidado deito-me ao seu lado, logo em
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seguida ele me prende em seus braços, puxando-me

para colar nossos corpos. O relógio marca pouco


mais de três da manhã, e decido finalmente me
entregar ao sono, rezando para que tudo isso não

passe de apenas um sonho.

(...)

Sinto alguns beijos serem deixados em


meus lábios, penso um pouco para me situar onde
estou, e lembro que passei a noite no apartamento

do Pietro. Abro os olhos, dando de cara com um


lindo e deslumbrante Pietro à minha frente. Mesmo
com a cara de quem acabou de acordar, não perdeu
em nada a beleza que ele pegou na fila com o
próprio Deus.
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— Bom dia, minha menina. — Seu hálito

fresco me atinge em cheio, e eu apenas balanço a


cabeça, não quero cumprimentá-lo com esse bafo
matinal.

Aproveito seu deslize, levanto-me correndo


da cama e me tranco no banheiro. Agradeço a Deus
por ter deixado minha bolsa aqui, assim posso
pegar a escova na minha necessaire. Escovo os
dentes, lavo meu rosto e dou um jeito rápido no

meu cabelo que está com vida própria.

Saio do banheiro e não o encontro, vou em


direção a cozinha e o encontro preparando café. O
que me surpreende, pois pensei que nem um copo
de água ele pegasse para si.
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Fico parada na porta, apenas admirando-o.

A visão é perfeita, a cozinha tem os móveis claros


que fazem um contraste com as paredes no mesmo
tom, e com um avental extremamente sexy, Pietro

caminha de um lado para o outro, me deixando


hipnotizada.

— Vai ficar que nem uma boba me olhando,


ou vai vir aqui me cumprimentar decentemente? —
fala por cima dos ombros, e eu fico sem entender

quando percebeu minha presença.

— Oi, bom dia — Sorrio timidamente para


ele.

— Que bom dia seco e sem graça, esperava


mais de você, Allegra.
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Coloca duas xícaras de café sobre o balcão,

logo em seguida uma jarra de suco, bolo, frios e


alguns pães. E eu só consigo acompanhar cada
detalhe sem desgrudar os olhos.

Me aproximo calmamente, paro em sua


frente e beijo timidamente seus lábios. E para
minha perdição ele sorri com nossos lábios colado,
me puxa pela cintura e cola nossos corpos. Foi
impossível não sentir o choque inicial, mas logo em

seguida sou arrebatada em um beijo de tirar o


fôlego. Sua língua invade minha boca sem a menor
permissão, suga e deixa pequenas mordidas em
meu lábio inferior. O gosto de pasta de dente é
marcante, e eu só consigo retribuir o beijo com a

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mesma intensidade.

Aos poucos vamos nos afastando, e tenho


certeza de que do coração não morro mais, pois
sinto como se meu coração fosse sair pela boca.

Encosto minha testa em seu peito, e aguardo até


que minha respiração volte ao normal.

— Aprendeu como é um bom dia que


preste? — fala com os lábios sobre os meus
cabelos.

— Você é um bobo mesmo — Me afasto,


sentando-se na cadeira em frente ao balcão da
cozinha —, estou morrendo de fome, você nem
imagina o quanto.

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— Imagino, pois estou sentindo a mesma

fome. — Seu sorriso safado está presente


novamente, e tenho certeza de que sua fome não
está se referindo a comida.

Meu Deus, tudo isso está acontecendo


mesmo ou é apenas um sonho? Só sei que por hora
não quero que termine, eu sempre deixo o medo
dominar meus passos e pela primeira vez não sinto
vontade de fugir, só quero aproveitar ao lado desse

homem, nem que seja a primeira e última vez.

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Capítulo Dezessete
Pietro Bianchi

Pela primeira vez passei a noite com uma


mulher na minha casa, e tenho que admitir que
gostei da sensação. Allegra tem um jeitinho doce
que me deixa fascinado, e fico completamente

perdido com os sentimentos que essa menina


consegue me despertar. Se fosse em outros tempos,
além de não dormir no meu apê, iria lhe colocar
para fora assim que amanhecesse.

Mas o que eu fiz? Levantei mais cedo e


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fiquei velando seu sono, e o que me deixa mais


puto é que eu gostei da sensação. Allegra é capaz
de transmitir a paz que eu preciso, e isso me deixa
assustado pra caramba. Pior que não satisfeito,

ainda resolvi preparar nosso café da manhã.

Como pode uma menina bagunçar tanto


minha vida desse jeito?

É possível que ela conseguirá o que a anos


muitas mulheres tentam e não conseguem?

Ela mexe comigo de uma forma que não sei


explicar, a cada segundo ao seu lado é como se
fosse o recomeço de um sentimento que eu pensei
que nunca mais fosse sentir. Quero tomar seus
beijos e gemidos de prazer apenas para mim. Inalar
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o cheiro delicioso de seus cabelos, ter sua pele

macia e quente colada a minha. Pior que não sei


como agir, esse sentimento inexplicável está me
sufocando, e eu tentarei apenas deixar o tempo me

dar a resposta.

Depois do café ficamos mais alguns


minutos conversando, até que ela disse que tinha
que ir para casa. Pensei em pedir para que ela
ficasse, mas não deixei a emoção do momento

dominar meus passos. Me ofereci para levá-la em


casa, mas a Allegra é teimosa já estava de volta, e
como a chuva já tinha passado deixei que fosse de
táxi.

Agora estou aqui tentando me concentrar no


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meu trabalho, mas essa diabinha não para de

atormentar meus pensamentos.

Retorno a realidade com o toque da


campainha, e para subir assim sem ser anunciado só

pode ser o meu irmão ou meus primos. Abro a


porta e dou de cara com a Antonella e Valentina,
fico uns segundos apenas encarando as duas
malucas na minha frente.

— Não seja mal-educado, Pietro, saia da

frente para a gente entrar. — Por instinto faço o que


Antonella ordena, e fico me perguntando o motivo
da ilustre presença.

— Posso saber o que fazem na minha casa?

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— Mas é um ogro mesmo. — Valentina

revira os olhos, uma atitude comum — Se você


respondesse as mensagens, saberia que os meninos
precisam de sua assinatura com urgência e nós

fizemos o favor de vir trazer esses benditos papéis.

Ela os retira da bolsa e joga na minha cara,


me fazendo rir com o temperamento da minha
cunhadinha. Lorenzo e eu não somos irmãos de
sangue, mas é como se fosse. Leio os papéis por

cima e lembro quando comentaram comigo, Enrico


viajará a noite para o Brasil e precisa levar os
papéis assinados. É o contrato que estamos
fechando com uma multinacional brasileira, e eles
exigiram a assinatura dos quatro. Pelo fato de tantas

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exigências, pedimos para nosso advogado analisar

o documento minuciosamente, não queremos


deixar nenhuma brecha.

— Valentina, vem olhar uma coisa aqui.

Antonella busca a atenção da Valentina para


os copos no balcão, e me amaldiçoou por não ter
limpado isso antes. Mas a verdade é que eu não
esperava visitas, ainda mais sendo elas.

— Olha só, parece que o cafajeste de

plantão teve uma companhia essa noite. E ela foi


tão boa que estendeu para o café da manhã. —
Antonella comenta de forma divertida — Essa deve
ser especial, pois ele não a levou para o abatedouro.

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— Bem observado, amiga, e eu aposto com

você que é a Allegra. Tive certeza assim que bati o


olho naquela menina, ela tinha cara de que
conquistaria o coração de pedra. — Agora é a vez

da Valentina comentar, e elas falam tão


naturalmente, que parece que não estou aqui.

— Podem ir parando!

— Nem começamos ainda, Pietro. — Puxa-


me pelo braço, até o sofá, sentando-se logo em

seguida — Conte para gente o que está rolando


entre vocês dois.

— Até parece que isso vai acontecer, vocês


duas não tem nada melhor para fazer ao invés de
querer saber da minha vida?
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— Não precisamos de muitas informações,

só quero que me confirme que essa outra xícara é


dela. Isso é o suficiente para minha mente fértil
imaginar tudo, já consigo até pensar no casamento

de vocês. — Antonella comenta empolgada.

— Ei, pode ir parando por aí, eu mal


consegui me acostumar com a ideia de que essa
menina está mexendo comigo...

— AAAAAAAA — As duas começam a

gritar e bater palmas, e só agora percebi a burrada


que eu fiz. Estou fodido, essas duas não vão me
deixar em paz nem por um minuto, e tudo porque
fui burro e não consegui filtrar antes de falar.

Esse sentimento vem me consumindo por


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vários dias, e colocar isso para fora pode me ajudar

a entender que porra está acontecendo comigo.


Essa menina mal chegou e já bagunçou
completamente a minha vida, quando estou ao seu

lado não consigo ser o velho e costumeiro Pietro,


tenho medo de que algumas atitudes possam a
machucar. Tê-la em meus braços foi inexplicável, e
descobrir que eu era o primeiro me deixou mais
fodido ainda. O mais certo seria eu me afastar,
afinal o que eu menos preciso nesse momento é de

dor de cabeça, mas essa ragazza tem um imã que


me atrai de forma inexplicável.

Então como posso explicar esse maldito


sentimento, se nem eu sei o que estou sentindo?

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— Não vou entrar nesse assunto com vocês,

nem insistam. — Assino os papéis, coloco na pasta


e jogo sobre a mesinha. — Quando saírem, é só
bater à porta. Tchau suas loucas.

— Pietro...

Escuto chamarem meu nome, mas não me


dou o trabalho de responder. Se não cortasse o
assunto essa história iria ficar até amanhã, e o que
eu menos quero nesse momento é mais dúvida na

minha cabeça, já basta todas que rodam na minha


mente.

Entro no meu quarto e vou direto para o


banheiro, retiro toda minha roupa e fico debaixo do
chuveiro por uns minutos. Dizem que no chuveiro é
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onde temos as melhores respostas, e estou torcendo

para que isso seja verdade e apareça uma luz no fim


do túnel, pois no momento, a única coisa que
consigo pensar é quando terei o prazer de desfrutar

dos lábios da Allegra mais uma vez, só de pensar já


fico com água na boca.

Saio do banheiro mais frustrado do que


entrei. Que diabos essa menina está fazendo
comigo? Não consigo parar de pensar nela, e acho

que a única solução será tirar isso a prova. E sei


com posso fazer isso, indo até a boate essa noite.
Talvez ficando com outra eu consiga inibir meus
pensamentos por ela.

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Capítulo Dezoito
Allegra Rizzi

Um mês se passou desde o dia em que


estive nos braços do Pietro, não consegui pensar em
outra coisa a não ser ele. Nos vimos poucas vezes,
e como em todas estávamos acompanhados de

outras pessoas, foi preciso ser o mais profissional


possível. Não sei se gostei ou não, pois meu corpo
anseia pelo seu toque, mas não tive coragem de
procurá-lo.

Depois da matéria sobre ele, outros jornais


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o procuraram para agendar uma entrevista, e como


era de se esperar, o todo poderoso Pietro Bianchi
negou de forma carinhosa os pedidos. Ainda mais
que boa parte do assunto era sobre a Fiorella, que

pelo que fiquei sabendo pelos corredores da


empresa, sumiu no mundo e nunca mais deu as
caras.

Hoje não tenho nenhum trabalho para fazer,


e nem era necessária minha presença na empresa,

mas meu desejo de ver o Pietro falou mais alto, e


aqui estou eu, sentada na minha cadeira, admirando
a vista maravilhosa da minha janela e conversando
com as minhas amigas.

Estava conversando com a Luara, e ela


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relembrou do dia em que fui à sua casa contar o que

tinha acontecido com o Pietro, não tenho como


esquecer a reação da minha amiga:

— AEEEEEE, MENOS UMA VIRGEM NO

MUNDO. — fala, dando pulinhos e batendo palma.

Não sei onde enfiar minha cara, apesar de


sermos amigas, falar sobre essas coisas é muito
constrangedor. Afinal, estamos falando sobre a
minha intimidade, o dia em que me entreguei

totalmente a um homem, cujo tem o poder de ferrar


com minha sanidade.

— Por Deus, Luara, não precisa falar desse


jeito. — falo, caminhando até a cozinha para pegar
um pouco de água. — Só estou lhe contando por
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que preciso desabafar, então não faça eu me

arrepender de ter vindo aqui.

— Não seja boba, essa é uma reação


normal da minha parte. Até por que, outro dia você

não queria nem ficar no mesmo ambiente que ele,


agora joga essa bomba e quer que eu fique quieta?

— Sei que você ficar quieta é impossível, só


não precisa fazer perguntas constrangedoras.

— Mas me diga uma coisa, o pau dele é

grande mesmo? — indaga, e na mesma hora sinto


minhas bochechas esquentarem.

— Amiga. — meu tom de voz sai mais alto


do que eu queria.

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— Falando sério agora, como você se

sentiu? Ele foi um cavalheiro? — comentou e


cruzou os braços — por que se foi um escroto, eu
arranco suas bolas com a unha.

— Pela primeira eu tinha certeza da


decisão que estava tomando, confesso que antes de
aceitar sua carona fiquei receosa, mas quando
estava em sua casa, vestindo apenas sua camisa,
por um momento pensei que seria uma boa ideia.

—Sinto o gosto amargo da confissão — Quando


senti suas mãos passeando sobre minha pele, seus
lábios quentes e macios tocando a minha boca, eu
tive certeza de que era o momento. Seu beijo é
viciante, e já está se tornando minha droga

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predileta. Ele tem essa aparência de ogro, mas no

fundo tem um bom coração.

Respiro fundo, pois esse homem está me


deixando em completa confusão, as coisas que eu

pensei saber ou sentir, quando estou ao seu lado se


transformam em completos nada. O todo poderoso
Pietro Bianchi, está me bagunçando de uma forma
inexplicável, e para piorar minha vida, eu estou
gostando dessa bagunça no meu interior.

— Foi tudo normal como um sexo entre


duas pessoas deve ser, pelo menos eu acho que é
dessa forma. Não tinha como ele saber da minha
virgindade, e claro que eu não iria lhe falar sobre
isso. — comento, e as lembranças de duas noites
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atrás me atingem em cheio — Não mudaria nem

uma vírgula do que aconteceu, e pode ser loucura,


mas acho que estou me apaixonando por ele.

— Jura? — Faz cara de falsa surpresa —

Isso já estava evidente minha amiga, desde o


começo eu percebi que isso iria acontecer mais
cedo ou mais tarde. Eu só tenho medo de você sair
machucada dessa história, não podemos esquecer
que o Pietro nunca apareceu publicamente com

uma mulher, e tenho medo de que seu coração saia


quebrado.

— Tenho esse medo também, mas como


falei para você, pela primeira vez na mina vida
estou disposta a tentar, mesmo que eu saia com o
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coração machucado. Pietro é totalmente

apaixonante, e eu não sei o que fazer par não me


envolver emocionalmente.

— E a história da vingança? Não acha que

antes de tentar qualquer coisa, você deveria falar


com ele sobre isso?

Sua opinião é válida, mas não acredito que


colocar a minha irmã no meio seja uma boa ideia.
Pietro pelo visto tem um temperamento forte, e

querendo ou não a Arianna ainda é minha irmã. O


importante é que minha consciência está limpa, e
meu envolvimento com ele é verdadeiro.

Escuto batidas na porta, trazendo-me de


volta para a realidade do meu escritório.
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— Pode entrar.

— Oi, Allegra.

Sou surpreendida com a chegada da


Valentina, a mulher do Lorenzo e uma pessoa que

tenho uma grande admiração.

— Oi, Valentina, que surpresa tê-la na


minha humilde sala. — Levanto e a cumprimento
com abraço e beijo no rosto.

— Vim te fazer um convite, na verdade está

mais para uma intimação. — Sorri, sentando-se na


poltrona próximo da janela — Vou fazer um jantar
lá em casa hoje, e a senhorita está intimada a
comparecer, não aceito um não como resposta.

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— Ok, eu aceito.

— Uau, tão rápido assim? Pietro me falou


várias maneiras de lhe convencer, pelo visto ele
estava enganado.

— Pietro mandou você me convidar? —


pergunto sem entender nada.

— Na verdade não, eu comentei com ele


que te chamaria, e ele falou que você é um pouco
difícil e certamente arrumaria um milhão de

desculpas para não aceitar o convite. — comenta,


levantando-se e caminhando até a porta — Não
posso ficar muito tempo conversando, tenho um
jantar para organizar. Vou te mandar o endereço
por mensagem, contamos com a sua presença,
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principalmente um certo gêmeo.

Dito isso ela sai saltitando da minha sala,


isso mesmo, saltitando que nem uma criança. E eu
só consigo rir da cena. Não vi motivo para negar o

convite, desde que nos conhecemos a Valentina foi


super educada e simpática comigo, assim como as
outras esposas. Elas tinham tudo para ser nariz em
pé, mas são humildes e uns amores de pessoa.

O relógio já marca três da tarde, e como eu

já não tinha nada para fazer, vou para casa me


preparar para o jantar. Tenho que pensar na minha
roupa, quero surpreender um certo Bianchi que tem
atormentado meus pensamentos dia e noite.

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Capítulo Dezenove
Allegra Rizzi

Pedi ajuda das minhas amigas na escolha da


roupa, foi só eu mencionar o nome do Pietro que
elas decidiram vir pessoalmente a minha casa. O
barulho foi enorme, um monte de roupa jogada pela

minha cama. Meu banheiro parecia uma zona, tinha


todo tipo de maquiagem sobre a pia. Elas sabem
que não gosto muito de maquiagem, no entanto,
insistiram numa produção caprichada.

A única que sabe o que aconteceu é a Luara,


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ainda não achei o momento propício para contar


tudo desde o começo. Talvez seja neurose, mas a
Tiffane não me pareceu nada contente com a
informação de que eu iria jantar na casa do

Lorenzo. Na noite em que encontramos o Pietro na


boate, mesmo ela tentando disfarçar eu percebi seu
interesse por ele.

Por ele ser um homem lindo, é claro que


isso iria acontecer, todas minhas amigas ficaram

encantadas com ele. Mas como disse a Luara, ficou


evidente que seu alvo naquela noite era eu. Se eles
tivessem tido algo, é claro que eu nem me
aproximaria, mas esse não foi o caso.

— O que tanto se passa nessa sua


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cabecinha? — Luara se aproxima, trazendo-me de

volta para a realidade.

— Será que a Tiffane é a fim do Pietro? —


Jogo a pergunta de uma vez.

— Por que pergunta, Allegra?

— Depois da boate ela mal falou comigo,


toda vez que lhe mandava mensagem inventava
uma desculpa. E agora, quando começamos a falar
do Pietro ela me olhou de canto de olho, ficou

evidente que não estava gostando.

— Deve ser coisa da sua cabeça. —


desconversa, mas sei que ela sabe de alguma coisa
e não quer me contar.

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— Eles já tiveram alguma coisa, não é? —

Ela me dirige um olhar de tristeza, e eu tenho a


resposta para minha pergunta — Quando eles
ficaram juntos?

— Você não pode dizer que eu te contei,


prometi que não falaria nada. — Me puxa pela
mão, me arrastando até a cozinha. — Ela foi atrás
dele no dia da boate, só demos conta depois do
sumiço. Pois todo mundo percebeu o interesse por

ele, mas também vimos que o bonitão tinha apenas


olhos para você. Nós sabemos como ela é, então
espero que não desista de ir ao jantar por conta
disso.

Sim, pode parecer estranho, no entanto por


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ela ser a mais afastada de todo o grupo, eu nunca

confiei cegamente como confio na Lu e na Gio,


mas ainda assim é difícil de digerir que ela foi atrás
dele, ainda mais porque nos beijamos na frente de

todo mundo. Isso não vai atrapalhar minha noite,


nada me surpreende vindo do cafajeste do Pietro e
depois dessa ficarei com os olhos bem abertos em
relação a Tiffane.

— Pode deixar — Tranquilizo minha amiga

—, eu vou nesse jantar e aproveitarei minha noite


como não fazia a muito tempo.

Nisso, terminamos os últimos ajustes na


minha maquiagem nada discreta. Um batom
vermelho, e os olhos bem marcados. Optei por um
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vestido preto tomara que caia, com um lindo decote

em U que deixa meus seios bem visíveis. Peguei


minha bolsa, celular e chave do carro, ao me
despedir das meninas, sinto a alfinetada da Tiffane.

— Como você tem mania de fugir, saia pelo


menos depois de comer. — O sorriso sarcástico é
seu companheiro.

— Não se preocupe, não só sairei


alimentada, com se duvidar fico até para o café da

manhã. — Troco um olhar cumplice com Luara.

Daqui até a casa da Valentina não demora


muito, coloco seu endereço no GPS e deixo me
guiar. Minha cabeça está uma total confusão de
pensamentos, como se Pietro já não me deixasse
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confusa por vida, ainda tenho que assimilar que ele

e a Tiffane já dividiram a cama. Eu sei que não


temos nada, na boate tínhamos menos ainda, mas
isso não o torna menos cafajeste.

Em um trajeto rápido, paro em frente a um


dos condomínios mais caros da cidade, me
identifico para o segurança e mostro o código que a
Valentina me encaminhou. Rapidamente ele libera
minha entrada, sigo mais alguns minutos até que

paro em uma enorme e luxuosa mansão. Fico uns


minutos em choque, admirando a bela visão.
Estaciono ao lado de potentes BMW, e fico até com
vergonha da minha simples Mercedes preta.

Toco a campainha, depois de alguns


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segundos sou recepcionada justamente pelo Pietro,

de calça social preta e camisa social vermelha


dobrada até o cotovelo. Esse homem não cansa de
ser lindo desse jeito?

— Boa noite, Pietro. — Tomo coragem para


cumprimentá-lo.

— Boa noite, Allegra, — Ao escutar sua


voz, percebo a loucura eu estava fazendo ao cobiçar
um homem casado, pois esse não é o Pietro. —

Dessa vez vou perdoar a confusão de ser chamado


de Pietro, meu irmão não merece essa honra.

Me dirige um sorriso divertido, me


deixando extremamente confusa com seu
comentário.
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— Mas vocês são gêmeos, já deveria estar

acostumado com isso.

— E estou, mas nunca perderei a chance de


fazer um drama pela primeira vez. — comenta, nos

levando a gargalhada. — Vem, estávamos a sua


espera.

Entro e o sigo, se por fora a casa já era


linda, por dentro é de tirar o folego. Os móveis da
mais fina sofisticação, tudo em sua perfeita

harmonização. Um canto em especial chama minha


atenção, na parede perto da porta tem diversos
quadro com fotos e um deles os quatro primos
reunidos, nunca vi tanta beleza em um lugar só.

Como podem ser tão lindos dessa forma?


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O que será que as mães deles tomaram na

gravidez? Quero tomar também quando eu tiver um


filho.

Na sala todos estão reunidos, Valentina

lindamente em seu vestido preto, acompanhada de


seu lindo marido. Vanessa não perde em nada,
veste uma linda saia branca, uma blusa azul e está
acompanhada do maridão que acabou de sentar-se
ao seu lado. Antonella não tenho nem o que falar,

essa mulher parece uma boneca de tão linda, com


seu vestido florido, acompanha o marido que não
tenho nem comentários para falar. Meus olhos
percorrem pela vasta sala, mas não consegui
localizar aquele que atormenta minha vida.

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As meninas rapidamente me cumprimentam

com beijos e abraços, já os rapazes são discretos e


acenam apenas com a cabeça. Me oferecem algo
para beber, e de bom grado aceito um vinho da

vinícola do Lorenzo, o que eu tomei com o Pietro


era maravilhoso.

Depois de um tempo conversando, dou


conta de que ele ainda não chegou. Fico pensando
nisso, e a vontade de perguntar sobre sua ausência é

grande, mas a vergonha e o receio falam mais alto.

— Meninas, vamos na cozinha ver os


últimos detalhes para o jantar? — Valentina, sorri
animada, levantando-se e seguindo para a cozinha.

Levanto-me, deixo minha bolsa no sofá e a


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sigo até o cômodo que mais gosto em uma casa.

— Pode perguntar, Allegra. — Vanessa fala


divertida, e fico sem entender nada.

— Perguntar o quê, Vanessa?

— Sabemos que está se roendo de vontade


de perguntar sobre o gêmeo mau. — Antonella
responde, servindo-se de mais vinho —
Percebemos que seu olhar não parava de procurá-
lo.

Fico vermelha na mesma hora, jurava que


estava sendo o mais discreta possível. E assim
como elas perceberam, os meninos também devem
ter visto percebido minha ansiedade de encontrar o

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Pietro.

— Pensei que estava sendo discreta. —


confesso envergonhada.

— Não se preocupe, só percebemos por que

somos cara de pau e te observamos esse tempo


todo. — responde Valentina. — Era você no
apartamento dele, não era?

— Meu Deus! — Pego a taça da mão da


Antonella, entornando o vinho de uma só vez. —

Como sabem que era eu?

Elas sorriem de modo cúmplice, e fico mais


confusa ainda com toda essa situação, e começo a
ponderar se vir nesse jantar foi uma boa ideia.

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— Calma, Valentina e eu fomos até o

apartamento para que ele assinasse um documento


superimportante. — Antonella toma a frente e fala
— Quando encontramos sobre a bancada duas

xícaras de café, e em todo esse tempo que conheço


o Pietro, ele nunca fez isso.

— Isso o quê? Tomar café com uma


mulher?

— Sim, tomar café da manhã com uma

mulher em seu apartamento. — Vanessa completa a


informação.

Elas devem ter percebido minha cara de


confusão, pois rapidamente Antonella completa:

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— Ele não costuma levar ninguém ao

apartamento, dormir e tomar café da manhã juntos?


Nunca tive a chance de presenciar.

— Acho que vocês estão exagerando, ele

vive rodeado de mulheres, isso seria a coisa mais


normal do mundo. — Meu bobo e falho coração
começa a falhar nas batidas.

— Será que não percebeu ainda? — Aceno


que não — Para você ter uma noção, ele tem dois

apartamentos, onde você estava e o abatedouro. Lá


ele costuma levar apenas as mulheres para um sexo
casual, não tem café da manhã, jantar em família e
nada do tipo. Garota, eu conheço muito bem o meu
cunhado, e afirmo com todas as letras que você
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mexeu com o coração de pedra do cafajeste.

— Mas...

Somos interrompidos com a chegada do


Pietro, seus olhos não demoram a encontrar os

meus. O brilho que vejo em seu olhar me deixa


mais confusa do que já estou. Não posso acreditar
que eu, uma simples mulher fui capaz de conquistar
o coração do solteirão mais cobiçado de Vicenza.
Nos encaramos por alguns minutos, o peso de seu

olhar sobre mim me deixa desconsertada. Uma


mistura de sentimentos que se torna inexplicável e
difícil de ser entendido.

— Allegra!

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Meu nome saindo de seus lábios, é como

música para meus ouvidos e instintivamente meu


corpo reage ao tom da sua voz. Por um tempo fico
sem saber o que dizer, até que decido por uma

simples frase.

— Oi, Pietro.

Faço a loucura de olhar ao redor, e dou de


cara com as três malucas nos encarando admiradas.
No mesmo instante sinto minhas bochechas

esquentarem, e tenho certeza de que fiquei


vermelha igual um tomate.

Pietro caminha lentamente em minha


direção, sem desgrudar nossos olhos por nem um
segundo. O imã em seu olhar me atrai mais uma
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vez, eu queria, mas não consigo desviar os olhos

desse homem. Só queria descobrir como ele


conseguiu me prender dessa forma, sendo que até
algum tempo eu apenas queria distância desse lindo

cafajeste.

Ele coloca uma mecha do meu cabeço atrás


da orelha, acaricia delicadamente meu rosto,
encosta os lábios nos meus, e quando me preparava
para beijá-lo de verdade ele se afasta, me deixando

com gosto de quero mais. Um sorriso tímido, o


coração acelerado e a vontade de fazer mil e uma
perguntas.

— Fico muito feliz com sua presença, as


meninas acertaram em cheio ao te convidar. —
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Quando ele termina de falar, olho na mesma hora

ao redor da cozinha em busca das três mulheres que


descobri que são malucas, mas elas saíram e eu
nem percebi. — Vem, não quero que minhas

cunhadas venham atrás de nós.

Segura minha mão, e caminhamos até a


sala, onde encontramos mais uma vez todos
reunidos. Todos nos encaram, fico sem entender,
até que me dou conta de que estamos de mãos

dadas. Não sei como ele percebeu que eu puxaria


minha mão, mas me segurou com mais força e me
dirigiu um lindo sorriso.

Senhor, isso é alguma maneira de me fazer


pagar pelos meus erros? Pois esse homem é a
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verdadeira punição em forma de gente, até no olhar

esse homem é hipnotizante.

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Capítulo Vinte
Allegra Rizzi

O jantar terminou em um clima totalmente


descontraído, conversamos de tudo um pouco, as
meninas até tentaram colocar Pietro e eu como
assunto, mas ele rapidamente mudava a conversa,

deixando-as bem frustradas. Apreciamos uma


comida deliciosa preparada pela Valentina, e tenho
que admitir que ela cozinha muito bem e a
sobremesa não tenho nem palavras para descrever.

A mão de Pietro ficou o tempo inteiro na


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minha perna, e eu sentia como se minha pele


formigasse, na minha mente imagens da noite em
que me entreguei em seus braços não me
abandonava. E no meu íntimo existia apenas o

desejo de que o momento tivesse uma segunda


dose.

Vendo esses homens reunidos, vejo o


quanto são felizes e uma verdadeira família, e daria
tudo para que minha relação com a Arianna fosse

dessa forma. Pois o que fica evidente aqui, é o


amor que sentem entre si. Eu tinha um pré-
julgamento sobre todos os envolvidos com a
família Bianchi, minha opinião sobre as esposas
mudou logo no nosso primeiro contato. E aqui,

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reunida com eles, tenho certeza de que as mulheres

possuem um parafuso a menos, o difícil é descobrir


quem é o mais palhaço, ou até mesmo o mais sério,
já que eles possuem um pouco de cada

característica.

— Topa fugir um pouquinho dessa mesa?


— Pietro aproxima-se e fala próximo ao meu
ouvido.

— Não seria deselegante sair assim? — falo

no mesmo tom de voz que o seu.

— Não vamos embora, só iremos caminhar


um pouco. — Segura minha mão por baixo da mesa
— Vem comigo, Allegra!

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— Com licença. — falo para todos a mesa,

levanto e o acompanho.

Eles não souberam disfarçar e vi quando


todos se entreolharam. Começo a me perguntar se a

história do café da manhã é realmente verdadeira,


tudo me parece muito novo e estranho para todos. E
me surpreende que Pietro esteja vivendo tudo isso
comigo.

Caminhamos um pouco, até que paramos

em frente a um lindo jardim, que fica nos fundos da


mansão. Nos encostamos em um pequeno muro de
pedras, e fico admirando a bela imagem a minha
frente. O que mais chama minha atenção, me
deixando completamente apaixonada é o cultivo de
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violetas e lírios, que são minhas flores prediletas

por sua sutileza. Nesse momento, o único som


capaz de ser ouvido são nossas respirações, e as
engrenagens frenéticas da minha mente pensando

mil e uma coisas.

Pegando-me de surpresa, Pietro se aproxima


colando seu corpo ao meu, me fazendo respirar
fundo e desejar mais uma vez o toque de suas mãos
em meu corpo. Não faço nenhum movimento,

apenas sinto seus lábios passearem por toda a


extensão do meu pescoço, fazendo um arrepio me
atingir em cheio.

Prende-me pela cintura, colando meu corpo


mais ainda ao seu, sinto toda rigidez de seus
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músculos e outra coisa chama minha atenção, me

fazendo ansiar de desejo, e ao mesmo tempo morrer


de vergonha. Seu pau está duro, e não sei bem
como agir nessa situação.

Parecendo ouvir meus pensamentos, ele vira


para que fiquemos cara a cara. Seus olhos estão
estampados com desejo, e sei que comigo não deve
ser diferente, pois meu corpo anseia pelo seu, como
se fosse a água sagrada no fim do deserto do Saara.

Seus lábios tocam os meus, e por instinto abro a


boca, pronta para receber seu beijo. Mas ele não o
faz, apenas deixa pequenas mordidas em meu lábio
inferior, e percebo que isso é tão bom como o seu
beijo. Suas mãos passeiam pela minha perna,

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deixando um rastro quente por onde passa. Tenho

certeza que estou ao ponto de explodir se não o


beijar.

— Não tenha vergonha de pedir ou tomar a

iniciativa. — Sou atingida em cheio pela rouquidão


de sua voz — Sei que seu corpo está implorando
pelo meu toque, assim como seus lábios necessitam
com urgência dos meus beijos.

A cada palavra dita, suas mãos entravam

mais por baixo do meu vestido, me fazendo


suspirar por antecipação.

— Você quer que eu lhe beije? — Aceno


que sim — Quer que eu lhe toque, Allegra?

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Sussurro que sim, tomada pelo desejo e

ansiedade de sentir o seu toque.

— Então peça-me! — Seu tom de voz é


autoritário, e não sei bem como reagi a isso.

Me aproximo, colando nossos lábios, na


tentativa de ser mais fácil do que lhe pedir um
beijo, mas o miserável não separa os lábios, me
obrigando assim a seguir para a segunda
alternativa, ou ficar morrendo de vontade de sentir

o gosto de seus lábios de novo.

— Você é um idiota mesmo, Pietro Bianchi.


— Sorri com o meu comentário, me desarmando
um pouco — Quer que eu lhe implore por um
beijo? Então assim seja, Pietro.
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Fico com o rosto rente ao seu, tão próximo

que sinto sua respiração quente.

— Beije-me Pietro! Me deixe sentir o gosto


do seu beijo.

Não demora muito, ele me puxa pela cintura


e cola nossos corpos, beijando-me logo em seguida.
E assim como da última vez, meu corpo reage
instantaneamente aos seu toque e me entrego
totalmente em seus braços. O beijo é uma explosão

de desejo, ele explora cada cantinho da minha boca,


nunca deixando de sugar a minha língua, fazendo
meu sexo se contrair.

— Me leva para sua casa — falo com a


boca ainda encostada na sua.
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— Você tem certeza, Allegra? Não vai

tentar fugir ou coisa do tipo?

— Pode ficar tranquilo, não adianta eu


fugir, pois sei que meu corpo anseia pelo seu toque,

e eu estaria apenas me punindo.

Não sei de onde tirei coragem para falar,


mas agora é impossível voltar atrás. Meu corpo está
em chamas, e sei que só em seus braços conseguirei
a libertação que tanto preciso. Não vou mais brigar

por esse sentimento, deixarei o tempo me mostrar


qual a resposta para os fantasmas que ficam me
atormentando.

Ele não me responde, apenas me puxa pela


mão e caminhamos de volta a sala. Com um pouco
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de pressa, nos despedimos de todos, e pela primeira

vez compartilhei um olhar cumplice com as


malucas e sei que assinei minha carta de loucura, e
elas não me deixarão em paz. Em silêncio,

entramos no seu carro e ele partiu para sua


residência. Foi impossível não pensar no
“abatedouro” e o medo de que me levasse para lá
começou a me dominar.

Vejo ele pegar um caminho conhecido, e

respiro aliviada por perceber que estamos indo para


o seu apartamento. Por mais difícil que seja de
acreditar, não era um silêncio perturbador que
estava no carro, era gostoso e agradável de ficar ali.
Sei que assim como eu, ele tem muitas dúvidas

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rondando em sua mente, então nada mais justo do

que ficarmos a sós com nossos fantasmas.

Em pouco tempo chegamos ao seu prédio, e


eu só consigo pensar em como será bom me perder

em seus braços, e viver intensamente o desejo que


me consome.

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Capítulo Vinte e um
Allegra Rizzi

O silêncio está me consumindo e me


matando por dentro, do carro até elevador não
trocamos uma palavra. Minha mente fervilha de
informações, sempre que penso em algo eu travo e

não consigo dizer absolutamente nada. Eu queria


lhe dizer o quanto gostei da nossa primeira vez, ou
como ele não saiu da minha cabeça durante todo
esse tempo, mas me falta coragem para dividir isso
com ele.

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Vejo o desejo estampado em seu olhar, e

sinto que morre de vontade de me jogar contra essa


parede e beijar-me. Mas pelo pouco que o conheço,
está evidente que espera uma atitude de minha

parte, mas infelizmente não sei como fazer isso.


Quando estou ao seu lado, me vejo paralisada com
todo poder que ele exala.

Depois de alguns segundos, que pareceram


intermináveis horas, chegamos ao apartamento. Ele

jogou a chave na mesinha de centro, e eu fiquei que


nem uma boba parada no meio da vasta sala.

— Pode ficar à vontade, Allegra, vou tomar


um banho e já volto.

Assim, sem mais nem menos ele se retira,


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me deixando com um imenso sentimento de

impotência. Não posso acreditar que ele vai me


punir dessa forma, primeiro foi com a história do
beijo, agora com essa lei do silêncio idiota que ele

estabeleceu. Sei que é uma forma de ver o meu


interesse, mas será que não ficou claro desde o
começo da noite?

O que me impede de tomar a atitude?

Eu quero beijá-lo, por que não ir atrás e

demostrar meu desejo?

Nesse momento só vem a voz da Luara na


minha mente, minha amiga me daria uns tapas se
soubesse que eu estou deixando a oportunidade se
esvair das minhas mãos. Eu nunca fui de tomar
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atitude, mas como existe uma primeira vez para

tudo, nada mais justo do que eu ir atrás dele e beijá-


lo. Por mais que a vergonha fique presente, não
posso permitir que ela domine meus passos e

atrapalhe minha caminhada.

Deixo a bolsa sobre o sofá, retiro meus


sapatos e caminho para o seu quarto. Da porta
consigo escutar o barulho do chuveiro, respiro
fundo e sigo adiante, antes que eu desista e saia

correndo desse apartamento.

Entro sem bater, pegando-o de surpresa.

A água cai sobre seu corpo, e só consigo me


imaginar em seus braços nesse momento. Pietro
tem um corpo de dar inveja, não sei se gosto mais
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do seu peito musculoso, sua barriga definida ou o

que tem entre as pernas, que não demorou a dar


sinal de vida.

— Allegra, precisa de alguma coisa? —

pergunta todo preocupado.

— Sim...de você! — Um sorriso surge


imediatamente em seu rosto.

— Acho que entrou água demais em meus


ouvidos, ou eu escutei isso mesmo?

— Sim, Pietro, é isso mesmo que você


ouviu. Sei que está me punindo com o silêncio,
inventando um banho que nem era preciso,
querendo que eu tome uma atitude, e para mim está

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se tornando sufocante. Desde que nos vimos pela

última vez, não consigo tirá-lo da minha cabeça, é


como se fosse uma droga viciante — Vou me
aproximando a cada palavra dita, até que já estou

frente a frente. — Desde que saímos da casa da


Valentina, só consigo pensar em como seria bom
estar mais uma vez em seus braços, e...

Ele me interrompe, puxando-me pela


cintura, colando nossos corpos e em seguida me

beijando com toda intensidade que meu corpo


necessita, sua língua passeia por toda minha boca,
ele suga e mordisca meu lábio inferior. O desejo foi
tanto, que entrei debaixo da água com roupa e tudo.
Enfio minha mão em seu cabelo, aprofundando

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mais o beijo e me deliciando com o toque em sua

pele.

Com muito custo nos afastamos e lhe dirijo


um tímido sorriso, que ele gentilmente retribui.

Apenas nos encaramos, e eu tenho certeza de que


mais uma vez fiz a escolha certa. Cansei de ser a
menininha certinha, que nunca pisa na bola, não
comete erros e nem faz loucuras. Sei que no
começo eu tinha uma opinião formada sobre ele,

mas aquele velho e nem tanto companheiro,


destino, fez questão de mudar tudo e cá estou nos
braços desse cafajeste.

— Viu como as coisas se resolvem? Eu não


posso adivinhar sempre o que você está sentindo,
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ou o que quer no momento, Allegra. Somos

adultos, quando eu quero algo eu vou atrás e


consigo, você pode fazer o mesmo.

Sei que não tínhamos e não temos nada,

mas ele falando dessa forma foi impossível não


lembrar que ele transou com minha amiga. Tiffane
quando coloca um homem na cabeça, vai atrás até
conseguir seu objetivo, ir para a cama com ele.
Bem diferente de mim. Sou tão idiota, que por

pouco perdi a chance de ficar com o Pietro.

Minha cabeça é uma verdadeira feira de


informações, mas uma em especial tem um peso
maior, a vontade de senti-lo dentro de mim mais
uma vez. Minhas amigas sempre me contavam
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sobre suas experiências sexuais, algumas

frustrantes, outras tão boas que repetiam a dose.

Guiada pelo meu consciente, resolvo


colocar em prática uma das várias cenas que pude

ler nos livros hot. Antes não conseguia me colocar


no lugar da mocinha, e imaginar as sensações
deliciosas que elas me descreviam. Hoje, nesse
exato momento sinto como se estivesse próximo de
uma fogueira, pois a quentura que estou sentindo é

sufocante. Meu corpo anseia pelo seu toque, sinto


meu sexo se contrair só de imaginar.

Abro o zíper na lateral do meu vestido, e o


deixo escorrer sobre o meu corpo, e fico na sua
frente apenas de calcinha. Vejo a surpresa em seus
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olhos, e comemoro por ter acertado na decisão.

Aproximo e tomo seus lábios, beijando-o com todo


desejo que sinto nesse momento. Hoje me
entregarei de corpo, alma, aproveitando cada

segundo ao seu lado, pois sei que tudo pode sumir


como um passe de mágica, já que tudo na minha
vida é dessa forma. Só tenho medo de que meu
coração não saia destroçado, pois mesmo não
querendo, acabei entregando meu coração para
Pietro.

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Capítulo Vinte e dois


Arianna Rizzi

Como a Allegra é idiota, se apaixonou pelo


babaca do Pietro. Uma coisa simples ela não foi
capaz de fazer, a sonsa teve a cara de pau de me
dizer que não está fazendo isso para me ajudar, que

não vai compactuar com a minha vingança. Minha


vontade é de ir atrás dela, e despejar todo ódio que
estou sentindo. Mas não irei fazer por enquanto,
tenho certeza de que ela não contou que somos
irmãs, e essa será a corda no seu pescoço e ela se

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enforcará sozinha.

Passei todo esse tempo os vigiando, e


ficaria até emocionada de ver a felicidade de todos,
a típica família de comercial de televisão. Mas em

breve essa família vai ruir, aproveitei esses meses


para planejar melhor minha vingança. Eles vão
sentir um pouco da minha dor, e vão pagar o preço
de terem acabado com a minha vida. Eu vou para a
lama, mas levarei todos comigo, assim como a

minha querida irmã.

Não me sinto mal por fazer isso, se um dia


existiu um coração que se importava com os outros,
hoje ele não existe mais. Há apenas um buraco
negro em meu peito. As pessoas podem me achar
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louca? Sim, mas eu não ligo para isso, quero apenas

terminar tudo isso como planejado.

Meu dinheiro está acabando, os caras que


me emprestavam dinheiro, só vão me dar qualquer

valor quando eu pagar tudo que devo, e não tenho


ideia de quando farei isso. Eu tentei arrumar de
outro jeito, mas pelo visto terei que recorrer a
minha querida irmãzinha, sei que deve ter algum
dinheiro guardado e não se negará a me ajudar. Ou

pelo menos eu espero.

Colocarei a minha melhor cara de sofrida.


Allegra é muito boba e ingênua e vai cair no drama
da irmã arrependida. Uns podem me achar louca,
mas estou apenas lutando para que a justiça seja
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feita. A morte do meu pai não ficará em vão, e

enquanto eu estiver viva, lutarei para acabar com os


Bianchi, eles precisam sentir um pouco da dor que
me atormentou por anos.

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Pietro Bianchi

Seis meses que resolvi embarcar em um

relacionamento, Allegra conseguiu despertar aquilo


que pensei não ser mais capaz de sentir. Minha
menina me encanta a cada dia, seu jeito de ser, suas
manias idiotas, a forma como sorrir. Todas essas
coisas fazem com que me apaixone mais e mais por
ela.

Sim, Pietro Bianchi está apaixonado por


uma menina de vinte e quatro anos. Foi assim que
os jornais anunciaram meu namoro, fizemos o
possível para esconder dos holofotes, mais um

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maldito paparazzo tirou fotos nossa saindo de um

restaurante. Minha vontade era de quebrar a câmera


em pedaços, mas Allegra me impediu. Pensei ter
tomado todo cuidado, mais esse abutre apareceu do

nada.

O pior de lidar não foi a imprensa, mas a


minha família, ou melhor, as mulheres dela. Tive
que aguentar gritinhos no meu ouvido, e foi preciso
todo um autodomínio para não ser tão grosseiro

com elas. Eu sei que é algo novo, mas porra,


comigo também foi difícil de acreditar. Aceitar essa
mudança na minha vida foi difícil, mas eu pensei
que ia ser pior, principalmente a parte de ficar sem
uma boceta quentinha e diferente toda semana. Mas

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ela é viciante, quando mais eu a tenho, mais quero

provar cada pedacinho do seu corpo.

Só de lembrar que sou o único homem a


tocar seu corpo, a possessividade começa a falar

mais alto. Tem pouco mais de um mês, com o rosto


vermelho igual um tomate ela me confessou sua
virgindade. Fui sincero e disse que já sabia, contei
tudo o que aconteceu na nossa primeira vez. Pensei
que ela fosse ficar chateada, mas me agradeceu por

não ter falado, pois ela iria fugir com certeza.

Escuto o bip do meu celular, é uma


mensagem da Tiffane, amiga da Allegra.

Gatinho, não posso acreditar que me trocou


pela songa-monga da Allegra.
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Me custa acreditar, como uma pessoa pode

ser cínica desse jeito, se faz de amiga da minha


mulher e por trás me manda mensagem. Se
arrependimento matasse, certamente não teria

cruzado meu caminho com essa louca, uma coisa


era quando Allegra e eu não tínhamos nada, mas
assim como todo mundo ela sabe que sou
namorado de sua amiga.

Eu posso ser tudo, mas infiel nunca foi o

meu forte.

Garota, não posso acreditar que seja tão


baixa a esse nível. O que tivemos foi uma foda
casual, nada demais. Eu sou o namorado da sua
amiga, coloque isso na sua cabeça e me esqueça,
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ou serei obrigado a mostrar suas mensagens para

Allegra.

Clico em enviar, conhecendo bem a


Allegra, é bem capaz dela achar que a culpa de tudo

isso é minha. Mas tenho minha consciência limpa,


ficamos apenas uma vez e foi antes de acontecer
algo mais sério. Eu sou homem, a carne foi fraca
naquele dia na boate, pois minha raiva de ter sido
largado falou mais alto.

— Pensando na Allegra, meu irmão? —


Paollo surge do nada, me pegando de surpresa.

— Isso não é da sua conta, Paollo. —


respondo, dando de ombros. Desde o anúncio do
meu namoro, Paollo não para de pegar no meu pé,
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diz ele que está apenas retribuindo tudo que eu lhe

fiz.

— Qual a pauta da reunião, garotos? —


Lorenzo entra em minha sala.

Quero saber quando minha empresa virou


um point de encontro, esses marmanjos entram e
saem a hora que querem. Nem a secretária se dar ao
trabalho de anunciar a presença deles, com tanto
trabalho para fazerem em suas empresas, ficam

vindo me encher o saco.

— Posso saber que diabos vocês fazem


aqui?

— Estávamos sem nada para fazer, então

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viemos te zoar um pouquinho. Para te fazer sentir

na pele, o quanto isso é irritante. — Lorenzo


comenta, e eu respiro fundo para não falar uma
besteira.

— Não posso acreditar numa coisa dessas,


era só o que me faltava. Para completar só falta o
Enrico...

— O que tem eu? — Pronto, agora o circo


está completo.

— Pietro depois que começou a namorar,


ficou todo estressado. Logo ele que sempre foi o
mais palhaço de nós três, será que o cafajeste se
arrependeu de assumir um relacionamento? —
Paollo comenta.
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— Eu acho que sim, ainda aposto que deve

estar louco de saudades da farra. O que ele sempre


nos dizia mesmo? — Lorenzo pergunta, com a mão
no queixo, como se estivesse pensando.

— A ilustre frase da vida do Pietro: Deus


me livre comer sempre a mesma boceta. — Enrico
fala e todos começam a rir, menos eu que não acho
um pingo de graça — Engraçado, agora ele está
preso a um rabo de saia, suspirando pelos cantos.

Será que ele já enjoou da Allegra?

— Vão para o inferno seus idiotas, se tem


uma coisa que eu não tenho pretensão é de enjoar
da minha Allegra. — assumo para eles, para que
parem de me encher a paciência — E parem de me
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amolar, diferente de vocês eu tenho muito trabalho

a fazer, então vão a merda.

Esse foi o gatilho, os idiotas começaram a


gargalhar e minha vontade era de socar a cara

deles. Eu sei que estou indo contra todos meus


princípios de vida, mas não consegui resistir aos
encantos da Allegra, tenho certeza de que essa
bruxinha fez alguma coisa para me deixar viciado
desse jeito, mas eu não mudaria nada. Acho que já

estávamos destinamos um ao outro, nada nessa vida


é por acaso.

Quando passou a sessão de comédia, eles


assumiram que vieram para uma reunião de última
hora, para discutir algumas coisas sobre o projeto
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da multinacional brasileira que fechamos negócios.

Eu fiquei tão grudado na Allegra, que não tinha


visto a mensagem que me encaminharam sobre a
reunião.

É, pelo visto peguei a mesma doença dos


meus primos, mesmo me prevenindo!

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Capítulo Vinte e três


Allegra Rizzi

Estou vivendo uma das melhores fases da


minha vida, Pietro tem se mostrado um romântico
de carteirinha, coisa que não pensei que ele fosse.
Pela primeira vez, posso dizer que minha vida
profissional e amorosa caminha lado a lado, ambas

em um sincronismo perfeito. Para sorte dos


negócios da empresa, nenhum Bianchi se meteu em
polêmicas, só o nosso namoro que ficou uns dias
em evidência na mídia, mas para o Pietro que vivia

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com a cara estampada nos jornais, foi algo normal.

Ao longo desses nove meses, venho


construindo uma belíssima amizade com a
Valentina, Antonella e Vanessa. Me acolheram de

uma forma inexplicável, o que fez minhas amigas


ficarem com ciúmes.

Mas nem tudo é perfeito, minha irmã não


para de mandar mensagens pedindo dinheiro. Por
muitas vezes ponderei conversar com o Pietro, mas

o medo dele interpretar tudo da maneira errada fala


mais alto. Nesse tempo que estamos juntos, pude
conhecer um pouco mais de sua personalidade, e
sei que é capaz de fazer alguma besteira, e não é
isso que queremos.
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Marquei de encontrá-la para almoçarmos

juntas, preciso colocar em sua cabeça que as coisas


não são dessa forma, que durante anos baseou sua
vingança em uma ilusão. Luara se ofereceu para me

acompanhar, mas quero ter essa conversa a sós com


a Arianna. Não quero que ela destrua o que venho
conquistando aos poucos, o amor e a confiança do
meu cafajeste predileto.

Hoje não consigo imaginar as coisas de

outra forma, ele me conquistou com tamanha


intensidade que é impossível explicar. Sou
apaixonada por suas quatro facetas: a parte louca, o
jeito brincalhão, seu lado cafajeste e principalmente
o lado romântico. Pelo fato de nunca ter aparecido

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com uma mulher, pensei que seu coração fosse de

pedra, mas quando estamos juntos posso desfrutar


de todo seu carinho e atenção. Nosso sexo é
intenso, e todos os dias tenho certeza da minha

decisão, que no fim das contas valeu a pena ter me


guardado todo esse tempo.

Apesar de todo conto de fadas, tenho medo


de acordar e ele não estar mais ao meu lado, e
descobrir que tudo não passou de um apaixonante e

delicioso sonho. Eu amo e não sei explicar a


intensidade desse sentimento, só sei que foi
nascendo aos poucos de forma pura e ao mesmo
intensa. Quando eu sair do almoço com a Arianna,
vou correr para o apartamento do Pietro,

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combinamos de assistir um filme e sair para jantar.

Escuto batidas na porta, e rapidamente ela é


aberta. Viro-me e encontro Makayla, minha
secretária.

— Allegra, tem uma moça chamada — olha


no tablet, para conferir o nome da pessoa —
Tiffane, ela disse que é sua amiga e precisa falar
com você, libero a entrada dela?

Estranho, estávamos agora conversando no

grupo e ela não disse nada que vinha. Mas como


nada é impossível vindo da Tiffane, autorizo sua
entrada. Tem muito tempo que não paramos para
conversar, não pelo fato dela ter ficado com o meu
namorado, mas sim porque toda vez que o
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encontrava ela não disfarçava o olhar de cobiça

sobre ele. Pensei que fosse coisa da minha cabeça,


mas ele também percebeu e me contou sobre o
episódio da boate. E apesar de tudo, não cortei os

laços com ela, até porque são anos de amizade e


não merece terminar por conta de um homem.

— Tiffane, que surpresa receber sua visita.


— falo, assim que ela aparece na entrada da minha
sala, levanto e a cumprimento com um abraço.

— Não é uma visita boa, vim apenas te


mostrar que seu namorado não presta.

Gelo, assim que escuto suas palavras.


Aponto a cadeira a minha frente, indicando um
lugar para se sentar. Logo em seguida faço o
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mesmo, pois pelo seu tom de voz, precisarei me

acalmar aos escutar suas palavras.

— Você acha que eu dou em cima dele, mas


na verdade sempre foi o contrário. Na boate ele foi

atrás de mim, mesmo eu dizendo que era sua amiga


ele não perdeu tempo. E como eu não tinha nada a
perder, aproveitei todo o monumento a minha
frente. — A cada palavra dita, é um enjoo me
atingindo — Tem uns dias que nos encontramos,

ele estava com o Lorenzo no que me parecia uma


reunião de negócios, nos esbarramos perto do
banheiro e ele me chamou para seu apartamento.

Escuto cada palavra atenta, pois pode ser


cruel, mas não confio em nada que sai da sua boca.
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Se fosse qualquer outra amiga, pode apostar que

não duvidaria, pois eu conheço a índole e sei que


nunca mentiriam para mim. Mas Tiffane já mostrou
suas garrinhas para mim, e não foi uma só vez.

— E quando foi isso? — finjo interesse na


sua farsa.

— Há duas noites, fomos para seu


apartamento e ele ainda fez questão de dizer que
não se importava com você. Acredita que ainda

teve a audácia de dizer que você era apenas um


passatempo?

Começo a gargalhar na sua frente, e ela fica


me olhando sem entender nada. Mas foi impossível
me controlar, eu sempre soube que ela era louca,
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mas não ao ponto de inventar uma história dessas.

Ao mesmo tempo que é engraçado, é triste vê-la


dessa forma, se humilhando ao ponto de criar essa
história absurda na sua cabeça.

— De você eu sempre esperei tudo, só não


pensei que fosse capaz de inventar uma história
dessa. Há duas noites, mais conhecida com sexta-
feira, Pietro e eu passamos o dia juntos na empresa
e a noite fomos para o meu apartamento. — Seus

olhos estão arregalados, e vejo o choque neles — A


não ser que ele tenha acordado no meio da noite,
ido para um restaurante com um Lorenzo e
dormido com você, essa sua loucura só é válida na
sua cabeça.

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Falo tudo sem desviar os olhos do seu, para

que veja que essa história é sem pé nem cabeça. Me


admira muito, ela achar que eu vou acreditar nisso.
Já que teve a mente fértil para inventar que dormiu

com o meu namorado, pelo menos se desse ao


trabalho de conferir sua disponibilidade, assim não
estaria fazendo um papelão como o de agora.

— Eu confundi o dia, foi na quinta-feira.

Levanta-se com a intenção de sair da minha

sala, mas sou mais rápida e consigo correr e trancar


a porta. Já que ela veio, nada mais justo do que
terminar a conversa como uma mulher.

— Jura? — faço-me de surpresa, quero ver


até onde vai essa loucura — Porque até onde
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recordo, também estávamos juntos nesse dia.

Assim como na quarta, terça, segunda e todos os


dias da semana. Quando não estávamos em seu
apartamento, era no meu que encerrávamos a noite

depois de um longo dia de trabalho. E quando


estávamos na cama, gemendo de prazer, não
lembro de ter uma terceira integrante conosco.

Sinto uma quentura em meu rosto, a louca


me deu um tapa. E no reflexo devolvi a bofetada,

mas com um pouco mais de força que o necessário.


Ela deu um grito, fazendo doer meus ouvidos.

— Você enlouqueceu, Tiffane? O que te faz


pensar, que eu acreditaria em uma história dessas?

— Você é uma idiota ingênua, fique


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sabendo que fiquei com ele bem antes de você. E

isso quer dizer que ele tinha vestígios no nosso


sexo, que não se compara nada com o sexo meia
boca que vocês tiveram, eu aposto.

Limpa as lágrimas de crocodilo, e me dirige


um sorriso triunfante, de quem acabou de ganhar
uma competição idiota.

— Sabe o que é engraçado, você é tão


inesquecível, que nem no abatedouro ele te levou, e

olha que muitas já passaram por aquele lugar.

Aponto a mão em seu peito, empurrando


seu corpo para trás.

— Você é tão inesquecível, que quando

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estamos na cama ele me diz juras de amor. Venera

meu corpo de uma forma inexplicável, que tenho


certeza de que você nunca teve o prazer de ser
venerada por um homem.

A cada frase dita, ela caminha para trás, e


fica estampado o ódio em seu olhar. Mas já que ela
começou, falarei o que está entalado há muito
tempo, minha “amiga” precisa ouvir umas boas
verdades.

— Eu sempre soube que você não prestava,


mas em nome da nossa amizade de anos, não
quebrei sua cara quando tive razão. Acha que não
percebi como dava em cima dele? Ou não via as
mensagens o chamando para uma noite de sexo
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quente?

— Ele... — Tenta falar, mas a interrompo.

— Cala a boca que não terminei. — Meu


tom de voz sai alto e rude — Eu vou te avisar só

uma única vez, Tiffane. Se eu souber, ou vê-la


dando em cima do meu homem, você verá do que a
mulher “ingênua” é capaz de fazer.

Ela não diz nada, apenas caminha até a


porta, destrancando-a e antes de sair fala:

— Isso não vai ficar assim, Allegra, você


vai lembrar de mim com um gostinho amargo na
boca. E eu estarei pronta para consolar o Pietro,
assim que eu desmascarar a perfeitinha da

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namorada dele.

Assim, ela sai batendo a porta, um calafrio


me atinge na espinha. E hoje, sem falta conversarei
com o Pietro sobre a Arianna, pois sei que Tiffane

vai usar isso contra mim, e só me arrependo de ter


confiado tanto nessa mulher. E do fundo do meu
coração, só espero que ele não surte e confie em
mim.

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Capítulo Vinte e quatro


Pietro Bianchi

Liguei para uma floricultura, e pedi que


preparassem o mais lindo buquê de rosas brancas.
A noite encontrarei com la mia ragazza, e a pureza
dessas flores combinam perfeitamente com ela.

Nesses meses que estamos juntos, percebi que


estou amarrado de vez a essa mulher. A intensidade
do nosso relacionamento me diz que ela é a pessoa
certa.

Hoje combinamos de jantar em seu


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apartamento, e sinto que finalmente chegou o dia


de dizer as três palavrinhas que eu tanto tinha
medo. Há muito eu já sabia do meu amor por ela,
demostrei com minhas atitudes que já a amava, mas

o medo falou mais alto e não consegui lhe dizer em


palavras o meu amor. Vim guardando comigo todo
esse tempo, mas hoje colocarei para fora esse amor
que vem me sufocando.

Amo essa mulher com todo meu coração,

todas suas fases, seus jeitos, troca de humor e a


forma como fica envergonhada quando lhe mando
alguma sacanagem. Na cama ela se transforma, mas
fora dela tem vergonha de falar sobre sexo, e isso
me deixa extremamente excitado. Lembro-me de

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uma conversa que trocamos, o quanto ela ficou

vermelha com minhas palavras:

— Não vejo a hora de irmos para casa,


quero tirar esse seu vestido, te colocar de quatro e

comer esse eu rabinho lindo. — falo ao pé do seu


ouvido.

Estamos jantando em um restaurante com o


Lorenzo e a Valentina. Ela está com um vestido
vermelho que deixa seu corpo totalmente

desenhado, desde que coloquei meus olhos sobre


ela, imagino o momento em que tirarei essa peça
de seu corpo.

— Pietro, assim você me deixa sem graça.


Se comporte na frente das pessoas. — sussurra ao
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meu ouvido.

— Não se preocupe, conhecendo bem o meu


primo, ele está falando a mesma coisa para a
Valentina. Infelizmente esse é um mal de nós

Bianchi, somos muito ansiosos para essas coisas.


— Coloco minha mão em sua perna, acariciando
seu sexo por cima do vestido — Estou contando os
minutos, meu pau está duro só de imaginar.

— Senhor! — Seu corpo contrai, e sei que

estou no caminho certo — Pode ir parando, Pietro,


não sei com que cara olhar para eles agora.

— Não se preocupe, Allegra, esse é um mal


desses homens, são um poço de impaciência. —
Valentina comenta, na mesma hora vejo as
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bochechas da Allegra ganharem um tom rosado,

diria que quase vermelho.

Não consigo mais viver sem minha menina,


quando não estou em seu apartamento, ela está no

meu. E assim vamos vivendo um dia de cada vez,


todos repleto de amor e intensidade.

— Aposto um vinho da safra mais cara do


Lorenzo, que a pessoa que habita seus pensamentos
é a Allegra. — Paollo comenta, entrando no meu

escritório.

Hoje optei por trabalhar em casa, e marquei


uma reunião aqui mesmo. Os outros já foram
embora, só esse idiota que ainda ficou por aqui.
Pelo visto está brigado com a Vanessa, só assim
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para ficarem separados.

— Pode pedir seu vinho, pois não negarei


que minha Allegra ocupa todos os espaços da
minha mente. — Confesso, o fazendo rir de minhas

palavras.

— Ainda fico surpreso com esse Pietro,


estava acostumado ao que tinha aversão a
relacionamentos. Que zoava de todos os jeitos, o
meu namoro com a Vanessa. De tanto você falar

que é era um bobo apaixonado, agora se encontra


do mesmo jeito ou pior que eu.

— Vai se lascar, Paollo. Eu estar


apaixonado, não torna diferente o fato de você ser
um bobo apaixonado, meu irmão.
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— Você finalmente abriu seu coração, meu

irmão. Isso é uma surpresa para todos, porque


sempre pensamos que morreria como um cafajeste.
Mas o pegador, foi fisgado por uma jovem mulher,

que te deixou com os quatro pneus arriados.

— Não posso mentir, Allegra me prendeu


de jeito. Não consigo imaginar minha vida sem essa
mulher, eu acabei de encomendar um buquê de
rosas, você sabe quando mandei flores para uma

mulher? Nunca meu irmão. — Pensar nisso ainda


me assusta, mas não faria nada diferente.

— Você a ama, não é? — Aceno que sim —


Eu sabia que o fim do mundo estava próximo,
nunca imaginei que esse dia fosse chegar. Mentira,
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imaginei sim, sempre desejei que encontrasse uma

mulher que te deixasse de quatro por ela, demorou


mais finalmente Allegra apareceu na sua vida. Só
dê valor, não seja um filho da puta, ela não merece

ter o coração destroçado por você.

— Isso não vai acontecer, Paollo. Ela é a


mulher que conseguiu me conquistar, é com ela que
quero ficar. Pode parecer mentira, mas ela é a
mulher que meu coração escolheu, eu a amo com

tanta força que não sei nem lhe explicar. O que eu


menos quero nessa vida, é machucá-la, isso você
pode ter certeza.

Eu não pensaria duas vezes, antes de me


colocar em seu lugar para qualquer coisa. Eu já
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aguentei muita porrada da vida, e aguentaria mais

se fosse preciso por ela. Minha menina, por ela eu


daria minha vida, tenho plena convicção disso.

(...)

Paollo foi embora, aproveitei para organizar


alguns documentos. Minha caixa de e-mail dá sinal,
com uma nova mensagem. Abro e é de um
remetente desconhecido, em anexo algumas fotos e
o assunto me chama atenção: Você realmente

conhece a sua ilustre namorada?

De: benedetticarlo.com.it

Para: pietrobianchi.com.it

Acredito que sua namorada não tenha lhe

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contado toda verdade, conhecendo-a bem, sei que


foi ingênua ao ponto de não lhe contar. Em
anexos tem prints de toda a história do plano de
vingança armado entre ela e a irmã. Além de

fotos das duas juntas, espero que faça bom


proveito e a coloque em seu devido lugar.

Não precisa me agradecer, faço com muito


gosto.

Atenciosamente,

Carlo Benedetti.

Movido pela curiosidade, baixo os anexos


e não acredito no que os meus olhos estão vendo.
Uma dor bem conhecida me atinge, e não sei no

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que devo acreditar ou pensar nesse momento. Não

posso acreditar que minha doce Allegra foi capaz


de um jogo sujo desse, eu podia esperar isso de
qualquer uma, menos dela.

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Capítulo Vinte e cinco


Pietro Bianchi

Já deveria saber que as coisas não são como


imaginamos, na primeira oportunidade que eu abro
o meu coração, o que recebo em troca? Pedras e
mais pedras. Eu demorei para aceitar meu amor

pela Allegra. Minha menina, com seu rosto


angelical e amoroso, no fim das contas não passa
de uma mentirosa.

Qualquer um é capaz de forjar uma troca de


conversa no WhatsApp, mas nos arquivos também
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veio um áudio, e mesmo a quilômetros de distância.


Na mensagem ela fala com sua irmã, que nada mais
é do que a louca da Arianna. Fica claro que o
intuito era justamente esse, me fazer me apaixonar

e depois me foder sem pena. E agora estou aqui no


meu escritório sem saber o que fazer, em poucos
minutos eu deveria encontrar com ela em sua casa.

Allegra me manda uma mensagem, dizendo


que está chegando em minha casa, tínhamos

combinado de assistir e sair para jantar. Pela


primeira vez em muito tempo, eu Pietro Bianchi
não sei o que falar ou fazer, na minha mente apenas
reflexos das nossas noites, e a raiva de saber que
tudo não passou de um fingimento.

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A campainha toca e sei que é ela, viro de

vez o meu whisky e caminho para abrir a porta. Se


fosse antes do e-mail, certamente eu estaria ansioso
para abraçá-la e beijá-la. Mas agora só consigo

sentir decepção ao vê-la.

Como é possível que uma menina tão


delicada como ela, foi capaz de brincar com os
sentimentos de outra pessoa dessa forma?

Sei que não sou um exemplo de homem,

mas eu nunca fui de brincar com as mulheres que


tive ao meu lado, todas tinham ciência de que meu
objetivo era apenas sexo. E agora que eu abri uma
brecha, não é justo o que ela fez comigo.

— Oi, Pietro — fala timidamente, e se fosse


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em outros tempos eu morreria de amores.

Beija meus lábios, mas se afasta assim que


percebe que não retribui o gesto.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunta,

com uma falsa preocupação.

— Quando você me contaria toda a


verdade? — pergunto, sem desviar os olhos dos
seus — Você acha que as coisas se resolvem
brincando com os sentimentos dos outros, Allegra?

— Não estou entendendo, Pietro, quem


brincou com os sentimentos de quem?

— Como pode ser cínica desse jeito? Você,


Allegra, você brincou com os meus sentimentos

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sem dó nem piedade. — falo um pouco mais alto,


não escondendo a raiva que estou sentindo.

— Como assim? — pergunta confusa, e eu


tento a todo custo ter cautela nos meus atos.

— Quando você teria o trabalho de me


contar sobre a sua irmã? — Ela me olha com os
olhos arregalados — Quando teria a decência de
me dizer que tudo não passava de um plano de
vingancinha idiota? É certo brincar com os

sentimentos dos outros dessa forma, Allegra?

Saio disparando as perguntas, e a única


coisa que ela faz é me olhar em choque.

— Porra, eu confiei em você, abri meu

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coração como a muito tempo não tinha feito. —

digo de uma forma ríspida — Você sabe como foi


difícil de aceitar esse maldito sentimento que
cresceu no meu peito, agora olhe na minha cara e

me diga se isso é certo?

Me aproximo, ficando a centímetros de seu


rosto.

— Desde que nossos caminhos se cruzaram,


eu tive certeza de que você veio pra foder com

minha vida, só não imaginei que fosse tão baixa a


esse ponto, Allegra. Quer dizer que todos os beijos
eram falsos, as noites de amor não passavam de
puras mentiras...

— Tudo foi verdadeiro para mim. — fala


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com lágrimas nos olhos.

— Verdadeiro? Não me faça rir uma hora


dessas, você é tão surtada como a sua irmã, só
sendo muito louca para se envolver nessa história.

Allegra, você um dia iria me contar sobre isso, ou


apenas me deixaria com o coração destroçado e
comemoraria tomando champanhe com a surtada
da sua irmã?

— No começo era sim um plano de

vingança. — Ouvir sua confissão é como um


punhal cravado no meu peito — Mas, isso foi antes
da gente se conhecer. Eu tinha aceitado ajudar
minha irmã, mas depois que nos conhecemos na
boate eu vi que isso tudo era loucura. Quando vim
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fazer a entrevista, e pude ficar um tempinho com

você e o Paollo, vi que isso não tinha como dá


certo. Briguei com a minha irmã, e disse que não
participaria dessa vingança boba, foi quando eu saí

de casa e esqueci essa história.

— E por que diabos não me falou, Allegra?


— grito, tomando cuidado para não ser consumido
pela raiva que corre em minhas veias.

— Porque eu já te conheço o suficiente para

saber qual seria sua reação, mas hoje eu estive com


ela e falei que contaria toda verdade para você. Que
essa história tinha ido longe demais. — Seu tom de
voz é baixo e cauteloso — Estamos vivendo
momentos ótimos, antes não tinha por que eu
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colocar a louca da minha irmã no meio da nossa

relação. Pode ter certeza de que nada foi falso, eu


me entreguei para você de corpo e alma Pietro,
você sabe disso.

— Sinceramente eu não sei de nada,


Allegra. A única coisa que posso lhe dizer, é que
você conseguiu quebrar o que eu nem pensei que
pudesse sentir novamente, minha vida toda sempre
foi bem calculada, foi só você aparecer que tudo

desandou.

Me afasto e caminho vagarosamente até a


sacada, admirando a vista a minha frente. Tenho
tantas coisas para falar, mas sinto como se elas
estivessem presas em minha garganta. Porque
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mesmo ela tendo brincado comigo, tenho medo de

que minhas palavras possam lhe machucar.

— Pi-eetro... — Sua voz sai entrecortada, e


percebo que ela chora, sentir o medo em sua voz

com certeza me deixa mais confuso — eu te amo


italiano, e minha consciência está limpa em relação
a isso. Eu errei em não lhe contar, mas em
momento algum deixei de ser verdadeira com você.
Entendo que esteja chateado, eu no seu lugar

também estaria. — Sinto suas pequenas e delicadas


mãos me abraçarem por trás. — Mas, vou deixar
que reflita sobre minhas atitudes, se perceber que
eram falsas nem precisa me procurar, no entanto, se
perceber o sentimento verdadeiro que eu tenho com

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você, sabe muito bem onde é meu apartamento.

Com pesar retiro suas mãos do meu peito,


viro e seu rosto está banhado com seu choro, apesar
de tudo isso, minha vontade é de pegá-la no colo e

secar suas lágrimas com beijos, e dizer o quanto eu


a amo, mas não faço. Mas se tudo isso está
acontecendo, é por mérito e culpa de suas atitudes.
Tento me controlar, e manter-me o mais frio
possível perante a mulher que a pouco tempo

descobri amar.

— Dê por terminado nosso relacionamento.


— Não sei nem se posso chamar assim, já que tudo
foi apenas uma mentira — você sabe onde fica a
porta, sinta-se à vontade para sair.
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Viro as costas e caminho para o meu quarto,

fechando a porta atrás de mim. Retiro toda minha


roupa, e entro debaixo do chuveiro, na expectativa
de que a água gelada consiga levar a dor que estou

sentindo. Sim, sou um marmanjo de trinta e três


anos que estou chorando por uma menina que
fodeu com meu coração. Allegra conseguiu me dar
e tirar o sentimento mais puro que senti nos últimos
anos, não consigo acreditar que minha menina foi
capaz de brincar com meu coração dessa forma.

Como pode a decepção doer tanto?

Eu a amo, será que esse amor é capaz de


sobreviver a uma traição?

Como pode uma pessoa ter o poder de foder


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com a vida de outra?

Meu peito parece que está sendo esmagado


aos poucos, e a dor absurda que sinto me sufoca por
dentro, ao ponto do meu coração se contrair com a

dor.

Fui do céu ao inferno em pouco tempo,


justamente quando eu me preparava para abrir meu
coração. Lhe dizer em todas palavras o amor que eu
sentia, mas veja como o destino é um filho da puta,

nem deixou isso acontecer.

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Capítulo Vinte e seis


Pietro Bianchi

Decidi que não ficaria me lamentando em


casa, entrei no meu carro e em menos de uma
hora já estava na Seduzione, já que no amor não
tive sorte, tenho certeza de que a bebida não vai me

abandonar. Os seguranças rapidamente liberam


minha entrada, a boate está cheia como de costume,
uma música alta, pessoas dançando e se pegando no
meio do salão. Tem um bom tempo que não
apareço por aqui, mesmo sendo também meu local

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de trabalho não me sentia bem, era como se traísse


a Allegra.

Reconheço alguns rostos, são os


frequentadores nato da boate, que assim como eu

costumava fazer, eles vêm procurar da presa da


noite. E pensar que eu já fui assim, só ressalva as
voltas que o mundo deu na minha vida.

Sento-me próximo ao balcão, e peço um


copo de whisky. Vejo o gerente caminhando em

minha direção, e sei que deve ser para falar sobre


trabalho.

— Pietro — Lucca fala, parando em minha


frente —, preciso falar com você.

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Lucca e eu trabalhamos juntos há quase dez

anos, e sei que posso confiar plenamente nele para


cuidar da boate.

— Se for falar de problemas, saiba que já

tenho demais na minha cabeça nesse momento.


Seja lá o que aconteceu, você tem total autonomia
para resolver qualquer coisa. — Não deixo margem
para ele responder, pego meu copo e vou para
minha sala.

Já estou bem fodido, o que menos quero é


ter que resolver problema de trabalho nesse
momento. É por isso que deixo essa merda nas
mãos dele, ele tem poder para mandar e desmandar
aqui.
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Entro na minha sala, e admiro a alegria das

pessoas, e fica impossível de não lembrar do dia em


que conheci a Allegra. Se eu soubesse que ela
foderia minha vida desse jeito, passaria longe do

grupo de mulheres.

Escuto batidas na porta, e mesmo sem


minha liberação a pessoa entra. Não me dou o
trabalho de olhar quem é, pois deve ser algum
funcionário pronta para me encher o saco.

Sinto mãos quentes tamparem meus olhos, e


por um instante imagino que possa ser a minha
Allegra. E por mais que eu esteja chateado, senti-la
poderia me acalmar, mesmo sendo ela a causadora
de toda essa tempestade na minha vida.
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— Oi, Pietro. — Reconheço rapidamente a

voz da Tiffane, e me levanto rapidamente, dando de


cara com ela sorridente me olhando.

— O que faz aqui, Tiffane? — pergunto,

encarando-a fixamente.

— Estava aqui com alguns amigos, quando


tive o prazer de te ver chegar. Então pensei em lhe
fazer uma visitinha. — Não disfarça sua vontade de
se jogar em meus braços.

— Agora que você já me viu, pode se


retirar, estou muito ocupado.

— Engraçado, não vejo você fazendo nada.


— Se aproxima, passando as mãos pelo meu peito

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— Para você estar aqui, as coisas com a songa-

monga não devem estar na melhor fase. O que


aconteceu? Descobriu que ela não é essa santa que
você imagina?

— Se sua intenção é falar algo da Allegra,


pode ir economizando seu tempo, já conheço muito
bem toda a história. E não que seja da sua conta,
mas não tenho mais nada com sua amiga.

— Então quer dizer que você voltou para a

pista? — pergunta, toda provocativa.

— Quem sabe...

Ela puxa-me pela gola da camisa, e cola


nossos lábios. A princípio é um beijo como

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qualquer outro, mas ela faz questão de intensificar

as coisas. Suas mãos vão para dentro da minha


camisa, e sinto o choque de sua pele contra a
minha. Por um momento, permito-me entregar ao

momento, mesmo que minha mente esteja girando


em torno da Allegra.

Apesar de tudo que me fez, a culpa por esse


beijo está me matando, e por mais que eu queira
machucá-la, não me perdoaria se levasse outra para

cama.

— Saia daqui. — falo, encerrando o beijo.


— Agora.

Ela me olha em choque, que rapidamente se


transforma em um olhar de raiva. Em questão de
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segundos, sinto um tapa em meu rosto, e por mais

que ninguém mereça apanhar no rosto, eu sei que


mereci e apenas lhe afasto com delicadeza.

— Escuta aqui, Pietro...

— Não quero ouvir nada, saia da minha sala


antes que eu chame os seguranças.

Caminho até a porta, abrindo-a. Ela fica uns


minutos me olhando, e vejo a fúria estampada
neles. Mas não tenho medo de mulher,

principalmente dessa louca da Tiffane. Ela sai e


bate à porta furiosamente, passo o trinco para que
ela não volte.

Eu sou um idiota mesmo, Allegra fode com

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a minha vida, como se isso não fosse suficiente,

tenho a chance de ficar com uma mulher bonita, e


minha consciência fala mais alto nesse momento.
Eu nunca me perdoaria se ficasse com outra

mulher, pelo menos não por agora. Allegra errou,


mas ela ainda está presente na minha mente e no
coração, essa menina deixou um rastro que parece
ser inesquecível.

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Capítulo Vinte e sete


Allegra Rizzi

Eu não posso acreditar que tudo isso está


acontecendo, justo agora que eu contaria tudo, ele
descobriu da pior forma possível. Pior que não
tenho certeza se foi a Tiffane ou a Arianna, as duas

sãos ruins ao ponto de tentar me ferrar com o


Pietro. É complicado de assimilar como podem ser
tão víboras.

— Não deu tempo de contar, amiga. — falo


assim que Luara abre a porta de seu apartamento —
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Ele descobriu tudo, e foi da pior forma possível.

— Oh, meu amor, vem cá.

Puxa-me para um abraço, e eu só consigo


chorar com a dor que sinto em meu peito. Aquilo

que eu mais temia aconteceu, e eu não tive a chance


de fazer as coisas da maneira certa. Eu senti que
tinha alguma coisa errada, logo quando mandei
uma mensagem e não obtive resposta, afinal, isso
nunca aconteceu. O almoço com a minha irmã foi

difícil, e tudo que eu desejava era chegar e ter o


consolo nos braços do homem que amo. Mas Deus
quis assim, e eu não tive a chance de dizer a
verdade.

— Eu cheguei no apartamento e ele foi me


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bombardeando de informações, e eu não sabia o

que responder. Eu vi em seus olhos a decepção, e


vê-lo daquele jeito me deixou com raiva, mas não
dele, e sim de mim que deixei as coisas chegarem a

esse ponto. — digo em meio aos soluços — Ele não


acredita mais nos meus sentimentos, ouvir de sua
boca que tudo que demonstrei foi falso, dói tanto
em meu coração que chega a ser sufocante

— Allegra, eu sempre te alertei que isso

poderia acontecer. Por que não contou logo para ele


amiga?

— Eu ia falar hoje.

— Precisou esperar nove meses para isso?


— Me repreende, e sei que ela está certa — Dessa
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vez não tenho como ficar do seu lado, eu mais do

que ninguém vim te alertando sobre essa


possibilidade. Muito me admira que ele descobriu
só agora. Sabemos que não é fácil, ninguém

gostaria de ser enganado dessa forma.

— Eu não o enganei, apenas não contei toda


a verdade sobre a minha vida. Você bem sabe dos
meus medos, e infelizmente um deles se cumpriu.
— Deito-me no colo da minha amiga, em busca de

um pouco de consolo — Ele estava tão mal, Lu.


Nunca pensei que fosse vê-lo dessa forma, eu o
abracei para que sentisse o calor do meu corpo e as
batidas do meu coração, mas ele me afastou como
se minhas mãos o queimassem.

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Assim que saí do restaurante, tive a certeza

de que Arianna aprontaria alguma coisa. Eu fui


disposta a resolver qualquer pendência, e fazê-la
enxergar que toda essa história já foi longe demais.

Chega um momento em nossas vidas, que não


adianta carregar nada que nos faça mal, e com essa
vingança ela deixou de viver sua própria vida. Mas
como de esperado, ela começou a dizer que só
desistiria quando acabasse com todos, ou tivesse
morta. Como se já não bastasse, ainda gritou para

os quatro cantos que acabaria com meu


relacionamento, que pagaria para ver a cara de
decepção do Pietro ao descobrir toda verdade.

Lembrar disso me deixa com mais raiva,

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porque tudo isso poderia ter sido evitado se eu

fosse sincera desde o começo. Eu sempre soube que


essa vingança idiota não era uma boa ideia, mas por
burrice deixei chegar nesse estágio. Além de ter

não ter falado sobre a minha irmã. Eu perdi o


homem que amo, tudo porque tive medo de lhe
contar toda verdade. Na minha cabeça, mesmo
nosso relacionamento indo cada vez melhor, ele
não teria uma boa reação quando descobrisse minha
relação com a Arianna, principalmente a história da

vingança.

Seus olhos carregados de dor rodam na


minha mente. O menino brincalhão de sempre, deu
lugar a uma face carregada de decepção. E doí por

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saber que eu sou a causadora de tudo isso, Pietro é

o que eu tenho de mais precioso na vida, e agora


não sei se ele vai querer olhar na minha cara depois
de tudo isso. Mas darei o tempo que ele precisa, e

lhe mostrarei que tudo que vivemos foi verdadeiro,


meu amor por ele é de verdade.

Fecho os olhos e as lembranças de nós dois


aparecem, mas uma em especial tem um lugar
guardado no meu coração.

— O que tanto passa nessa sua cabecinha,


la mia ragazza? — Pietro pergunta, ao mesmo
tempo que acaricia minhas costas.

Estamos deitados, depois de fazermos amor


pela segunda vez nessa noite. Toda vez que estou
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ao seu lado, fico pensando nessa volta que a vida

deu. Não imaginei que fosse me apaixonar tanto


por ele. Aqui, deitada em seu peito, sinto como se
estivesse no meu lugar predileto no mundo e não

tenho pretensão de sair.

— Nada, só pensando em como nossos


caminhos se cruzaram. Quando nos conhecemos eu
fugi, te deixando que nem um bobo no meio da
boate. E agora estou aqui, deitada em seus braços.

— Não sei como fui me encantar logo por


você, sabemos que eu poderia ter qualquer mulher
— Sei que é verdade, mas não gosto quando
lembro desse detalhe —, mas eu optei logo pela
que mais me deu trabalho. Confesso que pensei
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bem antes de correr atrás, mas eu estava vidrado

na menina de aparência frágil e angelical.

— Eu sei como você é mulherengo...

— Calma aí, era mulherengo, hoje sou

apenas seu, Allegra.

— Corrigindo então, sei como era


mulherengo. — falo, arrancando seu sorriso —
Fico feliz de ter conquistado você, porque antes te
achava um babaca sem noção.

— Que calúnia, imagino as vezes que me


difamou por aí. Tenho certeza de que não poupava
esforços para falar de mim. — Me pegando de
surpresa, inverte nossas posições, ficando por cima

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de mim, mas não colocando todo seu peso — E

hoje, está aqui nos meus braços, na minha cama,


desfrutando dos meus beijos e carícias. Diga que
assim não é mais gostoso?

— Não vou encher sua bola, pode ir


esquecendo cafajeste. — Beijo seus lábios, sentindo
o coração palpitar com a intensidade do seu olhar.

— O que eu faço com você, Allegra? —


Pega minha mão e coloca no peito, para que eu

sinta as batidas frenéticas do meu coração — Está


sentindo? É assim que fico toda vez que estou ao
seu lado, e por mais que isso vá contra todas as
regras que estabeleci na minha vida, não quero que
isso que está acontecendo entre nós dois acabe.
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Não sou bom nas palavras, e ainda não estou

pronto para dizer a frase que tanto se espera, mas


saiba que tudo que estamos vivendo é novo para
mim, mas um novo que estou amando desfrutar.

Ele não disse que me ama, mas não foi


necessário colocar em palavras o que pude
enxergar em seu olhar. Suas atitudes, o jeito como
venera meu corpo, o carinho e cuidado que tem
comigo, tudo isso me mostra diariamente que ele

me ama. Não é necessário que ele me diga com


todas as letras, porque palavras não são nada
perto de atitudes e demonstrações sinceras.

— Não se sinta pressionado, para mim tudo


é muito novo também, mas saiba que o que sinto
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por você, é a coisa mais linda e pura que já senti

na vida. Você tem esse jeito durão, mas sei que me


ama, assim como eu te amo, Pietro.

O choque é evidente em seu rosto, e eu

aproveito de seu momento de distração para


inverter nossas posições. Cubro seu corpo com o
meu, para que ele sinta as batidas do meu coração,
e perceba a forma pura e apaixonante que nossos
corpos se conectam.

Essas lembranças me machucam, pois não


posso acreditar que ele duvida de tudo que
vivemos. Eu nunca conseguiria fingir, e não foi
apenas uma vez que deixei bem claro o tamanho do
meu amor. Temos apenas noves meses juntos, tudo
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aconteceu muito rápido, mas é verdadeiro e eu vou

provar isso para ele. Deixarei a poeira baixar um


pouco, se ele não me procurar irei atrás dele e
vamos resolver isso como dois adultos. Lhe

mostrarei as conversas que tive com minha irmã,


onde deixei bem claro que não iria lhe ajudar no
seu plano. Eu errei, mas quem nunca errou que atire
a primeira pedra.

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Capítulo Vinte e oito


Pietro Bianchi

— Já chega de ficar jogado nessa cama,


Pietro, vamos levantar e correr atrás da mulher que
você ama. — Reconheço a voz da Luccy, minha
amiga, e me amaldiçoou por ter liberado sua

entrada, era para eu dizer ao porteiro para inventar


alguma desculpa e dizer que eu estava ausente.

Hoje faz um mês que não vejo a Allegra,


trinta dias que me encontro em uma maldita fossa,
que eu mesmo me coloquei. Até tentei ficar na
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boate, mas essa maldita não saía da minha cabeça.


Pensei que essa dor não fosse mais me atingir, mas
sinto a dor a cada lembrança sua. Seu sorriso, sua
timidez, o gosto dos seus lábios, lembrar de tudo

isso me faz mal. Porque mesmo sabendo do plano


com a sua irmã, a saudade está machucando e a
vontade de ir atrás dela fica mais forte a cada dia.

— Você não tem casa, um marido e um


filho para cuidar? Está fazendo o quê aqui me

enchendo, Luccy? — pergunto para minha amiga,


sem nem me dar ao trabalho de olhá-la. Só quero
que saia e me deixe sozinho.

— Vim colocar na sua cabeça a besteira que


está fazendo, deixando o amor da sua vida escapar
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desse jeito, tudo porque é orgulhoso o bastante para

correr atrás dela. — Abre as cortinas, e a forte luz


do sol me atinge em cheio — Sabemos que ela
errou, mas você conviveu com ela e sabe que os

sentimentos eram verdadeiros. Todo mundo


cometeu erros nessa vida, ela não foi a primeira e
nem será a última, Pietro. O amor que vocês sentem
um pelo outro, não é capaz de passar por cima de
tudo isso?

— Eu estou louco de saudades, isso não


posso negar. — Levanto-me da cama, e ela se
assusta um pouco com a minha aparência, tem
tantos dias que não faço a barba que deve estar
enorme — Mas, não me conformo dela ter me

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escondido isso. Se a vingança realmente não era

pauta, por que diabo ela não me contou sobre a


irmã dela? Claro que eu saberia separar uma coisa
da outra, até porque eu a amo e pouco me importo

pela surtada da irmã.

Já peguei o celular várias vezes, escrevi


algumas mensagem, mas não tive coragem de
enviar. Assim como eu, ela também não está indo
para a empresa, pensei que tinha se demitido, mas

ela apenas pediu uma licença para o meu irmão,


que rapidamente concedeu seu pedido. Valentina e
Vanessa foram encontrar com ela, e mesmo sem eu
perguntar me contaram que ela está mal, e até peso
perdeu por conta de tudo que aconteceu.

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Mandei uns amigos investigarem a Arianna,

e eles me disseram que ela e a irmã não mantinham


contato, e a única vez depois de meses que se viram
foi no dia em que descobri tudo. Rastreamos o IP

do remetente do e-mail, e descobri que era de uma


casa que estava no nome da surtada. Eu tenho
provas de que Allegra não compactuava com essa
vingança, mas ainda assim não consigo procurá-la.
Não sei como será nosso reencontro, mas o
momento ainda não chegou.

Todos estamos passivos de erros, mas


acredito que alguns possam ser evitados com
simples e diretas conversas. E com a Allegra era
para ter sido assim, se ela fosse sincera comigo

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desde o começo, agora eu não estaria enfiado nesse

quarto, e sim em seus braços desfrutando de seus


quentes e deliciosos beijos.

— Coloque na balança, meu amigo.

Lembre-se de todos os momentos em que passaram


juntos, se mesmo depois disso você decidir que não
vai procurá-la, pode ficar ciente de que perderá
uma mulher maravilhosa.

Ela se retira, me deixando pensativo. E por

mais que eu não queria admitir, meu peito aperta de


saudades da minha menina. E fica impossível não
lembrar, de todas as noites que estive ao seu lado,
sendo um desses episódios o mais memorável, o dia
em que passei uma noite inteira ao seu lado, apenas
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assistindo uma de suas séries prediletas.

— Não posso acreditar que vai me obrigar


a assistir isso, Allegra. — falo desanimado, já
chegamos na quinta temporada de Greys Anatomy,

e eu não aguento mais olhar para esse hospital.

— Nem chegamos na metade, Pietro. — Faz


biquinho, sabendo que não resisto — Mas, se você
quiser eu posso ir embora, em casa ninguém vai
ficar falando no meu ouvido o tempo todo. Vou te

deixar sozinho, com licença.

Seguro seu pulso, antes que ela se levante


da cama. Por mais que eu já esteja cansado de
olhar para esses médicos, não posso deixá-la ficar
em casa sozinha. Mesmo contra minha vontade,
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farei esse sacrifício por ela.

— Ok, não precisa ir embora. — Deixo


alguns beijos por todo seu rosto, ela tenta, mas não
consegue controlar o sorriso — Vou fazer o

sacrifício de assistir mais alguns episódios. Mas


como estou sendo um bom menino, você vai ter que
me compensar muito essa noite.

Sorrio, deixando bem claro minhas


segundas, terceiras e quartas intenções. Nada mais

justo do que essa troca, eu maratono sua série, e


em troca posso me lambuzar com sua boceta linda
e rosada. Eu pensei que nunca fosse acontecer,
mas não me vejo comendo outra boceta a não ser a
da minha Allegra. E pelo andar da carruagem, não
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vou enjoar nunca de seu delicioso e salgado sabor.

Minha menina, estou me esforçando ao


máximo para não ir até seu apartamento, já fui feito
de idiota com essa vingancinha. Não vou correr

atrás dela, e digo mais, não ficarei aqui me


lamentando. Não vou mentir, estou louco de
saudades dos seus beijos, o calor de sua pele e até
de seu jeito irritante de me obrigar a assistir suas
séries. Não deixarei minha vida no pause, preciso

retomar e começarei indo trabalhar hoje.

Caminho até o banheiro, e me assusto com a


minha aparência um pouco rústica. Aparo um
pouco a barba, e dou um jeito rápido no cabelo.
Depois de alguns minutos, termino meu banho e
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mando uma mensagem para minha secretária,

avisando da minha ida a empresa. Tenho que


lembrar de dar um extra para Felícia, ela me ajudou
muito nesse mês que fiquei afastado, além da

minha família, ela foi meus olhos e ouvidos dentro


da empresa. Makayla acabou dizendo que Allegra
ainda não retornou, me deixando pensativo com
toda essa situação, pois pelo visto não é apenas eu
que estou na merda.

Se eu fosse um escroto, não pensaria duas


vezes e lhe mandaria embora. Mas aprendi a não
misturar o lado profissional com o pessoal, não é
porque ela foi uma filha da puta comigo, que tenho
o direito de demiti-la sem nenhum motivo

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profissional para isso.

Pouco mais de meia hora, já estou na porta


da empresa, e tenho o desprazer de ver alguns
carros da imprensa. Esses abutres não perderam

tempo, no dia seguinte a toda confusão com a


Allegra anunciaram em todos os cantos o nosso
término. Só queria saber, como eles descobrem, por
que nem minha assessoria estava sabendo.
Aproveito a fila de carros, para tentar passar

despercebido e agradeço a Deus por ter funcionado.

Chamo o elevador, que demora


intermináveis cinco minutos para chegar, e nessas
horas me amaldiçoou por ter optado por um prédio
com tantos andares. Estava entrando, quando sinto
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uma movimentação ao meu redor, e sãos os

malditos dos jornalistas.

Cazzo, como eles conseguiram adentrar em


uma empresa com tanta segurança? Acho bom a

segurança preparar uma boa explicação, pois eu


vou cobrar caro por esse maldito erro.

Pietro, é verdade que Allegra Rizzi


terminou com você?

Pode nos dar mais detalhes do seu curto

relacionamento?

É verdade que você foi trocado por outro?

Ela foi demitida por conta do término do


namoro de vocês?

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Sou bombardeado de perguntas, e uma raiva

descomunal toma conta de mim. Eu já esperava


todas essas suposições, mais ouvir essas palavras
desses urubus me deixa puto da vida. Eu posso

entrar no elevador e deixar eles sem nenhuma


palavra, ou posso lhes dar um belo motivo para me
colocarem nas manchetes, e claro que eu escolho a
segunda opção.

— Escutem aqui seus filhos da puta, se sair

qualquer coisa sobre meu relacionamento com a


Allegra, podem preparar o bolso, pois não medirei
esforços para foder com a vida de vocês. — grito o
mais alto possível, para que todos escutem —
Aproveitem e coloquem na manchete de vocês:

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Pietro Bianchi surta e agride jornalistas. Pois é

isso que farei, caso não saiam da minha empresa


agora mesmo.

Eles ficam em choque, e sei que essa

explosão trará uma imagem negativa, mas estou


pouco me fodendo para isso. Quero apenas que
parem de falar do meu namoro, ou serei obrigado a
matar um desses idiotas com a minha própria mão.

Com pressa, um a um vai saindo do

estacionamento, e eu posso finalmente entrar nesse


maldito elevador e ir para minha sala. Minha
vontade é de ir para casa, depois de todo esse
estresse. Mas já que estou aqui, vou aproveitar para
colocar alguns e-mails em dia.
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Capítulo Vinte e nove


Allegra Rizzi

Pensei muito antes de tomar essa decisão, e


depois de conversar com as minhas amigas vi que
era o certo a se fazer. Mandei mensagem para a
Antonella, perguntando se Pietro estava na empresa

ou em casa. Ela me respondeu dizendo que na


empresa, porém iria embora em cinco minutos.
Então me arrumei o mais depressa possível, peguei
um táxi e agora estou aqui, parada na porta do seu
luxuoso prédio. O porteiro já me conhece, e

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prontamente disse que eu poderia entrar, mas não


farei isso, irei lhe esperar aqui mesmo.

Me admira o fato dele não ter barrado


minha entrada, mas talvez estivesse tão ocupado

saindo, que não teve tempo para isso. Eu não


poderia esperar que ele ficasse em casa, afinal o
erro foi meu, e nada o impede de sair e curtir a
noite. Por mais que me doa saber disso, eu o
entendo completamente.

Um vento frio me atinge, e o céu do nada


fica carregado, demonstrando assim que uma forte
chuva se aproxima. Só espero que ela espere um
pouquinho, pois aqui não tem nenhum lugar para eu
me abrigar.
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De longe avisto seu carro, e meu bobo

coração começa a bater freneticamente por


antecipação. Tem tantos dias que não o vejo, a
saudade está me sufocando. Tenho saudades de

seus beijos, de suas mãos passeando por meu


corpo, e de todas as formas que ele me
demonstrava que me amava.

Antes de entrar na garagem, ele abaixa o


vidro e me encara fixamente. Vejo a surpresa em

seus olhos, e por um momento achei que fosse


passar direto, sem me dar a chance de conversar.

— Allegra, o que faz aqui? — Sai do carro


e caminha em minha direção.

— Precisamos conversar, ou melhor, eu


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preciso lhe dizer algumas coisas.

— Tudo bem, vamos subir e conversar lá


em cima.

— Não, eu prefiro que seja aqui mesmo.

— Ok, sou todo ouvidos. — A frieza em


sua voz me parte o coração.

— Eu sei que te machuquei, decepcionei e


tudo poderia ter se resolvido apenas com uma
conversa. Mas quero dizer que eu te amo, Pietro.

Esses dias longe de você, estão sendo como pisar


em espinhos. — falo, mas seu rosto não demonstra
nenhuma reação — Sinto falta dos seus beijos, do
calor dos seus braços, e acima de tudo, do menino

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brincalhão que eu tanto amo. Eu sei que disse que

esperaria você me procurar, mas se eu não tentasse


não iria sossegar.

Ele não demonstra nada, meu peito se

aperta com sua falta de reação.

— Eu passei anos ao lado da minha irmã,


dizendo que sua família tinha culpa na morte do
nosso pai. E como eu sempre busquei a aprovação
da Arianna, lhe prometi que participaria na sua

vingança. No momento que nos conhecemos na


boate, confesso que ainda tinha isso em mente. Mas
quando fui para a entrevista, que não foi nada
planejado, eu percebi que era uma loucura. — Sinto
os pingos de chuva caírem sobre o meu corpo —
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Ali eu soube que não deveria me meter nessa

confusão, e por esse motivo fiquei receosa de


aceitar qualquer sentimento que nascia no meu
peito.

Lágrimas começam a cair sobre o meu


rosto, se misturando assim com as gotas de chuva.

— Ao passo que fui te conhecendo, soube


que se contasse sobre a Arianna você não reagiria
bem. Todos os dias eu falava para mim mesma, que

em breve o momento ideal chegaria e eu finalmente


contaria sobre ela. Mas eu não fiz... por medo de te
perder — Minha voz falha.

— Não passou pela sua cabeça que eu


poderia descobrir? — questiona, e sinto a tristeza
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em sua voz.

— Para ser sincera? Não, quem sabia era


apenas as minhas amigas e a minha irmã. E em
momento nenhum pensei que elas fossem capazes

disso, mas quando neguei dinheiro para a minha


irmã, tive certeza de que ela ou até mesmo a
Tiffane poderiam ser capazes de lhe contar. — Pior
que as duas tinham motivo para isso, então eu já
esperava — E justamente por conta disso, agora

estou disposta a contar tudo que eu sei sobre ela, e


posso provar que ela está por trás do sequestro da
Vanessa.

— Sei que sempre pensou que eu fosse um


escroto, mas eu saberia separar uma coisa da outra.
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Pois eu tive o prazer de conviver com você, então

saberia que não tinha relação com a sua irmã. Mas


você preferiu me esconder tudo isso, brincou com
os meus sentimentos.

— Não, Pietro, você pode não acreditar,


mas tudo que vivemos foi real. Meu amor por você
é verdadeiro, meus beijos são seus, meus gemidos
de prazer pertencem apenas a você.

Nesse momento a chuva fica mais forte, e a

essa altura do campeonato já estamos ensopados.

— Você sabe o quanto lutei por esse


sentimento, Allegra? Naquele dia, eu encomendei
flores, estava ansioso para que o jantar chegasse,
pois finalmente eu ia confessar meus sentimentos.
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— Se aproxima, ficando bem perto de mim — Eu

abri meu coração, como a muito tempo eu não tinha


feito. Tem noção de como foi difícil, aceitar que a
minha menina tinha escondido algo tão importante?

Ou como foi foda aceitar que tudo que vivemos não


passou de uma ilusão?

Me preparava para falar, mas ele colocou o


dedo em meus lábios, pedindo para ficar em
silêncio.

— Eu passei os piores dias da minha vida,


Allegra. Perdi as contas de quantas vezes pensei em
vestir uma roupa e seguir para sua casa, ou de
quantas mensagens escrevi e apaguei antes de te
enviar. Não vou dizer que foi fácil, mas eu pude
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entender que muitas coisas não funcionam como

queremos. E principalmente, não escolhemos quem


amar. Sim, Allegra, eu a amo com toda certeza
dessa vida. Só não sei se ainda é tempo para

vivermos esse amor.

— Me perdoa, meu amor, por favor. —


Seguro seu rosto com as duas mãos, fixando meus
olhos nos seus — Se eu pudesse voltar no tempo,
pode apostar que faria tudo diferente. Infelizmente

não tenho o poder de mudar o passado, mas posso


melhorar nossos presente e o futuro. Me deixa
provar que te amo, deixa eu te mostrar que não
tenho mais nada com a minha irmã.

— Eu dei uma chance para nós dois uma


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vez, e como resultado fiquei enfiado trinta dias no

meu apartamento, apenas recuperando os pedaços


do meu coração que você quebrou. — Retira
minhas mãos de seu rosto, levando-as para o peito.

— Se eu lhe der uma nova chance, será a última.


Eu posso ser um cafajeste, pegador e todo tipo
adjetivos que direcionam a mim, mas não brinco
com os sentimentos de ninguém, e não gostaria de
passar por isso novamente.

Me surpreendendo, ele beija meus lábios,


em uma mistura de saudades e desejo acumulado
de dias. Tento controlar o choro de alívio, para
sentir assim o gosto de seus lábios, com certeza é o
consolo que eu estava precisando, um alento para o

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meu coração. Pode parecer clichê, mas beijo na

chuva tem um sabor diferente, uma mistura de


aventura e amor.

Sempre existirá um talvez.

Talvez ele não me procurasse.

Talvez ele se canse de mim.

Talvez a gente não dure muito tempo.

Mas em contrapartida existe as certezas:

Certeza de que eu o amo...certeza do seu

amor por mim.

— Eu te amo, la mia ragazza. — fala assim


que nos separamos, e ouvir essa pequena frase
deixa meu coração em êxtase — Só te peço uma

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única coisa: não fode com o meu coração. Estou lhe


entregando-o pela segunda vez, eu te amo mais do
que ontem, e tenho certeza de que amanhã te
amarei mais. Promete que nunca mais vai esconder

nada de mim? Promete que mesmo que doa, me


contará tudo?

— Sim, meu amor. Você não imagina como


me culpei por ter te machucado, todas as noites
sonhava com seu olhar de decepção direcionado a

mim. Pode apostar que isso não acontecerá


novamente, eu te amo e não quero que mais nada
aconteça no nosso relacionamento.

O abraço, e caminhamos para seu


apartamento, eu só desejo tirar essa roupa molhada,
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tomar um bom banho quente e me deliciar no calor

de seu corpo.

Entramos em seu apartamento, estamos tão


necessitados de sentir um ao outro, que quase não

deu tempo de fechar nem a porta. Pietro prensa


meu corpo na parede, beijando-me intensamente. E
fica impossível de não lembrar a saudade que
estava sentindo de seus lábios, com a mão em seus
cabelos, o puxo para mim, intensificando assim

mais o beijo.

— Eu amaria ficar aqui — Pietro diz,


interrompendo o beijo —, mas se não tirarmos essa
roupa molhada e tomar um banho agora, tenho
certeza de que pegaremos um resfriado.
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Não digo nada, apenas concordo com a

cabeça e sigo seus passos, caminhando para o


quarto. Pietro entra no banheiro e coloca a banheira
para encher. Enquanto isso, fico imaginando como

seria bom sentir seu pau em minha boca.

Caminho em sua direção, lhe puxo pelo


braço, e o faço encostar no armário do banheiro.
Tentando ser o mais provocante possível, retiro
bem lentamente minha roupa, ficando apenas de

calcinha e sutiã em sua frente. Pietro não esconde o


olhar de desejo, e sinto-me mais motivada a ir em
frente com o que tenho em mente. Abro botão por
botão de sua camisa, ao mesmo tempo que deixo
alguns beijos em seu peito. Ele não diz nada,

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apenas me olha sorridente, e sei que está surpreso

com a minha atitude.

Não vou mentir, eu também estou!

Retiro toda sua roupa, deixando-o pelado,

assim como ele veio ao mundo. Seu pau


rapidamente dá as caras, e passo a língua em meus
lábios, sentindo a boca encher de água com a
vontade de prová-lo. Com pequenos beijos em seu
abdômen, desço lentamente, ficando praticamente

de joelhos em sua frente.

Agarro seu pau com as duas mãos, e passo a


língua por toda a cabeça rosada, fazendo assim com
que ele estremeça. Faço todos esses movimentos,
sem nunca abandonar seus olhos, quero que ele
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veja o tamanho do meu desejo por ele.

Coloco todo seu pau em minha boca, Pietro


segura meus cabelos, empurrando minha cabeça
para que eu vá mais fundo em seu pau. Chupo com

gosto, apreciando o momento e sua cara de


satisfação.

— Allegra, eu preciso me enterrar dentro


dessa sua bocetinha, ou tenho certeza de que estarei
bem fodido. — Sua voz está mais rouca que o

normal, e sei que deve estar em seu limite, mas não


irei parar.

— Sinto muito, Pietro, mas quem está


dando as cartas do jogo sou eu. — digo confiante, e
aproveito para chupá-lo com um pouco mais de
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força — Você foi um menino muito mal, poderia

muito bem ter ido me procurar. Então vai ficar de


castigo para deixar de ser orgulhoso.

Volto a chupá-lo, dessa vez levando seu pau

tão fundo, que quase me engasguei. Sei que ele está


próximo de seu ápice, então intensifico mais as
chupadas, levando-o a loucura.

Sou pega de surpresa, ele me puxa pelos


braços e cola nossos lábios, em um beijo cheio de

desejo e tesão. Aproveito a mistura deliciosa de


seus lábios, com o gosto de seu pau e me entrego
ao beijo, desfrutando do momento ao qual senti
muita saudade.

Ele entra na banheira, logo em seguida me


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puxando para sentar-se sobre ele.

— Puta que pariu, como eu te amo, Allegra.

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Capítulo Trinta
Pietro Bianchi

Porra, eu poderia ter sido mais firme com a


Allegra. Mas depois da conversa com a Luccy,
fiquei o dia inteiro pensando em todos os
momentos que vivemos. E foi impossível não

lembrar dos seus beijos, de suas juras de amor.


Lembrar disso me fez mal, porque eu vi que não
tinha como ela fingir tudo o que vivemos. Estava
pensando em chegar em casa, e lhe mandar pelo
menos uma mensagem, mas o destino foi mais

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rápido e trouxe ela para mim.

Depois de um delicioso sexo recheado de


amor, saudades e muito desejo. Estou que nem um
idiota velando seu sono, não demorou muito e ela

apagou em meus braços. Sei que fugi de


relacionamentos, assim como um rato que foge de
um gato. Mas agora não vejo minha vida sem a
Allegra. Ela errou, eu vou errar, mas enquanto
existir um sentimento, eu quero estar ao seu lado.

Sei que tudo é lindo, mas também não posso


esquecer que ela disse que tem provas contra a
irmã. Não gostaria de lhe colocar nessa posição,
mas tenho certeza de que Arianna já foi longe
demais e chegou o momento de lhe dar um freio.
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Apesar de ser duas da madrugada, mando

uma mensagem para o Paollo, informando sobre o


que ela me disse. Ele me responde rapidamente,
dizendo que já desconfiava sobre isso, porém como

eu estava em um momento delicado com a Allegra,


preferiu não me dizer nada. Marcamos de nos
encontrarmos amanhã, precisamos resolver antes
que ela apronte mais alguma coisa.

E meu medo, é de que faça algum mal a

minha mulher. Ela já mostrou que é desequilibrada,


não duvido que faça mal a irmã para me atingir. E
pensar que as duas são tão diferentes, não consigo
acreditar que a minha Allegra é irmã da louca da
Arianna, a mesma mulher que ofereceu um boquete

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do nada para o Lorenzo, além de tentar matar a

minha cunhada.

Allegra me contou o motivo do surto da


irmã, e sinceramente não sei como ela ainda se

deixou envolver nessa teia de aranha. Se não fosse


a minha família, certamente seria outra. Eu tive a
chance de ver o projeto do pai delas, e nem de
longe era apto para um contrato milionário com o
governo. Mas como estamos cansados de saber, é

muito fácil para as pessoas colocarem a culpa do


seu fracasso em outros, ao invés de buscar sua
melhora interior.

Resolvo esquecer um pouco essa história,


puxo Allegra para meus braços e aperto seu corpo
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contra o meu. Tudo que preciso é de paz, e tenho

certeza de que ao lado da minha mulher conseguirei


o sossego que tanto preciso.

(...)

— Bom dia, la mia ragazza — falo, assim


que ela abre os olhos e me encara.

Beijo seus lábios, e em troca recebo um


lindo sorriso da minha Allegra. Indo contra tudo
que vivi e planejei na minha vida, hoje me vejo

louco por essa mulher. Tanto falei dos meus


primos, e não consigo tirá-la da minha cabeça nem
por um minutos. Não me vejo longe dessa menina,
amo cada pedacinho de seu corpo, sua
personalidade, manias e trejeitos.
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Porra, eu quero passar o resto da minha vida

com essa mulher. Quem diria que Pietro Bianchi


desejaria passar a vida comendo apenas a mesma
boceta? Se alguém me dissesse isso há cerca de um

ano, certamente eu diria que essa pessoa bebeu


muito ou perdeu o parafuso. Mas tenho certeza que
foi muita praga do Paollo, ele sempre me rogava
praga que eu me apaixonaria, e o filho da mãe
acertou em cheio.

— Bom dia, meu amor.

— Dormiu bem essa noite?

Olho fixamente em seus olhos, e encontro


aquilo que tanto me encantou de início, a pureza
em seu olhar. Essa menina me tem em suas mãos, e
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é a dona de dois dos meus sentimentos mais

completos: a decepção e o amor.

— Sim, me senti completamente protegida


em seus braços. Por um momento pensei que fosse

sufocar, você me apertou um pouco mais que o


necessário, eu não ia fugir — fala, com um sorriso
encantador.

Allegra passeia com os dedos em minhas


costas, causando-me um arrepio, e uma vontade

enorme de rasgar minha camisa que ela está vestida


e desfrutar de seu delicioso corpo.

— Talvez fosse o medo de tudo ser um


sonho, afinal de contas, passei uns bons dias sem
desfrutar de sua presença. — comento pensativo,
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esse mês foi difícil, mas acho que necessário para

nosso relacionamento — Eu nunca pensei que fosse


sofrer tanto por uma mulher, você mudou muito
minha vida, Allegra.

— E pensar que no começo eu te achava um


babaca. — confessa, o que não é nenhuma
novidade para mim — Às vezes eu ainda acho. —
Sorri para mim — Mas, minha vida sem você não
tem cor, graça ou sentindo. No momento que me

entreguei a você, não tinha noção de que era um


caminho sem volta. Esse mês que passamos
afastados, foi como uma sentença de morte. Não
consegui enxergar um sentido na minha vida sem
você, todos os dias tentava me convencer de que as

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cosias iriam se acertar, que nosso amor seria mais

forte do que a burrada que eu fiz.

— Como você tinha certeza do meu amor


por você?

Apesar de não dizer em palavras, sempre fiz


questão de demostrar todo amor que eu sentia por
ela. Olhando para trás, vejo que era loucura, dizer
eu te amo não era nenhuma coisa do outro mundo.
Mas, infelizmente deixei o medo me dominar, e

optei por fazê-la apenas sentir, que foi mais


verdadeiro do que qualquer frase dita por mim.

— Suas atitudes sempre me mostraram isso,


quando eu estava em seus braços você me amava
com tanta intensidade, que eu conseguia sentir o
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tamanho do seu amor por mim. Quando eu estava

ao seu lado, um sentimento de conforto me


acalentava. Demorei para enxergar, mas quando
isso aconteceu passei a ver seu amor em cada gesto

e palavra sua. Hoje, me vejo amarrada a você,


Pietro, e não sei dar um sentido a minha vida sem
você ao meu lado.

— Ti amo, ragazza mia.

Beijo seus lábios, ao mesmo tempo que

minhas mãos passeiam por suas coxas. Ela prende


suas pernas na minha cintura, prendendo meu corpo
ao seu. Intensifico o beijo, encosto meu quadril em
sua boceta, e a safada se roça contra mim, me
deixando mais excitado do que já estou. Sem deixar
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de beijá-la, arranco de uma só vez sua fina

calcinha, fazendo-a soltar um grito de surpresa.


Aproveito o momento para acariciar seu clitóris,
fazendo-a gemer sobre meus lábios.

Essa mulher tem o poder de foder com


minha sanidade, o pior que é em todos os sentidos
da palavra.

— Você tem algum compromisso essa


manhã? — pergunto, me afastando e me levantando

da cama.

— Não, nenhum.

— Ainda bem, pois a senhorita não tem


previsão de sair do meu humilde apartamento. São

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dias de tesão acumulado, só sairemos daqui desse

quarto para comer e tomar banho, fora isso


passaremos horas nessa cama. — falo, retirando
minha cueca — Alguma objeção contra isso, meu

amor?

— Não. — Direciona o olhar para o meu


pau, e pude ver o desejo estampado em seus olhos.
— Sou toda sua, italiano.

Não digo mais nada, me jogo com cuidado

sobre ela, abro botão por botão de sua camisa,


admirando seus lindos e apetitosos seios. Abocanho
um deles, e com a mão livre começo a fazer
movimentos circulares em seu clitóris. Pequenos
gemidos são ouvidos, e me sinto mais motivado a
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lhe dar prazer.

— Eu amo quando você me toca, mas


preciso urgentemente me sentir preenchida por
você. — Seu tom de voz é baixo, quase

imperceptível.

— Seu desejo é uma ordem!

Viro seu corpo sobre a cama, a deixando


com a bunda empinada para mim. Com delicadeza,
a penetro devagar, apreciando a sensação deliciosa

de estar dentro dela. Aos poucos vou me


movimentando, apenas degustando de sua boceta
deliciosa.

Estava preparado para começar a estocar

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com mais força, quando escuto a porta ser aberta

com força, e logo em seguida um grito, reconheço


essa voz de longe. Saio de dentro da Allegra, e
encontro o trio de inconvenientes me olhando com

cara de espanto. Não sei o que eu fiz para merecer


essas malucas na minha vida, como meus primos e
o meu irmão conseguem conviver com elas?

— Posso saber que caralho vocês fazem na


minha casa a essa hora? — falo pausadamente, não

dando margem para elas não entenderem.

Elas não abrem a boca, apenas ficam me


olhando com cara de espanto. Não entendo o
porquê, já que eu deveria estar espantando com a
ousadia delas me atrapalharem dessa forma.
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— Vocês não vão responder?

— Amor — Allegra chama minha atenção,


ela está vermelha igual um tomate —, coloca isso, é
melhor para todo mundo.

Me entrega minha cueca, e só agora a ficha


cai, estou pelado na frente dessas três. E
definitivamente estou fodido, se os meninos
souberem disso vão comer meu fígado, mas não
tenho culpa se suas esposas são intrometidas desse

jeito.

— Pronto. — falo já vestido e apresentável


— Que diabo vocês estão fazendo aqui uma hora
dessas? Ou melhor, como entraram na minha casa?

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— Primeiro, a porta estava aberta, o erro foi

todo seu. Segundo, a Luccy falou que conversou


com você ontem. — Valentina responde — Então
hoje decidimos te fazer uma visitinha, para

incentivá-lo a procurar a Allegra, mas pelo visto


não é mais necessário.

Dá um tchauzinho para Allegra, que em


contrapartida esconde o rosto com o travesseiro.

— E precisava ser às nove da manhã?

— Sim, quanto mais cedo melhor. —


Antonella fala, e só consigo dar de ombros.

— Agora que viram que estou bem, e não


preciso da ajuda de vocês. Saiam da minha casa,

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agora!

— Tchau, Allegra. — falam ao mesmo


tempo.

— Tchau, meninas. — Allegra responde

timidamente.

Já estavam com o pé do outro lado da porta,


quando Vanessa volta e diz:

— Parabéns, Pietro, sua bunda é um arraso.

Elas saem rindo e pela primeira vez essas

malucas me deixaram sem jeito.

— Vem aqui, amor. — Allegra bate ao seu


lado da cama — Você fica muito fofo
envergonhado, gostei desse lado que eu ainda não

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conhecia.

— Eu juro, não sei o que faço com essas


mulheres.

O clima foi todo embora, então apenas

ficamos deitados na cama, apreciando a presença


um do outro. E na minha cabeça um filme, de todos
os acontecimentos da minha vida nos últimos
meses. É difícil de assimilar, como fui de uma falsa
acusação de estupro, a esse giro de trezentos e

sessenta graus na minha vida amorosa. Allegra com


certeza é o sentindo que eu precisava, mesmo sem
ter ciência de que eu precisava dela na minha vida.

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Capítulo Trinta e um
Allegra Rizzi

Um ano depois

Finalmente cheguei na fase da minha hoje


onde posso afirmar com todas as letras que sou

realizada. Tenho um emprego dos sonhos, estou


rodeada de pessoas que me amam e gostam de ver a
minha felicidade. E o mais especial de tudo, tenho
ao meu lado um homem maravilhoso, que faz de

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tudo e mais um pouco por mim. Esse tempo que


passou, pude perceber o quanto eu fui sortuda,
apesar de todos os problemas com a minha irmã,
hoje não tenho do que reclamar.

Estou morando com o Pietro em seu


apartamento, eu praticamente só ia na minha casa
de visita, apenas para pegar algumas peças de
roupas. Conversamos e vemos que essa era a
melhor opção, na verdade ele que me propôs isso

em um episódio que fiquei na dúvida se ria ou


chorava com aquele homem.

— Sei que você é do tipo que quer se casar


com tudo que tem direito, um vestido branco, a
igreja cheia com nossos amigos, aquelas
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decorações com flores e todo esse conto de fadas.

— comenta, com uma expressão engraçada, me


fazendo ri — Hoje eu não descarto essa
possibilidade, você já me fez fazer tantas coisas,

principalmente aquelas que não faziam parte da


minha vida. Mas, tudo isso ainda é algo que
preciso pensar com calma, não estou dizendo que
não quero me casar um dia com você, só não
precisa ser por agora.

— Ei... — Coloco um dedo em seus lábios,


o fazendo calar a boca — Não sei de onde tirou
tudo isso, não vou mentir e dizer que nunca sonhei
com um casamento, do tipo princesas da Disney,
mas eu estou feliz com nosso relacionamento, por

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enquanto eu não vejo problema na vida que

estamos levando. Não precisa suar frio, ficar


nervoso ou qualquer coisa do tipo. Eu te amo,
Pietro, isso já é o suficiente para mim.

— Então você vem morar comigo?

— Todo esse arrodeio era para me


convidar para morar com você, Pietro? — Não me
controlo e começo a rir, deixando-o com a cara
fechada.

— Cazzo, não precisa fazer hora da minha


cara, Allegra. — Toma todo vinho de sua taça em
apenas um gole — Você não tem noção de quantas
vezes ensaiei esse pedido, na minha cabeça as
coisas eram mais fáceis e você aceitava logo de
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primeira. Trabalhamos na mesma empresa,

almoçamos juntos quase todos os dias, e eu já me


acostumei a dormir ao seu lado todas as noites.
Tenho certeza de que já é um caminho sem volta,

não consigo dormir sem o calor do seu corpo ao


meu.

— Mais é um bobo mesmo. — Beijo a ponta


do seu nariz — É claro que eu aceito morar com
você, isso não foi bem um pedido, mas eu captei

tudo nas entrelinhas. Eu também estava pensando


nisso, só não tinha encontrado a hora de falar com
você, nunca sabemos quando vai surtar.

— Deixa-me te mostrar quem vai surtar.

Pega a taça da minha mão, colocando


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sobre a mesinha e empurrando meu corpo sobre o

tapete ao qual estamos sentados. Atacando meus


lábios logo em seguida, e me dando o prazer de
desfrutar da minha combinação predileta, Pietro e

vinho.

Depois desse dia passamos a morar juntos,


não vou dizer que é fácil, até porque temos
personalidade e gostos diferentes, mas estamos
conseguindo conciliar tudo. Sinto que meu amor

por ele só aumenta, difícil é imaginar minha vida


sem esse homem. E pensar que no começo eu
queria distância, o achava um completo cafajeste e
hoje é o homem da minha vida, aquele que detém o
meu amor.

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Pietro me surpreende a cada dia, seja como

homem, profissional e até lidando com crianças.


Uma das cenas mais lindas, foi vê-lo brincando
com a Violleta, filha do Lorenzo e Valentina. Ele

tem todo um jeito especial de lidar com crianças, e


por um momento me permiti pensar em como seria
ter um filho com ele. Minha única exigência, seria
que puxasse a beleza do pai e a minha
personalidade.

Hoje resolvemos não trabalhar, estávamos


seguindo o plano certinho, até que o Lorenzo
convocou uma reunião de última hora. É via Skype,
mas já atrapalha todos os nossos planos de ficar
sem fazer nada, pois sei bem como essas reuniões

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demoram. Mas também sei que é alguma coisa

séria, esse é o único motivo válido para Lorenzo


convocar todos assim do nada.

Ele pediu para eu ficar com ele no

escritório, mas não estou muito a fim de ficar


sentada os vendo conversarem. Quando assumem
essa posição profissional, nada ao redor é notado
por eles.

Vendo o Pietro todo dedicado, me custa

acreditar que ele era o mais desligado dos Bianchi.


As meninas me contaram como era difícil ele
chegar a tempo em uma reunião, o que era motivo
de briga com os primos. Além de chegar atrasado,
vivia de ressaca, já que sua vida era ficar em boates
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atrás de sua presa. Fico feliz de ele ter mudado, e

fico mais feliz ainda de saber que tenho um pouco


de colaboração em tudo isso.

Pego o celular e tem uma mensagem no

grupo, abro e vejo que é a Antonella.

Antonella: Vocês sabem o motivo dessa


reunião de última hora?

Allegra: Quem deve saber é a Valentina,


foi o marido dela que convocou os outros.

Vanessa: Amiga, conte tudo, não esconda


absolutamente nada.

Valentina: Lorenzo sempre me conta tudo,


até mesmo as coisas que não quero saber

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hahahaha. Mas dessa vez, juro que não sei de


nada. Estou aqui me remoendo de curiosidade.

Allegra: Não acho que seja relacionado a


empresa, até onde eu sei está tudo na mais

perfeita paz. Então, acredito que eles estejam


tramando alguma coisa.

Antonella: Enrico me chamou para


acompanhar, mas ele sabe que detesto essas
coisas. Eles ficam tão centrados, que eu seria

apenas um objeto de decoração no escritório.

Vanessa: Engraçado, Paollo fez a mesma


coisa comigo. Ele sabe que odeio essas reuniões,
até porque não entendo absolutamente nada do
que estão dizendo.
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Valentina: Pois, agora tenho certeza, não

deve ser nada de negócios. E só nos resta


aguardar essa bendita reunião acabar, a primeira
que souber de algo, corre e conta aqui no grupo.

Me mantenham informadas, agora tenho que


ajudar a Violleta com a atividade da escola.

Depois da conversa com as meninas, fui


para a cozinha e preparei o nosso jantar. Estou me
remoendo de curiosidade, esses quatro quando se

juntam é para aprontar alguma coisa. E fico mais


chateada, porque erámos para aproveitar o dia de
folga juntos, não ele enfiado nesse escritório a mais
de duas horas.

Terminei de preparar o macarrão à


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bolonhesa, até pensei em ir até o escritório e ver se

ele precisa de alguma coisa, mas mudei de ideia,


não quero atrapalhar a reunião e fazer com que ele
fique mais tempo nela.

Deixo a mesa preparada, e aproveito o


tempinho para tomar banho, se ele não aparecer
jantarei sozinha mesmo, pois estou morrendo de
fome. Entro no banheiro, retiro toda minha roupa e
coloco a banheira para encher. Meu corpo pede um

banho relaxante, e é isso que vou fazer. Coloco


alguns sais de banho, umas essências e pronto.
Com a água na temperatura certa, entro e deixo
meu corpo submerso.

Permito que minha mente viagem para o


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passado, e vejo o giro que minha vida deu. Minha

irmã acabou indo presa, eu mostrei algumas


conversas para o Pietro, além disso ele já tinha
algumas provas que conseguiu com um detetive

particular, então reuniu tudo e entregou para a


polícia. Eu senti por ter que fazer isso, mas Arianna
não me deu outra escolha, ou era isso, ou ela
acabaria machucando mais alguém. Eu até fui
visitá-la, mas como era de esperado, ela me
mandou ir embora e disse que nunca mais queria

olhar para minha cara. E assim eu fiz, cansei de


ficar mendigando a atenção de uma pessoa como
ela. Hoje, só quero que ela pague por todos os seus
erros, e ainda rezo para que suas atitudes mudem.

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Resolvi fazer uma limpeza na minha vida,

tirando assim tudo que era tóxico. E com isso,


encerrei qualquer laço que tivesse com a Tiffane.
Mesmo depois da nossa última conversa, ela não se

mostrou nem um pouco arrependida ou com


intenção de parar de dar em cima do Pietro. Deixei
bem claro para as meninas, que não é pelo fato de
eu me afastar da Tiffane que elas deveriam fazer o
mesmo. Mas isso acabou acontecendo, e nunca
mais tivemos notícias dela.

— Desculpa a demora, meu amor. —


Estava de olhos fechados, por isso não vi sua
entrada. — Fique tranquila, a reunião não foi sobre
negócios, mas ainda não posso lhe contar sobre o

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que era. Mas em breve você saberá, e tenho certeza

que vai gostar.

Abro os olhos, a tempo de vê-lo tirando a


roupa para me acompanhar no banho.

— Hum. — Limito-me a dizer, sem nem o


olhar.

— Eu sei que ficar sozinha é chato, me


desculpe meu amor, pode apostar que foi por uma
boa causa. — Entra na banheira, ficando atrás de

mim, e logo em seguida puxando meu corpo para o


seu. — Eu te amo, sabia?

Ainda não em me acostumei, toda vez que


esse homem fala que me ama, meu coração dispara

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e parece que vai sair pela boca. Eu nunca pensei

que fosse amar tanto uma pessoa como eu amo o


Pietro. Ele é o bem que tenho de mais precioso,
aquele que detém de todo meu amor e admiração.

— Se sua intenção é me desarmar —


comento, ficando em silêncio por alguns segundos
— Fiquei feliz, pois você conseguiu.

— Não sei o que seria da minha vida sem


você, Allegra. Você deu mais cor e sabor a minha

vida, coisa que eu nem sabia que precisava. É


difícil de acreditar, que uma menina conseguiu
bagunçar toda minha vida, me fazendo quebrar
todas as regras. — Beija o lóbulo da minha orelha,
em seguida o meu pescoço — Não consigo me
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imaginar sem seus beijos, o calor da sua pele, sem

sua alegria nos meus dias. Às vezes posso ser


complicado de lidar, mas saiba que te amo até mais
que a mim mesmo. Daria minha vida pela sua, sem

nem pensar duas vezes.

Eu compartilho do mesmo sentimento,


Pietro é o sentido que faltava na minha vida. No
fundo, sei que faria tudo novamente, se assim eu
tivesse a chance de cruzar meu caminho com o seu.

— Eu te amo e não me cansarei de lhe dizer


isso. — Levanto, ficando de frente para ele. —
Minha vida sem você é sem graça, não tem cor,
sabor ou sentimento. Hoje, afirmo com todas as
letras, que não vejo uma vida sem você ao meu
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lado. Ainda vamos errar muito, falaremos coisas

que vão nos machucar, e até mesmo passaremos


alguns dias brigados, mas enquanto existir nosso
amor, sempre haverá uma chance para nós dois.

Ele segura meus rosto com as duas mãos,


beijando delicadamente meus lábios, fazendo-me
sentir toda emoção e carinho que ele me transmite.
Me entrego ao beijo, como se fosse a primeira vez e
posso afirmar que é tão intenso como antes, e cheio

de amor como hoje. Pietro é a razão da minha vida,


e mesmo sabendo que nem tudo são flores, eu
sempre estarei disposta a nos dar uma chance, pois
sei que ele é o meu destino, assim como eu sou o
dele.

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— Ti amo, la mia ragazza.

Fala encerrando o beijo, e eu deito minha


cabeça em seu peito, sentindo as batidas constantes
de seu coração. E aqui, em seus braços, sei que

estou no meu lugar predileto. Em um


relacionamento pode ocorrer tempos de chuvas e
tempestades, mas assim como tudo é passível de
previsão, farei o possível para que esses momentos
não cheguem e o sol reine sobre nós. Pietro me

conquistou, e mal sabíamos que de um beijo na


boate, nasceria o mais intenso e puro amor. Um
amor capaz de unir duas pessoas.

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Fim

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Epílogo

Seis meses depois

Pensei que nunca fosse chegar nessa fase,


mas posso afirmar que hoje sou um homem
completamente feliz. Minha vida profissional
caminha perfeitamente, e a amorosa não tenho nem

do que falar. Acredito que o tempo que ficamos


separados, serviu para fortalecer mais ainda nosso
relacionamento.

Allegra sem sombra de dúvidas, é a mulher

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que eu quero o resto da minha vida. Tanto eu corri,

que estou parecido ou até pior que os meus primos.


Tanto falei do Lorenzo, que passo boa parte do meu
dia pensando na minha mulher.

Tem uns dias que parei para ler uma revista


de fofoca, e o título da matéria de capa era o
seguinte: Pietro Bianchi, o ex-solteirão mais
cobiçado. Lendo a notícia, cheguei à conclusão de
que pela primeira vez eles estão certo, e agradeci,

pois assim não teria que ficar respondendo aos


milhares de mensagens que eu recebia. As
mulheres estão piores do que eu, pois pelo menos
nunca dei em cima de mulher comprometida.

Allegra vem se destacando na empresa,


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dando um tapa na cara das pessoas, pois logo que

nosso namoro foi divulgado, começaram a dizer


que ela estava no cargo apenas por conta do nosso
relacionamento. É claro que essas pessoas não

conheciam um terço do talento dela, que apesar da


pouca idade sabe muito bem o que faz.

Optei por não trabalhar hoje, pedi para que


ela ficasse comigo, mas tinha uma reunião e não
gosto de atrapalhar seu trabalho. Até porque ela

fica uma fera quando isso acontece. Combinei com


os meus primos, todos vamos tirar férias, a primeira
em muitos anos. Apesar de vivermos praticamente
juntos, vamos para lugares diferentes e eu optei em
ir para Santorini na Grécia.

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Aproveitarei essa viagem para pedi-la em

casamento, não tem por que ficar adiando esse


momento. Amo essa mulher mais que tudo nessa
vida, já que estou fodido, por que não completar

com o tão sonhado casamento?

— O que tanto passa nessa cabecinha,


amor? — Me assusto com a voz da Allegra, olho e
a vejo parada na entrada do escritório.

— Além de ter o poder de me deixar

apaixonado, também domina a arte do silêncio? —


falo, lhe arrancando o sorriso que tanto amo.

— Você estava tão concentrado, que não


tive coragem de lhe atrapalhar. Então fiquei aqui,
apenas admirando o homem que tanto amo. —
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Caminha em minha direção, sentando-se na mesa a

minha frente — Muito trabalho na empresa


resolver?

— Não, apenas estava pensando na sorte de

ter uma mulher maravilhosa na minha vida. —


Puxo-a, para que se sente em meu colo — Já te
disse que te amo pra caralho?

— Olha, tem muito tempo viu, já quase nem


me lembro — Entra no jogo, fazendo cara de

pensativa.

— Eu te amo, e não consigo nem lhe


explicar o tamanho desse sentimento.

Beijo-a delicadamente, sentindo o gosto

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delicioso de seus lábios.

— Eu te amo. — Allegra fala,


interrompendo o beijo — Não sei o que seria da
minha vida sem você, talvez seja difícil de

acreditar, mas nossos caminhos já estavam


traçados. Era para ser assim, eu tinha que ser sua,
assim como você era meu.

— Eu tenho plena certeza disso, não


consigo imaginar minha vida sem você. Desde que

nos conhecemos, eu senti que a menina de


aparência frágil e delicada iria me foder. E hoje
estou aqui, perdidamente apaixonado, viciado em
seu beijos, no seu corpo e querendo tomar tudo que
você tem para mim.
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Nos encaramos fixamente, e não me canso

de admirar sua beleza. Allegra é tudo que tenho de


mais precioso, e a cada dia fica impossível de
imaginar minha vida sem sua presença. Ela chegou

sem pedir licença, bagunçou minha vida em todos


os sentidos e hoje é a única que detém todo o meu
amor.

— Meu corpo... meus beijos, são todos


seus. — Deixa um beijo em meus lábios — Assim

como meu amor por ti.

— I tuoi baci sono miei, e il mio cuore è

tuo. [18]

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Bônus
Allegra Rizzi

Quando Pietro me contou onde passaríamos


as férias, fiquei tão eufórica que comecei a gritar
que nem uma louca. Eu sempre quis conhecer
Santorini, então seria a realização de mais um

sonho. Mandei rapidamente uma mensagem para a


Luara e a Gio, e minhas amigas ficaram eufóricas
assim como eu. Não demorou muito, e recebi uma
mensagem no grupo que tenho com a Vanessa,
Valentina e Antonella. Elas também vão viajar, e só

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depois disso que a ficha caiu, era esse o motivo da


reunião dos meninos.

Não sei o que deu na cabeça desses homens,


mas resolveram tirar férias todos ao mesmo tempo.

Cada casal vai para um destino diferente, e já estou


ansiosa para conhecer o meu destino. Estamos aqui
aguardando para sermos encaminhados para o
nosso quarto. A ilha é a coisa mais linda, não sei se
gosto mais da água cristalina ou das pedras que

criam um contraste maravilhoso.

Estamos hospedados no hotel La Perla


Villas, e estou ansiosa para conhecer as maravilhas
do lugar. Um rapaz nos chama, e entrega a chave
do nosso quarto. Deixamos as malas para que sejam
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entregues depois, e caminhamos até o elevador com

vista para o mar.

Entramos no quarto, e de cara já fico em


choque com a beleza do lugar. As paredes são

brancas e cinzas, criando assim uma harmonia com


os móveis que são todos em tons de branco. Uma
enorme porta nos leva até o terraço, onde temos
acesso a uma belíssima piscina privativa, daquelas
com borda infinita. Além de uma hidromassagem.

Subimos uma escada, onde temos uma vista


encantadora do vulcão e do mar Egeu.

— Gostou do hotel, amor? — Pietro


pergunta, abraçando-me por trás.

— Não tenho palavras para descrever, esse


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lugar é maravilhoso e esse hotel, não tenho nem o

que falar. — falo encantada com tudo a minha


volta.

— Então acertei no destino? — fala

próximo ao meu ouvido.

— Com toda certeza! Eu sempre quis


conhecer Santorini. E ao seu lado, com certeza a
visita se tornará inesquecível. — Viro, ficando de
frente para ele — Muito obrigada, amor. Não tenho

nem palavras para dizer o quanto estou maravilhada


com esse lugar.

— Não tem o que agradecer, quando a


agência de viagens sugeriu os roteiros, de imediato
pensei que aqui seria uma boa ideia. Senti de
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imediato que você gostaria, e fico feliz de saber que

acertei.

Beija meus lábios delicadamente.

— Sabe o que estou pensando em fazer? —

pergunta e sei que vem alguma safadeza.

— Viu como aquela piscina é enorme? —


Aceno que sim — Tenho certeza de que quando
escurecer, ninguém poderá ver quem está na
piscina, muito menos perceber que estamos fazendo

alguma coisa. Então, o que acha que fazermos amor


sobre a luz das estrelas de Santorini?

— Tendo como testemunha esse mar, o


vulcão e o céu estrelado? — Finjo pensar um

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pouco, apenas para não parecer tão necessitada e

responder de imediato. — Sabe que eu acho uma


ótima ideia, Pietro?!

Rodeio meus braços em seu pescoço,

colocando a cabeça em seu peito, sentindo as


batidas do seu coração. Pietro é a surpresa mais
deliciosa da minha vida, sei que nosso
relacionamento não começou de maneira exemplar,
mas eu não mudaria nada do que vivemos até hoje.

(...)

Decidimos jantar em um restaurante bem


indicado, fizemos nossos pedidos e agora estamos
aguardando nossa comida. Pedimos um mesa
reservada, mas ainda assim não é como eu queria.
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Tem um grupo de mulheres ao lado, que não

disfarçam os olhares para o meu Pietro, confesso


que está difícil segurar a vontade de ir até elas e
jogar esse delicioso vinho que estou tomando.

— Não está gostando do passeio, la mia


ragazza? — Pietro pergunta, segurando minha mão
por cima da mesa.

— O lugar é maravilhoso, não tenho do que


reclamar, mas essas mulheres não param de te

cobiçar com os olhos, já estou no ponto de ir até


elas.

Ele olha disfarçadamente para o grupo e


elas tem a cara de pau de retribuir com um sorriso.

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— Não liga para essas mulheres, elas

podem olhar quantas vezes quiserem, a única que


me importa está em minha frente.

Leva minha mão até os lábios e beija, o que

acaba me arrancando um sorriso.

— Como elas podem ser tão caras de pau


desse jeito? — falo, quase espumando de raiva.

Seu telefone toca, e ele se levanta para


atender. Vejo claramente quando as mulheres o

acompanham com o olhar, e essa foi a gota que


faltava para minha paciência transbordar. Levanto,
e caminho até elas, que quando me olham parada
em frente a sua mesa, me dirigem um sorriso falso.

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— Não vou prolongar o assunto, muito

menos ser educada. — Vou direto ao assunto, não


preciso ser delicada com essas vacas — Vocês
podem achar que não percebi os olhares para o meu

marido, mas graças a Deus tenho a visão boa.


Então, acho melhor pararem de dar em cima de
homem comprometido, se vocês não perceberam
ele está acompanhado, e muito bem, diga-se
passagem.

Elas me olham em choque, mas não dizem


uma única palavra.

— Se eu perceber qualquer olhar de vocês


para nossa mesa, eu voltarei aqui, mas não para
uma conversa amigável como essa. — Lhes dirijo o
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olhar mais ameaçador que consigo. — Porque eu só

aviso uma vez, da próxima vocês vão sentir como


vinho tinto pode ser bom para a pele.

— Amor, aconteceu alguma coisa? —

Pietro pergunta, beijando minha testa.

— Não, amor, vim apenas ser cordial com


essas querida garotas. Já falamos o necessário, não
é mesmo meninas?

— Sim, com certeza. — respondem em

uníssono, e sorrio feliz com o meu triunfo.

— O que foi isso? — Pietro pergunta,


quando já estamos de volta a nossa mesa.

— Elas que procuraram.

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Ele não diz mais nada, apenas sorri com o

meu comentário. Eu nunca fui de brigar por conta


de homem, mas elas passaram de todos os limites,
não é possível que seja tão difícil respeitar outra

mulher desse jeito.

Terminamos nosso jantar, e nem sinal das


mulheres olhando o Pietro, e fico feliz de elas
terem entendido bem o recado, pois eu não
recuaria, jogaria toda a garrafa de vinho se fosse

necessário.

Pedimos indicação de como poderíamos


encerrar a noite, e um garçom nos disse que
caminhar pelas ruas de pedra seria uma boa ideia.
Caminhamos um pouco, subimos algumas escadas,
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até que paramos em um ponto onde tinha muitas

pessoas. Todas olhavam admiradas a vista da


Caldera, com um contraste maravilhoso da luz da
lua. Sentamo-nos em um degrau um pouco mais

alto, fiquei entre suas pernas e apenas


vislumbramos a perfeição a minha frente.

— Obrigada, la mia ragazza.

— Pelo quê, amor?

— Por me fazer enxergar o amor de outra

forma, por ter me transformado em um outro


homem.

— Eu acredito que nosso caminhos já


estavam predestinados, minha vida sem você não

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teria sentido, assim como acho que a sua também

não. — Permanecemos com as mãos entrelaçadas


— Eu te amo e não tenho palavras para explicar o
tamanho do meu amor por você.

— Eu acredito nessa história de destinos,


por muito tempo me privei desse sentimento, e hoje
chego à conclusão de que estava a sua espera. —
Levanta-se, me levando junto — Eu te amo, esse
sentimento é tão forte, que sinto uma enorme

vontade de gritar para o mundo que o meu coração


é seu.

Sim, ele grita para que todos possam ouvir


que me ama. As pessoas ao nosso redor batem
palmas e eu fico vermelha de vergonha, sem saber
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onde enfiar minha cara.

— Nós erramos, mas aprendemos com o


erro. No entanto, todo relacionamento é assim, as
pessoas sorriem, choram, morrem de amores e de

ódio. —Beija-me lentamente — Porém, enquanto


existir sentimento e vontade de lutar, o amor
perdura por mais tempo e fala mais alto do que
qualquer situação.

— Não sei quando o cafajeste se

transformou nesse homem, mas tenho que


confessar que te amo de todos os jeitos. Você é a
cor que faltava em minha vida. — confesso,
acariciando seu rosto — Só tenho a agradecer a
Deus, pois você é tudo que mais amo e tenho de
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sagrado nessa vida. Te amo, italiano.

— Ti amo, la mia ragazza!

Puxa-me para seus braços, me abraçando e


beijando o topo da minha cabeça.

Não sei explicar como tudo começou, mas


hoje não sei viver sem ele em minha vida. Pietro é
o homem da minha vida, e não tenho dúvidas de
que nossos destinos estavam predestinados. Talvez
possam pensar que é passageiro, mas eu sei que é

para a vida toda, ele é o meu para sempre, a minha

deliziosa eternità.[19]

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Bônus
Valentina e Lorenzo

Com o tempo, alguns relacionamentos


tendem a cair na rotina, e graças a Deus esse não é
o meu caso com o Lorenzo. Estamos juntos há

quase seis anos, e nosso amor fica forte a cada dia,


assim como o desejo que sentimos um pelo outro.
Por isso, que assim que ela falou sobre a viagem,
não pensei duas vezes antes de aceitar. Conversei

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com a minha mãe, e ela não se importou de ficar

com a Violleta, mas também deixarei nossa


governanta de olho em tudo.

Lorenzo faz questão de mostrar seu amor

por mim, seja com uma simples mensagem, uma


única rosa ou um lindo jantar à luz de velas. Esse
homem não faz o menor esforço para ser dono do
meu coração, hoje não sei o que seria da minha
vida sem esse homem.

Olhando para trás, onde tudo começou, vejo


que nossos caminhos já estavam ligados. Sei que
dificultei um pouco as coisas, mas o medo naquela
época falou mais alto e na minha cabeça fugir era a
solução para meus problemas. Ainda bem que ele
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não desistiu de mim, pois hoje eu não seria tão feliz

como sou.

Lorenzo está no banho, e eu estou apenas


admirando essa vista maravilhosa da varanda do

hotel. Escolhemos Mooera, que é uma ilha


montanhosa de origem vulcânica, ela fica
localizada no arquipélago das ilhas da sociedade na
polinésia francesa. Eu não conhecia o lugar, mas
estou completamente apaixonada pelas águas

cristalinas. Estamos em um quarto, que se


assemelha muito com um chalé, a aparência por
fora parece de folhas secas, seu interior é luxuoso,
os móveis em tons pastéis criam um contraste
maravilhoso.

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Além de ficar sobre as águas, deixando tudo

perfeito para qualquer casal.

— O que tanto passa nessa cabecinha,


ragazza? — Lorenzo pergunta, me abraçando por

trás.

— Estava pensando nas voltas da minha


vida, e como por pouco eu quase deixei você
escapar. — Viro, ficando de frente para ele.

— Sua sorte é que eu sempre fui insistente,

por isso não desisti de você. Mesmo todos os


indícios apontando para isso, eu estava enfeitiçado
por uma certa brasileira das mãos de fada.

Beija meus lábios, a princípio um beijo

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calmo e delicado. Ele explora cada cantinho da

minha boca, deixando tudo mais intenso e


saboroso.

— Eu lhe agradeço por isso, com você eu

sei o que é ser amada todos os dias, tenho uma filha


que dou minha vida por ela. Além de ter ganhado
amigos maravilhosos. — Rodeio meus braços em
seu pescoço, e o encaro fixamente — Eu te amo
tanto, Lorenzo, sei nem explicar o tamanho do meu

amor por você, italiano.

— Compartilho do mesmo sentimento,


ragazza. Com você tudo tem mais sabor, cor,
aroma e sabor. Hoje, não existe Lorenzo sem
Valentina. Quando paro para ver o passado, sei que
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tudo já estava predestinado para acontecer. Pois de

todos os lugares para eu ir, tinha que ser logo em


Monte Belo, pois lá eu conheceria o amor da minha
vida, a mãe dos meus filhos, minha amiga e eterna

amante.

Não digo nada, apenas lhe beijo, para que


sinta o tamanho do meu amor, desejo e paixão. Nos
entregamos ao momento, e a ideia de sair para
conhecer a ilha vai ficar para um outro momento,

pois agora só desejo me perder em seus braços, e


sentir essa conexão que nos rodeia.

Lorenzo me pega nos braços, caminha até a


cama e me deposita sobre ela, sua camisa que eu
estava vestida é rasgada sem pena. Ele deixa alguns
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beijos por todo meu corpo, começando por minhas

pernas, até que chega em minha boca, onde me


beija com força, sugando minha língua e
mordiscando meu lábio inferior.

Não é necessário preliminares, estou tão


encharcada e pronta para ele. Lorenzo parece ouvir
meus pensamentos, pois retira a toalha que cobria
seu corpo, me dando uma visão deliciosa de seu
pau grande e rosado. Fico de quatro, esperando que

ele me penetre, e não demora muito e ele faz.

Começa com estocadas suaves, apenas para


que eu me acostume com ele dentro de mim. As
paredes da minha boceta se apertam sobre seu pau,
fazendo com que ele intensifique e comece a
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estocar com um pouco mais de força. Nesse

momento já não sei o que pensar, apenas grito de


forma descontrolada, sentindo o prazer me
consumir com uma chama.

Com mais algumas estocadas, sinto o


orgasmo se aproximar, então começo a me
movimentar para trás, deixando tudo mais forte e
intenso. Ele percebe minha necessidade, então
começa a fazer alguns movimentos circulares no

meu clítoris, me fazendo desmanchar quando o


orgasmo me atinge em cheio. Estava para desabar
sobre a cama, mas ele me segura firme e com mais
algumas estocadas sinto-o gozar.

Desabamos cansados sobre a cama, ele me


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puxa para eu peito, e posso sentir as batidas

frenéticas do seu coração, e sei que o meu não deve


estar diferente. Com as respirações ofegantes,
apenas apreciamos a presença um do outro, pois no

momento palavras não são necessárias.

— Não sei explicar o tamanho do meu amor


por você, Lorenzo. — Subo e desço com a ponta
dos dedos sobre seu peito — Muito obrigada por
ser esse homem maravilhoso, que me ama de forma

incondicional, me venera de uma forma


inexplicável, além de ser um pai exemplar para
nossa Violleta. Muito obrigada!

— Eu que tenho que agradecer, ragazza.


Vocês são tudo o que tenho de mais sagrado na
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vida, te quero como minha mulher, amiga e eterna

amante. — Beija o topo da minha cabeça — Sei


que ainda vamos errar muito, mas o nosso amor é
forte o suficiente para lidar com todas essas

situações. Para nosso relacionamento não tem


tempo ruim, as tempestades ficaram no passado, e
hoje podemos afirmar com todas as letras que
somos felizes. Muito obrigada por ser essa mulher
maravilhosa, obrigada pela filha linda que me deu.

— Ti amo, Italiano.

— Ti amo, la mia ragazza.

Em seus braços estou segura, no meu lugar


predileto do mundo. Lorenzo é o meu para sempre,
e tenho muito que agradecer a Deus por isso. Pode
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passar dias, meses ou anos, mas sei que o nosso

amor é para sempre, assim como nos contos de


fadas.

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Bônus
Paollo e Vanessa

Estou me sentindo no verdadeiro paraíso, se


eu soubesse que esse lugar era tão maravilhoso,
com certeza já teria vindo a muito tempo. Quando
Paollo disse o nosso destino, comecei a pesquisar

passeios que poderíamos fazer. Estamos em um dos


melhores hotéis das Ilhas Maldivas, nosso bangalô
fica sobre as águas cristalinas, onde temos uma
vista esplêndida do mar. No interior, os móveis
sofisticados trazem uma combinação peculiar. E
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para completar, uma maravilhosa piscina de borda

infinita.

Desde o momento que cheguei, só consegui


pensar em como seria magnífico tomar um banho a

noite nessa piscina. E hoje, vou aproveitar o céu


estrelado, para realizar o meu desejo.

Além do mais, vou aproveitar para contar


ao Paollo que estou grávida. Eu descobri alguns
dias antes da viagem, mas decidi esperar e contar

nesse pequeno paraíso. Mandei uma mensagem


para as meninas, e todas estão felizes em suas
viagens. Só queria entender, qual bicho mordeu
esses homens, pois essas viagens são estranhas,
mas vieram em boa hora.
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Ter mais um filho não estava em nossos

planos, pelo menos não por agora. Já temos a


Alessa e o Lucca, eles já estão com quase três anos
e minha vida é bem corrida com eles, não sei como

conseguirei cuidar de mais uma criança. Sei que


posso contratar as melhores babás, mas nada se
compara com a atenção e carinho de uma mãe. E
era justamente por esse motivo, que adiei minha
volta ao trabalho, que pelo visto terei que adiar
mais um pouco.

Paollo está concentrado em seu notebook,


apesar de ser uma viagem de férias, ele não
conseguiu se desligar completamente dos assuntos
da empresa. E não posso culpá-lo, em seu lugar

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faria o mesmo. Mandei uma mensagem para a dona

Maria perguntando sobre as crianças, ela também


está passando o olho nos meninos, claro que com a
ajuda das babás.

Vou até o banheiro, e coloco um biquíni


preto. Nosso bangalô é distante da recepção do
hotel, mesmo com a vontade de tomar banho
pelada, não tenho coragem de ficar completamente
se roupa. Conhecendo bem os jornalistas, não

duvido de nada, sei que são capazes de qualquer


coisa por uma manchete polêmica.

Passo pelo Paollo, e beijo seus lábios,


caminhando em sua frente de forma provocante. Se
tem uma coisa que não me cansarei, é de me perder
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em seus braços. E pensar que tudo poderia ter sido

diferente, hoje não estaria ao lado do homem que


amo, muito menos teria uma linda família.

Me jogo na piscina, emergindo meu corpo

sobre a água. Permito-me relaxar e apreciar o


momento, abro os meus olhos e deixo meu corpo
boiar sobre as águas. O céu está lindo, carregado de
estrelas, e com uma lua cheia maravilhosa. Fico uns
minutos assim, para ser exata não sei bem quanto

tempo.

Abro os olhos, e dou de cara com o Paollo,


me olhando fixamente da ponta da piscina.

— Você tem muito tempo aí, Paollo? —


pergunto, lhe dirigindo um lindo sorriso.
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— Tempo suficiente para ter a certeza do

quanto você é linda. — Sorri para mim, aquele


sorriso safado que tanto amo.

— Vem... — o chamo com as mãos — A

água está deliciosa, e com você ficará ainda


melhor.

Não é necessário que eu diga mais nada, ele


retira sua roupa, ficando apenas com uma cueca
preta. Me dando um vislumbre delicioso do seu

corpo. Ele mergulha de cabeça, e em questão de


segundos ele está em minha frente. Encosto-me na
lateral da piscina, seguro seu rosto com as duas
mãos e o beijo. Um beijo intenso e ao mesmo
tempo cheio de amor. Ele segura meus cabelos,
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puxando minha cabeça para trás, para ter fácil

acesso ao meu pescoço, onde deixa pequenos


chupões e mordidas. Gemo involuntariamente, o
que faz com que ele intensifique um pouco mais

seus movimentos.

Suas mãos vão para minhas costas, onde


com uma maestria desamarra o nó do meu biquíni,
me deixando com os seios à mostra. Seus olhos não
me abandonam, nem por um minuto, me deixando

mais excitada com o desejo estampado em seu


olhar. Em poucos minutos, já estou pelada, e nem
sei em que momento ele tirou sua cueca.

Prendo minhas pernas em sua cintura,


sentindo o prazer de ser preenchida aos poucos.
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Com movimentos cautelosos e suaves, Paollo

começa suas estocadas, e sinto que ele está se


contendo. Tento me movimentar, para que ele vá
com mais força, mas ele me prende contra seu

corpo, me impossibilitando de tomar qualquer


atitude.

— Isso é alguma espécie de tortura, Paollo?


— pergunto inebriada, pois mesmo com seus
movimentos cautelosos, estou sentindo um prazer

inexplicável.

— Tortura por quê? — Beija minha boca,


mordendo meu lábio inferior — Não está gostando?

— Eu quero que você acelere seus


movimentos, mas estranhamente estou gostando da
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forma como você está conduzindo as coisas. Meu

sexo está se contraindo de prazer, e estou ficando


completamente louca com essa tortura.

— Também gostaria de te comer com toda

força, mas acredito que não seja apropriado para o


momento.

Olho em volta, com medo de ter algum


hospede próximo do nosso bangalô, e tudo que vejo
é a imensidão do mar ao nosso redor.

— Enlouqueceu, Paollo? Só tem nós dois


por aqui, se seu medo é que possamos ser ouvidos
por alguém, não precisa se preocupar, eu consigo
me controlar. — digo manhosa, quase implorando
— Mas, se você não for mais rápido, eu vou
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enlouquecer.

Ele não me responde, mas seus movimentos


ficam mais rápidos, me fazendo gemer de prazer. A
vontade é de gritar, mas vou mostrar para ele que

posso me controlar. Ao mesmo tempo que me


penetra, morde o lóbulo da minha orelha, me
deixando cada vez mais próxima de um orgasmo.
Beijo seus lábios, explorando cada pedacinho da
sua boca, o fazendo gemer em meio ao nosso beijo.

Queria intensificar mais as coisas, mas


lembro do pequeno feijãozinho que carrego no meu
ventre. Com mais algumas estocadas sinto o
orgasmo me atingir, e grito seu nome, tão alto que
todos podem ouvir. Ele rapidamente me beija,
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evitando que eu perca mais uma vez a cabeça. Não

demora muito, e logo ele goza também.

— Você disse que sabia se controlar. — Me


dirige um sorriso satisfeito — Acho que não é boa

em cumprir com suas palavras, não é mesmo?

— Desculpa. — Enterro minha cabeça na


curvatura do seu pescoço — Quando eu pensei em
me controlar, já era tarde demais.

— Eu te amo, affeto.

Muda drasticamente de assunto, me


deixando sem saber o que falar por alguns
segundos. Eu amo tanto esse homem, que não gosto
nem de imaginar uma vida sem ele. Amo cada

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pedacinho de seu corpo, todas as fases da sua

personalidade, o pai maravilhosos que ele se


transformou e principalmente a forma como faz
questão de me amar todos os dias.

— Eu também te amo, Paollo... Te amo


tanto que nem sei como explicar.

— Obrigada por ser essa mulher


maravilhosa, amiga e amante de todas as horas.
Obrigada por ser uma grande mãe. — Dito isso, ele

coloca a mão em meu ventre.

Olho para ele em choque, que apenas


confirma com a cabeça. Sim, pelo visto ele já sabe
sobre a minha gravidez, e agora consigo entender o
motivo dele ter se contido quando estávamos
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transando. Quando eu estava esperando a Alessa

também foi assim, mesmo a médica dizendo várias


vezes que não tinha problema.

— Como você descobriu, amor?

— Eu conheço cada detalhe do seu corpo.


— Olho para ele admirada — E ainda tive uma
pequena ajuda do meu irmão, ele ouviu vocês
conversando e me contou.

— Que língua grande esse meu cunhado. —

Rimos com o meu comentário.

Saímos da piscina, e ele me contou com


detalhes como o Pietro descobriu sobre a minha
gravidez, e ainda teve a cara de pau de correr e

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contar para ele. Quando eu voltar, com certeza irei

dizer umas boas palavras para aquele cafajeste de


meia tigela. Eu queria fazer uma surpresa, mas no
final acabei sendo surpreendida.

Deito-me sobre seu corpo, sentindo apenas


o calor que ele emana. Esse homem tem o poder de
me deixar enfeitiçada. Os anos podem se passar,
mas tenho certeza de que meu amor continuará
forte e inabalado. Paollo é o meu para sempre, e

tenho certeza que Deus traçou nossos caminhos.


Ele era para ser meu, assim como eu serei
eternamente dele.

— Eu te amo, Vanessa.

— Eu também te amo, Paollo. — Com


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delicadeza, ele me aperta em seus braços, e posso

afirmar que estou no um lugar predileto.

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Bônus
Antonella e Enrico

— Para de olhar esse celular, Enrico.

Falo já cansada, estamos nesse paraíso que


é Fernando de Noronha, e ele simplesmente não se
desligou completamente da empresa. No fundo eu

já sabia que seria assim, era muita loucura achar


que todos conseguiriam tirar férias ao mesmo
tempo. Por mais que tenham pessoas capacitadas,
sempre vai acontecer alguma coisa, para terem que
incomodar os meninos.
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Já estamos casados há mais de oito anos, e

sempre foi assim. Não sei o que deu na cabeça


deles, mas acharam que poderia dar certo. Apesar
de que, acho que só eu estou sofrendo com esse

pequeno probleminha. Falei com as meninas, e elas


estão maravilhadas com tudo, não querem nem
voltar para nossa realidade.

— Prometo que esse é o último e-mail,


Nella.

Mesmo com o passar dos anos, ainda morro


de amores ao ouvi-lo me chamar desse jeito.
Quando tudo começou, toda vez que eu o via,
minha vontade era de esmurrar sua cara. Minha
vida já era muito corrida, eu não ia permitir que um
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riquinho ficasse no meu caminho. Lorenzo e eu

sempre fomos amigos, e na cabeça dele eu


combinava perfeitamente com o Enrico. Às vezes
tenho vontade de matar o Lorenzo, pois ele que

armou tudo isso, mas em outros momentos só


queria lhe agradecer, pois tenho um marido lindo e
um ótimo pai para os meus filhos. Não vou negar,
as vezes ele é muito irritante, mas nada que um
bom grito não resolva.

Enrico tem seus defeitos, assim como eu


tenho os meus. Mas se tenho certeza de uma coisa,
é do amor que sentimos um pelo outro. Esse
homem é uma das coisas mais valiosas da minha
vida, assim como os meus filhos.

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— Pronto, agora podemos ir, Nella. — diz

animado, e minha vontade é de cruzar os braços e


não sair mais para lugar nenhum.

— Não irei te dizer nada, Enrico.

Pego minha bolsa, e sigo caminhando em


sua frente. Como não sei quando terei o prazer de
viajar novamente, passo por cima da minha raiva e
sigo com nossa programação. Já que estamos aqui,
nada mais justo que explorar a cidade.

Pedimos indicação para o nosso guia,


mesmo não falando quase nada de português, o
dispensamos para aproveitar a noite a dois. E agora
estou arrependida, pois estou completamente
perdida. Caminhamos pelo centro da cidade, alguns
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restaurantes nos chamaram atenção, além de

estarem cheios, o cheiro da comida me deixou com


água na boca. Optamos por um restaurante com
uma enorme fachada colorida, e uma música

agitada que animava a noite. Muitas pessoas


dançando felizes, e eu só queria entender a letra da
música.

— Eu sei que a intenção da viagem era


tirarmos umas férias — Enrico fala, segurando

minha mão por cima da mesa —, e eu não estou


sendo um dos melhores companheiros. Eu tentei,
mas infelizmente não consegui me desligar
completamente da empresa, toda hora chega uma
mensagem e me sinto tentado a responder. Mas

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prometo, que a partir de amanhã as coisas vão

mudar, e poderemos nos concentrar totalmente na


viagem.

Não respondo nada, pois sei que ele não vai

conseguir cumprir com sua promessa. Iremos


embora em dois dias, e infelizmente não temos
como voltar no tempo, e aproveitar melhor os dias
que passamos enfiados dentro do quarto do hotel.

Pedimos nosso jantar, e optamos por uma

moqueca de camarão. Eu nunca tinha


experimentado, mas se eu soubesse que era tão
bom, já tinha feito isso antes. Em tempo recorde
terminamos nosso jantar, de sobremesa decidi por
um sorvete de manga. Ele pagou e nós seguimos
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caminhando pelas ruas. Chegamos em um pequeno

forte, onde temos uma belíssima vista do mar a


nossa frente. Sento-me no chão, e Enrico se senta
atrás de mim, me prendendo com os braços.

— Esse lugar é maravilhoso, agora entendo


toda preocupação com a preservação. — comento,
admirada com o pouco que vi.

— Sim. — Beija meu pescoço — Sei que a


viagem não está perfeita, e por mérito todo meu,

mas saiba, que passar esses dias ao seu lado, longe


de toda nossa rotina e até mesmo dos filhos, me fez
enxergar uma coisa muito importante.

— E o que seria?

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— Que eu sou completamente louco por

você, que não vejo um sentido na minha vida se


você não estiver presente nela. Não me cansarei de
agradecer ao meu primo, se não fosse por ele, eu

não teria tido o prazer de conhecer a mãe dos meus


filhos. Essa mulher maravilhosa que tenho a sorte
de dividir a cama.

— Você só está falando isso, porque sabe


que estou chateada. — Viro, ficando de frente para

ele.

— Isso não é verdade, Nella. — Me dirige


um lindo sorriso, ao mesmo tempo que acaricia
meu rosto — Estou sendo sincero. Eu te amo tanto,
que hoje não saberia exemplificar o tamanho do
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amor que sinto por você. Amo todos as suas fases,

sejam elas sendo uma ogra ou um amor de pessoa.


Você é a mulher que quero passar o resto da minha
vida, aquela que será a minha eternidade.

— Eu até esqueci o motivo da minha


chateação.

Jogo-me em seus braços, o fazendo cair


sobre a grama. Beijo seus lábios, sentindo a
deliciosa mistura de Enrico, sorvete de manga e

melancia. Suas mãos sobem e descem em minhas


pernas, e por mais que eu queira desfrutar do toque
de suas mãos, não quero ser presa por atentado ao
pudor.

Termino nosso beijo, e fico alguns minutos


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apenas o encarando, pensando na sorte que eu

tenho de tê-lo ao meu lado.

— Você me disse uma vez, que o tamanho


do seu amor por mim, era como a imensidão do

azul do céu. E hoje posso afirmar com todas as


letras, que meu amor por você não tem uma
dimensão. Sei que nada fica em nossas mãos, que o
senhor destino pode nos surpreender a qualquer
momento. Mas tenho plena convicção, de que

minha vida é ao seu lado. Se existir uma eternidade,


é com você que eu quero ficar.

— Nella, obrigado pela família


maravilhosa. Obrigado por ser essa mulher
guerreira, que faça chuva ou faça sol, está do meu
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lado. Tanto nos meus melhores, como piores

momentos. E eu serei eternamente grato, pois você


é como o sol, e eu não posso viver sem.

Coloco a cabeça sobre seu peito, e ficamos

assim, apenas admirando o céu estrelado. No meu


coração apenas uma certeza: eu escolhi o homem
certo. Para amar e respeitar, até que a morte nos
separe.

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Outras Obras

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Permita-se Amar
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Sinopse: Depois de uma grande decepção

amorosa e do abandono dos pais biológicos, Camile


resolve mudar para uma cidade do interior e
promete a si mesma nunca mais abrir seu coração
para outro homem.

Tudo que o jovem Enzo Parker queria era


uma família. Após descobrir que isso não estava

nos planos de sua noiva, resolveu tocar sua fazenda


e jurou nunca mais se apaixonar.

Camile e sua filha não deveriam encantar


tanto o dono da Fazenda Solar, mas aconteceu e

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ambos tiveram seus caminhos alterados por conta

disso.

Dois jovens. Uma promessa!

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Agradecimentos
Mais um lindo projeto terminando, e eu só
tenho que agradecer. Agradeço a Deus, por esse
dom que até então era inexiste. O apoio de algumas
amigas, que sem elas, certamente não teria escrito
os Bianchi. Não posso esquecer da minha família,
que me atura dia e noite falando sobre meus
italianos. Agradeço de coração a todo incentivo da
minha amiga Mari Sales, não sei o que seria de
mim sem os puxões de orelha. Além da minha beta
e amiga Denilia Carneiro, que me ajudou muito
com todas as críticas e elogios. Não poderia
esquecer da minha gêmea Lih Santos, uma amiga

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que o meio literário me trouxe.


Concluir uma série é gratificante, uma
emoção que não saberia explicar. Muito obrigada a
todas as leitoras, sem vocês nada disso seria
possível.
Escrever essa série foi um desafio, e hoje
estou contente com o resultado dela. Leitor, se você
chegou até aqui é porque gostou dos meus meninos,
e isso me deixa muito feliz.
No mais, obrigada a todos e até a próxima.
Será esse o fim dos primos Bianchi?
Só o tempo vai nos dizer!

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Sobre a Autora

Lis Santos é natural de Salvador- Ba, tem


23 anos e se define como leitora compulsiva. Por
um acaso resolveu se arriscar na escrita. Assim, deu
início a sua primeira obra denominada Permita-se
Amar. Não imaginava que as pessoas leriam sua
história, ficando imensamente surpresa com a
receptividade, e encantada com o número de
leitores. Com mais de oito livros publicados, uma
grande característica de suas histórias é a superação
e o poder do destino. Pois podemos calcular
milimetricamente nossa vida, porém, o destino não
fica em nossas mãos.

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Em Busca do Seu Perdão


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Sinopse: Kiara Scott Parker é apaixonada por

Dominic Ferraz desde a adolescência. Agora


adulta, acredita que esse amor é impossível, mas
permanece vivo no seu íntimo, até que em uma
noite, tudo mudou.

Ela se declara, ele corresponde e o amor finalmente


pode ser vivido, que há tanto foi sufocado não só

pelas inseguranças, mas por medo das famílias não


aceitarem.

Tudo parece perfeito, mas bastou o próximo dia


surgir para que Dominic embarque em uma viagem

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por conta de uma promessa, deixando a amada para

trás sem nenhuma explicação.

Ela está determinada a nunca o perdoar.

Ele está disposto a lutar pelo seu perdão, custe o


que custar.

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Marcas do Destino
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Sinopse: O que você faria se todos os seus

planos fossem por água abaixo?

Samantha Oliveira e Salvatore Agarelli


veem suas vidas mudarem drasticamente da noite
para o dia. Enquanto ela sonhava em estudar
gastronomia em Paris, ele tinha uma brilhante
carreira militar pela frente.

Dois sonhos. Duas tragédias.

As cicatrizes que ficam vão além do corpo.


Porém o encontro dessas duas almas despedaçadas
pode ser a resposta para o que eles precisam.

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Medos e inseguranças. E a certeza de que o amor

cura qualquer ferida.

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Doce Salvação
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Sinopse: As aparências enganam e Clara

aprendeu da pior forma, teve sua vida virada pelo


avesso por causa de seu ex-marido. Aquele que
deveria lhe amar e respeitar se transformou em seu
maior pesadelo.

Entretanto foi nesse mesmo pesadelo,


quando se encontrava sem saída, que ela encontrou

sua salvação: o policial Francesco Carter. Um


homem que ama sua profissão e preza pela ordem e
a justiça acima de tudo, mas que além de prender
criminoso, trancafiou seu próprio coração.

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Até a noite em que uma jovem de

aparência angelical cruzou seu caminho, mudando


drasticamente o destino de ambos.

Dois jovens, uma salvação.

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Heitor (Do Virtual ao Real)


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Sinopse: Juliana é uma advogada que
reserva todas as suas sextas à noite para
Heitor, seu amigo virtual, até que
finalmente surge a oportunidade de se
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conhecerem. Será que ela conseguirá


realizar seus mais íntimos sonhos?
Pode o virtual torna-se real?

Confira nessa coletânea de contos


eróticos, tendo a internet como plano
de fundo.

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Minha Para Domar


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Sinopse: Isabela Johnson, uma delegada de
trinta anos, que tem a fama de durona. Depois
de ser traída, fechou seu coração e passou a
ignorar completamente os homens. Tudo
seguia perfeitamente, até que um certo
investigador chega à sua delegacia.

Miguel Cooper, um investigador que está na polícia


há dez anos, e é dono de uma personalidade forte.

Acostumado a conseguir a mulher que quer, se vê


em meio a um furacão chamando Isabela.

Será que a Delegada durona irá resistir aos

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encantos do investigador?
E o investigador, será capaz de domar a bela
delegada?

*Nova edição de Dama de ferro.

[1]
Moleque
[2]
Porra
[3]
Idiota
[4]
Já te disse o quanto é bonita?
[5]
Desculpa
[6]
Eu não posso acreditar
[7]
Perdidamente apaixonado por você
[8]
Maldito filho da puta
[9]
Acaba com esse babaca, ele é todo seu.

[10]
Que Deus me ajude

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[11]
Meu Deus
[12]
Seu gosto é delicioso, muito melhor do que nos
meus sonhos.
[13]
Não vou mentir, sonhei muito com esse
momento.
[14]
Meu Deus, aquela garota me deixa louco.
[15]
Minha namorada
[16]
Faça-me sua
[17]
Porra
[18]
Seus beijos são meus, e meu coração é seu.
[19]
Deliciosa eternidade.

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