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qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação
ou outros métodos eletrônicos ou mecânicos, sem a prévia
autorização por escrito desta autora, exceto no caso de breves
citações incluídas em revisões críticas e alguns outros usos não-
comerciais permitidos pela lei de direitos autorais.
Esse é um trabalho de ficção. Nomes, personagens, lugares,
negócios, eventos e incidentes são ou os produtos da imaginação
do autor ou usados de forma fictícia. Qualquer semelhança com
pessoas reais, vivas ou mortas, ou eventos reais é mera
coincidência.

Nome da Autor: Catiele Oliveira


Título original: UMA SUGAR BABY PARA O CEO
Capa: Dream Design
Revisão: Gabriela Lobato
Primeira Edição 2022
Rio de Janeiro, Brasil

https://www.instagram.com/catieleautora/

Copyright © 2022 por Catiele Oliveira.


Sumário
Sinopse
Notas da Autora
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Epílogo
Agradecimentos
Outras obras
Sobre a Autora
Você sobreviveu a 100% de todos os seus dias ruins, se orgulhe de si mesma. Se
ainda estiver doendo, saiba que isso também vai passar. Fique forte. ♥
Um romance intenso entre um CEO sombrio e a sua
sugar baby.
Quando Odin encontrou Talassa pela primeira vez, tudo que
pensou foi em como ela estava deliciosa dentro de um vestido curto
e prateado. Depois, sua mente trabalhou em encontrar uma forma
urgente para seduzi-la.
Ele não queria um relacionamento que envolvesse
sentimentos, sua obsessão era puramente sobre luxuria e foi
dominado por esse desejo que lhe fez uma proposta indecente: um
milhão de dólares em troca de ser sua sugar baby durante o Natal.
Talassa precisava de uma saída para todos os seus
problemas, não estava em seus planos se envolver com o magnata
grego, mas a chance de salvar a si mesma era boa o bastante para
não recusar. O que nenhum dos dois esperavam era que
sentimentos além do tesão entrassem em equação, ameaçando
expor todas as fragilidades que queriam esconder dentro de uma
teia intensa de desejo e obsessão.
Entre segredos, mentiras e manipulações, o que restará
desse casal ao final desse contrato?
Notas da Autora
Olá,
Bem-vindos ao #CatVerso, apertem o cinto, nossa nova
aventura está prestes a começar!

Primeiramente quero te agradecer por estar aqui e pedir para


que não pule a leitura.

Escrever essa história foi um surto momentâneo entre o medo


e o risco, Odin e Talassa seguem o ritmo dos meus últimos livros
lançados, só que ainda mais “quebrados” que os meus últimos
livros.

ESSE NÃO É UM ROMANCE FOFO DE NATAL. Tem muita


tensão sexual, desejo, luxuria, um mocinho(?) às avessas, que
deixa bem claro durante suas narrações que ele tem um caráter
duvidoso, é extremamente arrogante e quer que tudo seja do seu
modo. Odin começa o livro como um grego arrogante e termina
como cadelinha de sua mulher.

Talassa é uma mulher forte, determinada, uma sobrevivente


que não aceita ordens de ninguém. Ela sabe morder, se defender e
se precisar brigar, vai brigar! Ela não é uma mocinha perfeita, mente
para se dar bem, pensa nela e na família antes de pensar no outro e
é por isso que eles formam um casal perfeito.

Há momentos fofos, emocionantes, personagens secundários


que participam de partes da história e nos cativam. Eu amei
escrever esse livro e espero que vocês gostem da leitura.

Um beijo,
Catiele Oliveira.
Você precisa ser clara
Me conte os detalhes
Eu preciso saber
Por mais que doa
Eu preciso que você me diga a verdade
Coloco você contra a parede, e agarro o seu pescoço
Você me empurra para o lado e me joga na cama
Você agarra meus braços e, lentamente, senta em mim
Você sussurra no meu ouvido: Vamos começar.
(Shut up and listen — Nicholas Bonnin feat. Angelicca)
CONTRATO DE RELACIONAMENTO
Por este instrumento particular de contrato de
relacionamento, tendo de um lado ODIN PAPADAKIS, grego,
solteiro, empresário, inscrito sob o registro de identificação nº
(38.998.00000), e-mail (odinpapadakis@telewrm.us), residente e
domiciliado na (Mount Rainier, nº 858), doravante denominado
SUGAR DADDY e de outro lado TASSALA KATSARUS REESE,
grega, solteira, inscrito sob o registro de identificação nº
(18.558.00000), e-mail (talassa.katasarus@dayrp.com), residente e
domiciliada na (endereço não informado), doravante denominado
SUGAR BABY, ambos maiores e capazes, firmam o presente
CONTRATO DE RELACIONAMENTO SUGAR sem fins de união
estável, que será regido pelas cláusulas abaixo elencadas.

DO TERMO
Cláusula 1
Os contraentes declaram que possuem um relacionamento
afetivo, popularmente conhecido como RELAÇÃO SUGAR, este
definido como “UM RELACIONAMENTO ENTRE DOIS CAPAZES
COM INTENÇÕES ESTRITAMENTES ESPECIFICADAS NESTE
CONTRATO”.

DO OBJETO DO CONTRATO
Cláusula 2
O relacionamento afetivo entre os contratantes é baseado em
retribuição financeira, não há entre eles nenhum ânimo de união
estável. Na hipótese da vontade de exercer um relacionamento
amoroso no futuro, os contratantes se comprometem a realizar as
formalidades pertinentes ao caso, com anuência formal de ambas
as partes, não podendo o presente instrumento perder a validade
sem vontade expressa de qualquer um dos envolvidos.

Caso a legislação vigente no país imponha a situação


automática de união estável entre as partes, fica estabelecido que
ela será regida pela separação total de bens.

DA VIGÊNCIA
Cláusula 3
O presente contrato possui vigência determinada no período
de DUAS SEMANAS e pode ser rompida a qualquer momento de
acordo com os interesses dos contratantes. A relação objeto deste
contrato começa a ter validade a partir da sua assinatura.

A data de assinatura do presente contrato fica estabelecida


como momento de início da relação para fins de transferências
bancárias.

DA COABITAÇÃO
Cláusula 4
As partes passam a coabitar na mesma residência. É dever
do contratante suprir qualquer necessidade, seja financeira ou física
da contratada. Os contraentes estabelecem que a vida em comum
será regulada pelos princípios do dever e respeito, respeitando a
individualidade do contratado.

O CONTRATANTE SE COMPROMETE A:
1. Pagar uma mesada diária no valor de (DEZ MIL
DÓLARES) durante a duração deste contrato.

2. Custear todas as necessidades da contratada, como


vestuário, alimentação e seguro saúde.

3. Fornecer à contratada um veículo automotivo da sua


escolha na conclusão deste contrato.

4. Transferir uma quantia de (UM MILHÃO DE


DÓLARES) ao final desse contrato.

5. Comprar uma casa ou apartamento (de acordo com a


escolha da contratada) em qualquer lugar do mundo.

O CONTRATANTE GARANTE QUE:


1. O respeito e igualdade em decisões neste
relacionamento serão tomados entre o contratante e a contratada.

2. Relações sexuais não estão envolvidas nesse


contrato e precisam ser CONSENTIDAS verbalmente pela
contratada.

3. O bem-estar e integridade da contratada será


prioridade para o contratante.

A PARTE CONTRATADA SE COMPROMETE EM:


1. Manter em sigilo completo a relação com o
contratante.
2. Disponibilidade em viajar quando o contratante
decidir, dentro do período vigente do contrato.
3. Mudar-se para a residência do contratante durante a
execução deste contrato.
4. Estabelece-se que a contratada se submeterá a um
check-up completo e imediato em uma clínica médica designada
pelo contratante após a assinatura deste contrato.
DA DISSOLUÇÃO DO RELACIONAMENTO
Cláusula 5
Eventual dissolução do contrato independe de notificação
prévia, ocorrendo a extinção imediata com o término do
relacionamento.

Em caso de rescisão, todas as obrigações assumidas em


conjunto durante a vigência deste contrato deverão ser
imediatamente dissolvidas por iniciativa da parte responsável ou
titular da obrigação.

Eventuais pertences em posse da parte contrária deverão ser


devolvidos. Qualquer bem dado como presente à outra parte não
poderá ter sua devolução exigida pelo princípio da boa-fé. Entende-
se como presente qualquer objeto dado de maneira gratuita a uma
pessoa com o intuito de proporcionar felicidade, independente da
ocasião, seja ela comemorativa ou não, de forma que não se fala
em formação de patrimônio conjunto.

DOS FILHOS
Cláusula 6
Advindo gravidez, não haverá conversão do relacionamento
sugar em união estável, devendo ser observados os direitos e
deveres relativos à gestação e criação do descendente.
Á
DA EFICÁCIA PERANTE TERCEIROS
Cláusula 7
Os contratantes declaram que têm plena ciência e integral
conhecimento de todos os termos, eficácia e amplitude da presente
escritura pública, deliberando que qualquer alteração, modificação
ou acréscimo somente poderá produzir efeitos através de outra
escritura pública, a qual ambos deverão obrigatoriamente
comparecer, ficando sem valor qualquer outro escrito, documento ou
declaração individual que disponho de forma diversa, com data
anterior ou mesmo posterior a esta escritura.

CONDIÇÕES GERAIS
Cláusula 8
Declaram as partes que foram devidamente alertadas sobre
as consequências da responsabilidade civil e penal da lavratura
deste ato, por todos os documentos de identificação apresentados e
por todas as declarações prestadas.

DO FORO DE ELEIÇÃO
Cláusula 9
Para resolução de possíveis controvérsias resultantes do
presente contrato, elege-se o foro de Cidade Seattle no estado
de Washington.

A legislação pátria vigente se aplica a este contrato, sem


exceção, para prevenir quaisquer abusos de direito.

Por estarem justas e contratadas, as partes assinam este


contrato, em duas vias idênticas, juntamente com duas testemunhas
abaixo arroladas, a que tudo presenciaram

____, __ de _______ de ____.


ASSINATURA DOS CONTRATANTES

_________________________________

_________________________________

ASSINATURA DAS TESTEMUNHAS

__________________________________

__________________________________
Capítulo 1
Odin Papadakis
Quatro meses antes

Meus olhos passeiam lentamente pelas belas pernas nuas


dentro de um vestido curto e brilhante que a deliciosa mulher a
minha frente está vestindo. Desde o momento em que sua presença
imponente atravessou a porta da casa do meu amigo, chegando
atrasada e ganhando atenção dos homens ao nosso redor, meus
olhares pertenciam a ela.
Para o meu desgosto profundo ela não veio sozinha.
Infelizmente conheço o babaca que está segurando
possessivamente em sua cintura.
— Talassa Katsarus — Orien diz ao se sentar ao meu lado e
direcionar seu copo na mesma direção em que meus olhos ficaram
por toda a noite.
— Grega?
— Legítima.
Katsarus... Procuro o sobrenome em minha mente, tentando
lembrar se já tinha ouvido em outra oportunidade, mas não me
recordo.
Orien solta uma risada baixa e eu fico parcialmente
aborrecido. Não costumo ser um homem que deixa explicitamente
seus desejos expostos, mas o que a garota me fez sentir no exato
minuto em que a vi ainda está me perturbando. Não é um tesão
típico, é quase como se fosse um fascínio... Curiosidade e desejo
brincando de forma ilícita, principalmente quando foco nos lábios
pintados de vermelho, acompanhado de um sorriso falso decorando
a boca linda, que me fazem ter vontade de beijar muito gostoso.
Mas, ela pertence a outro homem.
Ser grego já diz muito sobre a minha personalidade: um
homem volátil, individualista, que mantém uma mulher por vez e
definitivamente não aceita dividir nada nessa vida.
Poderia abrir uma exceção se essa coisinha gostosa
estivesse na minha cama...
— Quantos anos ela tem? — Pergunto a Orien, meu amigo
mais próximo e o anfitrião dessa noite.
— Você não vai gostar de ouvir...
— Quantos?
— Vinte e dois.
Porra...vinte e dois anos?
Volto a olhá-la, dessa vez sem ser um bastardo que está
fascinado pelas pernas bonitas sob saltos finos. Apesar de toda
maquiagem, seus traços são delicados, quase dóceis e combinam
com seus olhos que mal consigo captar as cores pela a distância
entre nós. A garota é absolutamente linda e definitivamente jovem
demais para mim. Há 17 anos de diferença entre nós, um rio de
experiência e, sem dúvidas, não posso fazer metade das coisas que
imaginei desde o segundo em que a olhei.
Como se soubesse que está sendo observada, seus olhos
recaem aos meus e seu semblante sorridente se desmancha
lentamente. Primeiro, Talassa ergueu suas sobrancelhas em um
silencioso questionamento. Depois, me cumprimentou com um
aceno, como se dissesse que percebeu meus olhares excessivos e
voltou a dar atenção ao seu grupo de conversa.
— Ah... Tem algo além disso que deveria saber.
— Por que sinto que não vou gostar dessa sua revelação,
Orien?
— Porque não vai. — Ele ri só para me torturar, olha de mim
para ela, voltando a me encarar só para dizer em seguida: —
Talassa é acompanhante de luxo.
Capítulo 2
Odin Papadakis
Dias atuais | Seattle

Meu celular tocou sob a mesa e o nome do visor me deixou


ansioso para atender.
— Ela voltou para os Estados Unidos, senhor — a frase que
ansiava ouvir por meses finalmente estava sendo verbalizada. —
Enviei o e-mail com a sua localização atualizada. Parece que houve
algum problema com o apartamento da senhorita Katsarus.
Ah, eu sei exatamente o que houve.
Soltei um riso satisfeito ao minimizar a planilha que estava
analisando no notebook para abrir meu e-mail pessoal. O nome do
detetive que contratei para revirar a vida inteira de Talassa estava
em primeiro na lista dos não lidos. Cliquei. O arquivo levou alguns
segundos para abrir, ignorei o enorme texto inicial, rolando a barra e
clicando para baixar as imagens anexadas.
— Onde ela está agora?
— Na residência de Rebecca Harris[1].
— Obrigado. Minha assistente irá realizar a transferência
bancária em uma hora.
Desliguei, focando nas fotografias. Abri uma a uma, passando
calmamente, analisando o jeito distraído que Talassa puxava sua
bagagem pelo aeroporto. Em uma das fotos ela estava fazendo sinal
para um táxi, em outra, provavelmente descendo dele.
Sua entrada e saída no edifício onde costumava viver antes
de viajar para a Grécia apareceu em outras fotos. Recostei-me à
cadeira, observando com atenção seu rosto em um semblante
fechado. Uma das fotos com zoom expandindo conseguia visualizar
bem suas feições. Cabelos presos em um rabo de cavalo,
bochechas rosadas pelo frio e sem sinal de maquiagem. Pálpebras
levemente inchadas e imaginei se teria sido pela surpresa de ter seu
apartamento vendido para outro inquilino enquanto esteve fora.
Me senti parcialmente culpado, durou apenas alguns
segundos, porque eu pretendia recompensá-la muito bem.
Minha boca salivou quando foquei em seus lábios cheios e
avermelhados.
— Por que não consigo te tirar da cabeça, maldita? — Ralhei
baixo, apertando os olhos e me sentindo cansado da espera.
Tudo que descobri sobre Talassa era uma farsa. A garota
criou uma vida fantasiosa em Seattle, no seu ciclo de amigos, onde
pretendia ostentar uma vida luxuosa. Dizia que morava no Empire,
um dos hotéis mais caros da cidade, mas a verdade era que ela não
só morava em um prédio caindo aos pedaços, como também
trabalhava em turnos extras como dançarina noturna em uma boate
exclusiva para homens ricos.
Me perguntei se era de lá que Talassa conseguia seus
clientes.
Uma parte de mim ficou puta pra caralho, porque eu não
gostava de imaginá-la como uma mulher promíscua. Dentro da
minha bolha machista, eu a queria exclusivamente para mim e se
fosse para ser a puta de alguém, que fosse a minha puta.
— Falta pouco — sussurrei com a mente fervilhando de
pensamentos sinuosos.
Nunca fui conhecido por ser um homem que joga limpo e é
paciente, mas aqui estava Odin Papadakis sendo quase um
príncipe, conduzindo o destino para o meu bel-prazer, aguardando o
momento que essa mulher viria para mim, acreditando terrivelmente
na esperança de achar um bote salva-vidas. Eu não queria só foder,
queria sua devoção. Sexo era fácil de encontrar em qualquer lugar,
conexão e intimidade, não.
O que eu quero fazer com Talassa só será gostoso se for
íntimo e recíproco.
Com esse pensamento fechei o notebook repassando
dezenas de informações em minha mente. Saí do meu escritório
para procurar uma bebida forte. A essa altura, o sol já tinha se posto
e a noite de sexta-feira já se iniciava.
Estava pronto para começar minha caçada.

•••

Vicentino[2] é conhecido por ser um clube de luxo seleto para


homens. O que acontece aqui dentro é tão sigiloso que alguns
andares são permitidos apenas para membros premium e eu sou
um deles.
Sorri como um maldito presunçoso ao adentrar a boate.
Estava parcialmente escura, uma música animada rolava pela
primeira pista e seguia para o andar superior, onde o anfitrião me
aguardava.
— Odin! — Erika me cumprimenta. — Bom te ver aqui.
Ao contrário do que pensam, o clube não pertence ou é
gerenciado por um homem. Erika é a herdeira de um império
milionário e é ela quem gerencia as sedes do clube fundado pela
sua família com várias subsidiárias pelo país.
— Igualmente.
— Aquilo que você me disse ao telefone há duas semanas,
aconteceu. Ela retornou e eu segui suas instruções, do jeito que
combinamos, mas não sei se gosto dessa abordagem. Ela ficou
chateada.
— É provisório. Garantiu que fosse a última dança? —
Pergunto, satisfeito pra cacete com o que eu ouvi.
Erika me lançou um olhar tenso enquanto me encaminhava
para um camarote privado. Meus amigos costumavam frequentar o
local e ficavam reunidos no piso superior, onde conseguiam ver o
show com uma visão privilegiada. Essa noite, porém, decidi que o
que quero será apenas meu.
— Garanti. Eu já te disse, Talassa não é a menina que você
pensa que é.
— Estou mais interessado na mulher que ela será quando for
moldá-la para me agradar.
O olhar que Erika me dá é levemente repreensivo, mas não
diz o que realmente gostaria de dizer.
— Grego arrogante. Seja feita a sua vontade.
Ela sorriu, saindo de perto e me debrucei sob o parapeito,
observando o palco se iluminar enquanto os últimos meses
passavam calmamente pela minha cabeça.
Depois que eu a vi acompanhada do filho da puta do Daniel
Becker, decidi que ela deveria saber que ele não só é um viciado em
um monte de merda, como também o ex-marido agressor, pai
negligente e um homem com mais ordens restritivas que eu
conhecia. O compilado de informações foi enviado para seu
apartamento dois dias depois da festa em que a vi pela primeira vez.
De acordo com Orien, Daniel foi dispensado no mesmo dia,
uma parte minha ficou parcialmente satisfeita. Achei que conseguiria
esquecê-la, então a encontrei novamente e dessa vez foi uma
terrível coincidência, que nomeei como destino. Ela estava
despenteada, com um rosto sonolento e vestida em um enorme
moletom cinza, fones no ouvido enquanto ocupava o último lugar da
fila da cafeteria, que fica há alguns metros do prédio da minha
empresa.
Decididamente a vida queria me enviar uma mensagem e eu
não dispensei o aviso. Entre contratar alguém para checá-la e
planejar um meio de chegar até ela, foi cerca de uma semana,
justamente o período em que Talassa embarcou para a Grécia.
Agora, ela está de volta e prestes a fazer uma apresentação
privada para mim.
Capítulo 3
Talassa Katsarus

Desde que desci do avião, há quase seis horas atrás, até o


momento em que Erika me disse que a minha vaga tinha sido
ocupada por uma nova dançarina, parecia que eu estava vivendo
uma sucessão de pesadelos de onde não conseguia acordar.
Me encarei no espelho tentando me reconhecer entre a
camada pesada de maquiagem, olhos bem-marcados e os lábios
em um batom carmim, deixando o visual lúdico e sensual que minha
apresentação pedia. Uma parte de mim estava satisfeita com o que
via, a outra, a parte que sabia que depois que a apresentação
terminasse eu teria que fazer mágica com o pagamento, me deixava
quase assustada.
Preciso achar uma luz no fim do túnel — entoei mentalmente
ao apertar os dedos com muita força, tentando dissipar a tremedeira
e focar na minha apresentação.
Era impossível esquecer os motivos que me trouxeram até
Seattle... Principalmente os motivos que me fizeram alimentar a vida
obscura com a qual eu me envolvi. A teia de mentiras que a cada
dia que passava se tornava impossível de sair. Me sentia sufocada
com a personagem que inventei, louca para respirar um pouco, mas
precisava desesperadamente de dinheiro. Precisava ao ponto de
começar a cogitar vivenciar propostas ilícitas das quais fui recheada
no passado.
— Dois telefonemas e resolvo todos os seus problemas,
deusa — meu figurinista falou bem atrás de mim.
Dei um sorriso ao Sahad, achando graça do seu jeito
espalhafatoso ao me apresentar algumas opções de lingerie, uma
mais bonita que a outra. Algumas com brilhos, outras com rendas e
a última, uma vermelha e provocante, era completamente
transparente.
— Erika aprovou essa? — Mordi o lábio inferior ao apontar
para a peça.
— Sabemos que você precisa do bônus.
O bônus nada mais era que um extra no cachê ao usar
roupas mais ousadas e que revelasse alguma parte íntima.
Geralmente Erika me excluía dessas vestimentas, ela dizia que meu
jeito lhe trazia muitos problemas, os clientes confundiam danças
com possíveis programas com as dançarinas e, às vezes, os
seguranças tinham que intervir quando algum engraçadinho era
mais ousado.
Vicentino é uma boate masculina onde todas as fantasias
podem ser alcançadas. Eu vim parar aqui graças aos muitos anos
em que pratiquei ballet, minha desenvoltura em performar em um
pole dance me garantiu uma vaga fixa, algo que precisei abrir mão
depois da minha última temporada emergencial na Grécia.
— Estamos falando de quanto nesse bônus?
— Mil dólares, boneca grega.
A lista extensa de coisas para comprar que eu recebi por
mensagem essa manhã me dizia que eu não tinha muito o que
pensar.
Não é como se você já não tivesse feito coisa pior — uma
vozinha lá no fundo da minha mente apontou de maneira ácida.
Sim, eu já tinha feito coisas piores. O pudor e o tabu já não
eram mais problema no meu mundo. Desde que eu cresci e entendi
que o mundo é dos espertos, tive que aprender rapidamente como
contar uma boa mentira, encenar um belo sorriso e fingir prazer
quando tudo que sinto é nojo.
— Me dê, vou querer.
Sahad sorri aliviado e eu sei que foi ele quem pediu o bônus
especial para Erika. Ela foi uma boa chefe, mas estava chateada
pela forma como saí do grupo, desfalcando seu time de dançarinas.
— Você está na privê dois, Talassa. — Sandy, uma das
coreógrafas, apareceu e me olhou de um jeito arrogante quando me
informou onde me apresentaria.
— A sala dois é para apresentações privadas — falei, sem
entender direito.
Sandy só me olhou com fúria contida, arqueando as
sobrancelhas e esperando que eu lhe dissesse outra coisa idiota. O
meu silêncio fez com que um bufo irritado escapasse por seus
lábios, fazendo-a dar de ombros ao sair do camarim.
— Isso é bom, deusa. Apresentações privadas são mais
caras e geralmente as gorjetas são altíssimas. Vamos esperar que
ele adore essa pecinha indecente e coloque algumas centenas de
dólares na sua calcinha! Vai se trocar.
Eu nunca ficava nervosa para nada na vida, mas dessa vez
era como se todo meu sexto sentido me pedisse para sair correndo,
sem olhar para trás.
Borrifei body-splash só para intensificar o cheiro do meu
hidratante, olhei as marcas arroxeadas na minha costela e engoli
em seco, me sentindo malditamente cansada. Só queria dormir por
vinte e quatro horas seguidas na tentativa de esquecer os últimos
meses e como a Grécia se tornou um pesadelo para mim.
Segurei a calcinha minúscula com cinta-liga da mesma cor,
tirei a etiqueta e borrifei mais perfume na peça antes de me vestir.
Repeti o processo com o sutiã transparente. Me encarei no espelho,
reparando como meus mamilos ficavam evidentes, a meia taça
valorizou o busto e arqueou levemente meus seios, deixando-os
parcialmente empinados.
Vinte minutos.
Uma dança.
— Você consegue fazer isso e o que mais desejar, Talassa —
disse para o reflexo no espelho. Ensaiei meu sorriso, a expressão
bonita do meu rosto maquiado e o conjunto sexy de lingerie, a
máscara perfeita de quem eu sou.
Mas ninguém quer saber quem você é.
— Seus saltos! — Sahad empurra a porta e ao entrar faz uma
pausa dramática, me pedindo para dar uma voltinha e elogiando
excessivamente meu visual. — Se eu não amasse tanto a mesma
fruta que você adora, te levaria para jantar, deusa. Você é um
espetáculo.
— Obrigada, Sah.
Ele me ajuda com os saltos finos do mesmo tom de vermelho
na lingerie que estou vestindo e quando finalmente estou pronta,
Sahad trás um robe e me cobre.
— Não deveria te dizer isso e Erika me mataria se
descobrisse que contei, mas sei para quem você irá se apresentar
hoje.
Seu tom conspiratório me deixou curiosa.
Sahad me puxou para perto, cochichando bem baixo e olhou
para trás só para confirmar que estávamos a sós.
— Odin Papadakis. Ele é muito rico, Talassa.
O nome serpenteia pela minha mente, me causando calafrios
indescritíveis, me deixando muda. Sahad se afastou, arrumou a
regulagem do meu sutiã, cantarolando algo para disfarçar porque
uma das dançarinas entrou no vestiário.
Eu o conhecia, ao menos de nome, afinal, quem não
conhecia Odin Papadakis? O grego conhecido por ser um gênio
difícil e de ser um tubarão temível no mundo dos negócios. Nós já
tínhamos nos esbarrado uma vez, em uma festa que fui meses
atrás, me lembro de como ele me olhou tão intensamente que me
deixou com uma sensação esquisita por vários dias.
Queria fazer mais perguntas, mas Sandy avisou que estava
na hora. Sahad só me olhou, beijou minha bochecha e desejou boa
sorte.
Talvez, a luz que eu tanto precisava achar, finalmente tenha
aparecido.
Capítulo 4
Odin Papadakis

Me sentei no largo sofá revestido de couro, recostei uma das


minhas mãos no apoio e com a outra, segurei meu copo e sorvi um
grande gole do uísque escocês raro. O sabor característico desceu
quente pela minha garganta, atenuando a sensação de ansiedade
que me perseguiu até aqui.
A luz da área privada diminuiu gradualmente, me deixando
perceber que meu showzinho particular estava prestes a começar.
Uma luz parcialmente avermelhada focalizou o pequeno palco e
contei mentalmente os segundos que demoram para trazê-la até a
mim.
Finalmente.
Não estava preparado para revê-la após meses insanos da
mais pura obsessão. Algo que eu nunca senti na minha vida, um
sentimento incapaz de ser refreado.
Meu estômago revirou, me senti malditamente inquieto e
deixei o copo sob à mesa lateral, onde havia um balde com uma
garrafa de champanhe no gelo e duas taças.
Uma silhueta marcada surgiu entre as luzes vermelhas que
aos poucos foram ficando cada vez mais nítidas, até que finalmente
me dessem um visual parcial das suas pernas. Engoli a saliva ao
consertar minha postura no sofá.
Meu peito sacolejou e eu fitei os pés delicados em saltos finos
da sandália de tiras. Eles se movem sensualmente no mesmo ritmo
da música e suas coxas se iluminaram e brilharam ao serem
alcançadas pela luz avermelhada.
Engoli a saliva, incomodado com a ereção crescente entre
minhas pernas. Molhei meus lábios e soltei um palavrão quando ela
se virou e sua bunda deliciosa foi iluminada.
— Porra... — Sussurrei ao dobrar a perna, apertando a
panturrilha, hipnotizado com a forma que ela estava rebolando.
Tive o impulso de me levantar e tomar exatamente tudo o que
eu quero dessa mulher. Cada pedaço do seu corpo. Sentir seu
cheiro, sorver a umidade da sua boceta, beber seu gozo.
Perdido em pensamentos lascivos, não me preparei para o
momento em que ela se virou em minha direção e seus seios foram
iluminados pela luz vermelha, me deixando ser absorvido pelos
mamilos à mostra em uma lingerie que me deixou completamente
insano.
Recuei no sofá, colocando os pés no chão, apertando os
punhos e a música explodiu em um refrão ensurdecedor, iluminando
o rosto lindo de Talassa. Foi quando me vi completamente perdido
porque não importava o quanto seu rosto fosse um espetáculo, a
maneira como nossos olhares se prenderam um ao outro me deixou
instável ao ponto de rosnar como um animal enjaulado.
O que essa mulher estava fazendo ao enrolar suas pernas no
mastro de ferro e rebolar de um jeito que me fez duvidar se teria
coração para aguentar até o fim do show me deixou com tantas
perguntas explodindo na mente, sabendo que toda a cama de gato
que preparei para ela foi em vão, porque eu era àquele caindo na
armadilha.
Um amador.
A porra de um homem volátil que pensa com o pau.
Um fodido manipulador vencido pelas próprias emoções.
A garota de 22 anos não precisou de porra nenhuma para me
ter desesperado pela sua atenção.
Me recostei quando ela se moveu parecendo segura do que
estava fazendo. A porra da música sensual combinava para caralho
com seus passos decididos na minha direção. Engoli em seco,
espalmando minha mão em minha perna, apertando aos poucos e
tentando controlar o que estava sentindo.
Foi difícil me manter imóvel quando Talassa parou à minha
frente, trazendo a luz vermelha consigo e que agora estava sob nós
dois. O jeito como ela me olhou me deixou inteiramente arrepiado.
Um sorriso pervertido brincou em seus lábios, me deixando
queimando por dentro.
Abri minhas pernas, a autorizando a se aproximar quando
meneou sua cabeça em minha direção, um passo atrás do outro e
ela estava tão perto que conseguia sentir o cheiro delicioso
exalando da sua pele.
— Porra… — Rosnei outra vez quando sua mão delicada
tocou meu rosto e ergui minha mão para tocá-la, parando no meio
do caminho, porque aquilo era estritamente proibido.
Mas também é proibido que ela toque nos clientes. Ela faz
isso com todos? — Penso rápido demais, sendo consumido pelo
ciúme enquanto ela rebola, tão perto… Tão quente. Me fazendo
arder com o desejo de ter seu corpo perto do meu.
Talassa virou de costas, tocando sua bunda, rebolando
provocantemente e o som da música vai diminuindo conforme vai
chegando ao fim.
Quando a dança finalizou, eu sabia que ela nunca mais
subiria em um palco e que eu faria de tudo para que aquela mulher
fosse apenas minha.
Olhei a bunda perfeita, redonda e com o fio dental atolado
entre as nádegas e meu pau tremeu quando ela me olhou sob os
ombros, sorrindo inocentemente ao se afastar alguns passos.
Uma semana — calculei mentalmente. Não, uma é pouco...
Duas semanas, é tudo que eu preciso. Duas semanas dormindo e
acordando ao lado dela, atendendo cada uma das suas
necessidades, consumindo todos os seus pensamentos. Duas
semanas deve ser o suficiente para matar a fome que eu sinto e,
então, ela será uma mulher que não precisará mentir para mais
ninguém.
Só quero um trato. Negócios. Um acordo mútuo de benefícios
inúmeros.
Que se fodam os planos perfeitamente calculados, chegou a
hora de agir.
Capítulo 5
Talassa Katsarus

Meu Deus.
Ele iria me tocar!
Uma parte de mim estava assustada e a outra estava tão
excitada que eu não pensei direito no que estava fazendo.
Odin Papadakis tirou de mim algo que nenhum outro cliente
conseguiu. Eu me deixei levar. A adrenalina pelo jeito que ele me
olhava, o tesão pela forma latente que eu era visivelmente desejada,
o volume aparente entre suas pernas quando a luz avermelhada
atingiu o centro delas.
O jeito louco como o meu show acabou, abrindo espaço para
a próxima dançarina. Quando eu vi uma das meninas entrando meu
peito bateu em um incômodo dolorido. Me odiei por ter olhado para
trás e principalmente por ter o encontrado de pé, debruçado no
parapeito, olhando a boate. Ele não acenou na minha direção
quando eu saí, sequer me dispensou um olhar em despedida.
Era como se eu fosse um pedaço de nada.
Me enrolei no robe de seda sendo acompanhada por um dos
seguranças de volta ao camarim, quando abri a porta encontrei
Sahad sentado em uma das poltronas bem distraído e mexendo no
celular. Ele arqueou as sobrancelhas quando me viu, percebi sua
curiosidade para que contasse o que tinha acontecido, mas eu
mesma não havia entendido a intensidade da coisa direito.
— Pensei que fosse a única que dançaria para ele —
sussurrei para que só Sahad ouvisse quando puxei minha bolsa,
tirando meu vestido de dentro e entrando nele.
— E não era?
— Não.
Sahad franziu o cenho, também sem entender e eu me virei
para que ele fechasse o zíper. Tirei as sandálias de salto sentindo
um alívio imediato, suspirei cansada, mas ainda teria que aguardar
Erika ou sua assistente para receber o pagamento pela diária e ela
nunca tinha hora para pagar.
Algumas meninas entravam e saíam, trocando de roupa ou
penteado e eu não pude falar mais nada com Sahad. Em um
determinado momento ele saiu de perto para socorrer uma das
dançarinas com figurino rasgado, me deixando sozinha.
Prendi o cabelo pensando seriamente em tirar a maquiagem,
mas estava exausta e poderia fazer isso em casa, com o auxílio da
água quente durante um longo banho.
A porta abriu e um silêncio quase sepulcral em um camarim
cheio de mulheres tagarelas foi evidente. Olhei em direção da
entrada e era Erika, ela lançou o olhar sério para todas, como
sempre fazia, mas no fundo era uma boa chefe e nunca cobrava
nada além do devido.
— Eu vou te ligar se alguém vacilar comigo, tudo bem? —
Falou ao me estender o envelope branco.
Sorri esperançosa, talvez ela tivesse uma vaga pendente e
estivesse me testando e eu precisava muito do emprego,
principalmente porque todos os meus contatos de acompanhante se
dissiparam depois dos meses que passei na Grécia. Eu precisava
mesmo do dinheiro.
Faltam três semanas para o Natal... O que eu vou fazer se
não conseguir o que eu preciso até lá? — A pergunta vem e me
deixa angustiada e pensativa.
— Muito obrigada, Erika. Vou estar com o telefone ligado.
— Você é uma menina esperta, Talassa, vai saber se agarrar
as oportunidades que aparecerem no seu caminho. Se cuide.
Assenti.
Ela sorriu em despedida e ficamos em silêncio até que ela
saísse. As meninas suspiraram em alívio, Sahad me olhou com um
sorriso no rosto e piscou quando eu abri o envelope me deparando
com as centenas de dólares.
— Ei, garota, você sabe que pode ficar lá em casa, não é? —
Sah chamou minha atenção com sua voz doce e quase
reconfortante.
Fechei o envelope já assentindo e enfiando dentro da minha
bolsa, estiquei minhas mãos para pegar minhas botas de cano alto,
me sentando para caçá-las.
O problema da casa dos outros era que a visita depois de três
dias passa a incomodar. Rebecca Harris, uma das minhas amigas
mais próximas, me deixou ficar com ela, mas eu sabia que acabaria
causando um problema com o seu namorado. Já Sahad vive com
seus pais e a situação na casa deles não é das boas desde que ele
se assumiu homossexual.
Eu não queria dividir o teto com ninguém e quando vim da
Grécia para os Estados Unidos, era em uma última tentativa de
melhorar a minha vida e a vida das pessoas mais importantes para
mim. Agora era a minha última chance de fazer isso dar certo.
Com as botas no lugar, me levantei e peguei minha bolsa no
exato momento que Sahad finalizou a costura no microvestido de
paetê de uma das dançarinas e ela saiu para vestir.
— Não se preocupe comigo, vou ficar bem. Você vai me
avisar de encontrar alguma coisa para mim?
— Qualquer coisa? — Perguntou seriamente.
Sabia o que ele estava se referindo: programa.
Engoli em seco, pensando seriamente na proposta, sabendo
que a única vez que cedi esse caminho obscuro me senti tão mal
que prometi que nunca mais faria nada do tipo… Mas, a ocasião faz
o ladrão. Esse é o ditado mais verdadeiro do mundo.
Pensei novamente no quanto eu precisava de dinheiro, engoli
o orgulho, afinal, ele nunca tinha me servido de merda nenhuma.
Minha vida mudou aos 14, passei por um inferno desde então, o que
viesse a seguir não podia ser muito diferente.
— Qualquer coisa.
— Certo, agora vá descansar, deusa maravilhosa. Te ligo
amanhã!
Depois de dois beijinhos e um longo abraço trocado, eu saí.
Um dos seguranças que geralmente acompanham as
meninas por todos os lados me cumprimentou, eles sempre eram
gentis e respeitosos, ficavam ao nosso lado caso algum cliente vip
do clube tentasse alguma gracinha. Os homens poderosos eram os
piores.
Rumamos pelos fundos, passei pela cozinha cumprimentando
alguns dos colegas de trabalho, atravessamos um pequeno corredor
para cortar caminho e logo eu estava na saída dos funcionários.
— Se cuida, moça.
— Você também, bom trabalho. — Disse em agradecimento
ao seu cuidado comigo.
Passei pela catraca, acenei para outros funcionários que
ainda estavam na pequena recepção e quando atravessei a porta
para à rua, um vento gelado soprou na minha direção ao mesmo
tempo que pingos de chuva vieram com ele.
— Só faltava isso para finalizar minha noite! — Grunhi
irritada, procurando meu celular na bolsa para chamar um carro por
aplicativo, um luxo que no momento eu não poderia me dar, mas
seria impossível ir andando caso a chuva caísse.
Não podia pensar em ficar doente, nem mesmo uma gripe
leve. Estava sem cobertura do seguro de saúde, sem lugar para
morar, com dinheiro para sobreviver por umas semanas até
encontrar um emprego rentável e ainda conseguir enviar uma parte
para a Grécia, não era hora de ter despesas extras.
Me encostei à parede do clube conferindo o horário e a
porcentagem da minha bateria. Já eram mais de duas da manhã.
— Que merda de dia horrível! — Reclamei quando o
aplicativo travou.
Lágrimas ameaçaram esquentar meu rosto.
Estava cansada, com fome, exausta mentalmente e tudo que
eu queria era um abraço. Um mísero abraço que me fizesse
acreditar que ainda há esperança.
Mas, ao invés disso, o destino brincou comigo de uma outra
forma.
Uma BMW esportiva reduziu a velocidade parando na
calçada, bem a minha frente, os vidros desceram e a escuridão me
fez ficar assustada, mas isso durou apenas alguns segundos.
Quando a luz interna do veículo se acendeu e eu vi quem era, meu
estômago gelou em excitação e ansiedade.
Dentro do carro estava ele: Odin Papadakis.
Capítulo 6
Odin Papadakis

Não estava me reconhecendo.


Quando Talassa encerrou a dança, pronta para recomeçar em
outra música e percebeu que não iria continuar seu show, eu vi sua
frustração e era exatamente isso que eu queria causar. Manipular
emoções era um dom que administrava muito bem, mas no fim, o
manipulado foi eu. Quando percebi que ela sairia para que outra
dançarina entrasse, como foi acordado com Erika previamente, uma
parte minha quis agarrá-la brutalmente e tirá-la da boate. Cobrir o
corpo delicioso e não permitir que nenhum outro tocasse no que
quero que seja apenas meu.
O ciúme cresceu com a possessividade, quando Talassa saiu
da sala privada tudo que eu consegui pensar foi para quantos
homens ela já havia dançado com apenas uma renda transparente
cobrindo seu corpo.
Um conflito interno me absorveu e esse era o motivo do meu
descontrole. Foi motivado por esse sentimento que dispensei a
dançarina, enviando uma mensagem para Erika dispensar Talassa
antes do horário previsto.
Minha intenção era que ela ficasse a noite inteira esperando,
agora, no entanto, eu preciso vê-la. Uma parte de mim quer sanar
todas as dúvidas sobre o que ela faz para viver. Ouvir as possíveis
mentiras que ela tem para me contar.
Fiquei dentro do meu carro e esperei que os seguranças me
avisassem o momento exato que ela sairia da boate. Estacionei
próximo a saída dos funcionários e quando a vi em um sobretudo
preto e botas do mesmo tom, meu pau endureceu novamente e
acelerei o carro, me aproximando.
Sua hesitação fez meu peito se encher com um orgulho tolo.
Ela hesitou até mesmo quando acendi a luz, olhando-a através da
janela aberta.
Com os cabelos presos, segurando a bolsa com afinco e uma
feição extremamente desconfiada, a vejo andar em minha direção.
— Senhorita Katsarus — não escondo que sei quem ela é,
estou cansado de joguinhos.
Seu rosto é tomado pela surpresa e eu gosto como seus
olhos castanhos escuros se ressaltam ao ouvir seu nome sendo
proferido por mim. Posso jurar que ela é pega desprevenida porque
ergue as sobrancelhas, meio confusa, depois assente ao se abaixar
e me olhar.
— Entre.
É tudo o que eu digo.
Se ela tiver juízo, vai se afastar, mas algo me diz que não é
isso que ela quer. Eu vi o seu olhar dentro da boate, não podia ser
só uma representação teatral, ou podia?
Talassa está pensativa, a dúvida pairando no seu rosto
quando me inclino e abro a porta, empurrando-a em sua direção.
— Está chovendo, entre. — Falo novamente.
Ela olha em direção a boate e eu me enraiveço por alguns
segundos. Não sei se ela está observando se alguém está nos
vendo ou pedindo ajuda. Ao decidir sobre o que fará, Talassa entra
no carro e o cheiro delicioso do seu perfume preenche o espaço
pequeno. Quando ela fecha sua porta, ergo os vidros e ligo o
aquecedor, deixando com que seu cheiro fixe ainda mais ao meu
redor.
É um cheiro deliciosamente tentador e me faz querer provar
direto da sua pele.
— Onde quer que eu a deixe? — Pergunto por que seu
silêncio me diz que ela não vai dizer nada.
Apesar de ter entrado, Talassa está rígida e algo me diz que
está bem arrependida. Não me olha, mal respira, seu corpo parece
tenso e as mãos no apoio da porta, perto da maçaneta interna.
— Empire.
Ah, Talassa, por que tão previsível?
Sorrio sarcasticamente, a encarando e seu rosto se virou
lentamente para mim. Eu conheço um bom mentiroso de longe, eles
olham nos olhos, não tremem ou se preocupam enquanto contam
suas mentiras e é exatamente como a mulher ao meu lado age.
Ainda não sei qual é a dela, mas eu garanto que vou
descobrir.
— Você mora em um hotel? — Resolvo prosseguir no
caminho que ela escolheu.
De repente, Talassa muda sua postura para uma bem mais
relaxada, seus ombros descem e um sorriso inesperado surge em
seu rosto quando estica as mãos para a saída de vento,
esquentando-as com o vapor.
— Você se lembra de mim? Da festa na casa de Orien
Kouris?
Hmm... Ela fugiu do assunto.
— Não até te rever hoje — minto. Dois podem jogar esse
jogo.
— O senhor é um frequentador assíduo da boate, senhor
Papadakis?
— Não. — Falo.
Ela vira o rosto para minha direção quando faço uma curva
para o centro da cidade, onde fica o Empire, o hotel de luxo que ela
disse que ficaria hospedada quando eu sei que ela não tem dinheiro
para isso. Nem mesmo com o pagamento dessa noite, dois mil
dólares, conseguiria pagar uma diária nesse hotel.
— Como sabe meu nome? A identidade das dançarinas é
preservada, está no nosso contrato.
Ignoro sua pergunta pronto para fazer outra.
— Faz tempo que trabalha aqui, senhorita Katsarus?
— Não trabalho mais. Foi meu último dia, estou mudando
de... Área.
— É mesmo? Em qual área pretende atuar agora?
— Alguma coisa relacionada a moda, eu acho... — Divagou
olhando pela janela e soltou um longo suspiro. — Exceto se algo
ainda melhor surgir em meu caminho. Costumo seguir a correnteza.
— Uma mulher que é conduzida pelo destino?
— É, eu acho que sim. — Diz e volta a me olhar. — E quanto
ao senhor? Acredita em destino?
— Muito.
Ficamos alguns minutos em silêncio e reduzo a velocidade
porque estou chegando ao Empire.
— Por que Estados Unidos? — Então pergunto o que tem
ficado em minha mente desde que soube da sua existência.
A sua vida na Grécia é quase um borrão, eu sei que ela não
veio de uma família rica e fico me perguntando se é o seu lado
americano que abriu algumas portas aqui. A garota passou um
tempo em Istambul antes de vir para os Estados Unidos e eu quero
entender como uma garota tão jovem conseguiu viver entre pessoas
relevantes no país, ainda que nem todas elas sejam decentes.
Mas o que posso dizer sobre decência? Nem mesmo eu sou.
— Dizem que é o país onde os sonhos se realizam. Você
também vive aqui, não foi o lugar que te fez rico?
— Foi o lugar que me fez mais rico — corrijo e ela sorri. Um
daqueles sorrisos falsos.
Tudo nela é tão artificial que me pergunto se não estou
profundamente enganado na minha obsessão e se isso não tem
somente a ver com o fato de que eu quero foder a boca vermelha e
assistir enquanto ela me engole inteiro.
Estaciono em frente ao Empire, Talassa não se move. Ela
olha para o hotel e sua feição transmuta tão rapidamente, mas
consigo ver seu desagrado. Os lábios crispados, a testa franzida, os
cenhos entristecidos... Então essas emoções desaparecem quando
volta para mim, já sorrindo.
— Obrigada pela carona, senhor Papadakis.
— Está com fome? — Pergunto antes que ela possa descer.
Talassa me olha nitidamente confusa, depois volta a sorrir,
indecisa entre o sim e o não. Ela é boa nisso, no joguinho de
desinteresse. Mas estou velho e já estou cansado para jogos.
— Vamos jantar, senhorita Katsarus.
Volto a ligar o carro em direção ao hotel, ela hesita em alguns
segundos e eu sei por que, estou prestes a desmascará-la em sua
mentira.
Entrego a chave para o manobrista quando desço e contorno
o carro para abrir sua porta. Vejo sua hesitação quando toca a mão
que ofereço e quando nossas palmas se unem um estremecimento
percorre meu corpo como uma descarga elétrica que me faz recuar.
Ela também sente, Talassa aperta os dedos, confusa com minha
reação e pigarreou, tentando disfarçar.
— A cozinha deve estar fechada a essa hora... — Tenta dizer
quando abro o caminho para que ela passe por mim.
— Não se preocupe, tenho meus meios de conseguir tudo o
que quero.
O silêncio permanece e dura alguns segundos. Talassa
assente, incomodada e eu toco o centro das suas costas,
conduzindo-a pelos degraus da enorme fachada do Empire.
Um dos seguranças abrem a porta para a recepção,
cumprimento os funcionários no caminho, eles me conhecem
porque sou proprietário de um dos apartamentos da cobertura e
costumo passar a noite quando saio tarde da empresa.
A mulher visivelmente se impressiona, mas não fala nada
quando nos conduz até o elevador, apertando o andar presidencial.
— Onde estamos indo?
— Eles só atendem tão tarde se for serviço de quarto. —
Explico.
— Ah...
Sua verbalização me deixa intrigado.
Talassa segura sua bolsa com força, ela não me encara e eu
posso ver seu nervosismo exalando.
— Foi Orien que me disse seu nome. — Entrego uma das
suas perguntas, me encostando à parede de aço e a encarando
encostada na parede à minha frente.
O elevador faz uma pausa no meio do caminho e um casal
jovem entra. O típico casal em lua de mel, estavam dando risadas e
param quando se deparam com o silêncio no elevador. Os
cumprimentamos e eles descem três andares depois, voltando a
falar alto do lado de fora.
— A esposa dele é um amor de pessoa — ela volta a falar e
dessa vez nossos olhos se encontram.
É esquisito pra caralho porque não é só tensão sexual. Tem
uma emoção diferente que estou tentando entender desde que ela
entrou em meu carro e ainda não consegui decifrar, isso me faz
pensar se toda vez que estivermos juntos será dessa forma.
— O que quer comigo, Odin Papadakis? — A maneira que ela
diz meu nome faz meu pau retorcer dentro da boxer.
Eu a encaro profundamente.
O peito de Talassa sobe e desce acompanhando sua
respiração forte e acelerada.
— Como sabe que quero algo com você, Talassa Katsarus?
— Jogo.
— Porque sei que homens como o senhor não perdem tempo
convidando uma mulher como eu para jantar.
Uma mulher como eu — não passa despercebido que ela
deixou uma de suas defesas caírem. É tão rápido que ela logo se
recupera e solta um sorriso quase cínico.
O elevador apitou, nos indicando que chegamos ao meu
andar e eu adoro o jeito que ela está nervosa, apertando a alça da
bolsa e ansiosa pela minha resposta.
Acabo de perceber que, talvez, duas semanas não sejam
suficientes.
Capítulo 7
Talassa Katsarus

— Jante comigo e depois podemos conversar — ele diz como


se fosse o dono do mundo.
Esse homem exala prepotência, poder, dinheiro. Não há uma
ruga de preocupação em seu rosto, pelo contrário, ele é tão bonito
que me deixa quase constrangida pela minha situação
momentânea. Eu sou uma mulher orgulhosa, o sangue grego que
corre em nossas veias mostra como somos temperamentais e
teimosos, mas Odin parece superar tudo isso e sei que ele está
adoçando seu jeito. Está mostrando o que quer que eu veja e isso
me intriga.
Quando ele acessa um dos quartos da cobertura, eu sei que
não é um lugar simples, pelo contrário. É um apartamento grande e
o hall de entrada é uma pequena sala bem charmosa. Há algumas
portas separando o cômodo e ele rapidamente me faz uma
apresentação, demorando propositalmente no quarto imenso, com
uma cama que ocupa quase toda a parede.
Engulo a saliva pensando na loucura que me fez aceitar ter
entrado no carro desse homem. Foi o mais puro desespero. Mas o
que eu estava pensando? Provavelmente ele imaginava que sou
uma garota de programa e pagar não é um problema para ele. O
homem tem tanto dinheiro que eu sei que me daria se eu lhe
contasse uma história triste.
E o que eu mais tenho é história triste para contar.
Me vejo rindo amargamente, mas parei porque ele está me
encarando sem piscar, de um jeito que me deixa intimidade.
Odin se afasta, me chamando para conhecer a varanda do
seu quarto.
— Tão bonito... — Sussurrei ao ter uma visão privilegiada da
cidade. A noite, luzes, a chuva caindo e o vento gelado correndo,
todas essas coisas dão um charme a mais para a vista de tirar o
fôlego.
— Vinho? — Sua pergunta vem em um tom calmo, bem
próximo, sinto o calor do seu corpo emanando para o meu e o olho
sob os ombros.
Ele está com o telefone do apartamento nas mãos, pronto
para falar com a cozinha e fazer o nosso pedido.
Faz horas desde a minha última refeição, estou realmente
com fome, mas me pergunto até que ponto deveria manter o
personagem.
O que quero, afinal? Uma noite de sexo com esse homem
absolutamente lindo que me deixa vidrada por ele desde a primeira
vez que o vi, meses atrás? Ou eu só quero desesperadamente ser
salva e, por isso, serviria qualquer um?
— Sim, obrigada — digo como uma garotinha educada,
escolhendo representar o meu papel preferido: a menina burra e
bonita.
Fico parcialmente balançada quando ele se afasta e late às
ordens ao telefone. Vinho, água, uísque... Uma salada fresca,
salmão grelhado ao molho de aspargos... Uma pausa para me
perguntar se eu gosto de peixe e então volta às suas ordens até
sobre a sobremesa.
Quando termina, Odin está parcialmente satisfeito por ter
demonstrado em um showzinho de poder como ele é um homem
decidido e não precisa da minha opinião para escolher nada.
— Você me fascina — ele diz ao se sentar em uma das
cadeiras da varanda, se apoiando na mesa e eu faço o mesmo ao
me encostar no parapeito. — De que região da Grécia você é?
— Nasci em Trácia, mas ainda criança minha família se
mudou para Macedônia.
— Sente falta do nosso país?
— Estive lá pelos últimos meses. Cheguei hoje. — Divago.
Não quero me aprofundar nisso e ele percebe. — E você?
— Pretendo viajar para Grécia na próxima semana. As
festividades de fim de ano da minha família começam cedo, no
aniversário da minha mãe, que é na próxima sexta.
Uma parte de mim cedeu a um visível desânimo. Engoli em
seco o sentimento, sem saber lidar com ele direito. Odin ergueu
suas sobrancelhas, esperto o suficiente para captar minha
expressão de descontentamento que disfarcei com um sorriso falso.
— Um homem de família... — Brinquei me aproximando da
mesa e puxando uma das cadeiras. — Há uma futura senhora
Papadakis te esperando na Grécia?
— Por que não teria uma me esperando bem aqui? — O jeito
que ele me olha quando faz essa pergunta me deixa quente e
desestabilizada.
— Os gregos gostam de tradição.
— Está me perguntando se eu prefiro mulheres Gregas,
Talassa? — Fala de um jeito visivelmente provocador, o que
também me faz sorrir. — Estou aqui com você, não?
— A minha substituta não era agradável?
Estou me referindo a dançarina da boate e como um homem
perspicaz, Odin entende rapidamente.
— Isso foi ciúmes, linda? — Provoca.
Mordo minha língua me sentindo parcialmente afetada e sorri
cinicamente.
— Sou grega. Individualismo é quase um pré-requisito no
nosso currículo, mas geralmente, isso só funciona com o que nos
pertence.
— Se esse comentário viesse de mim me chamariam de
machista. — Dispara entre outra risada. — Mas claramente é algo
que eu diria.
— Machista.
Ele não responde a minha provocação porque a campainha
soa. Odin se levanta para buscar nossos pedidos e eu fico
parcialmente relaxada, longe da sua presença imponente. Quando
volta, está com o carrinho de refeição e sem o funcionário do hotel.
Para minha surpresa, ele pede ao assistente virtual tocar a
música que eu dancei para ele na boate. É a Shut Up and Listen do
Nicholas Bonnin, fico arrepiada quando retorna com uma taça e o
vinho para me servir.
— Aos surpreendentes começos, Talassa.
— Ao nosso começo, Odin. — Falo ao tilintar minha taça com
a sua.
Não é minha intenção, mas quando dou o primeiro gole, fico
inteiramente aberta a tudo que essa noite possa me proporcionar.
Capítulo 8
Odin Papadakis

Ela está me surpreendendo.


Depois da terceira taça de vinho, Talassa parece mais
desinibida, sorridente, emendando um assunto em cima do outro.
Ela quase parece ser uma mulher comum. Eu disse quase... Ainda é
nítido sua forma cuidadosa em falar, escolhendo sabiamente todas
as suas palavras, tirando a magia da naturalidade porque ela sabe
exatamente qual jogo nós estamos jogando.
E é uma delícia jogar com ela.
O jeito como estava aberta a tudo, a forma educada em que
degustou sua refeição, elogiando o tempero e a sobremesa. Seu
olhar quente em mim durante todo o tempo, ela não se fez de
recatada quando tirou o sobretudo, uma vez que fechamos a porta
da varanda, porque a chuva lá fora aumentou muito.
Em um determinado momento, ela gargalhou de um
comentário que fiz sobre um típico restaurante da região onde ela
morava e era conhecido por ter procedências alimentícias
duvidosas, Talassa suspirou profundamente, quase chorando e
reclamou de como seus pés estavam doendo nas botas.
— Você pode tirá-las — foi o que eu disse, uma frase simples
que soou roucamente, roubando o sorriso do seu rosto.
— Vai amanhecer a qualquer momento... — Sua voz veio em
um sussurro quando ela se abaixou e eu ouvi o zíper da sua bota.
O alívio preencheu seu rosto quando os saltos estavam fora
dos pés.
Talassa se levantou, esticando seus dedinhos e girando com
a música que tocava em um volume muito confortável.
— Acho que preciso parar de beber — sorriu, mas puxou sua
taça e deu outro gole. — Obrigada pela noite, Odin, estava
precisando.
O jeito sincero que ela disse isso me acertou em cheio. Sua
máscara segura desmanchou diante dos meus olhos e eu me
levantei, segurando sua taça com delicadeza e colocando em cima
da mesa.
Talassa ficou me olhando quando toquei sua cintura
calmamente, puxando-a aos poucos, lhe dando espaço para se
afastar.
— Vamos dançar.
Era uma ordem implícita e ela assentiu, concordando com
isso, me deixando conduzir em uma dança lenta onde seu corpo
gostoso se moldou ao meu.
Prendi a respiração quando sua mão subiu para o meu ombro
e a sua cabeça se deitou no meu peito, se aproximando ainda mais.
Nos movemos lentamente ao ritmo de um blues antigo,
romântico e quase sensual.
Sua respiração desregulou quando acariciei suas costas sob
o tecido fino do seu vestido, a princípio um carinho despretensioso
que se tornou intenso à medida que meus dedos raspavam no
tecido macio do vestido de alças finas, que me davam uma visão
linda dos seus ombros, acompanhadas de alças de um sutiã
vermelho.
Porra...
A lembrança do seu corpo delicioso na lingerie transparente
me fez salivar, o pau enrijeceu dentro das calças e eu sabia que a
qualquer momento ela me sentiria.
Talassa fincou seus dedos no meu ombro, respirando mais
forte, e eu subi uma das minhas mãos até sua nuca, entrando em
seus cabelos e puxando o elástico que prendia seus fios. Os
emaranhados de tufos castanhos caíam sob seus ombros e costas,
exalando um cheiro muito gostoso.
— Eu gosto assim — falei roucamente. Ela ergueu seu rosto
para mim e suas pupilas estavam dilatadas, escurecendo ainda
mais seus olhos. Raspei meus dedos na sua nuca, enfiando entre
seus fios e puxando levemente. — Eísai téleios.[3]
Sinto quando seu corpo treme nas minhas mãos quando paro
de falar.
Como esperei por esse momento… E então, o destino
conduziu seu ritmo, sem que eu pudesse controlar.
Minha — a parte louca dentro de mim a reivindicou quando
guiei sua nuca na minha direção.
Talassa gemeu dentro da minha boca em um beijo delicioso,
puxei seus cabelos, invadindo sua boca com a minha língua,
reivindicando cada pedaço dela. Suas mãos subiram ao meu
pescoço quando a ergui pela cintura, cambaleando com suas
pernas ao redor das minhas e me sentando na cama.
Seus quadris rebolaram em meu colo, se esfregando na
minha ereção dolorida e eu a quis imediatamente.
Puxei o zíper do seu vestido até o cóccix, enfiando uma das
mãos por baixo e puxando. Parei de beijá-la momentaneamente e
ela cedeu livremente, me ajudando a livrá-la do seu vestido, os
olhos de Talassa estavam nos meus e eram igualmente como fogo.
— Tão gostosa... — Rosnei, encantando com seu corpo,
acariciando seus mamilos sob o tecido pequeno e transparente que
cobria sua pele. — Queria fazer isso desde que você entrou sobre
minhas pernas e rebolou na minha cara.
— Você gostou? — Sua pergunta provocadora age no meu
sistema, liberando o animal faminto dentro de mim.
— Dance para mim, Talassa — mandei, batendo na sua
bunda.
Ela sorriu, ficando de pé e eu abri a camisa, observando-a ir
até meu celular sob a mesinha e eu sabia que mudaria a música.
Tirei o relógio observando cada detalhe do seu corpo e
quando comecei a desafivelar o sinto, ela me deu um longo olhar e
andou em minha direção.
Essa mulher vai ser meu fim. Soube disso quando a olhei há
quatro meses e agora tenho a certeza disso.
— Eu tiro para você, lindo — sua voz é perigosa e me põe
insano.
Me afasto quando ela se ajoelha entre minhas pernas e com
música sensual tocando no fundo, ela abre o botão e empurra o
zíper. Seus olhos estão nos meus e eu ergo os quadris para que
retire minha calça. Os sapatos já estão longe e eu a puxo antes que
tente continuar.
— Dance, agora. — Exijo.
Toco meu pau sob a boxer branca, está duro e doendo, mas
ainda não é a hora da sua boquinha linda me mamar.
Talassa rebola a bunda deliciosa diante dos meus olhos,
rosno palavras incoerentes quando ela se aproxima para se sentar
no meu pau e rebolar em cima de mim, dançando no ritmo da
música.
Minha respiração acelerou e espalmei minha mão na barriga
plana, uma delas subiu para seus seios, estimulando o mamilo
intumescido enquanto a outra desceu pela barriga, adentrando entre
suas pernas, sentindo a boceta quente, úmida e molhada para mim.
Mordi seu pescoço ouvindo-a gemer baixinho enquanto
rebolava no meu colo. Puta que pariu, que coisinha gostosa.
Uma vadia deliciosa que vai me deixar maluco.
Capítulo 9
Odin Papadakis

Afastei sua calcinha para o lado e introduzi meus dedos na


boceta melada, sentindo uma fileira de pelos bem aparados
conforme deslizava pela carne quente, molhada, até a entrada
ensopada.
Caralho.
— Porra, que delícia... — Murmurei roucamente no seu
ouvido, mordendo o lóbulo e ela perdeu o controle do próprio corpo
quando a penetrei levemente, sorvendo sua umidade e espalhando
por toda a boceta. — Tão molhada, Talassa.
Puxei a lingerie com força para afastar do seu seio e
esfreguei o mamilo com força entre meu polegar e o indicador. Ela
finalmente gemeu, me dando o que eu queria ouvir e seu gemido é
uma delícia. Exatamente do jeito que eu imaginei todas as vezes
que gozei pra caralho pensando em como seria tê-la comigo.
— Odin! — Ela me chama e eu amo o jeito que meu nome sai
da sua boca. É uma delícia sua voz manhosa, seu corpo quente, o
jeito que rebola a boceta no meu dedo, se esfregando como uma
putinha ansiosa para gozar.
— Eu quero você gemendo para mim. É uma delícia de ouvir.
— Você está me deixando louca... — Sussurra ao me
obedecer, me entregando os gemidos que quero ouvir.
— Quer gozar assim, gostosa?
— Hmm... Uhmm... — Seus sons incoerentes aumentam meu
prazer.
Meu pau se aperta doloroso, mas primeiro ela, eu a quero
gozando para mim de todos os jeitos.
Quando rodeio meu indicador ao redor do seu clitóris,
esfregando em um movimento rápido, Talassa arfa forte e grita
incoerente. É tão forte que seu corpo estremece em cima do meu e
eu sei que ela está gozando.
Não penso duas vezes ao erguê-la, jogando-a sob a cama.
Seu muxoxo insatisfeito por ter parado de tocá-la dura poucos
segundos porque logo estou entre suas pernas, rasgando sua
calcinha e tomando a boceta na minha boca.
— Odin! — Me chama, suas mãos puxaram meu cabelo
quando penetrei a boceta completamente molhada, babada e
gozada, além de deliciosa.
Porra. Ela é uma delícia completa e quando começo a foder a
bocetinha com a língua ela se rebela de vez.
Seus gritos são audíveis, deliciosos e me deixam com um
tesão do caralho. Talassa rebola no meu rosto, puxando meu
cabelo, me demonstrando que ela sabe exatamente o que quer.
Pressionei suas coxas esfregando contra o meu rosto,
esperando o segundo orgasmo que eu sei que ela vai me dar. Seu
corpo treme inteiro e eu não paro de chupar cada parte da boceta
depilada, aberta para mim, inteiramente minha.
— Goza na minha boca, gostosa! — Comando e basta a
ordem para que ela me dê tudo.
Talassa é uma delícia. O corpo esbelto arqueando para mim
sem nenhuma reserva me deixa hipnotizado. Olho todas as suas
reações, sorvo seus gritos e chupo sua boceta enquanto ela me
entrega seu orgasmo.
Meu pau dói e eu preciso estar dentro dela. Conhecer cada
parte sua.
— Odin! Agora... eu... — suas palavras incoerentes
combinam com a minha necessidade.
Me inclino para a mesinha de cabeceira, abrindo e puxando
uma tira de preservativos. Seus olhares estão ansiosos enquanto
retiro a cueca, abrindo uma embalagem e desenrolando a camisinha
no pau.
— Abra bem as pernas, quero te ver.
Encaro seus olhos escuros, o desejo transmutando sobre eles
no acordo velado que houve entre nós. Ela também sente ou isso é
uma loucura da minha cabeça?
— Hoje estamos ansiosos, mas a próxima vez vai ser lento.
Devagar. Preliminares e orgasmos, foder só depois que você tiver
gozado muito.
— Sim... Mmm... — Seu gemidinho me enlouquece.
Posicionei a cabeça na sua entrada, esfregando, lubrificando
o preservativo sem desviar meus olhos dos seus. Quando me apoio
no travesseiro ao lado da sua cabeça e impulsiono para entrar, é um
caminho sem volta. Talassa arfa forte e me afundo dentro dela.
Porra.
É indescritível.
Ainda que haja um pedaço de plástico maldito entre nós,
posso sentir o calor da sua boceta, o quanto está molhada, a forma
deliciosa que deslizo para dentro dela me põe de joelhos.
— Fantástico — sussurrei ao beijar sua boca. Ela me abraça
e eu me sinto muito fodido quando suas pernas se fecham ao redor
do meu quadril e eu começo a foder.
É uma derrocada injusta ao inferno.
Suas unhas arranhando minhas costas, um beijo gostoso que
me deixa completamente envolvido, a forma como as suas pernas
me mantém preso no seu feitiço. Eu gozaria dentro dela milhares de
vezes sem pensar direito.
Essa mulher é a porra de uma sereia me afundando em alto
mar, se eu não tomar cuidado vou acabar me afogando
irremediavelmente.
— Mais... Mais… Odin! — Suas palavras soam incoerentes.
Aumento o ritmo, olhando em seus olhos e deslizo minha mão
sob seus seios até seu pescoço. Fecho os dedos ao redor deles,
mas não aperto. Talassa me lança um sorriso traiçoeiro, um olhar
que me destrói. Eu quero que essa filha da puta sinta o mesmo que
eu. Que ela fique destruída para qualquer babaca que pague pela
sua companhia.
— Não — rosnei, ela não entende e eu fodo mais forte. —
Não.
— O quê? — Suas sobrancelhas se erguem, confusas.
Você é minha — gritei na minha cabeça. Deixei a
possessividade me dominar, fechando meus olhos e me erguendo
parcialmente para tomar impulso e foder mais fundo. Quando abro
os olhos novamente, ela está me encarando compenetrada.
— Não — repito. Ela sorri, como se entendesse o que estou
dizendo.
— Sim.
Você não vai dar essa boceta para mais ninguém.
— Vadia... Não.
— Então me prove que não. Me faz gozar de novo, Odin,
porque senão outro fará por você.
E é assim que eu fecho aperto meus dedos ao redor do seu
pescoço e a enforquei. Talassa segura suas mãos na minha e é
louco, porque ela está empurrando ainda mais contra seu pescoço,
exigindo mais pressão, com o sorriso no rosto enquanto sua face se
avermelha.
Meu coração dispara pra caralho e eu puxo minha mão da
sua pele, quase aterrorizado com a nossa intensidade.
— Sua maluca — rosnei, beijando-a com força, fodendo sem
parar e arrancando gemidos ao mesmo tempo que estimulava o
biquinho do seu peito.
— Vou gozar! — Ela grita quando paro de beijá-la para
chupar seu peito. Suas unhas arranharam minha nuca e eu tomei o
mamilo na minha boca, mamando sem parar, mordendo o biquinho
duro e eu sei que isso é tão gostoso pra ela quanto é para mim.
Sinto exato momento que seu canal me aperta em contrações
deliciosas e Talassa xinga palavras incoerentes, gozando para mim
e sorrateiramente me levando junto em um orgasmo alucinante.
Jatos da minha porra enchem o preservativo e, mesmo gozando,
minha fome por ela não acaba.
Duas semanas, só duas semanas — repito na minha mente,
na esperança de que meu pau obedeça ao meu cérebro e entenda
que um tempo limite é o suficiente para matar o vício que está
surgindo.
Capítulo 10
Odin Papadakis

Um telefonema às sete da manhã me impede de vê-la


acordar. Talassa estava dormindo no meu braço, apagada. Depois
da nossa terceira rodada de sexo ela simplesmente apagou. Tentei
chamá-la duas vezes, ela não reagiu e me perguntei há quanto
tempo ela não dormia.
Estava me sentindo esquisito pra caralho desde que saí do
hotel após deixar um bilhete avisando sobre meu imprevisto e
dizendo que ela poderia ficar o tempo que quisesse, além disso,
deixei um dos meus cartões de visita com o meu telefone pessoal
anexado.
Agora, às duas da tarde, não há nenhum sinal dela. Estou
quase pedindo para que um dos funcionários do hotel a verifiquem.
Sei que ela ainda não saiu do Empire porque tenho funcionários
vigiando as câmeras de segurança do meu andar.
Uma batida à minha porta e um aviso para que entrem é o
suficiente. Orien passa por ela sorrindo cinicamente e arqueei
minhas sobrancelhas quando ele sacudiu o bloco de folhas em sua
mão.
— Está pronto. — Diz, colocando sob minha mesa e eu puxo
o contrato.
Era isso que eu queria, então por que não fico satisfeito
quando leio o prazo determinado no parágrafo de apresentação?
— Vai seguir mesmo com isso? — Pergunta ao se deparar
com meu silêncio. Encaro meu amigo, uma das poucas pessoas que
confio nessa vida, e me pergunto se ele está secretamente me
julgando.
— Você é notoriamente contra.
— Você vai fazer 40 anos, Odin. Pensei que quisesse ter uma
família a essa altura. Sua mãe vai ficar chocada se seguir com o
que planeja.
— Tenho que ir para Grécia e ao mesmo tempo quero ficar
com ela. Então vou unir o útil ao agradável.
— E se ela disser não? — Me pergunta.
— Ela não vai.
Eu garanti isso. Fechei todas as suas portas ao ponto de que
a minha fosse a única aberta.
— Além disso... Onde ela conseguiria tanto dinheiro em duas
semanas? Seguro saúde, apartamento, carro... Uma vida inteira de
estabilidade em qualquer lugar do mundo.
— Uma sugar baby, amigo. Parabéns. Bem-vindo ao mundo
da modernidade.
— Sugar o quê? — Pergunto, já sem paciência para suas
gracinhas.
Orien se levanta, joga as mãos para o alto e me manda
procurar no google depois de ler o contrato, quando olho os papéis
novamente, vejo que ele mencionou a mesma palavra no tipo de
relação que quero ter com Talassa.
— Como seu advogado, garanta que ela assine isso se for
embarcar com você para Grécia e conhecer sua família. Ah, e não
esqueça de encapar o pau, se ela engravidar, nada nessa merda
vale.
— Cuide da sua vida, Orien. Saia da minha sala.
Ele debocha e me lança o dedo do meio ao sair e eu me
deixo soltar uma risada quando fecha a porta atrás dele. Abro o
google, cedendo à curiosidade e quando vejo o que significa sugar
baby, fico puto.
Porra, que patético...
Mas não é exatamente isso que estou propondo a ela? Um
relacionamento amoroso com múltiplos benefícios? Os da minha
parte é o seu sonhado suporte financeiro, uma vida livre de
complicações em troca da sua preciosa presença. Eu sei que é isso
que Talassa está buscando e eu estou disposto a dar a ela.
Uma noite... Uma única noite com essa mulher e eu pareço
um adolescente ansioso pra caralho.
Fecho meu notebook para focar no contrato que Orien
redigiu. É só um termo legal onde todos os seus direitos estão
garantidos, além de um acordo de confidencialidade, não quero que
essa merda vaze para a mídia uma vez que nosso enlace esteja
acabado.
Me encosto a cadeira, pensando no que será que ela está
fazendo agora e paraliso quando meu celular toca, uma chamada de
um número desconhecido.
Eu sei que é ela.
Deixo que toque algumas vezes antes de atendê-lo.
— Odin?
— Acordou, Bela Adormecida? — Arrisco uma piada. Recebo
sua risada e quase respiro em alívio.
Ela ainda não foi embora, até por que, para onde ela iria?
— Me desculpe, eu dormi demais. Estava há quase 48h
acordada. Onde você está?
— Trabalho.
— Ah... Bem, basta bater à porta quando sair?
— Na verdade, gostaria que me esperasse. Nós não
conversamos ontem.
— Há algo errado?
— Por que teria?
— Por que você é tão evasivo, senhor Papadakis? — Sorrio
com a sua irritação, ela tem razão, mas é difícil não ser. — Que
horas você volta? Tenho alguns compromissos hoje.
Cerrei minhas mãos em punho sob a mesa com a mente
fervilhando.
Que compromissos? Ela está jogando de novo comigo?
Você não tem sequer onde morar, Talassa — digo a mim
mesmo, mas porra, se o que ela fez comigo ontem na cama for um
indicativo de fidelidade em clientes, entendo que tipo de
compromisso ela pode ter.
O ciúme bate novamente e eu o engulo.
Ela não é sua — meu cérebro acusa.
Ainda.
— Você sabe que vale a pena esperar, Talassa. Vejo você
mais tarde.
Eu desligo antes que possa me responder.
Volto a me recostar na cadeira, pensando no que disse e
mando uma mensagem para o detetive. Se ela está em contato com
algum dos seus antigos clientes, quero saber quem é.
Capítulo 11
Talassa Katsarus

Maldito controlador.
Enfiei meus pés dentro da bota e puxei o zíper de uma,
depois da outra, procurei pelo meu carregador e coloquei de volta
na bolsa. O celular carregou o suficiente para conseguir ligar para
ele e, talvez, dê para pedir um carro por aplicativo. Mas, agora está
cedo e eu consigo ir até a estação do metrô andando.
Coloco o sobretudo e observo a cama desarrumada com um
sorriso no rosto.
Foi uma ótima noite.
Eu precisava esquecer de todos os meus problemas e Odin
foi capaz disso, mas facilmente reconheci que estava diante de um
outro bem maior. Eu não podia repetir, não tinha a menor
possibilidade de entrar nessa situação e não colocar sentimentos na
equação, ele era intenso e por sua vez, despertava a mesma
intensidade em mim.
Sorri ao lembrar da forma que o provoquei e apertei sua mão
no meu pescoço.
Você é louca, Talassa.
Bati à porta ao sair, andando para o elevador depressa.
Precisava resolver a minha vida e viver um conto de fadas
mal feito com Odin Papadakis não me daria o dinheiro que eu
precisava.
Quando liguei o meu celular havia algumas mensagens de
Sahad com possíveis encontros para essa noite, de acordo com ele,
encontros sem finais felizes. O tipo de serviço que eu adorava fazer.
Os funcionários me encararam quando desembarquei na
recepção do hotel. Acenei para alguns, saindo depressa e
respirando aliviada por estar sol, odiava chuva. O tempo ainda
estava muito frio, faltava pouco mais de duas semanas para o Natal
e eu sabia que a neve logo cairia.
Andei alguns quarteirões e optei pelo ônibus porque me
deixaria mais perto que o metrô. Sentei-me em um dos últimos
bancos, abri um pacotinho e retirei um chiclete de dentro, pegando
meu celular em seguida. O cartão de Odin estava sob a tela e me
deixou arrepiada ao ler seu nome com a fonte elegante.
Ignorei, puxando meu celular para fazer uma ligação.
Desbloqueei a tela, disquei o código de área para uma chamada
internacional e esperei completar.
— Oi, mana.
— Oi. Como você está? Não consegui ligar mais cedo. —
Sabia que lá eram quase meia noite, mas ela não dormia cedo.
— Estou bem... Está tudo bem.
— Tem certeza? Você está se alimentando direito?
— Sim, não precisa ficar preocupada.
Como não ficar? Metade do meu coração estava com ela, na
Grécia.
— Eu vou mandar o dinheiro ainda hoje. São para os
remédios, precisa me prometer que vai comprar tudo, Hera.
— Eu vou comprar os remédios, Talassa. Eu prometo.
Só sorrio e ouço a vozinha amorosa e sonolenta no fundo da
ligação. Meu peito espreme, eu quero chorar, mas segurei a
vontade.
— Ela quer falar com você. Acordou com o som da minha
voz.
— Tudo bem...
— Oi, mamãe!
Minhas narinas ardem e coloco a língua no céu da boca,
controlando a respiração, porque isso nunca vai deixar de ser difícil.
— Oi, amor. Está obedecendo a tia Hera?
— Sim! Você está vindo me buscar?
— Ainda não, bebê. Mas eu prometo que falta pouco. Eu te
amo, Maia.
Ouço minha irmã falando algo com ela, o muxoxo infeliz da
minha filha e logo Hera volta para a ligação.
— Ela está bem, não se preocupe. Cuide de você, Talassa,
aqui está tudo bem.
— E o Temir?
O medo vem forte porque dependendo da resposta da minha
irmã terei que voltar para Grécia imediatamente e nesse momento
eu não posso. Preciso ficar aqui, preciso do emprego, minha família
depende disso. Os meus quatro meses na Grécia foram infernais,
além de não ter conseguido nenhum emprego fixo, o pouco que
consegui mal deu para cobrir as despesas médicas de Hera e
comprar alguns dos medicamentos que ela precisava.
— Continua preso. O julgamento foi adiado novamente, pelo
o que soube, não há notícia sobre liberdade condicional.
— Não pode vacilar, Hera, se ele descobrir onde vocês
estão...
Não termino a frase, nós duas sabemos o que Temir seria
capaz e só o pensamento já me deixa apavorada.
— Ele não vai nos achar. — Ela promete e eu me agarro
nisso ao desligar.
Preciso de boas notícias urgente.
Quando desço do ônibus parando em frente a uma loja de
roupas femininas, uma loja bem cara, fico olhando a vitrine
procurando me identificar nos manequins luxuosos que ostentam
coisas caras. Por fora sou como os bonecos de plástico pintados de
dourado: uma linda boneca com grife falsificada, fazendo de tudo
para se dar bem nessa vida.
Continuo caminhando pela calçada e alguns metros depois
estou em um banco. Consigo fazer a operação em um caixa
eletrônico, deposito todo o dinheiro do pagamento de ontem na
minha conta, exceto cem dólares para alguma eventual emergência.
Quando saio da agência, meu celular vibra dentro da minha
bolsa e eu quase posso sorrir ao atender a ligação de Sahad.
— Minha deusa grega, seu encontro desta noite será no
Cassino Dallas.
Finalmente a boa notícia chegou.
Capítulo 12
Odin Papadakis

Ela saiu do hotel e não atendeu nenhuma das minhas


ligações, me perguntei que diabos de jogo essa mulher estava
fazendo antes de receber um e-mail do detetive que contratei para
vasculhar sua vida e entender qual o jogo que a morena estava
fazendo.
Agora, de pé entre alguns conhecidos, posso vê-la parada há
alguns metros, de costas para mim e com um vestido preto justo ao
corpo com um decote generoso em suas costas.
Talassa ainda não me viu.
Sou apenas um voyeur distante, fissurado em cada um dos
seus pequenos movimentos, com o pau enrijecido dentro das calças
e um ódio crescente no peito. Principalmente quando o velho que
ela está acompanhando se aproxima, lhe oferecendo uma taça de
champanhe, sorrindo como um maldito presunçoso por estar com
uma mulher mais nova.
Mas não é isso que você é também? — Uma parte dentro de
mim aponta, me fazendo sentir ainda pior.
Viro o restante da minha bebida no copo e estou pronto para
me afastar e monitorá-la das sombras quando Orien se aproxima
com a esposa e Lauren, a minha acompanhante dessa noite.
Você é um fodido doente, Odin — meu cérebro volta a
apontar e só posso concordar. Fogo se combate com fogo, mas,
diferente de Talassa, Lauren não está aqui por dinheiro. Ela foi uma
das mulheres que cheguei mais perto de ter um relacionamento real,
faz parte de uma família renomada e é uma modelo internacional.
Esse foi o motivo do nosso término, além da evidente distância
emocional entre nós, Lauren se mudou para Paris e eu não queria
nada à distância.
— Odin! — Sua voz chega até a mim antes da sua presença.
É alta suficiente para chamar atenção das pessoas próximas.
Lauren tem um sorriso de satisfação no rosto quando abro os
braços e a recebo em um abraço. — Você fica lindo em azul.
Suas mãos alisaram o terno do meu smoking depois que ela
deu um beijo no canto da minha boca, sorrindo em seguida e
limpando o seu batom da minha pele.
— Coloquei em sua homenagem.
— Eu adorei. Fiquei feliz com a sua ligação, tenho poucos
dias na cidade e adoraria passar alguns deles com você.
— Só se me der sorte hoje — aviso em um falso tom de
brincadeira.
Meses atrás ela não precisaria falar nada, eu a teria levado
daqui quando sua boca tentou beijar a minha. Foderia com prazer
porque, como qualquer homem saudável, gosto de sexo. Lauren
voltaria satisfeita para Paris e eu teria bons momentos com uma
mulher que já tive afinidade.
Mas, agora...
Tudo que consigo sentir é uma fúria crescente quando a
sensação de estar sendo observado atenua. Estendo o braço para
Lauren, pronto para me virar e confirmar a teoria e quando o faço, o
choque ainda me deixa mudo. É sempre avassalador olhar o mar
chocolate em seus olhos, observar o modo como sua expressão
está rígida, quando me olha seriamente e tenta disfarçar com o
mesmo aceno que me deu na primeira vez que nos vimos.
— Quem é? — Lauren pergunta. Ela é uma raposa astuta e
não deixa de perceber a mulher mais jovem que tem a minha
atenção.
— Ninguém — respondo.
Orien murmura algo atrás de mim sobre irmos até a mesa da
roleta. Não aceno de volta para Talassa quando conduzo Lauren na
direção oposta de onde a minha grega está. Ainda sinto minhas
costas queimarem enquanto me afasto, parando alguns metros de
distância, onde Orien está pegando nossas fichas para essa noite.
O que estou fazendo?
A tensão dentro de mim aumenta gradativamente, assim
como a raiva crescente, quero olhar atrás e ter certeza de onde ela
está, mas Lauren exige minha atenção ao se animar com os jogos.
Pela próxima hora eu dou um show de superficialidade, tudo
que eu não sou vem à tona em um gesto infantil de um homem
desesperado, que quer mostrar à essa mulher o que ela perdeu ao
escolher ser acompanhante de luxo de um velho qualquer.
Lauren solta alguns gritinhos quando escolhe a cor na roleta e
nós ganhamos pela terceira vez seguida. A abracei quando pulou
em minha direção, comemorando efusivamente e vejo a grega por
sob seus ombros. Talassa não está abalada e se está, disfarça bem,
porque a cretina tem um sorriso divertido nos lábios, me encarando
da mesa de pôquer, onde está jogando com um homem.
Eu abraço minha acompanhante pela cintura e dou a Talassa
o mesmo sorriso que me oferece enquanto sussurro no ouvido de
Lauren:
— Vá buscar seu prêmio, você mereceu. — Ela assentiu,
animada e se afastou.
Fico me perguntando o que Talassa acha que eu falei porque
seu sorrisinho cínico se desfaz e ela me lança um olhar em puro
desafio.
Acho que ganha em seu jogo de blefe porque o velho que a
está acompanhando comemora. Ela se levanta, fala algo para ele e
eu a observo se distanciar sozinha.
— Não faça isso — Orien me alerta quando entreguei as
fichas que restaram em sua mão. — Lauren já está voltando.
— Então a distraía.
— Você é um filho da puta — ouço-o dizer, mas já estou
andando para longe dele e só rio do seu comentário. Ele tem toda
razão.
Sigo o caminho que Talassa fez e sei que é em direção ao
banheiro feminino.
— Preciso de alguns minutos a sós com a dama lá dentro —
informo para uma das seguranças guardando a entrada do lavabo.
Entreguei uma ficha dourada que estava em meu bolso, ela vale
algumas centenas de dólares ou lucro bruto em jogadas pelo
cassino, a mulher assentiu e sorriu quando aceitou a moeda.
Quando eu abro a porta, ela está me esperando. Talassa está
de pé, apoiada na bancada elegante do banheiro, de braços
cruzados e com os olhos focados em minha direção enquanto me
observa fechar a porta.
— O que quer de mim, Odin? — Sua pergunta não é tão
receptiva quanto seus gemidos na madrugada passada.
Me lembrar da nossa noite dispara um gatilho de alerta. Tudo
que eu disser será usado contra mim, então só me aproximo o
suficiente para sentir o cheiro delicioso do seu perfume e cercar
meus braços ao redor do seu corpo esguio.
— Você me desobedeceu.
— Disse que tinha compromisso — ela fala com as
sobrancelhas arqueadas em um adorável desafio.
— Está precisando de dinheiro, Talassa?
É sobre isso que se trata as coisas no final das contas, não?
Sobre dinheiro. É o que move o mundo, também o que move as
relações humanas atualmente. Tudo é uma troca.
Ela não me responde, sei que feri o seu orgulho e como todo
grego, ela deve ter muito.
Talassa me direciona um olhar frio e depois me lança um dos
sorrisos cínicos que eu desprezo, porque sei como essa mulher é
quente em uma cama, essa máscara de desdém se tornou
desnecessária depois que a ouvi gemer meu nome, nada indiferente
a minha presença.
— O que você quer de mim?
— Eu quero você — respondo.
Minhas mãos deslizam pela bancada até tocarem sua cintura,
apertando no vão delicado da sua curvatura. Ela não estremece,
pisca ou mostra abalo. Minha grega é mais durona do que pensei e
eu gosto disso.
— Quero mais do que tivemos, não foi o suficiente.
— Mas foi para mim.
— Mentirosa — acuso.
Seus olhos se estreitam quando aproximo meu rosto do seu,
sorvendo sua respiração quente, louco para beijar a boca pintada de
vermelho que ela sempre usa.
— Eu foderia você bem aqui... — Sussurrei ao encostar meu
nariz ao dela. — Te deixaria toda gozada para voltar ao seu
encontro desta noite. Quanto está cobrando, Talassa? Espero que
muito, essa boceta merece alguns milhões de dólares.
Esfrego meu nariz, ouço seu resfolegar baixo quando aperto
minha mão em sua cintura, pressionando meu corpo ao seu. Uma
espécie volátil de raiva me consome ao pensar que ela
provavelmente parará na cama daquele velho, essa noite. E eu não
vou permitir isso.
— Cuidado, Odin, pode acabar com a sua energia e broxar na
sua foda com a Barbie que você trouxe.
— Você sabe que eu aguento mais de uma, agápi mou[4].
Vejo a raiva atravessar seu rosto bonito. Talassa tenta
combatê-la e eu a admiro por isso. Mesmo sendo alta, ela continua
baixa comparada aos meus 1,98m. Quando ela se estica e sob seus
dedos ágeis pelo meu paletó, se alojando na minha nuca, sei
exatamente o que fará.
— Sua... — A palavra morre na minha garganta quando ela
beija meu colarinho, deixando a marca dos seus lábios exposta na
camisa branca embaixo do paletó do smoking.
Um sorriso vitorioso brinca nos seus lábios, ela passa a
língua por eles, posso ver que a vingança pela minha provocação foi
concluída com sucesso. É como se ela estivesse dizendo para
qualquer pessoa que me veja hoje que sou seu.
Enrolei meus dedos no seu pescoço, empurrando-a para trás
e pressionando seu corpo ainda mais ao balcão de granito da pia.
Seu sorriso quase perverso continuava lá, me colocando maluco,
querendo o controle a todo custo.
— Eu vou te falar o que você fará quando sair desse
banheiro, Talassa Katsarus, inventará uma desculpa qualquer para o
filho da puta que a trouxe aqui hoje e me esperará no saguão.
— Não.
— Talassa...
— Me solte, Odin — manda e eu o faço. Me afasto um passo
para olhar seu pescoço vermelho pelo meu aperto, ela não está
aborrecida, a maldita tem um sorriso presunçoso nos lábios
enquanto arruma sua postura.
— Você inventará uma desculpa para ela, também?
— Sim.
— Não — rebate. — Você vai dizer a ela que vai sair comigo.
De alguma forma louca, você sabia que eu estava aqui, sei que
sabia. Você a trouxe para me provocar.
— Está blefando, nós não temos nada, por que faria isso para
te provocar? . — Odeio a forma como ela sabe me ler. Quero
levantar minhas defesas, mas Talassa é rápida em derrubá-las.
— Quem está mentindo agora? — Questiona.
Lauren não significa nada, eu vim por ela, mas se eu der o
que Talassa quer, ela vai dominar tudo e eu não vou ceder o
controle.
— Pensei que fosse uma mulher inteligente, estava
enganado. Adeus, senhorita Katsarus.
Capítulo 13
Talassa Katsarus

Ele saiu do banheiro deixando meu coração aos saltos, com


uma sensação indescritível do vazio. Insanamente senti falta até do
seu gesto possessivo ao me dominar pelo pescoço e latir suas
ordens como se eu fosse sua serva.
Me olhei no espelho e encarei minha feição abalada pelo
caminhão intenso que me atropelou desde o segundo em que o vi
com a loira falsificada pendurada no seu pescoço. O sangue ferveu
pela minha veia, principalmente quando ela me encarou de cima
para baixo, dizendo claramente com um olhar o quanto somos
destoantes.
O meu acompanhante dessa noite é um senhor simpático,
recém-viúvo, que quer mostrar aos outros que está vivo. Ele me
contou que a loira se chama Lauren Griffin e bastou uma pesquisa
rápida para descobrir que é herdeira de uma família americana
muito tradicional e uma modelo famosa, atualmente vivendo em
Paris. Também descobri sobre o relacionamento relâmpago dela
com Odin. Não era só uma mulher qualquer que ele trouxe com ele
e sim uma com quem teve um passado.
Foi isso que me deixou furiosa.
Se ele queria que eu saísse daqui com ele, então diria a
modelo que a estava deixando por mim, era uma questão imatura?
Talvez, mas o homem a trouxe para me provocar, não somos tão
diferentes.
Quando deixei o banheiro, minha máscara de passividade
estava de volta. Caminhei calmamente para procurar o meu
acompanhante e estreitei meus olhos quando o vi conversando com
Odin. Minhas mãos tremeram com raiva, principalmente quando ele
me olhou e sorriu, voltando a atenção ao George.
— Talassa! — Dafne, a esposa de Orien, me abordou no meio
do caminho com um sorriso hospitaleiro nos lábios.
Ela era um amor de pessoa, por isso a abracei e puxei um
assunto corriqueiro.
— Essa é a Lauren Griffin. — Não teve apertos de mãos ou
beijinhos no rosto. Lauren sorriu contidamente, perguntando como
eu estava ao sermos apresentados.
— Odin está demorando — falou, olhando para a mesma
direção que eu. — Está fazendo politicagem. Odin seria um
excelente candidato a senador, não acha, Dafne?
— Se ele não detestasse tanto política, poderia se candidatar.
— A amiga concordou.
— Você conhece Odin, Talassa? — A tal Lauren perguntou
diretamente a mim. Eu sorri, entendendo finalmente por que ela o
havia trazido para nossa pequena conversa.
— Conheço sim. Nós estivemos juntos ontem à noite,
inclusive.
— Juntos? — Eu sabia que estava sendo maldosa e não me
importei. Sentindo um pouco de raiva, apenas sorri e assenti ao
visualizar Odin se despedir de George.
— Sim. A suíte que ele tem no Empire é incrível. —
Completei. Lauren tossiu, nitidamente surpresa e eu sorri para
Dafne. — Foi um prazer, meninas, tenho que ir.
Quando completava meu caminho para George, fazendo o
mesmo caminho que Odin fazia para Lauren, nós dois trocamos um
olhar intenso e cheio de significados.
Ele passou por mim com um sorrisinho nos lábios e eu fiz o
mesmo com ele.
George estava apertando a mão dos seus amigos quando
cheguei até ele. Me lançou um olhar irritado, se aproximando o
suficiente e pedindo para que me abaixasse para falar ao meu
ouvido.
— O senhor Papadakis me contou o que fez a suíte dele —
de alguma forma, enquanto George falava, eu sentia que mataria
Odin. — Farei a transferência para a senhorita, mas nunca mais
quero vê-la. Sua conta do cassino será debitada do meu cartão,
mas por favor, não me cause problemas, menina.
Dito isso, apenas se afastou, me deixando com uma bola de
fogo alojada na garganta. Olhei para trás e relaxei a feição porque
era nítido que Lauren estava tendo um acesso de fúria explosivo.
Abri meu celular e lhe enviei uma mensagem:
“Parece que subestimamos o nosso sangue grego. Te espero
no saguão, não demore.”
Passei pelo salão de jogos tentando descobrir se eu sentia
mais raiva ou vergonha por ter que ceder a ele pela necessidade do
momento. Quando entrei no elevador, algumas coisas estavam
sendo definidas na minha cabeça, a principal delas é que tiraria até
as calças de Odin. Ele não imaginava a louca que atraiu para sua
vida quando decidiu interferir nos meus negócios.
Em menos de cinco minutos ele desceu pelo mesmo elevador
que eu, me procurou e encontrou sentada no grande sofá de couro
do saguão. Odin me olhou seriamente ao andar até a mim, arqueei
uma das minhas sobrancelhas, esperando pela sua explosão por ter
arruinado seu encontro com a namoradinha.
— Então a minha suíte no Empire é incrível? — Perguntou
com a voz rouca ao parar na minha frente. Me dediquei a olhá-lo de
baixo para cima e quando foquei em seus olhos em um castanho
muito escuro, me arrepiei completamente.
— E, eu, provavelmente, a destruí, certo?
Ele sorriu quase em uma confissão de que foi exatamente
isso que inventou para George.
— Você deixou uma mulher poderosa bem irritada, Talassa.
— Deveria temer? — Perguntei em tom de deboche.
— Deveria me temer. Mas você é um desafio e eu vou domá-
la. Agora, vamos. Temos que conversar.
Aceitei a mão que me estendeu, para minha surpresa Odin
entrelaçou nossos dedos, ignorando alguns olhares curiosos pelo
saguão. Saímos do prédio do Cassino Dallas em profundo silêncio,
seu motorista nos esperava do lado de fora, com o carro já ligado e
o homem abriu a porta para mim.
O caminho foi em profundo silêncio.
Eu pensei que estávamos indo para o Empire, mas quando o
carro seguiu em direção para fora da estrada, caminho das casas
que ficam na montanha, eu percebi que Odin estava me levando a
um novo lugar.
Direcionei um olhar a ele, dando de cara com o seu, mesmo
em silêncio a tensão sexual fluía entre nós. Estava irritada, muito
puta e com tesão. Ao mesmo tempo em que queria arrancar cada
pelo da sua barba perfeitamente desenhada, também queria me
sentar na sua cara e gozar na sua boca. Um calor absurdo subiu
pelo meu corpo e entendi exatamente o motivo de ter fugido mais
cedo. O que ele me provoca é perigoso e eu não quero me sentir
assim.
— O que você disse a ele? — Perguntei estrategicamente.
Queria sua resposta para alimentar a raiva.
— Que você é minha, mas em outras palavras.
— Quais palavras, Odin?
Sua frase possessiva não passou despercebida, mas eu a
ignorei para o meu próprio bem.
Céus, nós mal nos conhecemos... Isso é realmente uma
loucura.
— Posso ter dito que te deixei na suíte e você deu uma
festinha que me rendeu muitos prejuízos financeiros com alguns
artigos de luxo furtados.
— Você disse que eu te roubei?
— Você não iria para a cama daquele homem, Talassa.
— E o que você tem a ver com quem eu durmo ou não? —
Me exaltei, sem me importar com o homem ao volante que ouvia
nossa conversa.
Odin apertou a ponte do nariz e estava tentando controlar seu
gênio, eu sei que uma discussão pra valer entre nós será
desastrosa em níveis catastróficos.
— Não vou brigar com você, não agora.
— Você é um maldito arrogante! — Falo exasperadamente.
Ele só sorri, concordando com isso, como se eu tivesse lhe feito o
maior dos elogios.
O carro aumenta a velocidade quando Odin dá três tapinhas
no banco, acredito que seja um código entre eles e leva mais alguns
minutos até que reduza novamente, entrando em uma luxuosa
mansão entre a floresta.
A fachada de madeira me deixa encantada e eu não quero
sentir nada, nem mesmo deslumbramento, mas engulo orgulhoso
quando Odin abre a porta para mim. Ignoro sua mão, descendo
sozinha do veículo alto e acabei virando o pé porque meus saltos
afundaram na grama fofa.
— Não seja teimosa — murmurou ao me amparar, erguendo
facilmente e contra todos os meus apelos, ele me carrega pela
grama até a calçada da sua varanda que antecede a entrada da
casa. — Nunca mais exponha nossa vida na frente de funcionários,
está entendendo? Nossas questões são apenas nossas.
— Não me dê ordens como se eu fosse uma criança idiota!
— Você é terrivelmente difícil, mulher.
Puxo meus braços do seu alcance, abalada até o último fio de
cabelo, mas em silêncio enquanto ele abre a porta enorme para
mim.
— Bem-vinda a minha vida, Talassa.
Diz e para mim isso significa bem mais do que um convite
para entrar.
Capítulo 14
Odin Papadakis

Ela está puta e eu preciso de uma bebida forte para lidar com
a explosão que nós dois seremos se essa coisa desandar.
Caminho até meu bar e aponto a garrafa de Tsipouro [5]para
ela, que assentiu e voltou a encarar tudo ao redor da minha casa.
Quando a comprei, pensei que um dia teria uma família que
encheria os cômodos, mas isso foi aos trinta e nove anos se
passaram e continuo sem a perspectiva de encontrar alguém para
querer o algo a mais do que meus amigos tanto falam.
Sirvo duas doses, lhe direcionando uma delas e brindamos.
Talassa vira a sua rapidamente e eu faço o mesmo. O ardor acalma
brevemente os pensamentos acelerados dentro da minha cabeça.
Recolho nossos copos, deixando sob a mesinha e lhe apontei a
direção do sofá.
— Por que escolheu essa vida, Talassa? — A pergunta flui
sem que eu tenha controle, a encaro e espero que ela seja sincera.
É a sua grande chance de me dizer a verdade, de provar que
podemos ter uma conexão transparente, ainda que nada entre nós
seja convencional.
Eu tenho minha carga de erros e estou disposto a assumir a
responsabilidade por eles se ela também fizer isso.
— Não sou prostituta, Odin.
Arqueei a sobrancelha, ela suspirou e cruzou suas pernas
sem sequer suavizar a expressão séria.
— Acompanhante de luxo nem sempre transa com seus
clientes. Algumas pessoas realmente querem a companhia de uma
mulher bonita.
— Você nunca transou com nenhum deles?
— Não foi isso que eu disse — responde calmamente. — Já
aconteceu, sim. Mas os meus motivos são meus e não quero
compartilhá-los, não importa o quanto você seja convincente a fazer
essa descoberta. Tudo que precisa saber é que eu faço o que tem
que ser feito para sobreviver.
— Pensei que você fosse uma pessoa com uma vida
financeira resolvida.
Ela fica em silêncio, morde o lábio inferior e se move no sofá.
— Prada e Gucci não se compram sozinhas, não é mesmo?
Ela não faz isso por coisas — esse é o meu primeiro
pensamento. Mais uma vez persiste em suas mentiras.
— Então você faz isso por... Presentes? Como uma sugar
baby?
Sua risada é quase divertida, eu disse quase, porque a
irritação com o meu julgamento está lá. Eu nem sei por que diabos
quero que ela me diga, talvez por saber que uma parte de mim
nunca vai aceitar seu modo de vida, querendo desesperadamente
mudar tudo nela para que se enquadre naquilo que eu acredito,
naquilo que eu quero e que desejo. A mulher perfeita para mim.
Isso não vai acabar bem, Odin — alerto, mas ignoro o bom
senso quando ela se aproxima no sofá, tocando minha gravata de
um jeito sedutor.
— Quer ser meu daddy, Odin? — O cinismo fluindo por cada
uma das suas palavras enquanto me lança um olhar que me faz
queimar por dentro. Talassa sabe jogar muito bem esse jogo e
quando lambe seus lábios, sei que não vou resistir muito tempo,
quero beijá-la desde que a vi essa noite.
— Você é muito atrevida, garota — falei, segurando-a pela
sua mão, incentivando-a a vir para meu colo.
Talassa passa suas pernas ao redor das minhas, sentando-se
sob a ereção dolorida entre minhas pernas. Sua mão astuta
desfazendo o nó da minha gravata lentamente e seus olhos escuros
focados em mim.
— Você gosta disso. — Acusa.
— Sabe do que eu também gosto? Da sua boquinha
ocupada. Ajoelhe-se, Talassa.
Ela obedeceu com um sorriso nos lábios.
Abro o cinto com rapidez vendo-a se curvar entre minhas
pernas, puxando minha calça uma vez que o botão e zíper estão
abertos. Seus olhos focam na boxer preta e eu permito que faça o
que ela sabe fazer muito bem.
Essa porra foi de dez a zero muito rápido.
Talassa acariciou meu pau duro, indo da base até a ponta, me
deixando com mais tesão. Segurei seu cabelo com força e mirei na
boca pintada de vermelho. Me abaixei e a beijei com força. Nada
delicado, eu a queria e estava morrendo de fome. Um apetite voraz
que somente seu corpo gostoso seria capaz de me saciar.
Enfiei a língua na sua, chupando bem gostoso e sorvendo os
gemidos. Lhe dei uma mordida forte no lábio inferior e suguei em
seguida, acariciando e dissipando a dor.
Puxei seu couro cabeludo com força ao me afastar, olhando
em seus olhos e ela sorriu de um jeito que me deixou maluco.
— Chupa, porra — rosnei ao puxar meu pau de dentro da
cueca.
Talassa obedeceu de imediato, sua reação foi o suficiente
para arrancar um gemido longo. O jeito como lambeu o pré-sêmen
da glande me fez apertar os olhos e jogar a cabeça para trás,
soltando um gemido rouco e incoerente.
Sua boca desceu pela minha extensão lentamente, quente,
molhada, lambendo cada parte de mim, até me sentir atolado dentro
da sua garganta. Talassa tossiu levemente e voltei a encará-la. Seus
olhos focados em mim, um sorriso de canto nos lábios com a boca
cheia do meu pau e ela começou a me chupar. De início lento,
enchendo meu pau com a sua saliva, me fazendo deslizar pela sua
língua.
Uma das suas mãos massageava minhas bolas e revirei os
olhos, dominado pelo desejo e lascívia.
— Que delícia... — Falei, apertando os dedos no seu cabelo.
Talassa gostou do que ouviu porque tornou nossa experiência
ainda melhor, me provocando um tesão que nunca senti. Desceu
chupando com força, apertando meu pau dentro da boca pequena e
começou me foder com sua boca em um ritmo rápido. A outra mão
ocupou a base do meu pau e eu rosnei quando ela uniu o boquete
maravilhoso com a masturbação.
— Maldita — rosnei furioso, apertando mais seus cabelos,
empurrando meu quadril contra sua boca e querendo tudo dela. —
Por que você faz tudo tão gostoso?
Soquei fundo na sua garganta, deixando-a sem reação,
Talassa não pediu para parar e impulsionou para me engolir mais.
Quando achei que era impossível ficar ainda melhor, ela raspou os
dentes apertando meu pau entre suas mãos e me ordenhou com
maestria, fazendo meu pau ficar dolorosamente duro ao ponto de
não conseguir segurar mais.
Foi a primeira vez em que o orgasmo saiu do meu controle.
— Caralho! Vou gozar! — Avisei, tentando puxar da sua boca
e ela continuou ainda mais forte, me chupando até a base e eu
explodi em jatos fortes, pesados, enchendo sua garganta com a
minha porra.
O que foi isso?
Estava incoerente, insano, urrando com o tesão enquanto ela
me bebia inteiro. Quando Talassa terminou, meu pau estava limpo e
eu, sem palavras.
— Você disse que me deixaria toda gozada — ela falou,
voltando para o meu colo e erguendo seu vestido, tirando-o do
corpo. — Eu quero isso, daddy.
— Eu vou te dar tudo o que quiser, bebê.
Capítulo 15
Talassa Papadakis

Odin me empurrou contra o sofá, abrindo minhas pernas e


encarando minha calcinha pequena. Esperei pela sua reação
possessiva, ele não era delicado para nada, nem combinava com
sua personalidade. O homem é um grosso, estúpido e muito
gostoso e estou ansiosa pelo que ele fará.
— Me dê sua mão — murmura ao pegar sua gravata e eu
ergo os punhos em sua direção. Mordo o lábio inferior sabendo que
meu rosto deve estar uma confusão de batom vermelho borrado,
porque a boca dele também está, mas até isso fica sexy nesse
homem delicioso.
Odin está quase na casa dos 40, eu descobri isso
pesquisando sua vida na internet, mas ele aparenta facilmente ter
bem menos. Penso nisso enquanto ele faz um nó apertado com a
gravata em meus punhos finos.
— Erga-as sob a cabeça. Não se mova até que eu mande. —
Obedeço porque a ordem saindo da sua boca é a coisa mais
sensual que eu já vi.
Odin se afasta parcialmente, ficando de pé em seguida e eu
assisto-o hipnotizado ao se despir na minha frente, ficando
completamente nu. O homem chega a ser indigesto de tão alto,
musculoso, bonito e ainda consegue ter um monumento entre as
pernas que me deixou sem ter o que falar.
Quais são seus defeitos, Odin Papadakis?
Como um homem grego, sei que ele tem muitos, cresci
rodeada por homens inescrupulosos que acreditavam possuir uma
mulher porque faziam parte do seu ciclo familiar.
— Estou aqui — ele fala, atraindo minha atenção. — Fique
focada aqui, Talassa. Nada além de mim deve atrair sua atenção,
nesse momento você é toda minha.
— Nesse momento.
Ele não discute e eu espero que faça, isso me deixa um
pouco frustrada, mas o sorriso possessivo que ele me dá diz que
apenas escolheu não entrar nessa batalha porque até nos
momentos de briga ele quer ter o controle.
A guerra de ego que me deixa exposta, mas não recuo.
Odin calmamente vem para mim, ergue os meus quadris e
puxa a minha calcinha para fora, expondo minha boceta recém
depilada. É uma mistura de satisfação e irritação que colore seu
rosto e eu sei que está pensando.
— Essa noite era sobre fazer companhia, apenas isso. —
Murmuro, explicando e não sei por que o faço, porque logo me
arrependo.
— Se você for a minha baby essa porra de acompanhante de
luxo vai acabar.
— Então você quer mesmo ser meu daddy, Odin? —
Provoco. Ele rosna, enfurecido e eu recebo um tapa estalado na
parte interna da coxa.
— Eu quero ser o seu dono — é o que ele rosna antes de
enfiar o rosto entre minhas pernas e chupar minha boceta.
Automaticamente ergo meus braços para tocá-lo e ele me
empurra de volta ao lugar. Grito, porque é tão gostoso e me sinto
desprotegida. Meu corpo treme e estar com os braços presos
intensifica o prazer.
Odin esfrega seus dedos pelo meu corpo, acariciando meus
seios por cima do sutiã de tecido fino, meus mamilos endurecem e
eu quero ter sua boca me tocando por inteira.
— Tão... Ah... — Não consigo verbalizar e ouço sua risada
rouca. Ele está amando me ver vulnerável.
Odin empurra meu sutiã para provocar meus mamilos, sua
língua trabalha impiedosamente, estimulando meu clitóris em
chupadas incrivelmente lentas, quente, deixando minha boceta tão
molhada. É tão gostoso que contorço meus dedinhos dos pés,
minhas pernas tremem e meu estômago revira com o frio na barriga.
É torturantemente lento, gostoso, erótico. E o carinho nos
meus seios aumentam esse prazer ao nível que não consigo
suportar, me levando a um orgasmo quase cósmico. Puxo minhas
mãos ansiosas por liberdade, arfando pesado, gemendo seu nome
sem parar e ansiosa para ter mais e sem conseguir verbalizar.
— Camisinha — ele reclama e o desespero me faz pensar até
em foder sem.
Me sinto abandonada quando ele se afasta, puxo o ar com
dificuldade, os olhos fechados e o corpo inteiro arrepiado. Quando o
peso no sofá faz meu corpo retrair, sei que ele está de volta e eu
espero que me dê o que eu preciso.
— Olhe para mim, Talassa — sua voz é sombria e aquece
tudo dentro de mim; abro meus olhos e foco nos seus igualmente
escuros, Odin está diferente, há uma emoção nova no rosto e temo
que ela ocupe a minha. — Você vai ser minha?
Sua pergunta vem junto com a penetração. Arfo, arqueando a
coluna, abrindo mais as pernas para acomodá-lo melhor dentro de
mim. É gostoso sentir minhas paredes expandindo para suportar o
seu tamanho, a forma deliciosa que me sinto completamente
preenchida, como se a vida inteira estivesse esperando para me
sentir assim.
Isso é poderoso e perigoso, me faz querer chorar em
desespero, porque não quero que esse homem me faça sentir
assim.
— Me fode, Odin! — Grito para fugir do seu olhar intenso, da
sua pergunta que paira pela minha cabeça em um convite sinuoso.
Eu quero ser dele como nunca quis ser de alguém e por isso
eu fico vulnerável à sua presença. Me deixo ser amarrada,
dominada, para que esse homem adore o meu corpo como um
fanático.
— Que bocetinha deliciosa, Talassa. Tão quente. — Ele rosna
ao erguer meus joelhos, procurando mais espaço e atinge um ponto
específico dentro de mim que me faz gritar. Eu gemo com a
investida.
Odin ergue minhas pernas, colocando sob seus ombros e
começa a me beijar de um jeito muito erótico. Panturrilhas,
tornozelos, dedos. Isso me faz sentir de um jeito que eu nunca senti.
Movo minhas mãos, ansiosa para tocá-lo e ele me manda
ficar no lugar.
Reduz o ritmo porque sabe que estou desesperada. Nossos
olhos se encontram e nosso olhar diz muito mais do que palavras
seriam capazes.
— Um contrato entre nós, duas semanas... Seja minha,
Talassa. — Rosnou, voltando a foder forte. — Seja minha e eu vou
saciar todos os seus desejos. Tudo o que você quiser será seu, vou
cuidar de você.
— Odin... — Choramingo em meio ao tesão, seduzida pelas
suas palavras.
— Mas terá que ser só minha.
Assinto sem saber direito o que estou fazendo e ouço uma
risada provocadora. Ele baixa minhas pernas e se deita sobre mim,
reduzindo seu ritmo para um lento e torturante. Odin beija a minha
boca, abraçando minha cintura, me comendo de um jeito que me faz
lacrimejar. Torço minhas pernas em sua cintura, adorando o ritmo
lento e a intensidade entre nós.
— Diga sim — seduz beijando meu pescoço, segurando sua
mão na minha, entrelaçando nossos dedos. — Diga sim para ser
minha mulher.
Sinto outro orgasmo se formando em meu baixo ventre, estou
tão envolvida, emocionada pelo que fazemos, com os hormônios me
deixando eloquente.
— Diga sim — fala pela última vez porque estou pronta para
responder.
— Sim, vou ser sua, Odin.
Isso é o suficiente para acionar um gatilho eloquente nele.
Seus olhos estão nos meus, recebo um beijo avassalador e seus
quadris investem com força dentro de mim, me fodendo sem pausa.
Arranho suas costas e finalmente explodo na chama de desejo que
me consumia.
Odin rosna com a mordida forte que dou em seu lábio inferior
e algo na minha atitude dispara o mesmo efeito nele, porque sinto
quando seus jatos enchem o preservativo. Seus gemidos sendo
engolidos pelo nosso beijo urgente. Tornando tudo entre nós dois
extremamente inesquecível.
O que será de mim quando isso acabar?
Capítulo 16
Odin Papadakis

Ela dormiu comigo outra vez, dessa vez, acordei ao seu lado.
Talassa abriu os olhos meio receosa e procurou o celular antes de
me dispensar um cumprimento. O horário pareceu assustá-la.
— Bom dia — chamei sua atenção, preocupado com a
expressão tensa.
— Bom dia, eu preciso fazer uma ligação importante, você se
incomoda?
— Não. Quando terminar, desça, farei o café da manhã.
Ela assentiu, se levantando e indo para o banheiro.
Ontem a noite se resumiu em sexo duas vezes no sofá, uma
pausa para um lanche rápido e depois a trouxe para conhecer meu
quarto. A garota é jovem, linda, disposta e não queria parar. Tudo
que um homem pode sonhar, mas precisava admitir que ela me deu
uma canseira na última.
Nós não conversamos sobre nada depois que ela disse sim a
uma proposta feita no calor da emoção, durante o sexo que me
deixou rendido pra caralho, louco para o que mais faríamos juntos.
Quando saí do quarto a ouvi falar baixo com alguém, não me
preocupei porque ela usou o pronome feminino ao recepcionar a
pessoa do outro lado da linha, mas fiquei intrigado.
Desci os degraus apenas de cueca, bocejando um pouco,
mas despreocupado porque aos sábados meus funcionários em
geral — exceto a equipe de segurança —, tinham folga coletiva.
Antes de ir para a cozinha, saí de casa, indo para a garagem
dos fundos e abrindo a porta do carro para pegar minha pasta no
banco do carona. O trabalho era uma parte fundamental da minha
vida, mas hoje, não era isso que eu queria pegar na pasta.
Voltei pelos fundos, já entrando na área de serviço e seguindo
até a cozinha. Coloquei a pasta no balcão, acionei a senha e liberei
o acesso, pegando o contrato que estava acima de todos os
documentos de trabalho. Rolei meus olhos pelas linhas, conferindo
o nome completo de Talassa e seus dados pessoais timbrados no
papel, me deixando um pouco receoso com a forma que ela
receberia isso.
Deixei o papel sob o balcão, a pasta em um dos bancos altos
e abri a geladeira tirando alguns ingredientes de dentro.
Levou o tempo de preparar ovos mexidos e colocar pães na
torradeira para que o cheiro inconfundível do seu perfume surgisse
no ambiente.
Olhei sob meus ombros e ela estava de cabelos molhados,
rosto limpo de maquiagem e dentro de uma das minhas camisas
sociais.
— O cheiro está gostoso. Quer ajuda?
— Não. Sente-se, apenas.
Ouvi um “mandão” em voz baixa e sorri, voltando para o
fogão. Sabia que ela estava olhando o contrato nesse momento, seu
silêncio era um grande indicativo disso, mas quando ouvi o barulho
de página sendo virada, foi que tive a certeza.
Coloquei duas xicaras na cafeteira, programando o
equipamento e pegando alguns pratos no armário. A torradeira
apitou ao mesmo tempo que o bacon ficou pronto. Apaguei o fogo,
colocando ovos, bacon, torradas e queijo fresco no prato de Talassa.
— Alguma restrição com frutas? — Perguntei do meu lugar.
O silêncio persistiu alguns segundos e então ouvi um não
baixo acompanhado de um virar de folhas.
Me virei depois de colocar morangos, mirtilos e Burberry
dentro de uma taça. Talassa levantou os olhos da sua leitura, com a
expressão em branco e comecei a arrumar nosso café da manhã no
balcão.
— Quer mel?
— Pode ser — respondeu sem demonstrar muito.
Abri um dos armários procurando a meleira e achei no alto. O
café da manhã estava servido, puxei um dos bancos e me sentei na
frente dela, adoçando meu café com um cubo de açúcar.
— Há quanto tempo está pensando nisso, Odin? — Sua
pergunta soou baixa, confusa e bem diferente de como achei que
ela reagiria. Talassa não estava agitada ou avançando para mim e
tentando impor suas vontades, pelo contrário, parecia genuinamente
sem reação.
Ela está no escuro. O sabor disso é quase gratificante porque
foi assim que eu me senti por vários meses na sua ausência. No
escuro, tomado por um desejo impossível, fissurado em uma mulher
que vi somente duas vezes na vida.
— Desde que a vi. — Não minto. Se eu entregar alguma
coisa que ela queira, talvez seja mais fácil convencê-la de que é
isso que nós dois queremos, porque o sentimento aqui é mútuo,
embora ainda não saiba, Talassa quer ser minha.
— O quê? Na festa de Orien?
— Sim.
— Mas isso já faz quatro meses.
— Eu sei. — Falo ao olhar para o seu prato. — Coma, vai
esfriar.
Ela bufa, finalmente começando a ficar irritada e é isso que
eu quero. Eu sei lidar com gritos e fúria, não sei lidar com voz
mansa e um rosto perturbadoramente inocente. Não sei lidar com
uma Talassa agindo fora do programado por muito tempo.
Ela espeta o bacon com o garfo, misturando com um pouco
dos ovos mexidos e mastiga contra a vontade, bebericando o café
que está adoçando com o mel.
— Aqui diz que tenho que morar com você por duas
semanas... — Murmura e eu puxo a minha folha, lendo a cláusula a
qual ela se refere.
“DA COABITAÇÃO
Cláusula 4
As partes passam a coabitar na mesma residência. É dever
do contratante suprir qualquer necessidade, seja financeira ou física
da contratada. Os contraentes estabelecem que a vida em comum
será regulada pelos princípios do dever e respeito, respeitando a
individualidade do contratado.”
— Você tem dúvidas sobre isso?
— Claro que tenho, isso... É surpreendente até se tratando de
você, Odin.
— Eu te surpreendo, Talassa?
Ela inspira como se tentasse conter uma corrente furiosa
dentro do seu corpo, me olha de um jeito que me faz estremecer e
inala profundamente, assentindo sem muito entusiasmo.
— Vamos conversar sobre o contrato. Quais são as suas
dúvidas?
— Na cláusula 3 você especifica que o contrato terá duração
de duas semanas. Por que especificamente duas semanas?
Ela me surpreendeu ao perguntar isso.
Solto meu garfo e uno minhas mãos sob o balcão, dedos
cruzados, expressão neutra enquanto minha mente martela
rapidamente pela resposta. Como posso dizer de um jeito não tão
filho da puta que eu só preciso tê-la por alguns dias e matar a
necessidade doentia de ficar dentro dela ou simplesmente ouvindo
suas respostas malcriadas enquanto finge que não quer nada
comigo?
Acontece que Talassa me deixou viciado nas suas migalhas e
isso me enfurece.
— Pela cláusula 4, parágrafo 4, tópico 2.
Ela olha rapidamente pelo contrato e eu observo sua carinha
concentrada enquanto lê em voz alta:
— A contratada se compromete em ter disponibilidade para
viajar quando o contratante decidir, dentro do período vigente do
contrato. — Pausa após ler o tópico e volta a me encarar. — Viajar
para onde?
— O lugar que eu decidir, mas como um gesto de boa-fé, não
irei lhe deixar no escuro. Passarei as festas de fim de ano na
Grécia, com a minha família. Esse é o motivo de querê-la comigo.
— Na Grécia? Com a sua família?
Não gostei de como o som da sua voz se tornou estridente e
alarmante quando citamos o nome do nosso país.
— Sim, mas tenho minha própria propriedade, não
compartilharemos uma casa com ninguém. Não quero te
compartilhar com ninguém.
Ela engole em seco, parecendo desestabilizada e eu a fito
sem piscar, querendo sorver cada uma das suas reações.
— O que dirá a sua família?
— Nada. Ninguém tem nada a ver com meus assuntos, tudo
que precisam saber é que você é minha.
— Por duas semanas?
O que eu sinto é como brasa fervente atravessando minha
garganta.
Assinto contragosto e sorvo uma grande quantidade de café
para me limitar em responder. Ela volta a ler o contrato, parecendo
confusa e depois me encara novamente.
— Cláusula 5, segundo parágrafo — fala, limpando a
garganta e se preparando para ler. — Em caso de rescisão, todas
as obrigações assumidas em conjunto durante a vigência deste
contrato deverão ser imediatamente dissolvidas por iniciativa da
parte responsável ou titular da obrigação.
— Isso quer dizer que ao final desse contrato, caso haja uma
rescisão da sua parte, você ficará apenas com o que recebeu. Seja
mesada diária ou um presente, por exemplo.
— E se for da sua parte?
— Você receberá cada item descrito neste contrato, Talassa.
Isso é uma mera formalidade para proteger a nós dois.
— Como a exigência de sigilo da minha parte, descrita na
cláusula 4?
— Exatamente — falei, voltando a encará-la fixamente. —
Sou um homem de negócios, minha vida não pode ser destrinchada
e minha imagem não pode ser violada. Isso prejudicaria muitas
pessoas, não só a mim. Entende a gravidade? As ações da minha
empresa caíram com o escândalo, arruinando muitos empregos.
— Não vou falar para ninguém.
— Isso quer dizer que sua resposta é sim?
Ela engole em seco, eu posso ver a hesitação pairando em
seus olhos, mas há algo a mais pairando ali, também.
— Você não vai conseguir isso em outro lugar. Sei o quanto
você é jovem, bonita e não sou burro, outras oportunidades boas
irão lhe surgir, mas boa como essa? Um raio não cai duas vezes no
mesmo lugar.
— Precisa mesmo passar o fim de ano na Grécia?
— Há algo que deseja me contar, Talassa? — Pergunto
seriamente e lhe dou outra chance para ser sincera comigo.
Mais uma chance.
— Não quero voltar para a Grécia, apenas isso.
— Não vai voltar como Talassa Katsarus, não estará lá para
confraternizar com velhos conhecidos, voltará como minha... baby.
Ficará lá por mim.
— Você fala como se eu fosse uma coisa que está
comprando, Odin — suspira.
Me levanto porque já estou começando a ficar cansado dessa
história, me aproximo, virando-a em seu banco e abrindo suas
pernas. Talassa me acomodou entre elas, me deixando tocar em
seu queixo e erguê-lo ao nível dos meus olhos. Nós nos
enfrentamos por alguns segundos, seu orgulho grego transbordando
das írises escurecidas pela sua raiva.
— Uma coisinha muito cara, agápi mou. Mas como eu te
disse, sua boceta vale milhões, então eu vou pagar.
— Isso não é só pelo sexo... — Blefa, subindo suas mãos
pelo meu peito nu e fincando seus dedos sob meu ombro. — Você
fez o contrato antes de foder comigo.
— Touché. O que posso dizer? Tenho bons instintos e todos
disseram como você é deliciosa, Talassa. Por que se fazer de difícil?
Nós dois sabemos que você quer dizer sim. E nós dois também
sabemos que você vai adorar cada segundo das duas deliciosas
semanas que passarmos juntos.
— A cláusula 4, parágrafo 3, tópico 3, diz que as relações
descritas no contrato não são sexuais e que cada uma delas teriam
que ser consentidas verbalmente.
— Tem razão. E eu vou querer ouvir cada um dos seus sins.
— Digo ao puxar seu rosto para perto de mim. — Sim para quando
eu for chupar a sua boceta, sim para quando eu for mamar seu
peito, sim para quando foder esse cuzinho, sim para o meu pau
gozando em você inteira. Ah, delícia, eu quero todos os seus sins.
Cada um deles. Todos são meus.
— Maldito arrogante... — Ela verbaliza já incoerente porque
toco meus lábios nos seus e beijo forte.
Talassa geme dentro da minha boca quando enrola seus pés
na minha cintura, arranhando meu ombro e eu desço meus dedos
pela camisa, adentrando debaixo dela e sentindo seu calor.
— Tenho o seu sim, gostosa?
Ao invés de responder, ela só puxou meu pau para fora da
cueca, abrindo mais as pernas para mim.
Porra... Isso era mais que um sim.
Capítulo 17
Talassa Katsarus
Três dias depois
Odin estava sentado ao meu lado respondendo mensagens
sem parar em seu celular. Cruzei minhas pernas me sentindo um
pouco desconfortável. Estávamos em uma sala de espera de um
uma clínica particular nitidamente bem cara, onde ele havia
marcado um horário para nós dois, depois que finalmente aceitei e
assinei o seu ostentoso contrato de relacionamento.
Sugar baby — a palavra brincou na minha mente me fazendo
pensar em onde diabos estava me metendo, mas não podia ser
hipócrita, o dinheiro de Odin salvaria minha vida.
Não seja tola, Talassa — falei a mim mesma quando minha
mente empurrou pensamentos de que esse trabalho era o mais fácil
desde a minha vida suja na América.
Odin Papadakis não é confiável.
Era isso que eu dizia a mim mesma dia e noite, desde sua
proposta indecente, mas no fundo minha mente trabalhava em cada
cena de nós dois fodendo pela sua casa luxuosa. Quando eu deixei
sua residência no fim da tarde em que vi o contrato pela primeira
vez, seu motorista me conduziu até a casa de Rebecca, onde eu
estava ficando e juntei todos os meus pertences. Para minha
surpresa, até que eu decidisse se aceitaria ou não, Odin me queria
em um dos seus apartamentos em um prédio luxuoso no centro da
cidade.
Não atendi seus telefonemas enquanto pensava, porque no
fundo, só estava hesitando pela forma eloquente que meu coração
disparava quando ele estava perto e pelo jeito desesperador que
meu cérebro me implorava para ficar distante e eu queria realmente
ficar distante. Queria tanto ficar distante que, em um gesto
desesperado, liguei para minha irmã e tentei encontrar um meio de
trazê-la para a América, só para ouvir sua voz debilitada e perceber
que eu não tinha como me dar ao luxo de recusar uma proposta
com o nível que ele me fez.
De uma coisa Odin Papadakis estava certo: um raio não cai
duas vezes no mesmo lugar e eu sabia que nunca mais receberia a
quantia exorbitante para foder com ele por duas semanas.
Como se você odiasse a forma louca que seu corpo reage ao
dele — falo para mim mesma em um tom de autocrítica. A quem
estava querendo enganar? Desde que nós dois fomos para a cama
pela primeira vez, eu queria repetir.
Afinal, você prometeu arrancar até as bolas dele, não se
esqueça — relembrei.
Ainda estava engasgada com seu gesto possessivo. O
arrogante não tinha limites do que fazer para que eu fosse dele e
estava disposta a mostrar que não sou uma mocinha subserviente
do jeito que ele pensa e algo me diz, que no fundo, Odin sabe disso.
Pegue o dinheiro e não coloque o coração nessa equação.
Seja inteligente, Talassa, o futuro de quem você ama depende
disso.
— Talassa Katsarus — meu nome foi chamado pela
recepcionista e Odin me encarou, já se preparando para ficar de pé.
— É uma consulta ginecológica. — Ele franziu o cenho,
pronto para perguntar “e daí?” e eu o encarei de cara feia. — Você
não vai. Já me acompanhou em todos os exames, fique aqui e
espere o laudo médico comprovando minha virgindade.
— Não seja debochada comigo. Eu não gosto.
— Será mesmo? — Sorri falsamente, me levantando e
seguindo a mulher com um uniforme elegante.
Nós dois tínhamos feito um check-up completo, passei por
tantos exames o dia inteiro e estava exausta, ele também passou
porque foi uma exigência minha e Odin cedeu porque ele me quer.
Seus olhos desesperados e prontos para dizer sim a mim fizeram o
meu dia.
Mas entrar no consultório da ginecologista já é demais. Sei
que o resultado dos meus exames chegará no seu e-mail, até
mesmo os testes rápidos para infecções sexualmente
transmissíveis, que nós dois fizemos juntos, ainda que ambos
disséssemos que estávamos limpos.
Eu me deitei na maca depois de uma breve conversa com a
médica, estava me sentindo desconfortável, mesmo que ela fosse
agradável, respeitosa e simpática, eu odiava hospitais e tinha meus
motivos para não querer nenhum estranho colocando a mão em
mim.
O exame durou alguns minutos e quando acabou, respirei
completamente aliviada, sem perceber que lágrimas silenciosas
rolavam.
— Tudo certinho, Talassa. Você parece bem e saudável.
Secreção mucosa de acordo com o esperado. O DIU está no lugar,
tudo certinho.
— Obrigada, doutora.
— Os resultados dos exames serão entregues dentro do
prazo emergencial. Quer fazer alguma pergunta?
— Não, tudo perfeito. Obrigada.
Saí do consultório alguns minutos depois, já vestida e me
sentindo quase aliviada pela sessão tortura ter acabado. Odin se
levantou quando me viu e os olhos de ônix exalavam desconfiança.
— Os resultados chegarão no e-mail. — Avisei.
— Está tudo bem com você? Está pálida.
— Só estou cansada e com fome. Podemos ir? — Ele
assentiu e abriu caminho.
Possessivo e incapaz de respeitar o espaço do outro, Odin
colou em minhas costas e ficou o tempo inteiro bem próximo
enquanto descíamos pelo elevador, a caixa de transporte fez
algumas palavras e eu vi sua expressão azedar ainda mais quando
em um dos andares um médico sorridente nos cumprimentou.
Nós descemos antes dele, acenei em despedida só para
provocar o brutamontes que apoiava a mão enorme nas minhas
costas.
— Atrevida — ouvi sua reclamação e sorri internamente. Era
tão fácil provocá-lo. — Henzo já pegou suas coisas no apartamento.
O olhei sob os ombros, Odin estava com um sorrisinho
divertido no rosto e eu senti meu estômago gelar.
Estava acontecendo...
Dessa noite em diante, pelas duas próximas semanas, minha
casa é onde esse homem estiver.
Capítulo 18
Odin Papadakis

— Uma menina petulante — disse em voz baixa, assistindo o


entre e saí de funcionários pela minha casa, enquanto ao meu lado
o mais perto que eu tinha de um irmão dava risadas.
— Ela vai te enlouquecer antes do término do contrato.
— Ela vai tentar — disse ao Orien e arqueei as sobrancelhas,
me perguntando de qual lado ele estava. — Obrigado por trazer
Dafne para ajudá-la.
— Por nada, eu acho. Espero que minha esposa não aprenda
nada com os maus modos de Talassa.
— Aquela ali torna até o mais inocente dos homens em
pecadores. Não espere muito dela, ou melhor, não espere nada.
— Não está preocupado? — Me perguntou.
— Com o quê?
— Sua mãe.
O jeito que ele pronunciou a frase não me afetou. Recostei-
me mais ao sofá e bebi outro gole da minha cerveja quando um dos
meus funcionários atravessou a sala com uma arara enorme de
roupas. Chegava ser engraçado como eles pareciam baratas tontas
com os mandos e desmandos de uma garota de apenas 22 anos.
Ela estava se divertindo em ser uma princesa por um dia e, eu,
apreciando a vista das suas pernas desfilando em vestidos toda vez
que aparecia para que eu pudesse aprová-los.
Voltei minha atenção à Orien, sua preocupação com a reação
da minha mãe era plausível, eu também ficaria preocupado se não
tivesse puxado toda a genialidade difícil da mulher. Ela é
caprichosa, arrogante e como toda grega, acredita ser a dona
suprema de toda a verdade do universo. Seu hábito em envolver-se
na minha vida é um costume antigo, como filho único, estou
acostumado a vê-la tentando interferir com as suas escolhas nada
ortodoxas para futuras noras. Ela já expressou verbalmente mais de
uma vez o seu desejo em me ver casado e com filhos, sabia que o
final deste ano não seria diferente.
Uma parte minha estava aliviada porque Talassa viria junto e
eu covardemente a usaria como um escudo para me blindar contra
o instinto casamenteiro da minha mãe.
A minha escolha como acompanhante, porém, vai desagradá-
la até o último fio de cabelo. Talassa tem um olhar inocente à
primeira vez, mas sei que quando a primeira palavra impertinente
sair da sua boca, minha mãe verá além da sua áurea de menina
inocente com roupas refinadas. Essa não é a esposa que ela está
procurando para mim, até porque, se eu for chutar, diria que a minha
baby e a minha mãe tem a mesma personalidade infernal.
Ri amargamente me recordando do que claramente Freud
diria sobre isso.
— Sei mantê-la sob o controle, apesar de não gostar de fazê-
lo, seria mentira se dissesse que não estou ansioso para ver as
duas interagindo.
— Vai ser uma catástrofe! — Orien apontou. — Não perderei
por nada.
— Quando irá?
— Chegarei dois dias antes do Natal, não vou conseguir ir
antes, o CEO está de férias e alguém precisa trabalhar.
Sorri e nós calamos a boca quando Talassa desceu pela
enésima vez, segurei a respiração porque ela estava deslumbrante
dentro de um vestido de festa vermelho que brilhava conforme o
reflexo da luz batia em alguns pontos específicos. Havia um “quê”
de expectativa no seu olhar quando desfilou na minha frente.
Molhei meus olhos olhando-a de cima a baixo. Dafne parou
ao seu lado, ansiosa pela minha resposta, assim como Talassa.
— Noite de Natal — falei baixo, mas ela me ouviu muito bem
porque seu sorriso iluminou seu rosto. Era quase um alívio
congelado na sua face.
Sabia que estava sendo um bastardo fazendo-a experimentar
todas as roupas novas que lhe comprei para a viagem, mas nós
iríamos em alguns eventos públicos e eu não podia lidar com
nenhuma surpresa, mesmo sabendo que se ela quisesse,
conseguiria me deixar mudo de raiva e espanto.
— Esse foi o último! — Ela reclamou e voltou a andar com a
esposa do meu amigo. As duas riram de algo que só elas
entendiam, subindo os degraus rapidamente e eu a acompanhei até
sumir no andar de cima.
Suspirei pensativo pra caralho.
Só tínhamos passado uma noite juntos desde que assinamos
o contrato e amanhã partiremos para a Grécia, mas dentro de mim
morava uma agitação diferente e eu não sabia explicar quais
sentimentos estavam me deixando doido.
Meu celular vibrou sob a mesinha, Orien olhou ao mesmo
tempo que eu e peguei o aparelho, ansioso. Minha caixa de entrada
estava abastecida com e-mails dos exames e laudos médicos de
Talassa, além dos meus.
Me levantei apressado e parcialmente nervoso, abrindo e-mail
por e-mail, deixando minha expressão desanuviar à medida que os
laudos indicavam que sua saúde estava perfeita. Por fim, o último
exame, o mais preciso e de tecnologia de ponta, não detectou
nenhuma IST.
— Notícias boas? — Orien perguntou quando abri os meus
exames só para comprovar que também estava limpo e depois
encaminhei para o e-mail dela.
— Tudo perfeito. — Falei só para acalmá-lo, porque ele não
fazia ideia sobre o que estava olhando.
Estava com uma sensação boa pra caralho de que
estávamos prestes a vivermos ótimos momentos.
Quando voltei para perto de Orien estava nitidamente mais
relaxado e pronto para embarcar para a Grécia.
Capítulo 19
Talassa Katsarus
Grécia — Ilha Papadakis[6]

7 dias para o Natal


O sol estava brilhante e quente centralizado ao céu, corria
uma brisa fresca, típica das manhãs na Grécia e combinada com o
mar quebrando em ondas agressivas há alguns metros da janela
onde eu o estava observando, o dia tinha tudo para ser bom.
Dei alguns passos para trás porque estava aflita; encarei o
homem adormecido na cama e era quase um milagre que eu tivesse
me movido, levantado e Odin sequer tivesse percebido. O homem é
como uma ave de rapina astuta, sempre ligado, dorme pouco e
qualquer movimento que eu faça ao seu lado o mantém alerta.
Ele não me tocou mais. Essa observação me mantém
inquieta e eu me pergunto se é isso que ele quer causar em mim.
Uma compulsão sem controle, um vício que só cresce,
principalmente quando ele se aproxima e o cheiro inconfundível do
seu perfume balança os meus sentidos ou apenas quando suas
mãos enormes me puxam de um jeito brusco, então ele beija meu
cabelo e murmura um boa noite em tom rouco que me deixa
arrepiada. Ele fez isso todas as noites que passei ao seu lado.
Mas ele é um estranho — minha mente se defende enquanto
eu o observo dormir, quase inofensivo, como se fosse um jeito muito
bonito e proibido.
Suspirei caminhando na ponta dos pés, peguei meu celular
embaixo do travesseiro e torci para que ele não me ouvisse. Toquei
a maçaneta com todo cuidado. Nós havíamos chegado à Grécia há
algumas horas e um voo difícil, cheio de turbulências.
— Para onde está indo, Talassa?
Tremi com o tom imponente da sua voz, olhei para trás e
encarei os olhos escuros que me olhavam nada amistosos, como se
soubesse todos os meus segredos e estivesse disposto a me
desmascarar a qualquer momento.
Desde que desembarcamos do iate luxuoso que nos deixou
em sua Ilha, estava aflita. Sabia que estávamos em um lugar
praticamente remoto, pouco habitado e, portanto, estava protegido,
mas uma vez que voltássemos à costa, onde sua família vive e há
poucos quilômetros da minha, sentia que um mar de segredos
poderia me sufocar.
— Beber água.
Seu cenho franziu, como se estivesse me desafiando a
continuar mentindo e eu sustentei um olhar austero.
— Vá.
Você não manda em mim — a resposta atrevida brincou em
meus lábios, mas ainda era muito cedo para começar a brigar.
Fechei a porta rapidamente depois que passei por ela e
praticamente corri pelo corredor imenso, com várias portas brancas,
me deixando com uma sensação angustiante de sufocamento.
Antes que alcançasse o piso inferior completei a ligação que
estava há dois dias sem conseguir fazer.
— Você sumiu! — A voz de Hera era um misto de indignação
e alívio. Olhei para cima, com medo de Odin estar me seguindo e
desci correndo os degraus da escada. — Onde você está? De onde
tirou tanto dinheiro?
— Você comprou seus remédios?
— Talassa, de onde você tirou tanto dinheiro? — Perguntou
novamente no tom mandão que eu conhecia muito bem.
No mundo, eu só tinha a minha irmã e a minha filhinha. Elas
eram absolutamente tudo para mim. O ar que eu respirava e a força
que eu tinha.
— Não importa. Você comprou ou não os remédios?
— Comprei todos. Estou preocupada com você.
Segurei o choro, sua voz parecia melhor, ainda que
sonolenta.
— E a Maia?
— Dormindo. Ela esperou você ligar ontem, o que aconteceu?
— Há algo que eu preciso te dizer, mas não quero que surte.
— Sussurrei indo para os fundos da casa.
Me assustei com os funcionários na cozinha. Uma mulher
soltou um gritinho, também se assustando comigo e eu me
desculpei, saindo pelos fundos e dando de cara com o quintal
imenso de Odin.
— O que está havendo?
— Estou na Grécia.
— O quê? Você enlouqueceu?! Tem fotos suas rolando pelo
mercado de peixes desde a sua última vinda! Todos estão à sua
procura! Você quer morrer, Talassa?
Uma angústia absurda tomou meu corpo ao mesmo tempo
que meu coração batia tão rápido. De repente, me senti sendo
observada. Levei minha mão ao peito, olhando ao redor e por
instinto, ergui minha cabeça e dei de cara com Odin na janela do
quarto que estávamos compartilhando. Sua feição era indescritível e
isso assustou bem mais que o alerta desesperado de Hera.
— Vai ficar tudo bem. Vou fazer de tudo para ir te ver, mas
não sei se consigo — falei baixo ao virar o rosto em outra direção.
— Precisa cuidar de Maia. Não saia de casa pelos próximos dias,
vou organizar tudo para que vocês saiam da cidade.
— Por quê? Sabe de algo que eu não sei?
— Só quero instalar vocês em um lugar melhor... — Falei a
verdade.
Meu coração ficava dolorido em saber que minha vida havia
mudado tanto, que eu estava dormindo no luxo enquanto minha
irmã e filha mal tinham uma cama decente para se deitar.
— Duas semanas, Hera — sussurrei. — Duas semanas e
vamos embora daqui. Para sempre.
A esperança bateu forte no meu peito, o dinheiro que Odin
me daria seria o suficiente para comprar a nossa liberdade. Fugir de
quem nos perseguia. Nunca mais temer ou ficar à deriva pelos erros
dos outros.
— Talassa — a voz imponente me chamando fez com que um
arrepio tenebroso subisse à minha espinha.
— Quem é ele? — Minha irmã perguntou, basicamente
entendendo de onde está vindo o dinheiro. — Um homem nunca faz
nada de graça para uma mulher, Talassa, você é esperta suficiente
para saber disso. Tudo vem com um preço e o que vem fácil, o
preço é dobrado. Não cometa os mesmos erros do passado e se
cuide, por favor.
— Eu te amo... — Murmurei e desliguei.
Me virei para Odin, ele estava enrolado em um roupão
felpudo negro e com uma cara de poucos amigos.
— Com quem estava falando tão cedo? — Perguntou quando
me aproximei o suficiente. Coloquei um dos meus sorrisos falsos no
rosto, tentando agir calmamente porque quando se tratava em
proteger quem eu amo, as coisas podiam ficar fora de controle.
— Rebecca.
— É madrugada nos Estados Unidos.
— Ela está na boate — falo e ele engole seus argumentos. —
Só queria fazer fofoca. Coisa de mulheres. O que faz de pé?
Ele me olhou seriamente, havia mais perguntas em seus
olhos do que sua boca ousou pronunciar.
Odin deu um passo perigoso à frente, suas mãos entraram
em meus cabelos e seus dedos apertaram suavemente sob meus
fios, enquanto puxava meu rosto para perto do seu, se abaixando
para ficar da minha altura.
— Você é uma mentirosa, mas tem sorte que fode gostoso.
Enquanto seus segredos não me trouxerem problemas, pode ficar
com eles.
A fúria passou pelas suas palavras, atravessando meu peito e
como uma louca desajeitada, ao invés de recuar, avancei.
— O último homem que tentou me ameaçar parou na cadeia
— murmurei calmamente ao encostar meu nariz ao seu. — Apesar
de que com você eu iria bem além.
— Além, Talassa?
— Sete palmos abaixo da Terra ainda é raso para o tamanho
da sua arrogância, Odin Papadakis. Sua sorte é que seu pau
compensa.
Sorri quase vitoriosa, ele apertou ainda mais seus dedos no
meu cabelo, me beijou com força e possessivamente, como adorava
fazer e eu mordi seu lábio inferior com força.
— Quero te comer agora. Diga sim.
— Não.
— Talassa... — Ele rosnou quando me soltei.
Sorri debochada ao passar por ele e passei como um raio
pela cozinha. Ele veio atrás, batendo os pés furiosamente e subiu os
degraus atrás de mim.
— Você precisa aprender algumas coisinhas sobre
autocontrole e língua afiada, daddy — provoquei ao descer a alça
da minha camisola de seda diante dos seus olhos.
Odin parou no lugar vendo a peça cair ao chão e ficar apenas
uma calcinha de algodão preta, do mesmo tom da camisola, uma
calcinha por sinal bem pequena.
— Eu quero te tocar. Diga sim. — Continuou agora
avançando para mim.
Sorri, ainda o provocando, andando para o banheiro.
— Não — cantarolei ao puxar a calcinha para baixo.
— Eu quero você. Diga. Sim. Porra.
Quando minhas costas bateram à parede, eu vi que não tinha
mais para onde fugir e era exatamente isso que eu queria. Um
joguinho de gato e rato com ele, onde Odin mal sabia, mas era o
meu ratinho indefeso.
Soltei-me da parede, indo até ele, que parou de andar e me
olhou sem entender nada quando desfiz o laço de seu roupão e
encarei seu corpo nu. Seu pau enrijecido, com a glande brilhando
com o pré-sémen, as veias saltando pela sua extensão. Minha boca
salivou quando fechei a mão ao redor, sentindo-o bombear entre
meus dedos, o calor pulsando através da sua pele.
— Me peça desculpas — sussurrei quando comecei a
masturbá-lo.
Odin rosnou forte, torcendo os punhos em nós firmes e
fechando seus olhos quando a resignação tomou seu corpo.
Bombeei outra vez fechando a mão com força pela sua extensão,
aumentando o ritmo gradativamente.
— Só depende de você, daddy... Me peça desculpas —
ronronei, me aproximando ainda mais do seu corpo, com a boceta
molhada pela excitação que me causava.
Ele abriu os olhos com raiva. Podia ver seu orgulho dançando
com o tesão enquanto eu acelerava o ritmo, adorando sorver suas
reações, amando cada parte da sua cara puta pra caralho, mas que
queria me foder acima de qualquer coisa.
— Estou tão pronta para ter você dentro de mim.
— Putinha... — Ele rosnou entredentes erguendo a mão para
me tocar, mas parou no meio do caminho. Sorri tão cheia de mim,
adorando ter o poder que eu fingia ser dele, bebendo sua feição de
desespero em doses homeopáticas.
Se Odin não se rendesse, não chegaria a gozar e no fundo,
pelo seu olhar raivoso, ele sabia disso.
— Tão molhada... — Murmurei, fechando meus olhos e
tocando mais forte. Desci minha mão livre pela minha barriga, me
acariciando explicitamente e quando meus dedos tocaram minha
boceta, Odin rosnou e não se controlou ao me tocar e puxar meu
cabelo.
— Diga sim — sua voz rosnou furiosa. Seus olhos estavam
enfurecidos em um olhar ferino. Neguei, sem verbalizar nada e ele
tirou minha mão do seu pau. O tesão brilhando em seu rosto, junto
com a insatisfação pela situação. — Não vai me ter implorando para
te comer, Talassa.
— É uma pena...
— Você acha, baby? — A forma como os olhos dele
mudaram de puto para maldoso me fez retrair minimamente. — Vai
achar isso quando eu trouxer outra igual a você para o nosso
quarto?
— Odin... — O aviso saiu sem que eu tivesse controle.
— Não é mais tão divertido, não é, agápi mou?
— Para onde você está indo? — A pergunta também teve
vida própria.
Odin xingou um monte de palavrões enquanto saía nu do
quarto, andando puto, raivoso e batendo à porta atrás dele.
Capítulo 20
Odin Papadakis
Horas mais tarde

A raiva ainda estava borbulhando dentro de mim, crescendo


em níveis que eu não estava acostumado a sentir, principalmente
porque atrelado à essa raiva estava um tesão que deixou meu pau
duro a porra do dia inteiro. E me deixaria no mesmo estado durante
a noite.
O que aconteceu há algumas horas ainda estava me
deixando puto. Primeiro, a provocação da mulher quase me fez ficar
de joelhos. Não me reconheci quando minha língua enrolou diante
da possibilidade de lhe pedir desculpas. Eu iria fazer, tudo para me
afundar dentro da sua boceta gostosa e esquecer que eu a peguei
mentindo diante dos meus olhos.
Olhei meu celular para ver a resposta que o detetive me
mandou, mas era o de sempre: não há nada oculto na ficha dela.
Algo está errado, eu sei, eu vejo e vou descobrir.
Me reclinei à janela da sala e bebi outro gole de uísque
quando ouvi o barulho do salto alto. Tentei me preparar para a
chegada do seu cheiro, mas sempre era absorvido de uma maneira
que não conseguia fugir.
Estávamos o dia inteiro sem falar um com o outro, sem
sequer nos vermos, já que depois do seu showzinho eu saí de casa
com o pensamento fixo em achar alguém para foder. Nem isso a
maldita lembrança da mulher à minha frente permitiu.
Olhei-a e não me preparei para o impacto de vê-la
impecavelmente arrumada em um vestido prateado, curto, com
saltos do mesmo tom e o cabelo solto em cachos bonitos. A cena
parecia um dejávù fodido, porque quando a vi pela primeira vez, era
com um vestido assim que ela estava.
— Estou bem-vestida para o aniversário da sua mãe? —
Perguntou cinicamente, colocando um sorriso atrevido no rosto, tudo
para me provocar do jeito que ela sabia que conseguiria.
Mais que bem.
Só assenti, não querendo lhe dar o gosto de receber o elogio.
Ela não merece.
— Vamos.
Deixei que passasse à minha frente e me segurei para não
tocá-la, minhas mãos estavam queimando em ansiedade para
estarem nela, mas me controlei.
— Vamos passar a noite na cidade — avisei quando ela olhou
sem entender um dos meus seguranças levando duas malas para o
iate.
— Na casa da sua mãe?
— Não. — Foi tudo que eu disse.
Lhe dei a mão para ajudá-la a entrar no iate, fui falar com o
capitão e deixei que se ambientasse. Minutos depois, estávamos
dando partida e voltei para perto. Talassa estava abraçada a sua
bolsa e a echarpe em seus ombros, encolhida com o vento frio e
tirei o paletó do terno para cobri-la.
— Onde você estava? — Sua pergunta fluiu em voz baixa.
Algo me dizia que estava sendo difícil para ela me perguntar isso.
Seus olhos estavam fixados na escuridão do mar e eu me
permiti sorrir.
— O que sua cabecinha diz, agápi mou?
— Não sou seu amor — fala ao virar o rosto para mim.
— Não... Você é o meu inferno nessa Terra. A mulher que
consegue me deixar maluco de ódio e tesão, com vontade de te
debruçar sobre meus joelhos e encher essa bunda gostosa de
palmada.
— Você não faria isso — ela parece quase horrorizada e eu
gosto.
— Veremos — provoco. — Agora, sobre onde eu estava...
Você não gostaria da resposta.
Talassa fica subitamente em silêncio, parecendo pensar e
quando me encara, não gosto do que vejo em seu olhar.
— Você deveria ter adicionado uma cláusula de exclusividade
no nosso contrato, Odin.
— Talassa...
— Nunca se sabe se eu vou encontrar um ricaço mais
generoso que você durante esses dias.
Segurei-a em seu braço, trazendo-a firmemente até a mim,
nossos olhos duelaram em uma guerra silenciosa de egos. E eu iria
vencer.
— Se você olhar, simplesmente olhar para outro homem
enquanto estiver comigo, farei com que se arrependa do dia em que
nasceu. Fui claro?
Ela sorriu perversamente e eu apertei ainda mais seu braço,
enviando a outra mão pela sua cintura e agarrando firmemente.
— Você é minha. Sua boca atrevida é minha e essa boceta
quente é minha, porra. Não me faça perder a cabeça.
— Pelos próximos doze dias, apenas — me lembra,
aumentando o ódio dentro de mim.
— Se comporta, Talassa, prometo fazer mais que dar
palmadas nessa sua bunda atrevida se você continuar me
provocando.
— Eu adoraria, daddy.
Ia beijar sua boca, mas o capitão gritou que estávamos
prestes a ancorar no porto e eu me afastei.
Desci primeiro, ajudando-a sair logo em seguida e avisando a
um dos seguranças para levar as malas para a minha casa na
cidade.
Segurei suas costas, ela ficou quieta e parou de me provocar.
Peguei as chaves do meu carro com um dos meus funcionários que
me esperavam. Ele abriu a porta para Talassa e levou apenas uma
encarada para que se afastasse da minha mulher.
Ocupei o espaço atrás do volante e acelerei, a casa da minha
mãe ficava quinze minutos do porto e era o tempo para acalmar a
fúria dentro de mim. A mulher me deixava maluco e fazia muito
tempo que eu não me sentia tão estimulado por alguém. E ela só
tem 22 anos... Puta que pariu.
Quando estacionei no pátio da casa dos meus pais e observei
a quantidade de carros ali parados, sabia que se tratava de uma
enorme festa de aniversário. Minha mãe nunca brincava nas suas
recepções.
Antes de descer encarei minha menina rebelde. Ela estava
com aquele ar de quem queria me destruir por ser um maldito fodido
e eu a entendia bem.
— Se continuar tentando medir forças comigo, só irá se
machucar, Talassa — falei com calma. Eu odiava seu temperamento
ao mesmo tempo que me excitava. A mulher era um furacão furiosa.
— Eu sou um cacto, Odin, também sei ferir.
— Você é a minha flor delicada. É isso que eu quero que seja
— falei e puxei seu rosto na minha direção. — Uma namorada
perfeita, um enfeite caro para que eu exiba.
— Tem certeza, Odin? — Ela perguntou e eu não sabia o que
responder, porque sinceramente não sabia o que viria.
— Seja obediente e, no final da noite, terá seu pedido de
desculpas.
A promessa fez seus olhos brilharem.
— Feito.
Capítulo 21
Talassa Katsarus

Conforme Odin segurava nossos dedos entrelaçados e


adentrava o que parecia um palácio, todos os olhares se voltaram
para nós. Me senti automaticamente inibida, o que era diferente de
tudo. Já vivi na alta sociedade americana, frequentando lugares
elegantes, eu sabia me comportar bem, falava fluentemente três
idiomas, mas eu nunca fui essa pessoa na Grécia. Aqui sou apenas
a menina que os pais morreram quando era adolescente e teve que
se virar para viver.
— Não fique com medo — sua voz veio para mim e nos
olhamos. Algo na minha expressão denunciou como estava me
sentindo, então coloquei o sorriso que estava acostumada a
ostentar e ele sorriu de volta.
No caminho ao que parecia uma grande excursão real, fui
apresentada a diversas pessoas que nitidamente Odin só falava por
educação. Alguns homens eram gentis, outros, ao serem
apresentados a mim, fingiam que eu não estava aqui. As mulheres
não foram tão receptivas, vi alguns cochichos ao redor, todas me
medindo de cima a baixo, comentando umas com as outras.
— Não se preocupe com essa gente. Sanguessugas
bajuladores — sua voz saiu irritada, seus dedos se apertaram aos
meus e ele parou no caminho diante de um garçom e pegou duas
taças da bandeja.
Brindou comigo e sorveu a taça inteira, abandonando na
mesinha e fiz o mesmo sem sequer beber, não confiava em mim
mesma para abaixar a guarda na frente de tantas pessoas.
Atravessamos metade da sala e então, Odin parou, segurou
mais forte nos meus dedos e me soltou quando uma senhora
elegante abriu os braços para recebê-lo.
— Filho, adorei o presente — ele deu um beijo na bochecha
dela, virando-se para mim e estendendo a mão. — Quem é essa?
Não era um tom gentil, pelo contrário, sobrancelhas
arqueadas e um olhar quase maldoso. A mãe de Odin não estendeu
a mão quando ele disse o meu nome.
— Ela é a minha namorada — completou com um sorriso
divertido no rosto.
Sua mãe arqueou as sobrancelhas, pega de surpresa, não
esperava que seu filho viesse acompanhado de alguém que
abertamente apresentou como namorada.
— É um prazer conhecê-la, senhora Papadakis. — Me inclinei
para cumprimentá-la como os costumes gregos.
A mãe de Odin reagiu rápido, beijou meu rosto e se afastou.
Estava prestes a indagar perguntas quando um senhor sorridente se
aproximou.
— Eu tenho uma nora? — Ele foi mais hospitaleiro. Odin o
abraçou, repetindo o ritual comigo e eu me senti mais à vontade
quando ele me abraçou quase apertado. — Lindíssima, meu filho.
Tem bom gosto, como eu.
Abraçou sua esposa, beijando-a na bochecha e a feição
desgosta da mãe de Odin desatinou um pouco.
— Vamos ter mais tempo para nos conhecer, Talassa.
Aproveite a festa. — Fiquei surpresa com a sugestão gentil vinda da
mulher.
Assenti com um sorriso, observando-a se afastar com o
marido.
— A pior parte já passou. Eu nunca fico aqui mais de uma
hora. Vamos beber, comer, dançar e ir embora.
— Por que não fica mais que uma hora?
— Porque não suporto essa gente. — Diz calmamente, mas
há uma raiva contida nas suas palavras. — Mas, principalmente,
porque você me deixou duro o dia inteiro e eu quero gozar dentro de
você.
Meu estômago gelou. Era tudo que eu queria, senti-lo tão
intimamente, nós ainda não tínhamos feito nada sem preservativo e
uma parte louca dentro de mim, queria.
— Terá que pedir desculpas antes.
— Desculpas por ser um homem perspicaz, agápi mou? Você
está me escondendo algo — soou calmamente, se aproximando de
mim porque sabia que não podia fugir.
Odin passou seus braços pela minha cintura e se abaixou
para cheirar meu pescoço.
— Não sabe nada sobre mim, Odin.
— Mas vou descobrir tudo. Cada pequeno segredo obscuro
será desvendado ao ponto de que não haja nenhuma distância entre
nós dois. — Sussurrou no meu ouvido, me fazendo arrepiar e depois
mordeu meu lóbulo. — Posso começar entregando um dos meus: O
que sinto por você não pertence a este mundo. Desejo e obsessão
latente, que me rouba o equilíbrio e devasta qualquer paz.
— Odin... — Sussurro, me derretendo em seus braços.
— Vou consumir cada pedaço de você ao ponto de que, no
final desses doze dias, só haja a mim. Vou te deixar viciada no jeito
que eu te como, que toda vez que for gozar, vai se lamentar por não
estar comigo.
— Por favor... — Murmurei com a forma como ele falava no
meu ouvido, se movendo comigo, fingindo estar dançando.
— E quando acabar com você, não restará nenhuma dúvida
de quem manda aqui, garotinha. Não haverá nenhuma dúvida de a
quem você pertence.
— Nunca... — Falo, mas nem eu acredito nisso.
— Quer que eu peça desculpas, agápi mou?
Solto um gemidinho baixo porque não aguento mais. Meus
seios estão inchados, doloridos, minha calcinha molhada, minha
boceta latejando.
Assinto, porque tudo que eu quero é que ele me foda do jeito
que prometeu.
— Então prometa que essa boceta é só minha — joga,
massageando minha cintura, apertando-me com firmeza. —
Prometa que toda vez que gozar, vai estar pensando em mim.
— Odin! — Resfolegava apertando a lapela do seu terno.
— Prometa que sempre vai me receber quando eu te
procurar. Prometa que sempre vai estar pronta quando eu quiser te
foder.
— Eu prometo... — Me vi balbuciando, dominada pelo tesão,
o peso da sua voz rouca dissipando qualquer sanidade de mim.
Ele riu como um cretino, me deixando fraca em seus braços e
querendo a todo custo tomar o controle.
— Me desculpe, agápi mou. — Disse, não havia cinismo no
seu pedido. — Fico louco com a possibilidade de que você escape
das minhas mãos.
— Me leve daqui... — Pedi debilmente, dominada pelo prazer.
— Ainda não, ainda não dancei com a minha mulher. Vem,
vamos alimentar você, depois iremos dançar.
Quando Odin se afastou eu sei o que ele viu nos meus olhos,
engoli em seco porque uma das minhas defesas tinha sido
derrubada e, estranhamente, uma das suas também. Nós dois
extremamente voláteis e vulneráveis na presença um do outro.
Confessando fraquezas. Fazendo promessas.
Quando tudo isso acabar, o que vai restar de mim?
Capítulo 22
Odin Papadakis
— Filho, sua mãe precisa de você. Me deixe dançar com essa
bela jovem e vá atender aos caprichos da minha adorável esposa —
a mão do meu pai tocou meu ombro enquanto soava em diversão e
olhava quase encantado para Talassa.
O velho era um conquistador nato.
— Se comportem — disse aos dois, eles riram de mim e eu
quase fiquei tranquilo. Sabia que Talassa tinha sua máscara de
passividade e deixaria meu pai muito bem entretido.
Passei por alguns conhecidos indo ao encontro da minha
mãe, ainda com o pau doendo do meu último interlúdio com a grega
abusada com quem eu quis me envolver. Se tinha um culpado pelo
sofrimento que ela me fazia passar, era somente eu.
Gaia Papadakis estava entre um casal e uma garota loira com
cabelos perfeitamente arrumados. Quando me viu, abriu seu sorriso
de quem estava planejando algo e eu não gostei da forma que olhou
para a menina ao seu lado.
— Meu filho! Será que ainda se lembra da Zenia? Ela cresceu
desde a última vez em que se viram.
Aquela é Zenia?
A menina ainda era uma garotinha da última vez que a vi,
correndo pelos cantos dessa casa com um sorriso infantil e inocente
no rosto, costumava usar duas tranças laterais, caídas sob os
ombros e nunca me esqueceria de como suas bochechas ficavam
vermelhas quando me via. Era uma graça, tão bonita que parecia
uma boneca.
— Você cresceu, menina — falei ao me aproximar o
suficiente. Ela sorriu timidamente, com as bochechas tomando a
coloração que costumavam tomar na sua infância e isso me fez
sorrir. A inocência era algo encantador.
Cumprimentei a seus pais, eles eram amigos de longa data
dos meus, que por sinal, eram padrinhos de Zenia. Essa menina era
o mais perto que eu tinha de uma irmã.
Lhe dei um breve abraço, me curvei e sua boca tocou minha
face em um beijo rápido, me afastei, curioso para saber como eles
estavam. A última vez em que os vi foi antes de se mudarem para
Dubai e isso já fazia alguns anos.
— Os Daskalakis passarão as festas de fim de ano conosco,
estava falando para Zenia que sua Ilha é lindíssima, ela ficou
curiosa para conhecer sua praia privada.
Não gostei da entonação que a frase da minha mãe soou. Eu
a encarei, pensando calmamente no que responder, vendo através
dos seus olhos a intenção por trás dessa frase. Levou poucos
segundos para que uma ideia doentia sobre o que ela queria
cruzasse minha mente, me fazendo recuar um passo de perto da
menina.
Se eu achava Talassa jovem, ao meu lado, Zenia era apenas
uma criança.
— Serão bem-vindos em minha casa. Tenho certeza de que
Zenia adorará a Ilha e terá companhia, minha namorada é uma
tagarela que adora fazer amizades. — Disparei tão rápido quanto
possível.
O pai de Zenia entreabriu seus olhos em uma nítida surpresa,
fitando minha mãe com seriedade e eu vi quando Gaia deu um
sorriso constrangido, colocando outro assunto por cima do meu.
Nem fodendo eu a deixaria continuar com seus planos, sejam
eles quais fossem.
— Quantos anos você está agora, Zenia? — Perguntei para a
menina que estava muda ao meu lado.
— Dezoito.
Uma criança.
Uma parte dentro da minha mente zombou ao dizer que eram
apenas quatro a menos que Talassa.
Engoli em seco, sorrindo falsamente para a menina enquanto
minha mãe emendava diversos programas e passeios, me incluído
neles.
— Não faça planos contando comigo. Preciso consultar
Talassa antes.
Gaia me encarou subitamente surpresa e assentiu a
contragosto.
— Posso falar com você um minuto, mamãe?
— Claro, querido. Fiquem à vontade, somos família — Disse
aos Daskalakis.
Nos afastamos alguns passos e guiei minha mãe para um dos
corredores paralelos à nossa sala de estar, onde estava a maior
concentração dos seus convidados, espalhados pelo imenso
cômodo luxuoso.
— Eu a conheço e seja lá o que tiver dito aos Daskalakis,
você irá desfazer.
— Não sei do que está falando, Odin.
— Não minta, Gaia — disse seriamente.
Ela suspirou pesado e segurou a taça entre seus dedos,
podia ver a raiva nublando seus olhos, tentando conter o gênio ruim
que nós tínhamos.
— Quem é essa mulher que você trouxe? Nunca ouvi o
sobrenome dela antes. De que família ela é?
— Não importa. Ela está comigo, é minha. Não a trouxe para
pedir sua aprovação, mãe.
— Como pode aparecer em público com uma mulher que
sequer...
— Gaia — alertei, impedindo-a de continuar falando. — O que
está pensando trazendo Zenia e a oferecendo abertamente para
mim?
— O que estou pensando? Você fará 40 anos em poucos
meses, Odin! Precisa se estabelecer com alguém!
— Uma menina, mãe?
— Sua namorada não parece ser muito mais velha — aponta
maldosamente.
— Acredite: entre Talassa e Zenia há um rio violento em
diferenças. Elas não poderiam ser mais diferentes. Isso nunca irá
acontecer.
Seu silêncio em surpresa não me incomoda, o que vem em
seguida é o que me tira do eixo.
— Você está apaixonado... — Seu tom não é zombeteiro, há
surpresa nele também, um choque que ela não consegue disfarçar.
Retraio ao absorver suas palavras.
Não estou apaixonado, porra. Que ideia maluca é essa?
Não respondo absolutamente nada porque não consigo.
— Querida, seus amigos do sul chegaram! — A voz do meu
pai nos alerta. O clima tenso se desfaz porque minha mãe se vira
para ir em direção ao seu marido.
Continuo parado no mesmo lugar por alguns segundos
pensando na frase da minha mãe, ignorando a revoada
enlouquecida de sentimentos confusos e quando volto a andar,
disposto a pegar Talassa e sumir daqui, é quando a vejo sendo
encurralada por um homem há poucos metros de mim. Sua feição é
desconfortável enquanto ele ampara uma de suas mãos em seu
braço.
Capítulo 23
Talassa Katsarus
O homem me encara de um jeito nada gentil, os lábios
torcidos em uma pergunta que repetiu duas vezes.
— Talassa de quê?
Não consigo dizer por que sou abruptamente puxada para
longe dele. Odin cerca meu corpo com suas mãos, olhando-o
diretamente um dos convidados da sua mãe. O rosto sinistro que
me causou quase pânico. A forma como ele perguntou meu
sobrenome assim que o pai de Odin se afastou para cumprimentar
alguns amigos.
Ele não pode me conhecer, é impossível.
O pensamento atravessa minha mente e Odin quase rosna
um cumprimento de aviso ao homem.
— Odin, não sabia que ela era sua.
— Mas é. — Foi tudo que ele disse.
— Só estava a cumprimentando. Parecia perdida e sozinha.
Me aproximei e achei que nós nos conhecíamos, mas acho que me
enganei.
— Não volte a tocar minha mulher, Floros.
O homem riu em divertimento pelo descontrole de Odin e se
limitou em apenas assentir. Engoli a saliva com dificuldade pelo
olhar intimidador que foi destinado a mim pelo tal Floros. Todos os
meus instintos me disseram para ficar alerta e eu fiquei calma
quando Odin me puxou para longe dele.
Fui praticamente arrastada para fora, fiquei sem entender
quando ele me soltou no hall de entrada e me encarou com uma
expressão vazia.
— Ele foi um dos seus clientes?
— O quê? — Perguntei realmente confusa.
— Você trepou com esse filho da puta? — Recuei, sem saber
o que dizer. Ele não estava só com raiva, parecia possuído. Seus
olhos completamente escurecidos e a respiração ofegante. — Não
sei o que diabos eu estava pensando quando decidi trazê-la até
aqui... Quando pensei que você não fazia essa porra na Grécia
também.
— Eu não o conheço.
— Não minta, Talassa! — Falou firmemente, mas não alto.
Ele não estava descontrolado e isso me assustava ainda mais.
Meu coração disparou no peito, a sensação de sufocamento
que eu sentia em momentos parecidos com esse, no meu antigo
relacionamento, e eu sabia claramente o que viria.
Odin não disse mais nada, quebrando o ciclo inicial. Abriu a
porta e eu passei por ela em silêncio.
Caminhei rapidamente até o carro e quando ele destravou,
entrei e me sentei no banco carona, colocando o cinto de
segurança.
Partes de mim me diziam para correr.
Você não precisa passar por isso de novo, Talassa — meu
cérebro gritou em autodefesa.
Odin acelerou o carro e aumentou a velocidade à medida em
que saía da casa de sua mãe.
Engoli o medo, porque não seria refém dele, não mais.
Ele manteve uma velocidade perigosa pela pista escura.
Odiei o caminho que tomou, eu o conhecia parcialmente, tinha
estado poucas vezes desse lado, do lado rico da cidade, e eu sabia
que Odin seguia a estrada de um dos precipícios onde mansões
luxuosas eram construídas Nafplio[7].
Perdi a noção do tempo quando o carro derrapou pela
estrada do precipício e ele reduziu a velocidade ao chegar no topo.
Pude ver a construção aparentemente antiga, como se fosse um
enorme castelo, construído sob o penhasco. Algumas buzinas e o
enorme portão que protegia a propriedade foi aberto e Odin passou
com o carro por ele.
Quando desligou o veículo, sua respiração ainda estava
ruidosa e audível, sabia que ele estava tentando conter seu gênio
ao apertar o volante com força.
— Entre, Talassa.
— Precisamos conversar, Odin.
— Agora não — foi tudo que ele disse.
Engoli a audácia que percorria pelo meu sangue, abri a porta,
mas não desci do carro. Olhei o seu semblante frio, seus olhos
fixados no vidro do para-brisa, suas mãos presas no volante.
Ele vai sumir outra vez, por que diabos eu só não o deixava
ir?
— A cláusula 4 diz que as decisões nesse relacionamento
serão tomadas em comum entre o contratante e a contratada, por
que diabos você não segue as regras que estipulou? — Deixei sair.
A raiva crescendo no meu peito porque eu não tinha feito porra
nenhuma e não ia aceitar calada ser tratada como merda.
— Porque quando você é uma prostituta e transa com
conhecidos meus, não quero ouvir o que tem a me dizer.
— Você vai engolir essa merda ou vai me mandar de volta
para os Estados Unidos, Odin?
— Só saia do carro! — Gritou.
Ele finalmente tirou a máscara passiva. Eu desci,
descontrolada e bati à porta com muita força, não sem antes atirar a
primeira pedra no caminho em direção ao vidro. O barulho foi forte,
oco e eu esperei que espatifasse, com o coração acelerado, mas
era blindado.
Odin desceu e sua feição estava tomada de surpresa pela
minha audácia.
— Você sabia o que eu era quando me propôs isso! — Gritei,
indo até ele. Empurrei seu peito, os olhos tomados em lágrimas e
um cansaço exaustivo. Se ele me bater, eu serei a primeira a
começar isso. — Você é como todos os homens podres que já
passaram pela minha vida!
Soquei seu peito várias vezes seguidas. Odin movia-se
minimamente para trás, conforme minhas lágrimas desciam e não
sei quanto tempo levou para que dominasse a situação, prendendo
meus pulsos com força e virando-se ao ponto de que minhas costas
tivessem presas no seu peito e ele conseguisse me imobilizar.
— Shhhh. Respire, Talassa — seu tom era mais brando, mas
não era páreo para meu instinto de sobrevivência.
Me debati furiosamente, ele continuou sussurrando para que
eu me acalmasse, falando baixo, em uma calma quase carinhosa.
A porra do homem é como uma maré traiçoeira, está tudo
bem e então ela vem com força e me afoga.
O torpor sentimental tomou conta quando somente lágrimas
caíam e eu parei de lutar.
Odin me ergueu com facilidade, me levando para dentro e eu
escondi meu rosto no seu peito, preocupada se seus funcionários
estavam por perto, preocupada se assistiram ao nosso descontrole.
Ele subiu degraus e eu só abri meus olhos quando meu corpo
foi depositado com gentileza em uma cama macia.
Odin deu alguns passos para trás, sem tirar os olhos dos
meus e se sentou em uma poltrona.
— Essa coisa entre nós dois não vai dar certo — ele disse
calmamente com o rosto tão sério.
Me sentei, enrolando meus joelhos e o olhando com o
coração apertado, sabendo que ele tinha razão. Não iria dar certo,
eu sempre soube disso, desde a primeira noite e foi por isso que fui
embora, sem ouvir o que ele tinha para falar. Mas ele veio atrás, ele
me quis, ele ainda me quer. Seus olhos e toda a sua expressão
corporal dizem isso.
— Está me mandando ir?
Seu silêncio persiste, ele me encara e sei que está lutando
consigo mesmo. Entre razão e emoção, eu não sei qual vai vencer.
— O que aconteceu hoje não pode mais se repetir, o respeito
entre nós é e deve ser fundamental. Das duas partes. — Pausa, se
levanta e se senta na cama, mas longe de mim. — Me desculpe.
É a segunda vez que ele me pede desculpas e o gosto disso
é agridoce.
— Desculpe, também.
— Preciso da verdade, você conhece aquele homem,
Talassa?
— Não, Odin. Nunca o vi na minha vida. — Falo sinceramente
e por mais que ele tente disfarçar, vejo o alívio atravessar seu rosto.
— Ainda que não acredite, eu só transei por dinheiro uma vez. Não
preciso me fazer de santa para você. Tenho mais pecados do que
consigo mencionar em palavras e não me arrependo de nenhum
deles, sou uma sobrevivente, Odin.
— Você me esconde coisas.
— E você não? — Rebato.
Ele silencia ao respirar fundo.
— Também escondo. Não sei até que ponto nós dois
conseguiremos continuar com nossos segredos.
— Doze dias. É o tempo máximo para que os segredos
fiquem onde devem ficar: longe do nosso relacionamento confuso e
assustador.
Ele assentiu, parecendo concordar parcialmente com o que
eu disse. Puxa o ar com força e quando volta a me encarar, parece
envergonhado.
— Nunca te machucaria, nunca. Sei que você já foi
machucada e acho que nunca vou conseguir me perdoar por fazer
você achar que eu te machucaria.
— Não conheço você, essa é a parte mais louca em toda
essa história, mas precisa saber que eu não vou cair sem te levar
juntos. Se me tocar sem que eu permita, vou machucar você, Odin.
Nós somos duas almas condenadas ao inferno.
— Não, Talassa, eu sou. Você... Ainda é muito jovem. Vai
conseguir refazer sua vida quando isso acabar, vai ser feliz, dar um
jeito nos seus problemas, ainda que não acredite, estou feliz por ser
o homem que vai poder te proporcionar isso.
— Não precisa ficar preocupado quanto ao que pensarão de
você, ninguém me conhece aqui, sou ninguém. Nasci pobre, não
tenho família, fiquei órfã muito jovem. Eu nunca trabalhei como
acompanhante na Grécia.
O alívio pareceu inundá-lo ainda mais, ele assentiu e não
respondeu nadinha. Odin era só mais um homem machista e
hipócrita. Ele me queria, estava fissurado por mim, mas o medo do
que pensariam quando soubesse que ele estava com uma
acompanhante de luxo era maior. Podia ver o pânico em seus olhos
com a possibilidade de descobrirem sobre nós.
Pense somente no dinheiro, Talassa. Só isso. Ele não merece
nada de você.
Endireitei minha postura, era só isso que deveria importar
para mim, essa era a única utilidade do homem à minha frente.
E quantos aos orgasmos? — A parte tola do meu cérebro
perguntou.
Eu queria os orgasmos, todos eles, o jeito duro que ele sabia
fazer e a forma com que conseguia me deixar facilmente maluca.
Mas era só isso. Sexo, dinheiro e ao final dos doze dias, eu seria
livre e nunca mais olharia para Odin Papadakis.
Capítulo 24
Odin Papadakis

6 dias para o Natal


— Ela é muito bonita — meu pai parou ao meu lado com duas
cervejas na mão e me ofereceu uma. Ergui meu olhar na direção em
que ele estava olhando e empurrei os óculos escuros ainda mais
para o rosto.
Ela é além de linda, é perfeita. A mulher mais bonita que eu já
vi, sem nenhuma dúvida, também a única que conseguia me deixar
fora de mim com apenas uma palavra enviesada.
Não estava me reconhecendo e o descontrole da noite
anterior foi bom para colocar um freio entre nós. Talassa voltou ao
modo desconfiada, arisca e eu lhe dei espaço. Dormimos em camas
diferentes, porque eu precisava pensar em que caminho nós
estávamos seguindo antes que ela me jogasse do precipício em que
minha casa fica instalada.
Só queria que o Natal passasse para que pudéssemos voltar
à Ilha onde a intervenção da minha mãe ficaria longe do meu
relacionamento obscuro. Hoje foi impossível recusar seu convite
para o almoço.
— Uma coisinha atrevida de pernas longas — falei com meu
pai, ele riu e olhou para minha mãe.
Ambas estavam sentadas na borda da piscina, conversando
com Zenia, que estava dentro da água. A garota loira sorriu para
algo que minha mãe falou e eu fitei a careta azeda no rosto de
Talassa.
— Gaia não vai facilitar.
— Talassa não é frágil como aparenta.
— Ah, filho, ela sequer aparenta fragilidade — ele riu e me
encarou. — Ela tem aquele olhar de quem sabe que precisa ser
mais esperto que os outros se quiser ter algo bom na vida.
Meu velho era um bom leitor de caráter, então não fiquei
surpreso com sua perspicácia em desvendar Talassa. Ela tinha um
rosto jovem, uma aparência impecável, um sorriso falso, mas atrás
de tudo isso suas garras ficavam apostas para se defender a
qualquer momento.
— Foi isso que viu na minha mãe quando a conheceu?
— Foi, mas acompanhado de uma malícia venenosa. Gaia
não é santa, mas ela é uma boa pessoa e quer o melhor para você.
— Zenia?
— Não. A pobre menina está apenas agradando aos pais e
dizendo sim a sua mãe porque os Daskalakis estão falidos.
— Mesmo? — Perguntei realmente surpreso. Eles tinham
tanto dinheiro quanto nós e pensei em como conseguiram dissolver
tudo ao ponto de falência.
— Sim, eles acham que eu não sei disso.
— Gaia sabe?
— Aquela velha coruja... Ninguém engana sua mãe, Odin. —
Ele solta uma risada e recosta ainda mais à sua cadeira. — Vai
salvar sua mulher ou ela vai avançar na sua mãe. Conheço aquele
olhar.
Ele também a achava parecida com a Gaia.
Sorri quase maldosamente, querendo ver como ela se sairia
em uma disputa com minha mãe, mas não foi por isso que eu a
trouxe.
Deixei minha cerveja sob a mesa, tirei a camisa e os óculos e
mergulhei na piscina. Um impulso longo e alguns segundos mais
tarde estava perto delas.
Zenia soltou um gritinho assustado com algumas risadas,
mas encarei diretamente a Talassa e sabia que por baixo dos óculos
escuros, ela estava puta.
— Talassa nunca esteve em Santorini — foi a primeira coisa
que Gaia disse, quase como uma piada de mal gosto. — Acredito
que a sua Ilha tenha sido a única privada que ela já conheceu.
— Vou levá-la para conhecer tudo que quiser. Vem, linda.
Talassa sorriu, soltando a taça de um drink tropical que
estava bebendo e aceitou minha mão. Soltou um gritinho com a
água gelada e eu a puxei em direção ao fundo. Suas pernas
deliciosas trancadas em minha cintura.
Parei de nos empurrar quando estávamos longe de Gaia e
Zenia. Pela movimentação, elas sairiam da piscina. Me encostei à
parede de azulejos, puxando os óculos do seu rosto e prendendo-o
em sua cabeça.
— Sua sogra foi desagradável?
— Doce como um limão — me respondeu irritada e prendi o
riso. — Tenho pena das suas outras namoradas.
— Quando eu era adolescente, elas corriam feito loucos,
depois de adulto... Decidi que não valia a pena apresentá-las. Você
é a primeira que trago aqui depois de anos.
— Por que nós temos um acordo comercial? — Cochichou
aproximando os lábios. Seu nariz tocou o meu e ela sorriu, sabendo
exatamente o que estava fazendo.
Nessa manhã ela nem olhou para minha cara, agora estava
quase me beijando, entrando no teatro de ser minha namorada.
— Porque eu não consigo ficar longe de você.
— Precisamos levá-lo para uma reabilitação, senhor
Papadakis.
— Depois dos próximos onze dias, sei que terei que tomar
medicamento para superar sua presença devastadora na minha
vida, senhorita Katsarus.
— Mentiroso — apontou com um sorriso no rosto e eu não
hesitei em beijá-la.
Talassa arfou em surpresa, mas reagiu rápido e prendeu as
mãos na minha nuca, afundando os dedos no meu cabelo e
aprofundou nosso beijo. Foi uma delícia senti-la de novo. Noite
passada eu fui um idiota, um homem volátil que foi consumido pelo
ciúme, precisava admitir que não teve nenhum outro sentimento
além da possessividade que me fez agir como um completo idiota.
Chupei sua língua, afundando meus dedos na carne da sua
bunda, sentindo meu pau endurecer. Eu precisava estar dentro dela.
Era uma necessidade física que doía.
— Sim — ela suspirou na minha boca entre o beijo e eu
entendi exatamente o que queria dizer.
— Eu te foderia bem aqui, agora... — Rosnei quando nos
afastamos minimamente, com nossas testas coladas. — Nunca quis
tanto alguém como eu quero você e isso me faz ter atitudes idiotas e
imperdoáveis.
— Você me tem.
Pelos próximos onze dias.
A angústia quis crescer, mas matei o sentimento na raiz. Não
ia pensar no futuro quando tinha uma mulher que me queria, linda,
jovem, ansiosa por mim.
— Vou te levar para conhecer meu quarto.
Ela sorriu como a devassa que eu adorava.
Saímos da piscina, enrolei uma toalha ao redor do seu corpo
e meu pai me lançou um olhar que dizia muitas coisas. Acenei,
passando por ele e ignorando minha mãe e a sua afilhada, sentadas
ao lado dele.
Talassa riu baixinho, sem disfarçar e me olhou sob seus
ombros.
— Avise aquela menina que você é meu — disse seriamente
depois disso. Meu interior se revirou com a sua possessividade.
Esperei sua piadinha com a contagem dos dias que tínhamos, mas
ela não veio.
— Me mostre porque eu não deveria nunca olhar para ela —
murmurei em seu ouvido, segurando-a pela cintura. Talassa riu mais
um pouco quando a empurrei pela cozinha, cumprimentei as
cozinheiras que estavam organizando tudo após o almoço delicioso
que fizeram.
Bati em sua bunda quando estávamos a sós.
A casa dos meus pais era imensa, mas chegamos à escada e
puxei-a rapidamente pelas pernas, erguendo-a em meus braços.
— Vai se arrepender pela provocação — ela prometeu e eu
estava ansioso por isso.
Capítulo 25
Talassa Katsarus
Quando Odin me colocou no chão e fechou a porta do seu
quarto, mal tive tempo para olhar a decoração ao redor, ele me
tomou em um desespero e fome profunda e tudo que eu queria era
tê-lo em mim.
Odin inverteu nossas posições e me pressionou contra a
porta do quarto, beijando meu pescoço com voracidade enquanto
desfazia o laço do meu biquíni. Uma vez que o sutiã estava solto,
empurrou seus dedos por baixo e eu gemi forte, sentindo-o
estimular meus mamilos arrepiados.
— Não vamos brigar nunca mais — rosnou no meu ouvido,
afastando meu cabelo e mordendo minha pele. — Não a quero
dormindo longe de mim.
— Odin...
— Quero seu corpo quente ao meu alcance o tempo inteiro.
Quero dormir sentindo o seu cheiro, porra, Talassa, que fome
maldita que eu tenho de você.
Ele abriu minhas pernas quando ardia tão forte com o carinho
gostoso no meu seio. Odin estava ofegante e puxou violentamente a
calcinha do meu biquíni, até que a rasgou. Estava perdida entre vê-
lo puxar o short que usava e pinçar meu mamilo entre seus dedos.
— Quero você em mim! — Balbuciei incoerente, ansiosa,
precisando dele mais que tudo.
Ele me deu o que eu pedi. Sua carne invadindo a minha, seu
pau inchado deslizando dentro de mim, socando até o fundo. Odin
gemeu forte, estocando dentro mim e chupando minha pele em
descontrole que deixaria marcas, mas não me importei.
Ele me puxou firmemente com a mão livre, a outra continuou
em uma carícia depravada no meu peito. Virei minha cabeça na
direção que ele guiou e recebi um beijo cheio de luxúria, forte,
possessivo, do jeito que só ele sabia dar.
Meu paraíso particular.
Minha derrocada ao inferno.
Meu sonho impossível.
— Que delícia te foder assim — rosnou, tomado pelo tesão e
eu sabia bem do que ele estava falando. — Vou encher essa boceta
de porra. Quero ver meu leite escorrendo dessa bocetinha gostosa.
— Faz isso — falei, ofegante e ansiosa.
— Você é minha, Talassa, não se engane. Tudo aqui é meu.
— Então me fode! — Ordenei.
Ele rosnou em completo descontrole, acelerando seu ritmo,
fodendo duro do jeito que eu queria. Odin é um safado, ele sabe
fazer gostoso de qualquer jeito, quando é lento me faz querer me
afogar na onda do prazer e quando é duro... Me deixa
completamente viciada.
Eu estou viciada.
Ouço sua risada e percebo que falei em voz alta. Ele beija
meu ombro, diminuindo o ritmo e é quando eu percebo que não
aguento mais. Preciso gozar.
— De quatro, na cama — rosna, saindo de dentro de mim e
me guiando.
Obedeço, me ajoelho no colchão macio, ansiosa para ter
mais e arquejo quando sua boca me chupa inteira. De ponta a
ponta. É tão gostoso que me esfrego no seu rosto querendo mais do
que tem para me oferecer.
— Deliciosa, quero que você goze no meu pau — rosnou e se
posicionou entre minhas pernas. A posição lhe deu mais espaço e
atingiu diretamente um ponto específico dentro de mim.
Foi impossível me controlar.
— Eu vou... — Mal terminei a frase e recebi um tapa forte na
bunda.
— Rebola no meu pau, minha puta. Goza para mim.
Odin me estapeou outra vez, investindo duro e eu obedeci.
Um gemido alto ecoou pela minha garganta quando meu corpo
tremeu em espasmos violentos do meu orgasmo. Uma sensação
eletrizante percorrendo minha corrente sanguínea em uma
sensação de prazer absoluto. Todo meu corpo sentia a onda que me
devastou e roubou toda minha sanidade.
— Minha! — Odin rosnou pesado e seu gemido gutural viera
ao mesmo tempo. Eu o senti inchar ainda mais dentro de mim
quando seu sêmen encheu minha boceta, como ele disse que faria.
Absorvi como uma fã enlouquecida cada um dos seus
gemidos, ainda dentro da nuvem de fumaça do meu orgasmo,
apreciando o dele. Adorando como ele estava rendido.
Nós dois cedendo à mesma escuridão que nos rodeava.
Odin me empurrou para a cama, abrindo minhas pernas e me
girou com uma facilidade surpreendente. Seus olhos fascinados ao
ver seu esperma escorrendo pela minha boceta me deixaram de
perna bamba. O seu olhar faminto. A familiaridade da possessão
exposta em cada uma das suas reações.
Ele afundou os dedos na minha coxa e eu vi seu rosto
transmutar diante dos meus olhos.
— O que houve? — Murmurei baixo, ficando subitamente
insegura.
— E se eu não quiser apenas duas semanas?
A pergunta, porém, fez eco dentro de mim.
Do que ele estava falando?
Capítulo 26
Odin Papadakis

A volta para casa fora silenciosa, minha cabeça ainda estava


cheia da merda que eu falei quando o tesão me consumiu e não me
deixou pensar direito. Talassa pigarreou, como se não tivesse
entendido e um silêncio infernal se instalou entre nós.
— Você dirige? — Perguntei antes de fazermos a última curva
na serra do penhasco, Talassa se virou, surpresa por estar falando
com ela e fez que não com a cabeça. — Quer outra coisa no lugar
do carro?
— Por que está perguntando isso?
— Porque não tinha pensado nisso antes. Talvez o carro não
seja muito útil, exceto se você tiver o desejo de aprender.
— Não sei, talvez... Posso pensar sobre isso?
— Claro.
Esperei que os seguranças abrissem o portão e atravessei
por eles, deixando o carro no pátio próximo às escadarias da
entrada.
— Gostou do almoço? — Que porra de pergunta era essa?
Talassa me olhou ainda surpresa quando saímos do carro.
Caminhei em silêncio para dentro, com ela ao meu lado e
segurando firmemente sua bolsa nos ombros.
— Sim, tudo estava excelente.
— E a minha mãe? — Sorri com a provocação e ela
finalmente reagiu, sorrindo também.
— Uma figura difícil; a pobre Zênia não tem muita chance
perto dos desejos profundos de Gaia Papadakis.
— Acho que vocês se parecem.
— Eu e sua mãe? — Pergunta com um arquear de
sobrancelhas. — Não podíamos ser mais diferentes. A deusa da
terra e a deusa da água não se misturam. — Diz, em alusão aos
significados de seus nomes.
Gaia significa deusa da terra e Talassa, deusa vinda do mar.
Mas minha menina tempestuosa estava enganada quando disse
isso. As duas absolutamente se pareciam em muita coisa,
principalmente a obstinação em não reconhecerem isso.
— Se você diz... — Mas não quis contrariá-la. — Quer jantar
fora?
— Hmmm... E se eu cozinhasse para nós dois?
— Você cozinha?
Porra. A menina é uma caixinha de surpresas.
Talassa solta uma risada alta, me olha com um quase
desdém, como se isso fosse óbvio demais.
— Você vai provar a melhor comida grega da sua vida!
Ela caminha para o andar de cima e eu vou atrás, porque não
consigo me manter longe. Talassa ainda está tagarelando sobre
seus dotes culinários quando tenta entrar no quarto onde dormiu e
eu a interponho.
— Nosso quarto é o principal, no fim do corredor.
— Mandão — seu tom não é irritado como ela quer parecer.
Quando entramos, ela vai direto para o banheiro e não é nada
tímida ao se desfazer das suas roupas. Sorrio porque por baixo do
vestido não há uma calcinha. Me apoio no batente da porta do
banheiro como um idiota hipnotizado, apreciando seu showzinho ao
se despir, amando cada momento.
Talassa entra embaixo da ducha do banheiro e a água
correndo pela sua pele bronzeada é a cena mais erótica que eu já
vi.
— Vem tomar banho. — Convida com um sorriso cheio de
malícia. — Só banho.
Isso é íntimo demais..., Mas não era como se já não
tivéssemos cruzado esse caminho há tempos.
Tirei minha roupa com lentidão observando-a encher a mão
de sabonete líquido e passar pelo corpo. Tudo nessa mulher
exalava pecado e eu queria morrer em deleite, pecando ao provar
seu corpo delicioso.
Entrei no banho, ela abriu espaço e eu a puxei para perto. O
cheiro delicioso do sabonete em contraste com a sua pele fez minha
boca salivar. Me inclinei um pouco para beijá-la, um beijo simples
porque senão a comeria contra o azulejo do box.
— Sabe qual a primeira coisa que eu pensei quando te vi? —
Ela falou baixinho ao espalhar sabonete pelo meu peito.
— O quê?
— Que você era assustadoramente lindo. Alguém que eu
nunca teria acesso.
— Por que pensou isso? — Franzi o cenho e segurei seu
queixo para que ela olhasse em meus olhos.
— Odin Papadakis não precisa pagar por companhia.
Engoli a resposta, porque ela tinha razão... Não era porque
sou um homem absolutamente lindo e irresistível, sempre vai ter
uma mulher se voluntariando para se enfiar na minha cama,
querendo aproveitar o ônus de ser vista comigo e conquistar 15
minutos de fama que poderia dar um upload a qualquer carreira
medíocre que estivesse pretendendo ter.
Ainda assim...
A mulher que eu quis não veio atrás, não me deu mais um
olhar, não me procurou quando teve a chance. Simplesmente seguiu
a vida e me deixou como um louco carente da sua atenção.
— Sabe qual foi a primeira coisa que eu pensei quando te vi?
— Joguei de volta. Ela arqueou as sobrancelhas, curiosa pelo que
viria, me fazendo sorrir. Um dos raros sorrisos que eu dispensava a
alguém. — Porque uma mulher tão linda estava acompanhada de
um saco de bostas como o Joe Becker.
Talassa resfolegou quando passei o braço envolta da sua
cintura e a ergui com facilidade, suspendendo-a para montar em
mim. Suas pernas se prenderam ao meu redor e a pressionei contra
a parede de azulejos brancos, buscando um equilíbrio maior.
Seu rosto transmutou para um tenso e eu não gostei do que
vi.
— Não fale o nome desse homem.
— Por quê? Ele te fez algo?
Ela engoliu a saliva, olhou para direção oposta à minha e
segurei seu queixo com firmeza, trazendo-a de volta.
— O que ele fez? — Minha voz ficou perigosamente baixa.
Ela suspirou pesado, pensando se diria ou não e eu insisti em saber.
— Ele tentou... Me violentar. Quando eu disse que não, ele
surtou.
Apertei minha mão em sua pele, sentindo meu sangue ferver
em cada batida acelerada do meu coração.
— O que ele fez com você, Talassa?
— O que ele não fez, você quer dizer? Não conseguiu o que
queria, mas eu fui parar no hospital e fiquei 3 dias internada com o
nariz quebrado e três pontos no supercílio, entre os diversos
hematomas.
Eu olhei em seus olhos lacrimejados e ela só fez que não,
deixando claro que não queria ouvir o que eu tinha para dizer. Engoli
a saliva e foi difícil controlar a língua, porque a culpa disso não era
dela e sim do desgraçado do Joe Becker.
— Quando cheguei no meu apartamento, adivinha o que
achei? Um anjo da guarda me enviou um dossiê completo da vida
do Becker. Fiquei horrorizada com o que ele fez com a ex-esposa.
Acho que eu tive muita sorte.
— Ele voltou a procurá-la?
— Não. Ele me ameaçou, disse que se eu desse queixa,
voltaria. Acontece que tive um problema e retornei para a Grécia.
Ele sumiu desde então.
— Nada desse tipo nunca mais vai acontecer com você. —
Falei seriamente. Cada fibra do meu ser garantiria isso.
Talassa me abraçou pelo pescoço, escondendo o rosto em
mim e nós ficamos por alguns segundos em um abraço muito
apertado, em silêncio, somente nossas respirações profundas eram
ouvidas. Depois, coloquei-a no chão e, pela primeira vez na vida,
cuidei de uma mulher sem querer nada em troca. Apenas porque
tudo em mim dizia que ela era minha e que eu deveria mantê-la
segura, sempre.
Joe Becker tinha machucado a mulher errada e em breve o
filho da puta saberia disso.
Capítulo 27
Talassa Katsarus
5 dias para o Natal
Odin estacionou em frente ao grande distrito comercial de
Nafplio, ainda podia sentir sua tensão e os olhares desconfiados
desde a nossa conversa pela manhã.
— Só vou fazer as unhas e gastar dinheiro comprando
vestidos. Qual problema nisso? — Perguntei pela vigésima vez,
ganhando um olhar desconfiado.
— Vai me ligar se precisar?
— Claro.
— Quer que eu a busque para o almoço?
— Odin, você prometeu passar o dia com o seu pai. Ficarei
bem. Não é como se eu não tivesse em minha própria casa. É o
Nafplio e não o fim do mundo.
Ele estreitou seus olhos e eu não desci do carro, pelo
contrário, apenas o encarei e cruzei os braços.
— Você pode me levar com você, se quiser.
— Meu pai surtaria — falou e eu sabia que estava custando
tudo dele ceder ao controle. — Se comporte, Talassa. O motorista
vai ficar por perto para levá-la de volta quando quiser.
— Obrigada, daddy. Tão gentil... Nada controlador.
— Odeio o seu deboche — rosnou e me puxou pela nuca,
beijando minha boca e me deixando meio tonta com sua
possessividade. Odin encostou a testa na minha e ficamos assim
por alguns segundos. Minha ansiedade está falando mais alto que a
dele.
Desci do carro, ele continuou me olhando e eu acenei como
uma boa garota, por dentro estava nervosa. Era a única chance que
eu teria, depois que voltássemos à Ilha Papadakis não teria
nenhuma desculpa para vir sozinha à cidade.
Entrei no prédio, era enorme como um shopping, mas todo a
céu aberto com várias lojas luxuosas, de grife, salão de beleza,
restaurantes, cafeterias. De onde eu estava não podia mais ver a
rua, mas o roncar do motor esportivo do carro de Odin me indicou
que ele tinha ido embora.
Continuei entrando cada vez mais no centro, parando em
frente a algumas lojas só para ver se os seguranças de Odin
estavam me seguindo, sabia que não seria fácil despistá-los e
contava com uma saída estratégica.
Tenho até às cinco da tarde — horário que Odin terminará o
jogo de golfe com o pai — para ir ver minha filha e eu já não
aguentava mais de saudades.
Entrei em uma loja cara e olhei as roupas displicentemente,
escolhendo a primeira coisa do meu tamanho. Tirei o cartão que
Odin me deu, digitei a senha com cuidado para não errar e saí da
loja com três sacolas. Fiz isso nas três lojas que entrei para o
caminho de uma criança. Olhei todas as roupas, mas não podia
comprar nada no cartão de Odin, então peguei apenas algumas
coisas que passasse despercebida pelo dinheiro que estava na
minha conta. Até que ele me desse a quantia final, não
desperdiçaria nada, precisava de uma saída rápida do país se fosse
necessário.
No caminho do caixa encontrei uma boneca de pano da cor
dos cabelos de Maia, sorri emocionada porque estava morrendo de
saudades da minha menina e precisava revê-la.
Paguei em dinheiro, enfiei as sacolas dentro das minhas e me
debrucei no balcão para falar com a atendente.
Aproveitei a movimentação de turistas e apertei o passo,
entrando por uma viela e saindo do outro lado do centro, na rua
atrás da qual desembarquei. Abri meu celular e procurei um carro
por aplicativo, contando os segundos que antecederam minha
chegada até a Maia.

•••
Minha garganta trancou quando paguei ao motorista e desci.
Olhei ao redor e me certifiquei que não fomos seguidos. Caminhei
tão depressa pela rua deserta, atravessando o pequeno portão para
uma vila de casas, os vizinhos de Hera me olharam com curiosidade
e cumprimentei alguns deles, me sentindo destoante do local.
Preciso tirar as duas daqui.
Dei duas batidas na porta em um ritmo espaçado, era o nosso
código e a porta foi aberta no segundo depois.
— Mamãe! — O gritinho feliz da Maia aqueceu meu coração.
Me ajoelhei, caindo ao chão com o impacto do seu abraço e a
segurei tão forte junto ao meu peito que fiquei com medo de sufocá-
la. Lágrimas desceram pelo meu rosto à medida que a ficha caía.
Pensei que não fosse conseguir vê-la novamente nem tão cedo,
mas graças a Odin, aqui estou.
— Você está bem, princesa? — Murmurei puxando-a para vê-
la melhor. Maia sorriu abertamente e estava linda, limpinha, cabelo
penteado e cheirando a bebê. Olhei para a Hera, minha irmã, com a
mesma emoção em que abraça a minha filha. — Mamãe sentiu
muita saudade.
— Vai me levar com você, mamãe?
Maia tinha quatro anos, todos os dentinhos preenchendo a
boca em um sorriso lindo e uma necessidade infantil totalmente
compreensiva de ficar junto comigo. Senti um fracasso porque
minha resposta ainda era um não.
— Trouxe um presente para você — mudei de assunto.
A palavra presente a distraiu, mas sabia que era
momentâneo.
Empurrei as outras sacolas até achar o que eu queria e
quando tirei a boneca da bolsa, o olhar agradecido e emocionado de
Maia me partiu em dois. Em seu pequeno mundinho encantado,
depois de tanta dor e sofrimento, ver como ela estava nitidamente
aberta a pequenos gestos de amor me deixava em pedaços.
Prometo que vou dar o mundo a você, bebezinha.
Minha filha agarrou sua boneca com paixão, voltando a me
abraçar tão forte, extremamente grata. Suspirei, sentando-se no
meu colo e ouvindo cada pequena coisa que ela queria me contar.
— Fiz muuuuuitos desenhos, mamãe! — Ela falou depois de
contar todos os livros novos que Hera leu para ela e como estavam
as aulinhas em casa.
— Quero ver, vai buscar, minha linda.
Minha filha saiu correndo pela pequena casa, se podíamos
chamar disso. Dois cômodos apertados e um banheiro. Um quarto
com uma cama de casal, uma cozinha tão pequena que mal cabia
duas pessoas ao mesmo tempo e o banheiro era tão simples, mas
arrumado e sempre limpo. Aliás, tudo estava cheirando a produto de
limpeza porque Hera sempre foi caprichosa com suas coisas.
Me levantei e abracei minha irmã tão apertada, ela também
queria chorar, mas segurou.
— Com quem você está, Talassa? No que está se metendo?
— Odin Papadakis — falei baixo.
Seus olhos sobressaltam em surpresa. Papadakis era um dos
nomes tradicionais em Nafplio, ela sabia exatamente quem eram,
mas talvez não soubesse muito de Odin, já que ele era muito
discreto se comparado aos seus pais.
— Ele sabe de nós?
— Não! — Ralhei. — Você sabe que é perigoso.
— Eu sei, quem não sabe é você! — Hera me repreendeu. —
Tem noção de que esse homem pode...
Ela precisou ficar quieta porque Maia voltou com os
desenhos.
Me sentei no tapete do quarto, desfazendo dos meus saltos
altos e nesse momento eu era somente uma mãe que queria passar
um tempo com sua filha. Olhei todos os desenhos, lhe dei beijinhos
e elogios, amei todos eles e guardei um comigo. Eram duas
meninas feitas de palitos, nós duas, uma arte que ela e Hera fizeram
para mim.
— Você é muito talentosa, filha. Eu adorei tudo.
Ela sorriu abertamente, correndo para me mostrar mais
coisas, pequenas coisas que Hera havia comprado com o dinheiro
que lhe enviei. Brinquedos novos, roupas e um novo estojo de lápis
de cor e giz de cera, além de muitos cadernos para pintar.
— Está se cuidando direitinho, Hera? — Perguntei à minha
irmã e ela sabia bem do que estava falando. Só assentiu e cruzou
os braços, ainda de cara feia. — Quando irá ao médico novamente?
— Mês que vem...
— Então talvez... Tenhamos partido, até lá.
— Partir para onde? América?
— Eu ainda não sei... Preciso resolver os documentos da
Maia. — Falei em um tom neutro porque minha filha estava atenta a
nossa conversa. Dei um sorriso a incentivando a colorir um desenho
e minha irmã me inspirou profundamente.
— Você tem quanto tempo aqui?
Olhei o relógio no meu punho e sorri alegremente.
— Três horas.
— Ok. Vou fazer o nosso almoço. — Hera se foi com sua
expressão preocupada de irmã mais velha e eu puxei minha filhinha
para mais perto. O dia seria maravilhoso porque estaria com as
pessoas que mais amo nessa vida.
Capítulo 28
Odin Papadakis
Sentado no sofá com um copo de uísque na mão, olhei o
relógio no meu punho, observando o ponteiro correr lentamente
pelos segundos.
Cinco e quinze da tarde.
Recostei-me ainda mais quando ouvi o barulho do motor do
carro do lado de fora. Tive o ímpeto de me levantar só para vê-la,
olhar em seus olhos, ouvir suas desculpas, mas não o fiz.
Talassa desapareceu por quatro horas, nem mesmo meus
seguranças a encontraram, ela só não imaginava que o lindo relógio
de ouro no seu punho tivesse um localizador.
Ah, minha baby... Uma boceta tão doce com uma mulher tão
mentirosa.
Quando entrou pela porta enorme da mansão, tirou os óculos
escuros do rosto e murmurou algo com o motorista que entrou com
diversas sacolas na mão.
— Oi, daddy, cheguei — seu sorriso não era inseguro. Não
havia uma gota de arrependimento nos olhos castanhos escuros à
medida que ela andava rebolando até a mim.
Talassa sacudiu as unhas feitas, pintadas de vermelho e deu
uma voltinha para que eu pudesse ver seu cabelo escovado e
modelado.
— Gostou? — Perguntou calmamente.
Porra...
Ela é uma atriz perfeita. Se eu não tivesse a certeza de onde
estava, pensaria que era verdade, que seu teatro é real.
— Vem aqui — murmurei baixo, batendo na minha perna com
a mão livre.
Talassa retirou o sorrisinho presunçoso do rosto e caminhou
para perto, agarrando a mão que lhe ofereci. Recostei-me ainda
mais vendo-a colocar cada uma das suas pernas na lateral do meu
quadril, sentando-se de frente para mim. O vestido que ela usava
subiu completamente, expondo suas coxas torneadas.
— Como foi seu dia de compras? — Perguntei calmamente.
Olhei seu decote generoso, os lábios sem nenhum batom, o
colo vermelho e me perguntei se ela estava nervosa por dentro.
Acariciei suas pernas lentamente, apertando aos poucos,
subindo em direção a sua bunda e sem desviar os olhos dos seus.
— Foi ótimo. Quando fazer compras é ruim?
— Me trouxe um presente?
— Como adivinhou? — Ganhei um sorriso safado quando ela
rebolou suavemente no meu colo e segurou meu rosto entre suas
mãos. — Contém rendas na cor azul escuro e muita transparência.
— Vai dançar para mim, Talassa?
— Se você quiser, eu vou. — Sorriu, me olhando desconfiada.
— Mas não disse se estou bonita.
— Está linda.
Ela sorriu. A filha da puta sorriu, se aproximando aos poucos
e roubando um beijo cálido, quase inocente. Talassa empinou sua
bunda no meu colo e eu fiquei com ódio porque meu pau estava
duro pra caralho. Ela é uma puta mentirosa, ainda assim, eu a quero
ainda mais.
Como essa porra é possível?
— Quantos funcionários tem na casa? — Perguntou em um
sussurro, rebolando como uma vagabunda e com os olhos vidrados
nos meus.
— Somente os seguranças.
— Dispensou a cozinheira? — Arqueou as sobrancelhas,
nitidamente confusa e eu assenti.
— Então eu posso fazer o meu daddy feliz?
A safada perguntou já saindo do meu colo, não respondi
absolutamente nada, vendo-a ajoelhar-se entre minhas pernas,
descendo suas mãos pelo short de tecido fino que eu estava usando
e apertando minhas bolas levemente. Fechei os olhos com o tesão
me matando quando Talassa baixou o short.
— Eu vou gozar na sua boca e você vai engolir — rosnei
fechando os dedos ao redor do seu cabelo escovado. Talassa sorriu
pervertidamente, passando a língua pelos lábios e assentiu.
Eu queria deixá-la marcada para que qualquer filho da puta
que a tocasse, soubesse a quem ela pertence.
A desgraçada encheu a boca com meu pau, me fazendo
gemer forte enquanto me deslizava pela língua quente, me
carregando até sua garganta.
— Porra! — Rosnei apertando os dedos mais forte pela sua
cabeça.
Ela sabia exatamente o que estava fazendo quando alternou
a velocidade, chupando forte, até o fundo e estimulando minhas
bolas.
— Filha da puta! — Seus olhos vieram para o meu e sorriu
com a boca cheia do meu pau.
Talassa não parou de me chupar, a safada fazia isso como
ninguém, me deixando ainda mais envolvido na sua teia. Quando
nosso acordo terminasse eu seria o único fodido nessa história.
— Senta! — Rosnei, puxando seu cabelo com força e tirando
sua boca do meu pau. Ajudei-a a erguer, Talassa abriu as pernas
para me montar e eu rasguei sua calcinha com facilidade, puxando
os trapos que sobraram. — Você é uma coisinha perigosa, Talassa
Katsarus.
Ela me olhou sem entender, depois sorriu efusivamente
quando sentou de uma vez no meu pau, me fazendo fechar os olhos
tamanho o prazer. Sentir sua boceta quente contraindo ao meu
redor era indescritível.
— Eu sou, daddy?
— Você é... Mas sabe o que o ditado diz, quem brinca com o
fogo...
— Acaba se queimando — ela completa e eu a puxo para um
beijo.
Talassa mal reage porque fecho minhas mãos ao redor do
seu pescoço, pressionando levemente e aumentando à medida que
impulsiono meus quadris, comendo-a sem pausa. Seus suspiros são
uma delícia, principalmente a expressão surpresa de quem não
estava esperando a selvageria.
— A quem você pertence, baby? — Rosnei ao chupar seu
pescoço para ficar marcado.
— A você! — Talassa gritou ao rebolar no meu pau. Suas
mãos fincadas no meu ombro para ter apoio e eu investi mais forte.
— Então goza para mim, safada. Quero essa bocetinha
apertando meu pau.
Minha mulher mentirosa ficou ensandecida nos meus braços,
Talassa jogou a cabeça para trás e eu sorri com as marcas roxas no
seu pescoço, seu rebolado me levaria ao ápice e eu só estava
esperando sua rendição para encher sua boceta de leite.
Quando ela voltou a me olhar, me perdi no que vi em seus
olhos, os sentimentos confusos que trouxeram a raiva de volta e eu
beijei sua boca com fome, fodendo forte, sentindo-a estremecer nos
meus braços e finalmente gozando dentro dela.
Que porra de confusão eu fui me meter.
Quando ela caiu em cima de mim, completamente ofegante,
com o corpo trêmulo, meu pau ainda estava duro dentro dela e eu
sabia que não queria parar. E para isso eu precisava descobrir o
que ela conseguiu esconder tão bem que nem mesmo o melhor
detetive que eu conhecia conseguiu encontrar.
Capítulo 29
Talassa Katsarus

4 dias para o Natal


— Por que está preocupada? — Odin recostou no assento e
me encara de um jeito que me deixa arrepiada.
Ele tem me olhado intensamente desde ontem quando me
fodeu como um animal faminto no sofá da sua sala. Agora não
consigo olhar para o móvel e não sentir uma palpitação esquisita no
peito.
Olho ao redor, fugindo da sua encarada nada sútil, fingindo
que não estou abalada até o último fio de cabelo com o nosso
relacionamento intenso.
— Não estou.
— Algo está errado. Não gostou do restaurante? — Pergunta
outra vez, o jeito que seus olhos se espreitam em mim me faz
engolir o vinho com dificuldade.
— É bonito.
— Só bonito?
— Está querendo me impressionar, Odin Papadakis? —
Brinco e recebo um sorriso enviesado.
Odin faz um aceno discreto e o garçom que estava nos
atendendo a noite toda retorna e enche minha taça novamente. Eu
já perdi as contas de quantas bebi e me sinto um pouco
embriagada. O vinho é docinho, uma delícia e mal sinto o gosto do
álcool no paladar.
— Tenho algo para você — murmura.
Meu coração acelera quando ele enfia a mão no bolso do
paletó elegante que está usando e tira de lá uma caixinha de couro
retangular. Meus olhos sobressaltam sutilmente, realmente surpresa
com o gesto, ele arqueia uma das sobrancelhas e empurra a
caixinha para mim.
Quando foi que ele comprou?
Quando abro, minha boca fica seca com a surpresa. Um
belíssimo bracelete cravejado com pedras brilhantes. Não faço ideia
do que sejam, mas a marca da joalheria estampando a caixa é de
fama internacional e sei que se trata de pedras preciosas.
O gesto me deixa desconcertada, quase como uma aflição
subindo e descendo pelo meu corpo. Eu já recebi presentes antes,
mas nada perto disso, assim como nenhum deles me tirou essa
reação.
— É lindo, Odin.
— Me dê seu punho — sussurra. Ele parece desconcertado e
é muito raro vê-lo sem sua expressão arrogante no rosto.
Faço o que pede e observo-o preencher o meu pulso fino com
a pulseira delicada. Minhas unhas vermelhas fazem um contraste
tão bonito e eu engulo as palavras, emocionada demais para dizer
qualquer coisa.
— Quero congelar essa cena na minha mente — sua voz soa
tão profunda, rouca, quase misteriosa. Eu o encaro e Odin está tão
sério. — Você é linda, Talassa.
Sorrio, mas sinto minhas bochechas quentes.
Não estou acostumada com um lado quase carinhoso,
afetuoso, isso não combina com ele e não sei como agir quando
fazem algo fora do esperado.
Puxei levemente minhas mãos da sua e Odin continua me
encarando, resfolegando baixo.
— Tirar uma foto vai ser mais eficiente — brinco sem jeito,
querendo amenizar o clima, mas estou muito mexida para sorrir e
fazer piadas.
Odin ergueu seu celular em minha direção, arqueando as
sobrancelhas e exige que eu faça uma pose. Céus, ele vai mesmo
tirar uma foto minha?
Obedeço, porque quero que esse momento íntimo e estranho
acabe logo. Posso lidar com as brigas, insinuações, provações e
crises de possessividade, o resto eu dispenso. Eu não posso me
deixar levar por isso ou terminarei...
Não se apaixone por ele, Talassa. Seria um erro, o pior de
todos.
Odin guardou o celular e ficamos em silêncio, cada um
envolvido em sua própria bolha de pensamentos, elevando essa
situação provisória para níveis que não deveriam alcançar.
Após pagar a conta, ele me guia para fora e penso que
iremos voltar para casa, mas Odin faz o caminho contrário do carro.
O jeito delicado que me ampara porque meus saltos são finos e
instáveis me deixam ainda mais abalada, com o coração pronto para
cometer uma loucura.
A noite está quente, mas à medida que Odin me carrega para
perto da mureta de pedra, próxima ao mar, uma brisa fresca sopra
entre nós trazendo quase um reconforto com a maneira agitada que
me sinto.
Ele recosta à mureta, afastado das pessoas que caminham
pela cidade histórica, aproveitando a noite em família ou amigos, e
me puxa para perto. Rapidamente sou acolhida pelos seus braços,
ficando entre suas pernas e recebo um beijo contido, carinhoso em
um gesto nítido de afeto em público.
— Que bicho te mordeu? — Falei baixinho segurando pela
lapela do terno, olhando em seus olhos escuros e Odin sorriu. Não
era um sorriso cínico, um sorriso de verdade e que eu nunca o vi
dando.
— Não entendi a pergunta.
— Entendeu, sim.
— Só estou aproveitando a noite quente com a minha quase
adorável companhia.
— Quase? — Estreito meus olhos em sua direção e agora,
sim, recebo um sorriso cínico.
— Você não conseguiria ser totalmente adorável nem se
tentasse muito. Seu gênio é infernal, mulher. E é isso que eu adoro
em você.
— Minha boca suja?
— O jeito como você me enfrenta.
— Isso te excita, daddy? — Sorrio e o abraço pelo pescoço,
me aproximando do seu corpo quando suas mãos envolveram
minha cintura. Odin me pressiona e eu consigo sentir a extensão
enrijecida dentro da calça.
— Você é diferente de tudo que já experimentei e me deixa
fascinado, estou me tornando um viciado, baby.
— Eu acho que você já é — dou uma risada porque sua
expressão é muito safada. Odin aperta minha bunda com força e
beija minha boca com vontade.
Nunca vou me acostumar a ser beijada por ele, é voraz e me
tira do eixo. Tudo nesse homem é dominador, quando me beija é
para demonstrar que pode me enlouquecer com poucos gestos.
Que tem o controle de tudo. Um mestre perverso querendo me
ensinar todos os pecados que há no mundo.
— Vamos fazer uma coisa louca? — Seus olhos brilharam
perigosamente. Ergo as sobrancelhas, curiosas sobre o que ele
quer, há quase um tom brincalhão no seu rosto quando me ergue e
desce as escadarias ao final da mureta que separa a orla do mar.
— Odin?! — Falo, já preocupada e ouço sua risada quando
me baixa ao chão e tira o paletó do terno. A gravata e eu recuo um
passo com os saltos afundando na areia quando ele começa a abrir
os botões da sua camisa branca. — Não...
— Tire os sapatos ou vai entrar com eles.
— Não! — Olho de cara feia, me afastando e tropeçando na
areia.
— Mulher teimosa!
Recuar não o impede de me agarrar pelos braços, me
puxando e me erguendo como se fosse plumas ao me alojar sob
seus ombros.
— Odin! — Meu grito chama atenção de alguns turistas
dispersos na praia e ouço sua risada.
Ele joga nossos pertences no chão, encara seu celular
afundando na areia fofa e me debato em seus braços quando ele
corre comigo depois de atirar minhas sandálias longe.
— Eu vou te matar! — Gritei, mas já era tarde demais.
A água gelada bateu em meu corpo quando Odin nos
afundou, ouvi sua risada alta, pela primeira vez na vida, e era
incrivelmente insano vê-lo rindo. Ele é sempre tão sério, fechado,
arrogante...
A raiva se dissipa porque o homem que está na minha frente
não é aquele a qual estou habituada a lidar. Um que me olha com
desconfiança e espera o pior de todos.
Enrolei minhas pernas na sua cintura, tremendo de frio e ele
nos afunda mais, ao ponto que parte do meu colo apenas fique
exposta.
— Você é maluco.
— Quando voltarmos para a ilha não quero que use nada
além de um biquíni pequeno até o ano novo.
— Quando voltaremos?
— Dia 26, pela manhã.
— Não passará a virada do ano com a sua família? — Ele
negou rapidamente, me abraçando mais forte.
— Mas eles estão convidados para virem à ilha, talvez
venham, já que estão recebendo visita e Zenia quer conhecer minha
casa.
Sua provocação está lá e franziu o cenho ao morder seu lábio
inferior com força. Odin soltou outra risada com um xingamento no
meio.
— Ciúmes, baby?
— Você é meu até o fim do contrato.
Odin continua sorrindo, me abraçando mais forte e aproxima
o rosto do meu. O jeito que ele me encara me deixa arrepiada com a
sua intensidade.
— Só seu.
— Só meu. — Reafirmo, beijando-o enlouquecidamente na
tentativa de calar as vozes no meu coração.
Capítulo 30
Odin Papadakis

2 dias para o Natal


— Hmmm... Dois dias sem nenhuma briga... Temos um
recorde?
Fui abraçado pela cintura e foi impossível não sorrir.
— Temos um recorde. — Brinquei de volta, puxando-a pelo
braço e beijando seu pescoço. Nunca iria me acostumar com o
cheiro do seu perfume, estava viciado em dormir com o rosto
enfiado entre o vão dos seus ombros, sorvendo seu cheiro como um
cachorro carente. — O maluco chegou.
Talassa soltou uma longa risada, virando-se no meu braço e
continuei segurando em sua cintura. Ela deitou a cabeça no meu
pescoço e ficamos na porta observando Orien acelerar com o carro,
levantando poeira pelo caminho. Ele reduziu ao passar pelo pátio e
ouvimos o som alto do carro quando estacionou e abriu a porta.
— Sentiu minha falta? — Ouvi seu grito da entrada. O babaca
estava entusiasmado como sempre, parecendo um rádio de pilha.
Dafne desceu do carro irritada, reclamando de como ele foi
um idiota por todo o caminho do precipício e perguntou se estava
tentando matá-la. Os dois se amavam e brigavam na mesma
frequência.
— Só no seu mundo o Odin desperdiçaria um segundo para
se lembrar de você quando tem a Talassa aqui.
— Ei, eu sou o melhor amigo de infância dele — eles
brigaram. Talassa riu, se soltando de mim e abraçando Dafne.
Cumprimentei a esposa do meu amigo, ainda rindo do seu
estresse e a minha... Baby a levou para dentro. Quem diria que um
dia eu teria dificuldade para nomear um relacionamento?
— Resolveu aquele problema? — Perguntei a Orien,
caminhando para o escritório.
Ele veio ao meu lado e sua feição feliz se transformou em
uma preocupada. Orien se sentou e eu servi um uísque, o que ele
me diria determinaria se eu voltaria mais cedo ou não para os
Estados Unidos.
— Sim. A qualquer momento Joe Becker será preso. Ele
também recebeu uma visitinha especial nessa madrugada.
— Especial do tipo eficiente ou vou precisar enviar outra visita
quando ele for para o presídio?
— Eficiente, mas não ao ponto de ficar hospitalizada como
Talassa ficou depois que ele a espancou.
— Você foi até o hospital? Teve acesso ao prontuário? —
Perguntei ficando alerta.
Ela não me contou com detalhes o que o filho da puta do
Becker fez com ela, mas isso não saiu da minha cabeça nem por
um minuto e dei como missão a Orien resolver essa situação antes
de vir para a Grécia. Não sabia sob quais alegações Joe seria
preso, pouco me importava, mas o tanto que Orien era bobo e
apaixonado pela esposa, também era letal ao ponto de não deixar
nenhuma ponta solta que possa interferir nas nossas vidas e
prejudicar quem amamos.
O filho da puta seria preso tarde, se houvesse justiça sem
influência, ele estaria na cadeia depois de ter feito a vida da esposa
um inferno.
Orien mexeu em seu celular e depois entregou na minha
mão. Senti um nó se formando no meu estômago conforme lia as
linhas, todas as que descreviam o tipo de lesão que ela sofreu
quando o maldito a deixou inconsciente depois de não ter o que
queria.
— O médico disse que ela teve sorte, o trauma na cabeça
poderia ter causado várias complicações.
— Desgraçado — rosnei, bloqueando o celular e entregando
a ele. — Garanta que esse filho da puta vai ficar preso.
— Ele vai. — Orien falou. — Agora me fale sobre como estão
as coisas por aqui.
Recostei-me novamente, suspirando e pensando por onde
começar a falar. Por fim, resolvi que ainda não tinha muito a dizer.
Por enquanto...
— O detetive que contratei para investigá-la está a caminho
da Grécia. Há algumas coisas pertinentes que preciso resolver, para
isso, tenho que saber absolutamente tudo sobre Talassa.
— Por quê?
— Não entendi.
— Por que quer saber tudo se você tem pouco mais de sete
dias com ela? Uma semana, Odin... Qual motivo de estar fazendo
tanto esforço para sabotar essa relação?
— Não quero sabotar nada, ela está me escondendo algo e
quero saber o que é.
— Todos escondem segredos, você também. Talassa não
sabe quais são as circunstâncias que a trouxe até aqui, a forma
como você manipulou o destino.
— Ela imagina.
— Imaginar não é saber — Orien rebate, ficando ainda mais
sério e eu o encaro. — Se não o conhecesse há tantos anos, diria
que está apaixonado por essa mulher.
— Não fale merda.
— Então prove que não estou errado e ela é só mais uma
boceta, esqueça isso.
— Não fale dela dessa forma outra vez, você é meu amigo,
mas não vou permitir que reduza Talassa a uma foda qualquer.
— Tá vendo? — Orien aponta e dessa vez solta um sorriso
debochado. — Você está perdendo o jeito, Odin. Uma garota de 22
anos te colocou no bolso.
Qual era a vantagem em negar?
Recostei-me à cadeira e fiquei sério, bebi um pouco da minha
bebida para tentar trazer algum tipo de clareza à mente e suspirei,
refletindo com o que meu amigo dizia. Meu pai, minha mãe e agora
Orien, todos eles perceberam antes de mim e se eu não for um
maldito hipócrita, vou assumir que o que eu sinto por Talassa está
além do tesão.
— Mas ela está mentindo. Se eu não souber o que é, isso
acabará em uma semana.
— E você não quer que acabe?
— Eu já não sei de nada.
Orien me encara e eu sei exatamente o que quer dizer, mas
ele prefere ficar quieto porque sabe que eu não vou assumir porra
nenhuma. O orgulhoso dentro de mim não pode assumir nenhum
tipo de fraqueza.
— Estou fodido, não é?
— Muito. Mas, bem-vindo ao time dos homens que ao
descobrirem esse fato, ficaram apavorados, mas aceitaram
felizmente. Um homem sem uma mulher pra mandar nele é só um
menino.
Gargalho alto, Orien me acompanha na risada e nós
brindamos. Talvez ele tenha razão, meu pai com certeza
concordaria com ele.
Uma batida na porta nos alertou, gritei que poderiam entrar e
Talassa me deu um olhar impaciente e apontou para o seu relógio.
Meu olhar seguiu para a pulseira brilhando no seu punho e enchi
meu peito com orgulho que não cabia dentro de mim, acompanhado
de uma falsa segurança e esperança de que essa história terminaria
de uma forma favorável para mim.
— Estamos prontas! — Dafne gritou, colocando a cabeça
para dentro da minha sala. — Praiaaaa!
— Na outra vida minha mulher foi um peixe — Orien levantou,
já rindo e foi com sua esposa.
— Está tudo bem?
— Tudo ótimo. Vem aqui, quero ver o tamanho desse biquíni
— me referi a parte de baixo. Ela revirou os olhos, mas andou com
seu andar sexy como o inferno e parou bem a minha frente.
Subi o vestidinho soltinho que ela está usando, passando a
língua pelos lábios e louco para afastar a calcinha do seu biquini
para chupar a bocetinha gostosa.
— Você é um tesão. Deixe Orien levar Dafne à praia, vamos
para o quarto.
— Não — ela riu ao baixar seu vestido e se inclinou para me
beijar. — Me leve para praia, daddy.
— Quando você fala assim...
Rosnei segurando sua nuca e beijando com vontade, Talassa
gemeu, se entregando para mim e a puxei para se sentar no meu
colo. A safada veio de boa vontade, abrindo as pernas para que eu
acariciasse a parte interna das suas coxas, esfregando meu
indicador na linha do biquíni, ameaçando afundar meu dedo dentro
da sua boceta.
— ODIN E TALASSA! — O grito da Dafne a fez bufar,
frustrada e mordi o seu queixo.
— Mais tarde, bebê. Estou ansioso para foder você.
A minha fome por essa mulher nunca ia passar?
Capítulo 31
Talassa Katsarus

Enchi minha boca com salada de frutas deliciosa que as


cozinheiras tinham preparado na nossa cesta de piquenique para
um dia na praia. Dafne estava tagarelando sem parar como estava
morrendo de saudades da Grécia, do mar e do calor, nós
combinamos de fazer compras depois do Natal e planejamos sobre
a festinha que queríamos organizar com o ano novo.
Estava me sentindo nostálgica, seria o primeiro fim de ano
que passaria longe da minha filha e eu evitava pensar nisso,
focando na recompensa financeira, mas sabia que era injusto que
ela e Hera estivessem naquela casa, ainda que protegida, enquanto
eu aproveitava em uma mansão na Grécia.
— Estar na Ilha é bom porque a praia é no quintal de casa.
Aqui temos que descer aquela estrada que eu odeio! — Dafne
declarou, também comendo salada de frutas e Odin me deu uma
garrafinha de água.
— Você é medrosa, amor.
— Ou você dirige como um louco — provoquei Orien só para
jogar lenha na discussão entre eles.
Os dois ficariam conosco para o Natal, pelo que entendi que a
família da Dafne estava fora do país e o Orien não se dava muito
bem com os pais, então há anos eles passam as festas de fim de
ano com a família do Odin.
— Como está sendo sua interação com a sua sogra? — Me
provocou de volta, dando uma risada ácida e me sentei na mesma
espreguiçadeira que Odin estava deitado, fingindo ler um livro.
Eu sabia exatamente para onde ele estava olhando por baixo
dos óculos escuros.
— Eu sou a nora dos sonhos — debocho.
— Achei que essa fosse a Zenia — Orien continua me
provocando e eu desfiro um olhar rude para Odin. Eles ficaram
conversando sobre a garota?
— Na primeira oportunidade eu vou te foder, aguarde — Odin,
no entanto, só ameaçou o amigo. Orien gargalhou, chutando areia
na nossa direção enquanto eu era puxada para perto do meu grego
arrogante.
— Ele não me falou nada, foi Gaia. Liguei para avisar que
estava a caminho e ela me contou a novidade sobre os Daskalakis.
— Quem sabe depois que...
— Depois de nada — Odin me cortou, sabendo que eu falaria
algo sobre o fim do contrato. — Ele está te provocando, não dê
atenção.
Meu celular tocou ao final da sua frase, vi que seus olhos
acompanhavam a tela e eu fiquei subitamente quieta. Ele pegou o
aparelho, direcionando a mim e um frio na barriga me corroeu
quando segurei o telefone.
— Quem é Hera?
— Uma amiga — sorri minimamente, me levantando. —
Preciso atender, me deem licença.
Me afastei andando em direção a água e não ousei encarar
Odin e seus amigos.
O choro da Maia encheu a linha tão alto que eu fiquei nervosa
automaticamente.
— Oi, desculpa ligar fora da hora combinada. Maia está
fazendo aquilo de novo.
— Me deixe falar com ela — Pedi ao me aproximar da faixa
de areia molhada. Fiquei parada enquanto a onda vinha e molhava
meus pés, trazendo a mínima sensação de conforto.
— Mamãe!
— Shhh, se acalme... O que nós conversamos sobre isso? —
Murmurei baixo, amorosamente, na tentativa de que ela tentasse
realmente se acalmar. — Respira fundo para me contar o que está
te chateando.
— Vem pra casa! — O choro continuava.
Conhecia minha garotinha o suficiente para saber que não
pararia tão cedo, então comecei a andar para longe de Odin,
murmurando palavras doces de consolo, mas deixando que ela
chorasse. Em uma distância segura, me sentia mais à vontade para
conversar com minha filha.
— Nós vamos ficar juntas a partir do dia 2 de janeiro. Quero
que anote com a tia Hera, prometo que você vai comigo para onde
eu for. — Falei calmamente, mas de um jeito firme, queria que
mesmo com sua pouca idade Maia confiasse em mim. — Mamãe
não mente, Maia.
— Falta muito? — Seu choro havia amenizado, mas ainda
estava soluçando. Inspirei profundamente controlando minha própria
agonia.
— Alguns dias, somente. Quero que se comporte até lá. Eu
vou estar com você assim que eu puder, mamãe está trabalhando,
lembra?
— Eu sei, mamãe... — Fungou e eu ouvi a voz da minha irmã
a consolando.
— Eu te amo muito, Maia. Infinito.
O silêncio durou alguns segundos e um suspiro longo
preencheu a linha.
— Ela se acalmou um pouco. Está enjoada, mal comeu hoje
queria você de qualquer jeito.
— Eu quero que você arrume as coisas de vocês. Vou fazer
uma reserva em um hotel e...
— Talassa, não devemos — Hera repreende. Eu seguro a
respiração, controlando meu gênio, me sentindo tão impotente. —
Temos que guardar o máximo de dinheiro possível.
— Como tem se sentido? — Pergunto, preocupada com seu
bem-estar.
Hera foi diagnosticada com uma doença autoimune quando
ainda era adolescente e sua vida, desde então, é feita de fases.
Nenhum médico consegue de fato um tratamento que lhe traga
resultados a longo prazo e todos os seus remédios são tão caros.
Quando elas não os ingerem, passa semanas internada, e agora
que temos a possibilidade de arcar com os custos desses remédios
e procurar tratamentos inovadores não posso recusar a chance.
Olho para trás e Odin está sentado, seus olhos estão em mim
e ele mal se move. Me pergunto o que está passando pela sua
cabeça e quais serão as acusações que me fará quando eu voltar
para perto deles.
Troco mais algumas palavras com Hera, confirmando que dia
2 estaremos juntas e agradeço imensamente por ela ser a melhor
irmã do mundo e cuidar tão bem da minha filha.
— Amo você, sempre estaremos juntas, Talassa. Somos uma
família de mulheres fortes, sobreviventes. Esses momentos ruins
vão passar.
E eu acreditei fielmente no que minha irmã diz.
Capítulo 32
Odin Papadakis
Véspera de Natal
Talassa desfilou na minha frente com um conjunto de lingerie
vermelha, com espartilho e cinta-liga. Sentei-me na poltrona,
coçando meu queixo e olhando-a como um obcecado.
Ela não estava fazendo para me provocar porque havia uma
pequena ruguinha na sua testa que apareceu logo após o seu
telefonema secreto na praia, há dois dias. Desde então, Talassa
parece pensativa e quando tenta disfarçar o descontentamento cada
vez mais evidente, é como se estivesse tendo um colapso nervoso
em um sorriso congelado em seu rosto.
Me levantei, ainda que pensativo, querendo saber todos os
seus segredos. Visualizei a bunda maravilhosa com a calcinha
pequena enfiada entre as nádegas e acariciei levemente. Talassa
levantou a cabeça, me olhou e eu vi um brilho em vida passando por
seus olhos.
— Você está ansiosa, bebê?
— Essa roupa está boa mesmo? — A insegura na sua voz
não me agradou.
Olhei o vestido prateado na cama, assentindo e voltando a
tocar sua bunda com carinho. Minha boca salivou e ela grunhiu
insatisfeita com o meu silêncio.
— Agora não é hora, tenho que terminar de me vestir —
reclamou, tentando fugir e eu a puxei para perto.
Senti o cheiro delicioso do seu pescoço, lambendo sua pele
em um beijo molhado que a deixou arrepiada. Seu gemidinho
contido endureceu meu pau, aumentando o tesão que já estava
sentindo.
— Uma rapidinha só pra te acalmar — sussurrei no seu
ouvido já inclinando seu corpo sob a cama. — Quero que goze na
minha boca, baby.
Talassa resmungou, querendo se levantar ao mesmo tempo
que ia de boa vontade, deitando-se de bruços na cama. Cobri meu
corpo com o seu sem soltar o peso, beijando-a por inteiro. Seus
resmungos negativos se converteram em deliciosos suspiros, que
logo viraram gemidos ansiosos.
Espalhei uma trilha de beijos pela sua coluna, viciado no
cheiro do seu hidratante corporal, acariciando-a com minhas mãos e
tendo a visão deliciosa do seu corpo perfeitamente modelado pela
coisinha gostosa que ela estava vestindo.
— Tão linda, como não foder você quando desfila só com
essa lingerie na minha frente?
— Odin... — Ela suspirou entre avisos e exigências.
— Olha que delícia essa bunda empinadinha para mim.
Coloque os joelhos na cama, baby. Vou te chupar bem gostoso,
vamos te deixar calminha.
Ela gemeu, me obedecendo e eu puxei o fio da sua calcinha,
expondo o cuzinho depilado para mim. Me inclinei sobre ela,
enfiando dois dedos dentro da sua boca e ela chupou de um jeito
que me fez tremer.
— Safada do caralho — rosnei roucamente, trazendo o dedo
molhado até seu ânus, acariciando levemente o buraco fechado. Ela
arfou, arqueou sua coluna e eu adorei a entrega. — Gosta disso,
bebê?
— Sim, não pare — exigiu.
Sorri, não tinha nenhuma intenção de parar, não até me ter
inteiramente afundado dentro do seu corpo gostoso e melando sua
boceta com meu leite.
Me abaixei, separando as bandas e chupei. Ouvi seu gemido
mais alto, Talassa empinou mais a bunda em minha direção e eu
delirei, lambendo toda sua boceta, ânus, esfregando meu dedo no
seu clitóris enquanto arrumava minha posição para ficar por baixo,
na cama.
— Senta na minha cara, gostosa! — Mandei.
Talassa obedeceu de imediato, suas pernas se posicionaram
ao redor da minha cabeça enquanto jogava sua cabeça para trás e
esfregava a boceta molhada em mim.
Apertei suas pernas com força e chupei forte, me alimentando
dos seus gemidos, adorando o jeito ansioso que ela cavava o seu
orgasmo, rebolando na minha boca e me deixando encharcado do
seu tesão.
Quando segurei suas coxas e a trouxe ainda mais para perto,
quase me asfixiando, mas com uma fome do caralho da boceta
dela, Talassa não aguentou. Seu grito soou estridente, desesperado.
Suas mãos vieram para o meu cabelo, ela puxou com força,
gemendo meu nome várias vezes seguidas.
— Odin... Vou gozar... Céus — seus apelidos ensandecidos
deixaram minhas bolas inchadas. Talassa esfregou a bocetinha na
minha cara, gozando forte enquanto me dava o que eu queria.
Penetrei sua boceta, bebendo seu orgasmo, querendo cada gota do
que me pertence.
Ela caiu sob a cama exausta e eu não esperei um segundo a
mais para beijar sua boca. Eu adorava seu jeito desinibido, sem
frescura, uma mulher livre que gosta de sexo tanto quanto eu e não
tem limites para satisfação mútua.
— Está mais calma? — Perguntei ao esfregar meu polegar no
seu mamilo intumescido.
— Só quando você estiver dentro de mim, daddy.
— Minha putinha, porra... Como eu amo... foder com você.
Nossos olhos não se desviaram quando me livrei da calça e
me posicionei entre suas pernas, pronto para reivindicar o que eu
quero para mim.
— Você é minha, Talassa?
Perguntei afastando sua calcinha, olhando a boceta inchada,
melada e toda gozada. Esfregava seu clitóris e ela se contorceu.
— Me fode, Odin!
— Você é minha, Talassa? — Reforcei, forçando a cabeça do
meu pau pela boceta melada. — Essa boceta é minha, amor?
Seus dedos fincaram sobre meus ombros, eu sorri porque
adorava seu descontrole, seus olhos furiosos, o tesão passando por
eles.
— Você sabe que sim.
— Porra... — Sua resposta acelerou tudo dentro de mim e eu
a penetrei forte. Nossos olhos conectados, respirações ofegantes e
uma energia surreal pairando entre nós. — Isso, minha. Só minha.
A irracionalidade falou mais forte quando a beijei, comendo
sua boceta em um ritmo acelerado. Suas pernas se fecharam ao
redor dos meus quadris, nosso beijo eloquente, uma forma
desesperadora que nos unia de um jeito que eu me sentia
assustado pela intensidade.
Desci os beijos pelo seu pescoço, apertando-a bem forte em
mim enquanto deslizava dentro da sua boceta molhada. Talassa
beijou meu ombro, sussurrando o quanto era minha, acionando um
gatilho possessivo dentro de mim. Deixando todos os meus
neurônios em conflito.
— Não quero que acabe — sussurrei em seu ouvido, fodendo
sem parar, sentindo meu orgasmo se formando nas minhas bolas.
— Fica comigo. Seja minha.
— Eu sou sua, Odin — o jeito que ela diz isso, com a voz
profunda, séria, como uma confissão secreta e apaixonada.
Seus gemidos intensificam e eu sei que ela quer gozar
também.
Olho em seus olhos e quero me perder nele.
— Você fodeu com tudo em mim — falei ao me enterrar no
fundo da sua boceta, estocando forte, sentindo seus músculos
contraírem e me apertarem. — Cada pedaço que eu tenho é seu.
— Odin...
Ela está tremendo, respirando forte, gozando ao redor do
meu pau e é uma delícia assistir a cena.
— Eu sei, gostosa.
Basta que eu estoque mais duas vezes para que me derrame
inteiro dentro dela. Cada jato forte percorre seu corpo, marcando a
mulher que eu decidi que quero para mim. Não importa o preço.
Tudo que ela quiser eu darei para que fique comigo.
Por favor, não vá embora.
Capítulo 33
Talassa Katsarus
Natal
Sorri emocionada ao olhar a foto que recebi de Hera, ela e
Maia, deitadinhas comendo pipocas e assistindo filmes de Natal.
Minha filha estava bem, de acordo com a minha irmã. Isso porque o
Papai Noel passou por lá e trouxe o presente que ela havia pedido
tanto, insistentemente, até que me deixasse louca por causa de uma
boneca que fala mais de 100 frases.
— Feliz Natal, Talassa — Gaia se aproximou em um
momento da noite com um sorriso afiado no rosto, pronta para me
enfrentar, se fosse necessário.
A mãe do Odin era elegante demais para ser grosseira, mas a
guerra fria que tentava estabelecer comigo me irritava.
— Para você também, Gaia — devolvi o mesmo sorriso e
sustentei o olhar.
Entendi o motivo de ter se aproximado quando procurei por
Odin com os olhos e o encontrei do outro lado da enorme sala
conversando com Zenia. A garota estava sorridente, tocando-o o
tempo todo enquanto falava com muita empolgação. Não senti
absolutamente nada de início, mas a frase a seguir de Gaia foi como
despertar do delicioso sono pós-orgasmo, aquele que o filho dela
havia me dado algumas horas antes.
— Olha como eles ficam bem juntos — o tom parecia de uma
mãe completamente orgulhosa da escolha de seu filho.
— O que tem contra mim, Gaia? — Murmurei, entrando na
sua frente e ficando de costas para Odin e a afilhada de sua mãe.
— Nada. Você apenas não serve para o meu filho.
— Sequer me deu uma chance para nos conhecermos, por
que pensa isso?
Ela arqueou as sobrancelhas, evidentemente surpresa com o
que eu disse e depois torceu os lábios como uma forma de desdém.
— Odin e eu somos algo real. Não vou deixá-la envenená-lo
contra mim. — Uma parte minha perguntou o motivo da mentira,
enquanto a outra, a orgulhosa, me incentivava a continuar: — E
mais uma coisa... Aquela doce garota ali viraria pó se Odin ousasse
fazer metade do que faz comigo, com ela.
— Eu não preciso saber o que vocês fazem em quatro
paredes!
— Então devia praticar! Quem sabe assim você não abre os
olhos e vê que tem negligenciado sua própria vida para cuidar da do
seu filho? Cadê o seu marido, Gaia?
Ela iria me responder quando Dafne soltou uma longa risada,
chamando nossa atenção e a mãe de Odin mirou, olhando a esposa
de Orien em uma conversa animada com o pai de Odin e uma outra
mulher.
Fiquei esperando a resposta atravessada, mas a mulher
pareceu se enfurecer com a cena e foi atrás de seu marido.
Olhei ao redor da festa pensando que os natais deveriam ser
algo íntimo e em família e não a grande festa que a Gaia estava
oferecendo para algo além de cem convidados. As pessoas falavam
quase emocionadas, sobrepondo umas às outras e deixando o clima
familiar de lado.
Meu coração apertou, eu queria estar com a minha filha,
queria viver esses momentos únicos com ela e não com todos esses
desconhecidos que sempre têm um olhar crítico para me lançar.
Me virei para procurar Odin novamente e ele não estava mais
lá, nem mesmo Zenia. Continuei procurando pela sala, caminhando
para fora, onde a festa se estendia no imenso jardim decorado com
tema natalino entre vários tons de dourado e vermelho.
— Talassa? — A voz grossa me causou um estranhamento
no estômago. Olhei em direção ao tom e o homem a quem Odin
chamou de Floros na primeira vez em que vim na casa dos seus
pais estava parado há alguns centímetros de distância, vindo para
mais perto. — Talassa Galanis?
O pavor atravessou meu rosto rápido demais, coloquei um
meio sorriso e tentei negar suavemente, mas a negativa foi enfática
e quase desesperada.
— Katsarus — minha voz saiu em um fiasco tremido. O
homem arqueou as sobrancelhas em profunda desconfiança e eu
tentei me lembrar de onde eu o conhecia.
Um aperto no peito, um medo absurdo e a vontade de
desaparecer para longe vieram tão rapidamente.
— Como vai, Floros? — Orien surgiu do meu lado e passou
seus braços pelo meu ombro.
Me senti imediatamente protegida, principalmente quando o
amigo de Odin se interpôs entre mim e o convidado de Gaia.
— Quanto tempo, Orien. Senhorita Katsarus também é sua
protegida?
— A mulher do Odin sempre será minha protegida. — Orien
falou sério, mas depois sorriu e apertou a mão do homem mais
velho. — Mande lembranças à senhora Floros.
Fiquei desconfortável, o homem me olhou intensamente e
Orien me puxou para longe.
— Quem é esse homem? — Cochichei, andando rapidamente
ao lado de Orien.
— Alguém que você deve se manter longe.
— Por quê? — Questionei, ignorando o caminho que
estávamos falando. — O que está havendo, Orien?
— Odin teve um problema. Vamos embora, ele está
esperando por você no carro. Dafne está com sua bolsa.
Eu só obedeci porque algo me dizia que neste momento não
cabia rebeldia. E se ele me levar para longe do tal Floros, iria de boa
vontade. Ele me dá medo.
Capítulo 34
Odin Papadakis

— Estava te procurando! — Ela falou acelerada quando Orien


abriu a porta do carro.
— Desculpe, aconteceu uma coisa e...
Parei de falar, ainda digerindo a porra que tinha acontecido.
Talassa me olhou e sua feição transmutou de uma leve irritação
para preocupada. Acelerei, saindo da propriedade dos meus pais,
agradecendo aos céus por ter acabado minha obrigação de conviver
com eles.
Sempre era caótico, não sei por que ainda insistia. No último
Natal meus pais brigaram por um assunto aleatório e Orien precisou
intervir com um, enquanto eu acalmava o outro. Essa tem sido
minha vida desde que me entendo por gente.
Mas hoje foi um pouco demais.
— O que houve?
— Zenia me beijou — falei de uma vez.
Talassa virou-se abruptamente e pensei que ela gritaria, mas
ficou em um silêncio tão profundo que só me deixou mais nervoso.
— Como isso aconteceu?
— Em um minuto ela me disse que não estava se sentindo
bem e queria respirar, no outro estava com a boca na minha.
Preciso dizer que não queria isso ou minha cara de pânico é o
suficiente?
— Vocês estavam conversando bem atrás de mim!
— Eu a levei para os fundos. Caralho, foi coisa de dois
minutos e a menina maluca me beijou. Mas a merda foi o que
aconteceu depois.
— O que? Ela tirou a roupa?
— Talassa! — Exclamei irritado. Agora ela estava puta, podia
ver a raiva transbordando em seus olhos, mas porra, eu estava
contando para ela! A culpa não foi minha! — O pai dela apareceu e
quis fazer uma cena. Foi patético! Minha mãe está por trás disso e a
garota confessou quando percebeu que as coisas sairiam do
controle.
— Volte!
— O quê?
— Volte para a casa dos seus pais! Quero me resolver com
essa garotinha! Quem ela pensa que é?!
Eu fiz a pior coisa que um homem deve fazer nesses
momentos. O jeito como ela estava vermelha, irritada, quase
explodindo fez com que uma risada incontrolável e talvez um pouco
nervosa ecoasse no ar e isso deixou minha grega furiosa.
Talassa começou a bater no meu braço, me chamando de
safado e dizendo que isso era minha culpa, além de ameaças
graves sobre tirar o olho da Zenia da cara e fazer minha mãe engolir
as merdas dela. O tom que ela disse isso me provou o que imaginei
quando as vi conversando mais cedo.
Parei o carro no acostamento a caminho de casa e a segurei
para acalmá-la, trazendo seu queixo para mim e olhando em seus
olhos.
— Não importa o que Zenia fez ou o que minha mãe falou, eu
quero você. Somente você. Como nunca quis outra mulher na minha
vida.
— Você não sabe o que está dizendo — disse totalmente
dominada pela raiva.
Segurei seu pulso com delicadeza, trazendo-a para mais
perto e enfiando meus dedos com delicadeza entre seus fios de
cabelo.
— Sei exatamente o que estou dizendo, mas você tem medo
porque não quer que eu descubra o que faz tanto esforço para
esconder.
— Combinamos deixar suas desconfianças de lado — diz.
Combinamos, mas essa é só mais uma mentira no nosso
caminho. Dentro de dois dias o investigador vai nos encontrar na
Ilha, o lugar onde eu sei que vou conseguir conter os danos do que
descobrir, porque Talassa não pode simplesmente ir embora sem
um barco levá-la até o porto.
— Então esqueça, vou me entender depois com a minha
mãe. Zenia é uma criança. Eu quero você.
— Não brinque comigo, Odin...
— Não estou brincando, Talassa. Nós vamos conversar, mas
por ora, quero aproveitar o resto das minhas férias com você. Cada
maldito segundo que está por vir. Sem nenhuma preocupação ou
medo na cabeça. Você também quer isso?
Ela me encara, morde o lábio inferior e finalmente se acalma.
— Sim, eu quero. Vamos para casa.
Isso, amor. Vamos para a nossa casa.
Capítulo 35
Odin Papadakis
Dois dias depois — ILHA PAPADAKIS

Detetive: “Tenho novidades. Seu arquivo já está pronto.”

Reli a mensagem que o detetive que contratei para revirar a


vida de Talassa me enviou. Uma parte minha queria completar uma
ligação e ouvir de uma vez o que ele tinha para dizer sobre ela e a
outra, a que estava vencendo, disse para deixar pra depois.
Amanhã, Odin, amanhã... — Suspirei com o pensamento e a
olhei sob os ombros.
Talassa estava com os cabelos molhados, um sorriso no rosto
e subindo a escada cantarolando. Ela parecia feliz.
De uma forma louca, sabia que esses momentos eram raros
em sua vida, porque a mulher parecia carregar um peso imenso em
suas costas.
Nós estávamos na praia, a princípio ela só queria olhar o mar
e ver o pôr-do-sol, até que eu me atrevi a puxá-la para dentro da
água, seus gritos desesperados fizeram minha diversão. Ela me
bateu, xingou e depois se agarrou a mim, me olhando de um jeito
diferente antes de me beijar.
As coisas estavam mudando rapidamente entre nós, a
crescente intimidade compartilhada me fez próximo dela como
nunca fui com outra.
Levei nossas roupas molhadas até a lavanderia, ainda com o
pensamento fixo em mente e enviei uma mensagem para o detetive.
“Me envie por Orien.”
Subi os degraus atrás dela, com uma ideia fixa rondando
minha cabeça. Desde o dia em que ela saiu sem me dizer para onde
iria, eu queria saber quem vivia na casa onde esteve. Essa era uma
das dúvidas que o detetive sanaria para mim ou eu teria que
pressioná-la por respostas.
O quarto estava inundado com o cheiro do seu shampoo. A
porta do banheiro estava aberta, ouvi sua cantoria e foi impossível
conter o riso. Ela realmente parece feliz.
— Quer companhia? — Perguntei ao recostar no batente da
porta. Ela tremeu de susto, mas virou em minha direção e deu um
sorriso provocador.
— Quero, mas esqueci a toalha no closet, pode pegar para
mim?
— Vou buscar e já volto.
Ela voltou a cantar, andei alguns passos abrindo a porta ao
lado do banheiro, dando de cara com sua bagunça de roupas e
sapatos espalhados por todos os lados. Geralmente sou organizado
e gosto de manter minhas coisas no lugar, mas Talassa é
simplesmente um terremoto... Ela chegou com tudo, dando dois
chutes na porta da minha vida e tomando cada espaço que nem
estava destinado a ela. Isso incluía minha parte do closet.
Ao pegar sua toalha em cima da de um dos pufes
espalhados, vi um papel caindo da sua bolsa, inicialmente, minha
intenção era apenas guardá-lo de volta, até que o abri e visualizei o
desenho infantil.
A toalha caiu da minha mão, uma sensação de
estrangulamento preencheu minha garganta e precisei me sentar
porque o mal-estar deixou minha boca seca.
Que merda é essa?
Mamãe Talassa e Maia.
A letra elegante era dela. Eu sempre me lembraria dos traços
finos da sua caligrafia pela assinatura do contrato. Ela assinou a
obra de arte infantil, aparentemente eram duas pessoas com corpos
de palitos e cabelos esvoaçantes.
Engoli em seco, minha mão formigando com a sensação
angustiante de tudo estar fugindo rapidamente do meu controle.
Como diabos ela tem uma filha?
Como diabos ela tem uma filha e o detetive não descobriu?
Dobrei o papel, enfiando sem sua bolsa, sem saber o que
pensar, dividido entre ir atrás e perguntar quais eram a porra dos
segredos que ela guardava em camadas de mentiras e um sexo
delicioso.
Me levantei, cansado dessa situação, dividido entre ligar para
o detetive ou tentar descobrir a verdade direto da boca dela.
Caminhei de volta ao banheiro com a toalha na mão, quando
entrei ela estava mais atenta e não se assustou com minha
presença.
Olhei seu corpo perfeito escorrendo água, um sorriso quase
divertido nos seus olhos acompanhados de um olhar de pura
malícia.
— Quem é Maia? — Foi como ver uma pintura a óleo
misturar-se com água. Tão nítido a maneira que seu rosto
desmanchou o sorriso, perdendo o brilho significativo nos olhos,
esmaecendo bem na minha frente.
— Quê?
— Você entendeu. Quem é Maia?
Sua respiração se tornou oscilante e ela fechou a ducha.
Estendi a toalha porque ambos estávamos desconfortáveis,
Talassa parecia ainda mais que eu, por ter sido flagrada em sua
mentira ou seria ocultação?
— Onde você esteve no dia que foi ao centro comercial? —
Fui mais fundo quando seu silêncio permaneceu e ela se enrolou na
toalha. — Não minta.
— Odin...
— Você acha que eu sou burro? — A pergunta soou baixa.
Talassa negou, engolindo em seco e eu saí do banheiro
porque se teríamos essa conversa, deixaria que ao menos ela se
vestisse. Não facilitava porra nenhuma saber que seu corpo estava
nu embaixo da toalha.
Talassa entrou no closet e ficou nele mais tempo que o
necessário, provavelmente ensaiando uma resposta, quando eu já
sabia exatamente onde ela esteve naquele dia em que sumiu e me
deixou maluco de ciúmes.
Com Maia? Provavelmente.
As perguntas vieram uma atrás da outra. Quantos anos a
menina tem? Que tipo de mãe abandona uma filha para ser
acompanhante de luxo na América?
A sensação de estar com uma completa desconhecida bateu
tão forte que me deixou emudecido.
Talassa saiu do closet dentro de short jeans, camiseta de
manga e o cabelo despenteado e preso no alto da cabeça em um
coque mal feito. Sua expressão era o reflexo da minha: uma merda.
— Você tem me investigado há quanto tempo? — Sei
exatamente que sua pergunta não tem nada a ver com o fato de eu
ter revirado a sua vida. Ela só quer saber o que eu sei e isso deixa
claro que tem muito a esconder.
Sua apreensão aumenta minha irritação e me levanto para
me aproximar dela.
— Quem é Maia?
— Você sabe quem é, se não soubesse, não estaria
perguntando.
— Mas eu quero ouvir da sua boca.
— É a minha filha — o jeito como diz isso é completamente
protetor. Recuo, seus olhos estão feridos e Talassa mantém uma
expressão completamente fechada. — Maia não precisa fazer parte
do que temos.
— Com quem ela está? Com o pai? Não me diga que você
é...
— Ela está com a minha irmã. — Para o meu desespero, ela
não responde o que eu queria saber.
Talassa esconde as mãos atrás do corpo e eu não posso
avaliar muito bem seus movimentos porque está subitamente
silenciosa. Mal pisca, respira, lamenta. Ela é como a porra de uma
muralha fechada, enterrada em seus segredos e desconfianças.
— E, sim, fui vê-la naquele dia. — Continuou, me dando uma
rasteira que eu não esperava.
Metade do fascínio esmaece diante dos meus olhos. Eu a
encarei e não havia mais o mesmo encanto de antes porque sabia
perfeitamente que ela escondia muitas coisas por trás do seu rosto
bonito. Uma mentirosa nata.
— Quem é você, Talassa Katsarus?
— Uma sobrevivente, já disse. — Fala decisivamente,
andando para mim e me encarando seriamente. — Por que se
importa com meu passado? Você não me pediu para ser uma freira
quando me contratou.
Filha da puta.
Sua mão toca meu peito e eu quero recuar, mas não consigo
me mover. Sei o que ela está tentando fazer porque vejo o medo
atravessar seus olhos. Só quer garantir que me manterá onde quer,
que o acordo continua, que não vou mandá-la embora.
Avancei para ela, tocando seu ombro com uma mão e
fechando a outra em seu pescoço. Talassa entreabriu seus olhos
assustada, mas logo exibiu seu sorriso em puro escárnio.
— Você está se divertindo às minhas custas — acuso
friamente, trazendo-a para mais perto e descendo a mão do ombro
para sua cintura. — Rindo pelas costas do otário que está te
bancando. É isso?
— Você não é inseguro, Odin, esse tipo de pergunta não
combina com você.
— Tem outro homem nessa história, Talassa? Quem sabe um
marido que te agencia, hein? É para ele que você vai entregar o
dinheiro que vai ganhar de mim?
— Tudo que eu tirar de você vai ser meu. E da Maia. — A
forma fria que ela diz isso é como se atirasse à queima-roupa no
meu peito. Seus olhos não expressam nenhum arrependimento e eu
sei que é vingança pelas minhas palavras.
— Vai vender? — Rosnei ao segurar seu pulso, apertando a
corrente de brilhantes em sua pele, o presente que lhe dei dias
atrás. — De quanto você está precisando? Fale para mim, estou
disposto a comprar suas verdades.
— O que eu preciso você não pode me dar — fala,
enraivecida.
Talassa me empurra e eu a deixo ir. Há uma irritação
incontida no seu tom, assim como no meu, nenhum de nós grita
como há duas noites. Mantemos uma guerra fria com palavras duras
e eu sei que estou sendo dominado pelo medo, pela raiva, pelo
ciúme e, também, pela hipocrisia. Eu também oculto muitas coisas e
me pergunto o que ela acharia se soubesse de algumas.
Queria ser aquele que lhe daria tudo, mas ela tem um
passado, uma pessoa com quem eu vejo claramente que ela se
importa mais que tudo. Achei que Talassa fosse alguém
abandonado no mundo e, talvez até seja, mas ela tem alguém para
voltar. Uma parte minha se ressente por não ser esse alguém,
quando tudo que eu quis desde o início era ser a porra do seu bote
salva-vidas, seu início e fim, aquele para quem ela correria e
imploraria afeição.
Saber que eu não sou nada disso para ela é quase agridoce e
fode com meu ego.
Capítulo 36
Talassa Katsarus

— Temir! Não! — Tentei gritar, mas não foi suficiente.


O impacto veio forte no meu rosto, me empurrando contra a
parede da sala; fechei meus olhos esperando por mais violência,
como um ciclo repetitivo no qual estava habituada a viver, mal doía
porque tudo que eu sentia era uma profunda tristeza e uma vontade
absurda de desaparecer. Eu já estava morta por dentro.
Então, de repente, eu não era mais o alvo dos seus socos.
Me levantei tão rápido, mas não o bastante porque Temir
empurrou a porta do quarto de Maia, nossa filha estava deitada
encolhida na cama, uma sensação louca e desesperada atingiu meu
corpo quando avancei rapidamente, entrando na frente dela,
interpondo o caminho do meu marido violento.
— Não, com ela não, por favor — chorei entre as palavras,
com as mãos trêmulas e a mente trabalhando rápido demais. Eu
protegeria minha filha de qualquer coisa. — Comigo, faça o que
quiser comigo.
— O que eu quiser, Talassa? — O jeito podre que fala meu
nome me deixa enjoada, quero vomitar, mas só assinto.
Qualquer coisa.
— Vai me obedecer, cachorra? — Sua pergunta vem junto
com um puxão forte no meu cabelo ao ponto de arquear meu corpo
em sua direção, em uma posição humilhante e submissa.
As lágrimas descem mais fortes e eu pronuncio um sim em
pura derrota.
— Vá dormir, Maia — ele manda porque ela está nervosa.
Me perdoe, bebê. Eu te amo tanto, me perdoe — entoo na
minha mente ao ser arrastada para fora.
Minha mente grita uma sucessão infinita de nãos. Meu corpo
treme, meu coração acelera, uma sensação de pânico me invadiu.
Minha garganta fecha, boca seca, taquicardia.
— Temir, por favor... — Imploro, mas é em vão.
Não.
Não.
Por favor, não.
— Talassa?
Um grito estrangulado ecoa pela minha garganta, meus olhos
estão molhados e o lugar escuro me deixa ainda mais sufocada.
Uma luz amarelada surge e o rosto de Odin está no fundo, sua
expressão assustada, ele não voltou a me tocar, mas não se afasta.
— Você está bem — falo para mim mesma, me sentando tão
rápido, tendo a certeza de que não estou presa em uma das piores
lembranças da minha vida que me assombra nos meus pesadelos.
— Está tudo bem. Maia está bem.
— Foi um pesadelo... — Ele sussurra. — Quem é Temir?
Você estava gritando por ele.
Ao contrário do seu tom de questionamento e fúria de mais
cedo, quando chegamos do jantar incrível que tivemos, agora ele
realmente parece preocupado.
Odin veio conferir se eu estava bem e isso faz com que eu
me sinta um pouco melhor. Ele está bravo comigo, irritado, talvez
até decepcionado, e decidiu que dormiria em outro quarto. Mas eu
gritei e aqui está ele...
Sou sobrecarregada por todos esses sentimentos que me
deixam tão vulnerável, de um jeito que prometi que jamais ficaria
outra vez na frente de um homem.
— Um monstro — falo, sem poupar a raiva no tom. O
ressentimento e tudo o que ele traz quando o nome de Temir é
usado em uma frase.
— O que aconteceu no seu passado, Talassa?
— Agora não, Odin... — Peço.
Ele me encara quase condescendente, suspira e assente.
— Fica comigo? — Peço ao me deparar com o seu silêncio.
Sua feição transmuta rapidamente para uma mais serena e quando
assente, me sinto automaticamente segura. — Para ser justa, meu
passado é feio. Não quero que me olhe diferente quando descobrir.
Odin não fala nada quando ocupa o espaço que é dele, eu
me acostumei a dormir com sua mão possessiva na minha cintura e
seu rosto afundado no meu pescoço em uma conchinha que não se
desfaz. É engraçado que um homem tão arrogante goste de dormir
tão perto, mas hoje é diferente, ele me puxa e eu deito sob seu
peito, consigo ouvir o ritmo acelerado do seu coração e seu silêncio
é angustiante.
— Eu nunca vou machucar você — ele sussurra, seus dedos
entram pelos meus fios de cabelo e inicia um carinho que me faz
fechar os olhos, me sentindo confortada. — Nunca vai precisar
temer a mim. Não quero ser mais um dos homens podres que
passaram pela sua vida.
Sua frase me faz sentir mal porque foi o que disse a ele há
alguns dias e quase posso me arrepender por isso.
— Não se preocupe com isso, Odin, vou guardar boas
lembranças de nós dois.
Talvez, as melhores da minha vida.
O abraço porque só quero esquecer os últimos
acontecimentos, fingir que a minha vida não é uma confusão louca e
que esse homem não é uma bomba com contagem regressiva para
explodir.
Capítulo 37
Odin Papadakis

4 dias para o fim do contrato

Ouvi as vozes femininas, quase empolgadas, apesar de um


pouco contidas. A noite passada tinha sido uma merda e a
ansiedade me corroendo vivo.
Andei a procura de quem eu precisava urgentemente
conversar. Orien estava segurando a cintura da esposa que contava
efusivamente uma novidade para Talassa.
— O que está havendo? Engoliu uma bateria de caminhão?
Dafne quase rosnou em minha direção, mas então abriu um
largo sorriso e se apoiou as duas mãos na barriga.
— Caralho! — Foi a primeira palavra que escapou antes que
pudesse abraçar meu amigo. — Puta merda, parabéns!
— Eu vou ser pai! — Orien comemorou em um surto de
felicidade, nos abraçamos apertado e quando eu o soltei, Talassa
estava no canto e me olhava séria.
Apesar de termos dormido juntos depois do seu pesadelo,
nós não conversamos mais quando acordamos.
— Você é maluquinha de engravidar desse idiota, mas estou
muito feliz por vocês. — Abracei Dafne, ela se emocionou, o que me
fez ficar desconcertado.
— São os hormônios! — Reclamou, secando suas lágrimas.
— Me leve para comer um doce. Preciso de açúcar.
Talassa riu, assentindo e eu fiquei em silêncio vendo-as se
distanciar.
— Escritório — falo com Orien quando estamos a sós.
Nos trancamos no cômodo e sei que preciso de uma bebida
antes de ouvir o que ele tem a dizer, por isso nos sirvo com duas
doses de uísque e me sento atrás da minha mesa. Orien se senta à
frente e empurra a pasta que esteve em sua mão o tempo todo.
— Você abriu?
— Não. Fiquei curioso pra caralho? Sim, mas não abri.
Quase posso agradecê-lo, mas gostaria de saber o que me
esperava antes de que pudesse abrir a caixa de Pandora sobre a
vida de Talassa, mas, quando finalmente abro o arquivo que o
investigador enviou por Orien, o que vejo me surpreende pra
caralho.
— São falsas? — Pergunto a mim mesmo quando seguro os
dois registros de nascimento, cada um feito em uma cidade
diferente, tentando encontrar a conexão entre eles.
O primeiro declara o nome de um genitor que é
completamente diferente do segundo.
— Isso explica coisa pra caralho. — Falo para Orien,
entregando as cópias dos documentos em suas mãos, me
perguntando o quão fundo o investigador deve ter ido para encontrar
a prova do que deve ser a maior mentira que Talassa Katsarus já
contou na vida.
— Caralho, ela tem dois registros de nascimento. Como isso
é possível?
— Não sei, o segundo foi emitido meses após o primeiro. A
mãe poderia ter dúvidas sobre a paternidade. — Respondo.
Olhei as anotações do investigador sobre Talassa Katsarus
Galanis e Talassa Katsarus Reese.
Duas pessoas completamente diferentes, a primeira, no
entanto, traz com ela uma enorme ficha sobre sua a passagem por
um internato disciplinar para menores infratores. Já a de Talassa
Katsarus é impecável, mas com muitos furos, já que não há
registros de Talassa Katsarus até que fez vinte anos, quando iniciou
o processo de regulamentação dos seus documentos americanos.
— Isso é legítimo? Quem é ela, Galanis ou Reese?
— O último a ser expedido foi Reese, mas ela passou a vida
inteira usando Galanis. Olhe. — Apontei o histórico para Orien.
Ele olhou tentando entender, sabia que como um advogado
sua mente estava trabalhando rapidamente para tentar entender
tudo que tinha acontecido pelas vias legais.
— O registro Galanis deveria ter sido apreendido após a nova
via com a correção da paternidade. Troca de documentos oficiais
acontecem todos os dias, só estou surpreso em como um
documento de identificação que é base para uma identidade civil
não foi apreendida com a troca e, obviamente, invalidado. Houve um
erro grotesco da parte do cartório. Isso deu a sua garota uma nova
chance de mudar a vida. Começar do zero.
Quero falar sobre Maia, mas me sinto como se estivesse
traindo Talassa se trouxesse sua filha para a conversa, mesmo que
ela minta tanto para mim. Engulo a insatisfação e continuo revirando
a pasta, me perguntando onde estavam as informações sobre Maia,
mas não havia nada exceto sobre sua família. Pais mortos, uma
irmã mais velha, Hera, dezenas de contas médicas no nome das
duas. Elas passaram por momentos fodidos porque até Hera
completar 18 anos, Talassa vivia em um abrigo público.
— Minha cabeça vai explodir.
— Tem muita merda nessa história, Odin, ninguém muda a
vida inteira assim por nada.
— Eu sei — falei ao apertar a têmpora. — Mas se o detetive
não alcançou o que Talassa esconde, me pergunto que tipo de
merda ela tem guardada na gaveta. É fodido demais. Ela nunca teve
residência fixa, emprego registrado, seguro saúde. Nada. A mulher
é a porra de um fantasma como Katsarus Reese e sua ficha como
Galanis é assustadora.
— Tudo que vejo aqui é uma garota jovem que passou por
momentos muito difíceis. — Orien fala ao empurrar os documentos.
— Mas por que ir tão fundo nisso? Vocês só têm mais quatro dias,
contando com hoje. O que isso importa, Odin?
— Ela está mentindo para mim!
— E você não está, também? — Interroga. Calo a boca, mas
continuo puto. — Talassa já sabe que você fez com que ela não
tivesse onde morar quando retornasse aos Estados Unidos? Ela
sabe que você fodeu com o único emprego que ela tinha? Céus,
você fodeu até com o encontro dela no Cassino. O que disse ao
velho àquela noite?
— Fiz o que precisava para que ela fosse minha. O que ela
tem agora é melhor que as merdas que teria sem mim.
— Engane a si mesmo, irmão. Você sabe que não há santos
aqui. Ela não finge nada para você. Seja sincero consigo mesmo,
Odin, o único problema é que você está obcecado pela garota. Você
se apaixonou.
— Vai continuar com isso?
— Tome cuidado, essa sua fissura em estar no controle só o
fará ficar sozinho. Pare de investigá-la e seja sincero com ela, quem
sabe não consegue a honestidade de volta?
— Você já viu alguém falando a verdade e se dando bem
nessa vida, Orien?
— Então por que julgá-la? Se o mundo é dos mentirosos,
deixe a garota em paz. — Fala e eu consigo ouvir minha pulsação
de tão agitado que estou.
Eu fico calado, refletindo sobre o que ele fala, mas a raiva
está potente em mim. Preciso respirar fundo para não sair daqui e
fazer uma besteira que pode fazer o contrato se encerrar antes que
eu descubra tudo.
— Como seu advogado, tome cuidado. O contrato que
assinou não tem validade nenhuma, sua Talassa Katsarus pode
facilmente trazer a Galanis à tona e querer mais do que você tem a
oferecer — fala calmamente, se colocando de pé. — Agora, como
amigo, diria para você viver sua vida de verdade, Odin, pela primeira
vez faça algo bom por si mesmo: se permita ser feliz.
Antes que ele se vá, uma pergunta soa e eu me arrependo
logo depois de fazê-la:
— Ela pode ser presa pelo que fez? — Aponto para os
registros. O cenho de Orien franze em uma careta e ele não precisa
dizer sim. É claro que ela pode. — Como eu consigo consertar isso?
— Posso falar com alguns contatos, mas Galanis morreria
para sempre, se fosse o caso ou... Reese. Talassa vai precisar
escolher.
— Ela irá. Fale com seus contatos, quero isso resolvido antes
do fim do nosso contrato.
Orien assente e me deixa sozinho, com muitas questões para
lidar dentro da minha mente perturbada.
Capítulo 38
Talassa Katsarus
Odin entra no quarto e recosta ao batente da porta, me
encarando sem piscar. Ele tem feito isso o dia inteiro, sabia que
queria falar alguma coisa, mas não o fez porque Orien e Dafne
ficaram conosco pelo restante da tarde. Agora que estamos a sós,
sei que uma bomba está prestes a explodir.
Terminei de passar o hidratante nos braços, fechei o vidro e
caminhei lentamente para guardá-lo na penteadeira que fica dentro
do closet. Quando voltei ao quarto, ele estava sentado na poltrona
no canto inferior, olhando pela porta da sacada que estava aberta.
Em cima da cama estava exposta algumas folhas de papel.
Assim como ele fez com o contrato do relacionamento sugar, deixou
ali para que eu visse. Foi com o coração nos saltos que ergui as
folhas diante dos meus olhos.
Duas coisas passaram pela minha mente em uma velocidade
tão forte que eu não consegui me mover, impactada com a minha
realidade sendo exposta sem que eu estivesse preparada.
Eu preciso ir embora daqui.
Odin já sabe de tudo.
Lidei com os pensamentos acelerados, sem olhá-lo, sem
piscar, sem sequer me mover. O medo fazendo meu coração
acelerar as suas batidas, me deixando inútil para reagir.
— Fala tudo o que eu quiser ouvir ou vá embora — ele diz
cruelmente, frio, como o homem arrogante que eu encontrei antes
de nos conhecermos. Antes que ele me pedisse para ficar em sua
vida. Antes de tudo entre nós.
— Eu não posso, Odin...
— Fala a verdade, porra! — Rosnou, aumentando o tom de
voz e se levantando. — Você sabe que pode ser presa?
— Odin…
— Basta uma denúncia! — Rosnou e puxou meu braço com
força. — Quem sabe dessa porra?
— Só a Hera, a minha...
— Sua irmã. — Ele fala, me revelando que sabe muito de
bom. Ele sabe tudo? — Preciso escolher quem você quer ser.
— Como assim? — Tremi quando ele puxou as folhas da
minha mão, me encarando seriamente e recuando alguns passos.
— Qual das duas você vai ser para sempre? Escolha,
Talassa. Galanis ou Reese?
— Reese — falei, tremendo e me sentando.
Eu me sinto tão pequena, envergonhada e com vontade de
desaparecer.
— Vamos ser honestos um com o outro, tirar os esqueletos
do armário, não? — Falou e puxou a poltrona, sentando-se na
minha frente. — Vou começar para facilitar sua vida. Enviei para sua
casa o dossiê sobre Joe Becker. Eu queria que você parasse de sair
com o filho da puta, mas não fazia ideia de que ele a tinha colocado
no hospital.
— Do que você está falando?
— Eu a quis desde o primeiro segundo em que te vi, você já
sabe disso. Tiraria qualquer um do meu caminho e a essa altura, sei
que faria coisas ilícitas se fosse preciso.
Engoli em seco, olhando-o tão seriamente. Odin estava de
peito aberto, furioso e cansado.
O peso dos segredos entre nós estava nos afundando como
se fossem areia movediça.
— Depois, contratei um investigador para revirar sua vida. Ele
não achou nada significativo e eu fiquei aliviado..., mas minha
intuição dizia que tinha algo errado e eu estava certo.
— Você não tinha o direito.
— Eu faço o direito, Talassa. Rejo a minha vida de acordo
com o que será bom para mim e a primeira vez que pensei no que
seria bom para o outro, foi com você. Do meu jeito torto e fodido,
porque nunca prometi que seria um príncipe. Eu sou o vilão dessa
história.
Rio amargamente porque Odin é todo problemático, cheio de
defeitos, mas ele não é nem de longe o vilão dessa história. O vilão
da minha história é alguém que consegui me livrar e hoje está
preso, mas ainda me aterroriza.
— Eu fui casada por três anos — falo e é como se eu o
acertasse com uma flecha.
Ele fica ereto na poltrona e impulsiona na minha direção.
Odin apertou os punhos e eu vi a raiva atravessar seus olhos
acompanhada do ciúme eloquente que ele sentia por mim.
— Fiz com que o proprietário do apartamento que você
morava o vendesse para que você não tivesse para onde ir quando
voltasse.
Agora, ele despertou algo dentro de mim. Sua confissão não
tinha um tom de arrependimento. Morava em um apartamento
caindo aos pedaços, mas era o único que o senhorio me deixava
pagar atrasado e às vezes, perdoava minhas dívidas. Ele era um
senhor aposentado, sem filhos e eu o ajudava com os afazeres
domésticos.
Me lembro da sensação desesperadora de não ter onde
morar e eu literalmente ficaria na rua se Rebecca não tivesse me
recebido em sua casa.
— Por que você fez isso? — A pergunta era morta de
sentimentos. Era como se uma cortina pesada caísse ao chão, os
segredos saindo livremente, mostrando claramente quem somos.
Ele engoliu a resposta, desviou o olhar e quando voltou a me
encarar, sabia que não gostaria do que viria.
— Porque eu não sou bom. Sou um homem machista,
caprichoso e que toma o que quer. Eu quis você desde o início e
não me importei com porra nenhuma. Claro, me convenci de que a
recompensaria depois. E eu o fiz, não fiz?
— Você é como o meu ex.
— Devo ser — fala fingindo desdém, mas vejo o
ressentimento fluindo em seus olhos.
Me levanto porque não consigo mais olhar para ele.
— Tirando as pancadas que ele me dava, é sim! Um
manipulador nato. O que mais você fez para me ter aqui, submissa
às suas vontades, senhor Odin?
O que eu falo o afeta, Odin se levanta e me olha com a feição
quase quebrada, tentando me tocar e eu recuo.
— Que história é essa de porrada?
— Você não queria saber a minha vida? — Falo, cheia de
ressentimentos. — Ela é isso: feia, violenta, obscura. O Temir que
me ouviu gritar em meus sonhos é o dono dos meus pesadelos e do
meu destino. Foi por ele que mudei de identidade, por causa dele
que tenho que fazer o que faço, por ele que tive que procurar uma
vida em outro país, na esperança de ter para onde fugir com a
minha filha na primeira oportunidade que tivesse!
— Onde esse homem está, Talassa?
— Na prisão! — Grito ao secar minhas lágrimas. — Ele é
perigoso. Graças a ele há um alvo enorme na minha testa!
— Do que você está falando? — Pergunta, avançando para
mim e eu o impeço.
— É a sua vez, Odin, quero ouvir o que mais tem a me dizer.
Nada nessa vida é de graça, pra ganhar tem que doar.
Ele se afastou, passou a mão pelos cabelos e inspirou
pesado.
— Não foi acaso ter você dançando para mim, na boate. Falei
com a Erika.
— Pediu especificamente por mim?
— Sim. Inclusive, que ela negasse seu pedido para retornar à
boate como dançarina.
— Você é cruel... — Minhas palavras soam acompanhando o
tamanho da minha decepção.
Eu sabia que ele era imperfeito, mas nunca imaginei que
fosse capaz disso.
— O emprego era tudo que eu tinha...
— Você ganhou 140 mil dólares por 14 dias, quem ganha
uma quantidade de dinheiro tão fácil, Talassa? — Ele fala com
frieza, voltando para perto de mim, mas sem me tocar. — Uma casa,
carro, um milhão de dólares ao final do contrato. Eu sou cruel, tem
certeza?
— E se eu não aceitasse? O que mais você faria? — Rosnei
ao empurrá-lo pelo peito, indo para cima com as lágrimas deixando
minha visão nublada.
— O que fosse preciso!
— Isso não é normal! — Gritei de volta. — Você não é
normal!
— É quem eu sou!
— E você se orgulha de ser assim? — Pergunto. Ele não me
responde de imediato. — Você me pediu para ficar, você... Disse
coisas a mim! Você nunca me contaria se não tivesse descoberto
sobre o meu passado.
— Por que eu iria contar? O que eu ganharia com isso?
— Nada, sabe por quê? Nós dois temos uma fantasia sexual,
mas nada, daddy. É só sexo essa merda, não há nada entre nós
porque você é incapaz de sentir! Você é oco!
— Não fale merda! — Agora seus dedos se fecham ao redor
dos meus braços, mas Odin não os aperta.
Nós nos encaramos e nossas respirações estão aceleradas,
tudo rodando rápido demais, a adrenalina possuindo meu corpo com
todos os gritos e as lágrimas.
Acabou. Tudo acabou, o que eu mais temia acabou e dói
absurdamente porque eu me apaixonei por ele. Pelo teatro que
desempenhamos juntos. O show delicioso que demos na cama.
Cada parte minha que lutava para não ceder está
irremediavelmente ligada a ele.
Capítulo 39
Odin Papadakis

— Você não sabe o que está falando — falo porque ela


atingiu um ponto sensível em mim. Talassa encontrou onde
machuca e está apertando a ferida sem dó ou piedade.
Ela puxa seus braços do meu alcance, me fazendo sentir um
fodido de merda. Minha cabeça trabalha tão rápido, com tantos
pensamentos correndo ao mesmo tempo, queria só gritar e fazê-la
engolir cada uma das suas palavras ao jurar que é minha.
Mas essa merda está afundando tão rápido que não tenho
controle.
— Admita a si mesmo, não fomos feitos para sermos felizes,
Odin. Somos pessoas ruins.
— Talassa...
Ela passa por mim, seca as lágrimas e cruza os braços.
— Por causa de mim, uma garota inocente está morta.
— Do que está falando? — Recuei, franzindo o cenho,
tentando entender o que está acontecendo.
Ela parece hesitante sobre o que vai falar, depois solta uma
risada longa, como se entendesse que tudo já está fodido e pouco
importa até que ponto ela pode ou não prosseguir.
— Hera está doente desde quando me entendo por gente,
vive de altos e baixos, ela tem uma doença autoimune que a coloca
em hospitais de tempos em tempos. Quando saí do abrigo em que
vivi até Hera fazer dezoito, eu tinha 16 anos. Minha irmã estava
trabalhando, aparentemente bem e então ela adoeceu. Eu tive que
me virar.
— Se virar como? — Não sei o que viria, mas eu não sabia se
queria ouvir.
— Encontrar um emprego, acontece que ninguém quer
empregar uma jovem problemática de dezesseis. Que já conhecia
muito sobre roubar.
Porra.
O que ela diz me atravessa e eu não digo nada.
— Encontrei um emprego em um lugar onde Odin Papadakis
nunca precisou pisar, não por vontade própria. Conhece os bordéis
de Serkat[8]?
— Talassa...
— Não se preocupe, eu não era prostituta. É isso que te
incomoda? Que outros homens também tenham pagado para dormir
comigo? Porque foi isso que você fez.
— Eu nunca te tratei como uma prostituta.
— Minta para você mesmo! — Ela grita, apontando o dedo na
minha cara. — Tudo que fez desde o início foi colocar uma etiqueta
de preço na minha cara! Você só pagou mais caro!
Tenho que engolir o que quero dizer, ela está tão ferida,
falando de algo que nunca quis e que eu a levei até o fundo para
obter. Uma verdade que não era minha para que eu vasculhasse.
Mas eu nunca conseguiria conviver com a dúvida e agora vou
conviver com o quê? A verdade está nos destruindo.
— Foi em Serkat que conheci Temir. Ele trabalhava como
uma espécie de segurança para o dono.
O dono...
Engulo em seco, entendendo agora por que o maldito do
Floros a segurou daquele jeito. Ele é o dono dos bordéis de Serkat.
— Vocês ficaram juntos quanto você tinha dezesseis anos?
Ela riu amargamente e desviou os olhos.
— Eu fui estúpida, claro... Temir não tinha sido a primeira
pessoa a me mostrar que o mundo não é um passeio para a praia,
mas foi o primeiro que me contou uma doce mentira... Elas
seduzem, não é, Odin?
Não a respondo, eu me encolho do outro lado do quarto,
alargando o abismo entre nós.
— Logo ele me tirou do bordel e sabe, as vezes eu me
pergunto se ele não me salvou, porque claramente eu teria virado
uma das prostitutas. Ele só me levou para um inferno diferente, mas
eu estava bem com isso, porque ele cuidou da Hera.
— O que ele fez com você, Talassa?
— Ele me deu tudo com uma mão e tirou com a outra. Dias
em paz e noites infernais. Violência física e psicológica, nem sempre
na mesma ordem... Acho que eu não preciso ser tão didática, não?
Você pode entender que ele me espancou vezes seguidas ao ponto
de me deixar inconsciente?
— Porra... — A voz saiu fraca. Era como se ela tivesse me
matado aos poucos.
— Preciso falar sobre abusos sexuais?
— Talassa...
— Você não queria a verdade, Odin? A verdade é que eu vivi
o inferno nessa Terra e eu aguentei por Hera e Maia!
— Eu sinto muito... — Tento dizer, mas ela ergue as mãos e
me cala.
— A Maia não é minha filha biológica. Quando eu conheci o
Temir ela tinha 1 mês de vida, estava desnutrida e severamente
doente. A mãe dela era uma das prostitutas e acho que foi traficada,
ela morreu no parto. É impossível olhar a Maia e não a amar e eu a
amei. Ensinei a me chamar de mamãe, cuidei e protegi, ela é o meu
mundo, mas não é minha perante a lei e essa é uma das
dificuldades em sumir de uma vez. Eu preciso ter documentos de
Maia em meu nome.
— Como você conseguiu lidar com tudo isso?
Ela ri, mas não há vida nesse gesto. Só dá de ombros, se
recosta a parede e franze os lábios.
— Hera ficou melhor e começou a trabalhar no bordel, ela fez
uma amizade e Odessa passou a conviver em nossa casa. Um dia
choveu muito e todo meu quarto começou a gotejar, fiquei
desesperada, movendo as coisas e Odessa achou minhas
certidões. Acontece que minha mãe traiu o meu pai, não o biológico,
eles brigaram e ela sumiu com uma criança pequena para outro
homem registrar. Mas adivinhe?
— Ela voltou com seu pai.
— Sim. Acho que o destino já sabia o que me esperava,
porque foi graças a ideia de Odessa que consegui fugir. Dar entrada
nos documentos e acompanhar o processo na embaixada
americana seria difícil, mas eu calculei isso por muitos meses... Eu
tinha dinheiro guardado, Odessa me deu suas economias, tudo
estava certo... Eu realmente...
— Não precisa contar se não quiser... — Falo quando ela
pausa, parecendo distante demais.
— De alguma forma ele descobriu, eu já tinha saído com a
Hera e com a Maia, mas eu vi quando ele chegou e sabia que a
Odessa ainda estava na casa. Não consegui voltar. Era minha única
chance... Eu...
— Talassa, está tudo bem. Você está segura agora. — Falo
com cuidado, me aproximando e segurando sua mão, mas ela puxa
de volta.
— Chamei a polícia porque não sabia o que ele faria, mas fui
embora. Não olhei para trás. Depois eu vi nos jornais que ele havia
sido preso por homicídio. Odessa estava morta e os bordéis Serkat
expostos. Foi assim que eu coloquei um alvo na minha cabeça, de
Hera e Maia. Agora mais que nunca eu precisava mudar minha
identidade e dar um jeito de tirá-las do país.
— Isso é loucura, Talassa — falo baixo. Ela recua mais e me
encara seriamente. — Devia ter me dito, eu poderia ajudá-la.
— Ajudar como?
— Dinheiro resolve tudo nesse mundo, Talassa. Era só
confiar em mim.
— Uma mentirosa conhece outro e confiança é uma coisa a
ser conquistada. Não podia arriscar a vida da minha filha, ela é tudo
para mim. Ir para a América e construir uma vida lá foi por ela, para
trazê-la comigo, só assim eu ia conseguir nos manter salvos.
— Os documentos de Maia estão com você? Vou precisar
deles para te ajudar.
Então Talassa ri, joga a cabeça para trás e ri com vontade.
— Maia sequer tem documentos, Odin. A mãe dela foi
traficada, esqueceu?
Porra.
Mas... Talvez, essa fosse uma coisa boa nessa história, afinal.
— Você só precisa dos documentos dela para irem embora...
— Concluo, cruzando os braços e ela assente.
— Precisa escolher qual identidade irá querer, Talassa. Para
arrumar a sua vida, preciso eliminar uma parte de você.
— Meu nome é Talassa Katsarus Reese.
— Certo.
Minha cabeça continua trabalhando em saídas, mas quando
ela recua ainda mais e entra no closet, uma parte minha se alarma.
— O que está fazendo?
— Cansei, Odin. Já chega. Eu preciso ir embora daqui. Eu
quero ver minha filha e eu preciso de paz.
— Você não pode ir. — Falo alto demais, o que a assusta. —
Não pode sair daqui correndo risco de ser presa. Precisa me deixar
consertar as coisas.
— Não tente me impedir! — Ameaça, ficando na defensiva.
— Não quero te impedir, quero te ajudar. Você quer sua filha?
Eu a trago para você.
— Nunca vou te deixar chegar perto da Maia, você é nocivo!
— Rosna como uma felina furiosa.
— Não esperava menos de uma mãe que se sacrificou tanto
por uma filha. Eu vou embora, vocês vão ficar aqui e seguras. Me
deixa resolver tudo. Você vai ter sua filha, os documentos, uma casa
para viverem. Paz, Talassa. Vou te deixar em paz depois disso.
Ela fica quieta, parece pensar e olha para seus próprios
dedos. Ela é forte demais e sei que está lutando veementemente
pela sensação de esperança que a invade.
— Diga sim, me deixe tentar consertar somente isso.
— Maia será minha? Para ir embora comigo?
— Você tem a minha palavra.
Ela suspira forte, me encara e depois assente.
— Mas você tem que ir. Eu quero ficar com a minha filha e
não o quero perto dela.
Isso machuca, mas eu sei que mereço e aceito.
O fim que eu tanto temia chegou.
Capítulo 40
Talassa Katsarus
Dois dias depois

— Tomem cuidado! — Gritei para as duas aventureiras.


Maia gargalhou quando Hera a impulsionou para o alto e as
duas afundaram na água. Me levantei, preocupada com elas, mas
logo submergiram e minha filha caiu na risada.
Tirei os óculos escuros do rosto e foi impossível não sorrir,
somente elas tinham o dom de me tirar do meio da névoa sufocante
que se tornou minha vida com o furacão chamado Odin.
Meu peito apertou e eu odiei o sentimento, era saudade.
Quando se deitava para dormir sentia o cheiro dele na cama, suas
coisas perfeitamente arrumadas no closet, seu escritório silencioso
e organizado. A presença de Odin estava em cada pequeno canto
da sua casa, em sua ilha, a sua vida. Eu queria poder voltar atrás e
nunca ter entrado no carro dele, mas se isso tivesse acontecido,
Maia não estaria aqui comigo agora. Ela está segura, feliz,
brincando na água como uma criança livre.
Meus olhos arderam com a emoção quase eloquente.
— Talassa? — O tom rouco me tirou da bolha emocional.
Olhei para cima e dei de cara com Orien me observando há alguns
metros, atrás da cerca que dividia a praia com o terreno gramado do
quintal de Odin.
— Eu já volto! — Gritei para Hera e Maia, mas elas sequer
me deram atenção.
Caminhei para Orien, o seu rosto estava um tanto sério, mas
não chegava a ser uma expressão assustadora. Ele me
cumprimentou com um breve beijo no rosto e nós caminhamos de
volta para a casa.
— Tenho novidades...
— Boas?
— Claro que sim. Vem comigo.
Andei em silêncio ao seu lado e entramos no escritório de
Odin. Fiquei quieta, compenetrada com sua presença, me sentindo
um tanto angustiada porque podia senti-lo em todos os lugares.
— Sua documentação foi resolvida. Talassa Galanis não
existe mais. — Falou quando se sentou no sofá de dois lugares e eu
me sentei em uma das cadeiras.
Orien me direcionou alguns documentos e eu fiquei
verdadeiramente surpresa com o que existia ali.
— Como conseguiu isso?
— Dinheiro compra tudo. — Disse ao dar de ombros, voltando
a olhar outros documentos na pasta em que abriu no sofá.
Encarei o histórico escolar completo, com notas excelentes.
Agora eu tinha uma possibilidade ainda maior de ter um futuro.
Quando tive que mudar minha identidade perdi toda a minha vida, a
chance de encontrar um emprego decente porque eu não tinha
sequer um comprovante de escolaridade.
— Aqui... — Ouvi seu pigarro e voltei a lhe dar atenção,
pegando o papel que ele me estendeu. — Esses são os de Maia.
Meu coração acelerou e eu tremi ao ler as letras que diziam o
que eu tanto queria ter registrado.
— Como…? Orien... — Chorei sem me importar de parecer
fraca porque a emoção era maior que tudo. — Meu Deus, como
Odin conseguiu isso?
Ele só sorriu, deixando claro que não me contaria.
— Você vai ter que ficar aqui uns dias além do término do
contrato para que o passaporte de Hera e Maia possam ser
liberados, além do visto. Você pode dar continuidade no pedido de
cidadania da Maia quando estiver nos Estados Unidos. É para onde
você irá?
— Eu...
A palavra morreu na minha garganta, os planos sempre foram
sonhos que, só agora, percebi que nunca realmente acreditei nessa
possibilidade. Passei dois anos lutando incansavelmente para
proteger minha família e agora que tenho finalmente a chance de
dar a elas uma vida digna, me faltam palavras.
— Odin separou o avião da empresa para que vocês viajem
quando tudo estiver certo. Ele não quer que se preocupe com mais
nada porque irá resolver tudo sobre o seu ex e o chefe dele.
— O que isso significa, Orien?
— Significa que só precisa viver sua vida, Talassa.
Engoli em seco pensando sinceramente no que aquilo
significava, um arrepio de medo tomou conta de mim, mas só olhei
para a certidão de nascimento da Maia onde constava que eu era
sua mãe. Só isso importava. Odin cumpriu todas as suas promessas
e eu acreditava que cuidaria do resto.
Uma tonelada de peso saiu das minhas costas e pela primeira
vez na minha vida inteira eu senti que podia finalmente parar de
lutar. Ficaria tudo bem...
Mas então por que eu não conseguia ficar plenamente feliz?
— Onde ele está? — Ousei perguntar por que eu queria
saber. Não conseguia parar de pensar nele nem por um segundo,
em nossa conversa difícil, na forma como ele pareceu arrasado ao
descobrir tudo sobre mim. Da forma como eu fiquei arrasada ao
descobrir como ele manipulou tudo para ficar comigo.
— Voltou para casa.
— Na América? — Sussurrei.
— Sim... — Orien suspirou, percebi que queria falar algo a
mais e me recostei no encosto do assento, esperando que ele
continuasse. — Sei que você não o conhece bem e vai soar
suspeito qualquer coisa que fale na defesa de Odin, ele é o que
você viu, arrogante e orgulhoso, acreditando que o mundo gira ao
seu redor... Ainda assim, nunca o vi colocando a necessidade do
outro na frente da sua, como ele faz com você.
Só assinto sentindo meus olhos se inundarem de lágrimas.
— Nós nos magoamos mutuamente.
— Eu sei. Ele me pediu para entregar isso a você — Orien
pegou um envelope dentro da pasta e estendeu a mim, quando
agarrei o papel, me sentia morta por dentro. — Odin abriu uma
conta em seu nome e depositou o valor acordado entre vocês. Basta
que você me dê a marca e modelo do veículo para que eu possa
providenciar, além disso, disponibilizamos um corretor de imóveis na
região determinada por você e a escolha da casa será sua. Toda
reforma necessária será coberta pelo Odin.
— Por que ele está fazendo tudo isso?
— Ainda não sabe o porquê, Talassa?
Engulo em seco e Orien trava um olhar sério, depois abranda
e sorri suavemente, fechando sua pasta e virando-se em minha
direção.
— Ele é um bom homem — eu falo, ignorando a pergunta de
Orien.
— Isso não tem nada a ver com bondade e você sabe disso.
Nos levantamos ao mesmo tempo, estendo a mão para tentar
agradecê-lo e Orien revira os olhos, me puxando para um abraço
breve.
— Gostei de conhecê-la, Talassa. Espero vê-la novamente no
futuro. Não precisa me levar até a porta, leia a carta de Odin.
— Obrigada, Orien. Por tudo.
Ele só assentiu, o vejo sair em silêncio, quando me sento não
sei se vou continuar segurando firme a tempestade em forma de
choro que quer sair. Ainda assim, abro o envelope, me preparando
para ler.
Tentei procurar as melhores palavras e, certamente, um
telefonema seria eficaz, mas estou tentando ser um homem decente
ao lhe dar o espaço que me pediu. Só quero que saiba que nossas
duas semanas não foram nada do que pensei. Talvez fique feliz se
souber que eu caí na cama de gato que preparei para você.
Não quero que se preocupe com o seu futuro, asseguro que
estará segura para viver com a sua família, do jeito que escolher.
Espero que um dia possa encontrar palavras decentes que
traduzam o quanto você me marcou e pedir perdão por ser um
maldito controlador.
Se cuide, Talassa Katsarus.
Odin Papadakis.
Capítulo 41
Odin Papadakis
1 semana depois
Entrei no restaurante simples do outro lado do rio Nafplio,
Orien já estava lá dentro, sentado à mesa com mais três homens.
Todos olharam para mim, dois deles nitidamente assustados e
àquele a quem eu vim encontrar, tinha um olhar preocupado, mas
não tão abalado quanto aos seus capangas.
Ele se levantou para apertar minha mão e a sua feição ficou
ainda pior quando me recusei e puxei uma cadeira, querendo
encurtar esse momento o máximo possível.
Encarei o filho da puta quando ele se sentou na cadeira em
frente a minha e fiz um sinal a Orien. Fiquei em silêncio observando
o rosto de Floros colorir em multi-facetas até atingir um vermelho
intenso, quando ele entendeu que a porra da sua vidinha medíocre
estava em minhas mãos, assim como os seus negócios lícitos e
ilícitos.
— Por que isso, Odin? Pensei que fossemos amigos.
— Nunca fomos amigos, Artkin Floros, sequer temos
negócios em comum. Sua presença só era tolerada porque meus
pais não sabiam seu envolvimento com a rede de tráfico
internacional.
— Odin... Podemos lidar com isso do jeito certo, deve haver
algo que eu possa fazer por você.
Agora eu sorri.
Floros recostou à cadeira, apreensivo porque na sua mão
tinha não só uma prova, como inúmeras do seu envolvimento com a
rede de bordéis clandestinos espalhados pela Grécia, além do seu
envolvimento direto com Odessa, a mulher que o filho da puta do ex
da Talassa matou.
Fiquei calado porque o tempo estava certeiro. O telefone de
um dos homens dele tocou e quando o homem atendeu, sabia que
era a minha mensagem amigável chegando.
— Temos que ir, senhor — o homem disse e eu encarei
Floros, fazendo que não com a cabeça.
Ele trocou um longo olhar com seu subordinado, entendendo
que algo grave estava acontecendo, mas não se levantou.
— Sei que está revirando a vida da minha mulher, não sei
quem você pensa que ela é e pouco me importa suas razões, ela é
minha e eu protejo os meus.
Floros não respondeu, o vi engolir em seco ao assentir em
puro silêncio.
— Espero que eu tenha sido didático na mensagem. Não
entre no meu caminho ou vou destruí-lo antes que pisque os olhos.
O encarei antes de me levantar, ele assentiu novamente e me
deixei sorrir com a submissão de velho.
Fechei o botão do blazer, Orien veio atrás e eu sabia que ele
não estava se aguentando para falar sobre o que aconteceu.
Olhei meu celular e sorri para a mensagem que recebi que
Erza Stovall[9].
— Uma das células de tráfico humano de Floros foi
localizada. As meninas já estão com os agentes internacionais, em
segurança.
— Então foi isso que o homem dele ouviu no telefone? Você é
um fodido maluco, Odin! — Orien riu, entrando no carro comigo. —
Nunca vi aquele maldito tão quieto! Puta que pariu!
Olhei a estrada à frente, parte minha parcialmente vingada e
a outra estaria saciada em pouco tempo.
— Nesse exato minuto estou me livrando da última ponta
solta na vida de Talassa. — Falei calmamente.
Parei em um sinal vermelho e abri o aplicativo de mensagens,
sorrindo com outra atualização de Erza.
— O que você fez?
— Livrei o mundo de outro homem. Temir está morto.
Uma grande explosão surgiu atrás de nós, olhei pelo
retrovisor e a bola de fogo estava alta, labaredas colorindo o céu de
laranja. Dessa vez, não sorri. Orien me olhou assustado, depois
abriu a porta do carro e desceu, imitando o movimento de muitos
curiosos no local.
— Porra! É o carro do Floros? — Perguntou sem entender
nada, depois retornou ao carro e me encarou seriamente. — Foi
você?
— Não sei do que está falando — acelerei sem olhar para
trás. — O que constará na perícia policial é que o incidente ocorreu
por vazamento de combustível. Não tive nada a ver com isso.
— Não sei como ainda me surpreendo com você, claro que
não deixaria nenhum dos dois vivos. Nenhuma ponta solta.
Eu o encarei, não havia julgamento na sua feição.
— Ela vai ser feliz, Orien, nenhum monstro do seu passado
vai persegui-la.
Capítulo 42
Odin Papadakis
2 meses depois
Arquivei os últimos relatórios de gastos mensais e coloquei na
pilha para que minha assistente levasse ao faturamento. Quando
percebi, já passava das oito da noite desta sexta-feira.
Recostei-me no encosto da cadeira e minimizei a planilha que
estava mexendo, encarando profundamente a tela de descanso do
desktop. O logotipo da minha empresa me encarou de volta, quase
como se fosse debochar da minha cara, me lembrando que a única
coisa permanente na minha vida era meu trabalho.
Fazia oito semanas que estava completamente na merda,
pensei que com o tempo pudesse melhorar ou ao menos amenizar a
sensação de loucura desde a última vez que a vi, mas não foi isso
que aconteceu. Tudo que eu conseguia pensar era em como essa
maldita mulher me deixou completamente rendido desde o primeiro
segundo em que meus olhos a viram pela primeira vez.
— Esqueça Talassa, Odin — falei em voz alta, para que meu
cérebro entendesse o recado e aceitasse o fato de que eu a perdi.
Desliguei o computador ao mesmo tempo que começava a
reunir meus pertences. A vontade súbita de pesquisá-la nas redes
sociais veio, mas eu ignorei o sentimento e continuei agindo como
se não fosse nada demais. Ela não criou nenhum perfil em dois
meses, não faria isso agora, mesmo sabendo que pode porque eu já
liberei o mundo da presença asquerosa do filho da puta que tentou
roubar tudo o que ainda restava de bom nela.
Saí da minha sala mexendo no celular e cumprimentei uma
das funcionárias que estavam limpando meu andar. O turno delas
iniciava após o expediente do escritório e eram as últimas a saírem
da empresa.
— Boa noite — acenei para algumas que estavam mais
distantes e entrei no meu elevador privativo.
Desbloqueei meu celular lendo algumas mensagens de
amigos próximos, outras da minha mãe e bloqueei novamente. Nós
estávamos afastados desde a sua última interferência na minha
vida, no Natal, principalmente quando a ouvi falar em um telefonema
que estava feliz que me livrei de outra interesseira. A irritação que
me causou me mostrou que eu nunca admitiria ninguém, nem
mesmo minha mãe, falando de Talassa.
Na garagem entrei no carro, já disparando com a cabeça
trabalhando para otimizar minha noite. Calculei a rota para fugir do
trânsito do centro, a nova rota me levaria pelo caminho do meu
restaurante favorito e podia comprar uma refeição para comer em
casa.
Cortei alguns carros, fiz algumas curvas e reduzi a velocidade
à procura de um lugar para estacionar. Antes que eu saísse do carro
vi quando uma garotinha correu pela calçada, parecendo confusa e
avançando para atravessar a rua. Olhei pelo retrovisor e um carro
de faróis altos vinha em alta velocidade.
Abri a porta correndo a tempo suficiente para agarrá-la pela
cintura justamente no momento que o carro passou por nós,
cantando pneu e foi por milésimos que não a atropelou.
O choro na menininha explodiu quando a ergui em meus
braços trazendo-a de volta para a calçada e colocando-a no chão
para verificar se estava tudo bem.
— Calma, bonequinha, foi só um susto. Cadê sua mamãe? —
Murmurei na tentativa de contê-la. Seus olhos escuros derramavam
muitas lágrimas e o cabelo da testa estava grudado de suor.
Há quanto tempo ela estava correndo?
— Não sei, eu, eu... — O sotaque grego não passou
despercebido. Ela gaguejou e sua boca formou um biquinho e mais
lágrimas efusivas pelo desespero.
— Shhhh... Está tudo bem, nós vamos achá-la.
— Maia! — Ouvi um grito desesperado seguido de outros
vários. Olhei para trás e uma mulher muito pálida estava sendo
amparada por um homem. — Maia, pelo amor de Deus!
— Tia Hera! — Ela correu e agarrou as pernas da tia.
Olhei espantado, perguntando que tipo de piada do destino
era aquela. Esperei ver a mãe, procurei de um lado para o outro e
só tinha a Hera.
Me levantei, andando até ela e ouvindo-a dizer que já estava
melhor para o homem que a segurava.
— Pode deixá-la comigo. — Falei com o homem que a olhou,
meio desconfiado e saiu depois de Hera agradecê-lo. Pelo olhar que
a irmã da Talassa me deu, sabia quem eu era. — Está tudo bem,
Hera?
— Odin Papadakis — falou o meu nome em uma espécie de
segredo.
Maia me encarou com os olhos pintados de lágrimas e uma
leve feição de curiosidade, agora estava visivelmente mais calma.
Quando a garotinha sorriu para mim balançou todas as estruturas
do meu mundo, aquelas que sua mãe ainda não havia destruído
com sua presença marcante.
Hera desequilibrou e eu a segurei, olhei ao redor ainda
procurando por Talassa, mas não havia sequer sinal dela.
— Minha irmã está no vestibular — disse de um jeito que me
surpreendeu pra cacete. — Acho que preciso me sentar.
A notícia me deixa surpreso e feliz, mas tento disfarçar.
— Ok, vem comigo. Me deixe ajudar você.
— Maia, não saia de perto de mim. — Hera pediu quando
passei minha mão pela sua cintura e a guiei até o meu carro, abri a
porta e ela se sentou, respirando com dificuldade e tentando manter
a calma.
Maia passou pelas minhas pernas e ficou de pé ao lado da
porta, olhando com preocupação para sua tia.
Caramba... Ela é linda, doce e atenciosa. Enfia a mão no
bolsinho do casaco e entrega uma bala para Hera, que sorri com o
gesto e aceita.
— Quer que eu te leve para um hospital? — Perguntei baixo,
não queria assustar Maia, mas ela não pareceu se abalar com isso.
— Não. É efeito colateral do novo remédio que estou
tomando. Vou melhorar em alguns minutos e podemos pegar um
táxi... Não vou conseguir esperar Talassa.
— Vou levar vocês.
— Odin Papadakis... — Ela falou em um tom de advertência e
sustentou um olhar duro comigo e sequer cedeu quando a encarei
de volta.
— Vou levar vocês em casa. — Repeti decidido e ela bufou.
— Grego arrogante.
Não fiz questão de desmentir, apesar das minhas pequenas
mudanças significativas nas últimas semanas sobre ter aprendido
que a minha hipocrisia não me deixava ser melhor que ninguém, eu
ainda era um bastardo arrogante e seria por muito tempo, talvez
para sempre.
Abri a porta de trás e ajudei Maia a se sentar, ajustei o cinto
de segurança mesmo sabendo que não era o ideal. Ela me deu um
sorriso que me desestabilizou porque eu não sabia lidar com
crianças, nunca convivi por muito tempo com elas.
Mas essa é uma parte de Talassa, é a criança dela e de
alguma forma, olhar para a menininha me faz sentir
automaticamente afeiçoado.
— Obrigada — ela disse bem baixinho, agora subitamente
tímida. — Sou a Maia.
Estendi minha mão e ela ficou pensativa sobre apertar ou
não. Sorri quando seus dedinhos pequenos tocaram minha palma
enorme.
— Sou o Odin. É um prazer conhecer você, Maia.
— Conhece a minha mamãe?
Ah, linda... Eu conheço muito a sua mamãe.
Assenti, recebendo outro sorriso e sua feição suavizou
porque provavelmente me associou com alguém do seu ciclo de
confiança.
— Ela vai ser médica! — Exclamou em pura animação.
Arqueei as sobrancelhas surpresa pela escolha da profissão. — A
mamãe é a melhor do mundo.
— Você é uma menina esperta, Maia. Sua mãe é mesmo a
melhor do mundo.
Me afastei um pouco mexido com a interação e fechei a porta
suavemente, fazendo o mesmo com a da Hera. Um nervosismo
inesperado habitou meu corpo com a chance de revê-la.
Talvez o destino estivesse me dando uma última chance e eu
pretendia não desperdiçar.
Capítulo 43
Talassa Katsarus
Ouvi uma risada masculina e paralisei na entrada de casa,
olhei ao redor só então notei o carro estranho parado há alguns
metros do meu portão.
Odin está aqui.
Uma parte minha quer correr até ele e a outra, a parte sã,
quer fugir. Ele estar aqui não foi o combinado e se veio é porque
tem alguma coisa errada.
As risadas da Maia se misturam com as dele, aumentando
minha aflição e à medida que eu atravesso os cômodos, mais ideias
absurdas cruzam minha mente. Por fim, empurro a porta que divide
o corredor para a cozinha e os vejo.
Inacreditavelmente Odin está sentado ao chão com Maia e
Hera e eles estão montando uma espécie de castelo de cartas.
— Ela vai perder, Odin! — Maia grita quase saltando do lugar.
Nenhum dos três me veem e eu continuo os observando,
minha irmã tenta colocar sua carta, mas posiciona errado e desfaz
todo o castelo. Maia cai na risada e eu arfo com o toque de “high-
five” que eles trocam.
— Assim, ó — ela ensina seu toque secreto que aprendeu
com seus novos amigos do parquinho.
Odin franze as sobrancelhas, passa a língua pelos lábios e
imita os movimentos dela. Os dois sorriem quase da mesma forma,
como dois seres superiores e debocham da Hera.
Céus, como não percebi que minha filha é uma versão
inocente de uma greguinha arrogante?
Hera revira os olhos e se levanta, então seus olhos bateram
na minha direção e me viram. Um sorriso pequeno e nervoso ocupa
seus lábios quando fechei o semblante, deixando uma mensagem
clara de que não entendi o que está acontecendo.
— Mamãe! — Maia gritou, salvando minha irmã de qualquer
explicação.
Me abaixei e deixei minha mochila no chão para receber a
danadinha nos meus braços. Cheirei seus cabelos, sorvendo o
cheirinho delicioso da minha bebê, tão feliz e satisfeita com a nossa
vida. Graças ao homem que me fuzila com seus olhos escuros e se
põe de pé tão rápido que penso que irá sair correndo.
— Eu fiz um novo amigo! — Ela pula em meus braços, tão
animada... Meu doce e inocente bebê... Mal sabe que não fez um
amigo qualquer hoje.
— É mesmo?
— Sim! Ele também sabe fazer castelos de cartas!
A nossa brincadeira favorita, ela não participa, mas adora me
ver montar e quando eles desabam é a sua maior farra, porque isso
significa que vamos começar tudo de novo.
Se não fosse pelo vazio horrível no meu peito parece me
devorar toda vez que eu me deito para dormir, acho que estaria
plenamente feliz, mas... Quando eu encaro Odin novamente,
entendo que é difícil sobreviver quando se conhece um homem
como ele.
Sempre me perguntei o que sobraria quando nos
afastássemos e a verdade é que só sobrou tristeza.
— Hm... Tenho certeza de que ele não ganha de mim —
provoquei porque foi impossível resistir à tentação de arrancar dele
alguma reação que danifica sua expressão séria.
Odin sorriu, mas não do jeito espontâneo como fazia com
minha filha, foi o sorriso malicioso que ele costumava me dar
quando me queria na cama e isso me deixou inteiramente arrepiada.
Ele está aqui por que me quer de volta?
Foram os dois meses mais longos da minha vida e só agora
percebi que fiquei o tempo inteiro ansiosa por esse momento.
— Não me desafie, senhorita Katsarus, sou competitivo.
— Como vai, Odin? — Foi estranho me levantar e segurar na
mão da minha filha, andar até o homem que eu amava, fingindo que
nós dois não tínhamos terminado de um jeito tão pesado que ainda
me fazia chorar.
Seus olhos suavizaram, ele olhou de Maia para mim e dessa
vez sorriu com sinceridade.
— Maia, vamos escovar os dentes!
— Mas, titia...
— Vai com sua tia, Maia — falei e ela me olhou com a carinha
de quem estava prestes a implorar.
— Não vai embora não, tá? — Disse ao Odin.
Céus... Como ele conseguiu conquistá-la tão rápido?
Odin se inclinou e acariciou os cabelos dela quando assentiu.
— Não sem te dar um beijo de boa noite, prometo.
Ela foi com a minha irmã e eu as esperei sumir pelo corredor
que dava para os quartos.
Foram exatamente os doze segundos mais longos da minha
vida, eu contei a cada um deles e quando Hera virou o corredor,
Odin me surpreendeu ao me puxar pela nuca e me prendeu pela
cintura.
Seu rosto afundou no meu pescoço em um abraço apertado,
demorei alguns segundos para raciocinar e finalmente retribuir. Meu
Deus, como eu senti falta disso. De cada momento em que ele me
segurou com tanta possessividade e calou todas as dúvidas dentro
de mim.
Ele se afastou, segurou meu rosto com as duas mãos e
inclinou para me olhar. Tão perto que conseguia sentir seu hálito
quente em mim.
— Quero beijar você. Diga sim.
Ah, Odin...
Meus olhos lacrimejaram e me inclinei porque não existiam
afirmações suficientes para matar o meu desejo. Nossos lábios se
tocaram em uma volúpia violenta. Ele não precisou me dizer
absolutamente nada para que eu deixasse que conduzisse o nosso
beijo.
Odin andou comigo, me erguendo e se sentando no sofá e eu
não me importei com o que estava ao nosso redor quando sua
língua sugou meu lábio inferior em um beijo que me deixou
completamente rendida.
— Que saudade, porra... — Ele rosnou com a testa colada na
minha, sua respiração pesada, seus ombros tensos. — Talassa...
— Eu sei, Odin, eu sei... — Saudade é um nome modesto
para chamar a falta que ele me fez.
Como duas semanas podem mudar tanto nossas vidas?
Eu o deixei se aproximar, entrar no meu mundo, roubar o meu
coração com seu jeito autoritário que me enervava e ao mesmo
tempo trazia uma sensação quase... Esotérica. Eu gostei de ser
dominada todas as vezes que suas mãos me prenderam pelo
pescoço e ele me fodeu como se nossas vidas dependessem disso.
— É insuportável viver a vida sem você — suas palavras me
desestabilizam quando eu acho que ele não seria mais capaz de
fazer. — É mais que uma dor fodida. Eu me sinto absolutamente
vazio.
Fecho meus olhos, emocionada com suas palavras e ainda
desacreditada que isso esteja acontecendo.
— Eu saí do escritório e encontrei sua irmã e filha por acaso,
foi o melhor acaso que já aconteceu porque ele me trouxe até você
e eu fui um covarde por não ter vindo antes, mas eu sou o que sou...
Um homem cheio de defeitos que de um jeito desesperado se
apaixonou por você.
— Você tem certeza? — Perguntei com um fio de esperança
na voz e o coração batendo tão forte que acho que ele poderia ouvir.
— Eu amo você e a quero de volta.
— Odin... — Sua boca me beija novamente, ele me aperta em
seus braços e me pergunto o que deu na minha cabeça para agir
como uma louca, mas a resposta é clara... Sempre agi como uma
louca por ele. — Quando eu disser o que eu sinto, isso vai ser real,
sem contratos ou jogos. Você tem mesmo certeza...? Tem a Maia
e...
— Quero você, a Maia e a Hera. Quero que sejam a minha
família, eu nunca quis ter uma, mas não existe outra pessoa que me
faça desejar tanto todas essas coisas impossíveis. Eu só quero se
for com você.
— Ah, Odin... Eu te amo! Como eu senti sua falta, dói
insuportavelmente ficar longe de você.
Sua mão ergueu meu queixo e ele olhou em meus olhos tão
sério, mas um brilho diferente pairava sobre eles.
— Repete.
— Doeu insuportavelmente...
— Talassa! — Sorrio com a sua reprimenda, mas logo fico
séria porque é uma verdade incontestável.
— Eu amo você, Odin Papadakis. Tentei com todas as
minhas forças não amar, mas tudo em mim ama completamente
tudo em você. Todos os seus defeitos e imperfeições.
— Você tem certeza? — Essa foi sua vez de perguntar, me
encarando fixamente.
— Amo você. Isso não vai mudar.
— Então não tem mais volta, Talassa Katsarus. Você é
somente minha daqui por diante e isso significa um para sempre.
Capítulo 44
Odin Papadakis

Me sentia um sortudo privilegiado quando Talassa me olhou


de uma forma tão intensa, entregando tudo para mim, sua devoção,
amor, confiança. Eu segurei em sua mão e entrelacei nossos dedos
com o medo disso ser apenas mais um dos sonhos que eu tinha
quando a falta ficava insuportável.
— Dorme comigo essa noite? — Pedi baixo, colocando uma
mecha do seu cabelo atrás da orelha. — Temos muito para
conversar e colocar em dia.
— Tenho que voltar para o café da manhã com a Maia.
— Vou trazer você de volta a hora que quiser — disse.
Ela sorriu e desmontou do meu colo, parecendo se lembrar
de onde estávamos. De repente, Talassa pareceu insegura e eu a
puxei pela nuca, mirando meus olhos nos seus.
— Não se feche, não há mais segredos entre nós dois.
— Maia é minha prioridade, Odin. Preciso que esteja ciente
disso.
Trabalhei por dois meses a ideia de que ela tinha uma filha e
depois que a conheci, vi que era uma loucura da minha cabeça
achar que não podia lidar com isso. É uma criança doce, não um
monstro.
— Eventualmente daremos irmãos para Maia, eles sempre
serão nossas prioridades. Isso me faz amar ainda mais você.
— Isso foi de dez a zero tão rápido...
— Talassa — chamei quando ela tentou se virar. — Não
quero um namorinho. Quero que seja minha mulher.
— Está me pedindo em casamento, senhor Papadakis?
Porra, senti até falta do seu cinismo.
— Se eu estiver, vai me dizer sim? — Arqueio a sobrancelha
ansioso pela sua resposta.
— Acho que eu mereço um anel, não? E joelhos no chão...
Flores vermelhas?
— Você me deixa maluco! — Sussurrei a puxando pela
cintura e beijando-a novamente. — Vou te dar tudo, Talassa.
— Eu sei que vai, mas talvez o começo não seja fácil, Odin...
Não estamos mais vivendo duas semanas de férias, a vida real não
é um conto de fadas onde o sugar daddy se apaixona pela sugar
baby.
— Não? Parece que foi exatamente isso que aconteceu.
Ela ri, revira os olhos e sai dos meus braços.
— Vamos desejar boa noite para Maia, vou algumas coisas e
podemos ir. Temos muito o que conversar.
Ela me deu aquele olhar safado e meu pau doeu nas calças.
Eu queria conversar sobre muitas coisas, de preferência sem
roupas, com seu corpo embaixo do meu.
Caminhei atrás dela, fissurado no seu rebolado e ela
empurrou a porta para o quarto de Maia.
— Odin veio te dar boa noite.
A garota estava de pé na cama, com um livro na mão e um
sorriso cheio de expectativas.
— Mereço um abraço? — Perguntei ao me aproximar.
Ela assentiu nitidamente envergonhada.
Ganhei um abraço de urso, como Maia o nomeou e um beijo
estalado na bochecha.
— Você vai voltar, Odin? — Ela perguntou esperançosa,
mexendo com alguma coisa dentro de mim. A vontade era de não ir
embora.
A casa de Talassa era um em um bairro nobre e familiar de
Seattle, casas que as famílias gostam de viver para criar uma
comunidade entre vizinhos. Aquele tipo de vida que eu chamei de
sem graça várias vezes e agora, a mesma vida que eu quero viver.
— Claro que sim, bonequinha. — Sorri para ela ao acariciar
suas bochechas e me afastei para que conversasse com a mãe.
Saí do quarto com a Hera em meu encalço, rumei para a sala
e eu vi que a irmã de Talassa estava pronta para lutar comigo, se
fosse necessário.
— Recolhi todos os cacos da minha irmã quando vocês
acabaram, agora está de volta e pelo visto, juntos. Conheço Talassa
e ela tem um senso de julgamento forte, nunca te deixaria se
aproximar da Maia se não confiasse em você, mas preciso adverti-lo
que se magoar minha irmã, o seguirei até o fim do mundo com uma
arma e uma pá!
Não me senti ofendido ou chateado, somente entendi a
preocupação em seu tom. Hera agora parecia bem, recuperada dos
efeitos colaterais do medicamento e sua versão saudável causaria
arrepios em certos homens. Não a mim.
— Admiro seu senso de lealdade e proteção, Hera, mas sei
que não será preciso.
— E pare com essa coisa de primeiro e único, como se fosse
dono dela, isso é tão arcaico!
Agora solto uma risada. Talassa contou a ela? O que mais
minha grega contou?
— Certas promessas prefiro não fazer, mas ao contrário
também é uma certeza, sua irmã é a primeira e única na minha vida.
Eu farei dela a minha esposa.
Hera arqueou as sobrancelhas em nítida surpresa, mas não
teve tempo de responder nada porque Talassa apareceu.
— Hera! Você está bem?! — Sua feição preocupada
demonstrou que Maia contou o que aconteceu mais cedo. — Devia
ter me ligado!
— Odin nos ajudou. Me desculpe, eu soltei a mão dela por
alguns segundos e ela correu, disse que queria buscar ajuda. Foi
tão rápido, Talassa.
Elas se abraçaram e eu entendi a conexão. Isso é ser uma
família e nem de perto é o que vivenciei na minha infância.
— Eu liguei para a babá, ela vai ficar com vocês. Preciso
conversar com o Odin.
— Conversar, sei.
Foi impossível não rir.
Me distanciei e a observei dando algumas instruções para a
irmã. Elas se afastaram e eu aguardei depois que Talassa me
avisou que buscaria suas coisas.
Ainda não estava acreditando que isso estava acontecendo,
que era real. Ela voltou para mim.
Capítulo 45
Talassa Katsarus

Odin estacionou na garagem da sua casa e eu não esperei


quando avancei sobre ele, beijando sua boca. Ele gemeu ao enfiar
seus dedos entre meus cabelos, me puxando para perto.
Sua mão entrou por baixo do meu vestido e eu me ofereci
ainda mais. Tudo que eu sentia era uma saudade absurda e não
esperaria um segundo.
— Vem aqui, gostosa. — Seu tom rouco me deixou com as
pernas tremendo, Odin rapidamente ergueu meu vestido passando
pela minha cabeça e eu deixei que sua mão se enchesse com um
dos meus seios enquanto ele colocava o outro na boca.
— Doce Jesus! — Arqueei a coluna sentindo sua língua me
estimular. Ouvi um rosnado ecoando da sua garganta quando me
puxou pela cintura.
Fui facilmente conduzida para o seu colo. O homem era
extremamente alto e arrastou o banco para trás, me ajudando a
colocar minhas pernas ao redor dos seus quadris.
— Só Odin, baby... — Falou quando suas duas mãos
engancham na minha calcinha e ele a rasgou.
— Que saudade filha da puta de você — rosnei voltando a
beijar sua boca, sentindo sua mão passeando pelo meu corpo e
rebolando em seu colo.
Podia sentir sua ereção evidente pelo tecido fino da calça
social. Odin gemeu dentro da minha boca e segurou minha nuca
com destreza, me inclinando para trás e beijando do meu pescoço
até o busto, mordendo e me marcando inteira, do jeito que eu
adorava.
Me inclinei ainda mais quando ele voltou a me chupar e roçou
seus dedos pela minha boceta, estava tão molhada que seu dedo
deslizou com facilidade e gemi forte e alto quando começou a
estimular o meu clitóris.
— Não quero esperar, preciso de você — falei fincando
minhas unhas sob seus braços cobertos com a camisa.
— Agora vai ser rápido, mas eu vou te comer muito gostoso
quando estivermos na cama.
Me apoiei no banco enquanto ele abria a calça e o ajudei a
empurrar para baixo junto com a boxer branca. Não parava de sorrir,
nervosa, ansiosa, com tesão e apaixonada.
— Você é linda.
— E sua — confessei segurando seus cabelos.
Quando Odin posicionou seu pau na minha entrada foi como
achar o caminho de casa novamente.
— Minha boceta sentiu sua falta, daddy — gemi deslizando
sob seu pau, sentindo cada centímetro seu me preencher até o talo,
me deixando cheia com seu volume grosso.
Odin rosnou e sua mão parou no meu pescoço, ele apertou
suavemente, só para me dominar.
— Rebola, caralho! — Mandou com a voz totalmente rouca.
— Que boceta gostosa, ela sentiu minha falta, bebê?
— Muito — ronronei me apoiando no seu ombro para sentar
forte.
Rebolei com seu pau todo dentro arrancando reações
adversas, Odin estava perto de perder o controle e eu queria
exatamente isso.
— Sua safada. Você é minha! — Sua possessividade me
deixou acesa quando ele começou a arquear o quadril na minha
direção, me ajudando a montar cada vez mais forte. — Que
saudade fodida de você.
— Me come, Odin, eu sou sua.
— Minha! Vou encher essa boceta de leite. — Rosnou e
apertou meu pescoço me puxando para um beijo gostoso.
Perdi o controle gemendo tão alto, tão forte, sem me importar
com mais nada. Continuei sentando sem parar, Odin rosnou alguns
palavrões e bateu na minha bunda. Foi o suficiente para mim
quando ele segurou minhas mãos para trás, chupou meu peito e me
mandou gozar.
Todo meu corpo tremeu em uma onda violenta de prazer,
chamei pelo seu nome completamente inconsciente, deixando o
orgasmo me dominar. Odin apertou ainda mais minhas mãos nas
costas, me equilibrando e gozando dentro de mim. Me enchendo e
marcando, mostrando que eu sempre seria sua mulher.
— Que delícia, caralho — disse ao me soltar, me deixando
abraçá-lo e fincando seus dedos na minha bunda, me fazendo
rebolar com seu pau atolado dentro da minha boceta. — Eu te amo,
minha safada.
— Cansou? — Sorri quando ele jogou a cabeça para trás e
inspirou fundo. — Você prometeu me comer gostoso na cama.
— Não me provoque, Talassa...
— Por que, daddy?
— Toda vez que você me chama assim o meu pau dói de
vontade de te foder.
— Eu sei, por isso que eu falo. — Provoquei, deitando-se em
seu peito e beijando seu ombro. — Amo você, Odin. Estou feliz que
estejamos juntos.
— Nada me faz mais feliz que isso, minha linda. Você
bagunçou a minha vida, sua maluquinha.
Seus braços me apertaram em um abraço carinhoso e
finalmente me senti segura novamente. Odin cuidou de mim do seu
jeito avesso e eu sabia que ele continuaria fazendo isso, mas agora
do jeito certo.
Capítulo 46
Odin Papadakis
Meses depois

— Não me solta, Odin! — Ela grita com medo e eu mal


contenho a veia orgulhosa dentro de mim.
Maia confia em mim tanto quanto confia em sua mãe e às
vezes, ela prefere ser acolhida por mim quando cai e se machuca e
isso faz com que eu me sinta invencível.
— Não vou soltar, bonequinha. Olhe para frente, você está
indo bem.
Ela vira o rostinho para a frente e fica concentrada. Sei que a
mãe dela está nervosa porque a nossa bebezinha, agora uma
menina de cinco anos, porque Maia fez aniversário duas semanas
atrás, está crescendo.
Maia me pediu de presente uma bicicleta nova e nós
negociamos que ela fosse sem rodinhas.
— Vou cair! — Ela fala com medo, mas continuo segurando
seu banco, correndo como um louco enquanto ela pedala.
— Não vai. Fica firme, estou aqui com você. Nunca vou te
deixar cair, Maia.
O tempo só me fez amar essa garotinha. Ela ganhou espaço
aos poucos dentro do meu coração e foi impossível não me
encantar com seu jeito único de se expressar, até mesmo achar
suas birras engraçadas. Talassa e Hera diziam que eu a estragava,
mas gostava de pensar que estava dando a minha menina algo que
ela nunca teve e agora tem: um pai que a ame acima de qualquer
coisa. Assim, também dava a mim o que nunca tive: alguém para
amar incondicionalmente.
— Acho que eu consigo... — Ela fala quando se sente segura.
— Continue pedalando, vou soltar no três...
Nós contamos juntos e quando eu solto, Maia continua
pedalando e gritando que conseguiu.
Explodo de orgulho, correndo atrás dela quando desequilibra
e gritando para apertar o freio. Seus pés descem e eu a seguro
antes que caia.
— Você conseguiu, amor! — Ergo-a em meus braços e beijo
sua bochecha com força antes de colocá-la no chão. — Quer tentar
outra vez?
— Sim, por favor!
Assenti.
Nós olhamos na direção onde sua mãe estava e acenamos
ao mesmo tempo. Talassa estava com a mão no peito e eu sabia
que estava chorando.
Como a minha vida havia mudado tanto em oito meses?
Começamos aos poucos, mas foi inevitável estarmos
morando juntos depois de três meses, com Maia já habituada a
mim, não foi difícil nossa adaptação como família. Foi triste quando
Hera decidiu que precisava ter seu próprio espaço e viver sua vida.
Com seu tratamento indo muito bem, os médicos estavam otimistas
de que ela ficaria curada e Talassa entendeu que sua irmã precisava
do próprio espaço. Ela sempre estava conosco aos finais de
semana e na última vez que apareceu, trouxe um namorado, um
babaquinha arrogante que me lembrava muito a mim mesmo. Ainda
não sei se gosto dele, mas Talassa diz que só estou com ciúmes.
Somos uma família unida e Hera é como uma irmã para mim,
eu a defendo com afinco e não acho que o cara do momento seja o
ideal para sua vida, mas prometi que não iria interferir... Orien,
porém, não pensa o mesmo que eu e já mandou que investigassem
o idiota.
Maia pedalou em direção a sua mãe e Talassa veio ao seu
encontro, parando a bicicleta em alta velocidade porque nossa
menina perdeu o controle.
— Parabéns, filha. Você é mais corajosa que sua mãe.
— Porque sou corajosa como o Odin! — Ela gritou vindo para
mim e a ergui, jogando em meu ombro e fazendo cosquinhas na sua
costela. — Pare, por favor, pare. Mamãe, me salva!
Talassa me deu um olhar tão apaixonado que me perdi na
bagunça com Maia, parando de atacá-la e deixei que fosse para o
chão. Ela correu de volta para a bicicleta, falando que tentaria
sozinha e eu puxei a minha esposa para perto.
— Você está linda hoje, mamãe. — Provoquei ao beijá-la e
ela me abraçou pela cintura. — Amo seu cheiro.
— Nunca vai enjoar de mim?
— Só se eu fosse maluco.
— Está chegando o dia de me dizer sim em uma igreja, não
quer desistir? — Ela me olhou séria, mas depois soltou uma risada
provocadora.
Nós já tínhamos casado no civil e faríamos o mesmo na
Grécia em dois meses, bem perto do Natal, a data que nos uniu
significativamente.
— Não vou desistir de você nunca, esposa. Desista dessa
ideia de fugir de mim. — Brinquei de volta e ouvimos o impacto de
Maia vindo com o choro.
— Ai meu Deus, Maia! — Talassa gritou, se soltando de mim
e corremos atrás para conferi-la. Minha garota ganhou um joelho
ralado, olhei seu pé e pernas e tudo parecia bem. — Parece que a
ideia da bicicleta sem rodinha deu ao papai a vez no curativo! Boa
sorte!
Toda vez que ela brigava comigo porque apoiava as artes de
Maia, a culpa era do papai. Uma parte minha ficava eufórica pra
caralho porque ela se referia assim a mim e uma vez, em um
momento sonolento, Maia também me chamou desse jeito e eu
quase explodi.
— Vou cuidar de você, bebezinha. Mamãe não sabe de nada,
garotas legais sempre têm cicatrizes de joelhos ralados.
— É sério? — Talassa emendou em uma reprimenda quando
ergui Maia em meus braços e ela me abraçou pelo pescoço,
deitando a cabeça no meu ombro. — Vocês são impossíveis.
— Espere até o irmãozinho da Maia chegar.
— Vão se virar todos contra mim — minha esposa reclamou,
bufando e trazendo a bicicleta com ela.
Maia riu baixinho e beijou minha bochecha.
— O papai é mais legal, a mamãe é muito chorona — meu
peito comprimiu com a emoção e eu fingi que não era a coisa mais
incrível do mundo tê-la me chamando assim.
— Seu pai sabe das coisas, menina. Não deixe sua mãe te
amedrontar, cair é normal, vai sarar. — Disse ao colocá-la na
bancada da cozinha para buscar o antisséptico. Sabia exatamente o
que viria a seguir: um escândalo. Talassa sorriu vitoriosa, virou as
costas e me deixou sozinho para lidar com a filha que eu mimei e
agora isso se voltaria contra mim.
Eu adoro a paternidade — pensei quando o primeiro grito de
Maia ecoou pelo banheiro.
E, por incrível que pareça, eu realmente a amava mesmo.
Capítulo 47
Talassa Katsarus
2 meses depois | Grécia

Todas as pessoas especiais para minha pequena família


estavam aqui reunidas para o nosso grande dia, o sim que me
deixou extremamente emocional, chorosa e que fez minha filha dar
boas risadas de mim.
Os votos de Odin me fizeram chorar ainda mais, nunca
pensei que um dia eu fosse me casar, sempre achei que a vida não
me reservava coisas boas. Com meus pais mortos na adolescência,
uma vida infeliz ao lado de um homem que me machucava e vivia
fugindo depois disso, todas essas coisas eram quase uma sentença
de uma vida perpetuamente infeliz... Até que eu o conheci. O
homem imperfeito que mudou a minha vida.
No ano passado aconteceram tantas coisas que eu me achei
perdida, com medo, preocupada e agora... A única pessoa que
podia tirar Maia de mim estava morta, assim como os inimigos que
ganhei por causa dele, além disso, o homem da minha vida se
tornou meu marido hoje. Nada pode me fazer infeliz porque eles me
fazem sentir invencível.
— Você conseguiu, parabéns — mas, a vida sempre
mostrava que nem todas as pessoas ao nosso redor pensam as
mesmas coisas.
Gaia sorriu falsamente, parando ao meu lado e fitando a
mesma direção que eu. Odin dançava com a Maia alguma música
dos anos 80 e eles estavam se divertindo muito.
— Obrigada, eu acho. Me casar com seu filho é um dos
orgulhos da minha vida, depois de conseguir cuidar da minha filha
sozinha, por anos, sem ajuda de nenhum homem.
— Agora você achou um pai para ela, não é, Talassa?
— Sim, Gaia. Um ótimo pai por sinal. — Seu rosto franziu,
mas ela adicionou um sorriso fingido e tocou meu ombro com um
falso carinho. — Odin e eu contamos a poucas pessoas, mas acho
que você deveria saber antes que se torne oficialmente público.
Nossa família vai aumentar, estou grávida.
Eu adoro como seu rosto fica vermelho e ela está aborrecida
com isso, porque provavelmente ainda tinha planos de encontrar
uma esposa ideal ao seu filho e, agora que estou grávida, sabe que
ele nunca me deixará.
Como se ele fosse deixar por qualquer sandice que saísse da
boca dela.
Os meses me fizeram perceber que Gaia tinha alguns
problemas além da grave falha de caráter e eu entendi que não
precisava tolerá-la só porque era a mãe de Odin, não quando ele
mesmo evita estar perto dela.
Saio de perto sem falar nada, meu marido sorri quando me vê
indo até ele e Maia corre para brincar com o filhinho de Orien. O
garotinho está querendo ir para o chão e Dafne tem trabalho para
contê-lo quando Maia começa a incitá-lo com gracinhas.
— Oi esposa, tudo bem? — Sou abraçada por ele e me sinto
finalmente calma.
— Tudo ótimo. Contei à sua mãe a nossa grande novidade.
— Imagino que ela esteja radiante — debocha, mas quando
me beija sua expressão chateada se desfaz. — Eu te amo, sabia?
Nunca te agradeci por ter me dado uma chance. Fazer você feliz é
uma das missões da minha vida.
— Uma das?
— Sim. Tenho outras... Cuidar de você e dos nossos filhos é a
principal delas. — Eu me derreti em seus braços porque o meu
grego aprendeu duas ou três coisinhas sobre ser extremamente
romântico e irresistível.
— Eu que te agradeço por ter sido tão incrível para mim e
para a Maia. Nunca te pedi para ser um pai para minha filha e você
quis ser, isso é tudo para mim, Odin.
— Ela é minha.
Eu adoro sua possessividade, mas com Maia é só amor e
cuidado. Sorrio, assentindo porque agora é oficial. O registro de
nascimento de Maia ganhou um responsável a mais, ela tem um
papai agora e orgulhosamente o chama assim por todos os lados.
— Nós amamos você, papai.
— Vocês são tudo para mim, esposa. Eu te amo.
Nós nos beijamos e eu me deixo ser embalada pelo meu
marido com uma música romântica com fundo. Esse momento é
simplesmente perfeito.
Capítulo 48
Odin Papadakis

Lua de Mel

O quarto estava inteiramente decorado com velas aromáticas


que davam uma sensação de meia-luz, as pétalas de rosas
vermelhas pelo chão climatizando ainda mais o ambiente, deixando
quase sinuoso.
Segui as instruções da minha esposa depois que saí do
banho, sentei-me no sofá largo de veludo que ficava no canto
inferior do nosso quarto, abri os braços apoiando no encosto e
controlei minha respiração.
Uma música sensual soou pelo ambiente e eu me agitei,
esperando pelo que viria. Talassa abriu a porta do closet me
fazendo engasgar quando vi seu corpo lindo dentro de uma lingerie
branca que chamava atenção com a luminosidade. Seus seios
cheios no sutiã transparente, parecido com o primeiro em que a vi
vestida e a calcinha pequena, um conjunto indecente que fez meu
pau retorcer, ficando subitamente duro.
— Quero jogar com você, daddy... — Ela murmura
sensualmente vindo para mim. — Vamos recriar nossa primeira
noite. Vou dançar para você, mas com uma condição.
— Qual? — Minha voz saiu grossa e completamente afetada.
— Não pode me tocar... Vai me deixar fazer tudo que eu
quiser.
— Talassa... — Murmurei ameaçadoramente e ela sorriu, se
afastando. — Você vai me matar.
— Só estou começando.
Foi difícil me conter no lugar quando ela começou a rebolar
na minha frente no ritmo da música. O que Talassa fazia com o
corpo era além do sensual, a mulher estava reescrevendo a
definição de pecado.
Minha esposa se aproximou ainda mais, erguendo seus pés
entre minhas pernas e tocando levemente minhas bolas sob o
roupão ao me dar um sorriso provocador e me esfregar de um jeito
que me fez gemer.
Talassa parou de provocar e virou de costas, rebolando e me
mostrando a visão linda da sua bunda atolada com o fio dental
branco.
Apertei os punhos e custou tudo de mim para não avançar
sobre ela como um animal esfomeado.
Quando Talassa enganchou sua mão na lateral da calcinha e
a desceu diante dos meus olhos, um tremor se apossou do meu
corpo e eu avancei para tocá-la. Ela se virou, me olhou seriamente e
depois sorriu, virando e me empurrando
— Não pode tocar — voltou a dizer, se divertindo com meu
desespero.
Dois podem jogar esse jogo, princesa.
Abri meu roupão e ela fixou os olhos em mim ao rebolar para
fora da calcinha. Apertei meu pau dolorido, inchado e com pré-
sêmen escorrendo. Meus olhos não saíram dos dela quando
comecei a me masturbar lentamente vendo-a rebolar e tirar o sutiã.
Desci meus olhos sob seu corpo gostoso, os seios cheios e
inchados pela gravidez, a barriga ainda plana, mas meu filho estava
ali. A boceta depilada que eu queria chupar pra caralho.
Minha mulher, porra.
— Sua, amor. — Ela fala, me fazendo perceber que falei alto.
— Me deixe fazer isso.
Quando minha esposa se ajoelhou entre minhas pernas, me
olhou como uma puta safada e tomou meu pau dentro da sua boca
macia, perdi o controle. Arqueei meu quadril fodendo sua boca, se
não podia tocá-la, iria dar meu jeito para que estivesse no controle.
Ela riu como a boa safada que é, se engasgou, mas chupou
tudo e massageou minhas bolas.
— Que gostoso, não para Talassa — mandei e ela continuou
me sugando forte em um ritmo que me faria gozar em pouco tempo.
Talassa gemeu e sua boca soltou um estalo quando meu pau
saiu de dentro.
— Não pode me tocar, entendeu? — Falou seriamente,
dominando a situação e eu olhei em seus olhos com a palma da
mão coçando. — Vai ser comportado e comer sua esposa bem
gostoso, mas não pode me tocar.
Aquilo deixava tudo mais erótico.
Ela sabe jogar comigo e quando passa suas pernas pelos
meus quadris e desliza a boceta molhada no meu pau, eu fecho os
olhos com força e rosno. Talassa beija minha boca forte,
reivindicando tudo que pertence a ela e me usa como apoio para
impulsionar.
O que ela faz me deixa vidrado. É intenso, nossos olhos não
se desgrudam, sua boceta contraindo sem parar me causa um
frisson, elevando a situação em um nível que nunca estivemos. É
intenso, íntimo, dominador.
Sua mão pequena se fecha ao redor do meu pescoço e eu
me perco no seu rebolado gostoso.
— Caralho, maldita, vai me fazer gozar! — Rosno e ao
mesmo tempo empurro meus quadris contra ela.
— Isso, amor. Enche minha boceta de leite, quero que me
marque como sua. — Ela fala acionando gatilhos dentro de mim, me
impedindo de continuar imóvel.
Toco sua cintura com força, subo uma das minhas mãos para
seu cabelo e domino-a pela nuca. Talassa sorri e eu fodo com força,
trazendo-a até a mim.
— Minha mulher. Você é a coisa mais gostosa desse mundo,
que delícia. — Falo ao beijar sua boca, adorando o jeito que ela está
quicando, sentindo que meu orgasmo vai esvair com facilidade.
— Eu vou gozar... Amor... — O jeito que ela geme ao me
dizer isso é o suficiente para que a suspenda com facilidade e a
curve no sofá, ficando de pé.
— Se apoia agora, Talassa — Mando, ela se curva e segura
no encosto quando eu fodo por trás.
Separei suas nádegas para ter a visão do seu ânus,
passando o polegar pelo cuzinho apertado em uma carícia em forma
de promessa. Eu vou foder tudo nela.
Talassa grita quando eu invisto mais forte, tão gostoso, até o
fundo e quero me derramar inteiro. Gozar a porra da noite toda.
Deixar sua boceta toda melada de porra.
— Odin! — O jeito que ela me chama é desesperado.
— Goza, agora! — Exijo e ela grita.
Puxo seu cabelo e empurro sua coluna para baixo, fodendo
sem parar e ela está tremendo, gozando para mim. Estapeio sua
bunda duas vezes, ouvindo seus gemidos e socando forte até que
me deixo levar pela sensação indescritível que o orgasmo traz.
— Minha! — Anuo, me derramando dentro da mulher da
minha vida. A mãe dos meus filhos e a única para mim. — Amo
você, bebê. Olhe para mim.
Talassa vira o rosto e eu estoco algumas vezes, gozando sem
parar. Seu sorriso é quase perverso, do jeito que eu amo e diz que
isso vai durar a vida inteira.
A ergo com facilidade quando saio de dentro dela com porra
pingando pelo chão e a trago para a cama. Ela vem para cima de
mim, cruzando suas pernas na minha cintura e esfregando a boceta
gozada no meu pau.
— Você me tem na palma da sua mão — falo e não me
importo se estou dando demais, porque ela me dá tudo de volta. —
O amor da minha vida.
— Amo saber que você é meu, Odin. Meu marido, meu
homem, o pai dos meus filhos. Tudo para mim.
Puxo-a pela cintura e beijo sua boca, adorando sua
declaração, amando tudo que vem dela.
Quando Talassa me abraça, sei que tenho o mundo inteiro em
minhas mãos, dessa forma não posso me arrepender das atitudes
erradas quando foram elas que me trouxeram a melhor coisa que já
me aconteceu.
Sem dúvidas, ter Talassa como minha baby foi a melhor
escolha que eu fiz.
Talassa Katsarus
Um ano depois
Embalei o Apolo no meu colo enquanto observava o seu pai e
a sua irmã decorarem nossa árvore de Natal. Nossa pequena
família criando suas próprias tradições.
Um sorriso bobo brincou na minha cara o tempo inteiro, um
sorriso congelado que não queria desaparecer.
O bebezinho de cinco meses no meu colo resmungou da
posição que estava deitado, sorri olhando suas bochechas coradas
e o nariz arrebitado.
— Como pode ser tão parecido com seu pai, menino? —
Sussurrei beijando sua cabecinha e sorvendo seu cheirinho de
bebê, como adorava fazer com a Maia. Agora ela está crescendo
cada vez mais rápido e não aprecia muito meus apertos ou vozinha
fofa, mas ela literalmente ama o seu papai e o deixa mimá-la
sempre.
— Cheguei, família! — A voz de Hera preencheu nossa sala e
meu sorriso se alargou mais.
Meu garotinho sonolento levantou a cabeça e entreabriu os
olhos, procurando por sua tia, porque ele era literalmente o
garotinho mais mimado da casa.
— Ele é meu, me dê! — Minha irmã brincou e entreguei
minha bolinha fofa para ela.
Hera beijou meu rosto, sorrindo quase feliz, mas podia ver um
ponta de tristeza nos seus olhos. Ela estava assim há semanas e
não queria me dizer o porquê.
— Sabe que pode contar comigo para tudo, não é?
— Sei. Agora vá montar sua árvore de Natal com a sua filha
que ama rosa e glitter e o seu marido que deixa ela fazer tudo que
quer.
Ri com vontade porque ela tinha razão, a árvore era rosa
porque Maia escolheu todos os enfeites, mas estava linda e os dois
estavam concentrados na missão de fazer a melhor árvore de Natal.
— Quer biscoito com leite, filha? — Parei ao seu lado e beijei
seus cabelos, ela sorriu incrédula, como se eu estivesse mandando-
a para a forca.
— Ainda não terminamos, mamãe. Trabalho em primeiro
lugar.
— Jesus, está falando como uma mini robô Papadakis! —
Falei e eles começaram a rir de mim.
Comecei a ajudar com os enfeites separando os que gostava
e dando para Maia prender, o trabalho andou mais rápido com três
pessoas empenhadas. Odin me puxou quando finalizamos e me
beijou, Maia reclamou porque crianças não gostavam de ver os pais
se beijando, o que nos fez rir.
— Vamos colocar a estrela, filha. — Falou e entregou a
grande estrela rosa cheia de brilho.
Odin segurou a escada e ficou apoiando as pernas de Maia
enquanto ela pendurava a estrela no topo. Ao descer, ela pulou no
colo do papai e ele beijou as bochechas dela.
— Bom trabalho, equipe! — Falei e trocamos nosso aperto de
mão familiar.
Minha filha se inclinou para mim, eu a peguei e estava
extremamente pesada, mas beijei muito antes de colocá-la no chão.
— Hora da foto! — Hera falou, trazendo Apolo e entregando a
Odin para pegar seu celular na bolsa. — Se juntem.
— Você vai vir conosco — Odin falou. Minha irmã disse que
não e ele insistiu. — Vem, Hera. Me dê, sou o mais alto e todos vão
sair.
Sorrimos em família e tiramos uma só nós quatro por pura
insistência da minha irmã. Eu aceitei porque queria encher nosso
álbum de Natal com nossas fotos, registrar cada momento especial
com a minha família, era o nosso segundo Natal juntos, o terceiro só
meu e do Odin, e fizemos a mesma coisa no ano passado.
Quando minha irmã pegou meu filho e chamou Maia para
comer cookies com leite na cozinha, aproveitei para abraçar meu
marido e ficar na ponta do pé para beijá-lo.
— Mais um Natal, esposa... Como se sente estando presa a
um contrato vitalício comigo?
— A mais feliz do mundo. — Ri da sua bobeira e ele me
beijou. — Ah, tenho um presente especial para você, Daddy.
— Presente?
— Para mais tarde..., mas antes preciso saber se você foi um
bom menino e se comportou esse ano.
Odin passou a língua pelo lábio, sorriu e assentiu.
— Eu fui o melhor.
— Então talvez a mamãe Noel venha te fazer uma visitinha...
— Sussurrei com a boca colada na sua. — Com um presente tão
gostoso quanto o que te dei essa manhã.
— Porra... Meu pau já está duro.
— Não seja ansioso. Espere por mais tarde.
Ele me apertou, mordendo meu pescoço e apertando minha
bunda.
— Uma rapidinha agora, não vou aguentar até mais tarde.
Quando Odin me ergueu me conduzindo em direção às
escadas, sabia que adiantaria uma parte do meu presente de Natal
e ainda sobraria bastante para mais tarde.

Fim.
Agradecimentos
Que felicidade poder lançar mais um livro e fechar 2022 com
chave de ouro, esse ano foi extremamente desafiador e incrível.
Estou feliz por cada leitor alcançado e grata por tudo que Deus tem
feito na minha vida.
Não posso iniciar esses agradecimentos sem mencionar a
minha beta incansável, que está exausta e atolada de trabalho e
ainda assim leu e adorou cada linha desse livro, surtou, chorou,
pediu mais e amou o Odin e Talassa tanto quanto eu amo. Muito
obrigada, Carol. Sou muito feliz por ter você na minha vida e grata
pela nossa parceria e amizade.
Agradeço também a minha mãezinha maravilhosa, esse ano
ela me carregou no colo e me consolou em vários momentos que
achei que não fosse possível superar. Se consegui escrever tanto
esse ano, foi porque ela me AJUDOU muito a cuidar da vida
externa. Mãe, você é tudo. Eu te amo!
Meus sinceros agradecimento para minhas leitoras incríveis!
Vocês tornam tudo isso real e sou muito grata por todo apoio, surto
e lealdade comigo. Amo todas vocês, MUITO OBRIGADA POR
TUDO.
Encerro esses agradecimentos com a minha gratidão pela
minha assessora Vanessa e todas as minhas parceiras que fazem
esse livro acontecer e brilhar. Eu amo o meu time e isso não seria
possível sem vocês. Gratidão.
Até ano que vem! OBRIGADA!
Sou muito grata por tudo que a escrita me possibilita viver e sei
que sou abençoada por ter vocês na minha vida.
Todo meu carinho e amor por vocês.
Outras obras
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Sobre a Autora
Catiele Oliveira nasceu em Nova Iguaçu - RJ, Brasil. Técnica
de enfermagem, vive com sua família e infinitos livros em sua mente
e prateleira. Adora ler, escrever e assistir séries nas horas vagas.
Sua paixão pelo mundo literário começou quando criança, na
escola adorava as aulas de incentivo à leitura e interpretação de
texto. Começou a escrever nos meados de 2008 e não parou mais.
Criando coragem, resolveu publicar seu primeiro livro pela Amazon
em setembro de 2021, com o incentivo de seus familiares e amigos.

Você pode me encontrar em:


https://www.instagram.com/catieleautora/
[1]
Personagem nova, livro novo... Será?
[2]
Clube masculino fictício, criado para o universo da Trilogia Irmãos Darrell e fará parte da
introdução deste livro e de outros futuros.
[3]
Você é perfeita.
[4]
Meu amor.
[5]
Bebida tipicamente grega de teor alcóolico elevadíssimo, seria um equivalente a uma
vodca, para nós.
[6]
Ilha fictícia criada para dar vida a este livro.
[7]
Uma cidade grega.
[8]
Região fictícia criada para dar vida a este livro.
[9]
Personagem da série Magnatas de Seattle e terá seu próprio livro em breve.

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