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https://www.instagram.com/catieleautora/
Um beijo,
Catiele Oliveira.
Você precisa ser clara
Me conte os detalhes
Eu preciso saber
Por mais que doa
Eu preciso que você me diga a verdade
Coloco você contra a parede, e agarro o seu pescoço
Você me empurra para o lado e me joga na cama
Você agarra meus braços e, lentamente, senta em mim
Você sussurra no meu ouvido: Vamos começar.
(Shut up and listen — Nicholas Bonnin feat. Angelicca)
CONTRATO DE RELACIONAMENTO
Por este instrumento particular de contrato de
relacionamento, tendo de um lado ODIN PAPADAKIS, grego,
solteiro, empresário, inscrito sob o registro de identificação nº
(38.998.00000), e-mail (odinpapadakis@telewrm.us), residente e
domiciliado na (Mount Rainier, nº 858), doravante denominado
SUGAR DADDY e de outro lado TASSALA KATSARUS REESE,
grega, solteira, inscrito sob o registro de identificação nº
(18.558.00000), e-mail (talassa.katasarus@dayrp.com), residente e
domiciliada na (endereço não informado), doravante denominado
SUGAR BABY, ambos maiores e capazes, firmam o presente
CONTRATO DE RELACIONAMENTO SUGAR sem fins de união
estável, que será regido pelas cláusulas abaixo elencadas.
DO TERMO
Cláusula 1
Os contraentes declaram que possuem um relacionamento
afetivo, popularmente conhecido como RELAÇÃO SUGAR, este
definido como “UM RELACIONAMENTO ENTRE DOIS CAPAZES
COM INTENÇÕES ESTRITAMENTES ESPECIFICADAS NESTE
CONTRATO”.
DO OBJETO DO CONTRATO
Cláusula 2
O relacionamento afetivo entre os contratantes é baseado em
retribuição financeira, não há entre eles nenhum ânimo de união
estável. Na hipótese da vontade de exercer um relacionamento
amoroso no futuro, os contratantes se comprometem a realizar as
formalidades pertinentes ao caso, com anuência formal de ambas
as partes, não podendo o presente instrumento perder a validade
sem vontade expressa de qualquer um dos envolvidos.
DA VIGÊNCIA
Cláusula 3
O presente contrato possui vigência determinada no período
de DUAS SEMANAS e pode ser rompida a qualquer momento de
acordo com os interesses dos contratantes. A relação objeto deste
contrato começa a ter validade a partir da sua assinatura.
DA COABITAÇÃO
Cláusula 4
As partes passam a coabitar na mesma residência. É dever
do contratante suprir qualquer necessidade, seja financeira ou física
da contratada. Os contraentes estabelecem que a vida em comum
será regulada pelos princípios do dever e respeito, respeitando a
individualidade do contratado.
O CONTRATANTE SE COMPROMETE A:
1. Pagar uma mesada diária no valor de (DEZ MIL
DÓLARES) durante a duração deste contrato.
DOS FILHOS
Cláusula 6
Advindo gravidez, não haverá conversão do relacionamento
sugar em união estável, devendo ser observados os direitos e
deveres relativos à gestação e criação do descendente.
Á
DA EFICÁCIA PERANTE TERCEIROS
Cláusula 7
Os contratantes declaram que têm plena ciência e integral
conhecimento de todos os termos, eficácia e amplitude da presente
escritura pública, deliberando que qualquer alteração, modificação
ou acréscimo somente poderá produzir efeitos através de outra
escritura pública, a qual ambos deverão obrigatoriamente
comparecer, ficando sem valor qualquer outro escrito, documento ou
declaração individual que disponho de forma diversa, com data
anterior ou mesmo posterior a esta escritura.
CONDIÇÕES GERAIS
Cláusula 8
Declaram as partes que foram devidamente alertadas sobre
as consequências da responsabilidade civil e penal da lavratura
deste ato, por todos os documentos de identificação apresentados e
por todas as declarações prestadas.
DO FORO DE ELEIÇÃO
Cláusula 9
Para resolução de possíveis controvérsias resultantes do
presente contrato, elege-se o foro de Cidade Seattle no estado
de Washington.
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Capítulo 1
Odin Papadakis
Quatro meses antes
•••
Meu Deus.
Ele iria me tocar!
Uma parte de mim estava assustada e a outra estava tão
excitada que eu não pensei direito no que estava fazendo.
Odin Papadakis tirou de mim algo que nenhum outro cliente
conseguiu. Eu me deixei levar. A adrenalina pelo jeito que ele me
olhava, o tesão pela forma latente que eu era visivelmente desejada,
o volume aparente entre suas pernas quando a luz avermelhada
atingiu o centro delas.
O jeito louco como o meu show acabou, abrindo espaço para
a próxima dançarina. Quando eu vi uma das meninas entrando meu
peito bateu em um incômodo dolorido. Me odiei por ter olhado para
trás e principalmente por ter o encontrado de pé, debruçado no
parapeito, olhando a boate. Ele não acenou na minha direção
quando eu saí, sequer me dispensou um olhar em despedida.
Era como se eu fosse um pedaço de nada.
Me enrolei no robe de seda sendo acompanhada por um dos
seguranças de volta ao camarim, quando abri a porta encontrei
Sahad sentado em uma das poltronas bem distraído e mexendo no
celular. Ele arqueou as sobrancelhas quando me viu, percebi sua
curiosidade para que contasse o que tinha acontecido, mas eu
mesma não havia entendido a intensidade da coisa direito.
— Pensei que fosse a única que dançaria para ele —
sussurrei para que só Sahad ouvisse quando puxei minha bolsa,
tirando meu vestido de dentro e entrando nele.
— E não era?
— Não.
Sahad franziu o cenho, também sem entender e eu me virei
para que ele fechasse o zíper. Tirei as sandálias de salto sentindo
um alívio imediato, suspirei cansada, mas ainda teria que aguardar
Erika ou sua assistente para receber o pagamento pela diária e ela
nunca tinha hora para pagar.
Algumas meninas entravam e saíam, trocando de roupa ou
penteado e eu não pude falar mais nada com Sahad. Em um
determinado momento ele saiu de perto para socorrer uma das
dançarinas com figurino rasgado, me deixando sozinha.
Prendi o cabelo pensando seriamente em tirar a maquiagem,
mas estava exausta e poderia fazer isso em casa, com o auxílio da
água quente durante um longo banho.
A porta abriu e um silêncio quase sepulcral em um camarim
cheio de mulheres tagarelas foi evidente. Olhei em direção da
entrada e era Erika, ela lançou o olhar sério para todas, como
sempre fazia, mas no fundo era uma boa chefe e nunca cobrava
nada além do devido.
— Eu vou te ligar se alguém vacilar comigo, tudo bem? —
Falou ao me estender o envelope branco.
Sorri esperançosa, talvez ela tivesse uma vaga pendente e
estivesse me testando e eu precisava muito do emprego,
principalmente porque todos os meus contatos de acompanhante se
dissiparam depois dos meses que passei na Grécia. Eu precisava
mesmo do dinheiro.
Faltam três semanas para o Natal... O que eu vou fazer se
não conseguir o que eu preciso até lá? — A pergunta vem e me
deixa angustiada e pensativa.
— Muito obrigada, Erika. Vou estar com o telefone ligado.
— Você é uma menina esperta, Talassa, vai saber se agarrar
as oportunidades que aparecerem no seu caminho. Se cuide.
Assenti.
Ela sorriu em despedida e ficamos em silêncio até que ela
saísse. As meninas suspiraram em alívio, Sahad me olhou com um
sorriso no rosto e piscou quando eu abri o envelope me deparando
com as centenas de dólares.
— Ei, garota, você sabe que pode ficar lá em casa, não é? —
Sah chamou minha atenção com sua voz doce e quase
reconfortante.
Fechei o envelope já assentindo e enfiando dentro da minha
bolsa, estiquei minhas mãos para pegar minhas botas de cano alto,
me sentando para caçá-las.
O problema da casa dos outros era que a visita depois de três
dias passa a incomodar. Rebecca Harris, uma das minhas amigas
mais próximas, me deixou ficar com ela, mas eu sabia que acabaria
causando um problema com o seu namorado. Já Sahad vive com
seus pais e a situação na casa deles não é das boas desde que ele
se assumiu homossexual.
Eu não queria dividir o teto com ninguém e quando vim da
Grécia para os Estados Unidos, era em uma última tentativa de
melhorar a minha vida e a vida das pessoas mais importantes para
mim. Agora era a minha última chance de fazer isso dar certo.
Com as botas no lugar, me levantei e peguei minha bolsa no
exato momento que Sahad finalizou a costura no microvestido de
paetê de uma das dançarinas e ela saiu para vestir.
— Não se preocupe comigo, vou ficar bem. Você vai me
avisar de encontrar alguma coisa para mim?
— Qualquer coisa? — Perguntou seriamente.
Sabia o que ele estava se referindo: programa.
Engoli em seco, pensando seriamente na proposta, sabendo
que a única vez que cedi esse caminho obscuro me senti tão mal
que prometi que nunca mais faria nada do tipo… Mas, a ocasião faz
o ladrão. Esse é o ditado mais verdadeiro do mundo.
Pensei novamente no quanto eu precisava de dinheiro, engoli
o orgulho, afinal, ele nunca tinha me servido de merda nenhuma.
Minha vida mudou aos 14, passei por um inferno desde então, o que
viesse a seguir não podia ser muito diferente.
— Qualquer coisa.
— Certo, agora vá descansar, deusa maravilhosa. Te ligo
amanhã!
Depois de dois beijinhos e um longo abraço trocado, eu saí.
Um dos seguranças que geralmente acompanham as
meninas por todos os lados me cumprimentou, eles sempre eram
gentis e respeitosos, ficavam ao nosso lado caso algum cliente vip
do clube tentasse alguma gracinha. Os homens poderosos eram os
piores.
Rumamos pelos fundos, passei pela cozinha cumprimentando
alguns dos colegas de trabalho, atravessamos um pequeno corredor
para cortar caminho e logo eu estava na saída dos funcionários.
— Se cuida, moça.
— Você também, bom trabalho. — Disse em agradecimento
ao seu cuidado comigo.
Passei pela catraca, acenei para outros funcionários que
ainda estavam na pequena recepção e quando atravessei a porta
para à rua, um vento gelado soprou na minha direção ao mesmo
tempo que pingos de chuva vieram com ele.
— Só faltava isso para finalizar minha noite! — Grunhi
irritada, procurando meu celular na bolsa para chamar um carro por
aplicativo, um luxo que no momento eu não poderia me dar, mas
seria impossível ir andando caso a chuva caísse.
Não podia pensar em ficar doente, nem mesmo uma gripe
leve. Estava sem cobertura do seguro de saúde, sem lugar para
morar, com dinheiro para sobreviver por umas semanas até
encontrar um emprego rentável e ainda conseguir enviar uma parte
para a Grécia, não era hora de ter despesas extras.
Me encostei à parede do clube conferindo o horário e a
porcentagem da minha bateria. Já eram mais de duas da manhã.
— Que merda de dia horrível! — Reclamei quando o
aplicativo travou.
Lágrimas ameaçaram esquentar meu rosto.
Estava cansada, com fome, exausta mentalmente e tudo que
eu queria era um abraço. Um mísero abraço que me fizesse
acreditar que ainda há esperança.
Mas, ao invés disso, o destino brincou comigo de uma outra
forma.
Uma BMW esportiva reduziu a velocidade parando na
calçada, bem a minha frente, os vidros desceram e a escuridão me
fez ficar assustada, mas isso durou apenas alguns segundos.
Quando a luz interna do veículo se acendeu e eu vi quem era, meu
estômago gelou em excitação e ansiedade.
Dentro do carro estava ele: Odin Papadakis.
Capítulo 6
Odin Papadakis
Maldito controlador.
Enfiei meus pés dentro da bota e puxei o zíper de uma,
depois da outra, procurei pelo meu carregador e coloquei de volta
na bolsa. O celular carregou o suficiente para conseguir ligar para
ele e, talvez, dê para pedir um carro por aplicativo. Mas, agora está
cedo e eu consigo ir até a estação do metrô andando.
Coloco o sobretudo e observo a cama desarrumada com um
sorriso no rosto.
Foi uma ótima noite.
Eu precisava esquecer de todos os meus problemas e Odin
foi capaz disso, mas facilmente reconheci que estava diante de um
outro bem maior. Eu não podia repetir, não tinha a menor
possibilidade de entrar nessa situação e não colocar sentimentos na
equação, ele era intenso e por sua vez, despertava a mesma
intensidade em mim.
Sorri ao lembrar da forma que o provoquei e apertei sua mão
no meu pescoço.
Você é louca, Talassa.
Bati à porta ao sair, andando para o elevador depressa.
Precisava resolver a minha vida e viver um conto de fadas
mal feito com Odin Papadakis não me daria o dinheiro que eu
precisava.
Quando liguei o meu celular havia algumas mensagens de
Sahad com possíveis encontros para essa noite, de acordo com ele,
encontros sem finais felizes. O tipo de serviço que eu adorava fazer.
Os funcionários me encararam quando desembarquei na
recepção do hotel. Acenei para alguns, saindo depressa e
respirando aliviada por estar sol, odiava chuva. O tempo ainda
estava muito frio, faltava pouco mais de duas semanas para o Natal
e eu sabia que a neve logo cairia.
Andei alguns quarteirões e optei pelo ônibus porque me
deixaria mais perto que o metrô. Sentei-me em um dos últimos
bancos, abri um pacotinho e retirei um chiclete de dentro, pegando
meu celular em seguida. O cartão de Odin estava sob a tela e me
deixou arrepiada ao ler seu nome com a fonte elegante.
Ignorei, puxando meu celular para fazer uma ligação.
Desbloqueei a tela, disquei o código de área para uma chamada
internacional e esperei completar.
— Oi, mana.
— Oi. Como você está? Não consegui ligar mais cedo. —
Sabia que lá eram quase meia noite, mas ela não dormia cedo.
— Estou bem... Está tudo bem.
— Tem certeza? Você está se alimentando direito?
— Sim, não precisa ficar preocupada.
Como não ficar? Metade do meu coração estava com ela, na
Grécia.
— Eu vou mandar o dinheiro ainda hoje. São para os
remédios, precisa me prometer que vai comprar tudo, Hera.
— Eu vou comprar os remédios, Talassa. Eu prometo.
Só sorrio e ouço a vozinha amorosa e sonolenta no fundo da
ligação. Meu peito espreme, eu quero chorar, mas segurei a
vontade.
— Ela quer falar com você. Acordou com o som da minha
voz.
— Tudo bem...
— Oi, mamãe!
Minhas narinas ardem e coloco a língua no céu da boca,
controlando a respiração, porque isso nunca vai deixar de ser difícil.
— Oi, amor. Está obedecendo a tia Hera?
— Sim! Você está vindo me buscar?
— Ainda não, bebê. Mas eu prometo que falta pouco. Eu te
amo, Maia.
Ouço minha irmã falando algo com ela, o muxoxo infeliz da
minha filha e logo Hera volta para a ligação.
— Ela está bem, não se preocupe. Cuide de você, Talassa,
aqui está tudo bem.
— E o Temir?
O medo vem forte porque dependendo da resposta da minha
irmã terei que voltar para Grécia imediatamente e nesse momento
eu não posso. Preciso ficar aqui, preciso do emprego, minha família
depende disso. Os meus quatro meses na Grécia foram infernais,
além de não ter conseguido nenhum emprego fixo, o pouco que
consegui mal deu para cobrir as despesas médicas de Hera e
comprar alguns dos medicamentos que ela precisava.
— Continua preso. O julgamento foi adiado novamente, pelo
o que soube, não há notícia sobre liberdade condicional.
— Não pode vacilar, Hera, se ele descobrir onde vocês
estão...
Não termino a frase, nós duas sabemos o que Temir seria
capaz e só o pensamento já me deixa apavorada.
— Ele não vai nos achar. — Ela promete e eu me agarro
nisso ao desligar.
Preciso de boas notícias urgente.
Quando desço do ônibus parando em frente a uma loja de
roupas femininas, uma loja bem cara, fico olhando a vitrine
procurando me identificar nos manequins luxuosos que ostentam
coisas caras. Por fora sou como os bonecos de plástico pintados de
dourado: uma linda boneca com grife falsificada, fazendo de tudo
para se dar bem nessa vida.
Continuo caminhando pela calçada e alguns metros depois
estou em um banco. Consigo fazer a operação em um caixa
eletrônico, deposito todo o dinheiro do pagamento de ontem na
minha conta, exceto cem dólares para alguma eventual emergência.
Quando saio da agência, meu celular vibra dentro da minha
bolsa e eu quase posso sorrir ao atender a ligação de Sahad.
— Minha deusa grega, seu encontro desta noite será no
Cassino Dallas.
Finalmente a boa notícia chegou.
Capítulo 12
Odin Papadakis
Ela está puta e eu preciso de uma bebida forte para lidar com
a explosão que nós dois seremos se essa coisa desandar.
Caminho até meu bar e aponto a garrafa de Tsipouro [5]para
ela, que assentiu e voltou a encarar tudo ao redor da minha casa.
Quando a comprei, pensei que um dia teria uma família que
encheria os cômodos, mas isso foi aos trinta e nove anos se
passaram e continuo sem a perspectiva de encontrar alguém para
querer o algo a mais do que meus amigos tanto falam.
Sirvo duas doses, lhe direcionando uma delas e brindamos.
Talassa vira a sua rapidamente e eu faço o mesmo. O ardor acalma
brevemente os pensamentos acelerados dentro da minha cabeça.
Recolho nossos copos, deixando sob a mesinha e lhe apontei a
direção do sofá.
— Por que escolheu essa vida, Talassa? — A pergunta flui
sem que eu tenha controle, a encaro e espero que ela seja sincera.
É a sua grande chance de me dizer a verdade, de provar que
podemos ter uma conexão transparente, ainda que nada entre nós
seja convencional.
Eu tenho minha carga de erros e estou disposto a assumir a
responsabilidade por eles se ela também fizer isso.
— Não sou prostituta, Odin.
Arqueei a sobrancelha, ela suspirou e cruzou suas pernas
sem sequer suavizar a expressão séria.
— Acompanhante de luxo nem sempre transa com seus
clientes. Algumas pessoas realmente querem a companhia de uma
mulher bonita.
— Você nunca transou com nenhum deles?
— Não foi isso que eu disse — responde calmamente. — Já
aconteceu, sim. Mas os meus motivos são meus e não quero
compartilhá-los, não importa o quanto você seja convincente a fazer
essa descoberta. Tudo que precisa saber é que eu faço o que tem
que ser feito para sobreviver.
— Pensei que você fosse uma pessoa com uma vida
financeira resolvida.
Ela fica em silêncio, morde o lábio inferior e se move no sofá.
— Prada e Gucci não se compram sozinhas, não é mesmo?
Ela não faz isso por coisas — esse é o meu primeiro
pensamento. Mais uma vez persiste em suas mentiras.
— Então você faz isso por... Presentes? Como uma sugar
baby?
Sua risada é quase divertida, eu disse quase, porque a
irritação com o meu julgamento está lá. Eu nem sei por que diabos
quero que ela me diga, talvez por saber que uma parte de mim
nunca vai aceitar seu modo de vida, querendo desesperadamente
mudar tudo nela para que se enquadre naquilo que eu acredito,
naquilo que eu quero e que desejo. A mulher perfeita para mim.
Isso não vai acabar bem, Odin — alerto, mas ignoro o bom
senso quando ela se aproxima no sofá, tocando minha gravata de
um jeito sedutor.
— Quer ser meu daddy, Odin? — O cinismo fluindo por cada
uma das suas palavras enquanto me lança um olhar que me faz
queimar por dentro. Talassa sabe jogar muito bem esse jogo e
quando lambe seus lábios, sei que não vou resistir muito tempo,
quero beijá-la desde que a vi essa noite.
— Você é muito atrevida, garota — falei, segurando-a pela
sua mão, incentivando-a a vir para meu colo.
Talassa passa suas pernas ao redor das minhas, sentando-se
sob a ereção dolorida entre minhas pernas. Sua mão astuta
desfazendo o nó da minha gravata lentamente e seus olhos escuros
focados em mim.
— Você gosta disso. — Acusa.
— Sabe do que eu também gosto? Da sua boquinha
ocupada. Ajoelhe-se, Talassa.
Ela obedeceu com um sorriso nos lábios.
Abro o cinto com rapidez vendo-a se curvar entre minhas
pernas, puxando minha calça uma vez que o botão e zíper estão
abertos. Seus olhos focam na boxer preta e eu permito que faça o
que ela sabe fazer muito bem.
Essa porra foi de dez a zero muito rápido.
Talassa acariciou meu pau duro, indo da base até a ponta, me
deixando com mais tesão. Segurei seu cabelo com força e mirei na
boca pintada de vermelho. Me abaixei e a beijei com força. Nada
delicado, eu a queria e estava morrendo de fome. Um apetite voraz
que somente seu corpo gostoso seria capaz de me saciar.
Enfiei a língua na sua, chupando bem gostoso e sorvendo os
gemidos. Lhe dei uma mordida forte no lábio inferior e suguei em
seguida, acariciando e dissipando a dor.
Puxei seu couro cabeludo com força ao me afastar, olhando
em seus olhos e ela sorriu de um jeito que me deixou maluco.
— Chupa, porra — rosnei ao puxar meu pau de dentro da
cueca.
Talassa obedeceu de imediato, sua reação foi o suficiente
para arrancar um gemido longo. O jeito como lambeu o pré-sêmen
da glande me fez apertar os olhos e jogar a cabeça para trás,
soltando um gemido rouco e incoerente.
Sua boca desceu pela minha extensão lentamente, quente,
molhada, lambendo cada parte de mim, até me sentir atolado dentro
da sua garganta. Talassa tossiu levemente e voltei a encará-la. Seus
olhos focados em mim, um sorriso de canto nos lábios com a boca
cheia do meu pau e ela começou a me chupar. De início lento,
enchendo meu pau com a sua saliva, me fazendo deslizar pela sua
língua.
Uma das suas mãos massageava minhas bolas e revirei os
olhos, dominado pelo desejo e lascívia.
— Que delícia... — Falei, apertando os dedos no seu cabelo.
Talassa gostou do que ouviu porque tornou nossa experiência
ainda melhor, me provocando um tesão que nunca senti. Desceu
chupando com força, apertando meu pau dentro da boca pequena e
começou me foder com sua boca em um ritmo rápido. A outra mão
ocupou a base do meu pau e eu rosnei quando ela uniu o boquete
maravilhoso com a masturbação.
— Maldita — rosnei furioso, apertando mais seus cabelos,
empurrando meu quadril contra sua boca e querendo tudo dela. —
Por que você faz tudo tão gostoso?
Soquei fundo na sua garganta, deixando-a sem reação,
Talassa não pediu para parar e impulsionou para me engolir mais.
Quando achei que era impossível ficar ainda melhor, ela raspou os
dentes apertando meu pau entre suas mãos e me ordenhou com
maestria, fazendo meu pau ficar dolorosamente duro ao ponto de
não conseguir segurar mais.
Foi a primeira vez em que o orgasmo saiu do meu controle.
— Caralho! Vou gozar! — Avisei, tentando puxar da sua boca
e ela continuou ainda mais forte, me chupando até a base e eu
explodi em jatos fortes, pesados, enchendo sua garganta com a
minha porra.
O que foi isso?
Estava incoerente, insano, urrando com o tesão enquanto ela
me bebia inteiro. Quando Talassa terminou, meu pau estava limpo e
eu, sem palavras.
— Você disse que me deixaria toda gozada — ela falou,
voltando para o meu colo e erguendo seu vestido, tirando-o do
corpo. — Eu quero isso, daddy.
— Eu vou te dar tudo o que quiser, bebê.
Capítulo 15
Talassa Papadakis
Ela dormiu comigo outra vez, dessa vez, acordei ao seu lado.
Talassa abriu os olhos meio receosa e procurou o celular antes de
me dispensar um cumprimento. O horário pareceu assustá-la.
— Bom dia — chamei sua atenção, preocupado com a
expressão tensa.
— Bom dia, eu preciso fazer uma ligação importante, você se
incomoda?
— Não. Quando terminar, desça, farei o café da manhã.
Ela assentiu, se levantando e indo para o banheiro.
Ontem a noite se resumiu em sexo duas vezes no sofá, uma
pausa para um lanche rápido e depois a trouxe para conhecer meu
quarto. A garota é jovem, linda, disposta e não queria parar. Tudo
que um homem pode sonhar, mas precisava admitir que ela me deu
uma canseira na última.
Nós não conversamos sobre nada depois que ela disse sim a
uma proposta feita no calor da emoção, durante o sexo que me
deixou rendido pra caralho, louco para o que mais faríamos juntos.
Quando saí do quarto a ouvi falar baixo com alguém, não me
preocupei porque ela usou o pronome feminino ao recepcionar a
pessoa do outro lado da linha, mas fiquei intrigado.
Desci os degraus apenas de cueca, bocejando um pouco,
mas despreocupado porque aos sábados meus funcionários em
geral — exceto a equipe de segurança —, tinham folga coletiva.
Antes de ir para a cozinha, saí de casa, indo para a garagem
dos fundos e abrindo a porta do carro para pegar minha pasta no
banco do carona. O trabalho era uma parte fundamental da minha
vida, mas hoje, não era isso que eu queria pegar na pasta.
Voltei pelos fundos, já entrando na área de serviço e seguindo
até a cozinha. Coloquei a pasta no balcão, acionei a senha e liberei
o acesso, pegando o contrato que estava acima de todos os
documentos de trabalho. Rolei meus olhos pelas linhas, conferindo
o nome completo de Talassa e seus dados pessoais timbrados no
papel, me deixando um pouco receoso com a forma que ela
receberia isso.
Deixei o papel sob o balcão, a pasta em um dos bancos altos
e abri a geladeira tirando alguns ingredientes de dentro.
Levou o tempo de preparar ovos mexidos e colocar pães na
torradeira para que o cheiro inconfundível do seu perfume surgisse
no ambiente.
Olhei sob meus ombros e ela estava de cabelos molhados,
rosto limpo de maquiagem e dentro de uma das minhas camisas
sociais.
— O cheiro está gostoso. Quer ajuda?
— Não. Sente-se, apenas.
Ouvi um “mandão” em voz baixa e sorri, voltando para o
fogão. Sabia que ela estava olhando o contrato nesse momento, seu
silêncio era um grande indicativo disso, mas quando ouvi o barulho
de página sendo virada, foi que tive a certeza.
Coloquei duas xicaras na cafeteira, programando o
equipamento e pegando alguns pratos no armário. A torradeira
apitou ao mesmo tempo que o bacon ficou pronto. Apaguei o fogo,
colocando ovos, bacon, torradas e queijo fresco no prato de Talassa.
— Alguma restrição com frutas? — Perguntei do meu lugar.
O silêncio persistiu alguns segundos e então ouvi um não
baixo acompanhado de um virar de folhas.
Me virei depois de colocar morangos, mirtilos e Burberry
dentro de uma taça. Talassa levantou os olhos da sua leitura, com a
expressão em branco e comecei a arrumar nosso café da manhã no
balcão.
— Quer mel?
— Pode ser — respondeu sem demonstrar muito.
Abri um dos armários procurando a meleira e achei no alto. O
café da manhã estava servido, puxei um dos bancos e me sentei na
frente dela, adoçando meu café com um cubo de açúcar.
— Há quanto tempo está pensando nisso, Odin? — Sua
pergunta soou baixa, confusa e bem diferente de como achei que
ela reagiria. Talassa não estava agitada ou avançando para mim e
tentando impor suas vontades, pelo contrário, parecia genuinamente
sem reação.
Ela está no escuro. O sabor disso é quase gratificante porque
foi assim que eu me senti por vários meses na sua ausência. No
escuro, tomado por um desejo impossível, fissurado em uma mulher
que vi somente duas vezes na vida.
— Desde que a vi. — Não minto. Se eu entregar alguma
coisa que ela queira, talvez seja mais fácil convencê-la de que é
isso que nós dois queremos, porque o sentimento aqui é mútuo,
embora ainda não saiba, Talassa quer ser minha.
— O quê? Na festa de Orien?
— Sim.
— Mas isso já faz quatro meses.
— Eu sei. — Falo ao olhar para o seu prato. — Coma, vai
esfriar.
Ela bufa, finalmente começando a ficar irritada e é isso que
eu quero. Eu sei lidar com gritos e fúria, não sei lidar com voz
mansa e um rosto perturbadoramente inocente. Não sei lidar com
uma Talassa agindo fora do programado por muito tempo.
Ela espeta o bacon com o garfo, misturando com um pouco
dos ovos mexidos e mastiga contra a vontade, bebericando o café
que está adoçando com o mel.
— Aqui diz que tenho que morar com você por duas
semanas... — Murmura e eu puxo a minha folha, lendo a cláusula a
qual ela se refere.
“DA COABITAÇÃO
Cláusula 4
As partes passam a coabitar na mesma residência. É dever
do contratante suprir qualquer necessidade, seja financeira ou física
da contratada. Os contraentes estabelecem que a vida em comum
será regulada pelos princípios do dever e respeito, respeitando a
individualidade do contratado.”
— Você tem dúvidas sobre isso?
— Claro que tenho, isso... É surpreendente até se tratando de
você, Odin.
— Eu te surpreendo, Talassa?
Ela inspira como se tentasse conter uma corrente furiosa
dentro do seu corpo, me olha de um jeito que me faz estremecer e
inala profundamente, assentindo sem muito entusiasmo.
— Vamos conversar sobre o contrato. Quais são as suas
dúvidas?
— Na cláusula 3 você especifica que o contrato terá duração
de duas semanas. Por que especificamente duas semanas?
Ela me surpreendeu ao perguntar isso.
Solto meu garfo e uno minhas mãos sob o balcão, dedos
cruzados, expressão neutra enquanto minha mente martela
rapidamente pela resposta. Como posso dizer de um jeito não tão
filho da puta que eu só preciso tê-la por alguns dias e matar a
necessidade doentia de ficar dentro dela ou simplesmente ouvindo
suas respostas malcriadas enquanto finge que não quer nada
comigo?
Acontece que Talassa me deixou viciado nas suas migalhas e
isso me enfurece.
— Pela cláusula 4, parágrafo 4, tópico 2.
Ela olha rapidamente pelo contrato e eu observo sua carinha
concentrada enquanto lê em voz alta:
— A contratada se compromete em ter disponibilidade para
viajar quando o contratante decidir, dentro do período vigente do
contrato. — Pausa após ler o tópico e volta a me encarar. — Viajar
para onde?
— O lugar que eu decidir, mas como um gesto de boa-fé, não
irei lhe deixar no escuro. Passarei as festas de fim de ano na
Grécia, com a minha família. Esse é o motivo de querê-la comigo.
— Na Grécia? Com a sua família?
Não gostei de como o som da sua voz se tornou estridente e
alarmante quando citamos o nome do nosso país.
— Sim, mas tenho minha própria propriedade, não
compartilharemos uma casa com ninguém. Não quero te
compartilhar com ninguém.
Ela engole em seco, parecendo desestabilizada e eu a fito
sem piscar, querendo sorver cada uma das suas reações.
— O que dirá a sua família?
— Nada. Ninguém tem nada a ver com meus assuntos, tudo
que precisam saber é que você é minha.
— Por duas semanas?
O que eu sinto é como brasa fervente atravessando minha
garganta.
Assinto contragosto e sorvo uma grande quantidade de café
para me limitar em responder. Ela volta a ler o contrato, parecendo
confusa e depois me encara novamente.
— Cláusula 5, segundo parágrafo — fala, limpando a
garganta e se preparando para ler. — Em caso de rescisão, todas
as obrigações assumidas em conjunto durante a vigência deste
contrato deverão ser imediatamente dissolvidas por iniciativa da
parte responsável ou titular da obrigação.
— Isso quer dizer que ao final desse contrato, caso haja uma
rescisão da sua parte, você ficará apenas com o que recebeu. Seja
mesada diária ou um presente, por exemplo.
— E se for da sua parte?
— Você receberá cada item descrito neste contrato, Talassa.
Isso é uma mera formalidade para proteger a nós dois.
— Como a exigência de sigilo da minha parte, descrita na
cláusula 4?
— Exatamente — falei, voltando a encará-la fixamente. —
Sou um homem de negócios, minha vida não pode ser destrinchada
e minha imagem não pode ser violada. Isso prejudicaria muitas
pessoas, não só a mim. Entende a gravidade? As ações da minha
empresa caíram com o escândalo, arruinando muitos empregos.
— Não vou falar para ninguém.
— Isso quer dizer que sua resposta é sim?
Ela engole em seco, eu posso ver a hesitação pairando em
seus olhos, mas há algo a mais pairando ali, também.
— Você não vai conseguir isso em outro lugar. Sei o quanto
você é jovem, bonita e não sou burro, outras oportunidades boas
irão lhe surgir, mas boa como essa? Um raio não cai duas vezes no
mesmo lugar.
— Precisa mesmo passar o fim de ano na Grécia?
— Há algo que deseja me contar, Talassa? — Pergunto
seriamente e lhe dou outra chance para ser sincera comigo.
Mais uma chance.
— Não quero voltar para a Grécia, apenas isso.
— Não vai voltar como Talassa Katsarus, não estará lá para
confraternizar com velhos conhecidos, voltará como minha... baby.
Ficará lá por mim.
— Você fala como se eu fosse uma coisa que está
comprando, Odin — suspira.
Me levanto porque já estou começando a ficar cansado dessa
história, me aproximo, virando-a em seu banco e abrindo suas
pernas. Talassa me acomodou entre elas, me deixando tocar em
seu queixo e erguê-lo ao nível dos meus olhos. Nós nos
enfrentamos por alguns segundos, seu orgulho grego transbordando
das írises escurecidas pela sua raiva.
— Uma coisinha muito cara, agápi mou. Mas como eu te
disse, sua boceta vale milhões, então eu vou pagar.
— Isso não é só pelo sexo... — Blefa, subindo suas mãos
pelo meu peito nu e fincando seus dedos sob meu ombro. — Você
fez o contrato antes de foder comigo.
— Touché. O que posso dizer? Tenho bons instintos e todos
disseram como você é deliciosa, Talassa. Por que se fazer de difícil?
Nós dois sabemos que você quer dizer sim. E nós dois também
sabemos que você vai adorar cada segundo das duas deliciosas
semanas que passarmos juntos.
— A cláusula 4, parágrafo 3, tópico 3, diz que as relações
descritas no contrato não são sexuais e que cada uma delas teriam
que ser consentidas verbalmente.
— Tem razão. E eu vou querer ouvir cada um dos seus sins.
— Digo ao puxar seu rosto para perto de mim. — Sim para quando
eu for chupar a sua boceta, sim para quando eu for mamar seu
peito, sim para quando foder esse cuzinho, sim para o meu pau
gozando em você inteira. Ah, delícia, eu quero todos os seus sins.
Cada um deles. Todos são meus.
— Maldito arrogante... — Ela verbaliza já incoerente porque
toco meus lábios nos seus e beijo forte.
Talassa geme dentro da minha boca quando enrola seus pés
na minha cintura, arranhando meu ombro e eu desço meus dedos
pela camisa, adentrando debaixo dela e sentindo seu calor.
— Tenho o seu sim, gostosa?
Ao invés de responder, ela só puxou meu pau para fora da
cueca, abrindo mais as pernas para mim.
Porra... Isso era mais que um sim.
Capítulo 17
Talassa Katsarus
Três dias depois
Odin estava sentado ao meu lado respondendo mensagens
sem parar em seu celular. Cruzei minhas pernas me sentindo um
pouco desconfortável. Estávamos em uma sala de espera de um
uma clínica particular nitidamente bem cara, onde ele havia
marcado um horário para nós dois, depois que finalmente aceitei e
assinei o seu ostentoso contrato de relacionamento.
Sugar baby — a palavra brincou na minha mente me fazendo
pensar em onde diabos estava me metendo, mas não podia ser
hipócrita, o dinheiro de Odin salvaria minha vida.
Não seja tola, Talassa — falei a mim mesma quando minha
mente empurrou pensamentos de que esse trabalho era o mais fácil
desde a minha vida suja na América.
Odin Papadakis não é confiável.
Era isso que eu dizia a mim mesma dia e noite, desde sua
proposta indecente, mas no fundo minha mente trabalhava em cada
cena de nós dois fodendo pela sua casa luxuosa. Quando eu deixei
sua residência no fim da tarde em que vi o contrato pela primeira
vez, seu motorista me conduziu até a casa de Rebecca, onde eu
estava ficando e juntei todos os meus pertences. Para minha
surpresa, até que eu decidisse se aceitaria ou não, Odin me queria
em um dos seus apartamentos em um prédio luxuoso no centro da
cidade.
Não atendi seus telefonemas enquanto pensava, porque no
fundo, só estava hesitando pela forma eloquente que meu coração
disparava quando ele estava perto e pelo jeito desesperador que
meu cérebro me implorava para ficar distante e eu queria realmente
ficar distante. Queria tanto ficar distante que, em um gesto
desesperado, liguei para minha irmã e tentei encontrar um meio de
trazê-la para a América, só para ouvir sua voz debilitada e perceber
que eu não tinha como me dar ao luxo de recusar uma proposta
com o nível que ele me fez.
De uma coisa Odin Papadakis estava certo: um raio não cai
duas vezes no mesmo lugar e eu sabia que nunca mais receberia a
quantia exorbitante para foder com ele por duas semanas.
Como se você odiasse a forma louca que seu corpo reage ao
dele — falo para mim mesma em um tom de autocrítica. A quem
estava querendo enganar? Desde que nós dois fomos para a cama
pela primeira vez, eu queria repetir.
Afinal, você prometeu arrancar até as bolas dele, não se
esqueça — relembrei.
Ainda estava engasgada com seu gesto possessivo. O
arrogante não tinha limites do que fazer para que eu fosse dele e
estava disposta a mostrar que não sou uma mocinha subserviente
do jeito que ele pensa e algo me diz, que no fundo, Odin sabe disso.
Pegue o dinheiro e não coloque o coração nessa equação.
Seja inteligente, Talassa, o futuro de quem você ama depende
disso.
— Talassa Katsarus — meu nome foi chamado pela
recepcionista e Odin me encarou, já se preparando para ficar de pé.
— É uma consulta ginecológica. — Ele franziu o cenho,
pronto para perguntar “e daí?” e eu o encarei de cara feia. — Você
não vai. Já me acompanhou em todos os exames, fique aqui e
espere o laudo médico comprovando minha virgindade.
— Não seja debochada comigo. Eu não gosto.
— Será mesmo? — Sorri falsamente, me levantando e
seguindo a mulher com um uniforme elegante.
Nós dois tínhamos feito um check-up completo, passei por
tantos exames o dia inteiro e estava exausta, ele também passou
porque foi uma exigência minha e Odin cedeu porque ele me quer.
Seus olhos desesperados e prontos para dizer sim a mim fizeram o
meu dia.
Mas entrar no consultório da ginecologista já é demais. Sei
que o resultado dos meus exames chegará no seu e-mail, até
mesmo os testes rápidos para infecções sexualmente
transmissíveis, que nós dois fizemos juntos, ainda que ambos
disséssemos que estávamos limpos.
Eu me deitei na maca depois de uma breve conversa com a
médica, estava me sentindo desconfortável, mesmo que ela fosse
agradável, respeitosa e simpática, eu odiava hospitais e tinha meus
motivos para não querer nenhum estranho colocando a mão em
mim.
O exame durou alguns minutos e quando acabou, respirei
completamente aliviada, sem perceber que lágrimas silenciosas
rolavam.
— Tudo certinho, Talassa. Você parece bem e saudável.
Secreção mucosa de acordo com o esperado. O DIU está no lugar,
tudo certinho.
— Obrigada, doutora.
— Os resultados dos exames serão entregues dentro do
prazo emergencial. Quer fazer alguma pergunta?
— Não, tudo perfeito. Obrigada.
Saí do consultório alguns minutos depois, já vestida e me
sentindo quase aliviada pela sessão tortura ter acabado. Odin se
levantou quando me viu e os olhos de ônix exalavam desconfiança.
— Os resultados chegarão no e-mail. — Avisei.
— Está tudo bem com você? Está pálida.
— Só estou cansada e com fome. Podemos ir? — Ele
assentiu e abriu caminho.
Possessivo e incapaz de respeitar o espaço do outro, Odin
colou em minhas costas e ficou o tempo inteiro bem próximo
enquanto descíamos pelo elevador, a caixa de transporte fez
algumas palavras e eu vi sua expressão azedar ainda mais quando
em um dos andares um médico sorridente nos cumprimentou.
Nós descemos antes dele, acenei em despedida só para
provocar o brutamontes que apoiava a mão enorme nas minhas
costas.
— Atrevida — ouvi sua reclamação e sorri internamente. Era
tão fácil provocá-lo. — Henzo já pegou suas coisas no apartamento.
O olhei sob os ombros, Odin estava com um sorrisinho
divertido no rosto e eu senti meu estômago gelar.
Estava acontecendo...
Dessa noite em diante, pelas duas próximas semanas, minha
casa é onde esse homem estiver.
Capítulo 18
Odin Papadakis
•••
Minha garganta trancou quando paguei ao motorista e desci.
Olhei ao redor e me certifiquei que não fomos seguidos. Caminhei
tão depressa pela rua deserta, atravessando o pequeno portão para
uma vila de casas, os vizinhos de Hera me olharam com curiosidade
e cumprimentei alguns deles, me sentindo destoante do local.
Preciso tirar as duas daqui.
Dei duas batidas na porta em um ritmo espaçado, era o nosso
código e a porta foi aberta no segundo depois.
— Mamãe! — O gritinho feliz da Maia aqueceu meu coração.
Me ajoelhei, caindo ao chão com o impacto do seu abraço e a
segurei tão forte junto ao meu peito que fiquei com medo de sufocá-
la. Lágrimas desceram pelo meu rosto à medida que a ficha caía.
Pensei que não fosse conseguir vê-la novamente nem tão cedo,
mas graças a Odin, aqui estou.
— Você está bem, princesa? — Murmurei puxando-a para vê-
la melhor. Maia sorriu abertamente e estava linda, limpinha, cabelo
penteado e cheirando a bebê. Olhei para a Hera, minha irmã, com a
mesma emoção em que abraça a minha filha. — Mamãe sentiu
muita saudade.
— Vai me levar com você, mamãe?
Maia tinha quatro anos, todos os dentinhos preenchendo a
boca em um sorriso lindo e uma necessidade infantil totalmente
compreensiva de ficar junto comigo. Senti um fracasso porque
minha resposta ainda era um não.
— Trouxe um presente para você — mudei de assunto.
A palavra presente a distraiu, mas sabia que era
momentâneo.
Empurrei as outras sacolas até achar o que eu queria e
quando tirei a boneca da bolsa, o olhar agradecido e emocionado de
Maia me partiu em dois. Em seu pequeno mundinho encantado,
depois de tanta dor e sofrimento, ver como ela estava nitidamente
aberta a pequenos gestos de amor me deixava em pedaços.
Prometo que vou dar o mundo a você, bebezinha.
Minha filha agarrou sua boneca com paixão, voltando a me
abraçar tão forte, extremamente grata. Suspirei, sentando-se no
meu colo e ouvindo cada pequena coisa que ela queria me contar.
— Fiz muuuuuitos desenhos, mamãe! — Ela falou depois de
contar todos os livros novos que Hera leu para ela e como estavam
as aulinhas em casa.
— Quero ver, vai buscar, minha linda.
Minha filha saiu correndo pela pequena casa, se podíamos
chamar disso. Dois cômodos apertados e um banheiro. Um quarto
com uma cama de casal, uma cozinha tão pequena que mal cabia
duas pessoas ao mesmo tempo e o banheiro era tão simples, mas
arrumado e sempre limpo. Aliás, tudo estava cheirando a produto de
limpeza porque Hera sempre foi caprichosa com suas coisas.
Me levantei e abracei minha irmã tão apertada, ela também
queria chorar, mas segurou.
— Com quem você está, Talassa? No que está se metendo?
— Odin Papadakis — falei baixo.
Seus olhos sobressaltam em surpresa. Papadakis era um dos
nomes tradicionais em Nafplio, ela sabia exatamente quem eram,
mas talvez não soubesse muito de Odin, já que ele era muito
discreto se comparado aos seus pais.
— Ele sabe de nós?
— Não! — Ralhei. — Você sabe que é perigoso.
— Eu sei, quem não sabe é você! — Hera me repreendeu. —
Tem noção de que esse homem pode...
Ela precisou ficar quieta porque Maia voltou com os
desenhos.
Me sentei no tapete do quarto, desfazendo dos meus saltos
altos e nesse momento eu era somente uma mãe que queria passar
um tempo com sua filha. Olhei todos os desenhos, lhe dei beijinhos
e elogios, amei todos eles e guardei um comigo. Eram duas
meninas feitas de palitos, nós duas, uma arte que ela e Hera fizeram
para mim.
— Você é muito talentosa, filha. Eu adorei tudo.
Ela sorriu abertamente, correndo para me mostrar mais
coisas, pequenas coisas que Hera havia comprado com o dinheiro
que lhe enviei. Brinquedos novos, roupas e um novo estojo de lápis
de cor e giz de cera, além de muitos cadernos para pintar.
— Está se cuidando direitinho, Hera? — Perguntei à minha
irmã e ela sabia bem do que estava falando. Só assentiu e cruzou
os braços, ainda de cara feia. — Quando irá ao médico novamente?
— Mês que vem...
— Então talvez... Tenhamos partido, até lá.
— Partir para onde? América?
— Eu ainda não sei... Preciso resolver os documentos da
Maia. — Falei em um tom neutro porque minha filha estava atenta a
nossa conversa. Dei um sorriso a incentivando a colorir um desenho
e minha irmã me inspirou profundamente.
— Você tem quanto tempo aqui?
Olhei o relógio no meu punho e sorri alegremente.
— Três horas.
— Ok. Vou fazer o nosso almoço. — Hera se foi com sua
expressão preocupada de irmã mais velha e eu puxei minha filhinha
para mais perto. O dia seria maravilhoso porque estaria com as
pessoas que mais amo nessa vida.
Capítulo 28
Odin Papadakis
Sentado no sofá com um copo de uísque na mão, olhei o
relógio no meu punho, observando o ponteiro correr lentamente
pelos segundos.
Cinco e quinze da tarde.
Recostei-me ainda mais quando ouvi o barulho do motor do
carro do lado de fora. Tive o ímpeto de me levantar só para vê-la,
olhar em seus olhos, ouvir suas desculpas, mas não o fiz.
Talassa desapareceu por quatro horas, nem mesmo meus
seguranças a encontraram, ela só não imaginava que o lindo relógio
de ouro no seu punho tivesse um localizador.
Ah, minha baby... Uma boceta tão doce com uma mulher tão
mentirosa.
Quando entrou pela porta enorme da mansão, tirou os óculos
escuros do rosto e murmurou algo com o motorista que entrou com
diversas sacolas na mão.
— Oi, daddy, cheguei — seu sorriso não era inseguro. Não
havia uma gota de arrependimento nos olhos castanhos escuros à
medida que ela andava rebolando até a mim.
Talassa sacudiu as unhas feitas, pintadas de vermelho e deu
uma voltinha para que eu pudesse ver seu cabelo escovado e
modelado.
— Gostou? — Perguntou calmamente.
Porra...
Ela é uma atriz perfeita. Se eu não tivesse a certeza de onde
estava, pensaria que era verdade, que seu teatro é real.
— Vem aqui — murmurei baixo, batendo na minha perna com
a mão livre.
Talassa retirou o sorrisinho presunçoso do rosto e caminhou
para perto, agarrando a mão que lhe ofereci. Recostei-me ainda
mais vendo-a colocar cada uma das suas pernas na lateral do meu
quadril, sentando-se de frente para mim. O vestido que ela usava
subiu completamente, expondo suas coxas torneadas.
— Como foi seu dia de compras? — Perguntei calmamente.
Olhei seu decote generoso, os lábios sem nenhum batom, o
colo vermelho e me perguntei se ela estava nervosa por dentro.
Acariciei suas pernas lentamente, apertando aos poucos,
subindo em direção a sua bunda e sem desviar os olhos dos seus.
— Foi ótimo. Quando fazer compras é ruim?
— Me trouxe um presente?
— Como adivinhou? — Ganhei um sorriso safado quando ela
rebolou suavemente no meu colo e segurou meu rosto entre suas
mãos. — Contém rendas na cor azul escuro e muita transparência.
— Vai dançar para mim, Talassa?
— Se você quiser, eu vou. — Sorriu, me olhando desconfiada.
— Mas não disse se estou bonita.
— Está linda.
Ela sorriu. A filha da puta sorriu, se aproximando aos poucos
e roubando um beijo cálido, quase inocente. Talassa empinou sua
bunda no meu colo e eu fiquei com ódio porque meu pau estava
duro pra caralho. Ela é uma puta mentirosa, ainda assim, eu a quero
ainda mais.
Como essa porra é possível?
— Quantos funcionários tem na casa? — Perguntou em um
sussurro, rebolando como uma vagabunda e com os olhos vidrados
nos meus.
— Somente os seguranças.
— Dispensou a cozinheira? — Arqueou as sobrancelhas,
nitidamente confusa e eu assenti.
— Então eu posso fazer o meu daddy feliz?
A safada perguntou já saindo do meu colo, não respondi
absolutamente nada, vendo-a ajoelhar-se entre minhas pernas,
descendo suas mãos pelo short de tecido fino que eu estava usando
e apertando minhas bolas levemente. Fechei os olhos com o tesão
me matando quando Talassa baixou o short.
— Eu vou gozar na sua boca e você vai engolir — rosnei
fechando os dedos ao redor do seu cabelo escovado. Talassa sorriu
pervertidamente, passando a língua pelos lábios e assentiu.
Eu queria deixá-la marcada para que qualquer filho da puta
que a tocasse, soubesse a quem ela pertence.
A desgraçada encheu a boca com meu pau, me fazendo
gemer forte enquanto me deslizava pela língua quente, me
carregando até sua garganta.
— Porra! — Rosnei apertando os dedos mais forte pela sua
cabeça.
Ela sabia exatamente o que estava fazendo quando alternou
a velocidade, chupando forte, até o fundo e estimulando minhas
bolas.
— Filha da puta! — Seus olhos vieram para o meu e sorriu
com a boca cheia do meu pau.
Talassa não parou de me chupar, a safada fazia isso como
ninguém, me deixando ainda mais envolvido na sua teia. Quando
nosso acordo terminasse eu seria o único fodido nessa história.
— Senta! — Rosnei, puxando seu cabelo com força e tirando
sua boca do meu pau. Ajudei-a a erguer, Talassa abriu as pernas
para me montar e eu rasguei sua calcinha com facilidade, puxando
os trapos que sobraram. — Você é uma coisinha perigosa, Talassa
Katsarus.
Ela me olhou sem entender, depois sorriu efusivamente
quando sentou de uma vez no meu pau, me fazendo fechar os olhos
tamanho o prazer. Sentir sua boceta quente contraindo ao meu
redor era indescritível.
— Eu sou, daddy?
— Você é... Mas sabe o que o ditado diz, quem brinca com o
fogo...
— Acaba se queimando — ela completa e eu a puxo para um
beijo.
Talassa mal reage porque fecho minhas mãos ao redor do
seu pescoço, pressionando levemente e aumentando à medida que
impulsiono meus quadris, comendo-a sem pausa. Seus suspiros são
uma delícia, principalmente a expressão surpresa de quem não
estava esperando a selvageria.
— A quem você pertence, baby? — Rosnei ao chupar seu
pescoço para ficar marcado.
— A você! — Talassa gritou ao rebolar no meu pau. Suas
mãos fincadas no meu ombro para ter apoio e eu investi mais forte.
— Então goza para mim, safada. Quero essa bocetinha
apertando meu pau.
Minha mulher mentirosa ficou ensandecida nos meus braços,
Talassa jogou a cabeça para trás e eu sorri com as marcas roxas no
seu pescoço, seu rebolado me levaria ao ápice e eu só estava
esperando sua rendição para encher sua boceta de leite.
Quando ela voltou a me olhar, me perdi no que vi em seus
olhos, os sentimentos confusos que trouxeram a raiva de volta e eu
beijei sua boca com fome, fodendo forte, sentindo-a estremecer nos
meus braços e finalmente gozando dentro dela.
Que porra de confusão eu fui me meter.
Quando ela caiu em cima de mim, completamente ofegante,
com o corpo trêmulo, meu pau ainda estava duro dentro dela e eu
sabia que não queria parar. E para isso eu precisava descobrir o
que ela conseguiu esconder tão bem que nem mesmo o melhor
detetive que eu conhecia conseguiu encontrar.
Capítulo 29
Talassa Katsarus
Lua de Mel
Fim.
Agradecimentos
Que felicidade poder lançar mais um livro e fechar 2022 com
chave de ouro, esse ano foi extremamente desafiador e incrível.
Estou feliz por cada leitor alcançado e grata por tudo que Deus tem
feito na minha vida.
Não posso iniciar esses agradecimentos sem mencionar a
minha beta incansável, que está exausta e atolada de trabalho e
ainda assim leu e adorou cada linha desse livro, surtou, chorou,
pediu mais e amou o Odin e Talassa tanto quanto eu amo. Muito
obrigada, Carol. Sou muito feliz por ter você na minha vida e grata
pela nossa parceria e amizade.
Agradeço também a minha mãezinha maravilhosa, esse ano
ela me carregou no colo e me consolou em vários momentos que
achei que não fosse possível superar. Se consegui escrever tanto
esse ano, foi porque ela me AJUDOU muito a cuidar da vida
externa. Mãe, você é tudo. Eu te amo!
Meus sinceros agradecimento para minhas leitoras incríveis!
Vocês tornam tudo isso real e sou muito grata por todo apoio, surto
e lealdade comigo. Amo todas vocês, MUITO OBRIGADA POR
TUDO.
Encerro esses agradecimentos com a minha gratidão pela
minha assessora Vanessa e todas as minhas parceiras que fazem
esse livro acontecer e brilhar. Eu amo o meu time e isso não seria
possível sem vocês. Gratidão.
Até ano que vem! OBRIGADA!
Sou muito grata por tudo que a escrita me possibilita viver e sei
que sou abençoada por ter vocês na minha vida.
Todo meu carinho e amor por vocês.
Outras obras
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Sobre a Autora
Catiele Oliveira nasceu em Nova Iguaçu - RJ, Brasil. Técnica
de enfermagem, vive com sua família e infinitos livros em sua mente
e prateleira. Adora ler, escrever e assistir séries nas horas vagas.
Sua paixão pelo mundo literário começou quando criança, na
escola adorava as aulas de incentivo à leitura e interpretação de
texto. Começou a escrever nos meados de 2008 e não parou mais.
Criando coragem, resolveu publicar seu primeiro livro pela Amazon
em setembro de 2021, com o incentivo de seus familiares e amigos.